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Infecções Respiratórias Agudas

da Infância
Thomaz Bittencourt Couto
Objetivos

• Estabelecer diferenças na fisiologia


respiratória de adultos e crianças

• Rever diagnóstico e tratamento das principais


infecções respiratórias da infância
Epidemiologia

• Virais e Bacterianas
• Elevada prevalência
• Elevada taxa de mortalidade em países em
desenvolvimento (1/3 mortes em <5 anos)
• Incidência semelhante entre países
desenvolvidos e não desenvolvidos
Particularidades do Sistema
Respiratório na Criança
Particularidades do Sistema
Respiratório na Criança
 Menor diâmetro da via aérea
Particularidades do Sistema
Respiratório na Criança
Particularidades do Sistema
Respiratório na Criança
Particularidades do Sistema
Respiratório na Criança
Frequência Respiratória
Parâmetros para definir a presença de taquipneia
segundo a faixa etária
Infecções Respiratórias
Infecções Respiratórias
IVAS IVAI
• Bronquiolite
 Resfriado comum ou
• Pneumonia
rinofaringite aguda
• Traqueobronquite
 Faringoamigdalite
 Rinossinusite
 Otite média
 Gripe
Infecções Respiratórias
Um agente - várias síndromes clínicas
• VSR - resfriado comum. laringotraqueobronquite, bronquiolite,
pneumonia
• Haemophilus influenzae - resfriado comum, OMA, sinusite,
epiglotite, pneumonia
Uma síndrome - vários agentes:
• Pneumonia - vírus, pneumococos, Haemophilus influenzae,

estafilicocos,Micoplasma pneumoniae
Infecções Respiratórias

• Infecção de Vias Aéreas Superiores


– Idade entre 6 meses a 5 anos
• 5 a 8 episódios/ano
– pico entre 9 e 18 meses de vida
Resfriado
Rinofaringite = Resfriado
Comum
• Lactente
– febre, irritabilidade, tosse, obstrução nasal,
vômitos, diarreia, anorexia, distúrbio do sono

• Pré-escolar ou escolar
– mal estar, cefaleia, rinorreia, obstrução nasal,
irritação faríngea, tosse - também febre e
conjuntivite
Tratamento
Usar Não usar
• Lavagem nasal • AAS
• Aumento da oferta de • xaropes expectorantes e
líquidos mucolíticos
• Antitérmicos • anti-inflamatórios não-
• Mel hormonais
• vitamina C
Orientar sinais de alerta

• respiração rápida
• não consegue se alimentar
• piora do estado geral
• aparecimento de febre, se não estava
presente desde o início
Laringite
Laringite (crupe)
• Acomete crianças entre 6 meses e 5 anos de
vida
• Pródromo de 12 a 72 horas caracterizado por
quadro de rinofaringite viral (resfriado
comum)
• Etiologia viral inclui o parainfluenza 1, 2 e 3,
vírus sincicial respiratório, virus influenza e
adenovirus
Laringite
• Tratamento:
– Depende da severidade do quadro

– Manter a criança tranquila

– Inalação com soro fisiológico

– Corticóide: dexametasona IM ou VO – 0,6 mg/kg

– Inalação com adrenalina (3-5ml)

– Oxigênio
Otite
OMA - Diagnóstico
• Sinais e sintomas de inflamação do ouvido médio de início
agudo:
– febre
– membrana hiperemiada
– desconforto afetando a atividade normal ou o sono
– otalgia
• Presença de efusão do ouvido médio
– edema/abaulamento da membrana timpânica
– limitação ou ausência de mobilidade da membrana timpânica
– nível hidroaéreo na membrana
– otorréia
OMA <2 anos
• Recomendado o tratamento de OMA no 1º. episódio
ou recorrência com mais de um mês do 1º.episódio
• 1ª Escolha
– Amoxicilina 50 a 80mg/kg/dia, 10 dia
• Alergia a penicilina (anafilática, IgE-mediada)
– Azitromicina (10mg/kg/dia no primeiro dia e 5mg/kg/dia
nos próximos 4 dias) ou
– Claritromicina (15mg/kg/dia, 10 dias),
• Alergia a penicilina (não anafilática, não IgE-mediada)
– Cefuroxima (30mg/kg/dia, 10 dias)
OMA >2 anos
• Em crianças maiores de dois anos, BEG, a opção de tratamento deve ser
discutida com a família, considerando que em 80% dos episódios de OMA
a resolução espontânea ocorre em 2 a 7 dias

• Se iniciado somente o uso de analgésicos


– reavaliação deve em 48-72 horas

– antibiótico se após 48-72h se sintomas não se resolverem ou piora

• Mesmos antibióticos recomendados que para <2 anos

• Duração do tratamento de 5 a 10 dias


OMA
• É recomendado que quando houver falha no tratamento inicial (após 48-72h
de amoxicilina), seja introduzido antibiótico alternativo:
• ™1ª. Escolha
– Amoxicilina-clavulanato, 80mg/kg/dia, durante 10dias,

• Crianças com vômitos ou que não toleram antibióticos via oral:



– Ceftriaxone (50mg/kg/dia) IM, dose única diária durante 3 dias,

• ™Alergia a penicilina (anafilática, IgE-mediada)


– Clindamicina (30mg/kg/dia), 10 dias, ™
• Alergia a penicilina (não anafilática, não IgE-mediada):
– Ceftriaxone (50mg/kg/dia) IM, dose única diária durante 3 dias
Gripe
Gripe
• Síndrome Gripal > 2 anos
– Febre de início súbito (mesmo que referida)
acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo
menos um dos seguintes sintomas:
• cefaléia
• mialgia
• artralgia
• Síndrome Gripal < 2 anos
– Febre de início súbito (mesmo que referida) e
sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução
nasal), sintomas gastrintestinais: 10 a 20%
Fatores de risco
• Grávidas em qualquer idade gestacional, e puérperas até duas semanas após o
parto
• Adultos ≥ 60 anos
• População indígena aldeada
• Crianças < 5 anos
– maior risco de hospitalização é em menores de 2 anos, especialmente as menores de 6 meses com maior
taxa de mortalidade
• Menores de 19 anos em uso prolongado de AAS (risco de Síndrome de Reye);
• Comorbidades:
– Pneumopatias (incluindo asma);
– Pacientes com tuberculose de todas as formas (há evidência de maior complicação e possibilidade de
reativação);
– Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica);
– Nefropatias;
– Hepatopatias;
– Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
– Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus);
– Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória ou
aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesão medular, epilepsia, paralisia cerebral, Síndrome
de Down, Acidente Vascular Encefálico – AVE ou doenças neuromusculares);
– Imunossupressão associada a medicamentos, neoplasias, HIV/Aids ou outros;
– Obesidade
Síndrome Respiratória Aguda Grave

• Indivíduo de qualquer idade, com Síndrome Gripal e


que apresente dispneia ou os seguintes sinais de
gravidade:
– Saturação de SatO2 < 95% em ar ambiente
– Sinais de desconforto respiratório ou aumento da
frequência respiratória avaliada de acordo com idade
– Piora das condições da doença de base
– Hipotensão
• Em crianças observe também
– batimento de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal
– desidratação e inapetência
Tratamento
• SRAG ou paciente internado
– A terapia antiviral deve ser iniciada independente
da data de início dos sintomas
• Síndrome Gripal COM fator de risco
– terapia antiviral deve ser iniciada independente da
data de início dos sintomas
• Síndrome Gripal SEM fator de risco
– critério da avaliação médica
Tratamento
Faringoamigdalite aguda
Diagnóstico
Diagnóstico
• Não há nenhum critério clínico que faça
diagnóstico sozinho
• Ideal: Teste rápido para Strepto Grupo A
• Alternativa – Score de McIsaac
– Chance de cultura positiva
– 0 pontos – 1 a 2,5%
– 1 ponto – 5 a 10%
– 2 pontos – 11 a 17%
– 3 pontos – 28 a 25%
– 4 pontos – 51 a 53%
Tratamento
Sinusite
Diagnóstico
• Clínico
• Não deve ser solicitado RX seios da face
Tratamento
Tratamento
Bronquiolite
Bronquiolite
• Infecção aguda dos bronquíolos
– geralmente de etiologia viral

– aumento de secreção de muco

– edema e necrose do epitélio da mucosa

– associada ou não a broncoespasmo

– com sintomatologia de obstrução das vias aéreas inferiores

• Lactentes: pacientes com idade entre 0 e 2anos


Bronquiolite
• Diagnóstico:
– Idade entre 0 e 2 anos

– Início agudo de sintomas respiratórios como coriza, tosse, espirros precedidos ou não de
febre

– Taquipnéia, com ou sem insuficiência respiratória

– Sinais clínicos de obstrução das vias aéreas inferiores, como sibilos, expiração prolongada

• Pontos importantes:
– O diagnóstico da bronquiolite é clínico, baseado nos critérios acima

– A oximetria deve ser realizada para os pacientes atendidos em hospitais

– A presença de estertores difusos à ausculta pulmonar é um achado freqüente, não sendo


patognomônico de pneumonia

– Lactentes nascidos com baixo peso, ou prematuros, podem se apresentar com apnéia
Admissão
• Critérios de admissão:
– Sinais clínicos de insuficiência respiratória
– Hipoxemia (<92%)
– Letargia
– Incapacidade de ingerir líquidos

• Considerar admissão em pacientes de alto risco:


– Lactentes jovens
– Prematuros abaixo de 35 semanas
– Portadores de displasia broncopulmonar
– Cardiopatias congênitas cianogênicas ou com repercussão hemodinâmica
– Imunodeprimidos
Tratamento
• Broncodilatadores:
– A maioria dos pacientes não se beneficia do tratamento com broncodilatadores

• Não há benefício no uso de brometo de ipatrópio

• Não há benefício do uso de corticóide

• Oxigênio
Pneumonia
Etiologia
Diagnóstico clínico
• Evolução inicial semelhante a IVAS
• Exacerbação dos sintomas e febre > 48-72 h
• Dispneia, prostração e palidez
• Sinais clássicos da semiologia de condensação
pulmonar (que podem estar ausentes)
– submacicez à percussão
– crepitações, diminuição de murmúrios vesiculares,
“respiração soprosa”
– broncofonia aumentada
Diagnóstico radiológico
• Opacidades homogêneas (segmentares ou lobares)
– consolidações alveolares
• Opacidades heterogêneas (confluência de opacidades
reticulares/lineares)
• Opacidades reticulares/lineares – ou peribrônquicas.
• Atelectasia
• Apagamento de seios costofrênicos/cúpula
diafragmática única ao Raio X de perfil
– derrame pleural
Admissão
• Idade menor que 2 meses
• Insuficiência respiratória aguda
• Hipoxemia, saturação de oxigênio < 92%
• Comprometimento do estado geral, toxemia, desidratação
• Pneumonia extensa
• Impossibilidade de ingerir medicações (vômitos)
• Falha de resposta à terapêutica ambulatorial
• Imunodeficiência primária ou secundária
• Complicações
– Derrame pleural
– Abscesso pulmonar
– Pneumatocele
– Pneumotórax
Dúvidas?

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