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IPIMO

CADEIRA: Pediatria III


TURMA: TMG 18

DOCENTE: BUDJARNE ABDUL ISMAEL

MEDICO DE CLINICA GERAL


Sumario
 Definir o termo tosse convulsa e a sua importância clínica.
 Indicar a etiologia microbiológica, factores de risco e
modo de transmissão.
 Descrever quadro clínico, as complicações, o diagnóstico
diferencial, tratamento, e as indicações para referência.
 4Descrever as medidas de prevenção.
Tosse Convulsa - Pertussis
TOSSE CONVULSA (definição)
 Tosse convulsa ou pertussis ou ainda coqueluche é uma
doença infeciosa aguda do trato respiratório causada por
um coco bacilo gram negativo, a Bordetella pertussis e
Para pertussis que se caracteriza por paroxismos de tosse
seca.
Etiologia e transmissão
 O agente etiológico é a Bordetella pertússis.
 É transmitida por via respiratória por inalação de
partículas de ar que contêm o agente etiológico.
 Uma criança com a sintomatologia pode transmitir a
doença por um período de duas semanas até três meses
após a instalação da doença.
 O periódo de incubação típicamente é 6-14 dias.
Factores de risco
 As crianças pequenas (menos de 2 anos) são mais
vulneráveis, e o quadro clínico é mais grave em em
qualquer criança que não foi vacinado, especialmente em
lactentes.
 Também não fornece uma imunidade permanente para a
doença. Apesar disso, é fundamental que todas as crianças
ficam imunizadas já que os benefícios superam os riscos.
Quadro clínico
 Fase catarral (1-2 semanas): febre e inconstante e baixa,
rinorreia serosa, obstrução nasal, tosse seca esporádica e
lacrimejo. A contagiosidade é máxima durante esta fase
 Fase paroxística (6-12 semanas) – aumento da tosse em
paroxismos (vários acessos de tosse no mesmo ciclo
expiratório) seguidos de ‘’guincho’’ - passagem de ar pela
glote, engasgamento, protusão da língua, cianose e pletora
facial, vomito pós tússico.
Quadro clínico
 Lactentes podem não manifestar o guincho; em vez disso,
a tosse pode ser seguida pela suspensão da respiração
(apneia) ou cianose, ou a apneia pode ocorrer sem a tosse.
Este esforço em tossir pode provocar hemorragia
subconjuntival
 Fase de convalescença (1-2 semanas) - ocorre um a
diminuição progressiva da tosse.
Diagnostico
Clinico
Laboratorial
 Hemograma com leucocitose, cultura das secreções, Rx do
tórax, PCR, imunofluorescência e serologia.
Diagnostico diferencial
 Resfriado comum.
 Influenza.
 Tuberculose.
 Bronquiolite.
 Corpo estranho.
Tratamento
Não Medicamentoso:
 Durante os paroxismos de tosse, é necessário educar a mãe
a posicionar a criança com a cabeça para baixo ou em
decúbito lateral
 Se tiver cianose, é necessário limpar as secreções
 Se ocorrer apneia e fazer estimulação respiratória manual
ou ventilação com ambú, administrando oxigénio.
Tratamento
Não Medicamentoso:
 Estimular o aleitamento materno e a ingestão de líquidos por via oral.
Se a criança não conseguir beber, inserir uma sonda nasogástrica e
administrar líquidos de manutenção em quantidades pequenas
 Assegurar uma nutrição adequada, administrando refeições em menor
volume e maior frequência.
 Se houver sofrimento respiratório, dar líquidos de manutenção
intravenosos para evitar o risco de aspiração e reduzir o mecanismo de
desencadeamento da tosse.
Tratamento
Medicamentoso:
 Nos casos leves, em crianças ≥ 6 meses, o tratamento pode
ser domiciliar com: Eritromicina oral (12,5 mg/kg 4 vezes
por dia) por 10 dias.
Tratamento
Medicamentoso:
 Nos casos graves, se idade <6 meses e se criança com
pneumonia, convulsões, desidratação, desnutrição grave,
apneia prolongada ou cianose após a tosse é necessário
internar a criança e providenciar os seguintes tratamentos:
 Eritromicina 10 mg/Kg/dose/6-6 h – 14 dias v.o ou
Claritromicina 15mg/Kg/dia/12-12 h – 14 dias v.o ou
Azitromicina 10 mg/dia / dose única v.o – 5 dias
Tratamento
Medicamentoso:
 Corticosteróides por via oral: Prednisolona 1–2 mg/kg/dia, 2 vezes
dia durante 4-5 dias.
 Broncodilatadores (na fase paroxística) – Salbutamol
0,3mg/Kg/dia/ 6- 6h, diluir em 4 mL de soro fisiológico
 Corticosteróides por via oral: Prednisolona 1 mg/Kg/dia –7 dias)
 Oxigénio 1 a 2 L/min (0,5 L/min em lactentes pequenos) - crises de
apneia ou cianose, ou paroxismos grave de tosse.
Tratamento
Medicamentoso:
 Se a criança tiver febre (≥ 39ºC) administrar Paracetamol
por via oral, 10-15 mg/kg num máximo de 4 doses diárias).
 Não administrar medicamentos para supressão da tosse,
sedativos, agentes mucolíticos ou anti-histamínicos.
Complicações
 Convulsões,  Bradicardia,
 Encefalopatia  Cianose,
 Hemorragia subaracnoídea e Pneumonia primária ou
intraventricular, secundária,
 Hemorragias conjuntivais,  Hérnias,
 Petéquias  Desidratação,
 Prolapso rectal,  Desnutrição, etc.
 Apneia,
Critérios de referência-transferência
É preciso referir/transferir os pacientes que apresentam uma ou mais
das seguintes condições:
 Tosse convulsiva que têm náuseas e vômitos intratáveis.
 Desnutrição.
 Convulsões.
 Encefalopatia.
 Hipoxemia consistente que não estão melhorando com oxigênio
suplementar.
Prevenção
 A prevenção desta doença é feita com a administração da
vacina
 No caso de tosse convulsa numa família com mais crianças, é
necessário reforçar a vacinação com uma dose adicional de
vacina DPT.
 Administrar Eritromicina profilática (10-12.5 mg/kg 4 vezes
por dia) por 10 dias aos contactos próximos do doente.
RINITE
RINITE
 É uma a infecção da mucosa das cavidades nasais de
origem bacteriana, viral ou fúngica. É uma das infeções
das vias aéreas superiores mais frequentes nas crianças.
 A rinite pode ser aguda se a duração for menos de 5-7 dias
e crónica se a duração for maior que 2 semanas.
Etiologia
Os agentes etiológicos são:
 vírus como Rhinovírus, Coxackievírus, Adenovírus, Vírus
Respiratório Sincitial ou vírus Influenzal.
 Bactérias (Estreptococo, Pneumococo, Estafilococo,
Hemofilus influenzae), afectam também a faringe
determinando as faringites.
 Alergénios podem determinar rinite, mas neste caso trata-se de
uma rinite alérgica, crónica ou recorrente.
Quadro clínico
As manifestações clínicas típicas da renite são:
 Prurido nasal inicial;
 Ardor e secura das fossas nasais e da faringe;
 Secreção nasal: Pode ser de qualquer tipo, serosa, mucóide ou purulenta;
 Respiração oral por ter as cavidades nasais obstruidas pelas secreções;
 Dor de cabeça pode estar presente ou não, devida ao enchimento dos seios
paranasais de secreções, sobretudo no caso de infecção bacteriana;
Quadro clínico
 Espirros frequentes,
 Dificuldade em se alimentar pode ocorrer em lactentes porque
durante a sucção não conseguem respirar pelas narinas
 Epistaxe no caso de rinorreia crónica;
 Hiposmia ou anosmia: reduzida capacidade ou incapacidade
de diferenciar os cheiros, que pode ser referida pelas crianças
mais velhas
Diagnóstico
 É feito com base na história e no exame físico das vias
aéreas superiores (cavidade oral, cavidades nasais) e
inferiores, avaliando os sinais e sintomas
Diagnóstico diferencial
Deve ser feito com base em algumas infecções das vias
aéreas superiores como:
 Faringite: a mucosa da faringe é afectada, há febre,
disfagia, odinofagia
 Sinusite: há dor de cabeça intensa, secreções nasais densas
e a vezes amareladas, usualmente sem febre.
Tratamento não medicamentoso
 Não há tratamento específico em case de etilogia viral, pois esta
condição passa espontaneamente em cerca de uma semana.
 Se o lactente tiver as narinas bloqueadas pelas secreções é
necessários limpá-las com soro fisiológico.
 A hidratação é importante para ajudar a limpar a infecção na criança.
 Ar humidificado pode ajudar a acabar com as secreções facilitando a
congestão nasal.
 Vaselina reduz a irritação da mucosa e fissuras da nariz.
Tratamento medicamentoso
 Antibiótico: Amoxicilina (> 3 meses e até 20Kg:
50m/kg/dia 3 vezes/dia por 5 dias). Crianças com >de 20
Kg: 250-500 mg de 8/8h (máximo 3 g por dia)
 Se febre: Paracetamol 10-15 mg/dose
Complicaçôes
 Sinusite bacteriana.
 A otite média aguda.
 Pneumonia bacteriana.
Prevenção
 O cuidador com rinite deve lavar as mãos após cada
espirro/tosse e antes de cuidar da criança.
 O paciente com rinite deve espirrar protegendo as vias
aéreas para não espalhar o aerossol com o agente causal.
 Evitar o contacto da criança com a pessoa que tem a rinite.
GRIPE
GRIPE
 Define-se gripe ao conjunto de sintomas e sinais devidos a
infecções virais comuns e autolimitadas, que afectam as
vias aeras superiores e que necessitam apenas de cuidados
de suporte.
Etiologia
 Mais frequente - Vírus sincicial respiratório (VRS).
 Outros agentes incluem: Vírus parainfluenza (tipo 1 a 4),
Influenza A e B, Rhinovírus, Coxackievrius, Adenovírus,
Coronavírus.
Transmissão
 Inter-humana através da tosse (aerossóis) e pelo contacto
directo com mãos e objectos que contenham secreções
infectadas. O contágio ocorre frequentemente em
comunidades fechadas como domicilio, creches.
 Período de incubação: 2 a 5 dias,
 Período de contágio: desde algumas horas antes, até 2
dias após o início dos sintomas.
Quadro Clínico
lactentes – período prodrómico: anorexia, irritabilidade,
vómitos, alteração do sono, dificuldade respiratória, congestão
nasal que dificulta a alimentação e sono.
Crianças mais velhas - irritação nasal; dor de garganta;
secreção nasal fina e abundante; Irritação ocular; cefaleia;
mialgia; febre; 2º a 3º dia a secreção nasal torna-se purulenta
devido a descamação do epitélio e a intensa infiltração por
leucócitos. As manifestações regridem entre o 5º e 7º dia.
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado na história clínica, e no exame
físico descrito acima (sinais e sintomas).
O hemograma pode ajudar a excluír a presença de supra-
infecção bacteriana.
Em caso de febre sempre tem que ser pedidos testes para
Malaria, par excluír uma concomitante infecçao por
Plasmodio.
Diagnóstico diferencial
 Pneumonia.
 Influenza.
 A otite média aguda.
Tratamento
 Não devem ser administrados antibióticos nem outros
medicamentos para a tosse.
 Geralmente passa espontaneamente em 7-15 dias.
 Se a criança tiver dificuldade em respirar ou alimentar-se por
causa das secreções nasais é necessário limpar as narinas com o
soro fisiológico.
 Se a febre estiver presente, administrar Paracetamol:
10-15mg/Kg/dose a cada 4-6h.
Prevenção
 O cuidador com gripe deve lavar as mãos após cada
espirro/tosse e antes de cuidar da criança.
 Deve-se evitar o contacto da criança com a pessoa que tem
a gripe.
 O paciente com gripe deve espirrar ou tossir protegendo as
vias aéreas para não espalhar o aerossol com o agente
causal.
SINUSITE
SINUSITE
 A Sinusite é uma inflamação dos seios paranasais
geralmente associada a um processo infeccioso por vírus,
bactéria ou fungo mas que também pode estar associada a
um processo alérgico.
 Os seios paranasais são formados por um grupo de
cavidades que contêm ar e que se abrem dentro do nariz e
se desenvolvem nos ossos da face.
Epidemiologia
 As crianças têm 6-8 infecções virais das vias respiratórias
superiores anualmente, estima-se que entre 5% e 13% destas
infecções pode ser complicada por uma infecção bacteriana
dos seios paranasais.
 A idade média de uma criança com sinusite é geralmente 5-6
anos de idade.
 O seio paranasal mais afectado na criança (1-5 anos) é o seio
etmoidal
Classificação
A sinusite pode ser classificada em:
 Aguda: se a duração é limitada de 2-3 semanas;
 Subaguda: se continua durante 4-12 semanas;
 Crónica: se continua por mais de 12 semanas.
Etiologia
 As bactérias (Estreptococo, Estafilococo, Pneumococo,
Haemofilus inflenzae, e Pseudomonas aeruginosa em pacientes
imunodeprimidos;)
 Os vírus (Rhinovírus, Influenza A e B virus, Vírus
parainfluenzae, Coronavírus, Adenovírus e Enterovírus;
 Fungos, em pacientes immunodeprimidos: Cândida,
Aspergillo.
 Alergénios: poluentes, acaras
Fatores predisponentes
 Infecções das vias respiratórias altas ou superiores;
 Alergia;
 Imunodepressão;
 Malformações anatómicas ou patologias genéticas que impedem a
drenagem fisiológica das secreções das vias respiratória;
 Trauma;
 Infecções dos dentes;
 Exposição ao fumo
Quadro Clínico
Sinais-sintomas específicos:
 Sinusite etmoidal: dor entre os olhos, atrás dos olhos e
cefaleia frontal;
 Sinusite frontal: cefaleia frontal,
 Sinusite maxilar: dor na área maxilar espontânea ou a
palpação, dor dos dentes, cefaleia frontal
Quadro Clínico
Sinais-sintomas gerais:
 Dor aumenta ao baixar a cabeça
 Secreção nasal amarelada, verde e muito densa
 Voz anasalada; Hiposmia:
 Pode haver tosse seca ou produtiva (purulenta)
 A febre geralmente está ausente;
 • Pode haver otalgia ou sensação de ter os ouvidos “cheios”,
“entupidos” caso esteja afectado o ouvido médio;
Quadro Clínico
Na sinusite crónica podem estar presentes os seguintes
sinais-sintomas:
 Tosse crónica seca;
 Febre de origem desconhecida;
 Dor dos dentes;
 Halitose
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado na história clínica e no exame físico dos
seios paranasais que inclui as seguintes manobras:
 Inspecção das cavidades nasais: pesquisar sinais de infecção
ou alergia;
 Inspecção da cavidade oral e orofaringe: pesquisar sinais de
infecção da mucosa orofaríngea como uma secreção purulenta
na parede da orofaringe. Inspeccionar os dentes da arcada
superior para uma eventual infecção, abcesso, cárie ou fractura;
Diagnóstico
 Palpação dos seios paranasais: pesquisando a dor
(diretamente apalpar e fazer uma percussão da pele sobre
os seios frontal e maxilar. Dor sugere inflamação)
 Hemograma e HTZ
 Raios x do crânio
 Tomografia axial computarizada (TAC)
 o exame de eleição é a cultura do aspirado
Diagnóstico Diferencial
A sinusite deve ser também diferenciada das seguintes
condições:
 Influenza ou gripe: tem sintomas sistémicos como a febre e
sua duração é menor;
 Otite média: há otalgia importante e febre, há alteração da
membrana timpânica;
 Rinite alérgica: é caracterizada por secreção serosa, espirros
Tratamento não medicamentoso
O tratamento da sinusite tem por objectivo a melhorar a
drenagem do conteúdo dos seios paranasais, controlar a
infecção e evitar as complicações
 A inalação de vapor aquoso para determinar uma
vasoconstrição e diluição das secreções, melhorando a
drenagem.A sinusite viral cura espontaneamente.
Tratamento medicamentoso
A sinusite bacteriana é tratada com antibióticos:
 Amoxicillina e Ácido Clavulânico por via oral: crianças > de 3 meses e
até 20 Kg 50mg/kg/dia, 3 vezes ao dia durante 2 semanas. Crianças com
>20 Kg: 250-500 mg 8/8h (máxima 3 g por dia)
 Eritromicina por via oral, no caso de alergia à Amoxicilina, na dose de
50mg/Kg/dia a cada 6h durante 2 semanas;
 Metronidazol por via oral, associar no caso de infecção dental ou com
secreçôes particularmente mal cherosas (etiologia anaeróbia) 15-20
mg/kg/dia divididos em 3 tomas durante 2 semanas
Tratamento medicamentoso
Na sinusite crónicaa duração do tratamento antibiótico deve
ser de 4-6 semanas e devem ser associados também com aos
seguintes medicamentos:
 Descongestionantes da mucosa nasal por uso local nas
crianças com mais de 6 anos de idade.
 Corticosteróides por via oral, Prednisolona 1 – 2
mg/kg/dia, 2 vezes dia durante 4-5 dias para crianças com
rinite alérgica concomitante.
Prevenção
 Aumentar lavagem das mãos e diminuição de numeros das
crianças em creches têm demonstrado para ajudar na
prevenção da transmissão. Para quebrar o ciclo da infecção
crônica, retirando a criança da creche por um tempo pode
ser necessária.
Complicações
 Mucocelos (lesões inflamatórias crónicas dos seios frontais),
 Osteomielite do osso frontal/maxilar,
 Celulite
 Abcesso orbitário,
 Meningite
 Abcesso cerebral/epidural,
 Empiema subdural
 Trombose do seio cavernoso.
Bibliografia
 Manual de Formação Para Técnicos de Medicina Geral,
Neurologia, 2013, pag 12 – 22.
 Moore D. Anatomia orientada para a clínica. 5ª edição. Brasil:
Guanabara Koogan; 2007.
 Guyton AC. Tratado de Fisiologia Médica. 8ª edição. Brasil:
Guanabara Koogan; 1992.

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