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A insuficiência respiratória aguda em crianças apresenta particularidades relacionadas à idade e características anatômicas e fisiológicas específicas. Algumas
considerações importantes sobre o tema são:
Crianças possuem vias aéreas de menor diâmetro, o que as torna mais propensas a obstruções.
Os músculos intercostais e diafragmáticos são menos maduros, o que favorece a exaustão respiratória.
Os poros de ventilação colateral são pouco desenvolvidos, facilitando a formação de atelectasias.
A caixa torácica é mais complacente.
Durante o sono REM, ocorre uma falta de coordenação entre os movimentos torácicos e abdominais, o que prejudica a higiene brônquica.
Existe uma menor quantidade de elastina, o que resulta em menor elasticidade pulmonar.
O sistema imunológico das crianças é pouco desenvolvido, o que aumenta a suscetibilidade a infecções respiratórias.
A insuficiência respiratória pode se manifestar como angústia respiratória, padrão respiratório anormal, taquipneia e aumento do esforço respiratório. Em casos mais
graves, pode evoluir para falência cardiopulmonar.
Existem dois tipos principais de insuficiência respiratória: hipoxêmica e hipercápnica. A hipoxêmica é caracterizada por uma oxigenação inadequada, com uma
pressão arterial de oxigênio (pO2) inferior a 60 mmHg. Já a hipercápnica é caracterizada por uma ventilação inadequada, com uma pressão arterial de dióxido de
carbono (pCO2) acima de 50 mmHg.
A avaliação do paciente com insuficiência respiratória inclui a avaliação da via aérea, do desempenho respiratório, dos sons respiratórios, do sistema circulatório, da
função neurológica e a oximetria de pulso.
O tratamento da insuficiência respiratória depende do tipo e da gravidade da condição. Medidas gerais incluem a posição de conforto, a aspiração das vias aéreas,
se necessário, e a administração de oxigênio suplementar para manter a saturação de oxigênio (SpO2) acima de 94%. Além disso, é necessário identificar a causa
subjacente e instituir um tratamento específico.
Os sistemas de oferta de oxigênio suplementar podem ser classificados em alto ou baixo fluxo, dependendo das necessidades do paciente. Exemplos de
dispositivos de baixo fluxo incluem cânula nasal e máscara simples.
CRUPE VIRAL
O crupe viral é causado principalmente por vírus, como parainfluenza, influenza A e B, Vírus Respiratório Sincicial (VRS) e, em crianças acima de 5 anos,
Mycoplasma pneumoniae.
Os principais sintomas são rouquidão, tosse ladrante, estridor inspiratório predominante e graus variados de desconforto respiratório.
No exame físico, observa-se inflamação difusa, eritema e edema das paredes da traqueia, além de alteração de mobilidade das cordas vocais.
A apresentação clínica geralmente começa com rinorreia clara, faringite, tosse leve e febre baixa, e depois evolui para sinais de obstrução das vias aéreas
superiores e progressão dos sintomas de insuficiência respiratória. Os sintomas geralmente se resolvem em 3 a 7 dias.
Nos casos graves de crupe viral, podem ocorrer aumento da frequência cardíaca e respiratória, retrações musculares, cianose, agitação psicomotora e sonolência. A
duração dos sintomas pode chegar a até 14 dias.
O tratamento do crupe viral envolve o uso de medicamentos para alívio dos sintomas e controle da inflamação. A umidificação das vias aéreas não tem
comprovação de benefícios. A administração de dexametasona, um potente glicocorticoide com longa duração de ação, é recomendada. O uso de budesonida
inalatória também pode reduzir os sintomas de gravidade, sendo indicada para crupe leve a moderado.
A epinefrina inalatória é indicada nos casos de crupe moderado a grave e em crianças que passaram por procedimentos ou manipulações prévias das vias aéreas
superiores. A epinefrina tem efeito ultrarrápido na redução do estridor e dos sintomas de falência respiratória.
A maioria das crianças com laringotraqueíte não requer intubação após o uso de epinefrina e dexametasona.
CRUPE BACTERIANA
A crupe bacteriana é causada por agentes bacterianos, como Staphylococcus aureus, Streptococcus, Moraxella catarrhalis e Haemophilus sp. Pode ocorrer
coinfecção com vírus como influenza A e B, parainfluenza, enterovírus, VRS e sarampo.
Na crupe bacteriana, ocorre infecção direta da mucosa traqueal, causando um processo inflamatório difuso da laringe, traqueia e brônquios, com produção de
exsudato mucopurulento e formação de membranas semiaderentes dentro da traqueia.
Não há resposta terapêutica ao tratamento inicial com epinefrina inalatória e corticosteroides, o que ajuda a diferenciar a crupe viral da bacteriana.
Além dos sintomas clássicos de crupe, os pacientes com crupe bacteriana apresentam febre acima de 38,5°C e toxemia.
Quando há suspeita de traqueíte bacteriana, o paciente deve ser admitido em uma unidade de terapia intensiva (UTI).
A intubação traqueal deve ser realizada em centro cirúrgico, com auxílio de endoscopia para diagnóstico, tratamento e coleta de secreção.
Geralmente, a intubação é necessária por 3 a 7 dias.
É recomendado administrar antibióticos intravenosos para cobertura dos principais agentes, utilizando cefalosporina de 2ª geração (cefuroxima) ou 3ª geração
(ceftriaxona).
A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma das principais causas de internação hospitalar no Brasil, embora não seja uma causa frequente de morte.
O uso generalizado de vacinas contra Haemophilus influenzae tipo B e pneumococos conjugados tem sido associado à redução nos casos e mortes causadas por
esses agentes.
A triagem de crianças com queixas de infecção respiratória aguda para diagnosticar pneumonia é baseada principalmente em aspectos clínicos.
A presença de hipoxemia (SpO2 < 96%) e aumento do esforço respiratório (grunhidos, abertura das narinas e retrações) são os sinais mais relacionados com
pneumonia.
Uma oxigenação normal reduz a probabilidade de pneumonia, e a taquipneia (frequência respiratória acima de 40 irpm) não está fortemente associada ao
diagnóstico de pneumonia.
O padrão-ouro considerado na investigação de sinais preditivos de PAC é a confirmação radiológica da pneumonia. Achados radiológicos consistentes com
pneumonia incluem infiltrado pulmonar, alveolar ou intersticial.
Os achados radiológicos confirmados são, na verdade, preditores de pneumonia bacteriana.
Alguns sinais preditivos de morte confiáveis e facilmente detectáveis em crianças incluem incapacidade de beber/alimentar-se, vômitos, convulsões, menor retração
torácica, cianose central, letargia, abertura das narinas, grunhidos e acenos de cabeça.
Existe acordo geral entre as diretrizes de que a amoxicilina administrada por via oral é a opção de primeira linha para tratar pacientes ambulatoriais com PAC. Já a
ampicilina ou penicilina G aquosa ou amoxicilina por via endovenosa são as opções de primeira linha para tratar pacientes hospitalizados com PAC no grupo com
menos de 5 anos.
O uso de macrolídeos pode ser reservado para os casos em que a amoxicilina não é eficaz.
Não é necessário tratar infecção bacteriana atípica em todas as crianças entre 2 e 59 meses com PAC não grave.
Em casos de PAC com infiltrado alveolar, sem sinais de perigo ou complicações, 5 dias de amoxicilina são suficientes para o tratamento.
Para crianças com respiração rápida e sibilância, mas sem retração torácica, sinais de perigo ou febre inferior a 38°C, os antibióticos não devem ser rotineiramente
recomendados, pois a causa mais provável é uma infecção viral.
As cefalosporinas de terceira geração podem ser a primeira escolha apenas em locais com alta prevalência de resistência pneumocócica à penicilina.
O tratamento com intervalos maiores entre as doses é mais confortável para os pacientes e profissionais de saúde, aumentando a adesão ao tratamento.
O uso de ceftriaxona em casos graves, ou a combinação de oxacilina ou macrolídeo, deve ocorrer em situações específicas, como presença de pneumococo de alta
resistência, H. influenzae produtora de betalactamase ou Staphylococcus aureus.
Pacientes com menos de 2 meses devem ser hospitalizados e receber antibióticos por via endovenosa, independentemente de outros fatores, devido à taxa de
letalidade nesse grupo.
ASMA
Infecções, especialmente virais, têm sido associadas ao início dos sintomas recorrentes de sibilância e asma em crianças, adolescentes e adultos jovens.
Infecções bacterianas e colonização do trato respiratório também podem desencadear exacerbações e sibilância recorrente, independentemente dos vírus.
A história familiar de atopia, principalmente materna, é o fator de risco mais bem estabelecido para o desenvolvimento de sibilância recorrente e persistência da
asma na infância.
O desafio ao lidar com crianças que apresentam sibilância no primeiro ano de vida é identificar quais delas terão sibilância persistente e serão diagnosticadas com
asma.
Lactentes e pré-escolares apresentam características diferentes de outros grupos de pacientes com sibilância devido ao menor calibre das vias aéreas, imaturidade
do sistema imunológico e exposição passiva a fumaça de cigarro e alérgenos.
O diagnóstico de sibilância recorrente e asma em lactentes e pré-escolares é essencialmente clínico, baseado na presença de sibilância, tosse, desconforto
respiratório e despertares noturnos.
História de melhora dos sintomas com broncodilatadores inalatórios, antecedentes pessoais de doença alérgica e histórico familiar de asma/alergia auxiliam no
diagnóstico de asma.
O diagnóstico de asma em pré-escolares pode ser feito quando há três ou mais episódios de sibilância no ano na ausência de infecções virais, entre outros critérios.
O controle dos sintomas e a resposta ao tratamento são essenciais para o diagnóstico de asma.
A espirometria pode ser realizada em crianças pré-escolares capazes de executar manobras adequadas.
O nível de controle da asma está relacionado à terapia necessária para alcançá-lo e à capacidade de realizar atividades diárias sem limitações.
Além do tratamento regular de controle, crianças com episódios de sibilância intermitente devem receber broncodilatadores como tratamento inicial durante a crise
aguda.
Exacerbações da asma são deteriorações agudas ou subagudas do controle dos sintomas, que exigem atendimento médico e possivelmente corticosteroides
sistêmicos.
Sintomas precoces de uma nova crise incluem aumento da sibilância, respiração mais curta, aumento da tosse e letargia.A combinação de aumento de tosse e
sibilância ao longo do dia, associada ao uso de broncodilatadores à noite, é um forte preditor de uma crise iminente.
Os parâmetros de gravidade que indicam tratamento hospitalar ou em unidade de emergência incluem alteração da consciência, baixa saturação de oxigênio,
dificuldade para emitir frases completas, frequência cardíaca elevada e presença de cianose central.
BRONQUEOLITE
A maioria das crianças é infectada pelo vírus sincicial respiratório (VSR) no primeiro ano de vida, e praticamente todas serão expostas ao vírus até o final do
segundo ano, com reinfecções ao longo da vida.
O VSR é responsável por 75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias.
A prematuridade é um dos principais fatores de risco para hospitalização por VSR.
O período de incubação da doença é de 4 a 5 dias.
O vírus se replica na nasofaringe, e o período de excreção viral pode variar de 2 a 8 dias ou até a melhora clínica.
Em recém-nascidos, lactentes jovens e imunocomprometidos, o vírus pode persistir por até 3 a 4 semanas.
O período de sazonalidade do VSR normalmente começa em maio e dura até setembro.
As técnicas exclusivas de detecção do VSR têm a desvantagem de não diagnosticar coinfecções, e cerca de 30% das crianças com bronquiolite por VSR podem
estar infectadas por outros patógenos.
Tratamento domiciliar inclui higiene das mãos, evitar tabagismo passivo, manter alimentação normal, higiene da cavidade oral com solução salina, uso de
antitérmicos se necessário e orientar os cuidadores sobre os sinais e sintomas de alerta.
Critérios para decisão de hospitalização incluem episódios de apneia, hipoatividade, gemência, retração torácica, frequência respiratória acima de 60 irpm, cianose
central, SpO2 persistente abaixo de 92%, recusa alimentar, ausência de diurese por mais de 12 horas, presença de comorbidades cardíacas, imunológicas ou
neuromusculares, idade inferior a 3 meses, prematuridade (especialmente inferior a 32 semanas) e dificuldade de acesso ao serviço de saúde em caso de piora
clínica.
Recomendações de tratamento incluem o uso de solução salina hipertônica (SSH) a 3% para melhorar a broncoaspiração, principalmente em pacientes
hospitalizados por mais de 3 dias. O uso de oxigênio não é recomendado se a SpO2 estiver acima de 90% sem acidose, mas pode ser considerado se a SpO2
estiver entre 90-92%, houver esforço respiratório e o paciente tiver menos de 3 meses.
A bronquiolite viral aguda com necessidade de internação hospitalar está associada a um aumento de sibilância recorrente.
A profilaxia para o VSR é indicada na prevenção de doença do trato respiratório inferior causada pelo VSR em pacientes pediátricos de alto risco com menos de 2
anos de idade, como prematuros com menos de 35 semanas de gestação, portadores de doença pulmonar crônica da prematuridade e portadores de cardiopatia
congênita hemodinamicamente significativa.
Os critérios adicionais para a profilaxia do VSR, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em 2017, incluem prematuros entre 29 e 31 semanas e 6 dias de
gestação.
A imunoglobulina deve ser administrada um mês antes do início da estação do vírus, e as doses subsequentes devem ser administradas durante esse período, até
um máximo de 5 doses. O palivizumabe é administrado na dose de 15mg/kg por via intramuscular, uma vez por mês.
Na região sudeste do Brasil, o período de aplicação deve ser de fevereiro a julho, devido à sazonalidade do VSR, que ocorre de março a julho.
PROTEINÚRIA
HEMATÚRIA
Hematúria é a presença de quantidades anormais de hemácias na urina, podendo ser macroscópica (visível a olho nu) ou microscópica (detectada apenas por
exame laboratorial).
Pode ocorrer de forma persistente ou recorrente.
Hematúria isolada refere-se à presença de eritrócitos em quantidades anormais na urina, sem outras anormalidades.
A detecção da hematúria pode ser feita através de exames como o EAS (exame de urina) e a pesquisa de sangue com fita reagente.
Eritrócitos pequenos, fragmentados e pobremente hemoglobinizados (dismórficos) geralmente indicam sangramento glomerular, enquanto eritrócitos de tamanho e
forma normais (isomórficos) indicam sangramento do trato urinário ou do parênquima renal de origem não glomerular.
A hematúria não causa anemia, portanto, não é necessário avaliar repetidamente os níveis de hemoglobina e hematócrito no sangue.
Existem três categorias clínicas de hematúria: hematúria glomerular, hematúria indeterminada e hematúria não glomerular, cada uma com características
específicas.
Se a hematúria for confirmada, é importante buscar antecedentes pessoais e familiares, além de realizar exames complementares como EAS com dismorfismo
eritrocitário, urocultura, dosagem de proteína na urina de 24 horas ou relação proteína/creatinina, ureia, creatinina e ultrassonografia dos rins e vias urinárias.
A presença de hematúria sugestiva de origem glomerular inclui antecedentes de doença renal crônica (DRC) e/ou hematúria com ou sem surdez, dismorfismo
eritrocitário positivo, proteinúria acima de 150 mg/dia e presença de cilindros hemáticos.
A presença de hematúria sugestiva de origem não glomerular pode estar relacionada a histórico de litíase renal, dor abdominal e sintomas urinários, ausência de
dismorfismo eritrocitário, ausência de proteinúria e presença de cálculos renais identificados na ultrassonografia.
Em ambos os casos, é recomendado encaminhar o paciente para um nefrologista pediátrico e, possivelmente, para um urologista se a hematúria for não glomerular.
Caso haja suspeita de hematúria glomerular, podem ser solicitados exames adicionais como audiometria, EAS em familiares e eletroforese de hemoglobina. Se
esses exames forem normais, pode-se considerar a dosagem de complemento e autoanticorpos.
Se a hematúria persistir, mesmo com exames laboratoriais anormais repetidos, pode ser necessário realizar uma biópsia renal.
Caso a hematúria se mantenha, mas os exames subsequentes não mostrem anormalidades persistentes, deve-se investigar outras causas de hematúria.
A síndrome hemolítico-urêmica (SHU) em crianças e adolescentes é uma microangiopatia trombótica caracterizada pela ocorrência simultânea de anemia hemolítica
microangiopática, trombocitopenia e insuficiência renal aguda.
A causa mais comum é a infecção por E.coli produtora da toxina Shiga (STEC).
Clinicamente, manifesta-se por trombocitopenia por consumo, anemia hemolítica não autoimune microangiopática e manifestações determinadas pela isquemia em
diferentes órgãos, principalmente trato gastrointestinal, rins e cérebro.
A SHU pode ser classificada em SHU com diarreia e SHU sem diarreia.
O SHU por E.coli (STEC-SHU) apresenta um pródomo característico de dor abdominal, vômitos e diarreia, geralmente descrita com muco e sangue, precedendo a
SHU em 5-10 dias.
A anemia hemolítica é caracterizada por uma hemoglobina (Hb) inferior a 8mg/dL e teste de Coombs indireto negativo.
A gravidade da anemia não condiz com a gravidade da doença renal.
A trombocitopenia é definida por uma contagem de plaquetas inferior a 140.000-40.000/mm3.
A insuficiência renal é grave em cerca de 50% dos casos e pode variar desde hematúria e proteinúria até insuficiência renal aguda oligoanúrica.
Cerca de 80% dos pacientes necessitam de transfusão sanguínea se a Hb for inferior a 6mg/dL ou o hematócrito (HT) inferior a 18, a fim de evitar sobrecarga
cardiopulmonar.
A transfusão de plaquetas é indicada apenas se a contagem de plaquetas for inferior a 30.000/mm3 e raramente ocorre com ou sem sangramento ativo.
O manejo dos fluidos deve ser baseado no estado volêmico e na função renal do paciente.
A expansão hídrica é indicada nos pacientes hipovolêmicos para atingir um estado euvolêmico e tentar corrigir a hipoperfusão renal.
Por outro lado, nos pacientes hipervolêmicos devido à oligúria ou anúria, os líquidos devem ser restritos.
Em pacientes com sobrecarga hídrica cardiopulmonar, pode ser necessária a terapia de diálise para remover os líquidos.
Não há evidências de que a diálise precoce melhore a evolução da SHU.
A indicação de diálise inclui uremia (náuseas, vômitos, sonolência, adinamia), ureia acima de 80-100 mg/dL, congestão pulmonar e/ou hipertensão não responsiva a
medicamentos, hipocalemia e acidose metabólica não controladas com terapia medicamentosa, e suporte nutricional em pacientes anúricos ou oligúricos.
A hipertensão pode ser causada por hipervolemia e/ou isquemia, sendo preferíveis os anti-hipertensivos bloqueadores dos canais de cálcio, pois os inibidores da
enzima conversora de angiotensina (IECA) podem reduzir a perfusão renal.
Complicações do sistema nervoso central, como amaurose, convulsão, acidente vascular encefálico e coma, podem ocorrer.
As alterações hematológicas ocorrem em 1-2 semanas e a recuperação renal ocorre posteriormente.
Recomenda-se monitorar sinais de hipertensão, proteinúria e/ou insuficiência renal por pelo menos 5 anos.
O SHU mediado pelo complemento é causado por mutações em genes que codificam proteínas do complemento e ocorre tipicamente em pacientes com menos de
2 anos.
A evolução e o curso clínico variam de acordo com o fator do complemento afetado.
Além do tratamento de suporte, o tratamento com plasma é recomendado.
Os marcadores ureia e creatinina têm limitações na avaliação da lesão renal aguda (LRA) e não refletem a taxa de filtração glomerular em tempo real.
A LRA pode ser causada por diferentes mecanismos, incluindo diminuição da perfusão renal, lesão tubular, processo tubulointersticial, alterações vasculares e
glomerulopatias.
Existem diferentes situações em que a LRA é induzida por toxinas exógenas, como hemoglobinúria por hemólise, mioglobinúria por rabdomiólise e hiperuricosúria
secundária à síndrome de lise tumoral.
A avaliação clínica inclui verificar sinais como palidez, hipertensão arterial, edema periférico e pulmonar, além de avaliar a presença de cilindros hemáticos e
hemácias na urina.
Os níveis séricos de sódio e potássio podem estar alterados de acordo com a função renal comprometida e outras condições clínicas.
Em situações de sepse e endotoxemia, o acúmulo excessivo de fluidos no espaço intersticial pode levar a edema pulmonar e hipóxia tissular, podendo evoluir para
síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (DMOS).
A abordagem terapêutica visa restabelecer e manter as condições hemodinâmicas, reposição volêmica adequada, hidratação, uso de diuréticos e terapia de
substituição renal (TSR) quando necessário.
A diálise peritoneal é uma opção efetiva para o manejo da LRA em neonatos e crianças, mas existem contraindicações a serem consideradas.
Os pacientes com LRA podem apresentar proteinúria, hipertensão arterial e comprometimento progressivo da função renal, mesmo com níveis normais de
creatinina.
O acompanhamento ambulatorial após a alta hospitalar é fundamental para monitorar a recuperação renal e prevenir complicações.
A doença renal crônica (DRC) é definida pela presença de lesão renal e perda de função renal.
A DRC é diferenciada em estágios (3 a 5) de acordo com a intensidade da perda da função renal.
O valor limite de 60 ml/min/1,73m² para definir a DRC deve ser aplicado apenas a crianças maiores de 2 anos.
Em crianças menores de 2 anos, a estimativa do clearance de creatinina pode ser feita por fórmulas que relacionam a altura em centímetros e o valor da creatinina
sérica em mg%.
A fórmula de Schwartz é utilizada para calcular o clearance de creatinina em lactentes e pré-escolares: ClCr = K x altura (cm) / creatinina sérica.
Em lactentes e pré-escolares, predominam as malformações do trato urinário, como rins hipoplásicos e displásicos.
Em escolares e adolescentes, predominam glomerulopatias, uropatias, sequelas de doenças adquiridas e nefropatias hereditárias.
A DRC tem maior impacto sobre o crescimento ponderoestatural e neurológico em faixas etárias mais jovens devido ao ritmo acelerado de crescimento.
Na DRC, ocorre aumento dos níveis séricos de GH (hormônio do crescimento) sugerindo resistência relativa dos tecidos à sua ação.
As alterações no metabolismo de cálcio, fósforo, magnésio e na produção do metabólito ativo da vitamina D ocorrem a partir do estágio 3 da DRC, levando a
deformidades ósseas, retardo do crescimento e calcificações metastáticas.
No estágio 4 e 5 da DRC, há produção insuficiente de eritropoietina, requerendo o uso de eritropoetina recombinante.
A produção diminuída de vasodilatadores, expansão de volume e uso de corticosteroides estão implicados na gênese da hipertensão arterial, que afeta de 40% a
60% dos casos nos estágios 4 e 5 da DRC.
Pacientes com DRC podem apresentar poucos sintomas por longos períodos.
Em lactentes, as principais manifestações da DRC devido a malformações são episódios de infecção do trato urinário e distúrbios hidroeletrolíticos.
Malformações costumam causar defeitos na concentração urinária, poliúria, natriurese elevada e tendência à desidratação. Isso deve ser diferenciado da hiperplasia
suprarrenal congênita, que apresenta hiponatremia e hiperpotassemia.
Em pré-escolares e escolares, a DRC avançada se manifesta com retardo do crescimento, deformidades ósseas, anemia resistente ao tratamento com ferro,
cefaleia e vômitos secundários à hipertensão arterial.
Em adolescentes, as queixas relacionadas à evolução das glomerulopatias, como edema, alterações na urina, deformidades ósseas e manifestações da hipertensão
arterial, são frequentes.
Alguns fatores aumentam o risco de DRC, como antecedentes de doença policística renal, baixo peso ao nascer, insuficiência renal aguda prévia, malformações
renais, uropatias obstrutivas, refluxo vesicoureteral com cicatrizes renais, síndrome nefrótica ou nefrítica, síndrome hemolítica urêmica, diabetes mellitus tipo 1 ou 2,
lúpus eritematoso sistêmico, hipertensão e trombose no período neonatal.
Pacientes de risco devem ser submetidos a testes de marcadores de lesão renal e estimativa da função renal regularmente.
A síndrome nefrótica idiopática é caracterizada pela presença de proteinúria maciça de caráter nefrótico e hipoalbuminemia (<2,5), com edema, hiperlipidemia e
lipidúria.
Na faixa pediátrica, utiliza-se a relação proteína/creatinina em amostra isolada para diagnóstico, sendo considerada síndrome nefrótica quando > 2.
As principais variantes histopatológicas são: lesão histológica mínima (LHM), glomerulosclerose segmentar e focal (GESF), síndrome nefrótica corticossensível
(SNCS) e síndrome nefrótica corticorresistente (SNCR).
Etiologias incluem causas primárias, pós-infecção e agentes parasitários, colagenoses e vasculites, neoplasias, drogas e processos alérgicos.
A presença de edema não é essencial, mas quando ocorre é intenso, mole, frio, depressível, sujeito à ação da gravidade e insidioso, podendo evoluir para anasarca.
Crianças não tratadas ou que não respondem bem à terapia podem desenvolver ascite, hepatomegalia, taquipneia, derrame pleural e aumento de volume nos
genitais.
Distúrbios hidroeletrolíticos podem se manifestar com cãibras, parestesias e síndrome convulsiva.
Pacientes nefróticos apresentam risco elevado de deficiência de vitamina D, cálcio e fósforo, além de maior suscetibilidade a infecções.
Indicações de biópsia renal incluem idade <1 ano ou >10 anos, hematúria persistente, hipertensão grave, disfunção renal, sintomas extrarrenais, síndrome nefrótica
corticorresistente e planejamento de introdução de inibidores de calcineurina.
O tratamento inespecífico envolve dieta hipossódica ou assódica durante as fases de edema ou hipertensão, e ingestão hídrica livre na ausência de hipervolemia.
Em casos de hipovolemia, é realizada infusão de solução salina seguida, se necessário, por infusão de albumina.
Diuréticos tiazídicos podem ser utilizados em casos de anasarca, e suplementação de potássio pode ser necessária para evitar depleção.
O tratamento específico envolve o uso de prednisona para induzir remissão e, em seguida, doses alternadas para manter a remissão.
Imunossupressores como ciclofosfamida, ciclosporina e levamisol podem ser utilizados para reduzir ou retirar o corticoide na terapia, dependendo da resposta do
paciente.
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) podem reduzir a proteinúria e ter ação
imunomoduladora.
Vacinas de vírus vivos não devem ser administradas durante altas doses de corticoides.
Considera-se "eventualmente curada" uma criança que permanece sem crises e medicação por 5 anos, mas ainda pode haver recorrências após períodos muito
longos.
ACIDENTES PEÇONHENTOS
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
MANIFESTAÇÃO ANTICOLINÉRGICA
MANIFESTAÇÕES ANTICOLINESTERÁSICAS
Principais agentes: Inseticidas organofosforados, inseticidas carbamatos, fisostigmina, algumas espécies de cogumelos, veneno de cobra.
Efeitos parassimpaticomiméticos: sudorese, lacrimejamento, salivação, aumento das secreções brônquicas, diarreia, miose, bradicardia, fibrilações, fasciculações
musculares.
Antídoto para Manifestações Anticolinesterásicas: Oximas, como a Pralidoxima (2-PAM) e a Obidoxima. No caso de intoxicação por organofosforados ou
carbamatos, é comum utilizar atropina em combinação com as oximas.
MANIFESTAÇÕES SIMPATOMIMÉTICAS
MANIFESTAÇÕES NARCÓTICAS
MANIFESTAÇÕES DEPRESSIVAS
MANIFESTAÇÕES EXTRAPIRAMIDAIS
Tratamento:
Reconhecer a toxicossíndrome e identificar o agente causal.
Realizar manobras de descontaminação.
Realizar manobras de eliminação.
Utilizar antídotos quando a substância química tóxica permitir.
Carvão ativado: Benefício maior dentro de 1 hora da ingestão, mas não melhora o prognóstico, 1-2 g/kg (máximo 50g). Contraindicado na ingestão de corrosivos,
hidrocarbonos, álcool, na obstrução ou perfuração intestinal e na diminuição do nível de consciência.
Irrigação intestinal: Impulsionar a substância tóxica através do trato gastrointestinal antes de ser totalmente absorvida. Polietilenoglicol (via oral/sonda nasogástrica)
25-500 ml/kg/hora. Contraindicada em caso de coma, íleo ou obstrução intestinal, hemorragia ou perfuração gastrointestinal.
Diurese forçada: Furosemida 1-3 mg/kg via oral, 0,5-1,5 mg/kg via intravenosa. Hiper-hidratação com 20-30% a mais que o recomendado para a faixa etária e
condição clínica.
Métodos dialíticos: Utilizados em exposições a altas doses da substância tóxica com risco de morte. Medidas de descontaminação e eliminação não são suficientes
para melhorar o paciente.
A suspeita clínica de intoxicação exógena deve sempre fazer parte dos diagnósticos diferenciais, principalmente quando a criança apresenta um quadro clínico não
compatível com a história.
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO RN
Obstrução das vias aéreas Gasping. Sufocação. Estridor. Falência respiratória. Apneia. Esforço respiratório débil
Colapso circulatório Bradicardia. Hipotensão arterial . Má perfusão periférica
Má oxigenação: Cianose Hipoxemia Palidez
Vias aéreas: Obstrução nasal. Atresia de coanas. Traqueomalácia. Broncomalácia. Anel vascular
Neuromusculares: Edema cerebral. Hemorragia cerebral. Drogas. Transtornos musculares. Lesão do nervo frênico. Lesão da medula
Cardiovasculares: Hipovolemia. Anemia. Policitemia. Cardiopatias
Metabolismo: Acidose. Hipoglicemia. Hipotermia
Infecção respiratória: Taquipneia transitória do RN. SDR (Síndrome do Desconforto Respiratório). Pneumonia. Síndrome de aspiração do mecônio
Malformações congênitas: Imaturidade pulmonar. SDR (Síndrome do Desconforto Respiratório). Intercorrências no processo de nascimento. SAM (Síndrome de
Angústia Respiratória do Recém-Nascido). TTRN (Taquipneia Transitória do Recém-Nascido. Síndrome de escape de ar (SEAr). Síndrome da hipertensão pulmonar
persistente neonatal (HPPN)
Pneumonias
Alteração no desenvolvimento e crescimento pulmonar neonatal
Malformações pulmonares
Má adaptação
Asfixia
Aspiração de mecônio
Infecções bacterianas: Sepse / Pneumonia. TTRN (Taquipneia Transitória do Recém-Nascido). SDR (Síndrome do Desconforto Respiratório). Acidose
Remodelação da vascularização pulmonar
Estresse intrauterino crônico e hipóxia
Uso de AINES (anti-inflamatórios não esteroides) pela gestante
Cardiopatia de hiperfluxo pulmonar
Artérias e arteríolas pulmonares diminuídas
Hérnia diafragmática
Hipoplasia pulmonar - Síndrome de Potter
Displasia alvéolo-capilar
Obstrução ao fluxo sanguíneo
Policitemia
Hipertensão venosa pulmonar
Estenose das veias pulmonares
Drenagem de veias pulmonares total
Coarctação de aorta
Estenose mitral
Incidência variável e dependente das características do recém-nascido (peso, idade gestacional, pós-natal) e das condições de assistência na unidade.
Etiologia da sepse tardia difere entre os serviços, mas os microrganismos gram-positivos respondem por até 70% dos casos de infecção.
As bactérias gram-negativas estão associadas a maior mortalidade, especialmente em casos de multirresistência.
Os sinais e sintomas são inespecíficos, podendo variar desde hipoatividade e letargia até quadros graves de disfunção cardiovascular e falência de múltiplos órgãos
e sistemas.
Escore de Rodwell:
Leucocitose > 25.000/mm3 ao nascimento.
Leucocitose > 30.000/mm3 entre 12 e 24 horas.
Leucocitose > 21.000/mm3 após 48 horas.
Leucopenia < 5.000/mm3.
Neutrofilia ou neutropenia.
Elevação de neutrófilos imaturos.
Relação entre imaturos e segmentados > 0,3.
Plaquetopenia < 150.000/mm3.
Exames específicos:
Isolamento de fluidos corporais estéreis é considerado padrão-ouro para a confirmação diagnóstica de sepse.
Hemocultura.
Urocultura.
Punção lombar.
Antibioticoterapia:
Utilização de oxacilina + aminoglicosídeo (amicacina) é considerada boa prática clínica devido à sua potência, baixa resistência e disponibilidade.
Meningite sem isolamento: cefalosporinas de 3ª ou 4ª geração.
O tempo de tratamento deve ser o mais curto possível (5 a 10 dias), dependendo da clínica e dos resultados das culturas. Pode ser prolongado em casos de
meningite (14 a 21 dias) conforme o agente etiológico e evolução clínica.
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
SÍFILIS CONGÊNITA
VDRL do recém-nascido não reativo ou menos de duas vezes maior que o VDRL da mãe:
Exame físico normal:
Não tratar, acompanhar e repetir o VDRL a cada 40 dias até obter dois testes negativos seguidos.
Exame físico alterado ou VDRL do recém-nascido maior ou igual a duas vezes o VDRL da mãe:
Investigar se o VDRL está reagente:
VDRL reagente:
Administrar penicilina benzatina, com a primeira dose realizada pelo menos 4 semanas antes do parto:
Primária: 2,4 milhões de UI - dose única.
Secundária: 2,4 milhões de UI - 1 vez por semana - por 4 semanas.
VDRL não reagente:
Notificar e tratar.
Solicitar hemograma, VDRL, RPR, plaquetas e LCR (líquido cefalorraquidiano).
LCR normal:
Sífilis congênita sem neurosífilis:
Tratar com benzilpenicilina benzatina ou penicilina procaína por 10 dias.
LCR anormal:
Sífilis congênita com neurosífilis:
Tratar com benzilpenicilina cristalina por 10 dias.
Acompanhar e repetir o VDRL a cada 40 dias até obter dois testes negativos seguidos.
Preferencialmente, realizar parto com retirada do neonato mantendo as membranas corioamnióticas íntegras.
Clampar imediatamente o cordão após o nascimento, sem ordenha.
Realizar banho preferencialmente com chuveirinho e limpar todas as secreções visíveis.
Aspirar as mucosas, evitando traumatismos.
Se houver presença de sangue em aspiração gástrica, realizar lavagem gástrica com soro fisiológico.
Colocar o RN junto à mãe o mais breve possível.
Iniciar a 1ª dose de AZT (zidovudina) solução oral após os cuidados imediatos ou nas primeiras 4 horas pós-parto.
Quando indicado, iniciar 3TC (lamivudina) e RAL (raltegravir) nas primeiras 48 horas de vida.
Utilizar cabergolina para inibir a lactação.
Fórmula láctea até 6 meses.
Se houver amamentação, submeter à carga viral (CV).
Profilaxia antirretroviral para o parto e para RN expostos à infecção materna pelo HIV segundo o risco de transmissão vertical:
Baixo risco:
Mãe em uso de antirretrovirais (AVR) e carga viral indetectável até o 3º trimestre, sem falha de adesão à medicação.
Mãe: manter antirretrovirais em uso.
RN: zidovudina 10mg/ml - iniciar nas primeiras 4 horas após o parto.
35 semanas: 4mg/kg/dose - a cada 12 horas.
30-35 semanas: 2mg/kg/dose - a cada 12 horas - por 14 dias, depois 3mg/kg/dose - a cada 12 horas - a partir do 15º dia.
< 30 semanas: 2mg/kg/dose - a cada 12 horas.
(Se necessário AZT intravenoso, a dose é 75% da dose oral, com o mesmo intervalo entre as doses).
Alto risco:
Mãe sem uso ou uso inadequado de AVR, início após a segunda metade da gestação, carga viral indetectável no 3º trimestre, carga viral desconhecida, infecção
aguda gestacional ou teste rápido positivo no parto sem tratamento prévio.
Mãe: AZT intravenoso no parto.
RN: zidovudina + lamivudina + raltegravir.
Zidovudina (AZT) 10mg/ml - iniciar nas primeiras 4 horas após o parto.
Lamivudina (3TC) 10mg/ml - 2mg/kg/dose - a cada 12 horas - > 32 semanas de nascimento até 4 semanas de vida.
Raltegravir (RAL) 100mg - 1,5mg/kg - 1 vez por dia - 1ª semana (solução oral em pó).
3mg/kg/dose - a cada 12 horas - por 28 dias.
PCR RNA viral: 2 a 6 meses de idade. ELISA e Western blot: até 18 meses de idade.
TESTE DO PEZINHO
DOENÇA FALCIFORME:
FENILCETONÚRIA (PKU):
FIBROSE CÍSTICA:
HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO:
É uma emergência pediátrica causada pela incapacidade da glândula tireoide do recém-nascido em produzir quantidades adequadas de hormônios tireoidianos,
resultando em redução generalizada dos processos metabólicos.
Manifestações clínicas incluem hipotonia muscular, dificuldades respiratórias, cianose, icterícia prolongada, constipação, bradicardia, anemia, sonolência excessiva,
livedo reticularis, choro rouco, hérnia umbilical, alargamento de fontanelas, mixedema, sopro cardíaco, dificuldade na alimentação com déficiente crescimento
pôndero-estrutural, atraso na dentição, retardo na maturação óssea, pele seca e sem elasticidade, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental.
A deficiência de hormônios tireoidianos pode causar lesões neurológicas e retardo mental a partir da segunda semana de vida.
O diagnóstico é confirmado por meio da dosagem de TSH e T4 livre venosos após resultado positivo no teste de triagem neonatal (teste do pezinho).
O valor de referência no teste do pezinho é < 10 uUI/L. Valores entre 10-20 uUI/L requerem uma segunda amostra, e se o resultado for > 10 uUI/L, a criança deve
ser convocada com urgência. Crianças com TSH > 20 uUI/L são convocadas em caráter de urgência.
O tratamento consiste em administrar diariamente levotiroxina sódica para manter o paciente em eutireoidismo.
A dose inicial para recém-nascidos é de 15 mcg/kg/dia, administrada uma vez ao dia em jejum.
A dose diária varia de acordo com a faixa etária, e a dose de manutenção é ajustada com base nos níveis de TSH e T4 livre.
As modificações na dose devem ser reavaliadas com a verificação de TSH e T4 livre em 30-40 dias.
Se as modificações forem discretas, a dose pode ser mantida e reavaliada em 30-40 dias.
Se o T4 livre estiver elevado até 1,5 ng/dL com TSH normal, a dose deve ser mantida.
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
Há 3 causas para a cianose: presença de lesão obstrutiva direita com shunt da direita para a esquerda, conexão ventrículo-atrial discordante e presença de uma
mistura comum. • As manifestações clínicas variam de acordo com o tipo de cianose:
Hipofluxo: cianose dependente do fluxo pulmonar, sopro sistólico, sobrecarga ventricular direita.
Normofluxo: fluxo pulmonar geralmente normal, cianose importante, ausculta normal ou sobrecarga ventricular direita.
Hiperfluxo: cianose leve, taquipneia, sudorese, cansaço nas mamadas, ausculta de sopro sistólico e/ou sobrecarga biventricular.
Lesões com shunt E-D e lesões obstrutivas podem levar à insuficiência cardíaca (IC) global com sintomas como taquipneia, cansaço, sudorese, taquicardia,
cardiomegalia e hepatomegalia.
As principais cardiopatias congênitas que se manifestam com IC incluem comunicação interventricular, estenose aórtica, transposição dos grandes vasos da base,
coarctação de aorta, persistência do canal arterial, defeito do septo atrioventricular e síndrome de hipoplasia do ventrículo esquerdo.
O sopro cardíaco é a maior causa de encaminhamento para investigação de cardiopatia congênita, sendo que metade dos casos apresenta sopro inocente.
O tratamento clínico das cardiopatias cianóticas envolve suporte para evitar piora da cianose e crises de hipóxia, controle rigoroso da hemoglobina, uso de
medicamentos como propranolol e intervenção cirúrgica quando necessário.
Em casos de crise de hipóxia, pode ser utilizada a posição joelho-tórax, oxigenioterapia, sulfato de morfina, betabloqueadores, cetamina, bicarbonato de sódio e
epinefrina. A cirurgia é indicada se não houver melhora com o tratamento medicamentoso
AFOGAMENTOS
Artrite Sistêmica:
Incidência de 4-17%.
Presente em toda a infância, sem preferência de gênero.
Caracterizada por febre alta, exantema eritematoso, linfadenomegalia, hepatosplenomegalia, pericardite, pleurite e miocardite.
Possível causa de febre de origem indeterminada na faixa etária pediátrica.
Durante os períodos de febre, a criança apresenta prostração, irritabilidade, palidez e piora das manifestações articulares.
Fora dos períodos de febre, as manifestações articulares são comuns.
Lesões eritematosas costumam desaparecer sem deixar sequelas.
Análise laboratorial geralmente não apresenta alterações, incluindo anticorpos antinucleares e fator reumatoide.
Comprometimento pode ser oligoarticular (até 4 articulações) ou poliarticular.
Oligoartrite:
Acomete de uma a quatro articulações nos primeiros seis meses da doença.
Incidência de 27-56% dos casos, mais comum em meninas entre 2 e 4 anos.
Articulações mais afetadas são os joelhos e tornozelos, geralmente de forma assimétrica.
Edema é a queixa principal em vez de dor.
Alguns casos estão relacionados a trauma antes do início da doença.
Anticorpos antinucleares são positivos em 40-50% dos casos, aumentando o risco de uveíte anterior crônica.
Uveíte pode causar hiperemia ocular, dor, lacrimejamento, diminuição da acuidade visual, fotofobia e cefaleia.
Uveítes não tratadas podem levar a sinéquias posteriores, glaucoma e cegueira.
Se após 6 meses, uma quinta articulação for afetada, é classificada como oligoartrite estendida.
Fatores de risco para extensão da artrite incluem artrite em punhos e tornozelos, articulações das mãos, artrite simétrica, velocidade de hemossedimentação
elevada e presença de anticorpos antinucleares.
Poliartrite Fator Reumatoide Positivo:
Presença de fator reumatoide da classe IgM em pelo menos duas ocasiões separadas por três meses.
Forma menos frequente, afetando menos de 10% dos casos, com início geralmente entre 12 e 16 anos.
Sintomas sistêmicos podem estar presentes.
Inicia-se nas pequenas articulações das mãos e pode progredir para joelhos, tornozelos, cotovelos e quadris.
Prognóstico geralmente desfavorável, com possíveis sequelas e incapacidade funcional devido à persistência da sinovite.
Poliartrite Fator Reumatoide Negativo:
Acomete 5 ou mais articulações nos primeiros 6 meses, com fator reumatoide negativo.
Incidência de 20-30% dos casos, mais comum em meninas entre 2-3 anos e por volta dos 10 anos.
Geralmente apresenta simetria e pode afetar qualquer articulação.
Joelhos, tornozelos, punhos, carpos, tarsos e cotovelos são as mais afetadas.
Ocasionalmente, pode ocorrer febre baixa, adenomegalia e hepatosplenomegalia discretas.
Essa forma raramente evolui para artrite erosiva.
DOENÇA DE KAWASAKI