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Exames complementares:
No paciente de baixo risco não se faz necessário o uso de qualquer outro exame além da radiografia de tórax.
A realização de exames que busquem a etiologia é indicada somente para pacientes com PAC grave ou não
respondedora à terapia empírica inicial, bem como nos internados em UTI.
Alguns exames podem ser solicitados para auxiliar o manejo e o raciocínio clínico:
- Saturação de O2 ð deve ser solicitada de rotina (valores inferiores ou iguais a 90% com alto fluxo de O2) sugere
remoção para UTI.
- Ureia ð maior que 65 mg/dl indica gravidade.
- Hemograma ð tem baixa sensibilidade e especificidade. É útil para avaliar a gravidade e a resposta terapêutica.
Leucopenia indica mau prognóstico.
- Escarro ð deve ser coletado em pacientes internados com PAC que não tenham recebido ATB prévia.
- Hemocultura ð deve ser realizada duas amostras. Normalmente são falsa-positivas. Só devem ser coletadas em
pacientes graves e que não respondem ao tratamento.
- Broncoscopia ð permite a detecção de anormalidade das vias respiratórias, coleta de material para culturas
quantitativas (boa sensibilidade e especificidade) e a realização de biopsias transbrônquicas em pacientes que não
respondem ao tratamento ou em PAC grave.
- Testes sorológicos ð não são úteis na avaliação inicial, assim, não devem ser solicitados. Só devem ser pedidos em
casos graves e em pacientes não responsivos.
- Antígenos urinários ð quando há suspeita de Legionella (PAC grave ou internada com falha na resposta a
betalactâmicos. A pesquisa do antígeno em 80% dos casos é positiva com Legionella pneumophila (o teste pode
permanecer elevado por vários meses da infecção).
- Toracocentese ð deve ser realizada em paciente com mais de 50 mm de derrame pleural.
- Proteína C reativa (PCR) ð Níveis de PCR costumam ser aumentados em pacientes com pneumonias
causadas por pneumococo e por Legionella, o que não acontece em pneumonias causadas por vírus e patóg
enos atípicos.
- Pró-calcitonina (PCT) ð os seus níveis encontram-se aumentados em pacientes com menor risco de morte quando
há infecção bacteriana grave, porém não nas infecções virais.
Diagnóstico do agente etiológico:
A recomendação atual é a procura do agente etiológico somente se houver motivo para acreditar que o resultado
possa alterar o antibiótico selecionado empiricamente. Por exemplo: pneumonia sem critérios de gravidade, com
apresentação típica, em adultos jovens, sem comorbidade = pneumococo (não há necessidade de lançar mão de
propedêutica diagnóstica cara e invasiva para tentar confirmar um dado que já tem alta probabilidade pré-teste).
Conduta clínica
1° passo:
Definir se o paciente deve ser internado ou tratado a nível ambulatorial. Os principais escores utilizados para definir
em PAC é o PSI (Pneumonia Severity Index – inicialmente utilizado para estratificar risco de morte) e o CURB-65
(mais indicado).
O PSI é composto por 20 itens que incluem características demográficas, comorbidades, alterações laboratoriais,
alterações radiológicas e achados do exame físico. Ele classifica os pacientes em cinco categorias, estimando a
mortalidade em 30 dias e sugerindo o local de tratamento. O PSI, entretanto, pode subestimar a gravidade da
doença em pacientes jovens e sem doenças associadas por ponderar muito a idade e a presença de comorbidades na
sua pontuação. Outro ponto negativo é o uso de muitas variáveis, tornando o cálculo complexo.
Uma vez o paciente internado, tem que realizar a diferença entre um leito normal e uma internação em um
ambiente de maior cuidado (CTI). Essa diferença se faz a partir de escores.
Segundo os critérios da AST/IDSA deve haver três critérios menores ou um critério maior. Já segundo o escore de
Ewig (orientado pelo consenso brasileiro), deve haver um critério maior ou dois menores.
2° passo:
Consiste em tratar; o tratamento da PAC a nível ambulatorial se faz por meio empírico, onde se pressupõem qual o
agente etiológico da pneumonia.
Mudança de tratamento da via endovenosa para a via oral:
Uma vez iniciado o tratamento a nível hospitalar, o paciente primeiramente toma as drogas por administração
endovenosa passando posteriormente para forma oral. Para passar da modalidade endovenosa para oral deve haver
uma avaliação da estabilidade do paciente, onde deve-se checar se o paciente realiza deglutição adequada para
líquidos, comprimidos ou cápsulas e se os sinais vitais encontram-se estabilizados por mais de 24 horas (temperatura
< 38ºC; frequência cardíaca <100 bpm; frequência respiratória <24 irpm; pressão arterial sistólica > 90 mmHg).
Avaliação para alta hospitalar:
Para realizar a alta do paciente deve-se avaliar a estabilidade do paciente, assim é recomendado a alta quando o
paciente obedece alguns critérios: 1) paciente já consegue fazer uso de ATB por VO; 2) estado mental do paciente
encontra-se a nível basal; 3) paciente não apresenta nenhuma evidência de anormalidade aguda na doença de base
ou laboratorial que necessite a continuação da internação; 4) oxigenação adequada em ar ambiente ou menos de
2L/minuto de oxigênio; 5)PaO2 > 60 mmHg ou saturação de O2 > 92% e a basal para pacientes com hipoxemia
crônica.
Duração do tratamento:
Os pacientes devem ser tratados por pelo menos 5 dias, e o tratamento não deve ser interrompido antes de o
paciente atingir os critérios de estabilidade clínica e estar afebril por 48 ou 72 horas.
Falha terapêutica:
É considerado falha terapêutica precoce quando o paciente não tem resposta em 48 a 72 h de uso de antibióticos;
a falha é considerada tardia após 72 h.
Os pacientes com falhas terapêuticas devem ser investigados com testes não invasivos (escarro, antígenos urinários
para pesquisa de S. pneumoniae e Legionella, hemoculturas e sorologias) e invasivos (aspirado endotraqueal,
broncoscopia e biopsia).
Pneumonia nosocomial
A pneumonia nosocomial ou pneumonia adquirida no hospital (PAH) é definida como a pneumonia que ocorre após
48 horas de internação, assim, ela não se encontra encubada antes da admissão hospitalar. Clinicamente é
semelhante a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM – pneumonia que surge após 48 horas de
intubação) e a pneumonia relacionada a cuidados de saúde (pacientes que não se enquadram na PAC).
A PAH e PAVM pode ser classificada como precoce (surge entre o 2° e o 4 dia) ou tardio (a partir do 5° dia). As
pneumonias de inicio tardio tem maior risco para agentes multirresistentes.
Fisiopatologia
Geralmente multifatorial:
- O estado de diminuição das defesas do paciente na internação.
- A colonização do paciente (pele e mucosas) por agentes hospitalares.
- Maior quantidade de vias de infecção, que normalmente não estão presentes nos paciente não hospitalizados.
Etiologia
A etiologia é predominantemente bacteriana.
A incidência do tipo bacteriano varia conforme o hospital, sendo assim fundamental o conhecimento da flora local e
de seu perfil de sensibilidade.
Nas pneumonias de inicio precoce o microrganismos mais frequentes são: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
influenzae, Staphylococcus aureus sensível à oxacilina.
Na pneumonia tardia os agentes etiológicos variam devido a presença de fatores de riscos para o desenvolvimento
de patógenos resistentes.
Diagnóstico
É mais difícil do que o da PAC, já que o diagnóstico via radiografia é difícil (existem várias patologias que simulam
alterações radiológicas encontradas na pneumonia; as alterações radiológicas da PAH podem ser atípicas, uma vez
que a pneumonia hospitalar, tem origem em aspirações e, como tal, desenvolve-se a partir da impactação do
material aspirado e infectado em um bronquíolo, o que gera um quadro radiológico de broncopneumonia,
caracterizado por pequenos focos de preenchimento alveolar que podem coalescer, além de ter ausência de
broncograma aéreo).