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TUBERCULOSE SECUNDÁRIA
A tuberculose secundária é um pa- Também pode surgir após a reinfec-
drão de doença que surge em hospedeiros ção exógena devido à queda na proteção
previamente sensibilizados. A tuberculose se- proporcionada pela doença primária ou
cundária pode surgir logo após a primária, devido à inoculação de um grande inóculo
porém, mais comumente, surge da reativa- de bacilos virulentos. Independentemente
ção de lesões primárias dormentes muitas da origem do microrganismo, poucos paci-
décadas após a infecção inicial, particular- entes (menos de 5%) com a doença primária
mente quando há queda na resistência do desenvolvem tuberculose secundária subse-
hospedeiro (Robbins, 2013). quente (Robbins, 2013).
Classicamente, a tuberculose pulmo- Ultimamente, entretanto, bacilos tu-
nar secundária localiza-se no ápice de um berculosos podem ser identificados. A mais
ou ambos os lobos superiores. A razão é comum metodologia para o diagnóstico da
obscura, porém pode estar relacionada com tuberculose continua sendo a demonstra-
a alta pressão parcial de oxigênio nos ápi- ção de organismos ácido-resistentes em es-
ces. O bacilo incita uma resposta tecidual carros por colorações ácido-resistentes ou
rápida e marcada que tende a não se res- pelo uso de rodamina auramina fluorescente.
tringir ao foco. Como resultado dessa loca- Culturas convencionais para mico-
lização, os linfonodos regionais apresentam bactérias requerem 10 semanas, mas ensaios
envolvimento menor nos estágios iniciais da radiométricos que detectam metabolismos
doença quando comparada à tuberculose micobacterianos são capazes de fornecer o
primária. Por outro lado, a ocorrência de resultado em duas semanas. Amplificação
cavitação na forma secundária é rápida, in- por PCR pode ser realizada no meio líquido
duzindo à erosão das vias aéreas e disse- positivo, bem como nos cortes de tecidos
minação aerógena. Tais alterações tornam- para identificar micobactérias. Entretanto, a
se uma importante fonte de infecção, uma cultura permanece a modalidade diagnós-
vez que agora o paciente produz esputo tica padrão porque pode identificar ocasi-
com bacilos. A tuberculose secundária deve onais casos de PCR negativa e também per-
sempre ser uma importante consideração em mite teste de suscetibilidade a drogas.
pacientes HIV-positivos e que apresentem Multirresistência a drogas (MRD) é de-
doença pulmonar. É importante destacar finida como resistência da micobactéria a
que, embora exista um risco aumentado de duas ou mais drogas primárias usadas para
tuberculose em todos os estágios da AIDS, o tratamento da tuberculose. É agora mais
as manifestações estão relacionadas com o comumente relatada, e a WHO estima que
grau de imunossupressão. 50 milhões de pessoas ao redor do mundo
A tuberculose secundária localizada podem estar infectadas com micobactérias
pode ser assintomática. Quando as manifes- multirresitentes (Robbins, 2013).
tações aparecem, elas são geralmente insi-
diosas no começo, com desenvolvimento
gradual de sinais e sintomas sistêmicos e lo-
cais. Manifestações sistêmicas provavel-
mente relacionadas com a liberação de ci-
tocinas por macrófagos ativos (p. ex., TNF e
IL-1) frequentemente aparecem cedo no
curso da doença e incluem mal-estar, ano-
rexia, perda de peso e febre. Comumente,
ocorre febre de baixo grau. Com o envolvi-
mento pulmonar progressivo, aumenta a
quantidade de escarros, que inicialmente se
apresenta mucoide e mais tarde purulento.
Quando a cavitação está presente, o es-
carro contém bacilos tuberculosos.
Alguns graus de hemoptise estão pre-
sentes em cerca da metade de todos os ca-
sos de tuberculose pulmonar. A dor pleurítica
pode resultar da extensão de infecções das
superfícies pleurais. Manifestações extrapul-
monares de tuberculose dependem do sis- EUDIANE ZANCHET
tema do órgão envolvido (p. ex., salpigite
tuberculosa pode se manifestar com infertili-
dade, meningite tuberculosa com dor de ca-
beça e déficits neurológicos, doença de
Pott com dor nas costas e paraplegia).
O diagnóstico de doença pulmonar é
baseado, em parte, no histórico e nos acha-
dos radiográficos e físicos de consolidação
ou cavitação nos ápices dos pulmões.
REFERÊNCIAS
KASPER, Dennis L; HAUSER, Stephen L; JAMESON, J Larry; FAUCI, Anthony S; LONGO, Dan L;
LOSCALZO, Joseph. Medicina interna de Harrison. 19ª Ed. Porto Alegre: Mc Graw-Hill, 2017.
KUMAR, Vianay, et al. Robbins, Patologia Básica. 9ª Ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.