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PATOLOGIA DAS MAMAS

Características morfofuncionais gerais

-Compostas por 10-20 lobos (segmentos) que desembocam na papila mamária por
meio de ductos (lactíferos)
-Lobos compõem-se por lóbulos (0,5 mm) sustentados por estroma fibroadiposo denso
e formados por glândulas túbuloacinares permeadas por estroma frouxo
-O conjunto de um lóbulo e seu respectivo ducto compreende a unidade ductolobular
terminal

-Túbulos / ácinos e ductos compõem-se por uma bicamada epitelial (secretora /


luminal e mioepitelial / basal)
-Glândulas sudoríferas modificadas sofrem hiperplasia e produzem secreção nutritiva
(leite) mediante estímulos hormonais

MASTITE AGUDA
-Em geral causada por Staphylococcus aureus ou Streptococcus spp
-Mais comum no puerpério / lactação
-Fissuras junto à papila mamária favorecem a infecção
-Compremete inicialmente um setor, mas pode abranger toda a mama
-Pode complicar com abscesso ou celulite
-Manifesta-se com sinais flogísticos locais e, geralmente, febre

ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS
-Conjunto de alterações benignas, principalemente acinares, que podem ter diferentes
etiopatogenias
-Formações císticas de tamanhos variados associadas a fibrose do estroma intra e
interlobular

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-As cistificações resultam da dilatação e / ou coalescência de ácinos mamários e a
fibrose, do processo de repato de cistos rotos
-Microcalficicações intraluminais e metaplasia apócrina são comuns

“HIPERPLASIA” DUCTAL / LOBULAR ATÍPICA


-Proliferações epiteliais de natureza monoclanal (neoplásica), semelhantes as suas
contrapartes malignas (carcinoma ductal / lobular in situ)
-Não satisfazem os critérios morfológicos para carcinoma (in situ), porém associam-se
a risco elevado para a doença (precursores?)
-Em geral sem expressão clínica (suspeição por mamografia)
-Subtipo ductal: arranjos celulares sólidos, cribriformes e / ou micropapilares
monofocais, medindo até 2 mm
-Subtipo lobular: arranjos celulares pouco coesos, que comprometem parcialmente
uma unidade ductolobular

ADENOCARCINOMA
-Neoplasia maligna mais comum no mundo e a maior causa de morte por câncer na
mulher

-Incidência após os 30 anos, com pico entre 65 e 75 anos (média geral de idade ao
diagnóstico: 55 anos)
-Raro em homens (1% dos casos)

-Advento da mamografia (1980) favoreceu o diagnóstico precoce, corroborando com


melhora do prognóstico (risco geral de morte atualmente: 20%)

-Pode ser subclínico ou manifestar-se com nodulação, assimetria, ulceração, retração


(inclusive papilar), descarga papilar (hemática ou aquosa incolor), eritema e / ou edema
cutâneo, linfonodomegalia axilar (metástases)
-Além do sexo e idade, história familiar (1º grau < 50 anos ou bilateral; 1º grau homem,
qualquer idade), exposição estrogênica prolongda, álcool, sedentarismo e obesidade
associam-se a maior risco

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-Alguns fenômenos proliferativos atípicos (hiperplasia ductal / lobular atípica, atipia
epitelial plana) associam-se a maior risco
-Mutações herdáveis dos genes BRCA1 e BRCA2 aumentam o risco em até 90%,
porém os casos não hereditários são predominantes (> 85%)

-A mastectomia bilateral profilática pode ser indicada a mulheres que carregam


mutaçõe sque elevam o risco de carcinoma

-Etiopatogênese (dos casos hereditários ou não) complexa e parcialmente esclarecida


-Alterações em proto-oncogenes como o PIK3CA, ERBB2 / HER2 e MYC estão
implicadas

-Interações (a esclarecer) entre as células tumorais e o estroma mamário parecem


necessárias à carcinogênese (observada em áreas de maior densidade estromal)
-A unidade ductolobular terminal é reconhecida como o sítio de origem

-Mais frequente no quadrante superior lateral


-30% dos casos encontram-se restritos ao epitélio (não exibem invasão dos tecidos
adjacentes) ao diagnóstico (adenocarcinoma in situ)
-Reconhecidos diversos padrões histopatológicos (tanto in situ quanto invasivos)

-Indicado rastreamento por mamografia (eventualmente complementada por


ultrassonografia ou ressonância magnética)
-Casos suspeitos são submetidos (preferencialmente) ao exame histopatológico
(needle core biopsy)

In situ

-Quase sempre suspeitado por mamografia (confirmação por biópsia)

-Em geral sem expressão macroscópica significativa


-Focos de microcalcificações são comuns

-Pode “percorrer” extensamente o epitélio ductolobular, comprometendo amplas áreas


da glândula mamária
-Pode ser multifocal (num mesmo quadrante) ou multicêntrico (focos em mais de um
quadrante)

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-Microcalcificações à mamografia podem sinalizar doença maligna
-Compõe-se (subtipo ductal) comumente de arranjos sólidos cribriformes e / ou
micropapilares, podendo exibir focos de necrose

-Arranjos de células pouco coesas (subtipo lobular) indicam a perda da expressão de


moléculas membranares de adesão (caderinas) e costumas ser multicêntricos

-Comprometimento linfonodal (axilar) é incomum e traduz a existência de foco não


detectado de tumor invasivo

-O comprometimento de ductos subareolares pode evoluir (2% dos casos) com


extensão à epiderme areolopapilar (doença de Paget)

Invasivo

-Em geral, nódudlo estrelado, rígido, medindo entre 0,5 e 10 cm

-Maioria unilateral e unifocal (pode ser multicêntrico e / ou bilateral especialmente nos


casos familiais, principalmente os ligados ao BRCA1/2)

-Impõe distorções arquiteturais que podem ser clinicamente evidentes (nodulações,


retrações cutâneas / papilares)

-Pode haver áreas de hemorragia e necrose e focos de microcalcificações)

-Pode estender-se à pele, eventualmente ulcerando-a


-Pode haver extensão à fáscia / musculatura peitoral

-A presença de edema / eritema cutâneo e consistência empastada podem sinalizar


embolização linfática por fragmentos tumorais (pouco frequente) → embolismos
tumorais dos vasos linfáticos dérmicos da mama (casca de laranja)

-O edema e eritema eventualmente observados no carcinoma mamário historicamente


fomentaram a denominação clínica “carcinoma inflamatório”
-Aspecto microscópico em geral heterogêneo, com estruturas glanduloides e / ou
arranjos sólidos

-Arranjos de células pouco coesas (subtipo lobular), eventualmente com aspecto em


anel de sinete, tendem a infiltrar difusamente o estroma mamário

-Grau tumoral definido pelo Nottinghan Grading System, baseado em características


cito e histopatológicas

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-Na ausência de metástases à distância, o comprometimento de cadeias linfonodais
axilares é o mais importante fator prognóstico

-Dentre as metástases à distância, as ósseas são as mais comuns (dor e fraturas


patológicas são possíveis manifestações clínicas)
-O exame transoperatório (histológico por congelação ou citológico por esfoliação /
imprint) dos linfonodos sentinela da axila ipsilateral à mama doente visa a identificação
de possível disseminação metastática (caso positivo, procede-se com o “esvaziamento”
axilar)

-A subtipagem molecular, baseada na análise da expressão de receptores hormonais


(estrogênio e progesterona) e de fatores de crescimento (HER2), tem importante valor
preditivo (da resposta à terapia)

-A positividade para receptores de estrogênio / progesterona é observada (em média)


em 75% dos casos e prediz resposta mais favorável à terapia

-A positividade para superexpressão de HER2 é observada em 20% dos casos e


associa-se à resposta menos favorável à terapia (pior prognóstico)
-65% dos casos são RE+/HER2-(ditos luminais), 15% RE-/HER2- (basais ou triplo
negativos) e 20% são RE+-/HER2+

-Particularidades etiopatogênicas também têm sido associadas aos diferentes subtipos


moleculares (luminais: BRCA2; HER2+: TP53; basais: BRCA1)

FIBROADENOMA

-Proliferação benigna mesenquimal-epitelial (”bifásica”) de natureza neoplásica e / ou


hiperplásica

-Tumor mais comum da mama

-Maioria entre 20 e 30 anos


-Pode manifestar-se como nodulação palpável

-Diagnóstico presumível pelo aspecto clínico-radiológico

-Etiopatogênese pouco compreendida

-A unidade ductolobular terminal é reconhecida como sítio de origem

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-Há proliferação do estroma intralobular (em geral monoclonal) associada à hiperplasia
epitelial secundária

-Tumor solitário ou múltiplo, uni ou bilateral, medindo em média 2 cm


-Nódulo sólido, arredondado e firme, que pode exibis áreas císticas

-Diagnóstico definitivo somente por meio de exérese e exame histopatológico

TUMOR FILOIDES
-Neoplasia mesenquimal-epitelial (”bifásica”) em geral benigna, mas que pode exibir
comportamento maligno

-Tumor pouco comum (1% dos tumores de mama)


-Maioria em torno dos 50 anos

-Coexiste com fibroadenoma em 40% dos casos

-Etiopatogênese pouco compreendida

-Em geral solitário e unilateral, com menos de 5 cm


-Nódulo sólido arredondado e firme, podendo exibir áreas císticas, hemorrágicas e / ou
necróticas

-À microscopia, observam-se múltiplas fendas delimitando formações “folháceas” com


alta celularidade

-A presença de atipias celulares e mitoses favorece malignidade

-Diagnóstico definitivo requer exérese e exame histopatológico

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