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Neoplasias Benignas e Malignas

Significa Novo (neo) crescimento (plasia). É uma massa anormal de tecido, cujo crescimento ultrapassa e não é
coordenado com o dos tecidos normais e persiste mesmo depois da interrupção dos estímulos que deram origem
à mudança.

Como acontece:

Célula normal -> Agentes cancerígenos ou mutações hereditárias causam danos ao DNA que afetam o reparo,
crescimento ou apoptose celular -> falha no reparo -> mutações no genoma das células somáticas -> ativação de
oncogenes promotores do crescimento (fazem com que a célula entre no ciclo celular) e/ou inativação de genes
supressores ou alterações nos genes que regulam a apoptose -> proliferação celular desregulada (oncogenes e
supressores) ou apoptose diminuída -> divisão celular/expansão clonal (clones).

Tumor é gerado pela divisão clonal excessiva e é heterogêneo (apresenta várias células alteradas de forma
diferente, como células que causam metástases, capacidade de invasão, não antigênicas - camuflam-se para não
serem destruídas -, etc).

Características importantes de Neoplasias:

- Autossuficiência do sinal do crescimento (não depende de fatores/estímulos externos para crescer)


- Insensibilidade aos sinais inibidores de crescimento
- Defeitos nos genes de reparo de DNA
- Evasão da apoptose (escapa da apoptose)
- Replicação infinita (entra toda hora no ciclo celular. Não tem senescência)
- Angiogênese mantida (proliferação de vasos)
- Capacidade de invadir e metastatizar (neoplasia maligna)

Benigna Maligna
Crescimento Lento/expansivo Rápido/Infiltrativo
Encapsulação Frequente Ausente
Necrose Ausente Presente
Morfologia Semelhante de origem Diferente
Mitoses Raras e normais Frequentes e atípicas
Antigenicidade Ausente Presente
Metástases Não ocorre Presente

Neoplasias malignas bucais (câncer)


- Epidemiologia do câncer de boca: incidência x mortalidade. Varia entre os lugares e de acordo com as
políticas públicas. Em geral, o câncer de boca é mais prevalente em homens. Tem uma grande incidência
no Paraná. Apesar de não ter maior incidência no Brasil, há uma alta taxa de mortalidade (dificuldade nas
políticas públicas de prevenção).
- Etiologia: tabaco, álcool, radiação, HPV (alimentação e condição social também são fatores etiológicos).
- Sexo oral aumenta o risco de câncer de orofaringe. Esse câncer tem associação com HPV. Acomete
principalmente homens. O prognóstico é melhor do que dos cânceres de boca, ou seja, o tratamento com
quimio e rádio permite melhores resultados. É comum ocorrer metastases nos linfonódos. Não é
queratinizante, diferente do câncer de boca.

Carcinoma Espinocelular ou Carcinoma de Células Escamoides

Características clínicas:
- Mais comum em homens, mas há estudos que mostram quase uma igualdade. Isto se dá pelas mudanças
sociais e exposição a agentes carcinogênicos.
- Mais comum na 6ª e 7ª década de vida (51- ao 60, 61-70 anos). Apesar disto, tem se observado um aumento
no número de casos em pacientes com menos de 40 anos (é diferente para cada grupo).
- Sintomatologia: estágios iniciais ausência de dor (dor quando o tumor alcança um tamanho considerável),
dor de ouvido, sangramento, mobilidade dental, dificuldade de respirar, falar e engolir (disfagia), trismo,
parestesia (formigamento, perda de sensação). Em estágios iniciais não há sintomas.
- Localização: qualquer localização, mas mais frequente em borda de língua, assoalho bucal, lábios (menor
risco de metástase por causa da irrigação sanguínea).

Estágios iniciais Estágios avançados


Leucoplasia Ulceração
Eritroplasia Crescimento exofítico
Eritroleucoplasia Crescimento endofítico
Induração (tec. + duro comparado ao normal) Fixação
Induração
Margens indefinidas
Sangramento

- Carcinoma de lábios: mais frequente em lábios inferiores devido a fatores como raios UV). Difícil
metástase (por conta da alta irrigação. Metástases são mais comuns por via linfática). 25 a 30% dos
cânceres bucais.
- Carcinoma de língua: tumor maligno intrabucal mais comum. Mais comum na borda posterior da língua.
90% dos canceres bucais juntamente com o carcinoma de assoalho de boca.
- Carcinoma de assoalho de boca: segunda mais comum. Acomete mais homens idosos tabagistas e
etilistas. Úlcera endurecida, indolor e não cicatriza.
- Carcinoma de Mucosa jugal e gengiva: 10%.
- Carcinoma da Palato: mais prevalente nos indianos por causa do fumo invertido.

- Metástases: maioria regional (linfonodos cervicais), também podendo atingir pulmões e ossos (nos casos
de carcinoma de língua e assoalho). Nódulo linfático saudável (0,5 cm) não é palpável e é flácido.
- Diagnóstico: através do exame clínico convencional (inspeção, palpação), biópsia e exame
histopatológico.
- Diagnóstico diferencial: úlcera crônica (proveniente de infecções fúngicas, tuberculose, sífilis e trauma
crônico).
- Características histopatológicas: igual das desordens potencialmente malignas (pleomorfismo, pérolas de
queratina, disqueratose, hipercromatismo, mitose excessivas e atípicas, crista em forma de gota, perda
de estratificação, ilhotas tumorais, etc) com diferença que ocorrerá a invasão do epitélio para o tecido
adjacente. Não há preservação da camada basal.

IMG 1: Invasão metastática vascular


IMG 2: Invasão metastática do epitélio para a lâmina própria. Há formação de pérolas de queratina e
ilhas/cordões de células epiteliais malignas (ilhotas tumorais).

- Estadiamento clínico (estágio do câncer): avaliado de acordo com a sigla TNM, que se refere a
características de tamanho, linfonodo e metástase. Cada um tem uma classificação e no final soma-se
todas essas classificações para fechar um estadiamento clínico.
- Prevenção:
o Primária: campanhas de prevenção
o Secundária: avaliação periódica, exame clínico intraoral sistemático, diagnóstico precoce e
tratamento das desordens potencialmente malignas.
- Tratamento: avaliação multidisciplinar e equipe de suporte (cirurgião-dentista, nutricionista, fono e
psicólogo).
- Classificação dos Carcinomas:
o Bem diferenciado: as células tumorais ainda se parecem com as que produzem queratina
o Pouco diferenciado: há mais pleomofismo
o Indiferenciado: há muito pleomorfismo.

Carcinoma Verrucoso

- Variante de baixo grau do carcinoma espinocelular


- Etiologia: tabaco e possivelmente HPV 16 e 18
- Clínica: crescimento lento da área verrucosa, aspecto de couve-flor, localmente destrutivo, metástase
rara, acomete principalmente mucosa jugal, mas pode atingir gengiva, língua, palato, entre outras.
- Aspectos histopatológicos: carcinoma bem diferenciado (lembra as células de origem, sem mitoses
atípicas, pleomorfismo) com pouca ou nenhuma displasia. Hiperplasia epitelial, hiperqueratinização. A
invasão parece ser diferencial.
- Tratamento: excisão da lesão. Prognóstico excelente.

Carcinoma Basocelular

- É o câncer de pele mais comum


- 80% estão na região de cabeça e pescoço
- Acomete mais pacientes idosos e homens
- Tem origem nas células basais da pele e ocorre em áreas da pele expostas ao sol
- Clínica: nódulo ulcerado
- Aspectos histopatológicos: camada basal do epitelio, celulas hipercromaticas, alongadas, mitoses
atípicas, ilhas de células epiteliais em paliçada.
Melanoma

- É uma neoplasia maligna derivada de melanócitos, os quais tem origem na crista neural, com capacidade
de produzir pigmentos de melanina.
- 90% dos casos se originam na pele
- Acomete homens e mulheres entre a 5ª e 6ª decada de vida (41-50 e 51-60)
- Melanoma oral é mais raro, mas quando ocorre é mais frequente no palato duro e rebordo alveolar
superior.
- Aspectos clínicos: extensa lesão irregular, placa ou mancha e/ou crescimentos nodulares, coloração
enegrecida, podendo exibir diferentes tonalidades de cor em uma mesma lesão (coloração enegrecida e
ora avermelhada). Pode ser confundida com tatuagem por amálgama.
- Aspectos histopatológicos: bastante heterogênea, grande produção de pigmentos de melanina intra e
extracelular com graus variados de pleomorfismo e bastante mitose atípica (IMG 1). Células epitelioides,
plasmocitoides, claras e fusiformes. Crescimento sólido em fascículos de disposição aleatória que se
intercruzam, como crescimentos organoides (ilhas), alveolares e pagetoides (IMG 3). Pode haver necrose
tecidual e invasões perineurais e perivasculares.
o Neoplasia indiferenciada: as células exibem um formato arredondado de tamanho pequeno com
núcleo hipercromáticoe escasso citoplasma eosinofílico.
o Melanoma amelanótico: não há produção de melanina visível (dificuldade de diagnóstico). O
diagnostico diferencial se dá reações imuno-histoquímicas positivas para S1000, HMB45 e Melan-
A.
- Tratamento: é de difícil manejo terapêutico. Cirurgia radical, quimioterapia e radioterapia. O prognóstico
é bastante desfavorável.

Metástases orais

- Evento biológico altamente complexo


o Destacamento da célula neoplasica -> regulação da motilidade e invasão celular -> sobrevida ->
proliferação -> evasão do sistema imune.
- Processos regulados e sítios-específicos

- Aspectos clínicos
o 5ª a 8ª decada de vida
o Ossos gnaticos (maxila e mandíbula - 42 anos) e tecidos moles orais (52 anos)
o Sexo 1:1 para ossos gnaticos e 2:1 Em tecidos moles para homens
o Homens: pulmão, rins, fígado e próstata
o Mulheres: mama, órgãos genitais, rins, colo/reto
o Ossos gnaticos (posterior da mandíbula) > tecidos moles (gengiva)
o Ossos gnáticos:
▪ Tumefação ossea
▪ Dor e parestesia
▪ Destruição óssea
▪ Imagens radiolúcidas irregulares e mal definidas
▪ Ocasionalmente podem apresentar áreas radiopacas em seu interior (metástase de
próstata)
o Gengiva:
▪ Processo reacional ou hiperplásico
▪ Crescimento tecidual avermelhado
▪ Ocasionalmente ulcerado e sangramento ao toque
▪ Dor e parestesia
- Aspectos histopatológicos: os depósitos metastáticos em geral retêm as características histológicas de
seus sítios de origem, o que permite fácil reconhecimento do tumor primário. Entretanto, alguns casos
exibem um maior grau de pleomorfismo e atipia celular, o que exige uma investigação minuciosa para o
adequado reconhecimento do sítio primário para obtenção do diagnóstico apropriado.

Cistos da região bucomaxilofacial


- São cavidades patológicas com conteúdo fluido ou semifluido, a qual não é formada pelo acúmulo de pus,
sendo frequentemente revestido por epitélio e suportado por tecido conjuntivo fribroso.
- Classificação
o Odontogênicos
▪ Desenvolvimento
• Cisto dentígeno
o Cisto de erupção
• Queratocisto odontogênico
• Cisto odontogênico ortoqueratinizado
• Cisto periodontal lateral
•Cisto gengival
o Cisto gengival do adulto
o Cistos gengivais do recém-nascido
• Cisto odontogênico calcificante
• Cisto odontogênico glandular
▪ Inflamatórios
• Cisto radicular
o Cisto radicular apical
o Cisto radicular lateral
o Cisto residual
• Cistos colaterais inflamatórios
o Cisto paradentário
o Cisto de bifurcação vestibular
o Não odontogênicos

Fonte Origem do cisto Exemplos de cistos


Restos Epiteliais de Malassez Bainha epitelial radicular (Hertwig) Cisto periapical
Epitélio reduzido do ógão do Órgão do esmalte Cisto dentígero
esmalte
Restos da lâmina dentária Junção epitelial entre mucosa e Queratocisto odontogênico
órgão do esmalte (intraósseo) Cisto periodontal lateral
Restos de Serres Junção epitelial entre mucosa e Cisto gengival do adulto
órgão do esmalte (tecido mole) Cisto gengival do recém-nascido

Cistos odontogênicos inflamatórios

- Os cistos inflamatórios dos maxilares compreendem um grupo de lesões que surgem como resultado da
proliferação epitelial envolvidas por uma área inflamada por diversas causas
o Cistos radiculares apical e lateral
▪ São os mais comuns e surgem dos restos epiteliais encontrados no ligamento periodontal
como resultado de uma inflamação periapical após a morte e necrose pulpar.
▪ São encontrados com maior frequência nos ápices dos dentes envolvidos, mas também
podem ser encontrados nas laterais das raizes.
▪ Etiopatogenia: cárie, trauma.

Cárie, trauma morte da polpa


(estimula inflamação) inflamação do osso apical

Cárie, trauma Cárie, trauma Cárie, trauma

o Cistos residuais

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Tumores Odontogênicos (30/09)


São lesões derivadas de remanescentes epiteliais (EIOE, retículo estrelado, restos epiteliais de malassez,
etc) e/ou mesenquimais (tecido que origina a papila dentária e folículo pericoronário) da odontogênese.
Portanto, são encontradas exclusivamente, na mandíbula e maxila (e ocasionalmente na gengiva) e
devem ser considerados no diagnóstico diferencial de lesões que envolvem esses sítios.
Classificação
- Tumores odontogênicos verdadeiros: podem ser neoplasias benignas (com recidiva, sem
recidiva ou agressivos) e neoplasias malignas
- Lesões “tumor-like” (parecidos com tumores odontogênicos): não tem um crescimento
autônomo desordenado, ou seja, não é uma proliferação tecidual neoplásica. Apenas, em algum
momento, houve um crescimento celular naquela região (ocorre principalmente durante o
desenvolvimento do dente). Chamamos de hamartomas os que são distúrbio do
desenvolvimento. Podem se desenvolver em qualquer momento, não necessariamente durante o
desenvolvimento.
Etiologia: desconhecida.
Características:
- Mimetizam/lembram a célula ou tecido de origem
- Crescimento lento e geralmente assintomáticos. Entretanto, quando toma proporções grandes
pode causar:
- Expansão óssea dos maxilares e mandíbula
- Movimentação e/ou reabsorção dentária dos dentes adjacentes envolvidos
- Perda óssea
- Metástase (quando for maligno)
Classificação dos tumores odontogênicos
- Tumores benignos
o Epiteliais (contém o componente epiteliais)
o Mistos (contém tanto componente epitelial quanto ectomesenquimal)
o Ectomesenquimais
- Tumores Malignos (são mais raros)
o Carcinoma odontogênico (só tem epitélio)
o Carcinosarcomas odontogênicos (epiteliais e mesenquimais)
o Sarcomas odontogênicos (ectomesênquima)

Tumores Benignos – Epiteliais


- Ameloblastoma convencional
- Ameloblastoma, tipo Unicístico
- Ameloblastoma extraósseo, tipo Periférico
- Ameloblastoma metastatizante
- Tumor Odontogênico Adenomatoide (TOA)
- Tumor Epitelial Calcificante (Tumor de Pingbord)
- Tumor odontogênico escamoso (mais raro)

Ameloblastoma Convencional
Se origina dentro da mandíbula ou maxila, a partir do epitélio que está envolvido na formação do dente.
Pode ser composto por:
- Células do órgão do esmalte (ameloblastos)
- Restos odontogênicos (restos epiteliais de Malassez, Restos de Serres)
- Epitélio reduzido do órgão do esmalte
- Revestimento epitelial dos cistos odontogênicos, especialmente o dentígeno

Características
- 2º tumor odontogênico mais frequente
- Acomete 3-6ª década de vida (21-60 anos)
- Clínica: aumento de volume indolor (quando cresce demais pode gerar dor), evolução lenta,
localmente invasivo/destrutivo (por ter um crescimento infiltrativo. O tumor cresce e se aloja nos
espaços medulares do osso), tamanho variável. Pode levar a má oclusão, reabsorção dos dentes
adjacentes, rompimento das corticais ósseas, pode infiltrar os tecidos moles e ocasionar
deformidade facial.
- Pode ter recidiva local
- Mais frequente no corpo da mandíbula
- Radiograficamente: padrão multicístico (lembra bolhas de sabão), mas pode adquirir um padrão
mais unicístico. As áreas radiolúcidas ao redor do cisto (linhas brancas) são remanescentes das
trabéculas ósseas do osso, pois o tumor não conseguiu reabsorver. Essas linhas brancas não
podem ser esmalte, porque para formar esmalte é preciso do estímulo dos odontoblastos (origem
ectomesenquimal).
- Histologia: ilhotas ameloblastomatosas (células que lembram ameloblastos) circundadas por
tecido conjuntivo, em sua periferia os ameloblastos apresentam uma característica colunar com
núcleo alongado. Polarização nuclear invertida dos ameloblastos, o interior das ilhotas apresenta
um padrão de retículo estrelado e início/aparência de queratinização.
- Padrões (os 3 primeiros são os mais frequentes):
o Padrão folicular: interior das ilhotas lembram reticulo estrelado (IMG 1)
o Plexiforme: as ilhotas começam a se entrelaçam (IMG 2)
o Acantomatoso: ilhotas apresentam produção de queratina (IMG 3)
o Células granulares (IMG 4)
o Células basais (IMG 5)
o Desmoplásico: tec. conjuntivo que circunda as ilhotas é extremamente denso (IMG 6).
- Tratamento: enucleação e curetagem, ressecção em bloco (remoção da lesão com margem de
segurança, ou seja, um pouco a mais além da lesão por causa da chance de recidiva).

Subtipo Ameloblastoma Adenoide: apresenta o componente epitelial com arquitetura cribiforme


(lembra buraquinhos do queijo) e estrutura semelhante a ductos.

Ameloblastoma Unicístico
- Uma vairante do ameloblastoma intraosseo
- 2ª-3ª década de vida
- 90% acomete na região posterior da mandíbula
- Clínica: aumento de volume de evolução lenta, normalmente associado a um dente não
irrompido, assintomático.
- Pode ser tratado de forma conservadora
- Taxa de recidiva curta
- Radiografia: Lesão radiolucida uniocular (semelhante a um cisto dentígeno)
- Histologia:
o Luminal: crescimento celular apenas na região do revestimento luminal da ilhota (IMG 1)
o Intraluminal: crescimento para dentro do lúmen das ilhotas (IMG 2)
o Mural: crescimento na cápsula conjuntiva (manobra cirurgica já deixa de ser conservadora, pois
pode significar que há invasão em outras áreas também) (IMG 3)

Ameloblastoma Periférico

- 5-7ª década de vida


- Lesão séssil ou pediculada
- Acomete a gengiva posterior e mucosa alveolar
- Menos agressivo que o intra-ósseo
- Tratamento mais conservador
- Histopatologia: mesma que do convencional, mas está mais próximo de tecido mole.

Tumor Odontogênico Adenomatóide (TOA)

- 2ª década de vida
- Afeta mais mulheres
- Maxila região anterior
- Apresenta estrutura semelhante a ductos
- Clínica: associado a coroa de um dente impactado (geralmente canino). Assintomático e de crescimento
lento.
- Radiografia: padrão radiolúcido e radiolúcido-radiopaco
- Histopatologia: apresenta cápsula e proliferação significativa de células com aspecto de ductos. Se
projetam para o interior da lesão formando ninhos e entre esses ninhos, vemos ductos. Esses ninhos
costumam se apresentar em forma de redemoinho, chamado rosetas.
o Variantes:
▪ Folicular (mais comum): canino incluso envolto por área radiolúcida (IMG 1)
▪ Extrafolicular: muitas vezes lembram um cisto periodontal lateral, radicular lateral,
queratocisto, ameloblastoma. Área radiolúcida entre dois dentes (IMG 2).
▪ Periférica
- Tratamento: enucleação cirúrgica e conservadora. Recidivas não são esperadas.

Tumor odontogênico Epitelial Calcificante

- Mais comum entre 20-60 anos


- Preferência por mandibula na região molar e pre-molar
- Recorrência pode ocorrer
- Recomenda-se proservação/acompanhamento prolongada.
- Clínica: crescimento lento, assintomáico, localmente invasivo, acomete preferencialmente pre-molares e
molares mandibulares impactados.
- Radiografia: Area radiolúcida com áreas radiopáticas uni ou multiocular. As margens são festonadas (IMG
1) ou podem lembrar favos de mel (IMG 2).
- Histopatologia: discretas ilhas, cordões ou lençóis de células epiteliais poliédricas em um estroma fibroso.
Os contornos celulares das células epiteliais são distintos e é possível observar as pontes intercelulares.
As calcificações desenvolvem-se ormando anéis concêntricos.

Tumores benignos – Mistos

Fibroma ameloblastico

- Mais frequente em crianças e adultos jovens


- Frequentemente associado a um dente impactado
- Clínica: assintomático. Geralmente acomete região posterior de mandíbula
- Radiografia: lesão radiolúcida
- Histopatologia: ilhotas com cordoes de epitélio ameloblastomatoso, células com núcleo alongado, porém
localizadas no interior do ectomesênquima. Ao redor das ilhotas, a região meio rosadinha é a tentativa
abortiva da interação das células epiteliais com as células mesenquimais.
- Tratamento: curetagem ou excisão. Prognóstico excelente com rara recidiva.

Odontoma

- Tumor odontogênico mais comum


- Muitos consideram um hamartoma (erro de desenvolvimento do dente)
- Mais comum em crianças
- Clínica: assintomático, aumento de volume quando toma proporções maiores (raro)
- Descoberto no exame radiográfico de rotina, aumento de volume quando em proporções maiores ou por
impedir a erupção de um dente
- Odontoma Composto
o Radiografia: composto por vários microdentes, mais comumente encontrados na região anterior
da maxila.
o Histopatologia: envolto por uma cápsula e visualização da presença de vários dentes (matriz de
esmalte, dentina - túbulos dentinários - e polpa)

- Odontoma Complexo
o Histopatologia: massa conglomerada amorfa de esmalte e dentina. Mais comum na região
posterior

Tumores Benignos – Mesenquimais

- Mixoma Odontogênico/Mixofixofibroma
- Cementoblastoma
- Fibroma osontogênico
- Fibroma cemento-ossificante
Mixoma Odontogênico

- Ocorre no ectomesênquima (tecido mais jovem, mais gelatinoso e menos fibroso)


- 3º tumor mais comum
- Adultos jóvens de 25-30 anos
- Mais frequente em mulherers
- Clínica: pode promover mobilidade e reabsorção radicular, acomete mais região posterior da mandíbula.
É assintomático. Recorrência comum, pois não apresenta cápsula fibrosa.
- Radiografia: Área radiolúcida uni ou multiocular (estruturas que lembra raquete de tênis). Promove
abaulamento/expansão das corticais ósseas ou até um rompimento.
- Histopatológico: núcleo de forma estrelar ou fusiforme, células com citoplasma rico em
glicosaminoglicanos, fibras colágenas que permeiam o tumor (aprecem cabelinhos).
- Quando apresenta um componente fibrilar em seu interior, chamamos de Fibromixoma.
- Tratamento: remoção/ressecção. A remoção é mais difícil, por ter um aspecto mais gelatinoso.

Cementoblastoma

- As células neoplasicas são os cementoblastos na superfície radicular. É raro.


- 2-3ª década de vida e mais homens
- Região posterior da mandíbula geralmente 1º molar permanente. Pode acontecer abaulamento da
cortical óssea
- Clínica: pode apresentar dor de baixa intensidade.
- Radiografia: lesão radiopaca envolvida por área radiolúcida (massa calcificada de cemento). Está
associado a raiz dos dentes.
- Histologia: lembra um osteoblastoma. A primeira característica de distinção é a fusão do tumor com o
dente envolvido. Tecido mineralizado contendo numerosos cementoblastos
- Tratamento: extração cirúrgica dos dentes juntamente com a massa calcificada anexada

Tumores Odontogênicos Malignos


Doenças Mucocutâneas de Manifestação Oral
Líquen Plano (PROVA)
- É uma doença dermatológica crônica relativamente comum, que afeta frequentemente a mucosa
bucal
- Pacientes que têm líquen plano simplesmente respondem dessa forma a níveis de estresse que
não são capazes de induzir lesões em outras pessoas.
- Medicamentos ou materiais dentários podem induzir lesões que se parecem com líquen plano.
- Acomete mais mulheres
- Localizado na pele
- Pode se manifestar de forma reticular (rede), erosiva, atrófico (atrofia das papilas).
- Líquen Plano Reticular
o É o mais frequente.
o Clínica: pequenas pápulas eritematosas avermelhadas, assintomático, acomete
principalmente região posterior da mucosa jugal bilateralmente, pode acometer dorso da
língua na região dorsal. Nessa região podemos observar atrofia das papilas e superfície
lisa em algumas áreas. Apresenta periodos de piora e melhora.
o Apresenta um padrão de linhas brancas hiperceratóticas entrelaçadas denominadas de
Estrias de Wickham.

- Líquen Plano Erosivo


o Lesões persistentes. Já foi considerado uma doença com potencial de malignidade.
o Clínica: estrias brancas hiperqueratotica com áreas atróficas e eritematosas com
ulceração central. Podem ser isoladas ou conjuntas. É sintomático (desconforto,
queimação e dor). Na gengiva apresentam textura rugosa e superfície irregular (são
chamadas de gengivite descamativa). Não são estáticas, aumentam ou diminuem sua
extensão.

- Histopatologia: epitélio estratificado pavimentoso, acantose, degeneração da camada basal


formando os “dentes de serra” (destruição da camada basal. Os dentes de serra são papilas
em formato pontiagudo), infiltrado inflamatório linfocítico em banda (constituídos apenas de
linfócitos). O diagnóstico do líquen plano só é concluído com análise histopatológica.

Camada basal intacta camada basal degenerada


- Diagnóstico: características clínicas e histopatológicas.
Desordens Mucocutâneas
- Várias condições como penfigóide e pênfigo são causados por uma produção impropria de auto-
anticorpos. Esses anticorpos são direcionados contra vários constituintes do epitélio que
mantém as células epiteliais unidas ou que unem o epitélio ao tecido conjuntivo. Essas doenças
aparecem clinicamente como vesículas e bolhas.
Penfigóide das Membranas Mucosas
- Condição auto-imune caracterizada pela produção de auto-anticorpos conta um componente da
membrana basal. É uma doença sistêmica de manifestação oral.
- Etiologia: desconhecida.
- Mais prevalente em mulheres e afeta adultos de 50-60 anos.
- Clínica: iniciam como vesículas ou bolhas que se rompem deixando áreas ulceradas. São
dolorosas e persistem por semanas ou meses se não tratadas. Afeta a pele, mucosa bucal
(principalmente gengiva), conjuntiva dos olhos, mucosa nasal, esofágica, laringe e genital
(doença sistêmica). No caso de envolvimento ocular o rompimento das bolhas leva a fibrose
conjuntival resultando em simblefaros (adesão entre as conjuntivas bulbar e palpebral). Ocorre
inversão da pálpebra para dentro (entrópico). Completa cicatrização entre a mucosa conjuntival
e as pálpebras pode levar a cegueira. Na gengiva expressa-se como intensa gengivite
assimétricas com lesões bolhosas. Com o rompimento do epitélio, forma úlcera.
- Histopatológia: formação de fenda ou bolha subepitelial. No epitélio há uma separação entre a
membrana basal e o tecido conjuntivo. Apresenta infiltrado inflamatório crônico.

- A imunofluorescência é um exame importante para complementar o diagnóstico de pênfigo,


penfigóide, lúpus, entre outras. Pode ser direta (aplica os anticorpos de fluorescina direto no
tecido) ou indireta (mistura os anticorpos de fluorescina com soro do paciente depois aplica
sobre o tecido). No caso do penfigóide, a imunofluorescência vai atingir a camada basal.
Pênfigo
- Doença crônica muco cutânea, autoimune e vesiculobolhoso. É caracterizada pelo ataque de
anti-corpos às uniões desmossômicas entre as células da camada epitelial.
- Acomete mais homens
- Apresenta várias formas clínicas
o Vulgar (mais comum na cavidade bucal)
o Vegetante
o Foliáceo e eritematoso (não afetam a mucosa bucal)
- Clínica: afeta a pele com grandes bolhas. Na boca as vesículas rompem e ulceram. São lesões
persistentes e dolorosas e é mais frequente nas gengivas. As bolhas têm desenvolvimento
rápido. São as primeiras a aparecer e as últimas a sumir.
- Histopatologia: formação de fenda ou bolha intraepitelial localizada acima da camada basal. A
camada basal do epitélio está intacta, mas irregularmente arranjada. Apresenta também
acantólise (rompimento das uniões celulares) e as células são arredondadas.

Lúpus Eritematoso
- É uma condição imunomediada. É a mais comum das doenças do colágeno e do tecido
conjuntivo.
- Apresenta 3 formas clínicas: Sistêmico, Cutâneo crônico e Cutâneo subagudo
- É uma doença grave com uma variedade de manifestações clínicas cutaneas e bucais. Acomete
mucosa bucal, pele e outros órgãos como rins e coração.
- Existe um aumento na atividade humoral (linfócitos B) do sistema imune com uma anormalidade
dos linfócitos T. Fatores genéticos provavelmente estão associados a essa doença.
- Etiologia: desconhecida. Fatores genéticos podem estar associados a essa doença.
- Diagnóstico: difícil nos estágios iniciais da doença
- Acomete mais mulheres e adultos de 31 anos
- Lúpus eritematoso sistêmico
o Complicações nos rins (insuficiência renal crônica) e no coração (pericardite)
o Clínica: lesões/placas cutâneas avermelhadas em forma de borboleta bilateralmente
sobre a região malar e nasal. Na boca afeta palato, mucosa jugal e gengiva. Gengivite
assimétrica, presença de bolhas, ulcerações, lesões eritematosas, dor. Outras queixas
são xerostomia. Pode parecer como líquen plano erosivo (lesões brancas entrelaçadas e
irregular).
- Lúpus eritematoso cutâneo Crônico
o É a variante mais comum. Apresenta lesões limitadas a pele e mucosas. Poucos ou
nenhuns sinais sistêmicos.
o As lesões em pele são conhecidas como discoides (áreas arredondadas) (IMG 1)
o O processo de cicatrização resulta em atrofia cutânea e formação de cicatrizes com
hiperpigmentação
o As manifestações bucais têm aspecto idêntico ao líquen plano erosivo, porém ocorrem
concomitantemente as lesões cutâneas. Aas lesões são atróficas e ulcerativas que
descamam.
- Lúpus Eritematoso cutâneo Subagudo
o Apresenta características clínicas intermediárias entre lúpus sistêmico e cutâneo crônico.
o Lesões presentes em áreas expostas ao sol, porém não exibem endurecimento e as
cicatrizes das lesões cutâneas do cutâneo crônico.
- Histopatologia: degeneração das células da camada basal e infiltrado inflamatório subepitelial,
mas não em banda, ao redor dos vasos sanguíneos. Apresenta mucosite de interface (infiltrado
inflamatório que adentra o epitélio - exocitose). Tecido conjuntivo denso com infiltrado
inflamatório crônico. Espessamento da parede dos vasos sanguíneos.
Patologia Periodontal
Hiperplasias Gengivais: lesões proliferativas não neoplásicas que tem como característica um
aumento anormal dos tecidos gengivais. Pode ser uma resposta exacerbada a uma variedade de
condições locais e sistêmicas.
- Pode ser localizado ou generalizado
- Pode ser
o Hereditária
o Medicamentosa
o Inflamatória: associada a presença do biofilme que desencadeia uma gengivite ou
periodontite.
- Fibromatose/Hiperplasia Gengival Hereditária
o É uma proliferação dos fibroblastos gengivais não sendo neoplásica nem inflamatória.
o Transmitida através de um gene autossômico dominante (pode ser recessivo). Sua
ocorrência como doença isolada é mais frequente do que quando é parte de uma
síndrome.
o Clínica: aumento gengival de coloração rósea, consistência firma, difuso, afetando a
maxila e mandíbula, bilateral, podendo recobrir metade ou totalmente a coroa dentária.
o Histopatologia: hiperplasia, acantose, tecido conjuntivo denso e fibroso com escasso
infiltrado inflamatório, aumento de feixes de fibras colágenas e fibroblastos.

Hiperplasia Gengival Medicamentosa

São causadas pelo efeito colateral de uma medicação específica. As principais medicações são:

• Fenitoína
• Ciclosporina
• Bloqueadores dos canais de cálcio (BLCC)

Essas hiperplasias acontecem porque os metabólitos desses medicamentos atuam sobre os fibroblastos,
induzindo-os a produzir muitas fibras colágenas. Geralmente, o aumento de volume ocorre na papila interdental.

Fenitoína

• Utilização:
o Controle da epilepsia;
o Controle de convulsões em pacientes vítimas de trauma;
o Tratamento da dor neuropática (não é tratável com analgésico)
• Características clínicas:
o Aumento gengival lobulado, difuso, de coloração rósea normal, consistência firme afetando
maxila e mandíbula. Início na região da papila interdental
o Na presença de placa, a inflamação, apresenta-se flácido próximo à margem gengival.

Ciclosporina (CSA)

• Utilização:
o Prevenção de rejeição em pacientes transplantados;
o Doenças autoimunes mediadas por células (diabetes melittus, artrite reumatóide).

Bloqueadores dos canais de cálcio (BLCC)

• Utilização:
o Pacientes com hipertensão arterial.
• A hiperplasia causada por esses fármacos é mais leve.

Histopatologia das hiperplasias gengivais medicamentosas


• Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado com hiperplasia, acantose e áreas de ulceração e erosão
(na erosão, há a perda de fragmentos do epitélio; quando o epitélio e completamente perdido em um
ponto e o conjuntivo é exposto, é ulceração).
• Tecido conjuntivo: intenso infiltrado de células inflamatórias próximo ao epitélio e entre as projeções
epiteliais
• Número variável de vasos sanguíneos
• Aumento de fibras colágenas e fibroblastos na porção mais profunda do tecido conjuntivo.

Hiperplasia gengival inflamatória

• Etiologia: irritação crônica em decorrência do biofilme.


• Outros fatores associados:
o Cálculo
o Má-oclusão
o Aparelhos ortodônticos fixos
o Próteses parciais removíveis
o Restauração mal adaptada
o Respiração bucal
• Gengiva sangra ao menor toque e tem aspecto liso, brilhante e de coloração vermelho-intenso.

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