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Significa Novo (neo) crescimento (plasia). É uma massa anormal de tecido, cujo crescimento ultrapassa e não é
coordenado com o dos tecidos normais e persiste mesmo depois da interrupção dos estímulos que deram origem
à mudança.
Como acontece:
Célula normal -> Agentes cancerígenos ou mutações hereditárias causam danos ao DNA que afetam o reparo,
crescimento ou apoptose celular -> falha no reparo -> mutações no genoma das células somáticas -> ativação de
oncogenes promotores do crescimento (fazem com que a célula entre no ciclo celular) e/ou inativação de genes
supressores ou alterações nos genes que regulam a apoptose -> proliferação celular desregulada (oncogenes e
supressores) ou apoptose diminuída -> divisão celular/expansão clonal (clones).
Tumor é gerado pela divisão clonal excessiva e é heterogêneo (apresenta várias células alteradas de forma
diferente, como células que causam metástases, capacidade de invasão, não antigênicas - camuflam-se para não
serem destruídas -, etc).
Benigna Maligna
Crescimento Lento/expansivo Rápido/Infiltrativo
Encapsulação Frequente Ausente
Necrose Ausente Presente
Morfologia Semelhante de origem Diferente
Mitoses Raras e normais Frequentes e atípicas
Antigenicidade Ausente Presente
Metástases Não ocorre Presente
Características clínicas:
- Mais comum em homens, mas há estudos que mostram quase uma igualdade. Isto se dá pelas mudanças
sociais e exposição a agentes carcinogênicos.
- Mais comum na 6ª e 7ª década de vida (51- ao 60, 61-70 anos). Apesar disto, tem se observado um aumento
no número de casos em pacientes com menos de 40 anos (é diferente para cada grupo).
- Sintomatologia: estágios iniciais ausência de dor (dor quando o tumor alcança um tamanho considerável),
dor de ouvido, sangramento, mobilidade dental, dificuldade de respirar, falar e engolir (disfagia), trismo,
parestesia (formigamento, perda de sensação). Em estágios iniciais não há sintomas.
- Localização: qualquer localização, mas mais frequente em borda de língua, assoalho bucal, lábios (menor
risco de metástase por causa da irrigação sanguínea).
- Carcinoma de lábios: mais frequente em lábios inferiores devido a fatores como raios UV). Difícil
metástase (por conta da alta irrigação. Metástases são mais comuns por via linfática). 25 a 30% dos
cânceres bucais.
- Carcinoma de língua: tumor maligno intrabucal mais comum. Mais comum na borda posterior da língua.
90% dos canceres bucais juntamente com o carcinoma de assoalho de boca.
- Carcinoma de assoalho de boca: segunda mais comum. Acomete mais homens idosos tabagistas e
etilistas. Úlcera endurecida, indolor e não cicatriza.
- Carcinoma de Mucosa jugal e gengiva: 10%.
- Carcinoma da Palato: mais prevalente nos indianos por causa do fumo invertido.
- Metástases: maioria regional (linfonodos cervicais), também podendo atingir pulmões e ossos (nos casos
de carcinoma de língua e assoalho). Nódulo linfático saudável (0,5 cm) não é palpável e é flácido.
- Diagnóstico: através do exame clínico convencional (inspeção, palpação), biópsia e exame
histopatológico.
- Diagnóstico diferencial: úlcera crônica (proveniente de infecções fúngicas, tuberculose, sífilis e trauma
crônico).
- Características histopatológicas: igual das desordens potencialmente malignas (pleomorfismo, pérolas de
queratina, disqueratose, hipercromatismo, mitose excessivas e atípicas, crista em forma de gota, perda
de estratificação, ilhotas tumorais, etc) com diferença que ocorrerá a invasão do epitélio para o tecido
adjacente. Não há preservação da camada basal.
- Estadiamento clínico (estágio do câncer): avaliado de acordo com a sigla TNM, que se refere a
características de tamanho, linfonodo e metástase. Cada um tem uma classificação e no final soma-se
todas essas classificações para fechar um estadiamento clínico.
- Prevenção:
o Primária: campanhas de prevenção
o Secundária: avaliação periódica, exame clínico intraoral sistemático, diagnóstico precoce e
tratamento das desordens potencialmente malignas.
- Tratamento: avaliação multidisciplinar e equipe de suporte (cirurgião-dentista, nutricionista, fono e
psicólogo).
- Classificação dos Carcinomas:
o Bem diferenciado: as células tumorais ainda se parecem com as que produzem queratina
o Pouco diferenciado: há mais pleomofismo
o Indiferenciado: há muito pleomorfismo.
Carcinoma Verrucoso
Carcinoma Basocelular
- É uma neoplasia maligna derivada de melanócitos, os quais tem origem na crista neural, com capacidade
de produzir pigmentos de melanina.
- 90% dos casos se originam na pele
- Acomete homens e mulheres entre a 5ª e 6ª decada de vida (41-50 e 51-60)
- Melanoma oral é mais raro, mas quando ocorre é mais frequente no palato duro e rebordo alveolar
superior.
- Aspectos clínicos: extensa lesão irregular, placa ou mancha e/ou crescimentos nodulares, coloração
enegrecida, podendo exibir diferentes tonalidades de cor em uma mesma lesão (coloração enegrecida e
ora avermelhada). Pode ser confundida com tatuagem por amálgama.
- Aspectos histopatológicos: bastante heterogênea, grande produção de pigmentos de melanina intra e
extracelular com graus variados de pleomorfismo e bastante mitose atípica (IMG 1). Células epitelioides,
plasmocitoides, claras e fusiformes. Crescimento sólido em fascículos de disposição aleatória que se
intercruzam, como crescimentos organoides (ilhas), alveolares e pagetoides (IMG 3). Pode haver necrose
tecidual e invasões perineurais e perivasculares.
o Neoplasia indiferenciada: as células exibem um formato arredondado de tamanho pequeno com
núcleo hipercromáticoe escasso citoplasma eosinofílico.
o Melanoma amelanótico: não há produção de melanina visível (dificuldade de diagnóstico). O
diagnostico diferencial se dá reações imuno-histoquímicas positivas para S1000, HMB45 e Melan-
A.
- Tratamento: é de difícil manejo terapêutico. Cirurgia radical, quimioterapia e radioterapia. O prognóstico
é bastante desfavorável.
Metástases orais
- Aspectos clínicos
o 5ª a 8ª decada de vida
o Ossos gnaticos (maxila e mandíbula - 42 anos) e tecidos moles orais (52 anos)
o Sexo 1:1 para ossos gnaticos e 2:1 Em tecidos moles para homens
o Homens: pulmão, rins, fígado e próstata
o Mulheres: mama, órgãos genitais, rins, colo/reto
o Ossos gnaticos (posterior da mandíbula) > tecidos moles (gengiva)
o Ossos gnáticos:
▪ Tumefação ossea
▪ Dor e parestesia
▪ Destruição óssea
▪ Imagens radiolúcidas irregulares e mal definidas
▪ Ocasionalmente podem apresentar áreas radiopacas em seu interior (metástase de
próstata)
o Gengiva:
▪ Processo reacional ou hiperplásico
▪ Crescimento tecidual avermelhado
▪ Ocasionalmente ulcerado e sangramento ao toque
▪ Dor e parestesia
- Aspectos histopatológicos: os depósitos metastáticos em geral retêm as características histológicas de
seus sítios de origem, o que permite fácil reconhecimento do tumor primário. Entretanto, alguns casos
exibem um maior grau de pleomorfismo e atipia celular, o que exige uma investigação minuciosa para o
adequado reconhecimento do sítio primário para obtenção do diagnóstico apropriado.
- Os cistos inflamatórios dos maxilares compreendem um grupo de lesões que surgem como resultado da
proliferação epitelial envolvidas por uma área inflamada por diversas causas
o Cistos radiculares apical e lateral
▪ São os mais comuns e surgem dos restos epiteliais encontrados no ligamento periodontal
como resultado de uma inflamação periapical após a morte e necrose pulpar.
▪ São encontrados com maior frequência nos ápices dos dentes envolvidos, mas também
podem ser encontrados nas laterais das raizes.
▪ Etiopatogenia: cárie, trauma.
o Cistos residuais
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Ameloblastoma Convencional
Se origina dentro da mandíbula ou maxila, a partir do epitélio que está envolvido na formação do dente.
Pode ser composto por:
- Células do órgão do esmalte (ameloblastos)
- Restos odontogênicos (restos epiteliais de Malassez, Restos de Serres)
- Epitélio reduzido do órgão do esmalte
- Revestimento epitelial dos cistos odontogênicos, especialmente o dentígeno
Características
- 2º tumor odontogênico mais frequente
- Acomete 3-6ª década de vida (21-60 anos)
- Clínica: aumento de volume indolor (quando cresce demais pode gerar dor), evolução lenta,
localmente invasivo/destrutivo (por ter um crescimento infiltrativo. O tumor cresce e se aloja nos
espaços medulares do osso), tamanho variável. Pode levar a má oclusão, reabsorção dos dentes
adjacentes, rompimento das corticais ósseas, pode infiltrar os tecidos moles e ocasionar
deformidade facial.
- Pode ter recidiva local
- Mais frequente no corpo da mandíbula
- Radiograficamente: padrão multicístico (lembra bolhas de sabão), mas pode adquirir um padrão
mais unicístico. As áreas radiolúcidas ao redor do cisto (linhas brancas) são remanescentes das
trabéculas ósseas do osso, pois o tumor não conseguiu reabsorver. Essas linhas brancas não
podem ser esmalte, porque para formar esmalte é preciso do estímulo dos odontoblastos (origem
ectomesenquimal).
- Histologia: ilhotas ameloblastomatosas (células que lembram ameloblastos) circundadas por
tecido conjuntivo, em sua periferia os ameloblastos apresentam uma característica colunar com
núcleo alongado. Polarização nuclear invertida dos ameloblastos, o interior das ilhotas apresenta
um padrão de retículo estrelado e início/aparência de queratinização.
- Padrões (os 3 primeiros são os mais frequentes):
o Padrão folicular: interior das ilhotas lembram reticulo estrelado (IMG 1)
o Plexiforme: as ilhotas começam a se entrelaçam (IMG 2)
o Acantomatoso: ilhotas apresentam produção de queratina (IMG 3)
o Células granulares (IMG 4)
o Células basais (IMG 5)
o Desmoplásico: tec. conjuntivo que circunda as ilhotas é extremamente denso (IMG 6).
- Tratamento: enucleação e curetagem, ressecção em bloco (remoção da lesão com margem de
segurança, ou seja, um pouco a mais além da lesão por causa da chance de recidiva).
Ameloblastoma Unicístico
- Uma vairante do ameloblastoma intraosseo
- 2ª-3ª década de vida
- 90% acomete na região posterior da mandíbula
- Clínica: aumento de volume de evolução lenta, normalmente associado a um dente não
irrompido, assintomático.
- Pode ser tratado de forma conservadora
- Taxa de recidiva curta
- Radiografia: Lesão radiolucida uniocular (semelhante a um cisto dentígeno)
- Histologia:
o Luminal: crescimento celular apenas na região do revestimento luminal da ilhota (IMG 1)
o Intraluminal: crescimento para dentro do lúmen das ilhotas (IMG 2)
o Mural: crescimento na cápsula conjuntiva (manobra cirurgica já deixa de ser conservadora, pois
pode significar que há invasão em outras áreas também) (IMG 3)
Ameloblastoma Periférico
- 2ª década de vida
- Afeta mais mulheres
- Maxila região anterior
- Apresenta estrutura semelhante a ductos
- Clínica: associado a coroa de um dente impactado (geralmente canino). Assintomático e de crescimento
lento.
- Radiografia: padrão radiolúcido e radiolúcido-radiopaco
- Histopatologia: apresenta cápsula e proliferação significativa de células com aspecto de ductos. Se
projetam para o interior da lesão formando ninhos e entre esses ninhos, vemos ductos. Esses ninhos
costumam se apresentar em forma de redemoinho, chamado rosetas.
o Variantes:
▪ Folicular (mais comum): canino incluso envolto por área radiolúcida (IMG 1)
▪ Extrafolicular: muitas vezes lembram um cisto periodontal lateral, radicular lateral,
queratocisto, ameloblastoma. Área radiolúcida entre dois dentes (IMG 2).
▪ Periférica
- Tratamento: enucleação cirúrgica e conservadora. Recidivas não são esperadas.
Fibroma ameloblastico
Odontoma
- Odontoma Complexo
o Histopatologia: massa conglomerada amorfa de esmalte e dentina. Mais comum na região
posterior
- Mixoma Odontogênico/Mixofixofibroma
- Cementoblastoma
- Fibroma osontogênico
- Fibroma cemento-ossificante
Mixoma Odontogênico
Cementoblastoma
Lúpus Eritematoso
- É uma condição imunomediada. É a mais comum das doenças do colágeno e do tecido
conjuntivo.
- Apresenta 3 formas clínicas: Sistêmico, Cutâneo crônico e Cutâneo subagudo
- É uma doença grave com uma variedade de manifestações clínicas cutaneas e bucais. Acomete
mucosa bucal, pele e outros órgãos como rins e coração.
- Existe um aumento na atividade humoral (linfócitos B) do sistema imune com uma anormalidade
dos linfócitos T. Fatores genéticos provavelmente estão associados a essa doença.
- Etiologia: desconhecida. Fatores genéticos podem estar associados a essa doença.
- Diagnóstico: difícil nos estágios iniciais da doença
- Acomete mais mulheres e adultos de 31 anos
- Lúpus eritematoso sistêmico
o Complicações nos rins (insuficiência renal crônica) e no coração (pericardite)
o Clínica: lesões/placas cutâneas avermelhadas em forma de borboleta bilateralmente
sobre a região malar e nasal. Na boca afeta palato, mucosa jugal e gengiva. Gengivite
assimétrica, presença de bolhas, ulcerações, lesões eritematosas, dor. Outras queixas
são xerostomia. Pode parecer como líquen plano erosivo (lesões brancas entrelaçadas e
irregular).
- Lúpus eritematoso cutâneo Crônico
o É a variante mais comum. Apresenta lesões limitadas a pele e mucosas. Poucos ou
nenhuns sinais sistêmicos.
o As lesões em pele são conhecidas como discoides (áreas arredondadas) (IMG 1)
o O processo de cicatrização resulta em atrofia cutânea e formação de cicatrizes com
hiperpigmentação
o As manifestações bucais têm aspecto idêntico ao líquen plano erosivo, porém ocorrem
concomitantemente as lesões cutâneas. Aas lesões são atróficas e ulcerativas que
descamam.
- Lúpus Eritematoso cutâneo Subagudo
o Apresenta características clínicas intermediárias entre lúpus sistêmico e cutâneo crônico.
o Lesões presentes em áreas expostas ao sol, porém não exibem endurecimento e as
cicatrizes das lesões cutâneas do cutâneo crônico.
- Histopatologia: degeneração das células da camada basal e infiltrado inflamatório subepitelial,
mas não em banda, ao redor dos vasos sanguíneos. Apresenta mucosite de interface (infiltrado
inflamatório que adentra o epitélio - exocitose). Tecido conjuntivo denso com infiltrado
inflamatório crônico. Espessamento da parede dos vasos sanguíneos.
Patologia Periodontal
Hiperplasias Gengivais: lesões proliferativas não neoplásicas que tem como característica um
aumento anormal dos tecidos gengivais. Pode ser uma resposta exacerbada a uma variedade de
condições locais e sistêmicas.
- Pode ser localizado ou generalizado
- Pode ser
o Hereditária
o Medicamentosa
o Inflamatória: associada a presença do biofilme que desencadeia uma gengivite ou
periodontite.
- Fibromatose/Hiperplasia Gengival Hereditária
o É uma proliferação dos fibroblastos gengivais não sendo neoplásica nem inflamatória.
o Transmitida através de um gene autossômico dominante (pode ser recessivo). Sua
ocorrência como doença isolada é mais frequente do que quando é parte de uma
síndrome.
o Clínica: aumento gengival de coloração rósea, consistência firma, difuso, afetando a
maxila e mandíbula, bilateral, podendo recobrir metade ou totalmente a coroa dentária.
o Histopatologia: hiperplasia, acantose, tecido conjuntivo denso e fibroso com escasso
infiltrado inflamatório, aumento de feixes de fibras colágenas e fibroblastos.
São causadas pelo efeito colateral de uma medicação específica. As principais medicações são:
• Fenitoína
• Ciclosporina
• Bloqueadores dos canais de cálcio (BLCC)
Essas hiperplasias acontecem porque os metabólitos desses medicamentos atuam sobre os fibroblastos,
induzindo-os a produzir muitas fibras colágenas. Geralmente, o aumento de volume ocorre na papila interdental.
Fenitoína
• Utilização:
o Controle da epilepsia;
o Controle de convulsões em pacientes vítimas de trauma;
o Tratamento da dor neuropática (não é tratável com analgésico)
• Características clínicas:
o Aumento gengival lobulado, difuso, de coloração rósea normal, consistência firme afetando
maxila e mandíbula. Início na região da papila interdental
o Na presença de placa, a inflamação, apresenta-se flácido próximo à margem gengival.
Ciclosporina (CSA)
• Utilização:
o Prevenção de rejeição em pacientes transplantados;
o Doenças autoimunes mediadas por células (diabetes melittus, artrite reumatóide).
• Utilização:
o Pacientes com hipertensão arterial.
• A hiperplasia causada por esses fármacos é mais leve.