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Patologia 12/02 Turma VII Maria Eduarda Pontes Nozaki

Lesões Malignas da Mama


Caso Clínico
Paciente feminina, 58 anos, previamente saudável, observou no autoexame das mamas um nódulo em quadrante superior lateral
da mama direita. Procurou um médico mastologista de sua confiança. Ao exame físico o médico palpou o nódulo e observou um
aumento dos linfonodos axilares a direita. Solicitou mamografia e US das mamas e axilas. Com os resultados dos exames de
imagem, o medico solicitou biopsia por agulha grossa do nódulo da mama. Foi realizado tomográfica que identificou nódulos
hepáticos. Foi realizado mastectomia com dissecação de linfonodos axilares com diagnostico
de carcinoma ductal invasor de mama direita. Ao exame macroscópico percebeu-se um aumento de vários linfonodos.
Diagnóstico: carcinoma ductal invasor medindo 6,0cm no maior diâmetro. Presença de 5 linfonodos axilares comprometidos pela
neoplasia. Receptores de estrógeno e progesterona positivo (HER2 negativo) e Ki67 positivo em 40% das células.

Características: nódulo
delimitado, com bordas Características: lesão de
irregulares e coloração esbranquiçada, com
características de bordas irregulares e mal
crescimento invasivo delimitadas. Crescimento invasivo

*Obs: 1) Linfonodos em Processo Inflamatório: macio


2) Linfonodos de Neoplasia: endurecido, mal delimitado, sem dor e sem hiperemia, assimétrico, não móvel
3) Tratamento para carcinomas são indicados quando o tamanho é > 2cm e com metástase

❖ Carcinoma de Mama
- carcinoma da mama é a malignidade não da pele mais comum em mulheres
- fatores de risco: idade, idade do primeiro parto vivo, parentes em primeiro grau com câncer de mama, hiperplasia atípica,
raça/etnia, exposição estrogênica, densidade mamária, exposição à radiação, carcinoma da mama contralateral ou de endométrio,
carcinomas mamários e endometriais, influência geográfica, dieta (altos índices de estrógenos, baixos níveis de ácido fólico),
obesidade, amamentação, toxinas ambientais, tabaco, exercícios
- tipo mais comum: adenocarcinomas ductal tipo não especial
- maior incidência entre mulheres > 50anos
- relacionado a mutações nos genes autossômicos dominantes BRAC1 e BRAC2
- Expressão Genica: carcinoma com receptores estrógenos-positivo (ainda tem a função da células normais, tendo um melhor
prognostico – células + diferenciadas), carcinoma com receptores estrógeno-negativo (célula + indiferenciada), carcinoma HER2-
positivo (pior prognostico) e carcinoma do tipo basal
Patologia 12/02 Turma VII Maria Eduarda Pontes Nozaki

 Etiologia e Patogenia
• Câncer de Mama Hereditário
- herança de genes susceptíveis é a causa primária de aproximadamente 12% dos cânceres de mama
- probabilidade de uma etiologia hereditária aumenta com múltiplas parentas de primeiro grau afetadas
- risco aumentado é o resultado de uma única mutação em um gene de câncer mamário altamente penetrante
- maioria dos genes suscetíveis para câncer de mama são tumores supressores que têm um papel normal na reparação do DNA,
controle cíclico das células e regulação da apoptose em muitos tecidos
- mutações em BRCA1 e BRCA2 são responsáveis pela maioria dos cânceres atribuídos a mutações únicas
- cânceres mamários BRCA1 associados são comumente pouco diferenciados, têm “alterações medulares” (padrão de crescimento
sincicial com margens impelidas e resposta linfocítica), e não expressam receptores hormonais ou superexpressam HER2/neu
(fenótipo “triplo negativo”).
- cânceres BRCA1 estão também frequentemente associados à perda do cromossoma X inativo e à reduplicação do X ativo,
resultando na ausência do corpúsculo de Barr
- carcinomas mamários BRCA2 associados também tendem a ser relativamente pouco diferenciados, mas são mais
frequentemente RE positivos que os cânceres BRCA1.

*Obs: 1) Não é obrigatório haver mutações nos genes BRCA 1 e 2


2) Não se realiza a pesquisa por mutações no BRCA 1 e 2 em todos os pacientes → apenas o particular
3) Tratamento para carcinomas são indicados quando o tamanho é > 2cm e com metástase

• Câncer de Mama Esporádico


- maiores fatores de risco estão relacionados à exposição hormonal: sexo, idade da menarca e menopausa, história reprodutiva,
amamentação e estrogênios exógenos
- ocorre em mulheres pós-menopausadas e são RE-positivos
- fisiopatologia: exposição hormonal aumenta o número de células alvo em potencial, pela estimulação do crescimento mamário
durante a puberdade, ciclos menstruais e gravidez. A exposição também guia ciclos de proliferação que colocam células em risco
para dano do DNA. Uma vez que células pré-malignas ou malignas estejam presentes, os hormônios podem estimular seu
crescimento, assim como o crescimento de células epiteliais e estromais normais que podem ajudar e favorecer o
desenvolvimento do tumor. O estrogênio também pode desempenhar um papel mais direto na carcinogênese: metabólitos do
estrogênio podem causar mutações ou gerar radicais livres causadores de dano no DNA em células e em sistemas de modelos
animais. Também foi proposto que variantes dos genes envolvidos na síntese e metabolismo estrogênicos podem aumentar o
risco de câncer de mama. Essas variantes podem ser análogas aos alelos citocromo P-450 que alteram o metabolismo do
tamoxifeno em algumas mulheres.
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 Classificação do Carcinoma Mamário


• Carcinoma in Situ
- dividido em 5 subtipos arquiteturais:
comedocarcinoma, sólido, cribriforme,
papilífero e micropapilífero
- caracterizado pela presença de massas
sólidas de células pleomórficas com núcleo
hipercromático de “alto grau” e áreas de
necrose central → comumente calcificam e
são detectadas na mamografia como
microcalcificações agrupadas ou lineares e
ramificadas
- consiste em uma população monomórfica de
células com graus nucleares variando de baixo
a alto
- apresenta diminuição ou ausência de células
mioepiteliais
- limitado aos ductos e lóbulos pela membrana basal
- apresenta-se como calcificações na mamografia
- não produz metástases
- diagnóstico diferencial: hiperplasia ductal atípica

*Obs: 1) Carcinoma Inflamatório: é um carcinoma ductal que apresenta-se com células inflamatórias. Ele não tem arquitetura
(lembra uma mastite) e é um tumor de diagnóstico mais difícil
2) Comedocarcinoma: tumor de alto grau com necrose central
3) Carcinoma Ductal: perda da estrutura das células
4) Metástases em linfonodos axilares: linfonodo sentinela (1° que pode ser comprometido) ajuda a resolver a conduta

• Carcinoma Invasivo
- assintomático
- manifestações clinicas dependem do comprometimento
- carcinoma inflamatório
- Padrões Histológicas: carcinoma ductal, carcinoma lobular, carcinoma medular, carcinoma mucinoso, carcinoma tubular,
carcinoma papilar invasivo e carcinoma metaplásico
- Exame Macroscópico: muitos tumores são de firmes a endurecidos e têm bordo irregular. Apresentam um pequeno foco central
em ponta de alfinete, ou raias de estroma elástico branco-calcário e pequenos focos de calcificação ocasionais.
- Carcinomas Bem Diferenciados: formação tubular proeminente, núcleos pequenos arredondados e raras figuras mitóticas
- Carcinomas Moderadamente Diferenciados: podem ter formações tubulares, mas agrupamentos sólidos ou células infiltrantes
únicas também estão presentes. Estes tumores tem um alto grau de pleomorfismo nuclear e contém figuras mitóticas.
- Carcinomas Pouco Diferenciados: frequentemente invadem como nichos desorganizados ou lâminas sólidas de células com
núcleo aumentado e irregular. São comuns uma taxa proliferativa alta e áreas de necrose tumoral
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 Estadiamento
• Estádio 0: tumor in situ (não invasivo)
• Estádio I: tumor de até 2cm, sem comprometimento de linfonodos
• Estádio II A: tumor ate 2cm e ate 3 linfonodos axilares ou tumor de ate 5cm sem comprometimento de linfonodos
• Estádio II B: tumor de ate 5cm com comprometimento de ate 3 linfonodos ou tumor > 5cm sem comprometimento de
linfonodos
• Estádio III A: tumor > 5cm com comprometimento de ate 9 linfonodos
• Estádio III B: tumor invade parede do tórax ou pele com e ate 9 linfonodos comprometidos
• Estádio III C: 10 ou mais linfonodos comprometidos (qualquer tamanho de tumor)
• Estádio IV: doença metastática presente (qualquer tamanho de tumor e/ou linfonodos comprometidos)

 Sinais e sintomas

 Fatores Prognósticos
- lesão in situ ou invasiva
- metástase distante: pulmão ossos e fígado
- metástase em linfonodos axilares
- tamanho do tumor
- doença localmente avançada
- carcinoma inflamatório
- subtipo histológico
- grau do tumor
- receptores de estrógeno e progesterona
Fatores de prognóstico menores
- HER2/Neu
- frequência proliferativa (Ki-67)
- conteúdo do DNA

LAMINA
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❖ Tumores Estromais
 Tumor Filarioides
- mais comum na 6ª década de vida
- tamanho variável
- divididos em: baixo grau (parecem fibroadenomas, mas são mais celulares e contêm figuras mitóticas) e alto grau (podem ser
difíceis de serem distinguidas de outros sarcomas de tecidos moles e podem ter foco na diferenciação mesenquimal)
- maior risco de recorrência
- tumores filoides devem ser excisados com amplas margens, ou por mastectomia, para evitar recorrência local
- possuem crescimento rápido
- raramente causam metástase

 Sarcomas
- tipos: angiossarcoma, rabdomiossarcoma, lipossarcoma (+ comum), leiomiossarcoma,vcondrossarcoma e osteossarcoma
- usualmente se apresentam como massas volumosas palpáveis
- são raros

 Outros
• Linfomas: podem se originar primariamente na mama, ou a mama pode ser secundariamente envolvida por linfomas
sistêmicos. Muitos são do tipo difuso de grandes células B.
• Metástases: metástases para a mama são raras e mais comumente se originam de um carcinoma da mama contralateral. As
metástases não mamárias mais frequentes são melanomas e cânceres de pulmão.

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