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Patologia Oral II- Iúska- P6

Tumores Odontogênicos benignos epiteliais

 Grupo complexo de lesões de diversos tipos histopatológicos e comportamentos


clínicos;
 Variam de hamartomas até neoplasias verdadeiras, podendo, raramente, exibir
comportamento maligno;
 Resultantes da proliferação anormal de células e tecidos envolvidos na odontogênese;
 Variam de raros a extremamente raros;

1. Ameloblastoma

 Tumor odontogênico clinicamente significativo mais comum;


 Frequência relativa (AM)= freqüência relativa (Tos – odontomas);
 Proliferação de células epiteliais odontogênicas sem a participação do
ectomesênquima;
 Origem dos ameloblastomas: Diversas são as hipóteses quanto à origem dos
ameloblastomas. A mais aceita é aquela que aponta a lâmina dentária como provável
tecido de origem dos ameloblastomas. As outras possibilidades são representadas por
estruturas epiteliais originárias do epitélio de revestimento bucal do órgão de esmalte,
restos de Malassez e lesões císticas.
 Apresenta características clinicopatológicas de um tumor benigno, que se inicia como
uma lesão central com padrão de crescimento lento, porém persistente e localmente
invasivo.
 Padrões clínicorradiográficos dos ameloblastomas:
Benignos: Convencional/multicístico/sólido; Unicístico; Extraósseo/periférico;
Metastatizante.

1.1-Ameloblastoma convencional:

 Usualmente os ameloblastomas são diagnosticados na 4ª e 5ª décadas;


 Em 80% dos casos, o tumor está na mandíbula, sendo 70% localizado na região molar e
no ramo ascendente;
 Freqüentemente assintomático;
 Lesões menores: Detectadas em exame radiográfico;
 Tumefação indolor ou expansão dos ossos gnáticos;
 Se não tratada: proporções grotescas;
 Dor e parestesia incomum;

Características radiográficas:

 Área radiolúcida multilocular (não significa que sejam várias lesões, apenas o
aspecto multilocular devido à presença de septos fibrosos);
 Aspecto em “bolhas de sabão” ou “favo de mel”;
 Dente incluso associado;
 Semelhante a lesões císticas;
 Reabsorção radicular e deslocamento dentário;
 No subtipo histopatológico desmoplásico: Marcante predileção pelas regiões
anteriores dos maxilares; Semelhante a lesões fibro-ósseas;

Características histopatológicas:

 Diferentes padrões morfológicos:


 Folicular;
 Plexiforme;
 Acantomatoso;
 De células granulares;
 De células basais;
 Desmoplásico.
 Notável tendência para desenvolver alterações císticas;
 Pouca relação com o comportamento biológico do tumor;
 Mistura de padrões;

 Padrão folicular:

Ilhas ou ninhos de epitélio odontogênico (porção central e porção periférica) em meio a um


estroma maduro de tecido conjuntivo fibroso.

Porção central: Células de morfologia estrelada ou poliédrica, organizadas frouxamente


(semelhante à organização do retículo estrelado do órgão do esmalte); pode apresentar
degenerações císticas.

Porção periférica: Única camada de células colunares altas, hipercromáticas, organizadas em


paliçadas, com polaridade reversa (núcleos próximos a porção central);

 Padrão plexiforme:

Basicamente é bem semelhante ao padrão folicular, o que diferencia é a anastomose das ilhas
epiteliais formando longos cordões celulares.

 Padrão acantomatoso:

Porção central de um ninho folicular sofreu metaplasia escamosa, ou seja, suas células centrais
se transformaram em ceratinócitos.

 Padrão de células granulares:

Células da porção central com citoplasma amplo, eosinofílico e bem granular;

 Padrão de células basais:

Não há disparidade entre porção central e porção periférica; Semelhança histopatológica com
o carcinoma basocelular da pele;
 Padrão desmoplásico:

Intensa deposição de fibras colágenas (desmoplasia) no estroma; célula de camadas epiteliais


formando cordões finos e em pouca quantidade.

Tratamento e prognóstico:

 Simples enucleação + curetagem (recidiva de 50 a 90%)


 Ressecção em bloco (recidivas de 15%) – Margem de 1 a 1,5cm;
 Sozinhos não ameaçam a vida, porém o envolvimento de estruturas vitais
pode matar o paciente;
 Raramente exibem comportamento maligno;

1.2-Ameloblastoma unicístico:

 Pacientes mais jovens: 50% são diagnosticados na segunda década de vida;


 Mais de 90% acomete a mandíbula: predominantemente em regiões posteriores;
 Aumento de volume indolor;

Características radiográficas:

 Aparece tipicamente como uma imagem radiolúcida que envolve a coroa de um 3º


MI não erupcionado;
 Semelhante a um cisto dentígero;

Características histopatológicas:

 Diferentes padrões morfológicos: Luminal, intraluminal e mural* (não é mais


considerado um padrão);
 Padrão luminal: As células lesionais estão presentes na superfície do lúmen cístico.
Podemos observar uma camada basal de células cúbicas ou levemente cilíndricas
com núcleos hipercromáticos e acima células frouxamente arranjadas (típico
epitélio ameloblástico);
 Padrão intraluminal: Podemos observar a invasão das células ameloblásticas
(padrão plexiforme) para o interior do lúmen cístico.

Tratamento e prognóstico:

 Variante luminal e intraluminal: enucleção + acompanhamento por longo


período;
 Variante mural: tratamento radical;
 Recidiva de 10 a 20%.

1.3-Ameloblastoma Periférico

 Lesão incomum (1 a 10% de todos os AM);


 Provavelmente surge dos restos da lâmina dentária sob a mucosa oral, ou das células
basais do epitélio de superfície;
 Histopatologicamente apresentam as mesmas características que a variante
intraóssea.
Características clínicas:

 Lesão indolor;
 Não ulcerada;
 Mucosa gengival ou alveolar;
 Maioria mede menos de 1,5cm;
 Ampla gama de idade (média de 52 anos);
 Mais comuns em mandíbula posterior;
 Aparência clínica de um fibroma ou granuloma piogênico;
 Em alguns casos, o osso alveolar superficial se torna levemente erodido, mas não
ocorre envolvimento ósseo significativo.

Características histopatológicas:

 Ilhas de epitélio ameloblástico na região subepitelial;


 Conexão do tumor com a camada basal do epitélio;
 Qualquer uma das características descritas para o ameloblastoma intraósseo (folicular
e plexiforme são mais comuns);

Tratamento e prognóstico:

 Comportamento clínico inócuo;


 Excisão cirúrgica local;
 Recidiva de 15 a 20%;
 Nova excisão geralmente leva à cura.

1.4-Ameloblastoma metastatizante

É um ameloblastoma que metastatiza apesar de sua aparência histológica benigna;

Características clínicas:

 Encontrados em pacientes entre 4 e 75 anos (média de 30 anos);


 Intervalo entre o tratamento inicial do ameloblastoma e a primeira evidência de
metástase varia de 1 a 30 anos: geralmente aparecem após 10 anos do tratamento do
tumor primário;
 Tumor primário: Mais comum em mandíbula; Geralmente do tipo convencional.
 Metástase: Pulmão (70%); Linfonodos; Ossos.
 O diagnóstico é dado após a identificação da metástase;
 Tumor primário e depósito metastático devem apresentar características de um
ameloblastoma benigno;

Tratamento e prognóstico:

 Remoção cirúrgica;
 Prognóstico ruim;
 50% dos pacientes com metástase documentada faleceram devido á doença.
OBS: A raridade de casos documentados com acompanhamento a longo prazo não permite
que suposições sejam feitas.

2. Tumor odontogênico adenomatóide

 Representa 3 a 7% de todos os TO;


 Grande parte limitada a pacientes jovens: 2/3 identificados entre 10 e 19 anos; Raro
em pacientes com mais de 30 anos;
 Predominantemente na região anterior;
 Duas vezes mais na maxila;
 Mulheres 2:1 homens;
 Raramente excedem 3cm;
 Pequenos aumentos de volume na gengiva vestibular: apresentação periférica é rara;
Clinicamente indiferenciáveis das lesões fibrosas comuns da gengiva;
 Assintomáticos.

Características radiográficas:

 Geralmente encontrado quando se investiga a razão de um dente não erupcionar;


 Lesão radiolúcida circunscrita;
 Unilocular;
 Que envolve a coroa de um dente não erupcionado, mais freqüentemente o canino;
 Pode ser impossível de diferenciar radiograficamente de um cisto dentígero;

Características histopatológicas:

 Lesão bem definida que geralmente está envolvida por uma espessa cápsula fibrosa;
 A região central do tumor pode ser essencialmente sólida ou pode mostrar diversos
graus de alteração cística;
 Células epiteliais fusiformes que forma lençóis, cordões ou aumentos de volume
espiralados de células em um estroma fibroso escasso;
 As células epiteliais podem formar estruturas semelhantes a rosetas ao redor de um
espaço central que pode estar vazio ou conter pequenas quantidades de material
eosinofílico.
 Formam estruturas tubulares semelhantes a ductos;
 Proeminentes, escassas ou até ausentes em determinadas lesões;
 Espaço central delimitado por células colunares ou cúbicas;
 Polarização oposta ao espaço central;
 Não são ductos verdadeiros e não há componentes glandulares nesse tumor.

Tratamento e prognóstico:

 Tumor completamente benigno;


 Fácil remoção (encapsulado);
 Enucleação;
 Raras recorrências;
3. Tumor odontogênico epitelial calcificante (Tumor de Pindborg)

 Lesão incomum (menos de 1% de todos os TO’s);


 Mais freqüente entre 30 e 50 anos;
 Sem predileção por sexo;
 2/3 em mandíbula;
 Aumento de volume indolor;
 Crescimento lento;
 Lesões periféricas são extremamente raras;

Características radiográficas:

 Uni ou multilocular;
 Estruturas calcificadas: Tamanho e densidade variadas;
 Comumente associado a um dente impactado;

Tratamento e prognóstico:

 Ressecção local incluindo uma fina camada de osso circunjacente;


 Tratamento radical (maxila posterior);
 Prognóstico bom;
 Recidiva: aproximadamente 15%.

4. Tumor odontogênico escamoso

 Neoplasia odontogênica benigna rara;


 Menos de 50 casos relatados até 2009;
 Apresentação periférica e multifocal extremamente raras;
 Afeta mandíbula e maxila sem predileção por sítio específico;

Características radiográficas:
 Os achados radiográficos não são específicos ou diagnósticos;
 Defeito radiolúcido triangular lateral á raiz de um dente;
 Margens bem definidas ou mal definidas;
 Raramente excedem 1,5cm em seu maior diâmetro;

Características histopatológicas:

 Ilhas de variados tamanhos de epitélio escamoso de aparência benigna em um


estroma de tecido conjuntivo fibroso maduro;
 As células periféricas das ilhas epiteliais não exibem a característica polarização vista
nos ameloblastomas;
 A vacuolização microcística e a ceratinização individual das células nas ilhas de epitélio
são aspectos comuns;
 Pequenos microcistos são algumas vezes observados dentro das ilhas epiteliais;

Tratamento e prognóstico:

 Excisão local conservadora ou curetagem;


 Maioria dos casos sem recidiva após excisão local;
 Quando em maxila, podem ser mais agressivos, devido à natureza esponjosa do osso
maxilar;
 Lesões múltiplas apresentam curso menos agressivo que as lesões solitárias.

Tumores odontogênicos malignos epiteliais

Carcinoma ameloblástico:

O termo carcinoma ameloblástico deve ser reservado para um ameloblastoma que apresenta
características citológicas de malignidade no tumor primário, em uma recidiva ou em qualquer
depósito metastático.

 Mais comuns nas porções posteriores dos maxilares;


 Mandíbula acometida em pelo menos 2/3 dos casos;
 A maioria acontece de novo;
 Achados radiográficos: radioluscência com margens mal definidas e destruição cortical.

Características histopatológicas:

 Mostram o padrão microscópico de um ameloblastoma;


 Características citológicas de malignidade: Aumento da razão núcleo/citoplasma;
Hipercromatismo nuclear; Presença de mitoses.
 Também podem estar presentes necroses das ilhas tumorais e áreas de calcificações
distróficas.

Tratamento e prognóstico:

 Cirurgia;
 Parecem ser radiossensíveis (cirurgia + radioterapia);
 Comportamento bastante agressivo;
 Podem ocorrer metástases: 1/3 dos pacientes desenvolvem metástases em pulmão;
 Paciente pode ir a óbito.

Obs1: O ameloblastoma metastatizante é um ameloblastoma que metastatiza apesar de sua


aparência histológica benigna.

Obs2: O termo carcinoma ameloblástico deve ser reservado para um ameloblastoma que
apresenta características citológicas de malignidade no tumor primário, em uma recidiva ou
em qualquer depósito metastático.

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