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FACULDADE SANTA RITA DE CÁSSIA

Disciplina: Histologia e Embriologia Bucal


Professora: Cristiane Bolina
Data: 16/04/2021
Atividade prática – Glândulas Salivares
As neoplasias de glândulas salivares são incomuns e perfazem cerca de 2% a 6,5%
dos tumores da região da cabeça e pescoço. Considerando a ampla variedade de
comportamentos biológicos e tipos histológicos que estes tumores apresentam, a
abordagem deste tema torna-se um desafio. A baixa incidência das neoplasias de
glândulas salivares é um dos principais fatores determinantes para que vários
trabalhos enfatizem a análise retrospectiva, considerando o local de incidência, o
tipo histológico e a forma de tratamento (SANTOS et al., 2003. Neoplasias de
glândulas salivares: estudo de 119 casos).

As imagens a seguir (Fonte Google imagens) apresentam casos de neoplasias


glandulares salivares. Descreva as considerações clínicas, aspectos
histopatológicos, diagnóstico e tratamento de cada caso.

Caso 1- Adenoma pleomórfico

O adenoma pleomórfico é a neoplasia mais frequente da glândula salivar. Dentro da cavidade oral,
localiza-se, prioritariamente, na região posterior do palato - ao contrário das neoplasias de tecido
nervoso que são mais frequentes na porção anterior do palato duro. Ele é recorrente em pacientes
adultos, cuja mucosa sobrejacente apresenta-se com aspecto íntegro. Considerando que as lesões
malignas de glândula salivar correspondem a quase metade dos casos de neoplasias glandulares
intrabucais, e que as mesmas nem sempre apresentam superfície ulcerada, a biópsia incisional é
recomendada a fim de garantir o planejamento adequado do tratamento. Esse deve consistir na
excisão cirúrgica do tumor, embora haja a possibilidade de recidivas em decorrência da pouca
definição da sua cápsula.
O adenoma pleomórfico apresenta grande diversidade de padrões histológicos. Basicamente, se
observa a proliferação de células com diferenciação epitelial, morfologia cuboide ou basaloide,
arranjadas em lençóis, cordões e estruturas ductiformes. Na periferia dessas estruturas há células
com diferenciação mioepitelial formando principalmente áreas mixoides, hialinas ou condroides. As
células com diferenciação mioepitelial apresentam morfologia fusiforme, e plasmocitoide; e quando
localizadas na periferia dos ductos, exibem citoplasma claro. O tumor apresenta cápsula de
espessura variável, com áreas de invasão por projeções de células neoplásicas. Aspecto
microscópico em menor aumento do adenoma pleomórfico. Observar os arranjos
das células com diferenciação epitelial formando lençois, cordões e estruturas
ductiformes (seta).
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Caso 2- Carcinoma mucoepidermóide

O Carcinoma Mucoepidermóide (CME) é a neoplasia de glândula salivar


mais comum, acredita-se que essa doença tenha origem a partir do ducto
excretor das glândulas salivares. A lesão é formada por células
mucosas (contendo glicoproteínas e mucina) e células
epidermóides (contendo filamentos de ceratina).
Um terceiro tipo celular, a célula intermediária, também é um
componente frequente da lesão, que será abordado mais posteriormente.
O CME pode acometer indivíduos de todas as idades, sendo mais
prevalente entre a terceira e quinta décadas de vida. Não existe
predileção por gênero e apesar de são ser uma doença frequente em
crianças, é a neoplasia maligna de glândula salivar mais comum na
infância.
O local mais comum de acometimento do CME é a glândula parótida,
representando cerca de 60% a 90% dos casos. Nesta, a lesão se
apresenta como um aumento de volume assintomático. Sintomatologia
dolorosa e paralisia do nervo facial podem ser relatados pelos pacientes
em casos de tumores de alto grau, que apresentam um curso clínico mais
invasivo.
As glândulas salivares menores também podem ser acometidas,
sendo as glândulas palatinas as mais envolvidas pela neoplasia. Nas
menores, o CME apresenta-se como um aumento de volume
assintomático de superfície ulcerada (dependendo do grau da lesão)
podendo apresentar coloração levemente azulada, muitas vezes essas
lesões, quando flutuantes, podem mimetizar uma mucocele.
Entre os diagnósticos diferenciais podemos citar lesões como
o adenoma pleomórfico, carcinoma adenoide cístico, sialometaplasia
necrosante e outras lesões malignas.
O CME também pode se desenvolver centralmente, ou seja, no
interior dos maxilares. Acredita-se que a lesão tenha origem a partir de
restos epiteliais odontogênicos, células essas que apresentam grande
potencial para diferenciação, inclusive para células mucosas. É comum
que lesões intraósseas estejam associadas com cistos e tumores
odontogênicos, principalmente o cisto dentígero. O aumento de volume
da região é o sinal mais comum presente. A mandíbula (principalmente o
ramo) apresenta uma maior predileção para o desenvolvimento da
doença.
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Histologicamente, o CME é formado basicamente por três tipos celulares,


as células mucosas, epidermóides e intermediárias. As células
mucosas apresentam citoplasma claro e espumoso. Essas células se
coram positivamente com colorações específicas, como o mucicarmim.
As células epidermóides são semelhantes as escamosas do
epitélio oral, apresentando formato poligonal e junções intercelulares. O
terceiro tipo de célula, a célula intermediária apresenta forma variada
que vai desde um aspecto basaloide, de núcleo pequeno, até células
poligonais. Acredita-se que essas células são precursoras das mucosas e
epidermóides.
A partir de caraterísticas como a quantidade de formação
cística, grau de atipia celular e a proporção do tipo celular, os tumores
são classificados em alto, intermediário e baixo grau.
As lesões de baixo grau apresentam um curso clínico mais brando e
microscopicamente observamos uma maior quantidade de formação
cística, pouca ou nenhuma atipia celular e uma maior proporção de
células mucosas, demonstrando um alto grau de diferenciação do tumor.
Já nos tumores de alto grau, a formação cística e as células mucosas
são vistas menos frequentemente. É visto um alto grau de atipia celular
(pleomorfismo celular, muitas figuras de mitoses e mitoses atípicas).
Muitas vezes o componente epidermoide é visto em tamanha quantidade
que a lesão pode ser semelhante a um Carcinoma de células escamosas.
O CME esclerosante é uma variante microscópica rara onde
podemos observar intensa esclerose em meio as células tumorais.
Quanto ao diagnóstico diferencial histopatológico, podemos citar
lesões como o adenocarcinoma de células acinares e os cistadenomas,
embora essas lesões não apresentem células mucosas e epidermóides
em tamanha proporção quanto o mucoepidermóide.
O diagnóstico do CME é obtido a partir do exame clínico e
histopatológico, a classificação em alto, intermediário e baixo grau é
importante para definir o prognóstico e posterior plano de tratamento da
lesão.
Tumores de baixo grau apresentam curso clínico mais brando,
embora já tenha sido relatado casos de metástase à distancia. As taxas
de sobrevida em 5 anos para esses tumores é de 95%, já nos tumores de
alto grau essa taxa cai para 40%.
Os tumores de glândula parótida em estágio inicial podem ser
tratados a partir da remoção parcial da glândula com preservação do
nervo facial. Tumores maiores são removidos com a parótida em sua
totalidade juntamente com o nervo facial.
Em glândulas salivares menores, as lesões são removidas através
da excisão cirúrgica com margem de segurança.
A radioterapia pós-cirúrgica está indicada em lesões mais agressivas.
Os tumores de glândula submandibular apresentam um pior prognóstico.
Os mucoepidermóides intraósseos, na sua grande maioria, são
representados por tumores de baixo grau, sendo tratados por ressecção
cirúrgica. Manobras mais conservadoras como a curetagem está muito
relacionada com os casos de recidiva.
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Caso 3- Carcinoma de células acinares

Carcinoma de células acinares ocorre com maior freqüência na


glândula parótida. O carcinoma de células acinares, tumor usual de parótida,
acomete pessoas entre 40 e 50 anos. Tem curso indolente e tendência à multifocalidade.
Existem quatro padrões: sólido, microcístico, papilar-cístico,
folicular. Quatro tipos celulares estão presentes neste tumor:
células acinares, células claras, células intercalares ductais,
células vacuoladas. Todos os padrões e todas as células são
normalmente encontrados no mesmo tumor, alguns deles podem
predominar. O tumor é mais comum em mulheres e pode ocorrer
em tenra idade. Os diferentes tipos de células são identificados no
esfregaço citológico. O tumor é geralmente infiltrado por
numerosos linfócitos, que é uma característica importante para o
diagnóstico. Neste caso, a imagem citológica é semelhante a de
um Adenocarcinoma metastático bem diferenciado em gânglio
linfático. No caso de serem vistas células acinares bem
diferenciadas sem quaisquer elementos ductais, você sempre tem
que pensar em Carcinoma de células acinares, mesmo quando o
paciente é muito jovem.

Diagnóstico: Biópsia com aspiração por agulha fina. TC e RM para


avaliação da extensão da doença. TC e RM localizam o tumor e
determinam sua extensão. Biópsia aspirativa por agulha fina da
massa confirma o tipo de célula. Investigação de disseminação
metastática para linfonodos regionais ou a distância, para
pulmões, fígado, ossos ou cérebro pode ser indicada antes da
escolha terapêutica.

Tratamento: Cirurgia, eventualmente associada à radioterapia


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