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Deve-se lembrar que o termo precursor não implica que a progressão para o câncer seja inevitável.
Atualmente não é possível diferenciar as lesões precursoras que progridem daquelas que permanecem
localizadas ou regridem.
Classificação:
A classificação do tumor é importante para a consistência no tratamento do paciente e porque
fornece uma base para estudos epidemiológicos e biológicos. A classificação mais recente está
apresentada da Tabela 15-9. Diversas variantes histológicas de cada tipo de câncer de pulmão são
descritas; contudo, sua importância clínica ainda não foi determinada, exceto conforme mencionado aqui.
As proporções relativas das principais categorias são:
(1) Adenocarcinoma (38%).
(2) Carcinoma de células escamosas (20%).
(3) Carcinoma de pequenas células (14%).
(4) Carcinoma de grandes células (3%).
(5) Outros (25%).
Os carcinomas pulmonares caem em vários subgrupos histológicos principais (ver adiante), cada um
com características moleculares distintas, como se segue:
• Os carcinomas de células escamosas, que estão altamente associados com a exposição à fumaça
do tabaco, são portadores de várias aberrações genéticas, muitas das quais são deleções cromossômicas
envolvendo os loci supressores de tumor. Essas perdas, especialmente as que envolvem o 3p, 9p (local do
gene CDKN2A) e 17p (local do gene TP53) são eventos iniciais na evolução do tumor, sendo detectadas em
uma frequência notável nas células histologicamente normais da mucosa respiratória de fumantes. Os
carcinomas de células escamosas mostram a frequência mais alta de mutações TP53 entre todos os tipos
histológicos de carcinoma pulmonar. A superexpressão da proteína p53 (como observada na coloração por
imuno-histoquímica), um marcador da mutação no TP53, também é um evento inicial, sendo relatada em
10% a 50% das displasias escamosas e em 60% a 90% dos carcinomas de células escamosas in situ. A perda
de expressão do gene supressor de tumor do retinoblastoma (RB) é identificada por imuno-histoquímica em
15% dos carcinomas de células escamosas. O gene inibidor de cinase dependente de ciclina CDKN2A é
inativado, e seu produto proteico, p16, é perdido em 65% de tumores. Recentemente, foi reconhecido que
muitos carcinomas de células escamosas têm amplificação do FGFR1, um gene decodificador do receptor
tirosina- cinase do fator de crescimento de fibroblastos.
• O carcinoma de pequenas células mostra a associação mais forte com o tabagismo, e apesar de
suas caraterísticas histológicas divergentes, compartilha muitas características moleculares com carcinomas
de células escamosas. Isso inclui frequentes aberrações com perda de função envolvendo o TP53 (75% a 90%
dos tumores), RB (quase 100% dos tumores) e deleções no cromossomo 3p. Também é comum a
amplificação dos genes da família MYC.
• O adenocarcinoma é marcado por mutações com ganho de função oncogênicas envolvendo
componentes das vias de sinalização dos receptores do fator de crescimento. Todas são encontradas numa
minoria de tumores, mas juntos, eles somam uma fração substancial de tumores como um todo. Elas incluem
mutações de ganho de função em múltiplos genes decodificadores de receptores tirosina-cinase, incluindo
EGFR, ALK, ROS, MET e RET, que também sofrem mutações em outras formas de câncer. Tumores sem
mutações do gene tirosina-cinase geralmente têm mutações no gene KRAS, que você deve lembrar, está
abaixo do receptor tirosina-cinase nas vias de sinalização dos fatores de crescimento.
a. Carcinoma de Células Escamosas
O carcinoma de
células escamosas é
visto mais comumente
em homens e é
fortemente associado
ao tabagismo. As
lesões precursoras que
originam o carcinoma
de células escamosas
invasivo são bem
caracterizadas. Os
carcinomas de células
escamosas
frequentemente são
precedidos por
metaplasia escamosa
ou displasia do epitélio
brônquico, que então
se transforma em um
carcinoma in situ, uma
fase que pode durar
vários anos (Fig. 15-44).
Nesse momento, células atípicas podem ser identificadas em esfregaços citológicos do escarro,
lavados broncoalveolares ou escovados brônquicos (Fig. 15-45), embora a lesão seja assintomática e não
detectável em radiografias. Finalmente, aparece um carcinoma de células escamosas invasivo. O tumor
pode, então, seguir uma variedade de caminhos. Ele pode crescer de forma exofítica dentro da luz
brônquica, produzindo uma massa intraluminal. Com o aumento subsequente, o brônquio fica obstruído,
causando atelectasia distal e infecções. O tumor também pode penetrar nas paredes dos brônquios e
infiltrar o tecido peribrônquico (Fig. 15-46), atingindo a carina ou o mediastino. Em outros casos, o tumor
cresce ao longo de uma frente ampla para produzir massa intraparenquimatosa em forma de couve-flor,
que empurra a substância pulmonar à sua frente. Como em quase todos os tipos de câncer de pulmão, o
tecido neoplásico é branco-acinzentado e firme a endurecido. Especialmente quando os tumores são
volumosos, as áreas focais de hemorragia ou necrose podem parecer produzir um pontilhado vermelho ou
amarelo-esbranquiçado e ecimento. Algumas vezes, esses focos necróticos são cavitados.
# FIGURA 15-44 Lesões precursoras do carcinoma de células escamosas. Algumas das alterações mais precoces (“leves”) no epitélio
respiratório danificado de tabagistas incluem hiperplasia das células calciformes (A), hiperplasia das células basais (ou células de reserva) (B)
e metaplasia escamosa (C). Alterações mais graves incluem o aparecimento de displasia escamosa (D) caracterizada pela presença de
epitélio escamoso desordenado, com perda de polaridade nuclear, hipercromasia nuclear, pleomorfismo e figuras mitóticas. A displasia
escamosa pode progredir pelos estágios da displasia leve, moderada e severa. O carcinoma in situ (CIS) (E), estágio imediatamente
precedente do carcinoma escamoso invasivo (F), por definição não ultrapassa a membrana basal e possui características citológicas
similares às do carcinoma franco. (A-E, Cortesia do Dr. Adi Gazdar, Department of Pathology, University of Texas, Southwestern Medical
School, Dallas. F, Reproduzida com permissão de Travis WD, et al [eds]: World Health Organization Histological Typing of Lung and Pleural
Tumors. Heidelberg, Springer, 1999.)
FIGURA 15-43 Variantes histológicas do carcinoma pulmonar. A, Adenocarcinoma formando uma glândula; o detalhe mostra a expressão
do fator de transcrição da tireoide-1 (TTF-1), conforme detectado pela imuno-histoquímica. B, Carcinoma de células escamosas bem-
diferenciado, mostrando queratinização (setas). C, Carcinoma de pequenas células. Há ilhas de pequenas células fortemente basofílicas e
áreas de necrose. D, Carcinoma de grandes células. As células cancerígenas são pleomórficas e não mostram evidências de diferenciação
glandular ou escamosa.
Estadiamento:
Um sistema TNM uniforme para estadiamento de câncer em relação à sua extensão anatômica no
momento do diagnóstico é útil, particularmente para comparar os resultados terapêuticos de diferentes
centros (Tabela 15-10).