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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE TERESINA-CET

CURSO: BACHAREL EM FARMÁCIA

DISCIPLINA: PARASITOLOGIA CLÍNICA

PROFESSOR (A): KELLY VIEIRA

ALUNO: RICARDO OLIVEIRA DA SILVA

RESUMO PARASITOLOGIA CLÍNICA

TERESINA/ PI
2021
Parasita é todo e qualquer organismo que vive em associação com outro organismo e
estabelece uma relação de parasitismo com ele. O parasitismo por sua vez, é um tipo de relação
ecológica interespecífica (entre espécies diferentes), e nela apenas um dos indivíduos é
beneficiado, enquanto o outro é prejudicado (HOTEZ et al., 2006).

Muitas das parasitoses pertencem ao grupo de Doenças Tropicais Negligenciadas, como


as Geo-helmintoses, Malária, Doença de Chagas, Leishmaniose, entre outras. Estas doenças
estão intimamente relacionadas às más condições higiênico-sanitárias, pobreza, disseminação de
vetores e baixas políticas de contenção. Neste contexto, os países em desenvolvimento são os
mais afetados (ALTCHEH et al., 2007).

As geo-helmintíases constituem um grupo de infecções parasitárias vinculadas às


condições ambientais, uma vez que são causadas por helmintos que utilizam o solo como
veículo de transmissão, já que necessitam do mesmo para cumprir uma etapa de seu ciclo
evolutivo. As formas infectantes dos geohelmintos (ovos e larvas) são mais frequentes em solo
arenoso, contaminado com fezes humanas e de animais (ACUÑA et al., 2003).

Tradicionalmente, a avaliação parasitária de um indivíduo é realizada com o objetivo de


identificar a presença ou não de determinada parasitose. Esta avaliação e denominada
qualitativa e, embora seja largamente utilizada, deixa de lado outro aspecto importante da
avaliação clínica: a quantidade de parasitas presentes no indivíduo. Quando a infecção é por
protozoários intestinais, a quantidade é irrelevante, já que eles podem se multiplicar livremente
no organismo hospedeiro. Mas quando a infecção é por helmintos, a carga parasitária pode ser
estimada. Esta informação é relevante para se avaliar a gravidade da infecção parasitária (REY,
2010).

As infecções por enteroparasitos permanecem ainda hoje como um importante problema


de saúde pública, pois contribuem para elevadas taxas de morbidade e mortalidade,
principalmente nos países em desenvolvimento (BELLOTO et al., 2011).

Para o combate dessas parasitoses se torna de suma importância o conhecimento sobre


os testes que existem na literatura para embasar esses diagnósticos, exames como por exemplo o
EPF (exame parasitológico de fezes), que para a realização do EPF, primeiramente é feito o
exame macroscópico, relacionado com a observação da consistência e da superfície da amostra,
seguido do exame microscópico, relacionado com a visualização dos trofozoítos, cistos, ovos e
larvas dos parasitos, além de ajuda a entender melhor as dores de estômago, por exemplo, ou
confirmar a suspeita de que algum parasita, como a lombriga, instalou-se no sistema digestivo.
Existe também a pesquisa de sangue oculto nas fezes, teste que detecta possíveis tumores e
outros males intestinais (REY, 2011).
Os exames para parasitos se dividem em métodos qualitativos: Sedimentação
espontânea em água (Lutz, 1919; Hoffmann, Pons e Janer, 1934): Indicada para o diagnóstico
de ovos, oocistos e cistos em fezes, principalmente para nematóides cujos ovos são pesados
(Toxocara e Dipylidium). Centrífugo - sedimentação pela formalina-éter, (Ritchie, 1948);
Centrífugo-flutuação: Indicada para o diagnóstico de ovos de helmintos e oocistos de coccídeos.
E os métodos quantitativos: Método modificado de Kato-Katz (Kato,1960; Katz, Chaves e
Pellegrino, 1972); Método de Baermann (1917) e Moraes (1948): Indicada para diagnóstico de
larvas de estágio 1. Método de Rugai, Mattos & Brisola (1954). Método de McMaster:
Constitu-se também uma técnica de OPG, empregada no diagnóstico de nematóides
gastrintestinais (REY, 2011).

O método de Kato concentra os ovos de helmintos através de filtração em tela metálica


ou de náilon, de uma determinada malha, que retém os detritos maiores e permite a passagem
dos detritos menores e ovos, ocorrendo, consequentemente, a concentração destes últimos na
amostra fecal. Sua visualização é facilitada pelo emprego de uma solução de verde malaquita. A
preparação obtida não permite a visualização de cistos de protozoários, apesar de estes
passarem através da tela (REY,2008).

Método de Faust que se caracteriza pela flutuação baseada no princípio da diferença de


densidade a fim que os cistos flutuem na superfície do reagente, Flutuação em solução de
sulfato de zinco, técnica da lamínula e técnica da alça de arame, é um teste que será realizado
ou solicitado quando houver suspeita de enfermidades causadas por parasitos helmintos ou
protozoários, possuem vantagens e desvantagens como, Remoção dos detritos fecais, Fácil de
visualizar na microscopia, Fácil execução, mas alguns ovos de helmintos são muito densos e é
um teste que necessita de centrifugação (REY, 2008).

Na pesquisa de ovos, oocistos e cistos em fezes temos o Método de Willis: Flutuação em


Solução Saturada de Cloreto de Sódio. Fundamentado na capacidade de ovos leves e cistos
flutuarem na superfície de uma solução de densidade elevada e de aderirem ao vidro. Utiliza
solução saturada de cloreto de sódio (NaCl) com densidade específica de 1,20 g/ml, esta técnica
indicada para diagnóstico de nematóides cujos ovos são leves, tais
como: Ancylostoma spp, Spirocerca lupi; e também pode ser usada para oocisto de coccídios
(Cystoisopora, Sarcocystis, Toxoplasma), (FERREIRA, 2021).

Técnica para pesquisa de larvas de nematóides feita através da atração larvar por água
aquecida, seguida por sedimentação. Na técnica de Baermann-Moraes, utiliza-se tamiz coberto
com gaze, funil de vidro, tubo de borracha ou silicone, pinça de Morh e vidro de relógio para a
coleta do material sedimentado para procura das larvas. Essa técnica utiliza o aparelho de
Baermann, composto por um funil de vidro, com a haste acoplada a um tubo de borracha. Para
fechar o tubo de borracha utilizou-se a pinça de Morh, este método baseia-se no hidrotropismo,
termotropismo e sedimentação das larvas quando em contato com a água (Rey, 2001).

A técnica de Lutz (1919) tem como fundamento a sedimentação espontânea de detritos


fecais em cálice de fundo cônico. Constitui-se por uma técnica microscópica qualitativa de
baixa sensibilidade. Possui como principal indicação a pesquisa de formas evolutivas de
parasitos pesadas como ovos de média e grande densidade, embora tenha boa sensibilidade para
o diagnóstico de formas evolutivas de helmintos e protozoários. Essa técnica foi descrita para
diagnóstico de ovos de Schistosoma mansoni. Em 1933, Hoffman, Pons & Janer descreveram
de forma mais detalhada a sedimentação espontânea ou simples de amostras fecais também para
o diagnóstico de Schistosoma mansoni, porém com demonstração de eficácia para o diagnóstico
de cistos de amebídeos, cistos de Giardia duodenalis, larvas de Strongyloides stercoralis e ovos
de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura. Devido a esse fato, essa técnica também é
nomeada por técnica de Hoffman, Pons & Janer (1933).

O Método de Ritchie (1948) é uma metodologia eficiente para diagnóstico parasitário


em matrizes ambientais, porém apresenta como desvantagem o uso do éter etílico e
formaldeído, reagentes toxicológicos para a saúde ambiental e ocupacional.

Na pesquisa de trofozoítos pode ser realizada em fezes diarreicas ou em aspirado de


material duodenal, nas pesquisas diretas em fezes diarreicas, para o esfregaço, utilizar-se uma
das faces da lamínula colocando uma de suas bordas presas em um pequeno pedaço de borracha
de forma semicircular, colocar nas fezes frescas uma gota de solução salina a 0,85%. Coloração
pela Hematoxilina Férrica: Usa a solução de sulfato férrico amoniacal, como corante. Oferece
vantagens por pigmentar principalmente os núcleos e mostrar as estruturas internas delicadas.
Apresentam cor azulada ou cinzenta os organismos corados e com estruturas nucleares pretas.
Sorológico: Ensaio de Imunofluorescência Direta (DFA): Utilizado para diagnosticar infecções
por Giardia duodenalis. Adicionada às fezes os anticorpos com marcadores fluorescentes
(ZEIBIG, 2014).

Nas doenças parasitárias transmitidas por vetores (os artrópodes são a espécie mais
comum) incluem-se a malária, a babesiose, a doença das Chagas, a leishmaniose e a filariose,
para essas parasitoses tomos algumas técnicas, N adoença de chagas temos os seguintes testes,
na fase aguda o parasitológico é a Gota espessa ou Esfregaço sanguíneo. Consiste em
preparações sanguíneas utilizando quantidades grandes de sangue em uma área pequena.
Possibilita a visualização de protozoários, na fase crônica, Xenodiagnóstico: Procedimento cujo
objetivo é averiguar a presença de parasitas nas fezes e/ou conteúdo intestinal dos insetos
vetores não infectados mantidos em laboratórios e alimentados com sangue de indivíduos que
serão testados. Exame de conteúdo intestinal será feito após 30-60 dias para pacientes em fase
crônica e 10-30 dias para pacientes em fase aguda (NEVES,2016).

REFERENCIAS

ACUÑA, A. et al. Helmintiasis Intestinales. Manejo de las geohelmintiasis. Montevideo:


Ed.MSP/OPS/OMS, 2003.

ALTCHEH, J. et al. Geohelmintiosis en la Republica Argentina. Buenos Aires: Ministerio de


Salud de la Nación, 2007.

BELLOTO, M. V. T; JUNIOR, J. E. S; MACEDO, E. A; PONCE A; GALISTEU; K. J,


CASTRO, E; TAUYR, L.V; ROSSIT, A. R. B; MACHADO, R. L. D. Enteroparasitoses in a
population of students from a public school in the Municipality of Mirassol, São Paulo
State, Brazil. Rev Pan-Amaz Saúde 2: 37-44, 2011.

FERREIRA, Marcelo Urbano. Parasitologia Contemporânea. (2ª edição) Editora Guanabara


Koogan, 2021.

HOTEZ, P. J. et al. Helminth infections: soil-transmitted helminth infections and


schistosomiasis. In: Disease Control Priorities in Developing Countries. 2. ed., edited by Dean
T. Jamison, Joel G. Breman, Anthony R. Measham, George Alleyne, Mariam Claeson et al.
Washington: World Bank, p. 467-482. 2006.

HOFFMAN, William A.; PONS, Juan A.; JANER, José L. The sedimentation-concentration
method in schistosomiasis mansoni. Journal of Public Health and Trop Medicine. p. 283- 291,
1933.

NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana. (13ª edição) Editora Atheneu, 2016.

REY, L. Parasitologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2010.

REY, L. Bases da parasitologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

REY, Luis. Parasitologia. (4ª edição) Editora Guanabara, 2008.

REY, Luís. Parasitologia. 3º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2001.

ZEIBIG, Elizabeth. Parasitologia Clínica – Uma abordagem clínico-laboratorial. (2ª edição)


Editora Guanabara Koogan, 2014.

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