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Para existência da parasitose fatores inerentes ao parasito Trofozoítos de amebas e Giardia não são conservados
(virulência da cepa, localização, carga infecciosa), e com formol, pois estes se tornam transparentes após
inerentes ao hospedeiro (idade, sexo, imunidade) são adição.
levados em consideração.
PROCESSAMENTO E ANÁLISE DAS FEZES
Para identificação de parasitoses intestinais, são solicitados
exames parasitológicos de fezes. São de baixo custo, não A escolha do método adequado, execução e microscopia
invasivo e de fácil execução. indicam a fase analítica do EPF. Diferentes métodos são
empregados de acordo com a solicitação médica ou
COLETA E CONSERVAÇÃO suspeita clínica.
Constituem a fase pré-analítica do EPF e são de A fase analítica inicia com avaliação macroscópica das fezes,
fundamental importância. Para melhores resultados, com verificação da consistência, odor, presença de muco,
orientar o paciente sobre como realizar a coleta de forma sangue ou vermes adultos.
correta.
Em seguida a amostra é processada em diferentes métodos
A evacuação deve ser feita em recipiente limpo e seco, ou e submetida ao exame microscópico. Esta por sua vez
sobre uma superfície seca e protegida com papel higiênico possibilita a visualização de ovos, larvas, cistos, trofozoítos
ou saco plástico. ou oocistos.
Parte das fezes devem ser transferidas para o frasco de O EPF pode ser realizado com método quantitativo ou
boca larga, fechado e identificado. Para melhor resultado, qualitativo. O quantitativo permite a contagem de ovos nas
coletar a amostra de três pontos distintos das fezes (porção fezes com avaliação da intensidade do parasitismo, os
inicial, média e final). Alguns exames parasitológicos métodos mais empregados é o Kato-Katz ou Stoll-
necessitam de coleta seriada, para aumentar a sensibilidade Hausheer.
do teste, com coleta em 3 dias distintos.
Já os métodos qualitativos são mais comuns e permitem
A adição da amostra no pote ocorre com a homogeneização avaliar a presença de formas parasitárias sem sua
no líquido e no frasco. quantificação;
A identificação deve conter nome do paciente, idade, data, A maioria dos métodos se baseiam em processos de
consistência das fezes e hora da coleta. Fezes eliminadas enriquecimento, que concentram as formas parasitárias,
no vaso sanitário ou no solo são inadequadas para o exame. aumentando sua chance de detecção, também eliminam
parte dos detritos fecais facilitando a visualização na
A utilização de laxantes, antiácidos, bismuto, sulfato
microscopia.
ferroso, óleos minerais, contrastes e etc, interferem no
resultado. Seu uso deve ser interrompido ao mínimo uma • Sedimentação espontânea: método de Hoffman,
semana antes da coleta. Pons e Janer. São de fácil execução, viabilizam a
visualização de ovos e larvas de helmintos, e cistos
Se a coleta for sem conservantes, a entrega ao laboratório
e oocistos de alguns protozoários.
deve ser imediata (fezes frescas) para o processamento. Ou
• Sedimentação por centrifugação: método de Blagg,
podem ser armazenadas entre 5 e 10 °C.
método de Ritchie. Pesquisa de ovos e larvas de
Coleta com conservantes não necessita de entrega helmintos, e cistos e oocistos de protozoários.
imediata, de mantê-las em baixas temperaturas ou • Flutuação espontânea: método de Willis. Pesquisa
processamento rápido. de ovos leves, como os de ancilostomídeos.
• Centrifugoflutuação: método de Faust. Pesquisa de
O conservante é colocado no frasco e entregue ao paciente cistos e oocistos de protozoários. Utilizado quando
e usado na porção 3:1 de fezes. há suspeita de ameba ou giárdia.
• Concentração de larvas de helmintos por migração
• Formol 10%: conserva por mais de 1 mês ovos e
ativa por hidrotropismo e termotropismo positivo:
larvas de helmintos, cistos e oocistos de
método de Baermann-Moraes e método de Rugai.
protozoários.
Pesquisa de larvas de Strongyloides stercoralis.
AVALIAÇÃO 1 – PARASITOLOGIA CLÍNICA II 2
• Concentração de ovos mediante passagem das 4. Completar o volume do cálice com água até 200
fezes por tela metálica ou de nylon: método de mL;
Kato-Katz. Ao retirar detritos maiores, há 5. Deixar a suspensão em repouso de 2 a 24 h;
passagem de detritos menor e ovos, com maios 6. Para análise, coletar com pipeta de Pasteur o
concentração deste último na amostra fecal. A sedimento e em seguida numa lâmina, adicionar
visualização é facilitada pelo uso de uma solução uma lamínula e analisar na objetiva de 10 ou 40x.
de verde-malaquita.
Realiza diluição, filtração e sedimentação por gravidade,
COLORAÇÃO utilizando lugol como corante.
O material deve ser examinado imediatamente, o contato estruturas do parasito e este pode ser confundido com
com a solução de sulfato de zinco pode deformar as formas detritos fecais.
parasitárias.
Não indicado para pesquisa de protozoários, o clarificante
MÉTODO DE WILLIS (verde de malaquita) impede a visualização por serem claras
e necessitarem do uso de corantes . E o uso do tamis/malha
1. Adicionar 10 g de fezes em um frasco; de nylon tem 200 micrômetros, a menor das larvas tem no
2. Diluir as fezes em solução saturada de NaCl; mínimo 250. A larva que passar pelo tamis pode ser
3. Completar o volume até a borda do frasco; fragmentada.
4. Colocar uma lâmina na boca do frasco que deve
COMPLEXO TENÍASE-
estar em contato com o líquido, deixar em repouso
por 5 min;
5. Retirar a lâmina e virar a parte molhada para cima,
observar na objetiva de 10 ou 40x.
CISTICERCOSE
MÉTODO DE BAERMANN-MORAES
A classe Cestoda compreende um grupo de parasitos,
1. Adicionar 8 a 10 g de fezes em uma gaze dobrada hermafroditas, de tamanhos variados e encontrados em
em quatro ou em uma peneira; animais vertebrados.
2. Colocar o material sobre um funil de vidro, com um
tubo de borracha conectado à extremidade inferior Apresentam corpo achatado dorsoventralmente, possuem
da haste; órgãos de adesão na extremidade mais estreita (anterior),
3. Obliterar a borracha com uma pinça e adicionar no não possuem sistema digestório.
funil água aquecida e deixar em repouso por 1 h;
Os cestoides mais comuns pertencem à família Taenidae
4. Coletar 5 a 7 mL em um tubo de centrífuga e
(Taenia solium e T. saginata), conhecidas popularmente
centrifugar a 1000 rpm.
como solitárias são responsáveis pelo complexo teníase-
5. Coletar o sedimento sem desprezar o
cisticercose, que induz um conjunto de alterações
sobrenadante.
patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos
Só pode ser realizado com fezes frescas, formadas ou hospedeiros.
pastosas, preferencialmente coletadas no mesmo dia.
A teniose e cisticercose são causadas pela mesma espécie,
porém com fase de vida diferente. A teniose é provocada
MÉTODO DE KATO-KATZ
pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da T.
1. Colocar a amostra fecal sobre um papel saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo (ser
absorvente; humano). A cisticercose é provocada pela presença da larva
2. Comprimir a tela metálica/nylon sobre as fezes, nos tecidos de hospedeiros intermediários normais (suínos
fazendo com que parte das fezes passe através da e bovinos).
malha;
Hospedeiros anômalos como cães, gatos, macacos e seres
3. Remover as fezes que passaram pela malha e
humanos podem albergar a forma larvar da T. solium.
transferi-las para o orifício do cartão com 6 mm
colocado sobre a lâmina; A cisticercose é endêmica em áreas rurais da américa latina,
4. Preencher o orifício central, remover com cuidado áfrica e ásia.
o cartão, deixando as fezes na lâmina;
5. Cobrir as fezes com uma lamínula de celofane,
MORFOLOGIA
invertendo e pressionando a lâmina sobre o papel
absorvente; VERME ADULTO
6. Deixar a preparação em repouso para a clarificação
de 30 min a 1 h. T. solium e T. saginata apresentam corpo achatado
7. Examinar a preparação no microscópio. dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex
(cabeça), colo (pescoço) e estróbilo (corpo). De coloração
É um método quantitativo, e para contagem do número de branco leitoso, com a extremidade anterior afilada.
ovos no material fecal, multiplicar o n° de ovos presentes
pelo fator 23 = número de ovos por grama de fezes. • Escólex: pequena dilatação, situado na
extremidade anterior, funciona como órgão de
O método de kato-katz diferenciado, em ambiente quente fixação à mucosa do intestino delgado humano.
e úmido permite a eclosão do Schistosoma mansoni, e para Apresenta 4 ventosas arredondadas e
evitar sua eclosão, é adicionado formol para evitar falso proeminentes. A T. solium tem escólex globuloso,
negativo, pois ao eclodir não é possível identificar as com rostélio na posição central entre as ventosas,
AVALIAÇÃO 1 – PARASITOLOGIA CLÍNICA II 4
armado com dupla fileira de acúleos (ganchos). A habitat vizinho, onde o verme se movimenta, remexendo
T. saginata tem o escólex inerme, sem rostelo e fluidos intestinais, evitando perda de material nutritivo.
ganchos.
OVOS
CICLO BIOLÓGICO
DIAGNÓSTICO
Pesquisa de proglotes e pesquisa de ovos de tênia nas Os ovos medem de 55 a 75 mm,
fezes. Microscopicamente os ovos são iguais. possuem opérculo em uma
extremidade e uma pequena
Por método de fita adesiva (método de Graham). protuberância na outra.
DIAGNÓSTICO
Pesquisa de ovos operculados nas fezes → parasitológico
LARVA CISTICERCOIDE
de fezes (Kato-Katz, sedimentação espontânea, Blagg e
Ritchie). Larva pequena, formada por escólex
invaginado e envolvido por uma
TRATAMENTO membrana. Mede cerca de 500 mm.
O ciclo da H. diminuta é sempre heteroxênico. E os vermes autoinfecção e disseminação podem evoluir o caso para
são eliminados 2 meses após a infecção. óbito.
A diarreia é resultado de lesões causadas pelo verme na Inicialmente era denominado como Anguillula stercoralis,
superfície das vilosidades. que significa pequena enguia.
A larva cisticercoide no ciclo direto confere maior resposta O aparelho genital, com útero,
imunológica contra reinfecções, ao contrário do ciclo apresenta ovários, ovidutos e vulva,
indireto por induzir pouca ou nenhuma imunidade. São localizada no terço posterior do corpo.
vistos citocinas do perfil Th-1 no período inicial da infecção, Os ovos são alinhados em diferentes
e Th-2 quando o parasito se encontra no lúmen do tecido. estágios do desenvolvimento
embrionário.
DIAGNÓSTICO
A fêmea pode viver até 5 anos,
Exame de fezes com pesquisa dos ovos de Hyminolepis → produzindo de 30 a 40 ovos por dia
métodos de concentração. por via partenogenética (não necessita
do homem para ovipor).
TRATAMENTO
É ovovivípara, elimina na mucosa intestinal o ovo larvado,
Praziquantel e niclosamida. a larva rabditoide.
Indivíduos que residem com o infectado devem ser
FÊMEA DE VIDA LIVRE / ESTERCORAL
tratados. A confirmação de cura é feita após 1 mês do
tratamento com pesquisa de ovos no exame de fezes. Tem aspecto fusiforme, com
extremidade anterior arredondada e
PROFILAXIA posterior afilada. Apresenta cutícula
fina e transparente. Aparelho
Hábitos de higiene como uso de instalações sanitárias
digestivo simples, boca com 3 lábios,
impedem a contaminação da água com fezes. Saneamento
esôfago curto, aspecto rabditoide, é
básico em geral e controle de insetos atuam prevenindo a
dividida em três porções, anterior
infecção. O tratamento de todos os membros da família ou
clinidrica e alongada (corpo),
da comunidade infectada deve ser realizado.
intermediária estreitada (istmo), e
posterior globulosa (bulbo). O anel
ESTRONGILOIDÍASE nervoso contorna a parte estreita
adiante do bulbo.
Parasitose emergente, que causa morbidade e mortalidade
Intestino simples, de difícil observação pela presença dos
em áreas tropicais e subtropicais, principalmente em
órgãos genitais, terminando em ânus. O aparelho genital
indivíduos imunossuprimidos. A elevada prevalência,
contém útero anfidelfo, com até 28 ovos, ovários, ovidutos
facilidade de transmissão, caráter de cronicidade,
AVALIAÇÃO 1 – PARASITOLOGIA CLÍNICA II 9
e vulva situada no meio do corpo. Apresenta receptáculo Há dois tipos de larvas L3, larva
seminal. infectante derivada dos ciclos
direto ou indireto;
MACHO DE VIDA LIVRE autoinfectante que evolui no
interior do hospedeiro.
Aspecto fusiforme, com
extremidade anterior arredondada
e posterior recurvada ventralmente.
Menor que a fêmea de vida livre.
Apresentam primórdio genital formado, com Larvas rabditoides evoluem para filarioides no intestino, e
cauda pontiaguda. entram na parede intestinal (autoinfecção interna). Essas
larvas quando eliminadas nas fezes, podem contaminar a
É a forma diagnóstica. As larvas L1 eclodem
pele na região do glúteo e coxas, causando autoinfecção
no duodeno.
externa.
3. As larvas filarioides não se alimentam, e pela Esse mecanismo cronifica a doença por meses ou anos. Em
ausência da bainha, são menos resistentes. casos raros podem ser encontradas fêmeas
partenogenéticas nos pulmões. Pode aumentar a carga
Ovos são liberados pelas fêmeas partenogenéticas, que parasitaria no intestino e pulmões (hiperinfecção), ou
evoluem para larvas e são excretadas nas fezes. disseminar por vários órgãos (disseminada).
Depois de alguns dias na terra, evoluem para larvas Essa condição ocorre em indivíduos com estrongiloidiase e
filarioides infectantes. constipação intestinal por retardamento da eliminação do
material fecal.
As larvas penetram na pele de seres humanos, e migram
para a circulação sanguínea, atingem os pulmões, penetram
PATOGENIA
nos capilares pulmonares, sobem a árvores respiratória,
podem ser expectorados ou deglutidos e alcançam o É determinada pela interação parasito-hospedeiro.
intestino delgado.
Indivíduos com baixa carga parasitária geralmente são
Amadurecem em aproximadamente 2 semanas no lúmen assintomáticos ou oligossintomáticos. Formas graves são
intestinal em fêmea partenogenética, que deposita os ovos associadas à carga parasitária e fatores intrínsecos
na mucosa intestinal. (nutrição, imunidade, intervenções cirúrgicas).
Nesse local, as larvas rabditoides maturam, alcançam a luz Há lesões cutâneas nos pontos de penetração das larvas,
intestinal e são eliminados nas fezes do paciente. com reação celular apenas em torno de larvas mortas que
não conseguiram alcançar a circulação. Em casos de
No solo, as larvas se reproduzem até evoluir para verme
reinfecção há hipersensibilidade com formação de edema,
adulto de vida livre.
eritema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias.
Os ciclos direto e indireto se completam a partir da
Nos pulmões é caracterizado a tosse, expectoração, febre,
penetração ativa de larvas L3 na pele, ou em mucosas oral,
dispneia, hemorragia, infiltrado inflamatório, edema
esofágica ou gástrica do hospedeiro.
pulmonar e insuficiência respiratória.
Essas larvas secretam metaloproteinases que auxiliam na
No intestino há reação inflamatória, com aumento de
penetração e migração pelos tecidos.
secreção mucoide, má absorção intestinal, ulcerações, dor
Ao atingir os pulmões, as larvas se transformam em L4, e epigástrica, diarreia, náuseas, vômitos, perda de peso,
nesse processo há a troca da cutícula, esta que permanece desidratação.
no pulmão é antigênica, causando os sintomas de infecção.
DIAGNÓSTICO
O período da penetração da larva filarioide até a eliminação
Exame de fezes seriado. Testes imunológicos (ELISA).
de ovos larvados é aproximadamente de 15 a 25 dias.
Testes moleculares (PCR).
TRANSMISSÃO Métodos parasitológicos → Baermann-Moraes e Rugai.
HETEROINFECÇÃO
TRATAMENTO
Larvas filarioides infectantes L3 penetram na pele, ou pelas
Mebendazol, tiabendazol, cambendazol, albendazol e
mucosas. Normalmente ocorre na região plantar, ou nos
ivermectina.
membros inferiores. É o modo de transmissão mais comum.
AUTOINFECÇÃO EXTERNA
PROFILAXIA
Larvas rabditoides presentes na região perianal de Lavagem adequada de alimentos, utilização de calçados,
educação e higiene sanitária.
indivíduos infectados se transformam em larvas filarioides
infectantes e penetram novamente pela pele.
AUTOINFECÇÃO INTERNA