Você está na página 1de 24

08/09/2023

CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU


CURSO DE BIOMEDICINA

COPROLOGIA DOS RESÍDUOS ALIMENTARES


E ELEMENTOS ANORMAIS NAS FEZES

PARASITOLOGIA CLÍNICA
Profª. Hirisleide Bezerra Alves

A maioria dos parasitas intestinais, são diagnosticados


pelo exame Parasitológico de Fezes (E. P. F).

1
08/09/2023

ESTÁGIOS USUAIS DE DIAGNÓSTICO

Ovos e Larvas de helmintos;

Trofozoítos, Cistos e Oocistos de protozoários.

IDENTIFICAÇÃO SEGURA E CORRETA DE UM PARASITA

Critérios morfológicos - Colheita bem feita e boa preservação das


amostras fecais.

Obs.: Material fecal inadequadamente colhido, velho ou mal preservado -


pequeno valor diagnosticado.

Técnicas especiais

Um único E.P.F. negativo - sem valor diagnóstico.

Exame macroscópico das fezes deve sempre preceder ao exame


microscópio - vermes adultos, proglotes sem presença de ovos no
bolo fecal.

2
08/09/2023

COLETA DE MATERIAL

Qualquer evacuação do dia.

Fezes emitidas espontaneamente

a) Fatores a considerar

• Tipo do recipiente: (Limpo e seco, boca larga, vedação hermética


(impede o derrame e preserva a imunidade).

• Volume: Exames macro e microscópio satisfatórios - enviar ao


laboratório todo o bolo fecal - 20 a 30g.

• Não deve haver demora entre a coleta e a realização do E. P. F.

COLETA DE MATERIAL

DROGAS E COMPOSTOS QUÍMICOS

• Tetraciclinas - Microbiota intestinal normal - diminuição ou


ausência temporária de organismos nas fezes - parasitas
alimentam-se de bactérias intestinais - intervalo de 2 a 3
semanas após a administração.

• Bário ou Bismuto - (Contraste radiológico sulfato de bário)


ação abrasiva - destruição de trofozoítos.

3
08/09/2023

COLETA DE MATERIAL

b) Informações necessárias

• Nome do paciente;

• Número de identificação;

• Nome do médico;

• Data e horário da coleta;

• Requisição médica - sintomas clínicos e procedimentos laboratorial.

OBS.: Amostras fecais de pacientes imunodeprimidos (AIDS) - protegidos por


um invólucro de plástico e identificados com etiqueta vermelha ou HlV
positivo.

COLETA DE MATERIAL

c) Número de amostras: • Qualidade da amostra;

• Análise realizada;

• Gravidade da parasitose.

AMOSTRAS MÚLTIPLAS

• A possibilidade de encontrar parasitas, aumenta pelo exame de


amostras múltiplas em razão.

a) Da distribuição não uniforme dos ovos de helmintos.


b) Dos estágios dos protozoários.
c) das limitações das técnicas de diagnóstico.
d) Intermitência da passagem de certos parasitas.

4
08/09/2023

COLETA DE MATERIAL

• Exemplos:

- A. lumbricoides, Ancilostomideos e T. trichiura, emitem ovos com certa


continuidade - detectados diariamente nas fezes.

- Protozoários: emissão dos estágios. É irregular - cistos de G. lamblia:


intermitência de passagem com intervalos de 2 a 8 dias.

- Procedimento ideal: Coletar em dias separados, uma série de 3 amostras


em 10 dias ou uma série de 6 amostras em dias alternados, dentro de 14
dias.

COLETA DE MATERIAL

• Observações:

Antes de iniciar o tratamento: Coleta de 3 amostras - 2 evacuações normais


e depois da administração de um laxante.

Após o tratamento:

Para protozoários: Coleta de 3 amostras de 3 a 4 semanas após o


tratamento.

Para helmintos: Controle 1 a 2 semanas após o tratamento.

Para Tênias: Novo exame após 5 a 6 semanas.

5
08/09/2023

COLETA DE MATERIAL

FEZES EMITIDAS ATRAVÉS DE LAXANTES

a) Objetivo: Fezes liquefeitas (administração de laxantes) estabelecer e


confirmar diagnóstico de amebíase, giardiase e estrongiloidíase.

b) Indicação: (Solicitação médica) - série de exames negativos, pesquisa-se


ovos, larvas, cistos e trofozoítos.

c) Laxantes Indicados: laxantes salinos: Fosfato de sódio e sulfato de sódio


- menos danos morfológicos aos parasitas.

OBS.: Não são indicados óleos minerais - alterações nos parasitas.

COLETA DE MATERIAL

FEZES EMITIDAS ATRAVÉS DE LAXANTES

d) Procedimento: Fezes induzidas por laxantes - coletar todo o bolo fecal -


envio imediato ao laboratório, caso contrário - uma fração de amostra em
PVA.

e) Prática do uso de laxantes: Indicada para clínicas e hospitais onde as


amostras fecais são recebidas pelo laboratório imediatamente após a
coleta.

6
08/09/2023

ESTABILIDADE DAS AMOSTRAS

• Amostras líquidas: 30 minutos após a evacuação;

• Amostras pastosas: Examinar uma hora após a evacuação;

- Não sendo possível cumprir a orientação: o material deverá ser

preservado.

OBS.: Critérios de coleta e exame inadequados - Laboratório deverá


solicitar uma amostra adicional.

PRESERVAÇÃO

Amostras fecais não enviadas imediatamente ao laboratório

• Para se preservar a morfologia dos protozoários e prevenir um contínuo


desenvolvimento de alguns ovos e larvas de helmintos, pode ser usado:

• Preservação Temporária: refrigeração (3 a 5°C) em recipiente


hermeticamente fechados - evita o dessecamento - ovos, larvas e cistos
viáveis vários dias.

Exceção: Larvas de S. stercoralis e dos Ancilostomídeos. Poderão sofrer


alterações morfológicas.

7
08/09/2023

PRESERVAÇÃO

Amostras fecais não enviadas imediatamente ao laboratório

• Permanentes: (Trofozoítos, cistos, ovos e larvas).

Fixadores:

- Solução de formaldeído (Formol a 10%);

- Mertiolato - iodo – formaldeído (MIF);

- Álcool povilínico (PVA);

- Acetato de Sódio, Ácido Acético e Formaldeído (SAF).

OBS.: Solução de formaldeído – vantagem: fixa os cistos e destrói seu


poder patogênico.

OUTRAS AMOSTRAS

• Enteroparasitas - diagnóstico pelo exame das fezes;

• Outras amostras: urina, escarro, secreções urogenitais, raspados anais,


aspirados de abscessos, conteúdo duodenal - favorecem o diagnóstico de
vários parasitas.

8
08/09/2023

OUTRAS AMOSTRAS

• URINA: Diagnóstico de infecções por T. vaginalis (urina recente e 1° micção


matinal).

• ESCARRO: Encontra-se estágios de larvas de A. lumbricoides, S. stercoralis


e de Ancilostomídeos, protozoários com E. histolytica. O escarro é
examinado a fresco com solução de iodo.

• SECREÇÃO UROGENITAL: T. vaginalis - secreção urogenital do homem e


da mulher.

• SWAB ANAL: E. vermicularis - ovos depositados na região perianal - nas


fezes: Os ovos são detectados em nos mais de 5% dos indivíduos
infectados.

OUTRAS AMOSTRAS

• ASPIRADOS DE ABSCESSOS

• Abscessos pulmonares: E. histolytica.

• Abscessos hepáticos: E. histolytica.

• Aspiração do líquido hidático: no momento da cirurgia para a


extirpação do cisto (hidátide).

• Material de gânglios linfáticos, baço, fígado e LCR: T. cruzi (doença


de chagas).

• CONTEÚDO DUODENAL

• Recuperar e diagnosticar larvas de S. stercoralis e G. lamblia.

9
08/09/2023

PREPARAÇÃO E EXAME DE AMOSTRAS FECAIS

EXAME MACROSCÓPICO

• Amostras fecais sem preservadores permanentes.


• Exame Macroscópico, determinar:

• Consistência: As fezes normais são sólidas e contém 75% de água - fezes


formadas - semi formadas; pastosas e líquidas.
• Peso: O peso das fezes eliminadas em 24 horas - 100 a 150g por dia.
• Forma: Moldadas pelo esfíncter anal - cilindros mais ou menos uniformes.

• Nas diarreias - amorfa


• Na constipação intestinal - Cíbalas.

PREPARAÇÃO E EXAME DE AMOSTRAS FECAIS

EXAME MACROSCÓPICO
ESCALA DE BRISTOL

10
08/09/2023

PREPARAÇÃO E EXAME DE AMOSTRAS FECAIS

EXAME MACROSCÓPICO

• Cor: Normalmente - castanho parda.


• Odor: Cheiro característicos.
• Viscosidade: Pouco viscosa.
• pH: A reação é ligeiramente alcalina ou neutra.
Oscila entre 6.8 à 7.2 - na criança entre 5.0 e 6.0.

ELEMENTOS ANORMAIS

• Muco ou catarro: Indica sempre irritação ou inflamação do trato


intestinal.

• Sangue: Quando provém das parte altas do tubo digestivo - imprime


coloração negra às fezes (melena).

• Parasitas: Proglotes e vermes adultos.

11
08/09/2023

SUBSTÂNCIAS DE ORIGEM INTESTINAL

• Muco: Apresenta-se transparente;

• Hemácias: (raramente encontrados, pois são usadas com rapidez pelas


enzimas digestivas) – presença: Ulceração ou problemas hemorrágicos;

• Leucócitos (Neutrófilos): Indicativo de inflamação.

• Leucócitos (Eosinófilos): Resposta imune - pode ou não ter relação


com infecção parasitária.

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM ANIMAL

• Fibras musculares: São geralmente coradas de amarelo ou alaranjado -


sob três formas - cilindros alongados, corpos retangulares, faixas ovais.

Fases da digestão: a – Fibras musculares com estrias transversais


b – Fibras semidigeridas com estrias longitudinais
c – Fibras musculares bem digeridas
d – Restos vegetais (celulose)
e – Sabões calcários Fonte: Vallada, 1988

12
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM ANIMAL

• Tecido conjuntivo: Forma de feixes de filamentos alongados - fibras isoladas


sinuosas e refringentes - microscopicamente não tem grande valor
semiológico; pode chamar a atenção para possível insuficiência gástrica.

• Gorduras: Gorduras neutras, ácidos graxos e sabões;

 Gorduras neutras: Glóbulos ou gotículas;

 Ácidos graxos: Agulhas finas, longas e entrecruzadas;

 Sabões: Dificilmente reconhecíveis microscopicamente direto - sua formação


é devido a presença no intestino de cálcio e magnésio.

EXAME MICROSCÓPICO

Gordura
Gorduras Neutra
Neutras Cristais de ácidos
Ácidos Graxosgraxos

Aglomerado de sabões Cristais pequenos de sabões.


Cristais de Charcot-Leyden (maiores)

13
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL

• Amido: Amido intracelular - amido amorfo - amido cru.

Cutícula de gramínea trigo 1 e 2; Bactérias iodófilas e amido cru


amido de batata, 3

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL

• Amido: Amido intracelular - amido amorfo - amido cru.

Amido e celulose de banana Celulose digestível – 1. Amido de banana;


2. Amido de milho; 3. Amido de arroz; 4.
Amido de feijão

14
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL

• Elementos histológicos de alimentos

Mandioca cozida Feijão cozido

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL

• Elementos histológicos de alimentos

Chuchu cozido Batatinha cozida

15
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL

• Elementos histológicos de alimentos

Tomate Cru Elementos histológicos de tomate


a. Epicarpo; b. Célula do mesecarpo com matéria
corante e grão de amido alterado pelo calor; c.
dutos espiralóides; d. Endosperma.

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL

• Elementos histológicos de alimentos

Banana cozida Banana cozida

16
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL


• Elementos histológicos de alimentos

Elementos histológicos de laranja Elementos histológicos de abacaxi

EXAME MICROSCÓPICO

RESÍDUOS ALIMENTARES DE ORIGEM VEGETAL


• Elementos histológicos de alimentos

Pimentão Pêra nacional


A. Blocos de células pétreas
B. Dutos – células pétreas isoladas

17
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

OUTROS ELEMENTOS

• Flora Iodófila: Fermentação intestinal exagerada - Trânsito acelerado -


constituídos de lêvedos ou grandes bactérias;

• Lêvedos: Brotos (micélio gemulante)

EXAME MICROSCÓPICO

OUTROS ELEMENTOS

• Cristais: Ácidos graxos; fosfato-amoníaco magnesiano; oxalato de cálcio;


óxido de bismuto; Charcot-Leyden.

Infiltrado inflamatório

18
08/09/2023

EXAME MICROSCÓPICO

OUTROS ELEMENTOS

Cristais de bismuto

• Primeiras fezes da vida, excreção intestinal expulso por via retal pelo recém
nascido, nos 3 primeiros dias de vida.

• Coloração: Castanho - esverdeado.

• Diariamente: 4 a 6 deposições durante os 3 primeiros dias de vida.

• Reação ácida, seu pH, é em torno de 6,1 e é constituído por bile, células de
descamação do tubo digestivo, suco intestinal e gordura.

• O mecônio contém bilirrubina (pigmento de bile) que confere a sua cor.

19
08/09/2023

A Associação Médica Brasileira (AMB) sugere que:

• E.P.F. seja executado por 3 metodologias distintas para pesquisa de parasitas


intestinais.

Método geral como o de Lutz ou de Hoffmann, Pons e Janer (de fácil


execução e pouco dispendioso), um específico para cistos de
protozoários (Centrífugo-Flutuação) e um para a pesquisa de larvas de
helmintos (Sedimentação por Centrifugação).

• Coprológico funcional: Avaliar as funções digestivas abrangendo as provas


de digestibilidade macroscópicas, exames químicos e outras, cujos resultados
permitem diagnosticar os diferentes quadros que são agrupados em síndromes
coprológicas.

20
08/09/2023

Resumo da síndrome coprológica da INSUFICIÊNCIA GÁSTRICA

Fezes moles, superfície mais escura


Caracteres físicos
que a profundidade
Reação Alcalina

Tecido conjuntivo
Exame macroscópico Resíduos de carne
Grandes restos vegetais

Fibras de tecidos conjuntivo


Agrupamentos de fibras musculares
Exame microscópico
Abundantes cristais de oxalato de
cálcio

Resumo da síndrome coprológica de ACOLIA

Fezes esbranquiçadas, duras,


Caracteres físicos
pastosas ou líquidas

Reação Ácida

Exame macroscópico Aspecto brilhante

Numerosos cristais de ácidos


Exame microscópico
graxos solúveis no Sudan III

21
08/09/2023

Resumo da síndrome de FERMENTAÇÃO HIDROCARBONADA

Fezes moles, amarelo-ouro, com


bolhas de gás, aspecto esponjoso,
Caracteres físicos
crateras na superfície devidas ao
rompimento das bolhas

Reação Ácida
Aparência esponjosa, corando-se em
Exame macroscópico
violáceo pelo lugol

Flora iodófila, celulose digestível,


Exame microscópico amido intracelular e amorfo muito
abundantes

Resumo da síndrome coprológica da PUTREFAÇÃO

Fezes enegrecidas, pastosas, e com grande


Caracteres físicos quantidade de muco, se há colite
simultânea
Reação Alcalina
Muco. Fragmentos vegetais transparentes,
Exame macroscópico
celulose digestível

Amido amorfo abundante


Amido intracelular
Celulose digestível
Exame microscópico
Cristais de fosfato amoníaco-magnesiano
Muco e leucócitos se há simultaneamente
colite

22
08/09/2023

Resumo da síndrome coprológica JEJUNILEAL

Caracteres físicos Massa gelatinosa, amarelo-ouro

Reação Alcalina ou neutra

Aspecto granuloso, diluição fácil, não


Exame macroscópico
aderente

Fibras musculares mal digeridas


Gorduras neutras e ácidos graxos
Exame microscópico
Amido intracelular
Flora iodófila rara ou ausente

Resumo da síndrome coprológica CECAL

Fezes moles, amarelo-alaranjadas, de


Caracteres físicos
cheiro butírico

Reação Ligeiramente ácida ou neutra

Flocos de celulose digestível em via


Exame macroscópico
de digestão

Celulose digestível
Amido intracelular
Exame microscópico Amido amorfo
Acido graxos (cristais e gotículas)
Flora iodóflla abundante

23
08/09/2023

Hirisleide Bezerra Alves


hirisleidebezerra@gmail.com

Biomédica Patologista Clínica


Mestre em Genética
Especialista em Microbiologia
Especialista em Engenharia Genética

24

Você também pode gostar