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RESUMO DE NEMATÓDEOS INTESTINAIS E LARA MIGRANS

VISCERAL
Sophia Ramos de Godoy - 202327133
 Fazer resumo de ambos os capítulos abordando os seguintes aspectos:
 Biologia e Morfologia dos helmintos;
 Diagnóstico laboratorial;
 Prevenção.

Nematódeos intestinais
A estrutura básica de um nematódeo adulto, também conhecido como verme redondo, destacando que sua anatomia pode
ser encontrada como um tubo dentro de outro tubo. O tubo externo consiste na membrana externa do verme, coberto por
uma cutícula metálica e complexa, acompanhada de uma hipoderme delgada e uma musculatura somática composta por
células musculares lisas inervadas por células ganglionares ao redor do esôfago.
O tubo interno representa o trato digestivo, que inclui uma cavidade bucal, esôfago e um longo intestino com uma única
camada de epitélio colunar e microvilos proeminentes. O sistema excretor pode variar, sendo simples em alguns
nematódeos, como uma glândula excretória e um polo excretor, e mais complexo em outros, geralmente na forma de H.
Nematódeos intestinais de interesse médico são geralmente dioicos, ou seja, possuem sexos separados, com os machos
normalmente menores que as fêmeas. Durante a cópula, o esperma penetra no ovo, que é então revestido por uma casca
quitinosa impermeável, exceto para o dióxido de carbono e o oxigênio. Os ovos eclodir no hospedeiro ou no meio
ambiente, liberando larvas de primeiro estágio (L1), conhecidas como larvas rabditoides.
O desenvolvimento dos nematódeos envolve vários mudas ou ecdises, com a reconfiguração da biologia e fisiologia em
cada etapa. As larvas L3, na maioria dos nematódeos parasitas, representam uma forma infectante, capaz de penetrar na
pele do hospedeiro. Os vermes adultos geralmente se desenvolvem após a quarta muda e envolvidos ao quinto estágio de
desenvolvimento desses helmintos. Todos os nematódeos intestinais humanos são monoxenos, o que significa que têm
apenas um hospedeiro no ciclo de vida.
Várias técnicas para a detecção de ovos de helmintos em amostras de fezes disponíveis, ressaltando diferenças em termos
de praticidade e sensibilidade, dependendo do contexto epidemiológico e dos objetivos de diagnóstico. Técnicas simples e
de baixo custo são adequadas em áreas endêmicas de geo-helmintos, enquanto técnicas mais sensíveis e complexas são
justificadas em contextos de laboratórios de referência e em áreas de baixa endemicidade.
O exame direto de uma pequena quantidade de fezes é uma alternativa rápida, porém com sensibilidade relativamente
baixa. Técnicas de concentração, como sedimentação, centrifugação e flutuação, aumentam a sensibilidade diagnóstica. No
Brasil, a técnica de concentração de Hoffman, Pons e Janer é comumente usada, enquanto a técnica de Faust et al. também
é popular. Essas técnicas baseiam-se na sedimentação ou centrifugação das fezes para separar ovos de helmintos e cistos de
protozoários.
A prevenção de nematóides, que são vermes parasitas encontrados em humanos e outros animais, envolve uma série de
abordagens e estratégias. Isso inclui medidas de higiene pessoal, como lavar as mãos regularmente, especialmente após o
uso do sabonete e antes das refeições, a fim de evitar a ingestão de ovos de nematódeos que possam estar nas mãos
contaminadas. Além disso, o uso de calçados pode reduzir o risco de infecção por nematóides que podem penetrar na pele.

A acessibilidade à água potável também é um fator fundamental na prevenção, pois a ingestão de água contaminada por
ovos de nematóides pode levar à infecção. Beber água tratada e segura desempenha um papel importante na prevenção.
A melhoria das condições de saneamento, como o tratamento adequado de esgoto e o manejo adequado de resíduos
humanos, ajuda a reduzir a contaminação do ambiente com ovos de nematódeos, evitando a transmissão de infecções.
Campanhas educacionais desempenham um papel crucial para aumentar a conscientização sobre práticas de higiene e o
perigo da ingestão de água e alimentos contaminados. A educação em saúde também promove o uso regular de calçados,
especialmente em áreas de alto risco.
Em regiões onde as infecções por nematóides são endêmicas, programas de tratamento em massa com medicamentos
antiparasitários, como albendazol e mebendazol, são frequentemente implementados. Isso ajuda a reduzir a carga
parasitária na população e a controlar a propagação de infecções.
Além disso, a melhoria geral nas condições de vida, incluindo o acesso ao saneamento básico, habitação adequada e acesso
à água limpa, pode reduzir o risco de infecção por nematóides.
Em resumo, a prevenção de nematódeos é abordada por meio de uma combinação de medidas de higiene pessoal,
saneamento, educação em saúde e tratamento em massa, com ênfase na melhoria das condições ambientais. Essas
estratégias visam reduzir a transmissão e o impacto das infecções por nematódeos na saúde das populações

Lara migrans visceral


O gênero Toxocara pertence à ordem Ascaridida, superfamília Ascaridoidea e família Toxocaridae. A espécie Toxocara
canis possui um genoma com 317 milhões de pares de bases e quase 18.600 genes, incluindo proteínas de excreção e
substituição que desempenham papéis na interação com os hospedeiros.
Toxocara canis e T. cati são parasitos intestinais comuns em cães e gatos, mas existem outras espécies do gênero Toxocara
encontradas em diferentes animais, como raposas, guepardos, tigres e roedores. Além das espécies bem conhecidas, foram
descritas mais recentemente, como T. lyncis, encontrado em linces na Somália, e T. malaysiensis, encontrado em gatos
domésticos na Malásia.
Toxocara canis é particularmente relevante na etiologia da larva migrans visceral humana devido à alta prevalência de
infecção em cães jovens, à resistência de seus ovos em ambientes adversos e às características de seu ciclo biológico,
incluindo a migração larvária e a persistência em tecidos.
Os vermes adultos de T. canis possuem machos com 4 a 6 cm de comprimento e fêmeas maiores, atingindo 6 a 10 cm. A
diferenciação entre T. canis e T. cati pode ser feita com base nas asas cefálicas na extremidade anterior dos vermes adultos,
sendo estreitas em T. canis e largas em T. cati. As larvas L3 têm dimensões de aproximadamente 0,015 a 0,021 mm de
diâmetro e cerca de 0,4 mm de comprimento. Os ovos têm 85 μm de diâmetro. Os ovos eliminados pelos hospedeiros
tornam-se infectantes após algumas semanas de maturação, período em que as larvas sofrem duas mudas. Assim, os ovos
contendo larvas L3 são uma forma infectante. A diferenciação precisa dos ovos de T. canis e T. cati requer exame detalhado
com microscopia óptica e eletrônica de varredura.
O gênero Toxocara não elimina ovos nas fezes de seres humanos, e o diagnóstico é desafiador. A detecção de larvas em
biópsias ou necropsias é uma forma rara de diagnóstico, enquanto técnicas imuno-histoquímicas auxiliam na detecção de
antígenos do parasito em granulomas. Exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e
ressonância magnética, podem ajudar na identificação de lesões granulomatosas em diferentes órgãos.
O diagnóstico de toxocaríase frequentemente envolve a detecção de anticorpos específicos no soro, fluidos oculares e licor.
O exame imunodiagnóstico mais comum é o ELISA para anticorpos IgG, que utiliza antígenos de excreção e estimulação
de larvas L3 de T. canis. Outras parasitas podem causar reatividade cruzada em áreas com alta prevalência dessas
parasitoses, mas a especificidade pode ser melhorada pela absorção de soros. O imunoblotting com anticorpos contra
frações de baixa massa molecular (24 a 35 kDa) também é altamente específico para a toxocaríase.

Antígenos recombinantes específicos para Toxocara foram desenvolvidos para detectar anticorpos IgG e IgE, mas ainda
não estão disponíveis para diagnóstico de rotina. Os anticorpos IgG anti-Toxocara persistem por longos períodos, e a
presença contínua de larvas nos tecidos mantém os antígenos por anos. Não há métodos para confirmar a morte do parasito
após o tratamento. Testes de prevenção de anticorpos IgG podem ajudar a distinguir infecções recentes de infecções
anteriores.
A quantificação da carga parasitária pode ser feita através de ensaios ELISA "sanduíche" usando anticorpos monoclonais,
mas esses métodos não estão disponíveis para diagnóstico de rotina. A ocorrência em cadeia da polimerase (PCR) pode
identificar diferentes espécies de nematódeos teciduais, com regiões ITS-1 e ITS-2 dos genes de RNA ribossômico de T.
canis sendo alvos comuns para diagnóstico por PCR em várias amostras.
Na toxocaríase ocular, os níveis de anticorpos séricos são mais baixos do que na forma visceral. Portanto, o diagnóstico
pode ser feito por pesquisa de anticorpos no humor aquoso, e a produção intraocular de anticorpos pode ser avaliada pelo
coeficiente de Goldmann-Witmer, que considera a concentração de anticorpos no humor aquoso e no soro, bem como a
concentração de IgG total em ambos os fluidos. Um coeficiente de Goldmann-Witmer superior a 3 indica produção
intraocular de anticorpos específicos.
A soroprevalência da toxocaríase varia em diferentes nações, com níveis de 2% na Dinamarca a 93% na Ilha da Reunião,
no Oceano Índico. Essa infecção é mais comum em países tropicais e em desenvolvimento, especialmente em áreas rurais,
e afeta mais frequentemente crianças. Nos Estados Unidos, a soroprevalência é estimada em cerca de 5%. Na África, a
toxocaríase humana é prevalente em todo o continente, com soroprevalência superior a 80% em algumas populações da
costa ocidental. No Brasil, a prevalência de anticorpos IgG anti-Toxocara varia de 10% a 50%. A contaminação ambiental
por ovos de Toxocara é documentada em parques, jardins e tanques de areia em diversas cidades de climas tropicais e
temperados.
O tratamento de cães filhotes e cadelas no puerpério é uma das principais medidas para reduzir a infecção humana. O
tratamento deve ser realizado na segunda, quarta, sexta e oitava semanas de vida dos filhotes, com a mãe recebendo a
primeira dose junto com a ninhada. O medicamento utilizado para o tratamento de animais com infecção é o fenbendazol,
com doses variando entre 20 mg/kg para filhotes e 50 mg/kg para cães adultos.
Outras medidas para reduzir a transmissão da toxocaríase incluem a prevenção da contaminação ambiental por fezes de
cães, o controle da população de cães e gatos errantes e a conscientização da população sobre o potencial zoonótico desses
nematódeos. Restringir o acesso de animais domésticos a áreas públicas, como parques e praias, é essencial. Também é
importante cercar quintais para evitar a contaminação por fezes de animais. Além disso, medidas de higiene pessoal, como
lavar as mãos antes das refeições, são recomendadas para prevenir a infecção por Toxocara.

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