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Estudo

Dirigido de Nematóides
Disciplina RCB 0206
Profa Munira Baqui


Bibliografia sugerida:
1- livro de Parasitologia Humana, David Pereira Neves et al, 11a edição
2- Livro: Bases da Parasitologia Médica. Luis Rey, 4a edição. Editora Guanabara
Koogan, 2008
3- Qualquer outro livro de Parasitologia disponível
4- Artigos anexados junto deste ED

Introdução
Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2018 mostram há mais de
1 bilhão de pessoas contaminadas com nematoides no globo conforme a tabela abaixo:










Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, avanços científicos e
tecnológicos, adoção de um modo de vida mais saudável, atitudes profiláticas em
relação às enfermidades, melhores condições de higiene e outros fatores associados,
tiveram como resultado um considerável aumento na expectativa de vida e no
consequente crescimento da população.
No decorrer do século XX, os progressos da Parasitologia foram notáveis e,
incorporando métodos e técnicas desenvolvidos em outras áreas, como os da
Microscopia Óptica e Eletrônica, da Imunologia, da Biologia Molecular, da
Quimioterapia, da entre outros, chegando-se a conhecimentos bastante profundos
sobre os Omics, a sistemática, a estrutura e ultraestrutura, a fisiologia, a patologia e a
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ecologia da maioria dos parasitos. Consequentemente, houve significativo avanço no
diagnóstico, no tratamento e no controle das enfermidades infecciosas e parasitárias
em suas respectivas áreas endêmicas. (Textos do Livro Parasitologia- Fundamentos e
Prática Clinica, Siqueira-Batista et al, 2020). Editora Gen.)


Introdução sobre os Nematóides

Filo Nematoda
O filo Nematoda, ou vermes cilíndricos, reúne mais de 24.000 espécies descritas em
todo o mundo, apresentando formas parasitárias ou de vida livre. Os nematoides de
vida livre podem ser encontrados em todos os tipos de ambientes (terrestres, marinhos
e dulcícolas), e as formas parasitárias encontram-se na maior parte do reino animal
(especialmente vertebrados) e em plantas.

Morfologia
Os nematoides apresentam corpo cilíndrico e não segmentado, simetria bilateral,
cavidades internas preenchidas por líquido com função de esqueleto hidrostático
(pseudocelomados), ausência de sistema circulatório e de ventosas, e presença de
sistema digestivo completo. Ao longo de todo o corpo, possuem fibras musculares
dispostas longitudinalmente, permitindo ao animal fazer movimentos somente de
flexão. Todo o corpo é revestido por uma camada acelular (cutícula) lisa (sem cílios)
secretada pela hipoderme subjacente, o que lhe confere maior resistência corporal ao
ambiente.

Digestão e excreção
O hábito alimentar varia de acordo com a espécie e o ambiente: nematoides de vida
livre podem se alimentar de matéria orgânica e microrganismos, como fungos e
bactérias, enquanto nematoides de hábito parasitário se alimentam de substâncias do
hospedeiro, como componentes do sistema circulatório (em animais) e seiva ou tecido
vegetal (em plantas).
Os nematoides apresentam sistema digestivo completo (boca, esôfago, intestino e
ânus).

Sistema respiratório

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Os nematoides não apresentam sistema respiratório. As trocas gasosas ocorrem por
difusão simples por meio da respiração cutânea.

Sistema nervoso
Os nematoides contam com um gânglio nervoso em forma de anel ao redor do esôfago,
de onde se estendem nervos até as estruturas de função sensorial, geralmente
localizadas nas extremidades anterior e posterior do animal.

Ciclo biológico e reprodução
A maioria das espécies são dioicas e com dimorfismo sexual, sendo os machos
geralmente menores do que as fêmeas. Algumas espécies são hermafroditas. Os machos
também podem apresentar cauda recurvada ventralmente ou bolsa copulatória. A
reprodução pode ser sexuada (maioria das espécies) ou assexuada (por
partenogênese). O ciclo de vida dos nematoides pode ser monoxeno ou heteroxeno.
Espécies dioicas realizam a fecundação interna por meio da cópula.
O desenvolvimento embrionário dos ovos pode ocorrer no ambiente externo ou dentro
da fêmea. As larvas de algumas espécies podem eclodir ainda no útero da fêmea. O
desenvolvimento pós-embrionário é caracterizado pelas trocas de cutículas, sendo
observado cinco estágios larvais (L1, L2, L3, L4 e L5), além do verme adulto.

Resposta imunológica às infecções por helmintos
A resposta imune inata – incluindo o sistema complemento – auxilia na resposta às
infecções helmínticas; entretanto, é a resposta imune adquirida, caracterizada pela
produção de anticorpos e ativação das células T, que parece ser mais efetiva contra a
infecção (Abbas et al., 2015). As moléculas de IgE se ligam aos mastócitos ou aos
basófilos circulantes e induzem a liberação de mediadores responsáveis pela
hipersensibilidade, como a histamina. Estes, quando liberados, levam à destruição dos
helmintos (Abbas et al., 2015). Uma característica marcante de infecções helmínticas é
a eosinofilia, diretamente associada à presença ou à migração dos vermes.

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Parasitose 1:

Ascaridíase:
A ascaridíase é uma parasitose intestinal causada pelo nematoide Ascaris lumbricoides,
popularmente conhecido como lombriga. É nematódeo de cor clara, corpo cilíndrico e
extremidades mais finas, que costuma ter entre 15 e 50 cm de comprimento.
A infecção pelo Ascaris lumbricoides ocorre em todo mundo, mas ela é mais prevalente
em países de clima quente, prevalência em regiões menos desenvolvidas, condições
sanitárias precárias e crescimento urbano desorganizado.
A ascaridíase pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum nas crianças entre 2
e 10 anos. Na maioria dos casos, a infecção pelo Ascaris lumbricoides é assintomática.
Todavia, pacientes com número elevado de vermes em seu trato gastrointestinal
podem apresentar sintomas na fase de migração da larva ou durante a fase adulta do
verme.
Entenda o ciclo celular do parasito, consulte a bibliografia sugerida














Neste ponto, entenda a patogênese da interação do áscaris com o Hospedeiro e as
manifestações clínicas mais comuns da ascaridíase. Siga o roteiro.

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Parasitose 2:
Ancilostomíase


“O jeca não é assim, ele está assim”. Um dos personagens
mais populares da cultura brasileira, o Jeca Tatu (criação de
Monteiro Lobato) era vítima da ancilostomose, doença que
atingia grande parte da população dopaís no início do século 20.

A ancilostomíase ou ancilostomose é uma doença característica
das regiões tropicais e subtropicais. É mais comum em
populações que não têm acesso à rede sanitária e em locais com poucos recursos
financeiros. Acomete, principalmente, crianças e adolescentes, mas uma parcela
significativa de adultos já contraiu ou está sob risco de adquirir a doença (Brooker,
2004). O Saneamento básico e educação sanitária são medidas básicas de controle, além
do tratamento dos doentes, incluindo suplementação alimentar para reposição de ferro
e proteínas. Uso de calçados, lavar as mãos e alimentos e beber água filtrada ou fervida
são também medidas preventivas.
Ancylostoma duodenale e Necator americanus são os dois principais ancilostomatídeos
de humanos, responsáveis pela ancilostomíase, uma doença de curso crônico que pode
ter um desfecho fatal. A morbidade relacionada à ancilostomíase varia de leve,
moderada a grave, dependendo da carga parasitária.
Outras espécies como Ancylostoma braziliense, A. caninum e A. ceylanicum infectam
principalmente cães e gatos e, ocasionalmente, o homem, que atua como hospedeiro
paratênico.

Entenda o ciclo de vida do parasito (Necator americanus ou Ancylostoma
duodenalis.
Você deve consultar a bibliografia sugerida e responder o roteiro

Os ancilostomatídeos adultos são hematófagos e produzem proteases e anticoagulantes
durante sua alimentação, motivo pelo qual quando um parasito muda seu local de
fixação na mucosa intestinal, segue a perda de sangue pela lesão formada até que o
efeito dessas substâncias termine. A patogenia da enfermidade é diretamente

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proporcional à carga parasitária. A anemia causada pelo intenso hematofagismo
exercido pelos vermes adultos é o principal sinal da ancilostomose.

Neste ponto, entenda a patogênese da interação do ancilostomídeo (Necator
americanos ou Ancylostoma duodenalis) com o Hospedeiro e as manifestações
clínicas na invasão e persistência da parasitose.
Consulte a bibliografia recomendada e responda o roteiro.

Parasitose 3:
Estrongiloidíase:
A estrongiloidíase é a infecção causada pelo nematoide Strongyloides stercoralis, uma
doença tropical negligenciada, de ocorrência mundial, afetando até 100 milhões de
pessoas em todo o mundo, boa parte das quais assintomáticas.
O ciclo de vida do S. stercoralis é bastante complexo, abrangendo as existências de
formas livre e parasitária. O helminto apresenta diferentes estágios: fêmeas
partenogenéticas (parasitárias), ovos, larvas em diferentes fases e adultos machos e
fêmeas de vida livre (veja figura abaixo).














Entenda os ciclos biológicos sexuado e partenogenético do S. stercoralis.
Consulte a bibliografia recomendada e responda o roteiro.

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Um aspecto importante na biologia do parasito é que um número de larvas rabditoides
transforma-se em filarióides dentro do intestino, penetrando na mucosa colorretal
(autoinfecção interna) ou na pele perianal (autoinfecção externa) e completam o ciclo
sem deixar o hospedeiro, assim a infecção persiste por longos períodos. Geralmente
essa forma de autoinfecção está associada a fatores como imunossupressão,
constipação intestinal e outras condições que possam reduzir a motilidade intestinal.

Entenda a relação que o estrongilóides tem com seu hospedeiro e descreva a
patogênese dessa interação do com o Homem. Também descreva as principais
manifestações clínicas que ocorrem.
Consulte a bibliografia recomendada e o acesse o roteiro.

Os humanos infectados podem manifestar quadros agudos ou assintomáticos crônicos
da estrongiloidíase (Krolewiecki; Nutman, 2019). Nos agudos, os pacientes podem
apresentar dermatite leve transitória, pruriginosa e eritematosa, seguida de tosse,
dores de garganta e abdominais. A doença crônica, por sua vez, é com frequência
subclínica, indetectável e persistente por anos. As manifestações mais complexas
ocorrem em idosos e em enfermos imunocomprometidos, marcadamente naqueles
pacientes que fazem uso de imunossupressores.
Nos casos de infecção com alta carga parasitária associadas à infecção por S. stercoralis:
pode ocorrer duas situações clínicas graves: a síndrome de hiperinfecção e a forma
disseminada da estrongiloidíase.

Entenda como ocorre o quadro de hiperinfecção e a forma da estrongiloidíase
disseminada. Consulte a bibliografia recomendada e o roteiro.

Referências:
Abbas AK et al. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.
Brooker S, Bethony J, Hotez PJ. Human hookworm infection in the 21st century. PMC Adv Parasitol
2004; 58:197-288).
Krolewiecki; Nutman, 2019; Strongyloidiasis: A Neglected Tropical Disease. Infect Dis Clin,
2019;33(1):135-51).

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