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Filo Nematoda

Características gerais

• Existem cerca de 25.000 • Parasitam virtualmente


espécies de Nematoda todo tipo de animal e
muitas plantas
• Habitam os mares, água
doce e solo, das regiões
polares aos trópicos, e dos
topos de montanhas ao
fundo do mar.
Características gerais

• Vida livre: alimentam-se • Predadoras: alimentam-se


de bactérias, leveduras, de rotíferos, tardígrados,
hifas de fungos e algas. pequenos anelídeos e outros
nematódeos.

• Eles podem ser saprozoicos


(orgânicas mortas ou em • Muitas espécies alimentam-
decomposição) ou
se de seiva de plantas
coprozoicos (que vivem em
matéria fecal). superiores.
Forma e função

As características singulares
desse grande grupo de animais
são a sua eutelia, a forma
cilíndrica; a cutícula de tecido
morto flexível; a ausência de
cílios ou flagelos móveis (exceto
em uma espécie), e os músculos
da parede corporal.
Forma e função

A maior parte dos nematódeos


tem menos de 5 cm de
comprimento, e muitos são
microscópicos, porém alguns
nematódeos parasitos têm mais
de 1 m de comprimento.
Forma e função

O revestimento externo do
corpo é uma cutícula
relativamente grossa, não
celular, secretada pela epiderme
subjacente (hipoderme).
Forma e função
A maioria dos nematódeos é dioica. Os machos são
menores que as fêmeas, e a região posterior
apresenta, geralmente, um par de espículas
copulatórias. A fertilização é interna e os ovos são,
tipicamente, armazenados no útero.
Nematódeos parasitos
representativos
Quase todos os vertebrados e muitos invertebrados são parasitados por
nematódeos. Muitos destes são patógenos importantes para os humanos e os
animais domésticos.
Ascaris lumbricoides | A grande lombriga dos seres humanos

Ascaris lumbricoidesé um dos


parasitos nematódeos mais comuns
nos seres humanos; as pesquisas
mostram uma prevalência de mais
de 25% em algumas áreas do
Sudeste dos EUA, e mais de 1,27
bilhão de pessoas infectadas
mundialmente.
Uma fêmea de Ascaris pode
depositar 200.000 ovos por dia,
que são carregados pelas fezes
do hospedeiro. Dadas as
condições propícias no solo, os
embriões desenvolvem-se em
juvenis infectantes em 2
semanas.
1. Os vermes adultos vivem no
intestino delgado das pessoas.
Ali, as fêmeas podem produzir
cerca de 200 mil ovos por dia.
Os ovos são excretados com as
fezes.
2. Apenas ovos fertilizados
causam infecção.

3. Os ovos fertilizados se
desenvolvem no solo. Os ovos
se desenvolvem melhor em solo
úmido, quente e sem luz solar
direta.
4. As pessoas se infectam ao
engolir os ovos de Ascaris,
muitas vezes no alimento que
entrou em contato com solo
contaminado por fezes
humanas contendo ovos
fertilizados de Ascaris.
5. Os ovos eclodem e liberam as
larvas no intestino.

6. As larvas penetram na parede


do intestino delgado e
percorrem os vasos linfáticos e
a corrente sanguínea até
chegarem aos pulmões.
7. Uma vez no interior dos
pulmões, as larvas passam para
os sacos de ar (alvéolos) nos
pulmões, deslocam-se para o
aparelho respiratório, vão para a
garganta e são engolidas. Ao
chegarem ao intestino delgado,
as larvas se desenvolvem em
vermes adultos.
Sintomas de ascaridíase

• A migração das larvas de Ascaris pelos pulmões pode causar febre, tosse,
respiração sibilante e, às vezes, sangue na expectoração (escarro).
• A presença de um grande número de vermes pode provocar cólicas
abdominais e, por vezes, sua obstrução.

• Algumas vezes, os vermes adultos migram para a boca ou nariz, são


vomitados ou expulsos pelas fezes, situações que podem ser
psicologicamente agonizantes.
Diagnóstico de
ascaridíase
• Exame de uma amostra de fezes
Prevenção de ascaridíase

• Lavar muito bem as mãos com água e sabão antes de manusear


alimentos
• Lavar, descascar e/ou cozinhar todos os legumes, verduras e frutas
crus antes de comê-los, principalmente os que foram cultivados em
áreas em que fezes humanas ou de porcos são usadas como
fertilizante
• Não defecar ao ar livre, exceto em latrinas com eliminação correta
de esgoto.
Tratamento de
ascaridíase
• Um medicamento usado para tratar infecções por vermes
(medicamento anti-helmíntico).
Trichuris trichiura | Tricuríase

A tricuríase, assim como a


ascaridíase, ocorre no mundo todo
e é mais prevalente entre as
crianças. É comum a concomitância
das duas parasitoses em um mesmo
indivíduo devido à igualdade de
condições necessárias para a
transmissão e o desenvolvimento
dos seus agentes.
Habitat
O T. trichiura vive no intestino grosso, principalmente na
região cecal, com a cabeça mergulhada na mucosa.

Transmissão
A transmissão da tricuríase ocorre pela ingestão de ovos
larvados do parasito através da água ou alimentos contaminados.
Patogenia
O T. trichiura mergulha a cabeça na mucosa do ceco
e secreta substância lítica produzida pelas glândulas
esofagianas, causando úlceras e sangramento.
Quando a carga parasitária é grande, os vermes
podem atingir o reto e, nesse caso, observa-se
edema e sangramento da mucosa local.

Diagnóstico
O diagnóstico da tricuríase é feito pelo exame
parasitológico das fezes para pesquisa de ovos do
parasito à microscopia comum.
Enterobiose, ou oxiuríase
A enterobiose, doença cosmopolita que atinge principalmente as crianças, é a
helmintose mais comum nos países desenvolvidos e de clima temperado.

Enterobius vermicularis, que são vermes nematódeos com menos de 15 mm de


comprimento e que parasitam o intestino dos mamíferos, principalmente primatas,
incluindo o homem.
Ao serem ingeridos, os ovos sofrem
a ação do suco gástrico, libertando
as larvas, que se dirigem ao ceco,
onde se fixam e evoluem até o
estágio adulto; nesse local, macho e
fêmea acasalam, guardando a fêmea
os ovos fecundados
O macho morre após a cópula e é
expulso junto com as fezes. A
fêmea então migra para o cólon
distal e para o reto. De noite, a
fêmea sai do reto, passando pelo
esfíncter e deposita os ovos na
mucosa anal e pele perianal, do
lado externo do corpo, voltando
depois para o interior.
Esse processo é extremamente
irritante porque, ao contrário da
mucosa do intestino, a mucosa
anal e a pele são muito sensíveis e,
então, os movimentos da fêmea
são percebidos pelo hospedeiro
como prurido.
A duração do ciclo é, em média, de 30 a 50 dias. Em relação às manifestações
digestivas, a maioria dos pacientes apresenta náuseas, vômitos, dores abdominais em
cólica, tenesmo e, mais raramente, evacuações sanguinolentas. Nas mulheres, o verme
pode migrar da região anal para a genital, ocasionando prurido vulvar, corrimento
vaginal, eventualmente infecção do trato urinário
Ancilostomíase
Doenças causadas pelos Ancilostomídeos das espécies Ancylostoma duodenale ou
Necator americanus. Essas verminoses, também conhecidas como “amarelão”, têm
grande prevalência em regiões quentes e úmidas de solo arenoso

Os vermes causadores dessas helmintoses têm o peridomicílio como o principal


foco de contaminação da população. Isso se deve ao fato de que o único
hospedeiro para esses parasitas é a espécie humana.
• Os ovos dos helmintos causadores da
ancilostomíase têm forma ovalada, casca
fina e trans- parente, e um espaço largo e
claro entre a casca e o conteúdo dos ovos.

• Os vermes adultos alcançam


aproximadamente um centímetro de
comprimento. Possuem corpo cilíndrico,
rígido, somente afilado nas extremidades.
Os machos apresentam na extremidade
posterior uma expansão chamada bolsa
copuladora
As formas de transmissão dessa
verminose acontecem por
penetração ativa das larvas
filarioides infestantes na pele ou
mucosas, principalmente nas
regiões dos pés, pernas, nádegas e
mãos, como também pela ingestão
das larvas junto com os alimentos.
Infectado pelo parasita, o
indivíduo apresentará os
seguintes sintomas:
• Lesão Cutânea:
Hipersensibilidade com irritação
local, prurido, edema. Ocorre na
parte superior dos pés, nas
pernas, nádegas e regiões
interdigitais;
Infectado pelo parasita, o
indivíduo apresentará os
seguintes sintomas:
• Lesão pulmonar: Presença de
focos hemorrágicos (onde as
larvas perfuram as paredes
alveolares), edema e presença de
líquido na luz alveolar. O
indivíduo apresenta um quadro
semelhante à pneumonia, com
tosse, febre etc;
Infectado pelo parasita, o
indivíduo apresentará os
seguintes sintomas:
• Lesão da mucosa intestinal e
espoliação sanguínea: Vermes
se alimentam de sangue e
dilaceram a mucosa intestinal,
ocasionando pequenas
hemorragias. Estabelecem uma
anemia de evolução lenta,
acompanhada de perturbações e
cólicas abdominais.
Larva Migrans
A síndrome Larva Migrans é causada pela migração de larvas de helmintos
nematódeos parasitos de animais, através da pele, órgãos internos ou globo ocular
do homem, hospedeiro não habitual desses parasitos.

Esse parasitismo tem distribuição geográfica cosmopolita, sendo mais frequente nos
países tropicais e subtropicais.
Larva Migrans
Cutânea (LMC)

• As espécies que mais


comumente causam a LMC são
Ancylostoma caninum e
Ancylostoma braziliense,
parasitos do intestino de cães e
gatos.
Os animais eliminam ovos nas fezes, os
quais eclodem no meio ambiente liberando
a larva L1, que sofre mudas até L3, forma
infectiva.
• Após penetração através da pele
do homem, a larva migra pelo
tecido subcutâneo durante semanas,
ocasionando erupções na pele em
formato sinuoso, motivo pelo qual a
síndrome é conhecida popularmente
como “bicho geográfico”.
• Causa intenso prurido e o ato de
coçar com as unhas pode ocasionar
contaminação secundária
bacteriana.
Larva Migrans Visceral (LMV)
As espécies que mais comumente causam a LMV são Toxocara canis e Toxocara
cati, que têm como hospedeiros habituais cães e gatos.

As fêmeas de T. canis produzem cerca de 200.000 ovos por dia que, após liberados
no solo com as fezes desses animais hospedeiros, tornam-se larvados.
A larva sofre duas mudas
para, então, em duas a
cinco semanas, o ovo
tornar-se infectivo, desde
que haja temperatura
entre 15 e 35 ºC e
umidade elevada.
O homem, por não ser o hospedeiro Ocorre então a síndrome LMV, conhecida
normal do T. canis, ao ingerir ovos também como toxocaríase visceral, que acomete
infectivos presentes nos alimentos ou principalmente crianças até 5 anos de idade, mas
água contaminados, terá migração das também ocorre em adultos, especialmente se
larvas nos tecidos, ao invés do ciclo ingerirem grandes quantidades de ovos.
normal do parasito.
Logo após a infecção, as larvas invadem o fígado, onde permanecem
quiescentes e induzem formação de granulomas eosinofílicos.

Pode ocorrer invasão do globo ocular pelas causando a síndrome LMO ou


toxocaríase ocular, de que falaremos adiante.
Filarioses
As filarioses são causadas por várias espécies de nematodas de corpo muito delgado,
parecendo fios de cabelo, que atingem o sistema circulatório, linfático, músculos ou
cavidades serosas do homem e têm artrópodes como vetores.
Filariose linfática (filariose bancroftiana, bancroftose, ou
elefantíase)

A filariose linfática, ou elefantíase, como é


conhecida na sua fase avançada por causar
aumento e deformação dos membros
inferiores, dentre outras regiões do corpo, é
uma parasitose que atinge somente o homem.
É transmitida por um culicídeo, o Culex
quinquefasciatus.
Os vermes adultos possuem o corpo delgado e
cor branco-leitosa. Os machos medem cerca de 4
cm por 0,1mm e possuem a cauda enrolada
ventralmente; as fêmeas têm o dobro do
tamanho do macho e possuem a cauda afilada.
No inseto vetor, a microfilária dá origem à
larva de 1º estádio (L1), com cerca de 300
μm, que muda para larva de 2º estádio (L2),
medindo em torno de 900 μm e, após nova
muda, origina a larva de 3º estádio (L3),
com cerca de 1,5 mm de comprimento,
sendo essa a forma infectiva para o homem.

Os vermes adultos enovelados habitam os


vasos linfáticos e linfonodos. As
microfilárias.
A transmissão da filariose linfática
para o homem ocorre pela
deposição de larvas L3, infectivas,
na pele da pessoa picada pelo
vetor, fêmea do C.
quinquefasciatus. A larva, atraída
pelo calor da pele, escapa do lábio
do mosquito, sendo depositada na
pele e em seguida pentrando na
região lesada.
A maioria das pessoas é assintomática, mas quando as manifestações clínicas aparecem, são
muito variadas. De modo geral, os vermes adultos causam obstrução dos vasos linfáticos e
processo inflamatório, gerando estase linfática, linfangite, linfadenite e derramamento
linfático nos tecidos, que provocará em fase crônica, o edema linfático.

Este pode ocorrer na cavidade abdominal ou torácica, nas pernas (elefantíase), mamas,
escroto e outros tecidos, podendo se manifestar 10 a 15 anos após a infecção.
Para o tratamento da filariose linfática,
há disponibilidade de droga eficaz, a
dietilcarbamazina (DEC), distribuída pela
FUNASA (Fundação Nacional da Saúde),
que atua corrigindo as alterações como
edema e elefantíase. Quanto mais cedo
for iniciado o tratamento, tanto melhor
será o resultado.

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