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PARASITOLOGIA GERAL

Rafaela Cristina de Souza Duarte

UNIDADE 03
INTRODUÇÃO
Abordaremos algumas doenças
causadas por organismos parasitas do
grupo dos protozoários e dos
helmintos, de importância médica
considerável. Ao longo dos capítulos
dessa unidade, veremos as estratégias
utilizadas pelos parasitas para
desenvolverem seus ciclos de vida no
interior de seus hospedeiros e como
suas atividades podem gerar quadros
clínicos diversificados.
OBJETIVOS
1. Descrever aspectos gerais do parasita Trypanosoma cruzi e da doença
causada por este organismo, a Doença de Chagas.
2. Identificar aspectos gerais do parasita Toxoplasma gondii e da doença
causada por esse organismo, a Toxoplasmose.
3. Elencar gerais do parasita Fasciola hepática, além dos aspectos
epidemiológicos da doença causada por este parasita, a Fasciolose.
4. Reconhecer aspectos gerais, assim como, as formas de transmissão,
profilaxia, diagnóstico e tratamento e aspectos epidemiológicos da
doença causada por este parasita, a Tricuríase.
ESTUDO DO PARASITA TRYPANOSOMA CRUZI
Dentre as espécies do grupo dos
tripanossomos que ocorrem nas
américas, o Tripanosoma cruzi é o
mais importante deles do ponto de
vista clínico, tendo em vista que ele
é o causador da doença de chagas,
que pode acometer os sistemas
cardíaco e gastrointestinal.
No Brasil, existem duas linhagens de Tripanosoma cruzi:
Linhagem patogênica: Forma que é transmitida ao homem, causadora da doença
de Chagas e transmitida pelo inseto da espécie Triatoma infestans.
Não patogênica ou Trypanosoma cruzi do tipo I: Forma causadora de zoonoses,
raramente infeta o homem e quando isso ocorre, o ser humano manifesta quadros
benignos ou assintomáticos da doença de Chagas.
O Trypanosoma cruzi é um parasita flagelado, ou seja, que possuem flagelos como
estruturas locomotoras. Em seu ciclo de vida esse parasita exibe formas
morfológicas diversas, tais como:
Amastigotas: São formas ovóides, muito pequenas medindo em média 4
micrometros de diâmetro.
Epimastigotas: Apresentam-se com dimensões e formas bastantes variáveis. Na
maioria das vezes são encurvados.
Tripomastigotas: Formas pequenas medindo no máximo 25 micrometros de
diâmetro, com extremidades afiladas.
CICLO DE VIDA
O ciclo de vida desses indivíduos é do
tipo heteróxeno, e ocorre com a
presença de um hospedeiro
intermediário, que, neste caso, é um
inseto da espécie Triatoma infestans,
conhecido popularmente como
barbeiro, o qual se infecta ao sugar o
sangue de humanos ou de animais
parasitados e um hospedeiro
definitivo vertebrado. No hospedeiro
humano encontram-se as formas
intracelulares e no inseto vetor as
extracelulares. (Neves, 2002).
No inseto, o parasita encontra-se alojado no intestino e no reto nas formas
esferomastigota e epimastigota. No momento em que o inseto está se alimentando
do sangue humano, ele pode defecar, eliminando os parasitas em sua forma
infectante. Esses podem penetrar na pele do hospedeiro por meio do orifício
deixado pela picada do inseto.
No interior do hospedeiro humano, os parasitas na sua forma amastigota invadem
células de defesa chamadas de fagócitos, dentro das quais se reproduzem e
transformam-se em formas tripomastigotas, que provocam a lise (rompimento das
células), acarretando a liberação dos mesmos na corrente sanguínea, sendo
carreados então, para o resto do corpo.
Ela é transmitida por intermédio do inseto vetor da espécie Triatoma infestans.
Este inseto é classificado como um hemíptero hematófago (que se alimenta de
sangue) de diversos grupos de vertebrados, incluindo o homem. (NEVES, 2002). O
inseto transmissor da doença pode apresentar diversos nomes populares de acordo
com a região em que se encontra, tais como: Barbeiro, bicho-de-parede, chupão,
entre outros.
A organização mundial da saúde (OMS) estima que cerca de 6 milhões de pessoas
no Brasil estejam acometidas pela doença de Chagas. Apesar de existirem outras
formas de transmissão da doença, as fezes do inseto é a de maior importância
epidemiológica.
O controle da doença de Chagas consiste, principalmente, no combate ao vetor, o
inseto hematófago da espécie Triatoma infestans, chamado comumente de
Barbeiro.
Apesar de não haver uma cura para a doença, deve-se diminuir de forma precoce
ou eliminar a infecção e seus efeitos, na fase aguda da doença, seu controle é
realizado por meio da utilização de algumas drogas. De acordo com protocolos
indicados por Rocha (2013), os fármacos sugeridos para tanto são: Benzonidazol e
Nifurtimox.
ESTUDO DO PARASITA TOXOPLASMA GONDII:
ASPECTOS MORFOLÓGICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

O Toxoplasma gondii é um
protozoário parasita pertencente ao
filo Apicomplexa, o qual abriga
indivíduos que não apresentam
estruturas locomotoras e são,
portanto, parasitas intracelulares
obrigatórios (NEVES, 2002).
Sua estrutura corpórea apresenta o formato de um arco, caracteriza-se pela
presença de uma estrutura, chamada de complexo apical (formado pelo conóide e
o anel polar). Essa estrutura é responsável pela penetração do parasita na célula
hospedeira.
Vale destacar também a presença de uma organela característica desse grupo, o
apicoplasto, que aparentemente, é essencial para a manutenção do parasita no
interior da célula do hospedeiro.
o processo de penetração do parasita Toxoplasma gondii na célula do hospedeiro é
bem complexo e envolve diversas etapas.
O parasita T. gondii pode apresentar uma múltipla morfologia que irá depender do
habitat em que ele se encontra (meio externo, hospedeiros intermediários ou
hospedeiro definitivo) e do seu estágio evolutivo (NEVES, 2002). Essas formas
podem ser:
Taquizoíto: chamada também de forma livre ou proliferativa.
Bradizóito: esta forma também pode ser chamada de cistozoíto. É encontrada em
tecidos e se multiplicam lentamente.
tecidual. Esses são mais resistentes do que os taquizoítos, podendo permanecer
viáveis nos tecidos por vários anos.
Oocistos: São formas esféricas. Apresentam uma parede dupla resistente as
condições do meio externo.
A reprodução do parasita Toxoplasma gondii pode ocorrer de forma assexuada ou
sexuada. Eles podem se reproduzir assexuadamente por endogenia ou
endopoligenia, processos bem semelhantes em que o protozoário duplica todo o
seu material genético; assim como seus conóides e em seguida ocorre a duplicação
em duas células filhas, que darão origem aos novos protozoários. A diferença entre
os dois processos é a formação de várias células filhas na endopoliogenia.
CICLO DE VIDA
O parasita intracelular
Toxoplasma gondii apresenta
um ciclo de vida do tipo
heteróxeno, no qual, os gatos
são considerados hospedeiros
definitivos, apresentando os
ciclos de vida sexuado e
assexuado e o homem é o
hospedeiro intermediário,
uma vez que neles ocorre
apenas o ciclo de vida
assexuado.
Ao ingerir oocistos maduros contendo esporozoítos, o homem poderá adquirir o
parasita e desenvolver a fase assexuada do ciclo de vida dele, no qual, os
taquizoítos invadirão diversos tipos celulares. No interior dessas células, eles irão se
multiplicar até que ela se rompa liberando diversas formas de taquizoítos que irão
invadir o sistema sanguíneo e linfático e daí atingir novas células do corpo.
Nestas células, eles irão se reproduzir assexuadamente por endogenia ou
endopoliogenia. No gato ocorre tanto a fase sexuada do ciclo chamada também da
gamogonia quanto a assexuada, chamada de esquizogonia. No gato quando os
oocistos infectantes, ao entrarem no organismo migrarão para células intestinais e
lá por um processo de esquizogonia irão se transformar em merozoítos que
originarão gametas masculinos e femininos que darão origem a um ovo.
A toxoplasmose é uma das zoonoses mais difundidas em todo o mundo, com alta
incidência de animais silvestres e domésticos parasitados.
A patogenicidade dessa doença depende de fatores relacionados a agressividade
do parasita e também a capacidade do sistema imunitário humano de se defender
desse agente parasitário.
Geralmente o diagnóstico clínico é difícil de ser realizado, principalmente nos casos
assintomáticos. O sinal clínico mais evidente tanto em adultos quanto em crianças
é a retinocoroidite. No caso das mulheres gravidas, o exame de ultrassonografia
pode revelar alterações do diâmetro cefálico do feto, indicando algo errado.
Devido à dificuldade de diagnóstico clínico, a suspeita deve ser confirmada por
meio de testes laboratoriais.
A profilaxia dessa doença passa por vários procedimentos e os únicos fármacos que
já se demonstraram eficazes contra a toxoplasmose aguda que acomete adultos
são: Sulfadiazina, Pirimetamina e Clindamicina paromomicina.
ESTUDO DO PARASITA FASCIOLA HEPATICA:
ASPECTOS MORFOLÓGICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Este parasita é um verme com
dimensões que variam de 2 a 4 cm
de largura no verme adulto. Seu
corpo é achatado
dorsoventralmente e apresenta
uma coloração acinzentada. A
superfície externa do parasita é de
aspecto liso ou enrugado e possui
inúmeras escamas microscópicas.
Apresenta uma ventosa oral, localizada na extremidade anterior, da qual se segue
uma faringe curta, de onde partem ramos cecais, um de cada lado, até a
extremidade posterior. Abaixo da ventosa oral está a ventosa ventral ou acetábulo.
(REY, 2008).
Esses animais são hermafroditas e apresentam órgãos sexuais masculinos: dois
testículos, canal eferente, canal deferente e órgão copulador (bolsa do cirro) e
femininos: um ovário oótipo, útero e glândulas vitelinas.
CICLO DE VIDA
O ciclo de vida desse parasita que é
do tipo heteróxeno, pois possui dois
hospedeiros. O ciclo se inicia com a
liberação dos ovos pelo parasita
adulto, que chegam ao intestino e
acabam saindo junto com as vezes
humanas.
Ao entrarem em contato com a água, os ovos começam o seu desenvolvimento. Em
seguida, os miracídios eclodem dos ovos. Os miracídios infectam o molusco, no
interior do qual eles se transformam em esporocistos depois em rédeas e então
numa cercária que é liberada do corpo do molusco na água.
A cercaria sofre um encistamento e se transforma em metacercária, forma
infectante que pode ser ingerida pelo ser humano. Chegando aos ductos biliares do
fígado humano a metacercária originará um verme adulto.
A Transmissão dessa doença se dá por meio da ingestão de água ou alimentos
contaminados com a forma infectante do parasita, a metacercária. o parasita
precisa ter passado pelo interior do seu hospedeiro intermediário, os moluscos do
Lymnaea para desenvolver parte de seu ciclo de vida.
A cercaria sofre um encistamento e se transforma em metacercária, forma
infectante que pode ser ingerida pelo ser humano. Chegando aos ductos biliares do
fígado humano a metacercária originará um verme adulto.
O diagnóstico clínico é muito difícil de ser realizado, o quadro clínico mais
detectável é a eosinofilia (mais de 5.000 eosinófilos/mm³) e febre que pode ser
acompanhada de aumento do tamanho do fígado ou de dor no hipocôndrio direito.
Porém, quadros semelhantes podem ser apresentados por outras doenças
parasitárias.
A Fasciolose é considerada uma doença originária da Europa, mas que hoje tornou-
se cosmopolita.
A profilaxia da Fasciolose humana depende em grande parte do controle desses
helmintos entre os animais domésticos.
O tratamento nos humanos deve ser realizado com cautela, devido a toxicidade
das drogas e possíveis complicações. Os medicamentos em uso atualmente são:
Bithionol e Deidroemetina.
ESTUDO DO PARASITA DA ESPÉCIE
TRICHURIS TRICHIURA

Diversos mamíferos, incluindo o


homem, podem abrigar em seus
intestinos e órgãos anexos, vermes
parasitas do gênero Trichuris. Nos
cães encontra-se a espécie Trichuris
vulpis, nos bovinos Trichuris discolor,
nos suínos Trichuris suis e nos
humanos Trichuris trichiura (ROCHA,
2013).
De acordo com Neves (2002), os vermes dessa espécie apresentam duas formas
corpóreas:
Adultos: Esses medem de 3 a 5 centímetros de tamanho. Geralmente, as fêmeas
são maiores que os machos.
Ovos: Apresentam um formato elíptico com cerca de 50 micrometros de tamanho,
lembrando a forma de um barril alongado. Em ambas as extremidades dos ovos
existem poros salientes e transparentes preenchidos por material lipídico.
Essa espécie de parasita habita o intestino grosso humano, nas infecções mais
intensas chegam a ocupar as porções finais do intestino grosso como o reto e a
porção distal do íleo. É considerado um parasita tissular, pois sua porção esofagiana
fica inserida na mucosa epitelial do intestino do hospedeiro; onde alimenta-se de
restos celulares degradados por suas enzimas digestivas.
CICLO DE VIDA
De acordo com os trabalhos de
Neves (2002); Rey (2008) e Rocha
(2013), o ciclo inicia-se com a
liberação de ovos não
embrionados localizados nas
porções finais do intestino grosso
por meio das fezes humanas. Ao
caírem no ambiente externo os
ovos iniciam seu desenvolvimento
embrionário. A célula ovo inicia
seu processo de segmentação e
divisão das células embrionárias.
O embrião se desenvolve em larva e o ovo torna-se infectante ao ser humano, que
ao ingeri por meio de alimentos ou água contaminada. O ovo é degradado e a larva
se desenvolve no intestino delgado. A larva se transforma em um indivíduo adulto
no intestino grosso e fica lá até atingir a maturidade sexual. Após a cópula as
fêmeas liberaram uma quantidade considerável de ovos nas fezes humanas,
quando esses são liberados ao exterior o ciclo do parasita se reinicia.
A Transmissão da Tricuríase se dá por meio da disseminação de seus ovos que são
eliminados juntamente com as fezes do hospedeiro humano. Por isso, podemos
afirmar que a contaminação por essa doença tem maior incidência em ambientes
que apresentam condições precárias ou ausência de saneamento básico.
A gravidade da Tricuríase pode ser influenciada por fatores como idade do
hospedeiro, carga parasitária, idade nutricional e distribuição dos vermes no corpo
humano.
O quadro clínico pode ser bem discreto e às vezes indefinido, apresentando
sintomas pouco caraterísticos como: nervosismos, insônia, perda de peso, perda de
apetite e eosinofilia sanguínea, às vezes pode ser caracterizado também por
diarreia e dores abdominais.
Apesar de ser um parasita de distribuição cosmopolita, em países em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos, as taxas de prevalência desse nematódeo
intestinal são elevadas, principalmente, devido as elevadas taxas de crescimento
populacional e precárias condições de saneamento básico dessas regiões.
Os seres humanos são a única fonte epidemiologicamente relevante da Tricuríase.
As medidas profiláticas visam evitar o contato com os ovos larvados, que podem
ter um tempo de vida muito elevado, podendo permanecer no ambiente durante
muito tempo.
Vários anti-helmínticos mostram-se eficazes no tratamento da Tricuríase.
Atualmente, os mais utilizados são: Mebendazol e Pamoato de Oxantel.

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