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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Patógeno........................................................................ 3
3. Fisiopatologia............................................................... 7
4. Manifestações clínicas............................................11
5. Diagnóstico.................................................................15
6. Tratamento..................................................................20
Referências bibliográficas .........................................24
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 3

1. INTRODUÇÃO O índice de infecção está relacionado


a hábitos alimentares, hábitos higi-
As infecções perinatais afetam 0,5
ênicos, população de gatos e climas
a 2,5% de todos os nascimentos e
quentes. Em Salvador num estudo re-
constituem um grande problema de
alizado em fins da década de 70, cerca
saúde pública pela elevada morbi-
de 52% das gestantes eram susceptí-
mortalidade. Infecções neste perío-
veis. O Brasil apresenta uma das mais
do não são de fácil diagnóstico, uma
elevadas prevalências da toxoplasmo-
vez que mesmo na gestante cursam
se em todo o mundo. Mais de 50% dos
oligossintomáticas, passando des-
escolares e 50 a 80% das mulheres
percebidas; no recém nascido (RN)
em idade fértil apresentam anticorpos
a grande maioria é assintomática,
contra o parasita (IgG positivas).
com surgimento tardio de manifesta-
ções clinicas ou até mesmo de suas
sequelas. SE LIGA! Estima-se que nascem 1 a 10
crianças infectadas pelo Toxoplasma
A toxoplasmose congênita é uma do- gondii para cada 10.000 nativivos em
ença infecciosa causada pela trans- todo mundo.
missão vertical, isso é de mãe para
filho, do Toxaplasma gondii para o
Os exames sorológicos disponíveis
concepto, pode ocorrer de infecção
para o bebê nem sempre contribuem
primária da gestante durante a gesta-
com o diagnostico devido a transfe-
ção ou como consequência da reativa-
rência de anticorpos maternos IgG,
ção de infecção crônica em gestantes
por isso é necessário a realização de
imunossuprimidas. Apresenta espe-
uma boa anamnese materna, tendo
cial relevância pelos danos causados
enfoque em sua história social, exa-
ao desenvolvimento do neonato.
me clinico meticuloso no RN e avalia-
O Toxoplasma gondii é um protozo- ção laboratorial de ambos.
ário intracelular obrigatório encontra-
do nas fezes de gatos e outros felinos,
que pode se hospedar em humanos e 2. PATÓGENO
outros animais por possuir um ciclo de O Toxoplasma gondii pertence ao
vida completo com dois hospedeiros, os filo Apicomplexa e família Sarcocys-
felídeos, como hospedeiros definitivos, tidae, agente etiológico da toxoplas-
e o homem, mamíferos e aves, como mose, zoonose amplamente disse-
hospedeiros intermediários. É causa- minada e com grande disseminação
da pela ingestão de água ou alimentos geográfica, sendo uma das infecções
contaminados e é uma das zoonoses parasitarias mais comum em huma-
mais comuns em todo o mundo. nos. Estudos realizados na Europa
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e nos Estados Unidos descreveram proliferativas e trofozoítos. A mul-


classicamente três linhagens clonais tiplicação acontece por sucessivas
designadas como tipo I, tipo II e tipo endodigenias, ou seja, brotamento
III, as quais variam em termos de dis- interno de dois organismos, dentro
tribuição epidemiológica. Entretanto, dos vacúolos intracitoplasmáticos.
em virtude de estudos recentes que Desenvolvem-se em quase todas
identificaram uma importante pro- as células e tecidos de mamíferos
porção de polimorfismos e diversida- e aves, sendo um parasita de me-
des genéticas nos isolados clínicos nor especificidade para células e
brasileiros, essa classificação clonal tecidos. Medem aproximadamente
não é adequada para nosso contexto 2 × 6 mμ, tem formato ovoides ou
epidemiológico. redondos, com aproximadamente 3
Existem três estágios principais mμ de diâmetro
de desenvolvimento do Toxoplas- Embora a multiplicação dos taqui-
ma gondii: taquizoítos, bradizoítos e zoítos usualmente destrua a célula
esporozoítos. hospedeira, a produção ou não de
lesões depende da capacidade de
autorregeneração das células. Os
• Taquizoítos - São os organismos taquizoítos livres são muito lábeis
de rápida multiplicação da infecção aos fatores externos.
aguda, também chamados formas

Figura 1. Preparação supravital de taquizoítos de toxoplasma livres em exsudato peritoneal de macrófagos de camun-
dongo. FONTE: Veronesi, 2015.
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• Bradizoítos - São organismos de frequentemente durante toda a


multiplicação lenta ou de repouso vida do hospedeiro.
nos cistos do toxoplasma e duran- Medem cerca de 2 × 7 mμ e são
te a infecção crônica, se desenvol- similares aos taquizoítos, exceto
vem principalmente no cérebro, na pelo seu maior conteúdo de uma
retina, nos músculos esquelético e substancia semelhante ao glico-
cardíaco, podendo se desenvolver gênio. Os bradizoítos resistem à
em qualquer outra parte. Os bradi- digestão péptica e triptica, o que
zoítos originam-se em um vacúo- está de acordo com sua transmis-
lo citoplasmático cuja membrana são pela via oral. Esses organismos
se transforma na capsula do cisto. são importantes no ciclo do toxo-
A capsula do cisto é resistente e plasma, pois, quando ingeridos por
elástica, argirofílica, provavelmen- gatos, a eliminação dos oocistos
te composta de uma glicoproteína ocorre apenas durante 3 a 6 dias.
que isola os bradizoítos da ação Ao contrário, os taquizoítos, se in-
dos mecanismos imunológicos do fectantes, são eliminados apenas
hospedeiro. Dessa forma, os cistos apos 20 a 40 dias.
persistem durante meses e anos,

Figura 2. Cisto toxoplasmático. FONTE: Veronesi, 2015.

• Esporozoítos - Desenvolvem-se dois esporocistos, e cada esporo-


nos esporocistos, dentro de oocis- cisto, quatro esporozoítos. Os es-
tos que são eliminados pelas fezes porozoítos medem 2 × 8 mμ; os
dos gatos. Cada oocisto contem esporocistos, cerca de 6 × 8 mμ
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e o oocisto, aproximadamente 10 Nos hospedeiros intermediários (ma-


× 13 mμ. Os esporozoítos são es- míferos, incluindo o homem, e aves),
truturalmente similares aos dois observam-se dois desses estágios,
estágios mencionados; por via taquizoíto e bradizoíto; no hospedeiro
oral, eles se revelam altamente in- definitivo (felinos), podem ser encon-
fectantes para muitos mamíferos, trados os três estágios. A reprodu-
aves e para o homem. Os oocistos ção sexuada do parasita ocorre ape-
desenvolvem-se a partir dos ga- nas nos felinos e resulta em oocistos,
metócitos, nos gatos domésticos e contendo esporozoítos, que são eli-
nos outros Felidae, e após um ciclo minados pelas fezes após 10 dias da
reprodutivo enteroepitelial. infecção.
Milhões de oocistos podem ser eli-
minados diariamente por um único
felino, durante 1 a 3 semanas, e per-
sistir infectantes no solo ou água por
mais de 1 ano. Eles são resistentes ao
congelamento e ao tratamento habi-
tual da água (cloração, ozonização ou
aplicação de raios ultravioletas), mas
podem ser removidos pelos sistemas
municipais de tratamento da água –
floculação, decantação e filtragem.

Figura 3. Cisto toxoplasmático - esporocistos, dentro


de oocistos. FONTE: Veronesi, 2015.

SE LIGA! O parasita circula na natureza


em três estágios infecciosos: taquizoíto
(forma proliferativa), bradizoíto (capaz
de formar cistos tissulares) e esporozoí-
to (formado dentro do oocisto).
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3. FISIOPATOLOGIA

Figura 4. Ciclo do toxoplasma. Três gatos indicam infecção com diferentes períodos de incubação que antecedem o
aparecimento de oocistos. Os camundongos representam hospedeiros intermediários ou incompletos. Infecção con-
gênita tem sido observada no homem e em muitos animais, no curso da infecção aguda, e, em uns poucos animais,
também durante a infecção crônica. FONTE: Veronesi, 2015.
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O toxoplasma é um parasita cocci- pelo parasita, ou cistos, presentes no


diano, ou seja, com fase assexuada e tecido muscular de animais infecta-
sexuada, com um ciclo de duplo hos- dos, ocorre disseminação pela via he-
pedeiro bem evidente. Os hospedei- matogênica, na forma de taquizoítos,
ros finais são os gatos, nos quais os a partir do trato gastrointestinal para
estágios reprodutivos enteroepiteliais todo o corpo humano, com invasão
são seguidos por um ciclo sexual (ga- de uma variedade de tecidos, onde
metócitos macho e fêmea, e oocistos). causam resposta inflamatória grave e
Esses felinos podem ser denomina- destruição celular.
dos “hospedeiros completos”, já que Os taquizoítos não sobrevivem bem
também apresentam o ciclo extrain- no meio extracelular e são encontra-
testinal ou tecidual, composto por ta- dos na corrente sanguínea do hos-
quizoítos em grupos e por bradizoítos pedeiro por curto período, mas, nas
em cistos. Os demais animais infec- gestantes, não se sabe exatamente a
tados, como o homem, os mamíferos duração da parasitemia. Após dias de
não felinos e os pássaros são “hospe- proliferação (reprodução assexuada)
deiros intermediários” ou “incomple- e pressionados pela resposta imune
tos”, nos quais ocorre apenas o ciclo do hospedeiro, os taquizoítos vão se
tecidual extraintestinal. replicando mais lentamente e passam
Os oocistos são eliminados pelas fe- à forma de bradizoítos, que se aglo-
zes dos gatos no estágio de espo- meram em cistos sobretudo nos teci-
roblasto não infectante. Em ambien- dos neurais e musculares. Indivíduos
te ideal, na presença de oxigênio, imunocompetentes têm cistos infec-
a temperaturas entre 20 e 30°C, os ciosos latentes por anos ou toda a
oocistos esporulam em 1 a 3 dias, se vida sem que causem problemas. Os
tornando infectantes. Muitos animais cistos são destruídos no freezer, após
desenvolvem infecções crônicas com 3 dias a uma temperatura ≥ -12ºC, ou
os bradizoítos em cistos, sendo, por- pelo aquecimento ≥ 67ºC.
tanto, fontes potenciais de infecção
para os carnívoros. Somente nos fe- SE LIGA! A transmissão do neonato
linos ocorre o ciclo enteroepitelial. A ocorre pelos taquizoítas que cruzam a
transmissão transplantaria em huma- placenta a partir da circulação materna
nos realiza-se, provavelmente, pelos durante a primo-infecção.
taquizoítos.
A infecção ocorre principalmente pela Mulheres que foram infectadas antes
via oral e, após a ingestão de oocistos, da gestação geralmente não trans-
na água e em alimentos contaminados mitem para o neonato, porém, cistos
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teciduais em latência de infecção O risco de transmissão materno fetal


passada (antes da gestação) podem é em torno de 40% e aumenta com o
reiniciar o ciclo de vida do parasita em avançar da gravidez; contudo o grau
gestantes imunodeprimidas e, em ca- de comprometimento do concepto
sos raros, em gestantes imunocom- é maior no inicio da gestação. Com
petentes. Entretanto, há relatos na o tratamento adequado, o risco de
literatura de infecção congênita em transmissão vertical cai para 29%.
crianças nascidas de mulheres soro-
positivas antes da gestação com sis-
tema imune normal.

PRIMEIRO TRIMESTRE: 15% SEGUNDO TRIMESTRE: 25% TERCEIRO TRIMESTRE: 65%

Apresenta repercussões graves no Manifestações sub clínicas e mais


O recém nascido apresentará
concepto, óbito fetal ou neonatal, raramente um quadro grave de
manifestações subclínicas
sequelas importantes. parasitemia.

Risco de Transmissão:
SE LIGA! Os casos mais sintomáticos e
O risco se aproxima de 100% se a
graves se verificam quando a infecção
infecção da genitora ocorre no último ocorre no primeiro trimestre. No entan-
mês da gestação; parece depender to, quanto mais tardia ocorre à infecção
do fluxo sanguíneo placentário, viru- na gestação, maior a chance da infecção
congênita.
lência da cepa do T.gondi, suscepti-
bilidade genética e carga parasitária
que atinge a placenta.
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MAPA MENTAL AGENTE ETIOLÓGICO

Multiplicação lenta
Formado dentro do
bradizoítos oocisto
esporozoítos
Forma cistos tissulares
Altamente infectantes

Organismos de rápida
multiplicação
oocistos nas fezes esporulam
dos gatos em 1 a 3 dias
Lábeis aos fatores taquizoítos
externos
TOXOPLASMA Transmissão ingestão de oocistos: água e
GONDII alimentos contaminados
Transmissão para o
neonato
principalmente Cistos nos musculos de
pela via oral animais infectados

Resistente ao Disseminação hematogênica


Podem ser removidos de taquizoítos
congelamento e ao
por floculação, Vertical
tratamento habitual
decantação e filtragem Invasão de uma
da água
Filo Apicomplexa e variedade de tecidos
Família Sarcocystidae
Infecção aguda
Passam à forma
de bradizoítos
Ciclo de duplo Reativação de cistos
hospedeiro
Felinos se aglomeram
imunodeprimidas em cistos

Hospedeiros Mais grave no 1º trimestre latentes por anos


definitivos Mamíferos não felinos e
ou toda a vida
os pássaros
taquizoítos, Maior no 3º trimestre
tecidos neurais
bradizoítos e
esporozoítos Hospedeiros
intermediários tecidos musculares

taquizoíto e
bradizoíto
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4. MANIFESTAÇÕES são importantes a idade gestacional


CLÍNICAS em que ocorreu a infecção materna
e o tratamento materno durante a
gestação.
NA PRÁTICA! Paciente de 22 anos,
primigesta, iniciou pré-natal em UBS na A toxoplasmose adquirida durante a
12ª semana de gestação, com IgM e IgG gestação apresenta especial relevân-
anti-T. gondii reagentes. Na 22ª semana cia pelos danos causados ao desen-
de gestação iniciou tratamento com es-
piramicina. Essas imunoglobulinas per- volvimento do neonato. Cerca de 90%
maneceram reagentes e a USG obsté- das crianças acometidas são assinto-
trica não apontou anormalidades. A IgA máticas ao nascimento; aproximada-
anti-T. gondii foi reagente. Na 33ª se-
mente 10% têm manifestação grave
mana gestacional foi realizada a amnio-
centese, com diagnóstico positivo para nos primeiros dias de vida. Podem
T. gondii, e USG obstétrica, que eviden- apresentar doença multissistêmica
ciou aumento dos ventrículos cerebrais ou isoladamente com doença em sis-
laterais, microcalcificações encefálicas
e placentomegalia. Após esses resulta-
tema nervoso e/ou forma ocular.
dos, foi administrado esquema tríplice Dentre as crianças sintomáticas ao
(sulfadiazina, pirimetamina e ácido fo-
línico) até o final da gestação. Durante
nascimento, cerca de 1/3 dos casos
a gestação, paciente manteve contato apresenta alguma manifestação sis-
com gatos, lixo peridomiciliar e consumo têmica – hepatoesplenomegalia, icte-
de queijos frescos e vegetais in natura. rícia, asci te,pericardite, pneumo-
nite, hipotermia, exantema, púrpura,
Alguns fatores estão reconhecida- diarreia – e cerca 1/3 apresenta mani-
mente associados à apresentação clí- festações neurológicas - hidrocefalia,
nica da toxoplasmose em humanos: calcificações cerebrais, convulsões,
competência da resposta imune do micro ou macrocefalia, hipotonia ou
hospedeiro, genética do hospedeiro espasticidade – e/ou oculares - reti-
e parasita, carga parasitária infectan- nocoroidite extensa, nistagmo, cata-
te, forma infectante do parasita (oo- rata, microftalmia. Menos frequente-
cisto ou cisto tecidual) e virulência da mente, pode ocorrer perda auditiva
cepa. Na infecção congênita, também neurossensorial.
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Figura 5. Toxoplasmose congênita: (A) Manifestações sistêmicas (hepatoesplenomegalia). (B) Estrabismo secundário
a retinocoroidite macular FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009.

A frequência e a intensidade das ma-


nifestações diferem de acordo com SE LIGA! A Toxoplasmose congênita
a idade gestacional em que se deu a caracteriza-se por hidrocefalia, coriorre-
tinite, calcificações intracranianas.
infecção fetal. No decorrer da ges-
tação há um aumento no risco de
transmissão vertical e diminuição A toxoplasmose é a causa mais comum
da gravidade do acometimento fe- de uveíte posterior infecciosa em todo o
tal. Fetos infectados no final da ges- mundo. Estima--se que 70 a 90% dos
tação geralmente nascem assinto- indivíduos com toxoplasmose congêni-
máticos. Já infecções no 1º trimestre ta e 10 a 12% daqueles com infecção
gestacional estão associadas a maior adquirida desenvolvam a lesão ocular.
comprometimento fetal, como óbito No olho, o T. gondii tipicamente com-
ou grave comprometimento neuroló- promete primariamente a retina, com
gico e ocular. inflamação secundária da coroide - re-
Nesses casos, podem-se observar hi- tinocoroidite focal necrosante.
drocefalia, calcificações cerebrais ou A retinocoroidite toxoplásmica apre-
hepáticas, esplenomegalia, pericardi- senta alto índice de recorrência, com
te e ascite na ultrassonografia. Com o novas lesões ativas emergindo mais
passar de meses e/ou anos, pode ser frequentemente junto às margens de
observado aumento das lesões ocu- cicatrizes preexistentes (lesão satéli-
lares e sequelas das lesões neuroló- te), ou mesmo na retina prévia e apa-
gicas como dificuldade de aprendiza- rentemente normal.
gem e convulsões.
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Figura 6. Retinografia do polo posterior mostrando lesão típica de toxoplasmose congênita em região macular do olho
direito. Fonte: Melamed, 2001. Referencia: Melamed, J; Dornelles, F; Eckert, GU. Alterações tomográficas cerebrais em
crianças com lesões oculares por toxoplasmose congênita. J Pediatr (Rio J) 2001;77(6):475-80

Filhos de mulheres coinfectadas HI- exemplo, encefalite pelo toxoplasma,


V-T. gondii, principalmente se as podem ter toxoplasmose congênita
mães apresentaram reativação da to- mais grave, com evolução mais rápi-
xoplasmose na gestação, como por da e disseminada.

SAIBA MAIS!
A toxoplasmose apresenta-se como uma infecção oportunista em pacientes imunocompro-
metidos, sendo potencialmente grave em casos como HIV. Geralmente ela é decorrente da
reativação da infecção latente pela ruptura dos cistos, ocorrendo quando os linfócitos T CD4+
caem para valores inferiores a 200 células/ml, podendo resultar em toxoplasmose ocular e
encefalite.
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MAPA MENTAL CLÍNICA

90% dos
neonatos

hidrocefalia

calcificações
cerebrais
Assintomático
exantema
Manifestações micro ou
neurológicas macrocefalia
hepatoesplenomegalia

icterícia hipotonia ou
espasticidade

ascite
convulsões
Manifestação
pericardite
sistêmica
CLÍNICA
pneumonite

hipotermia retinocoroidite

púrpura • hidrocefalia, Manifestações nistagmo


• corioretinite, oculares
diarreia • calcificações catarata
intracranianas
microftalmia
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5. DIAGNÓTICO
SE LIGA! A melhor forma de diagnosti-
Embora a grande maioria das pes- car toxoplasmose adquirida ou congêni-
soas seja assintomática, pode haver ta é pela identificação de anticorpos es-
historia materna de doença febril, pecíficos das classes IgG, IgM, IgA e IgE
contra o parasita. A sorologia é sensível,
linfadenopatia, exantema durante a
específica e possível de ser realizada em
gravidez. Além da presença de sinais laboratórios de menor complexidade.
e sintomas no recém-nascido con- Na toxoplasmose aguda, detectam-se
forme apresentados anteriormente. os anticorpos IgM, IgA e IgE cerca de 1
semana após a infecção, seus níveis as-
Por isso, uma boa anamnese mater- cendem até 1 mês e declinam em me-
na com enfoque em sua historia so- ses (6 meses até mais de 12 meses), na
cial, exame clinico meticuloso no RN dependência do anticorpo avaliado e do
e avaliação laboratorial de ambos é teste utilizado para sua identificação.
extrema importância.
O diagnóstico de infecção pelo T. Na fase aguda da toxoplasmose, é
gondii por métodos imunoenzimáti- produzida primeiramente a imunoglo-
cos padronizados e automatizados é bulina M (IgM), seguida da produção
de suma importância, pois permite a de imunoglobulina G (IgG). A presen-
inclusão de gestantes em fase de in- ça do anticorpo IgM é o mais utili-
fecção recente na terapia protocolar, zados para diagnóstico da infecção
visando minimizar complicações clí- aguda. Imunoglobulinas como a IgA
nicas clássicas decorrentes da pas- e a IgE, quando detectadas, podem
sagem transplacentária do parasita estar relacionadas a infecção aguda
ao feto. É importante lembrar que a da toxoplamose para a avaliação de
solicitação da sorologia para toxo- infecção recente, pois desaparecem
plasmose deve ser solicitada na pri- mais rapidamente que IgM.
meira consulta ou no primeiro trimes- No final da 2ª semana de infecção,
tre durante o acompanhamento do identifica-se IgG em títulos ascenden-
pré-natal. tes nos primeiros 2 meses e, depois,
sua persistência em títulos elevados
por meses ou anos e decréscimo len-
to, persistindo detectável por muitos
anos ou toda a vida do indivíduo.
A grande sensibilidade dos testes atu-
almente utilizados faz os anticorpos
IgM anti-T. gondii serem detectados
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 16

meses ou anos após a infecção agu- para avaliar possível infecção fetal.
da, o que dificulta a determinação da Recomenda-se um intervalo de 4
época provável da infecção na ges- semanas entre a data estimada da
tante, quando é necessário estimar infecção materna e a realização do
o risco de infecção fetal. Nesses ca- procedimento. No líquido amniótico
sos, o teste de avidez de IgG pode (LA), devem-se pesquisar o DNA do
ser muito útil. Ele se baseia na forte li- parasita (por PCR) e imunoglobulinas
gação entre antígeno e anticorpo nas específicas. Resultados falso-negati-
infecções ocorridas há muitos meses vos e falso-positivos podem ocorrer,
ou anos. respectivamente, por coleta do LA
Na infecção aguda, anticorpos IgG li- precoce, antecedendo a transmissão
gam-se fracamente ao antígeno (bai- materno-fetal, e por contaminação da
xa avidez) por 12 a 16 semanas. Já amostra, esta última situação bastan-
IgG com alta avidez, quando detec- te incomum.
tados durante o 1º trimestre estão
relacionadas à infecções anteriores SE LIGA! A ultrassonografia (USG) deve
a gestação (ocorridas há pelo menos ser repetida mensalmente na gestante
com suspeita de infecção aguda, embo-
12 a 16 semanas).
ra as alterações, quando ocorrem, sejam
Um resultado positivo apenas para tardias e presentes sobretudo nos fetos
IgG (IgM negativo) no 1º trimestre gravemente comprometidos.

de gestação indica infecção ocorrida


antes da gestação (há pelo menos 6 Já o diagnóstico da infecção congêni-
meses) e sem risco significativo para ta pode ser feito pelo isolamento do
o feto. Gestante positiva para IgM e T. gondii da placenta ou sangue pe-
IgG na primeira amostra coletada é riférico, pela demonstração do DNA
classificada como infectada recen- do parasita em fluidos corpóreos ou,
temente, nos últimos 2 anos, e deve principalmente, pelos testes sorológi-
realizar o teste de avidez de IgG para cos (IgM e/ou IgA específicos). A pre-
estimar a data da infecção. A sorolo- sença de anticorpos IgM e/ou IgA no
gia deve ser repetida após 2 a 4 se- neonato ou lactente jovem (idade ≤ 6
manas para avaliar a evolução dos tí- meses) confirma a infecção congênita.
tulos de anticorpos.
Resultados positivos de IgM e IgA
Diante da infecção aguda da gestan- em amostras obtidas nas primeiras
te, evidenciada pela soroconversão horas ou dias de vida devem ser con-
ou por alterações na ultrassonografia firmados após 5 e 10 dias, respec-
fetal, está indicada a amniocentese, tivamente, para afastar a possibili-
a partir da 18ª semana de gravidez, dade de contaminação com sangue
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 17

materno. A presença de IgG no neo- congênita. Sua ausência aos 12 me-


nato não confirma o diagnóstico, pois ses ou antes dessa idade em crianças
esse anticorpo pode ser transferido imunocompetentes, que não estão
passivamente da mãe para o filho via recebendo tratamento específico, ex-
placenta. clui o diagnóstico da doença. O trata-
O teste de Western blot pode ante- mento específico provoca diminuição
cipar o diagnóstico da criança infec- de IgG, que pode se tornar negativa,
tada, ao identificar bandas diferentes mas, quando a criança está infecta-
de anticorpo na criança em compa- da, a interrupção da medicação causa
ração com a mãe, principalmente se rebote e o anticorpo se torna positivo
associado à sorologia, mas ainda não novamente.
está disponível nos laboratórios de A partir deste ano, 2020, todos os re-
análises clínicas no Brasil. cém-nascidos devem ser submetidos
A IgG decresce de acordo com sua ao exame de toxoplasmose congê-
meia-vida (4 semanas), e sua pre- nita, sorologia para detecção de IgG,
sença ao final dos 12 meses de IgM, IgA, ao mesmo tempo em que
vida é considerado o padrão-ouro é realizado o Teste do Pezinho pelo
para diagnóstico de toxoplasmose SUS.

SAIBA MAIS!
O Teste do Pezinho, no SUS, prevê a triagem neonatal para seis doenças genéticas/meta-
bólicas e congênitas: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras
hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.

A presença do DNA do parasita Estudos de imagem cerebral do RN


(PCR) em sangue, LCR ou urina con- podem revelar calcificações ou hidro-
firma o diagnóstico no recém-nasci- cefalia, e a ultrassonografia transfon-
do e, embora sua sensibilidade seja tanela é o exame mais indicado por
baixa (sangue periférico 29%, LCR ser pouco invasivo, embora a TC sem
46%, urina 50%), recomenda-se sua contraste seja superior para detectar
realização em todas as crianças sus- essas anormalidades do SNC. A RM
peitas da doença que não tiveram o do cérebro, embora útil, não é indica-
diagnóstico prontamente confirmado da para o recém-nascido por causa
pela sorologia. da necessidade de sedação.
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 18

Figura 6. (A) Tomografia computadorizada de crânio mostrando calcificações cerebrais difusas. (B) Ultrassonografia
transfontanela mostrando dilatação ventricular e calcificações cerebrais. FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria,
2009.

Pode ocorrer hidrocefalia por obstru- sintomas na criança. A triagem para


ção do aqueduto do mesencéfalo (de a perda de audição com respostas
Sylvius), ou obstrução do forame in- auditivas de tronco cerebral (Bera) ou
terventricular (de Monroe), ou ocorrer emissões otoacústicas (EOA) devem
sem obstrução anatômica da circula- ser realizadas periodicamente no 1º
ção do LCR, com perda de parênqui- ano de vida nos casos suspeitos ou
ma cerebral ou pobre reabsorção do com diagnóstico confirmado de toxo-
LCR. Todos os tipos de hidrocefalia plasmose congênita.
podem apresentar melhor evolução Outros achados, inespecíficos, in-
quando o diagnóstico e a colocação cluem leucopenia ou leucocitose, lin-
da derivação ventriculoperitoneal, focitose periférica, monocitose e/ou
quando necessária, são precoces. eosinofilia, anemia, trombocitopenia,
Exame de fundo de olho deve ser rea- elevação das enzimas hepáticas e da
lizado por oftalmologista experiente a bilirrubina indireta.
cada 3 meses até 18 meses de idade
e repetido a cada 6 a 12 meses até
18 anos de idade. Essa frequência
deve ser modificada de acordo com a
gravidade da doença e a presença de
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 19

MAPA MENTAL DIAGNÓSTICO

a cada 6 a
a cada 3 meses
12 meses

até 18 meses
até 18 anos
de idade

Mais indicado por


ser pouco invasivo Exame de fundo
de olho
pesquisar DNA do
parasita por PCR
Ultrassonografia a partir da 18ª
transfontanela amniocentese
semana de gravidez
imunoglobulinas
específicas

DIAGNÓSTICO
Superior para
detectar alterações Repetida mensalmente
na suspeita de infecção
Ultrassonografia aguda
TC de crânio gestacional presentes nos
fetos gravemente
Alterações tardias comprometidos

anticorpos
específicos
persiste detectável
Infecção anterior
por anos ou toda a Alta avidez
a 12-16 semanas
vida

utilizado para
Teste de avidez
diagnóstico da IgM IgA e IgE IgG baixa avidez Infecção aguda
de IgG
infecção aguda

diagnóstico de
presença ao final dos
desaparece mais padrão-ouro toxoplasmose
12 meses de vida
rápido que IgM congênita

avaliação de
infecção recente
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 20

6. TRATAMENTO pirimetamina e ácido folínico até o


parto, para tratar possível infecção
As gestantes suspeitas de toxoplas-
fetal.
mose aguda devem ser tratadas com
espiramicina no 1º trimestre de ges- A gestante em uso desse esquema
tação, pois a pirimetamina é poten- deve realizar hemograma antes de
cialmente teratogênica. Após a 18ª iniciar o tratamento e, depois, quinze-
semana de gestação, caso o resul- nalmente durante o tempo de uso da
tado da PCR em LA seja negativo, a pirimetamina. Se a gestante apresen-
espiramicina deve ser mantida até o tar neutrófilos < 1.500/mm3, inter-
parto, dado o possível risco de trans- romper sulfadiazina e pirimetamina
missão tardia a partir da placenta e manter apenas o ácido folínico. Re-
infectada. petir hemograma quinzenal e reintro-
duzir o tratamento quando neutrófilos
As gestantes com soroconversão a
> 1.500/mm3. Durante o uso dessas
partir do 2º trimestre de gestação
drogas, recomenda-se a ingestão de
para alguns pesquisadores e do 3º
bastante líquido (sulfadiazina está
trimestre para a maioria deles, ou com
associada a cristalúria) e o uso cons-
resultado positivo na PCR em LA, de-
tante de ácido folínico, que não pode
vem receber, após o 1º trimestre de
ser substituído pelo ácido fólico.
gestação, a associação sulfadiazina,

IDADE GESTACIONAL MEDICAMENTO POSOLOGIA

3 gramas/dia
Até 21ª semana Espiramicina (6 comp de 500mg ou 1.500.00 UI)
2 comp via oral de 8/8h
4 gramas/dia (08 cp de 500mg)
Sulfadiazina
Fim do segundo trimestre 2 cp via oral 6/6h
ou no terceiro trimestre Dose de ataque: 2 cp via oral de 12/12h, nos dois
ou infecção fetal confirmada ou Primetamina primeiros dias (100 mg ao dia)
altamente suspeita Dose de manutenção: 2 cp via oral a parti do 3º dia
Ácido Folínico 1 comp (15 mg) via oral ao dia
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 21

MAPA MENTAL DE TRATAMENTO

2mg/kg/dia via
oral por dois dias,
12/12h
Pirimetamina
1mg/kg/dia, dose monitoração 5 a 10mg 3x na
única diária Acido folínico
hematológica semana

Sulfadiazina

Se comprometimento do
100mg/kg/dia, via SNC e/ou ocular
RN
oral de 12/12h.
Prednisona
0,5mg/kg/dose de
12/12h, via oral por 4
semanas

TRATAMENTO

GESTANTE

Dulfadiazina,
a partir do 2º trimestre 1º trimestre de
Pirimetamina e Espiramicina
de gestação gestação
Ácido folínico

Até o parto
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 22

Tratamento para o RN: e em situações graves com leucócitos


menor que 500/mm3 interrompe-se
.Sulfadiazina - 100mg/kg/dia, via oral
a pirimetamina.
de 12/12horas.
Quando há comprometimento do
Pirimetamina -2mg/kg/dia via oral por
SNC (proteína > 1g/dl) e/ou ocular, as-
dois dias, cada 12 horas e posterior-
socia-se ao tratamento a Prednisona:
mente 1mg/kg/dia, dose única diária.
0,5mg/kg/dose a cada 12 horas, via
Ácido folínico - para combater a ação oral por quatro semanas.
anti-fólica da pirimetamina, com su-
Crianças com HIV e infecção congê-
pressão medular, preconiza-se 5 a
nita por toxoplasmose ao termino do
10mg três vezes na semana. Manter
primeiro ano de tratamento, devem
por uma semana após a retirada da
fazer uso profilático de pirimetamina,
pirimetamina.
sulfadiazina e acido folínico por tem-
A sulfadiazina e a pirimetamina as- po indeterminado.
sociadas ao acido folínico são usados
Nova droga (atovaquona) para atuar
por seis meses sob monitoração he-
na forma cística, com provável impac-
matológica semanal e depois mensal.
to no acometimento do sistema ner-
No segundo período (últimos seis voso, está em fase final de estudo.
meses) a sulfadiazina é usada dia-
O tratamento para toxoplasmose in
riamente, a pirimetamina em dias al-
utero ou após nascimento, não tem
ternados (três vezes na semana); se
mostrado impacto significante para
ocorrer neutropenia aumenta-se o
doença ocular.
acido folínico para 10mg diariamente
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 23

MAPA MENTAL GERAL

Sulfadiazina

Pirimetamina Espiramicina
RN Gestante
Acido folínico Até o parto
Espiramicina
Prednisona

Tratamento
taquizoítos
bradizoítos
Toxoplasma gondii esporozoítos
Agente Felídeos  hospedeiros
ciclo de duplo hospedeiro
Exame de fundo de olho
etiológico definitivos
água ou alimentos
Ultrassonografia transfontanela contaminados

amniocentese TOXOPLASMOSE
Quadro Adquirida
CONGÊNITA
clínico Transmissão
Ultrassonografia gestacional
Vertical / congênita
TC de crânio

anticorpos específicos Repercussões graves


Primeiro Trimestre: 15%

Risco de
IgG, IgM, IgA e IgE Segundo trimestre: 25% Manifestações subclínicas
transmissão
Quadro Terceiro Trimestre: 65% Manifestações subclínicas
Teste de avidez de IgG clínico

Manifestações neurológicas

Assintomático

Manifestações oculares

Manifestação sistêmica
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 24

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