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1. Introdução...................................................................... 3
2. Patógeno........................................................................ 3
3. Fisiopatologia............................................................... 7
4. Manifestações clínicas............................................11
5. Diagnóstico.................................................................15
6. Tratamento..................................................................20
Referências bibliográficas .........................................24
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 3
Figura 1. Preparação supravital de taquizoítos de toxoplasma livres em exsudato peritoneal de macrófagos de camun-
dongo. FONTE: Veronesi, 2015.
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3. FISIOPATOLOGIA
Figura 4. Ciclo do toxoplasma. Três gatos indicam infecção com diferentes períodos de incubação que antecedem o
aparecimento de oocistos. Os camundongos representam hospedeiros intermediários ou incompletos. Infecção con-
gênita tem sido observada no homem e em muitos animais, no curso da infecção aguda, e, em uns poucos animais,
também durante a infecção crônica. FONTE: Veronesi, 2015.
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 8
Risco de Transmissão:
SE LIGA! Os casos mais sintomáticos e
O risco se aproxima de 100% se a
graves se verificam quando a infecção
infecção da genitora ocorre no último ocorre no primeiro trimestre. No entan-
mês da gestação; parece depender to, quanto mais tardia ocorre à infecção
do fluxo sanguíneo placentário, viru- na gestação, maior a chance da infecção
congênita.
lência da cepa do T.gondi, suscepti-
bilidade genética e carga parasitária
que atinge a placenta.
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Multiplicação lenta
Formado dentro do
bradizoítos oocisto
esporozoítos
Forma cistos tissulares
Altamente infectantes
Organismos de rápida
multiplicação
oocistos nas fezes esporulam
dos gatos em 1 a 3 dias
Lábeis aos fatores taquizoítos
externos
TOXOPLASMA Transmissão ingestão de oocistos: água e
GONDII alimentos contaminados
Transmissão para o
neonato
principalmente Cistos nos musculos de
pela via oral animais infectados
taquizoíto e
bradizoíto
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Figura 5. Toxoplasmose congênita: (A) Manifestações sistêmicas (hepatoesplenomegalia). (B) Estrabismo secundário
a retinocoroidite macular FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009.
Figura 6. Retinografia do polo posterior mostrando lesão típica de toxoplasmose congênita em região macular do olho
direito. Fonte: Melamed, 2001. Referencia: Melamed, J; Dornelles, F; Eckert, GU. Alterações tomográficas cerebrais em
crianças com lesões oculares por toxoplasmose congênita. J Pediatr (Rio J) 2001;77(6):475-80
SAIBA MAIS!
A toxoplasmose apresenta-se como uma infecção oportunista em pacientes imunocompro-
metidos, sendo potencialmente grave em casos como HIV. Geralmente ela é decorrente da
reativação da infecção latente pela ruptura dos cistos, ocorrendo quando os linfócitos T CD4+
caem para valores inferiores a 200 células/ml, podendo resultar em toxoplasmose ocular e
encefalite.
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90% dos
neonatos
hidrocefalia
calcificações
cerebrais
Assintomático
exantema
Manifestações micro ou
neurológicas macrocefalia
hepatoesplenomegalia
icterícia hipotonia ou
espasticidade
ascite
convulsões
Manifestação
pericardite
sistêmica
CLÍNICA
pneumonite
hipotermia retinocoroidite
5. DIAGNÓTICO
SE LIGA! A melhor forma de diagnosti-
Embora a grande maioria das pes- car toxoplasmose adquirida ou congêni-
soas seja assintomática, pode haver ta é pela identificação de anticorpos es-
historia materna de doença febril, pecíficos das classes IgG, IgM, IgA e IgE
contra o parasita. A sorologia é sensível,
linfadenopatia, exantema durante a
específica e possível de ser realizada em
gravidez. Além da presença de sinais laboratórios de menor complexidade.
e sintomas no recém-nascido con- Na toxoplasmose aguda, detectam-se
forme apresentados anteriormente. os anticorpos IgM, IgA e IgE cerca de 1
semana após a infecção, seus níveis as-
Por isso, uma boa anamnese mater- cendem até 1 mês e declinam em me-
na com enfoque em sua historia so- ses (6 meses até mais de 12 meses), na
cial, exame clinico meticuloso no RN dependência do anticorpo avaliado e do
e avaliação laboratorial de ambos é teste utilizado para sua identificação.
extrema importância.
O diagnóstico de infecção pelo T. Na fase aguda da toxoplasmose, é
gondii por métodos imunoenzimáti- produzida primeiramente a imunoglo-
cos padronizados e automatizados é bulina M (IgM), seguida da produção
de suma importância, pois permite a de imunoglobulina G (IgG). A presen-
inclusão de gestantes em fase de in- ça do anticorpo IgM é o mais utili-
fecção recente na terapia protocolar, zados para diagnóstico da infecção
visando minimizar complicações clí- aguda. Imunoglobulinas como a IgA
nicas clássicas decorrentes da pas- e a IgE, quando detectadas, podem
sagem transplacentária do parasita estar relacionadas a infecção aguda
ao feto. É importante lembrar que a da toxoplamose para a avaliação de
solicitação da sorologia para toxo- infecção recente, pois desaparecem
plasmose deve ser solicitada na pri- mais rapidamente que IgM.
meira consulta ou no primeiro trimes- No final da 2ª semana de infecção,
tre durante o acompanhamento do identifica-se IgG em títulos ascenden-
pré-natal. tes nos primeiros 2 meses e, depois,
sua persistência em títulos elevados
por meses ou anos e decréscimo len-
to, persistindo detectável por muitos
anos ou toda a vida do indivíduo.
A grande sensibilidade dos testes atu-
almente utilizados faz os anticorpos
IgM anti-T. gondii serem detectados
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meses ou anos após a infecção agu- para avaliar possível infecção fetal.
da, o que dificulta a determinação da Recomenda-se um intervalo de 4
época provável da infecção na ges- semanas entre a data estimada da
tante, quando é necessário estimar infecção materna e a realização do
o risco de infecção fetal. Nesses ca- procedimento. No líquido amniótico
sos, o teste de avidez de IgG pode (LA), devem-se pesquisar o DNA do
ser muito útil. Ele se baseia na forte li- parasita (por PCR) e imunoglobulinas
gação entre antígeno e anticorpo nas específicas. Resultados falso-negati-
infecções ocorridas há muitos meses vos e falso-positivos podem ocorrer,
ou anos. respectivamente, por coleta do LA
Na infecção aguda, anticorpos IgG li- precoce, antecedendo a transmissão
gam-se fracamente ao antígeno (bai- materno-fetal, e por contaminação da
xa avidez) por 12 a 16 semanas. Já amostra, esta última situação bastan-
IgG com alta avidez, quando detec- te incomum.
tados durante o 1º trimestre estão
relacionadas à infecções anteriores SE LIGA! A ultrassonografia (USG) deve
a gestação (ocorridas há pelo menos ser repetida mensalmente na gestante
com suspeita de infecção aguda, embo-
12 a 16 semanas).
ra as alterações, quando ocorrem, sejam
Um resultado positivo apenas para tardias e presentes sobretudo nos fetos
IgG (IgM negativo) no 1º trimestre gravemente comprometidos.
SAIBA MAIS!
O Teste do Pezinho, no SUS, prevê a triagem neonatal para seis doenças genéticas/meta-
bólicas e congênitas: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras
hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.
Figura 6. (A) Tomografia computadorizada de crânio mostrando calcificações cerebrais difusas. (B) Ultrassonografia
transfontanela mostrando dilatação ventricular e calcificações cerebrais. FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria,
2009.
a cada 6 a
a cada 3 meses
12 meses
até 18 meses
até 18 anos
de idade
DIAGNÓSTICO
Superior para
detectar alterações Repetida mensalmente
na suspeita de infecção
Ultrassonografia aguda
TC de crânio gestacional presentes nos
fetos gravemente
Alterações tardias comprometidos
anticorpos
específicos
persiste detectável
Infecção anterior
por anos ou toda a Alta avidez
a 12-16 semanas
vida
utilizado para
Teste de avidez
diagnóstico da IgM IgA e IgE IgG baixa avidez Infecção aguda
de IgG
infecção aguda
diagnóstico de
presença ao final dos
desaparece mais padrão-ouro toxoplasmose
12 meses de vida
rápido que IgM congênita
avaliação de
infecção recente
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3 gramas/dia
Até 21ª semana Espiramicina (6 comp de 500mg ou 1.500.00 UI)
2 comp via oral de 8/8h
4 gramas/dia (08 cp de 500mg)
Sulfadiazina
Fim do segundo trimestre 2 cp via oral 6/6h
ou no terceiro trimestre Dose de ataque: 2 cp via oral de 12/12h, nos dois
ou infecção fetal confirmada ou Primetamina primeiros dias (100 mg ao dia)
altamente suspeita Dose de manutenção: 2 cp via oral a parti do 3º dia
Ácido Folínico 1 comp (15 mg) via oral ao dia
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2mg/kg/dia via
oral por dois dias,
12/12h
Pirimetamina
1mg/kg/dia, dose monitoração 5 a 10mg 3x na
única diária Acido folínico
hematológica semana
Sulfadiazina
Se comprometimento do
100mg/kg/dia, via SNC e/ou ocular
RN
oral de 12/12h.
Prednisona
0,5mg/kg/dose de
12/12h, via oral por 4
semanas
TRATAMENTO
GESTANTE
Dulfadiazina,
a partir do 2º trimestre 1º trimestre de
Pirimetamina e Espiramicina
de gestação gestação
Ácido folínico
Até o parto
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Sulfadiazina
Pirimetamina Espiramicina
RN Gestante
Acido folínico Até o parto
Espiramicina
Prednisona
Tratamento
taquizoítos
bradizoítos
Toxoplasma gondii esporozoítos
Agente Felídeos hospedeiros
ciclo de duplo hospedeiro
Exame de fundo de olho
etiológico definitivos
água ou alimentos
Ultrassonografia transfontanela contaminados
amniocentese TOXOPLASMOSE
Quadro Adquirida
CONGÊNITA
clínico Transmissão
Ultrassonografia gestacional
Vertical / congênita
TC de crânio
Risco de
IgG, IgM, IgA e IgE Segundo trimestre: 25% Manifestações subclínicas
transmissão
Quadro Terceiro Trimestre: 65% Manifestações subclínicas
Teste de avidez de IgG clínico
Manifestações neurológicas
Assintomático
Manifestações oculares
Manifestação sistêmica
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