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Parasitologia
Aula 1: Trichomonas e Giardia
TRICHOMONAS
● Família Trichomonadidae, da subfamília Trichomonadinae, da ordem Trichomonadida, da
classe Zoomastigophorea, e do filo Sarcomastigophora.
● As 3 espécies encontradas no homem são Trichomonas vaginalis, Trichomonas tenax,
Trichomonas hominis. A espécie T. vaginalis é patogênica, responsável pela tricomoníase
(infecção sexualmente transmissível não viral mais comum do mundo). O T. tenax, não
patogênico, vive na cavidade bucal humana e também de chipanzés e macacos, apesar de não
ser patogênico, existe uma discussão da participação dele na lesão periodontal. O T. hominis,
não patogênico, habita o trato intestinal humano.
Trichomonas vaginalis
Morfologia:
● É uma célula polimorfa, que se apresenta de diversas formas: podendo ser elipsóide,
piriforme ou oval e algumas vezes esférica.
● O protozoário altera sua morfologia com o intuito de aumentar a área de contato com as
células epiteliais genitais 🡪 existem proteínas de aderência na superfície do protozoário que
reconhecem resíduos glicídicos da mucina (o muco do trato genital) pra promover a fixação
dele. Após fixar, ele fagocita a microbiota, alcalinizando o pH genital (em benefício próprio)
e começa a se multiplicar, despertando a resposta imune do hospedeiro (o que causa a
manifestação clínica). O período de encubação é de 3 a 20 dias, mas em 90% dos casos, as
manifestações clínicas aparecem com 5 a 7 dias.
● Apresentam comprimento médio de 10 a 12 µm.
● O protozoário é muito plástico, tendo a capacidade de formar estruturas que remetem aos
pseudópodes, os quais são usados para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas.
● Diferente dos outros protozoários, não possui forma cística (de resistência), somente
trofozoítos (fase patogênica).
● É mononucleado, apresentam 4 flagelos anteriores livres
desiguais em tamanho, um flagelo posterior, participando da
formação da membrana ondulante (que orienta o
deslocamento/direção do protozoário, apenas ele e o
tripomastigota possuem) e a costa, que se originam no
complexo citossomal, orientando a emergência dos flagelos. O
axóstilo é uma estrutura rígida e hialina do centro do
organismo até a extremidade posterior (análogo a coluna
vertebral). Apresenta também o aparelho parabasal.
● Não apresentam mitocôndrias, mas sim os hidrogenossomos
(produz ATP).
Contaminação/transmissão: contágio sexual direto, uma doença venérea. A transmissão por
superfície contaminada é rara, mas pode acontecer. O T. vaginalis habita o trato geniturinário do
homem e da mulher, onde produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital.
Reprodução: se dá por divisão binária longitudinal, e a divisão nuclear é do tipo criptopleuromitótica,
sendo o cariótipo constituído por seis cromossomos.
Fisiologia: o T. vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na
ausência de oxigênio, em meios de cultura com pH entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20 e 40°C.
Como fonte de energia, o flagelado utiliza glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido. Sendo
desprovido de mitocôndrias, o parasito possui grânulos densos, os hidrogenossomos, portadores de
uma enzima capaz de transformar o piruvato em acetato e de liberar ATP e hidrogênio molecular (H2).
O T. vaginalis é capaz de manter em reserva o glicogênio e pode realizar a síntese de aminoácidos.
Patogênese: o estabelecimento de T. vaginalis no sítio de infecção se inicia com o aumento do pH,
visto que o pH normal da vagina é ácido (3,8-4,5) e o organismo desenvolve-se em pH maior que 5. A
interação entre T. vaginalis com seu hospedeiro é um processo complexo, no qual estão envolvidos
componentes associados a superfície celular do parasito e células epiteliais do hospedeiro e
também componentes solúveis encontrados nas secreções vaginal e uretral. A aderência e a
citotoxicidade exercidas pelo parasito sobre as células do hospedeiro são ditadas pelos fatores de
virulência, como adesinas, cisteína-proteinases e o cell-detaching factor (CDF). A expressão dos genes
que codificam as proteinases e as adesinas é modulada por fatores externos relacionados com
hospedeiro, como os níveis de cálcio e ferro. Além disso, o T. vaginalis pode se autorrevestir de
proteínas plasmáticas do hospedeiro, impedindo que o sistema imune reconheça o parasito como
estranho.
Em resumo: as células epiteliais genitais são colonizadas por um mecanismo contato-dependente.
Proteínas de citoaderência da superfície do protozoário reconhecem açúcares no muco do trato genital.
Ao haver esse reconhecimento, o protozoário começa a se modificar e induz as células epiteliais
genitais do hospedeiro a expor ferro e cálcio, por exemplo, pra que esses nutrientes entrem no
metabolismo do protozoário.
Sinais e sintomas:
🡪 Mulheres:
✔ A exocérvice é mais suscetível ao ataque, porém na endocérvice também pode ser encontrado;
✔ Vaginite: corrimento vaginal fluido abundante de cor amarelo-esverdeada, bolhoso, de odor
fétido, mais frequentemente no período pós-menstrual;
✔ Prurido ou irritação vulvovaginal de intensidade variável e dores no baixo ventre;
✔ Dor e dificuldade para as relações sexuais (dispareunia de introito)
✔ Desconforto nos genitais externos;
✔ Dor ao urinar (disúria) e frequência miccional (poliúria).
**Colpitis macularis: vagina e cérvice com erosão e pontos hemorrágicos.
🡪 Homens:
✔ Comumente assintomática ou apresenta-se como uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e
uma leve sensação de prurido na uretra;
✔ Desconforto ao urinar e as vezes hiperemia do meato uretral;
✔ Durante o dia, secreção escassa;
✔ Podem colonizar a próstata;
✔ Prostatite e balanopostite;
✔ Esse protozoário pode se localizar na bexiga e vesícula seminal.
Diagnostico:
🡪 Clínico: pode ser confundida com outras IST´s. Não é recomendado.
🡪 Exame microscópico: microscopia direta de lâminas confeccionadas com secreção vaginal, uretral
ou prostática é o procedimento mais comum, pode ser realizado a fresco ou de esfregaços fixados e
corados.
🡪 Imunológico: imunodiagnóstico através de reações de aglutinação, métodos de imunofluorescência
(direta e indireta) e técnicas imunoenzirnáticas (ELISA) têm contribuído para aumentar o índice de
certeza do resultado. Não é tão comum.
Tratamento: atualmente os fármacos usados são o metronidazol (Flagyl), eficaz contra as infecções
causadas por microrganismos anaeróbicos, e tinidazol (Fasigyn), que apresenta uma ação mais
localizada. Em gestantes esses medicamentos não devem ser usados via oral, somente pela aplicação
local de cremes, geleias ou óvulos.
GIARDIA
● O gênero Giardia inclui parasitas flagelados intestinais, tendo sido, possivelmente, o primeiro
protozoário intestinal humano a ser conhecido.
● A taxonomia é controversa e a determinação das espécies é feita levando em conta o
hospedeiro de origem e as características morfológicas.
● As espécies identificadas são: Giardia duodenalis, Giardia muris, Giardia agilis, Giardia
psittaci, Giardia ardeae e Giardia microti. A espécie infectante no humano é a Giardia
duodenalis (Giardia lamblia ou Giardia intestinalis são sinônimos).
Morfologia:
🡪 A Giardia apresenta duas formas evolutivas: cisto (infectante) e trofozoíto.
Trofozoíto
● O trofozoíto tem formato de pêra, com simetria bilateral.
● A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava e apresenta o disco ventral,
adesivo ou suctorial (importante estrutura formada de microtúbulos e microfilamentos, que
promove a adesão do parasito à mucosa intestinal, apresenta proteínas contráteis que modulam
a forma e o diâmetro do disco).
● Abaixo do disco, há os corpos medianos (formato de vírgula). No interior do trofozoíto, e
localizados na sua parte frontal, são encontrados dois núcleos (é binucleado).
● O trofozoíto possui ainda quatro pares de flagelos (um par de flagelos anteriores, um de
flagelos ventrais, um par de flagelos posteriores e um de flagelos caudais) que se originam de
corpos basais.
● Abaixo da membrana citoplasmática do trofozoíto existem numerosos vacúolos que,
acredita-se, tenham papel na pinocitose de partículas alimentares.
Cisto
● Possui formato oval ou elipsoide.
● Apresenta de 2 a 4 núcleos no seu interior.
● Número variável de fibrilas (axonemas de flagelos) e os corpos
escuros com forma de meia-lua e situados no pólo oposto aos
núcleos.
● Tanto cisto quanto trofozoíto não apresentam mitocôndrias.
Ciclo biológico
● A contaminação se inicia pela ingestão de água ou alimento contaminados com cistos maduros
e viáveis (contaminação orofecal).
● Após a ingestão do cisto, ocorre o desencistamento, iniciado no meio ácido do estômago e
completado no duodeno e jejuno. Os trofozoítos se multiplicam por divisão binária
longitudinal, se aderem a mucosa intestinal, onde ocorre o atapetamento da mucosa,
causando alterações na arquitetura do epitélio e má absorção de alimentos e nutrientes.
● Após isso, por estímulos relacionados ao pH, aos altos níveis de bile e ao destacamento dos
trofozoítos da mucosa intestinal, ocorre o processo de encistamento no ceco. E esses cistos
são eliminados nas fezes. Alguns trofozoítos podem ser eliminados também.
● Os cistos são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem
sobreviver, pelo menos, dois meses no meio ambiente.
Ps.: em fezes liquidas se vê mais trofozoítos do que cisto pois não dá tempo dos trofozoítos
encistarem. Em fezes pastosas/sólidas se vê mais cisto.
Transmissão: água e alimentos contaminados com cistos maduros; veiculação de cistos por moscas e
baratas; mãos contaminadas e aglomeração humana.
Imunologia: anticorpos IgG, IgM e IgA anti-Giardia têm sido detectados no soro de indivíduos com
giardíase. Evidências sugerem que o IgA diminua a capacidade de adesão dos trofozoítos à superfície
das células do epitélio intestinal. Tem-se observado também a capacidade de monócitos, macrófagos e
granulócitos em participar da destruição de trofozoítos, em reações de citotoxicidade
anticorpo-dependentes (ADCC).
Sintomatologia: a giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos
assintomáticos (90% dos casos) até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de
diarreia aguda e autolimitante, ou um quadro de diarreia persistente, com evidência de má-absorção e
perda de peso. As principais complicações da giardíase crônica estão associadas à má absorção de
gordura e de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis (A, D, E,K), vitamina B, ferro, xilose e lactose.
Patogênese
● Os trofozoítos de Giardia aderidos ao epitélio intestinal podem romper e distorcer as
microvilosidades do lado que o disco adesivo entra em contato com a membrana da célula.
● Além disso, o parasita produz, e possivelmente libera, substâncias citopáticas na luz
intestinal.
● Giardia contém várias proteases, algumas delas capazes de agir sobre as glicoproteínas da
superfície das células epiteliais e romper a integridade da membrana (lise dos enterócitos).
● Mas a hipótese patogênica mais aceita de alteração na arquitetura intestinal é devido aos
processos inflamatórios aí desencadeados pelo parasito, devido à reação imune do
hospedeiro.
Diagnóstico
🡪 Clínico: em crianças de oito meses a 12 anos, a sintomatologia mais indicativa de giardíase é
diarreia com esteatorréia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite e dor abdominal.
Embora os sintomas sejam muito característicos, é conveniente a comprovação por exames
laboratoriais.
🡪 Laboratorial (parasitológico): pelo exame microscópico de fezes formadas, baseando-se na
identificação das formas evolutivas do parasito 🡪 presença maior de cistos nas fezes solidas e presença
de trofozoítos nas fezes diarreicas. Um aspecto importante com relação ao diagnóstico da giardíase é o
fato de que indivíduos parasitados não eliminam cistos continuadamente. Há o "período negativo" que
pode durar em média dez dias e acabar gerando falsos-negativos.
🡪 Imunológico: os métodos imunológicos mais empregados são a imunofluorescência indireta e o
método ELISA (detecção de antígenos na amostra fecal – resultados satisfatórios). Técnicas baseadas
no reconhecimento do DNA de Giardia, como o PCR, estão sendo padronizadas para a detecção deste
parasita nas fezes.
Epidemiologia: a giardíase é encontrada no mundo todo, principalmente entre crianças de oito meses
a 10-12 anos. A alta prevalência observada em crianças pode ser devida à falta de hábitos
higiênicos nessa idade; quanto ao adulto, parece que uma infecção com esse parasito pode conferir
certo grau de resistência às infecções subsequentes. Altas prevalências são encontradas em regiões
tropicais e subtropicais e entre pessoas de baixo nível econômico.
Profilaxia: medidas de higiene pessoal (lavar as mãos), destino correto das fezes (fossas, rede de
esgoto), proteção dos alimentos e tratamento da água.
Tratamento: alguns medicamentos são indicados, principalmente derivados dos 5-nitrotiazóis
(metronidazol, tinidazol, ornidazol e secnidazol), dos nitrofuranos (furazolidona), dos corantes de
acridina etc. Outros quimioterápicos, como o anti-helmíntico albendazol, do grupo dos benzimidazóis,
têm sido empregados no tratamento da giardíase. Além deste, a nitazoxanida é outro medicamento
disponível.
Aula 2: Amebíase
● A amebíase é uma doença parasitária infecciosa, com ou sem sintomatologia clínica.
● Apresenta uma distribuição geográfica cosmopolita que infecta pessoas em todo o mundo, mas
apenas 10% desenvolvem sintomas clínicos, ou seja, há muitos casos de infecções
assintomáticas. Isso se deve a existência de duas espécies morfologicamente idênticas, com
diferenças bioquímicas, genéticas e imunológicas: Entamoeba histolytica e Entamoeba
dispar.
● Apesar disso, é a 3ª causadora de morte entre as doenças parasitárias (perde apenas para a
malária e esquistossomose).
● Apesar de ser cosmopolita, a infecção está intimamente relacionada à educação
sanitária/hábitos de higiene.
Explicação para diferentes comportamentos na amebíase
🡪 Hipótese 1: espécie única que provocaria lesões intestinais que poderiam ou não apresentar sintomas
clínicos reconhecíveis. Muito vaga.
🡪 Hipótese 2: espécie comensal no intestino humano e em determinada ocasião, poderia converter-se
em forma patogênica invasiva.
🡪 Hipótese 3: existência de duas espécies morfologicamente idênticas, com diferenças
bioquímicas, genéticas e imunológicas. O.M.S, - 1997.
E. histolytica – Patogênica invasiva
● Diferentes graus de virulência (depende da cepa, do estado imunológico do indivíduo etc).
● Infecção subclínica (ou não apresenta sintoma ou são sintomas brandos) - 10 a 40% dos
indivíduos infectados.
● Presença de antígeno no soro.
● Desenvolvem anticorpos antiamébicos.
● Amebíase invasiva (pode sair do intestino e ir pra outros órgãos).
E. histolytica/E. dispar
Apresenta 4 fases evolutivas, 2 principais e duas de “transição” e pode ser patogênica em cada uma
delas: trofozoíto, cisto, pré-cisto e metacisto.
Trofozoíto:
● São células grandes, que emitem pseudópodes de 2 tipos: lobópodes (mais largos, para
locomoção e alimentação) e filópodes (mais finos, que facilita a invasão nas células).
● O citoplasma apresenta-se em endoplasma, que é granuloso, e ectoplasma, que é claro e
hialino.
● Geralmente tem só um núcleo, bem destacado e normalmente esférico. Na parte central dele
encontra-se o cariossoma, que dá uma configuração, com a cromatina, de “roda de carroça”.
● Quando proveniente de casos de desinteria, é comum encontrar eritrócitos no seu
citoplasma.
Pré-cisto: é uma fase intermediária entre o trofozoíto e o cisto. É oval ou ligeiramente arredondado,
menor que o trofozoíto. O núcleo é semelhante ao do trofozoíto. No citoplasma podem ser vistos
corpos cromatóides, em forma de bastonetes, com pontas arredondadas.
Metacisto: é uma forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde sofre divisões,
dando origem aos trofozoítos.
Cisto
● Apresenta até 4 núcleos (com mesmas características do núcleo do trofozoíto)
● Os corpos cromatoides, quando presentes, tem forma de bastonete ou charuto
Endolix nana: é a menor ameba que uive no homem. Seu cisto é um oval, é o mais elipsóide.
Iodamoeba bustchlii: é uma ameba pequena, tanto o cisto como o trofozoíto. É comum entre nós,
mas não é patogênica. O cisto possui um grande vacúolo de glicogênio, cujo formato é associado a um
anel de bacharel.
Biologia da E. histolytica/E. dispar
● O ciclo se inicia pela ingestão de cistos maduros. Esses cistos passam pelo estômago, resistem
a ação do suco gástrico e chegam na região final do intestino delgado, onde sofrem o
desencistamento, com a saída do metacisto através de uma pequena fenda na parede cística.
● O metacisto então sofre várias divisões dando origem a 4 e depois a 8 trofozoítos. Esses
trofozoítos migram para o intestino grosso onde se colonizam e vivem comensalmente.
● Sob certas circunstâncias, eles podem se desprender da parede intestinal e na luz do intestino
grosso sofrer a ação da desidratação e eliminar substâncias nutritivas citoplasmáticas,
transformando-se em pré-cistos. Em seguida, secretam uma membrana cística e se
transformam em cistos mononucleados e depois tetranucleados e são eliminados pelas fezes
(sobrevivem de 5 a 7 dias no ambiente).
🡪 Ciclo patogênico:
● Os hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastigotas são injetadas pelas
fêmeas dos insetos vetores (do gênero Lutzomyia) através da saliva, durante o repasto
sanguíneo. Essa saliva possui propriedades inflamatórias e tem ação quimiotática para
monócitos/macrófagos, ou seja, atraem essas células para fagocitar a promastigota.
● Essa promastigota vai ser fagocitada pelo macrófago. Dentro do vacúolo fagocitário do
macrófago, ela se transforma em amastigota.
● Dentro do vacúolo fagocitário, essa amastigota inicia o processo de sucessivas multiplicações,
até estourar/romper a célula hospedeira (macrófago). As amastigotas expelidas vão ser
fagocitadas pelos macrófagos vizinhos.
● O inseto, por sua vez, se infecta quando, no momento do repasto sanguíneo, ingere essas
células contaminadas (as formas amastigotas). No trato digestivo do inseto, as amastigotas se
transformam em promastigotas.
Ps.: diferença da leishmaniose tegumentar para a visceral
1. O tipo de célula que é infectada: na tegumentar, vai ser preferencialmente o macrófago, já na
visceral, o parasito vai ser capturado e levado para o linfonodo, então é necessário um fagócito que se
locomova, como monócitos e neutrófilos.
2. Quem transmite a leishmaniose visceral não é qualquer tipo de Lutzomyia, é o Lutzomyia
longipalpis.
Resposta imune
🡪 O macrófago é uma célula de defesa que faz parte dos mecanismos de imunidade inata e também é
uma célula apresentadora de antígeno. Na sua superfície, há receptores de PAMP’s.
🡪 Os PAMP’s (padrões moleculares associados a patógenos) estão na superfície dos parasitas.
🡪 Quando ocorre a interação do PAMP com o receptor, o macrófago sofre uma sinalização para, por
exemplo, produzir substâncias líticas pra destruir aquele organismo.
🡪 Ou seja... quando o parasita (promastigota) infecta o macrófago, ele, teoricamente, deveria MATAR
o parasita. Porém, a leishmania tem um tipo de PAMP chamado LPG, que “desliga” o macrófago
quando há a interação e ele não produz substâncias líticas. Isso faz com que a promastigota se
transforme em amastigota e consiga se multiplicar dentro dele (isso que provoca o “calombo”).
🡪 O MHC de classe 2 vai apresentar o antígeno aos linfócitos T CD4+ (T helper). O primeiro linfócito
que vai reconhecer é o Th0 (virgem), que vai se diferenciar em Th1 e Th2. Quem vai determinar essa
diferenciação são as citocinas produzidas.
Se forem produzidos IFN-γ e IL-12 🡪 há
DIFERENCIAÇÃO EM TH1: produz as
citocinas IFN-γ, TNF-α e IL-2, que ativam o
macrófago para produzir substâncias líticas
como oxido nítrico, peróxido de hidrogênio
etc, “religando” os macrófagos que tinham
sido desligados. Células NK também são
ativadas. Ativa a imunidade celular e a
resposta pro-inflamatória (de defesa), o que
causa as ulcerações.
Porém, tem que ter cuidado para não inflamar
demais, se não vai existir muita ulceração.
Então em um momento, essa resposta precisa
parar para que haja a cicatrização. É aí que
entra a DIFERENCIAÇÃO EM TH2:
produz outro grupo de citocinas IL-10, IL-4
E IL-13, que inibe a Th1 e a produção de
substancias líticas. As IL-4 e IL-13 são
fatores de crescimento para linfócitos B,
então maior a produção de anticorpos. Além
disso, elas também estimulam a produção de
colágeno e, consequentemente, a cicatrização.
Ativa a imunidade humoral.
Algumas espécies de leishmania conseguem desviar a resposta Th1, e vão direto para a Th2, assim, os
MØ ficam inativados e a leishmania não morre, gerando vários calombos disseminados (é o que
acontece na forma cutâneo difusa). Já na forma cutâneo mucosa, o que acontece é a exacerbação da
resposta Th1 (há tanta inflamação que atinge a mucosa).
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA)
● Agente etiológico no Brasil (6 espécies): Leishmania braziliensis (é a do Nordeste, pode
provocar a LCM), Leishmania guyanensis, Leishmania lainsoni, Leishmania naiffi,
Leishmania shawi e Leishmania amazonensis.
Formas clínicas
🡪 Classificação clínica de acordo com o tropismo tecidual e patogenicidade das espécies e resposta
imune do vertebrado.
Leishmaniose tegumentar/cutânea pode ser:
🡪 Localizada: lesão única, forma mais
comum.
🡪 Disseminada/difusa: lesões ulceradas
pequenas distribuídas por todo o corpo.
Causada pela ausência da resposta Th1 e
presença apenas da Th2. Ocorre
principalmente por ação da Leishmania
amazonensis.
🡪 Cutâneo mucosa: lesão destrutiva, que ocasiona destruição dos órgãos e provoca mudanças
anatômicas. Causada por uma exacerbação da resposta Th1. Ocorre por ação da Leishmania
braziliensis). Na leishmaniose cutâneo mucosa, pode haver também comprometimento de úvula, que
gera dificuldade pra se alimentar (desnutrição) e pra respirar (complicações respiratórias).
Diagnóstico laboratorial da LTA
Intradermorreação de Montenegro (método imunológico)
✔ Princípio: teste de hipersensibilidade tardia.
✔ Técnica: inoculação de um extrato antigênico de promastigotas.
✔ Interpretação: Reação Negativa: ausência de sinal local ou pápula com diâmetro < 5mm ou
Reação Positiva: nódulo com diâmetro >ou = 5 mm.
● Alterações renais: inflmação nos rins, que causa perda de proteina pela urina (albuminúria).
● Alterações na medula: passa a produzir mais macrofago em detrimento das outras células
sanguíneas. Causa: hiperplasia histiocitária, hipoplasia do setor formador de sangue e aplasia
(anemia – cai o número de hemácias, plasmocitose, leucopenia e trombocitopenia).
● Alterações pulmonares: incidência de 76,9% de pneumonite intersticial.
Exames complementares
● Hemograma: anemia, leucopenia, neutropenia, linfocitose relativa, trombocitopenia e
plasmocitose.
● Sumário de urina: Albuminúria
● Eletroforese das proteinas séricas: inversão da relação albumina globulina (↓albumina
↑globulina)
● Bioquímica: elevação das aminotranferases (2 a 3x) e aumento das bilirrubinas, da uréia e da
creatinina.
Diagnostico laboratorial da LV
🡪 Punção de fígado, baço, linfonodos e medula.
Exames imunológicos: intradermorreação de Montenegro (negativa), sorologia, imunofluorescência
Indireta (IFI), ELISA, WESTERN-BLOT.
O tratamento é o mesmo da LTA.
Profilaxia
● Controle do vetor;
● Construção de moradias distantes da mata, telas de proteção e repelentes.
● Problemas: o vetor não é domiciliar, é capaz de desenvolver resistência aos inseticidas. Os
inseticidas apresentam efeito residual curto.
● Eliminação dos reservatórios domésticos.
● Problemas: os reservatórios selvagens não podem ser “eliminados” e o tratamento é longo,
existem efeitos colaterais, muitos pacientes não têm acesso ao tratamento.
Aula 4: Doença de Chagas
● Relembrando, a família Trypanossomatidae possui dois gêneros com importância clínica:
Leishmania e Trypanossoma.
● Os parasitas dessa família apresentam uma organela chamada cinetoplasto (DNA que se
acumula fora do núcleo), responsável por sintetizar proteínas que farão parte da respiração
celular. Apresentam também: um único núcleo, um flagelo e uma mitocôndria.
● Sistemática: FILO: SARCOMASTIGOPHORA (flagelo ou pseudópodes), SUB-FILO:
MASTIGOPHORA (flagelo), ORDEM: KINETOPLASTIDA (cinetoplasto), FAMÍLIA:
TRYPANOSOMATIDAE, GÊNERO: TRYPANOSOMA E ESPÉCIE: TRYPANOSOMA
CRUZI.
● O Trypanosoma cruzi é um protozoário agente etiológico da doença de Chagas (ou
tripanossomíase americana), que constitui uma antroponose frequente nas Américas,
principalmente na América Latina.
● O Trypanossoma brucei é o agente etiológico da tripanossomíase africana.
O T cruzi possui em seu ciclo biológico nos hospedeiros vertebrado e invertebrado várias formas
evolutivas:
→ Amastigota
● A tripomastigota entra nas células do HOSPEDEIRO VERTEBRADO e se transforma em
AMASTIGOTA para poder se dividir. Essa amastigota passa por inúmeras divisões, até que
ela VOLTA A SER TRIPOMASTIGOTA para poder sair da célula e ganhar a circulação,
infectando novas células.
● Se apresenta arredondada, com núcleo grande, cinetoplasto anterior ao núcleo e, como é
INTRACELULAR, não precisa de flagelo livre mas possui um flagelo interno dentro de uma
bolsa flagelada. É igual a amastigota de Leishmania.
Em resumo:
➢ No hospedeiro invertebrado (barbeiro): TRIPOMASTIGOTA METACÍCLICA (infectante) e
EPIMASTIGOTA (forma de divisão).
➢ No hospedeiro vertebrado: TRIPOMASTIGOTA SANGUÍNEA (infectante) e
AMASTIGOTA (forma de divisão).
Formas de transmissão: vetorial (com a participação do barbeiro), congênita (passado de mãe para
filho), transfusão sanguínea, transplante, acidental, oral (ex: através do consumo de açaí, que foi
triturado junto com o barbeiro) e *coito (só em animais de laboratório).
Ciclo evolutivo
→ FASE AGUDA: 90% das pessoas são assintomáticas, 10% são sintomáticas (processo inflamatório
mais intenso) - fase curta. Nessa fase, é onde a droga (benzonidazol) funciona melhor, com mais de
90% de chance de cura, pois ela mata principalmente os tripomastigotas. O problema é que nessa fase,
a maioria não tem sintomas, então não se trata.
→ FASE CRÔNICA: nessa fase, a parasitemia é controlada pelo sistema imunológico (que vai estar
hiperativado). 70% das pessoas são assintomáticas → podem passar a vida inteira com a doença
controlada; ninhos de amastigota nos tecidos; ausência de parasitemia e presença de anticorpos. 30%
são sintomáticas → a doença evolui e começa a infectar outros tecidos; cardiopatia chagasi,
caracterizada pela miocardite (inflamação das células cardíacas) e megassíndromes (megaesófago;
megacólon, megaestômago, megaduodeno, megabexiga, megajejuno).
Imunossuprimidos
Diagnóstico
→ Clínico e laboratorial.
→ Laboratorial: para o diagnóstico da doença de Chagas, é necessário 1 PARASITOLÓGICO
POSITIVO ou 2 IMUNOLÓGICOS POSITIVOS (de técnicas diferentes).
● Fase aguda
➢ Parasitológico: exame de sangue a fresco e em gota espessa, esfregaço sanguíneo
(Giensa), cultura de sangue ou material de biópsia(NNN, LIT) e inoculação em
camundongo.
➢ Imunológico: RIFI, ELISA(IgM), hemaglutinação indireta
● Fase crônica
➢ Parasitológico: xenodiagnóstico, hemocultura ou inoculação em camundongos
➢ Imunológico: ELISA (IgG), RIFI (IgG), hemaglutinação Indireta
➢ Outros: LMCo (Lise mediada por complemento) e PCR (Reação em cadeia da
Polimerase)
Tratamento
→ Contra-indicado para gestantes, porque além de não impedir a infecção congênita, as drogas podem
causar danos ao concepto.
Aula 5: Malária
● Apesar da malária ser uma doença antiga, ela ainda é a doença infecto parasitária que mais
causa morte de crianças no mundo. É prevalente em lugares com altas desigualdades
econômicas.
● Frequentemente encontrada em áreas subtropicais e tropicais, como África, américas central e
do sul, sudeste asiático e Oceania. No Brasil, a região norte, principalmente a Amazônia,
apresenta uma maior quantidade de casos registrados.
● Em 2021, foi realizada a adoção de uma vacina (mosquirix) contra a malária para crianças em
regiões com alta ocorrência da doença, como a África - só funciona para o Plasmodium
falciparum e sua eficiência é em torno de 50%.
● Os parasitos causadores de malária pertencem ao filo Apicomplexa, família Plasmodiidae e ao
gênero Plasmodium. Atualmente são conhecidas cerca de 150 espécies causadoras de malária
em diferentes hospedeiros vertebrados. Destas, apenas cinco espécies parasitam o homem:
Plasmodium falciparum, P. vivax (mais comum no Brasil), P. malariae, P. ovale (restrito à
África) e P. knowlesi (no sudoeste asiático). São parasitas intracelulares obrigatórios.
● O que difere essas 5 espécies? A periodicidade dos sintomas, que depende do tempo de
duração dos ciclos eritrocíticos de cada espécie de plasmódio: 48 horas para P. falciparum, P.
vivax e P. ovale (malária terçã) e 72 horas para P. malariae (malária quartã).
Transmissão
● O parasito é transmitido 90% das vezes através da picada do inseto vetor → fêmeas de
mosquitos Anopheles darlingi infectadas (mosquito prego).
● A forma infectante que a fêmea introduz no homem é o ESPOROZOÍTO - forma infectante do
plasmodium para o homem. Estes esporozoítos vão sofrer um processo de reprodução
assexuada, chamado de esquizogonia. A esquizogonia ocorre em duas células: primeiro no
hepatócito e depois no eritrócito.
● Essa esquizogonia sanguínea (no eritrócito) gera a lise das próprias hemácias, isso faz com
que o principal sinal da malária seja a anemia.
● As fontes de infecção humana para os mosquitos são pessoas doentes ou mesmo indivíduos
assintomáticos, que albergam formas sexuadas do parasito.
● A transmissão do Plasmodium pode ocorrer também acidentalmente através da transfusão de
sangue.
● A infecção pela via congênita raramente ocorre.
Morfologia
→ Esporozoíto: é alongado, apresenta núcleo central único. Possui duas camadas de membrana, sendo
a mais externa formada por uma proteína CS, a qual participa de diversas interações no ciclo
biológico.
→ Oocineto: forma alongada de aspecto vermiforme, móvel, contendo núcleo volumoso e excêntrico.
→ Oocisto: estrutura esférica, que apresenta grânulos pigmentados em seu interior, os quais têm
características de cor e distribuição que variam entre as espécies.
→ Hospedeiro vertebrado:
Quando os esporozoítos presentes na saliva do mosquito Anopheles são inoculados na pele do homem,
eles vão sofrer um processo chamado de ESQUIZOGONIA. Sendo uma forma evolutiva extracelular
com complexo apical, vai ser capaz de invadir as células do hospedeiro, dando início ao CICLO
ESQUIZOGÔNICO.
→ O quadro de anemia provocado na malária é decorrente da hemólise das hemácias. Essas hemácias
destruídas precisam ser retiradas da circulação, por isso, a medula óssea começa a produzir leucócitos
para realizarem a fagocitose. Se esperaria que a medula óssea produzisse mais células vermelhas, mas
ela não produz, pois essas células seriam cada vez mais infectadas. Ou seja, além da hemólise, a
produção das hemácias é menor, por isso há uma anemia mais grave nesses pacientes.
Malária cerebral:
● Surge decorrente de alterações na membrana da hemácia quando ela está infectada por
Plasmodium falciparum. Protuberâncias do parasito são expostas na membrana das hemácias,
que começam a se agregar, tornando o fluxo de sangue mais lento, impedindo a chegada do
sangue no cérebro, gerando uma anóxia.
● Durante o desenvolvimento esquizogônico sanguíneo, o P. falciparum induz uma série de
modificações na superfície da célula parasitada, que permitem a sua adesão à parede endotelial
dos capilares. Este fenômeno de citoaderência é mediado por proteínas do parasito expressas
na superfície dos eritrócitos infectados, formando protuberâncias ou knobs. A TNF-alfa e
outras citocinas podem estimular a expressão de moléculas de adesão, principalmente ICAM-1
nos capilares cerebrais. A citoaderência endotelial ocorre principalmente nas vênulas de
órgãos vitais (cérebro, coração, fígado, rins, intestino). Dependendo da intensidade, podem
levar a obstrução da microcirculação e redução do fluxo de oxigênio. São alvos dessa agressão
o cérebro, os rins e o fígado, cujos danos são responsáveis pelas complicações de malária
cerebral, insuficiência renal aguda e hepatite, comuns nos quadros de malária grave.
Hepatoesplenomegalia: aumenta a chegada de células do sistema fagocitico mononuclear (como os
macrofagos) principalmente no fígado e no baço.
Diagnóstico
● Clínico: os sintomas da malária são inespecíficos, não se prestando a distinção entre a malária
e outras infecções agudas do homem. Em áreas endêmicas, sempre se deve suspeitar da
possibilidade da doença a partir de sintomas como febre.
● Laboratorial: pesquisa do parasito no sangue periférico, pelo método da gota espessa ou pelo
esfregaço sanguíneo. Estes são os únicos métodos que permitem a diferenciação específica dos
parasitos a partir da análise da sua morfologia e alterações provocadas no eritrócito infectado.
Tratamento
Drogas anti-maláricas:
● P. falciparum:
➢ Quinina (ECIDA hem rápido) + Doxiciclina (ECIDA tec lento)
➢ Mefloquina (ECIDA hem rápido)
➢ Artesunato (ECIDA hem rápido) + Doxiciclina*
● P. vivax:
➢ Cloroquina (ECIDA hem, GCIDA)
➢ Primaquina* (ECIDA tec, GCIDA)
● P. malariae:
➢ Cloroquina: tratar as malárias benignas, é ativa contra as formas sanguíneas e
gametócitos e de baixa toxicidade. Único usado em gestantes (a quinina também pode
ser usada em últimos casos com a clindamicina).
Morfologia
→ Taquizoíto:
● É a forma encontrada na fase aguda (sendo também chamada de forma proliferativa).
● É nessa fase que é possível tratar o paciente.
● Tem aspecto de arco, meia lua ou banana com uma das extremidades mais finas e a outra mais
arredondada, com o núcleo em posição mais ou menos central.
● Apresenta o complexo apical na parte mais fina do parasito.
● Forma móvel, de multiplicação rápida (por um processo denominado endodiogenia).
→ Bradizoíto:
● É a forma encontrada em vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina),
durante a fase crônica da infecção.
● Nessa fase, não é possível tratar o paciente.
● São semelhantes aos taquizoítos, porém, são mais achatados.
● Dentro dos tecidos, formam os cistos.
● Se multiplicam lentamente dentro do cisto por endodiogenia ou endopoligenia.
● São resistentes à tripsina e pepsina podendo permanecer viáveis nos tecidos por anos.
→ Oocisto:
● É a forma de resistência que possui uma parede dupla bastante
resistente às condições do meio ambiente.
● Os oocistos são produzidos nas células intestinais de felinos
não-imunes e eliminados imaturos (não esporulados) junto com as
fezes.
● Os oocistos são esféricos e após esporulação no meio ambiente
contêm dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada → aí sim se tornam infectantes.
Transmissão: ingestão de oocistos presentes em alimento ou água contaminadas, ingestão de cistos
encontrados em carne crua ou malcozida, especialmente do porco e de carneiro, transmissão congênita
(transplacentária e por meio do rompimento de cistos no endométrio).
Ciclo biológico
Desta forma, T. gondii apresenta um ciclo heteroxeno, no qual os gatos são considerados
hospedeiros definitivos por possuírem um ciclo sexuado dentro do vacúolo parasitóforo do
citoplasma, nas células epiteliais do intestino e um ciclo assexuado ocorrendo em outros tecidos. O
homem e outros mamíferos e aves possuem apenas o ciclo assexuado, por isso, são considerados os
hospedeiros intermediários.
→ O gato defeca no solo, os oocistos liberados no meio ambiente esporulam em até 5 dias,
contaminando vegetais, frutas e outros animais, incluindo o homem. Um hospedeiro suscetível ingere
oocistos maduros contendo esporozoítos (encontrados em alimentos ou água contaminada) ou cistos
contendo bradizoítos encontrados na carne crua, adquire o parasito e desenvolve a fase assexuada. Os
oocistos se transformam em taquizoítos dentro dos hospedeiros intermediários e, nos tecidos, se
transformam em cistos contendo bradizoítos.
Toxoplasmose em imunossuprimidos:
● Extremamente grave, a toxoplasmose em imunossuprimidos é uma doença oportunista - ativa
o parasitas.
● Pode levar à morte.
Imunidade
● Os mecanismos imunes celulares são responsáveis pela destruição dos taquizoítos
extracelulares. Daí na fase crônica só persistem os bradizoítos.
● A imunidade adquirida é a mais importante na defesa contra o toxoplasma, tanto para destruir
as células parasitadas quanto para fazer com que os cistos do toxoplasma não se multipliquem
tão invasivamente de forma que o parasito conviva com o hospedeiro sem causar danos. É
mediada por linfócitos T, que atuam nos mecanismos de defesa contra os microrganismos que
sobrevivem nas células infectadas.
➢ Imunidade humoral: IgM (recém-nascidos produzem indicando infecção), IgG (curta
duração) e IgA (infecção via oral).
➢ Imunidade celular: quando ocorre a invasão dos macrófagos estimulando a IL-12 que
ativa as células NK produzindo IFN-Y e TNF que medeiam a morte de taquizoítos.
Diagnóstico
Tratamento
● Ainda não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose na fase crônica da infecção.
As drogas utilizadas atuam contra taquizoítos, mas não contra os cistos.
● Medicamentos: associação de pirimetamina com a sulfadiazina ou a sulfadoxina - antibióticos.
● Intolerância à sulfa: utiliza-se a clindamicina.
● Em gestantes: espiramicina.