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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA


ROTEIRO DE ESTUDO SOBRE Trichomonas vaginalis e tricomoníase

GRUPO: Clinton de Souza Neto Q2, Q3, Q4, Q9), Gerffeson Davy Moreira da Silva (Q1,
Q5, Q6) e João Víctor Nicacio Basílio (Q7, Q8, Q10)

1. Justifique a importância do estudo da tricomoníase, abordando os dados de


prevalência mundial dessa doença, conforme o artigo ou outras fontes confiáveis.
Esses dados são fidedignos? Explique.
A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo protozoário
Trichomonas vaginalis, sendo uma das doenças mais comuns no mundo. Segundo a OMS,
estima-se que 156 milhões de pessoas estejam infectadas com T. vaginalis em todo o
mundo, sendo que cerca de 80% desses casos ocorrem em países de baixa e média renda.
No entanto, a prevalência da tricomoníase pode ser subestimada devido à falta de
diagnóstico adequado e à natureza muitas vezes assintomática da infecção, especialmente
em homens. Portanto, é fundamental que sejam realizados esforços para aumentar a
conscientização sobre a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da
tricomoníase, bem como para desenvolver novas estratégias de prevenção e controle da
doença.

2. O que é a tricomoníase? Quais são os sinais e sintomas dessa doença? E suas


complicações? Que outras comorbidades são comuns na tricomoníase?
A tricomoníase é uma infecção causada por um protozoário flagelado da espécie
Trichomonas vaginalis. Os sintomas podem ser variados de acordo com o sexo do
hospedeiro e podem ser confundidos com outros patógenos. Nos homens é comumente
assintomático, quando sintomático ocorre uretrite, com ardência ao urinar e secreção
viscosa, purulenta e com aspecto leitoso. Nas mulheres pode variar da forma assintomática
a forma aguda, apresentando vaginite com secreção purulenta e com odor fétido. Outras
comorbidades causadas pela tricomoníase nos homens são a prostatite, balanopostite e
cistite. Já nas mulheres pode ocasionar lesões com pontos hemorrágicos na parede cervical
ou cérvice com aspecto de morango.

3. Qual o agente etiológico da tricomoníase? Como se caracteriza morfologicamente?


Onde esse parasito habita? Como é o seu ciclo de vida?
O agente etiológico da tricomoníase é o Trichomonas vaginalis, um organismo unicelular
polimórfico flagelado anaeróbico, que possui muita plasticidade morfológica, podendo ser
elipsóides, ovais ou esféricos tendo a capacidade de formar pseudópodes. As
características principais desse organismo são a presença dos flagelos anteriores livres,
membrana ondulante, presença de hidrogenossomos e uma estrutura hialina que se projeta
chamada de Axóstilo. Este parásito se localiza no trato genital feminino e na uretra e
próstata do trato genital masculino com o pH entre 5 e 7. Seu ciclo de vida ocorre apenas
no órgão genital humano. É incomum este patógeno ser transmitido pelo contato em
assentos ou roupas contaminadas por exemplo, devido a inexistência da forma cística,
assim não sobrevivendo ao ambiente externo, porém, essa hipótese pode ser considerada
se tratando de infecções em crianças e adolescentes sem vida sexual ativa. De forma geral,
o Trichomonas spp. se reproduz por divisão binária longitudinal com divisão nuclear do tipo
criptopleuromitótica.
4. Quem são seus hospedeiros? Quais as fontes alimentares do parasito? Explique
como se dá o seu metabolismo.
O Trichomonas vaginalis é um parasita que infecta exclusivamente seres humanos, sendo
transmitido principalmente através de contato sexual. O parasita não possui capacidade de
sobreviver fora do hospedeiro humano por muito tempo, portanto, não existem fontes
alimentares conhecidas do T. vaginalis.

No entanto, existem fontes alimentares conhecidas do T. vaginalis dentro do hospedeiro


humano. O parasita pode se alimentar de células epiteliais descamadas, leucócitos e outras
células presentes no trato genital feminino, bem como de muco cervical e secreções
vaginais. O T. vaginalis não é considerado um parasita nutricionalmente exigente e pode
sobreviver em um ambiente com poucos nutrientes.

O metabolismo do T. vaginalis é anaeróbio e depende da glicólise como principal via


energética. O parasita é capaz de produzir enzimas que lhe permitem utilizar diferentes
fontes de açúcares, além de possuir mecanismos de regulação da expressão gênica que
lhe permitem se adaptar a diferentes condições do ambiente vaginal.

5. Como esse parasito consegue lesar os tecidos? Esse parasito necessita de lesar
os tecidos humanos para sobreviver?
O Trichomonas vaginalis, parasito causador da tricomoníase, é capaz de lesar os tecidos do
trato genital feminino e masculino, causando uma resposta inflamatória que pode levar a
danos teciduais. No entanto, o parasito não depende desses danos para sobreviver, já que
é capaz de obter nutrientes do ambiente circundante. A lesão tecidual está mais relacionada
com o desenvolvimento de sintomas clínicos, como inflamação e dor, do que com a
sobrevivência do parasita. É importante destacar que a infecção por T. vaginalis pode levar
a complicações graves, especialmente em mulheres, como a doença inflamatória pélvica,
que pode resultar em infertilidade e dor crônica. Por isso, o tratamento adequado da
tricomoníase é fundamental para prevenir essas complicações e proteger a saúde dos
pacientes.

6. Cite três métodos de diagnóstico laboratorial para a tricomoníase. Que tipos de


amostras biológicas são necessárias para cada tipo de método mencionado?
Explique o que se evidenciam a partir da aplicação desses métodos e quais são as
vantagens e desvantagens de cada uma desses métodos.
Exame microscópico direto: É realizado através da visualização direta do T. vaginalis no
microscópio. Para esse tipo de exame, é necessária a coleta de secreção genital de
mulheres ou homens. A vantagem é que é um método rápido e de baixo custo, porém
apresenta baixa sensibilidade e especificidade.

Cultura em meio de Diamond: É um método que permite o crescimento do parasita em meio


de cultura específico. Para a realização do exame, é necessário coletar secreção vaginal ou
uretral. A vantagem é que apresenta alta sensibilidade e especificidade, mas é um método
demorado e pode não ser acessível em todos os laboratórios.

Testes moleculares: São baseados na detecção do material genético do parasita através de


técnicas de amplificação de DNA, como a PCR. Podem ser realizados em amostras de
secreção genital, urina e sangue. Apresentam alta sensibilidade e especificidade, além de
serem métodos rápidos. No entanto, são mais caros em comparação aos métodos
tradicionais.

7. Que tipo de resposta imune o nosso corpo produz contra este parasito? A resposta
imune, quando presente, é protetora? O parasito evade da mesma? Como?
O nosso corpo produz uma resposta imune celular e humoral contra o T. vaginalis,
envolvendo a produção de anticorpos e a ativação de células imunológicas. No entanto, a
resposta imune não é completamente protetora, uma vez que o parasita é capaz de evadir
do sistema imunológico através de mecanismos como a variação de proteínas de superfície
e a produção de moléculas que inibem a resposta imune do hospedeiro.

8. Como se dá a transmissão desse parasito e como se deve fazer o controle da


infecção e da tricomoníase? Que perspectivas pode se ter para isso?
É uma IST, são transferidos por relações sexuais ou, no caso de recem nascidos por meio
das trocas entre a mãe infectada e o feto por meio da placenta. A forma mais eficaz é
fazendo escolhas sexuais mais apropriadas e acima de tudo o uso de preservativos, uma
forma de contenção física que impede a passagem do parasito além de outros.

9. Como se faz o tratamento para tricomoníase? Considerar as condições de gravidez


e lactação, persistência da infecção e coinfecções.
Atualmente o tratamento é realizado por fármacos como o Metronidazol, Tinidazol,
aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA,USA). Em casos de mulheres gestantes
não é indicado o uso via oral, sendo necessário o uso local de cremes, geleias e óvulos.
Casos de persistência da infecção ou de reinfecção podem ocorrer, principalmente em
mulheres, a possibilidade de ocasionar problemas na gravidez ou em sua fertilidade.
10. Consulte em livros didáticos do ensino básico (um do ensino fundamental e um
do ensino médio) se esse assunto é abordado. Agora considere a seguinte situação:
Em caso de você ser convidado para uma atividade educativa sobre Infecções
Sexualmente Transmissíveis (ISTs) para adolescentes e jovens, e que você desejasse
incluir tricomoníase, que aspectos você considera importantes Para montar a
estratégia defina um público mais específico dentro das faixas etárias sugeridas.
Acrescentar algo ao que já consta nos livros que você consultou? Se não constar o
assunto nos livros, o que você acha que deveria abordar na atividade educativa sobre
esse assunto? Em qualquer caso, qual estratégia você acha que seria mais adequada
para fazer essa atividade educativa?

Consultei os livros didáticos "Ciências Naturais: Aprendendo com o cotidiano" de Sonia


Lopes e Sérgio Rosso, destinado ao ensino fundamental, e "Biologia: Ensino Médio" de
Amabis e Martho, destinado ao ensino médio, e infelizmente não encontrei nenhuma
menção à tricomoníase.

Considerando o público adolescente e jovem, sugiro uma estratégia lúdica e interativa para
a atividade educativa, envolvendo jogos e debates para estimular a participação e a troca
de conhecimentos. A faixa etária pode ser entre 14 e 25 anos.

Para a abordagem do assunto, sugiro iniciar explicando o que são as ISTs, suas causas,
consequências e formas de prevenção, abordando de forma geral as doenças mais comuns
como sífilis, gonorréia, herpes, HPV, dentre outras, e, em seguida, explicar especificamente
o que é a tricomoníase, seus sintomas, formas de contágio e prevenção.

Para complementar a explicação, é possível mostrar imagens e infográficos, destacando


que a tricomoníase é uma doença que pode afetar tanto homens quanto mulheres, que
muitas vezes é assintomática e que pode causar complicações, como o aumento do risco
de transmissão de outras ISTs e complicações durante a gestação.

Além disso, é importante ressaltar que o tratamento é simples e eficaz, que deve ser feito
tanto pelo paciente quanto pelo seu(sua) parceiro(a), e que a prevenção pode ser realizada
através do uso de preservativos e da higiene íntima.

Para a atividade educativa, sugiro a utilização de jogos de tabuleiro ou quiz com perguntas
sobre as ISTs e a tricomoníase, com prêmios para os participantes com maior pontuação.
Também pode ser realizada uma dinâmica de debate em grupo, onde os participantes
podem compartilhar suas experiências e dúvidas sobre o tema, estimulando a reflexão e a
conscientização sobre a importância da prevenção.

Referências bibliográficas:

LOPES, Sonia; ROSSO, Sérgio. Ciências Naturais: Aprendendo com o cotidiano. São
Paulo: Editora Saraiva, 2010.

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia: Ensino Médio. São Paulo:
Editora Moderna, 2012.
Referências
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Trichomoniasis. Disponível em:
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/trichomoniasis. Acesso em: 23 abr. 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e
das Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às
pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Brasília: Ministério da Saúde,
2020. Disponível em:
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atenca
o-integral-pessoas-com-infeccoes. Acesso em: 23 abr. 2023.

MADDOX, Charmaine. Trichomonas vaginalis: underdiagnosis, undertreatment and


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FOKA, Georgia et al. Pathogenesis of Trichomonas vaginalis in the female genital tract: a
narrative review. Microorganisms, v. 9, n. 3, p. 470, 2021.

HUPPENBAUER, Constanze et al. Pathogenic mechanisms of Trichomonas vaginalis.


Current Opinion in Infectious Diseases, v. 34, n. 1, p. 60-67, 2021.

HEINE, Paulo Roberto; DAVIDSON, Lance. Trichomonas vaginalis. The Journal of


parasitology, v. 84, n. 4, p. 794-798, 1998.

TANG, Shukuan et al. Identification of Trichomonas vaginalis lysine residues involved in


enzyme activity. PloS one, v. 13, n. 7, p. e0200695, 2018.

HORVÁTHOVÁ, Lucia et al. Trichomonas vaginalis and Tritrichomonas foetus: interaction


with host cells in vivo and in vitro. Parasites & vectors, v. 11, n. 1, p. 1-14, 2018.

UPADHYAY, Aparna et al. A review on Trichomonas vaginalis: a sexually transmitted


pathogen. Scholars Journal of Applied Medical Sciences, v. 6, n. 2, p. 472-478, 2018.

NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana. 12ª ed. São Paulo: Atheneu, 2011. 536 p.

LOPES, Sonia; ROSSO, Sérgio. Ciências Naturais: Aprendendo com o cotidiano. São
Paulo: Editora Saraiva, 2010.

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia: Ensino Médio. São Paulo:
Editora Moderna, 2012.

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