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TRICHOMONAS VAGINALIS: SINTOMATOLOGIA PATOGÊNESE E

DIAGNÓSTICO

Isabel Maria de Araújo Pinto*


Iracema Jana Nóbrega de Freitas**
RESUMO

Palavras-chave: Tricomoníase. Trichomonas vaginalis. Protozoários.

1 Introdução

O Trichomonas vaginalis é um protozoário causador da Tricomoníase, doença sexualmente


transmissível responsável por 10% a 15% dos corrimentos vaginais infecciosos
(ROTTSCHILD; RAMOS, 1997). O Trichomonas vaginalis pode infectar o trato
geniturinário tanto dos homens como nas mulheres. Nas mulheres a doença pode começar
com uma secreção espumosa de cor verde-amarelada e odor desagradável, contudo, este
corrimento típico ocorre em apenas 20% das pacientes. Os homens raramente apresentam
sintomas, sendo o principal disseminador da doença (MACIEL, 2004). Foi descrito por
Donné em 1836, isolando-o de uma mulher com vaginite, sendo encontrado na uretrite de
um homem décadas mais tarde (NEVES et al, 2003). O objetivo desta revista de literatura é
mostrar a sintomatologia, o diagnóstico e a patogênese do parasito, com o intuito de
despertar a atenção dos profissionais na área de saúde para a gravidade da Tricomoníase e,
a importância de um diagnóstico precoce. O procedimento metodológico utilizado nesta
revista foi a pesquisa por meio eletrônico – internet, com base nos dados do Scielo, além da
utilização de páginas de busca como o Google.

2 Resultados

*
Professor Orientador: Doutora em ciências Biológicas pela UNESP – Universidade Estadual Paulista.
Professora de Micologia da FACOL – Faculdade Osman Lins. Professora titular de Microbiologia,
Parasitologia, Imunologia e Biologia, Genética e Evolução da FOR – Faculdade de Odontologia do
Recife. (isabelaraujop@hotmail.com).
** Graduada em Biologia pela FFPG – Faculdade de Formação de Professores de Goiana. Pós-graduanda
em Análises Clínicas pela FACOL – Faculdade Osman Lins. (iracemajnf@hotmail.com).
Para melhor compreender os objetivos propostos, abordaremos a taxonomia, o mecanismo
da patogênese, a sintomatologia, a prevenção e o diagnostico laboratorial do parasito.

2.1 Taxonomia (LEVINE, 1980)

Reino: Protista
Filo: Sarcomastigophora
Classe: Zoomastigophora
Ordem: Trichomonadida
Família: Trichomonadidae
Gênero: Trichomonas

2.2 Mecanismo da patogênese

O Trichomonas vaginalis se estabelece na vagina com o aumento do pH vaginal, que


normalmente varia de 3,8 a 4,5. A elevação do pH é evidente com redução concomitante de
Lactobacillus acidophilus, favorecendo a proliferação bacteriana (PETRIN et al, 1998).
A resposta imunológica celular e humoral são evidentes em pacientes com Tricomoníase.
Embora não seja encontrado em todos os pacientes, o aumento no numero de leucócitos
polimorfonucleares pode ser detectado facilmente nas secreções (LEHKER, 2000).

A interação entre o Trichomonas vaginalis e o seu hospedeiro é um processo


complexo, no qual envolve componentes associados à superfície celular do
parasito, células epiteliais do hospedeiro que podem ser ditadas pelos fatores de
virulência, como cisteina-proteinases, integrinas, adesinas, cell-detaching factor
(CDF) e glicosidases. O Trichomonas vaginalis precisa aderir às células
hospedeiras para exercer seus efeitos patogênicos (LÓPEZ et al, 2000. p.86).

Quatro proteínas (adesinas) têm sido identificadas como mediadoras do processo de


aderência do parasito as células: AP23, AP33, AP51 e AP65 (ALDERETE, 1988). A
síntese dessas proteínas é regulada positivamente pela ligação a células epiteliais e pelo
ferro (ALDERETE, 1998; GARCIA et al, 2003).
A expressão de adesinas na superfície do parasito é alternada com a expressão de P270,
uma proteína altamente imunogênica. Essa alternância na expressão parece ser um
mecanismo que o parasito utiliza para driblar o sistema imune (LÓPEZ et al, 2000). Outras
moléculas envolvidas no processo de adesão do Trichomonas vaginalis é representado por
cisteina-proteinases, que são citotóxicas e hemolíticas apresentando uma enorme
capacidade de destruir imunoglobulinas IgM, IgA e IgG que são anticorpos, presentes na
vagina (LÓPEZ et al, 2000 ; PETRIN et al, 1998). O funcionamento das proteinases de
superfície também é modulado pelo ferro que desempenha papel crucial na sobrevivência
deste parasito (LÓPEZ et al, 2000). Hemácias podem ser fagocitadas pelo Trichomonas
vaginalis para a aquisição de ferro da hemoglobina e também como fonte de ácidos graxos,
uma vez que, os Trichomonas não sintetizam lipídeos (LEHKER; ALDERETE, 1991). A
hemólise ocorre pela inserção de poros na membrana das hemácias, formados pela
liberação de proteínas ou através da interação entre receptores eritrocitário e adesinas do
parasito (RÉNDON-MALDONADO et al, 1998).

Estudos demonstram que o CDF (cell-detaching factor) causa efeitos


citopatogênicos em células cultivadas in vitro, por isso, podem ser relacionadas
com a severidade dos sintomas clínicos da vaginite. A produção de CDF é
influenciada pela concentração de estrógenos presentes na vagina, visto que, in
vitro, a produção de CDF pelo parasito diminui na presença do β-estradiol. O que
explica a aplicação de pomadas de estradiol intravaginal melhorarem os sintomas
sem erradicar a infecção. O Trichomonas vaginalis ativa a via alternativa do
complemento. O muco cervical é pobre em complemento e o sangue proveniente
da menstruação é a única fonte de complemento da vagina. Durante a
menstruação os organismos da vagina diminuem, enquanto que os fatores de
virulência mediados pelo ferro contribuem para um drástico aumento dos
sintomas neste período. O Trichomonas vaginalis pode se auto-revestir de
proteínas plasmáticas do hospedeiro, essa roupagem impede que o sistema
imunológico reconheça o parasito como estranho, por isso, a infecção causada
pelo Trichomonas tende a cronificar (PETRIN et al, 1998. p.17).

2.3 Sintomatologia e prevenção

O Trichomonas vaginalis infecta principalmente o epitélio escamoso do sistema genital


(MACIEL, 2004). A Tricomoníase apresenta grande variabilidade de manifestações
clinicas, desde a apresentação assintomática até o estado de severa inflamação (BARRIO et
al, 2002). Das mulheres infectadas, entre 25% e 50% são assintomática. Essa forma é
particularmente importante do ponto de vista epidemiológico, pois esses indivíduos são a
maior fonte de transmissão do parasito (LEHKER; ALDERETE, 2000). Mulheres
infectadas pelo Trichomonas vaginalis frequentemente têm corrimento, sua consistência
varia de acordo com a paciente, de fino e escasso a espesso e abundante. O sintoma
clássico de corrimento amarelo-esverdeado abundante, espumoso com odor desagradável e
prurido vulvar ocorre apenas em 20% dos casos (MACIEL, 2004). Nas mulheres a
sintomatologia é mais acentuada devido às alterações hormonais. Homens com
Tricomoníase geralmente não apresentam sintomas, devido ao zinco existente no sêmen
que é altamente tóxico ao Trichomonas vaginalis. Em homens infectados e, com baixos
níveis desse elemento o parasito vive em estado latente, convertendo-o em portador da
infecção (MACHADO et al, 2005). A Tricomoníase é uma doença sexualmente
transmissível, por isso, a única forma de preveni-la é com o uso de preservativos e, com
medidas como o uso individual de roupas intimas (NEVES et al, 2003).

2.4 Diagnostico laboratorial

O diagnostico do Trichomonas vaginalis não pode ser baseado somente nos aspectos
clínicos, pois seria facilmente confundido com infecções causadas por outras doenças
sexualmente transmissíveis - DST. A investigação laboratorial é essencial para o
diagnóstico do parasito, uma vez que leva ao tratamento adequado e facilita o controle da
propagação da infecção (PETRIN et al, 1998). O método mais simples e útil é o exame
microscópico a fresco, que consiste no exame do esfregaço colhido do saco posterior da
vagina. É o procedimento mais utilizado na pesquisa da Tricomoníase urogenital e depende
da observação microscópica do parasito móvel (SILVA; LONGATTO, 2000). Mas a
sensibilidade deste exame fica em torno de 50% a 60% (KISSINGER et al, 2005; SCHEE
et al, 1999). O exame de esfregaço é tipicamente rico em elementos polimorfonucleares e
há grande número de células epiteliais isoladas (CONSOLARO et al, 1999; LÓPEZ et al,
2000). Muitos desses estudos têm utilizado frequentemente técnicas, com relativamente
baixa sensibilidade, como o exame direto a fresco, e preparações coradas, e,
consequentemente, a prevalência da infecção por Trichomonas vaginalis pode ser
subestimada (SORVILLO et al, 2001). O Trichomonas vaginalis observado no exame
citológico, ele se apresenta com uma estrutura redonda piriforme ou raramente irregular
medindo 10 a 20μm, toma um a matiz cromofilica ou azul-lavanda na coloração de
Papanicolaou, seu núcleo se caracteriza por um aspecto finamente vesiculoso e pálido
(fig.1), os flagelos são raramente encontrados no esfregaço citológico (GOMPEL; KOSS,
1997).
Figura 1: Trofozoíto
Fonte: (www.primer.std.gallery.trichomonas)

3 Discussão

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