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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Medicina
Departamento de Saúde Pública
Disciplina de Saúde da Comunidade IV
Tema:
Epidemiologia e Controle das Parasitoses Intestinais
Discentes:
1. Camila E. Aly Cassamo
2. Faruque Sumindila
3. Milagre Manjate
4. Baptista Chande

Docente: Dra. Fátima Abacassamo


Sumário

01 Introdução 06 Factores de risco

02 07 Ciclo de vida dos parasitas


Conceitualização

03 História das parasitoses 08 Prevenção e controle

04 Etiologia 09 Conclução

05 Epidemiologia 10 Referências bibliográficas


Introdução
• As parasitoses constituem um grande problema de Saúde Pública,
afectando populações que vivem nas regiões tropicais e subtropicais,
sobretudo em países em desenvolvimento e com alta prevalência.
• Os parasitas intestinais são considerados como um dos maiores grupos de
organismos responsáveis por infecções em seres humanos. Estão envolvidos
neste complexo de infecções parasitárias intestinais, dois grupos, os
protozoários e helmintos, assim classificados de acordo com a sua
organização celular, agentes esses que exercem um efeito significativo e
prejudicial em vários aspectos da economia e da qualidade de vida de uma
comunidade.Existem três áreas principais em que a falta de um programa de
controlo causa perdas significativas: (a) nutrição, crescimento e
desenvolvimento; (b) trabalho e produtividade; e (c) custos de cuidados
médicos
conceitualização
conceitualização
• As parasitoses são doenças muito comuns no atendimento primário em
saúde
• Parasitismo é uma interação biológica em que um ser vivo — o parasita —
vive à custa de outro — o hospedeiro —, alimentando-se de seus tecidos ou
de seus fluidos orgânicos.
• Em geral, os sintomas mais comuns são:
• Sintomas do TGI: diarreia, má absorção, náuseas, vômitos, dor
abdominal, prurido anal;
• Alterações hematológicas: eosinofilia, anemia ferropriva;
• Sintomas dolorosos (Sindrome de Loeffler): Relacionada a parasitas
com passagem pulmonar (strongiloide; necator, a. lumbicoides);
• Outros: Perda ponderal, hepatoesplenomegalia, febre e dermatite
perianal.
História das
parasitoses
História das parasitoses
• O parasitismo é composto por três subsistemas: o parasito, o hospedeiro e meio
ambiente. Não existe organismo que não possa ser parasitado. Algumas espécies
de parasitos que infectam humanos foram herdados dos pré-hominídeos.
• Paleoparasitologia que é o estudo dos parasitos em materiais antigos, que
trouxe novas informações na evolução, paleoepidemiologia, ecologia e
filogenética das doenças infecciosas.
• O primeiro parasita conhecido em um ser humano foram os ovos do verme do
pulmão encontrados em fezes fossilizadas no norte do Chile e estima-se que
sejam de cerca de 5.900 aC.
• Ovos de ancilostomídeos de cerca de 5.000 aC no Brasil
• Ovos de lombrigas de cerca de 2.330 aC no Peru.
• Ovos de tênia também foram encontrados em múmias egípcias datando de
cerca de 2.000 aC, 1.250 aC e 1.000 aC, juntamente com um verme fêmea
bem preservado e calcificado dentro de uma múmia.
História das parasitoses – cont.
• Os primeiros registros escritos de parasitas datam de 3.000 a 400 aC em
registros de papiro egípcio que identificam parasitas como lombrigas,
vermes da Guiné , vermes e algumas tênias de variedades desconhecidas.
• Na Grécia, Hipócrates e Aristóteles criaram considerável documentação
médica sobre parasitas no Corpus Hippocraticus.
• O médico persa medieval Avicena registrou a presença de vários parasitas
em animais e em seus pacientes , incluindo o verme da Guiné , vermes,
tênias e o verme Ascaris .
História das parasitoses – cont.
• Antonie van Leeuwenhoek observou e ilustrou Giardia lamblia em 1681 e este
foi o primeiro protozoário parasita de humanos a ser visto ao microscópio.
• Alguns anos depois, em 1687, os biólogos Giovanni Cosimo Bonomo e Diacinto
Cestoni publicaram que a sarna é causada pelo ácaro parasita Sarcoptes
scabiei.
• A parasitologia moderna desenvolveu-se no século XIX com observações
precisas de vários pesquisadores e médicos.
Etiologia das
parasitoses
Etiologia
Protozoários Giárdia lamblia
Entamoeba hystolitica
Cryptosporidium parvum
Helmintas
Nemátodos Ascaris lumbricoides
Parasitas Enterobius vermicularis
Trichuris trichiuria
Ancylostoma duodenale
Necator americano
Strongyloides stercolaris
Toxocara canis
Tremátodes Shistosomas(S. intercalatum; S.
mansoni)
Cestodes T.Solium
T.Saginata
Echinococus granulosos
Etiologia – formas infectantes dos parasitas
Factores de risco
Factores de risco
• A prevalência de infecções por parasitas intestinais constitui um dos
melhores indicadores do status socioeconômico de uma população e
pode estar associada a diversos determinantes, como instalações
sanitárias inadequadas, poluição fecal da água e de alimentos
consumidos, fatores socioculturais, contato com animais e ausência de
saneamento básico
• Os principais fatores de risco são:
a. Morar ou viajar para áreas geográficas onde os
parasitas são mais comuns
b. Má higiene das mãos e ou inexistência de água
tratada
c. Idade (crianças e idosos são mais suscetíveis)
d. Institucionalização (crianças que frequentam
centros de acolhimento)
e. Diminuição das defesas (como acontece na
infeção pelo VIH/SIDA)
Ciclo de vida dos
parasitas
Ciclo de vida
• Ciclo de vida direto ou monoxeno: parasitas que utilizam apenas um
hospedeiro. Alguns parasitos do ciclo de vida direto e reprodução assexuada
multiplicam-se por fissão, e um organismo se divide em dois idênticos.
• Ciclo de vida indireto ou heteroxeno: parasitos que convocam de um ou
mais hospedeiros intermediários.
Ciclo de vida
• Ingesta de água ou alimento contaminado por cistos
de giardia ou outro que, quando chegam ao nível do
estomago começam o processo de desincistamento
devido ao pH, temperatura e suco pancreático.
• Ao nível do Intestino Delgado (duodeno) o
desincistamento está completo formando o trofozoíto
que começa então a se reproduzir assexuadamente
por meio da divisão binária longitudinal.
• Após um tempo ocorre um encistamento novamente.
Ocorre produção de quitina que dá estruturação da
parede cística formando um novo cisto, sem
mecanismos de adesão a parede do intestino
delgado. O motivo para o novo encistamento ainda
não é conhecido.
• Esse cisto não consegue se aderir e acaba se
desprendendo da mucosa intestinal, saindo junto com
o bolo fecal pronto para infectar novas pessoas.
Epidemiologia
Epidemiologia
● Segundo a OMS, as doenças infecciosas e parasitárias estão entre
as principais causas de morte, sendo responsáveis por 2 a 3 milhões
de mortes por ano no mundo todo.

● Aproximadamente, 4,5 bilhões de pessoas estão em risco, cerca de


3,5 bilhões de pessoas são afetadas em todo o mundo, das quais 450
milhões são sintomáticas e 300 milhões sofrem de morbidade grave
associada, e associada a mais de 200000 mortes reportadas no
mundo.

● Nos países desenvolvidos estima-se que a incidência seja de 50%.


● Em Moçambique estima-se que a incidência seja de 53%.
● Na África subsaariana algumas regiões reportam elevada
incidência(95%) das parasitoses intestinais.

● Estima-se que até 250 milhões de pessoas estejam infectadas com


pelo menos uma ou mais espécie.Destes entre 1/4 a 1/3 da
população dos países da ASS é afectada por uma ou mais infecções
por helmintos transmitidos pelo solo.

● A distribuição e prevalência das parasitoses está associada a


precária higiene pessoal e ambiental;
Prevalência mundial
• Em 2019, aproximadamente meio milhão
das 5.050.000 mortes infantis totais foram
devidas a doenças diarreicas por parasitoses
intestinais e 53% dessas mortes ocorreram
na Africa Subsaariana, com contribuição de
7573 de Mocambique
• A taxa global no pais de prevalência é de
53%.
• A ascardíase, a tricuríase a ancilostomíase
são os mais prevalentes.
• Dos 148 distritos, 65 são endêmicos e
apenas 7 distritos tem prevalência inferior a
20%.
• As províncias mais afectadas são Niassa,
Cabo Delgado, Nampula e Zambézia.
Gráfico1: Parasitoses intestinais em crianças até 14 anos,
hospitalizadas com diarreia entre 2014-2019
fonte: national library of medicine, 2022
Gráfico 2: resultados de microscópia óptica em 4 províncias de
Moçambique
fonte: national library of medicine, 2022
Gráfico 3: parasitas
detectados em fezes de
crianças dos 0-168 meses de
idade hospitalizadas no HCM,
HGM, HGJM
fonte: instituto nacional de
saúde, 2018
Gráfico 4: Ocorrência
de parasitoses
intestinais de
importância em
saúde pública em
produtos hortícolas,
nos principais
mercados.
Fonte: MDPI
https://www.mdpi.c
om/2076-
2607/9/9/1806
Gráfico 5:
Ocorrência de
parasitoses
intestinais de
importância em
saúde pública.
Fonte: MDPI
https://www.m
dpi.com/2076-
2607/9/9/1806
PREVENÇÃO E
CONTROLE
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS OMS 22
Grupo alvo:
O programa de desparasitação escolar ou em crianças
dos 12 meses aos 5 anos:
Crianças Mulheres A nível nacional e feito com albenazol e ou mebendazol

Na mulher gravida:
Suplementação com acido fólico e sal ferroso associado
Pré- Idade a desparasitação com albendazol ou mebendazol e
escolar praticas saudáveis e higiénicas.
fértil Nb: estas são também praticas nacionais

• Outros grupos tais como: idosos, homens,


Escolar.  Grávidas imunodeprimidos, doentes crónicos são
integrados em planos ou estratégias de outra
lactantes
natureza (Programa: Nacional do HIV/SIDA
; Doenças Tropicais Negligenciadas; Promoção de
saúde; Saúde do adolescente) combinados a
estratégia de prevenção e control de parasitoses
intestinais.
Medidas para eliminação das HTS são:
• Saneamento básico e educação para saúde
 Reduz a transmissão e reinfeção, incentivando comportamentos
saudáveis (principalmente hábitos de higiene saudáveis);

• Tratamento comunitário .
 Desparasitação periódica pode ser facilmente integrado com dias
de saúde infantil ou vitamina A programas de suplementação para
crianças pré-escolares, ou
 Integrados com programas de saúde nas escolas.
 Acesso a anti-helmínticos e tratamento adequado dos infectados.
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS NACIONAIS
• Integração das actividades do Gabinete de Combate às Doenças
Transmissíveis Negligenciadas (DTN).

• Desparasitação de crianças em idade pré-escolar (dos 12-59 meses)


durante as Semanas Nacionais de Saúde e administração de Vitamina A,
desde 2008.
• 90% das crianças com menos de 5 anos são desparasitadas duas vezes por
ano.
• O programa de desparasitação escolar ou em crianças dos 6 meses aos 5
anos: A nível nacional e feito com albenazol e ou mebendazol
• Em crianças em idade escolar (5-15 anos) está integrada na actividades de
eliminação da filaríase devido a eficácia dos fármacos no controlo das
HTS.
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS NACIONAIS
• A transmissão da maioria dos parasitas intestinais pode ser prevenida por

• Disposição sanitária de fezes


• Lavagem das mãos
• Cozinhar os alimentos de forma adequada
• Provisão de água purificada
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS NACIONAIS:
Projectos 1 Minuto e mNutrition
1. Os Projectos Minuto de nutrição e mNutrition têm como essência a
divulgação de mensagens contextualizadas, onde serão abordados
vários assuntos pertinentes como:
• Aleitamento materno exclusivo;
• Alimentação complementar;
• Suplementação com vitamina A;
• Suplementação com ferro e ácido fólico nas gestantes, lactante
e adolescentes;
• A promoção de uma dieta nutritiva e diversificada;
• A promoção do uso do sal iodado;
• A desparasitação;
• A prevenção da malária e o planeamento familiar.
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS NACIONAIS:
saúde escolar

Fonte: MISAU- plano estratégico do sector de


saúde 2014-2019
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS NACIONAIS:
programa: DTN

Fonte: MISAU-
plano
estratégico do
sector de
saúde 2014-
2019
PREVENÇÃO E CONTROLE- ESTRATÉGIAS NACIONAIS
• Problemas:
• Reduzido número de parceiros atuando na área de doenças
transmissíveis negligenciadas (DTN).

• Inexistência de instrumentos de recolha regular de dados.

• Inexistência de temas específicos abordando DTN nos currículos em


diferentes níveis de formação.

• Insuficiência de medicamentos para segunda ronda de tratamentos


nos locais onde a prevalência é superior a 50%.
conclusão
conclusão
• As parasitoses intestinais são um grande problema de saúde pública a nível
mundial, principalmente nos países subdesenvolvidos;
• A transmissão dá-se por via fecal-oral e/ou cutânea;
• Evolui com queixas gastrointestinais, podendo em alguns casos específicos de
manifestações em outros sistemas;
• Os quadros mais graves ocorrem em imunocomprometidos, desnutridos e naqueles
com cargas parasitárias elevadas;
• Indivíduos que vivem em condições precárias de saneamento básico, de
abastecimento de água, de habitação e da falta de hábitos de higiene pessoal e
coletiva, são os mais propensos à aquisição de enteroparasitoses. Portanto, há
necessidade de formulação e aplicação de medidas políticas intersetoriais que
garantam o acesso universal aos serviços de saúde e a promoção de projetos de
educação sanitária e ambiental.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALBONICO, M. et al. Control of Intestinal parasitic infections in Seycelles; a
comprehensive ans sustainable approach.
2. Ministério da Saúde Moçambique. Plano Nacional Integrado de Controlo
de Doenças Trópicas Negligenciadas (2013-2017). 1ª Edição.
3. Prevention and Control of Intestinal Parasitic Infections. Report of WHO
Expert Committee. World Health Organization Technical Report Series 749.
World Health /organization 1987.
4. NATIONAL library of Medicine.Intestinal Parasites in Children up to 14
Years Old Hospitalized with Diarrhea in Mozambique,2014-2019.
5. MDPI. Occurrence of intestinal Parasites of Public Heath significance in
Fresh Horticulttural Products Sold in Maputo Markets and Supermarkets.
2021 By:Catia Salamandane, Maria Lobo, Sonia Afonso, Olga Matos
6. NEVES, David Pereira. Parasitologia humana, 13ªed, São Paulo, Atheneu:
2016
obrigado!
Ps: vide com
atenção as notas
abaixo dos slides
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