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PARASITOLOGIA

Mecanismos Básicos

“A relação entre as populações de homens, vetores e agentes etiológicos é bastante complexa e


não parece estar no horizonte, para os próximos anos, a miragem de uma vida libre de infecções.”

Entre as doenças decorrentes da “pobreza”, destacamos as parasitárias, ou as parasitoses.


Entende-se que parasitismo é apenas um dentre muitos tipos de associação de dois organismos e
não há um caráter único possível para rotular um animal como parasita.

Parasitismo: associação entre organismos de espécies distintas, na qual se observa além de


associação íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variado.

A resposta imune depende da genética, da carga parasitária e da idade. Ela é fundamental na


relação parasita-hospedeiro.

Interesse médico na parasitologia:

 Identificação (diagnóstico)
 Biologia (patologia, tratamento, transmissão e controle);
 Relação parasito x hospedeiro (prognóstico).

Principais tipos de parasitismo

 Acidental: encontrado em hospedeiro anormal ao esperado. Ex: bicho geográfico;


 Errático: encontrado em outro local que não é o habitat normal. Ex: infecções helmínticas
em locais diferentes, como ovos de Schistosoma mansoni no cérebro.
 Obrigatório: é o tipo básico de parasitismo, onde o parasito é incapaz de sobreviver sem
seu hospedeiro.
 Facultativo: é o caso de algumas espécies que podem ter um ciclo em sua integrando vida
livre e opcionalmente podem ser encontrados em estado parasitário.

Tipos de hospedeiros

 Definitivo: abriga o parasita em fases de maturidade ou atividade sexual;


 Intermediário: abriga o parasita em fase larvária ou assexual;
 Vertebrado ou invertebrado;
 Paratênico ou de transporte: quando no mesmo, não ocorre evolução parasitária;
 Reservatório: hospedeiro capaz de manter uma infecção com pouca ou nenhuma
patogenia.

Principais adaptações sofridas no processo

Evolutivo morfológicas: degenerações/atrofias de aparelho locomotor digestivo e sensorial.


 Hipertrofia em órgãos de fixação, reprodução ou proteção.
Biológicas: resistência às agressões do hospedeiro.
 Aumento da capacidade reprodutiva e diversos tipos de reprodução.

MODALIDADES DE PARASITISMO
Em relação ao número de hospedeiros
 Monoxeno;
 Heteroxeno;

Em relação ao tempo de permanência


 Permanente;
 Acidental.

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PARASITOLOGIA

EPIDEMIOLOGIA
O conjunto de fatores de importância no estudo dos determinantes e da frequência de uma
doença parasitária, à nível local, regional e mundial.
São fatores de importância neste campo:

I. Distribuição geográfica;
II. Mecanismos de transmissão;
III. As formas parasitárias infectantes;
IV. Presença ou não de reservatórios;
V. Se a infectividade ou virulência são influenciadas por faixa etária, sexo ou raça;
VI. Veículos de transmissão: água, alimentos, fômites;

ALGUMAS DEFINIÇÕES EM EPIDEMIOLOGIA:

Habitat: ecossistema local ou órgão onde determinada espécie ou população vive;

Antroponose: infecção transmitida exclusivamente entre os homens;

Endemia: é quando determinada infecção tem sua transmissão mantida em determinada área de
forma regular em relação ao número de casos esperado.

Epidemia: é a ocorrência em determinado local, região ou país de número de casos autóctone


superior ao esperado para aquela época do ano;

Zoonose: infecção transmitida em condições naturais entre outros animais vertebrados e o


homem. Alguns autores dividem as zoonoses em: antropozoonose x zooantroponose.

Profilaxia: conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação, ou controle de doenças

Em relação à especificidade parasitária:

 Estenoxeno (grupo restrito de hospedeiros);


 Eurixeno (número mais variado de hospedeiros);
 Monoxeno;

Em relação à localização:

 Ectoparasito;
 Endoparasito

Em relação ao tipo de hospedeiro:

 Definitivo
 Intermediário

Em relação ao vetor:

 Biológico
 Mecânico

Ação dos parasitos: Espoliativa, tóxica, irritativa, mecânica ou enzimática;


Fatores: virulência, carga parasitária, idade, estaod nutricional, imunidade.
Mecanismos de transmissão: fecal-oral, oral, vetorial, congênita, sexual, percutânea ou
transcutânea.

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PARASITOLOGIA

Fatores associados às doenças

 Crescimento desordenado das cidades;


 Baixa qualidade das condições de vida e higiene das comunidades (água, esgoto e lixo...)
 Desastres naturais;
 Hábitos e costumes;
 Nível de instrução da população.

ECTOPARASITOS

Ectoparasitismo é uma relação interespecífica onde a dependência metabólica de uma espécie é


vinculada a da outra espécia. Ectoparasitas são parasitas que vivem na superfície ou na derme do
seu hospedeiro.

Principais grupos de ectoparasitos e suas doenças ou parasitoses:

Insetos

 Anopluros (piolhos) → pediculose (lêndeas) e fitrose (chato);


 Diptera (Moscas e mosquitos) → miíases (berne e bicheira);
 Sifonápteros (pulgas) → reações alérgicas, fungos e peste bubônica;

Ácaros

 Escabiose (sarna humana) → alergias respiratórias

ANOPLUROS: (PIOLHOS)

 Classificação: classe inseta, ordem Anoplura


 Aparelho bucal do tipo picador-sugador;
 Machos e femeas hematófagos;
 Corpo achatados dorsoventralmente; corpo alongado com tórax mais estreito que o
abdome; apêndices preensores de tamanhos iguais;
 Áptero;
 Ectoparasitos obrigatórios e exclusivamente hematófagos.

PEDICULOSE
Agente etiológico: Pediculus humanus capitis (mais frequente em residências, escolas e asilos)
Pediculus humanus corporis (menos frequente devido ao hábito da troca de roupa para dormir)
Ação parasitológica → através da picada para efetuar a hematofagia;
Modo de transmissão → contágio direto;
Hospedeiro e fonte de infestação → homem
Dispersão → idade e sexo não influenciam;
Distribuição geográfica → cosmopolita
Diagnóstico: procura e identificação dos adultos ou lêndeas
Sinais e sintomas: prurido intenso, erupções papulos, infecção microbiana, impetigo;
Tratamento: despiolhamento com inseticidas ou xampu, sabão e loção. Imposição de medidas de
higiene, educação sanitária e corte de cabelo;

FITROSE
Agente etiológico: Phthirus pubis
 Características: corpo robusto, tórax e abdome fundidos; apêndices com garras;

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PARASITOLOGIA

Ação parasitológica → exerce a hematofagia a vida toda;


Modo de transmissão → contato direto;
Hospedeiro → homem;
Hábitat → regiões pubiana e perineal (axilas, barba e sobrancelha);
Ciclo biológico → semelhante ao piolho;
Sintomas e sinais: Prurido intenso, lesões devido à piccada, lesões papuloas e eritematosas,
pigmentação azul-acinzentada na pele (maculae cerulae), blefarite quando há infestação dos
cílios.
Tratamento: mesmos procedimentos utilizados para o tratamento dos piolhos.

SIFONÁPTEROS (PULGAS E BICHOS DE PÉ)


 São insetos holometábolos (metamorfose completa);
 As larvas se alimentam de detritos, geostáticas e fotofóbicas.
 Pulgas que atuam como ectoparasitas;
 Problemas de saúde: dermatites, anemias do tipo espoliativa, irritação e eczemas.
 Pulex irritans: pulga do homem;

TUNGOSE
Agente etiológico: tunga penetrans
 Uma outra pulga de importância médica;
 Pulga cosmopolita
 Promove reação inflamatória com ponto preto central
 Desenvolve-se em locais arenosos quentes e secos com lixo rico em material orgânico
(praias, chiqueiros e estábulos.
 São exclusivamente hematófagas.
 Nome popular: bicho de pé;

Transmissão: História de contato com praias, estábulos, chiqueiro e lixo;


Diagnóstico: afecção pruriginosa com pápulas amareladas.
Patogênese: As localizações principais da fêmea parasita são a sola dos pés, espaços
interdigitais e sob as unhas. Pode ocorrer infecção secundária por Clostridium tetani (tétano),
Clostridium perfringens e outras espécies (gangrena gasosa) e Paracoccidioides braziliensis
(Blastomicose)
Tratamento: Extração da pulga com agulha esterilizada, espremer o conteúdo, efetuar a asepsia
e aplicar antibiótico creme ou pomada.

DÍPTEROS (MOSCAS)
Dípteros são insetos que pertencem à ordem Diptera, onde se incluem os mosquitos e moscas
 Holometábolos com fases de ovo, larva, pupa e adulta.
 Um par de asas desenvolvimeda e o segundo par reduzido.
 Corpo com cabeça, tórax e abdome.
 Um par de antenas;
 Corpo robusto;
 Apresentam cores metálicas com listras.

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PARASITOLOGIA

Miíases: São infestações em vertebrados vivos, incluindo homem, por larvas de dípteros,
particularmemente que pelo menos em uma parte de seu ciclo se mantêm em tecidos vivos ou
mortos ou de líquidos corporais, com lesões decorrentes destas invasões.

Classificação das miíases


I. Quanto à preferência alimentar das larvas:
a) Biontófagas: as larvas alimentam-se, exclusivamente, de tecido vivo;
b) Necrobiontófagas: as larvas alimentam-se de tecidos necrosados ou em decomposição;
II. Quanto à forma clínica:
a) Cavitária: as larvas infestam cavidades naturais do hospedeiro com lesões pré-existentes.
b) Furunculóide: a larva infestante causa um lesão semelhante a um furúnculo alimentando-
se de secreções purulentas.

CAVITÁRIA
BICHEIRA
Infestação por larvas de Cochliomyia hominivorax
Nome popular: bicheira
Apresenta um aspecto clínico característico, com as larvas em grande quantidade movimentando-
se dentro da ulceração e um odor fétido.
Tratamento: lavar a lesão com solução fisiológica e clorofórmio 10% e retirar as larvas com
auxílio de uma pinça, proteger a lesão com pomada (fibrinolítica e antibiótica) e curativos para
evitar a reinfestação.

FURUNCULAR
BERNE
Dermatobia hominis
Tratamento: Asfixia das larvas aplicando no orifício éter, clorofórmio ou oclusão com pomada ou
esparadrapo por 24 horas para a retirada do berne com auxílio de uma pinça ou com leve
espremedura do nódulo.
Procedimento cirúrgico em caso de impossibilidade de espremedura ou asfixia.

ÁCARO
ESCABIOSE (SARNA HUMANA)
Agente etiológico: ácaro Sarcoptes scabiei
Ação parasitológica: lesão cutânea
Diagnóstico:
Critérios:
1.
2. Sintomatologia
3. Topografia
4. Lesões cutâneas
5. Epidemiologia
Sintomas: prurido noturno
 Deslocamento do parasito na galeria
 Sensibilidade do hospedeiro ao ácaro e ou seus produtos
Poderá ocorrer dor e infecções. Interdígitos das mãos, face interna dos punhos, antebraço,
cotovelos, axilas, mamas, região periumbilical, nádegas, face interna das coxas e ausência na
face e pescoço.
Lesões cutâneas: túnel escabiótico (pequena pápula linear), nódulos castanhos pruriginosos (no
dorso, nádegas, pernas e no pênis e escroto em crianças e adultos.
Epidemiologia: Lactentes → adquire a parasitose através do contágio com que os manuseia.
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PARASITOLOGIA

Pessoas de mesma habitação → quadro de prurido à noite → sugere escabiose


Teste laboratorial → escarificação;
Tratamento: banhos e aplicação de cremes e pomadas a base de benzoato de benzila. Cuidados
higiênicos diários e ferver todas as roupas de uso do paciente.

OS ARTRÓPODES QUE CONTAMINAM OS ALIMENTOS


Causas de contaminação:
Falta de asseio (higiene pessoal e do ambiente), exposição do alimento sem a devida proteção,
instalações precárias, armazenagem precárias, presença de agentes contaminantes e seus
veículos.
Dentro da complexidade existente e para impedir, ao máximo, os processos de contaminação, é
necessário conhecer os mecanismos de como e quando se desenvolvem.

PARASITOS E INFECÇÕES
Parasitos: amebas, giárdias e vermes intestinais.
Micróbios ou microorganismos: vírus, bactérias e fungos.
Patogênico → infecções alimentares e intoxicação alimentar
Nao Patogênico → altera textura, sabor, cor e odor dos alimentos.

Principais insetos que contaminam os alimentos (principais ordens):


 Coleoptara: carunchos ou gorgulhos
 Lepidoptera: traças
 Diptera
 Blattaria
Atacam produtos armazenados: feijão, arroz, milho, farinhas, chás e outros produtos desidratados.
Atacam também produtos industrializados como: macarrão, rações, animais e biscoitos.

Moscas e baratas → atuam → vetores contaminativos de agentes patogênicos → vírus, bactérias,


protozoários e ovos de helmintos.

Moscas: amebíase e febre tifóide / baratas: gastroenterites, hepatite, dermatites, conjuntivites,


pneumonia...
Mecanismos de contaminação de moscas e baratas: ingestão de patogênios e eliminação nas
fezes, regurgitação, dispersão com auxílio de patas e labela.
Principais criadouros: lixo, excremento do homem e outros animais, depósitos de resíduos e
águas, ambientes como: abatedouros e cria de animais.
Medidas preventivas: proteção dos alimentos, instalações a prova de insetos, higiene dos
ambientes e utensílios, eliminação dos criadouros, eliminação dos insetos nas diferentes fases do
ciclo evolutivo.

Métodos de controle
Manejo integrado
1. Métodos culturais: remoção dos resíduos, manipulação dos fatores ambientais, colocação
de telas em portas e janelas, acondicionamento adequado dos alimentos;
2. Métodos temporários: aplicação de produtos químicos, uso de armadilhas, uso de inimigos
naturais, parasitóides e entomopatógenos.

Classificação dos ácaros em três grupos quanto as suas preferências alimentares


1. Ácaros primários: alimentam-se diretamente do produto armazenado;

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2. Ácaros secundários: alimentam-se de ácaros primários ou outros animais que se


alimentam de produtos armazenados;
3. Ácaros terciários: alimentam-se de material em decomposição ou fungos (alto teor de
umidade);

Danos causados por ácaros de produtos armazenados


 Reduz o valor nutritivo devido à destruição dos tecidos ricos em vitaminas B e Fe
 Alteração do sabor e odor devido à contaminação por fezes, exúvias e cadáveres;
 Aumentam com o tempo de armazenamento;
 Produção de toxinas, quando ingeridas, causam sintomas como febre, dores e distúrbios
estomacais e quando por contato, causam irritações cutâneas e dermatites ocupacionais.

Como previnir a contaminação por ácaros?


 Muito difícil pela ampla dispersão. Evitar o armazenamento por longo período.
 Os depósitos devem ser em alvenaria ou em estruturas metálicas.
 Efetuar o controle da temperatura e umidade do ambiente.

Controle de uma infestação instalada


 Seguir as medidas preventivas
 Localizar o foco de infestação;
 O produto deve ser incinerado;
 Efetuar a higienização do ambiente;
 Eliminar a umidade do ambiente com ar quente;
 Produtos químicos são pouco eficientes.

PROTOZOÁRIOS
Reino protista: Sub-reino Protozoa

 São seres unicelulares;


 Não fazem fotossíntese;
 São células eucarióticas;
 Não possuem parede celular;

Os 3 filos mais importantes são:

Sarcomastigophora, apicomplexa e ciliophora.

 Possuem especialização intracelular – organelas especializadas. Divisão de trabalho


dentro da célula.
 Não há órgãos ou tecidos.

Baseiam-se principalmente na morfologia das estruturas de locomoção.

Formas e dimensões

A forma depende da natureza do envoltório do corpo do protozoário, em certas espécies este


envoltório (uma simples membrana celular) permite ao protozoário assumir diferentes formas
graças às expansões do citoplasma ou pseudópodes.

Algumas espécies possuem fases bem definidas, assim temos:

Trofozoitas: fase do protozoário no qual ele se alimenta e se reproduz por diferentes processos.

Cisto ou oocisto: são formas de resistência ao ambiente onde se encontram. Eles secretam uma
parede que protege o protozoário de agressões do meio.

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PARASITOLOGIA

Cisto: podem conter (nos tecidos) formas de latência (de baixa atividade metabólica) ou serem
encontrados em fezes dos hospedeiros;

Oocisto: são provenientes da reprodução sexuada.

Gameta: é a forma sexuada que ocorre em espécies do filo apicomplexa por convenção o
macrogameta é o feminino e o micro é o masculino.

Biologia dos protozoários

As investigações sobre a biologia dos protozoários são de interesse doutrinário e prático porque é
do conhecimento sobre o seu metabolismo intermediário que se pode alcançar novos ...

Digestão: as substancias nutritivas introduzidas na celula do protozoario sofrem acao de enzimas


especificas para casa tipo de molecula de natureza proteica lipidica ou glicidica e no curso da
digestao as reacoes quimicas do citoplasma e vacuolos digestivos passam de ácidas a alcalinas e
vice-versa.

Secreção: as secreções elaboradas pelos protozoários constituem em importantes fontes


antigênicas e são também responsáveis por alterações mórbidas nas células e tecidos adjacentes
e a distância quando carreadas pela corrente sanguínea. Ex: fatores que alteram a transcrição de
genes nas células do hospedeiro e alteram a resposta imune.

Reprodução: os protozoários podem se reproduzir pela via assexuada ou sexuada onde há troca
de material genético entre organismos diferentes.

 Assexuada: divisão binária ou cissiparidade


 Brotamento ou gemulação (microsporidios)
 Endogenia formação de 2 ou mais células por brotamento interno.
 Sexuada: singamia/fecundação/copulação

Reino Chromista (não pertence ao Reino Protista)

Blastocystis hominis

Organismo celular frequentemente encontrado no trato intestinal de humanos e animais. Pouco se


conhece sobre sua biologia. Possui organelas de estrutura, função e composição desconhecida.

Morfologia é influenciada por fatores extrínsecos como alterações osmóticas, presença de drogas
e metabolismo.

Formas vacuolar, multivacuolar, avacuolar, granular, ameboide e cística. Potencial zoonótico


especulativo.

Estão associados a sintomas de diarreia desconforto e distensão abdominal em pessoas


imunocompetentes e imunocomprometidas e a síndrome do intestino irritável.

Aparecem como estruturas de forma esférica a ovais semelhantes a cistos. Eles variam
consideravelmente no tamanho, consistem de um corpo central ou vacúolo, circundado por uma
fina camada de citoplasma contendo até seis núcleos. Os vacúolos coram-se de vermelho a azul
pelo tricômio. Os cistos possuem paredes finas ou espessas.

O cisto de paredes espessas presente nas fezes pode ser o responsável pela transmissão
externa, possivelmente por via fecal-oral através da ingestão de água ou alimentos contaminados.
Os cistos infectam as células epiteliais do trato digestivo e se multiplicam assexuadamente.

AMEBÍASE

É uma infecção por Entamoeba histolytica. Esta é uma espécie que produz doença invasiva. A
manifestação mais característica é a disenteria. Raramente pode causar manifestações extra-
intestinais como abscesso hepático, pulmonar ou cerebral.

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PARASITOLOGIA

Esse protozoário é um parasita cavitário, monoxênico do ser humano, de parasitismo obrigatório.


Apresente duas formas de vida durante o ciclo biológico: trofozoitas e cistos.

A OMS recomenda a utilização de métodos específicos para diferenciá-la das outras espécies
morfologicamente idênticas.

Amebíase e amebas

Distribuição:

Cosmopolita ligada à pobreza. Maior frequência na Ásia, África e América Latina. Na América do
Sul é rara a doença.

Transmissão:

 Fecal-oral: veiculado por água e alimentos contaminados com cisto (mais comum);
 Fecal-oral: direto, relacionado à má higiene pessoal – comum em presídios, asilos e
hospitais de doentes mentais.
 Sexual: maior prevalência em homens que fazem sexo com homens (20-30% são
portadores de E.dispar)
 Por meio de vetores contaminativos (mecânicos).

Características morfológicas

Trofozoitos: são pleomórficos, com 1 núcleo com cariossoma central e cromatina periférica
delicada, movimento por pseudópodes. Nas formas invasivas há hemácias no citoplasma e
bactérias.

Cistos: são esféricos com 1 a 4 núcleos e parede cística. No interior dos cistos imaturos podem
ser vistos corpos cromatoides (ribossomos). Formas de resistência e perpetuação do parasita.
Apenas os cistos maduros são infectantes.

Ciclo:

1ª Fase: colonização.

 Trofozoítas no colon – ligam-se às glicoproteínas da mucina – camada de muco que


reveste o epitélio colônico – na luz intestinal.
 Alimentam-se de nutrientes, bactérias, dividem-se e encistam-se.

2ª Fase: acesso ao epitélio.

 Degradação da camada de muco;


 Contato com trofozoíta com a célula epitelial do intestino – lectina de adesão.
 Ligação com receptores epiteliais – Gal/GalNAC.
 Secreção de peptídeos formadores de poros – citólise do epitélio.

3ª Fase: lise do epitélio e invasão.

 Liberação de cisteino proteinases amebiana.


 Degradação da matriz extracelular entre as células;
 Degradação de IgA e IgG;
 Recrutamento de células inflamatórias;
 Ativação de complemento, degradação de fatores de complemento e resistência à lise pelo
complemento conforme a lectina de adesão.
 Penetração de trofozoitas através da submucosa atingindo o plexo mesentérico e outros
órgãos.

Portador assintomático

Parasita: colonização sem invasão, encistamento e renovação do ciclo.

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PARASITOLOGIA

Hospedeiro: ausência de doença. 50% dos casos.

Colite amebiana

Parasita: invasão da mucosa, adesão ao epitélio por meio das lectinas, secreção de amebaporos,
cisteino-proteinases.

Hospedeiro: febre, diarreia, mucossanguinolenta. 10% dos casos.

Possíveis determinantes de invasão:

 Perfil genético e imunoenzimático do parasita.


 Fatores do hospedeiro – competência imunológica – produção de IL10.
 Modulação da flora bacteriana intestinal.
 Mecanismos de escape do parasita.

Quadro clínico (COLITE AMEBIANA)

1. disentérica: 30 evacuações por dia, mucossanguinolentas, cólicas intensas, febre, tenesmo


retal;
2. não disentérica: 3 a 5 evacuações por dia, mucossanguinolentas precedidas de cólicas às
vezes tenesmo. Aparecimento gradual.

Diagnóstico

Pesquisa de cistos nas fezes moldadas (método de flutuação) e trofozoitas nas fezes diarreicas
recentes (colher as fezes em meio conservante).

Teste imunológico para diferencias E.dispar de E. Histolytica (ELISA para diferenciar a lectina de
adesão).

Pesquisa de anticorpos no soro e métodos de imagem – para as formas extra-intestinais.

Tratamento

Portadores assintomáticos – drogas que atuam na luz – Paromomicina.

Sintomáticos – imidazólicos.

Profilxia

 Higienizar os alimentos
 Tratar a água usada para beber e prepapar alimentos
 Saneamento básico
 Educação para a saúde;
 Eliminar vetores contaminativos

Amebas de vida livre

Naegleria fowleri e Acanthamoeba spp

São comumente encontrados em lagos, piscinas, a água da torneia, e as unidades de


aquecimento e de ar condicionado.

Naegleria fawleri produz doença aguda, no sistema nervoso central e geralmente letal –
meningoencefalite amebiana primária.

Acanthamoeba spp. e Balamuthia mandrillaris são amebas de vida livre oportunistas capazes de
causar encefalite amebiana granulomatosa e em indivíduos hígidos ou com o sistema imunológico
comprometido.

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PARASITOLOGIA

GIARDÍASE

Giardia spp

 Parasito de intestino delgado – variedade de vertebrados e anfíbios


 Cistos: forma resistente e infectante (fezes formadas).
 Trofozoítos: forma móvel (fezes diarreicas)
 Distribuição cosmopolita
 Não possuem complexo de Golgi e mitocôndrias
 Possuem flagelo recorrente em uma fenda citossólica
 Habitam ambientes anóxicos
 Relacionamento homem x animal – zoonose?
 Água: importante veículo de transmissão

Giardia lamblia

Os trofozoítos possuem formato de pera e possuem 2 núcleos dentro de um “disco suctorial”


côncavo; 2 bastonetes curvos que se encontram abaixo do núcleo.

Os cistos possuem formato ovoide a elipsoide; os 4 núcleos estão presentes nos citos maduros.
As fibrilas centrais também podem ser visualizadas.

Sinais e sintomas

Diarreia. Síndromes absortivas: dor abdominal tenesmo.

No intestino delgado, trofozoitos desencistam-se (cada cisto produz dois trofozoitos).

Trofozoitos multiplicam por divisão binária longitudinal, mantendo-se no lúmen do disco de sucção
ventral.

Encistamento ocorre com o trânsito de parasitas para o cólon. Como os cistos são infecciosos, a
transmissão de pessoa e pessoa é possível.

Animais – reservatórios?

Aspectos patogênicos

 Não invade as células epiteliais do intestino


 Aderência às microvilosidades das células epiteliais do intestino – porção inicial.
 Lesões no epitélio
 Aumento da permeabilidade
 Rompimento das junções oclusivas
 Lesões nas microvilosidades: diminui a área de absorção – digestão.
 Lesão do enterócito
 Atrofia das vilosidades
 Diminui a absorção de nutrientes
 Inibição da atividade enzimática – dissacaridases, lipases e proteases.

Sintomas

Assintomáticos

Sintomáticos:

 Diarreia aguda e auto-limitante/persistente/intermitente


 Vômito (não em ruminantes)
 Perda de peso
 Fezes com odor fétido
 Gases, distensão e dores abdominais

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PARASITOLOGIA

Complicações:

 Prejuízo na absorção de gorduras e nutrientes em geral


 Vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K), B12, ferro e lactose.
 Redução no desenvolvimento de indivíduos jovens.

Histopatologia

 Infiltrado inflamatório – lâmina própria


 Edema da mucosa
 Perda das microvilosidades
 Produção de muco
 Necrose e destacamento da mucosa (casos graves)
 Obstrução de pequenos vasos
 Barreira de protozoários + histopatologia → má absorção

Ciclo de transmissão

 Indiretamente – ingestão de cistos (água ou alimentos)


 Diretamente – ambiente – baixo npivel higiênico – pessoa a pessoa.
 Piscinas, água de irrigação, saneamento básico precário.
 Adubos de fezes contaminadas – contaminação ambiental.

Fatores que aumentam a ocorrência de Giardíase

 Alta densidade populacional – criação intensiva


 Contaminação ambiental
 Localizade e tipo de hospedeiro
 Forma cística resistente (até dois meses)
 Água ou alimentos contaminados – indiretamente
 Canis, bezerreiros, creches – diretamente
 Baixas condições de higiene

Ciclo dos animais e dos humanos – zoonose?

Diagnóstico laboratorial de G. duodenalis

 Exame de fezes
 Exame de fluido duodenal e histologia
 Imunoensaios enzimáticos
 Diagnósticos moleculares

Controle

 Higienização das instalações com remoção diária das fezes


 Proteção da água de beber
 Cistos resistem à cloração e à maioria dos desinfetantes, mas não à fervura
 Limpeza e desinfecção da região perianal → diminuir a transmissão de cistos

TRICOMONÍASE

Trichomonas vaginalis

Parasitose cuja transmissão decorre da promiscuidade, contato entre pessoas e seus objetos de
uso pessoal.

T vaginlis: vagina e uretra

T tena: cavidade bucal

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PARASITOLOGIA

T hominis: intestino

Epidemiologia

Cosmopolita, transmitida sexualmente

Só existe forma trofozoíta.

Os trofozoitos são piriformes, possuem 4 flagelos livres anteriores e 1 posterior com membrana
ondulante. Realizam divisão binária. O habitat natural é o trato urogenital.

Não possuem mitocôndrias. Hidrogenossomos, anaeróbio. Metabolismo: glicose, glicogênio, etc.

Transmissão:

 Sexual
 Água de banho, roupas molhadas, sanitárias, etc.

Vida média na secreção vaginal: 6h. Na água: 2h.

Patologia

A infecção não se estabelece em vaginas normais – facilitada por alterações da flora bacteriana,
aumento do pH, descamação excessiva, etc.

Acarretadas por alterações hormonais, inflamações, etc;

Forma assintomática: mais comum em homens

Forma sintomática: mais comum em mulheres: vaginite, vulvovaginite e cervicite. Corrimento, forte
prurido, ardor.

Pessoas infectadas apresentam um risco maior de contrair HIV.

Diangóstico

 Clínico: quadro muito variável, leucorreia pode ter outras causas.


 Laboratorial:
 Mulher: secreção vaginal
 Homem: sedimento urinário;
 Secreção uretral ou protática.
 Cultura
 PCR.

Mecanismos de patogenicidade

Adesão – moléculas de superfície

Efeito citopático.

Processo inflamatório das células epiteliais – secreção branca e sem sangue (leucorreia) –
descamação do epitélio que pode levar à ulceração.

Relação parasita-hospedeiro

Resposta imune protetora – IgA secretora

Reinfecções – ausência de imunidade adquirida, grande variabilidade de isoladas.

Epidemiologia, profilaxia e tratamento

 Cosmopolita
 Doença venérea

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PARASITOLOGIA

 Controle: educação sanitária, diagnóstico e tratamento precoce (inclusive de parceiros)

Trichomonas tenax

 Cosmopolita.
 Morfologia semelhante a T vaginalis
 Habitat: cavidade bucal (tártaro)
 Não é patogênico
 Transmissão pela saliva.

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