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Cirurgia IV - Parte 1

Luiza Izabel de Freitas - 156A


Cirurgia Digestiva e Coloproctologia
Câncer de Esôfago
● Alta morbimortalidade; assintomáticos por
grande período de tempo → diagnóstico
tardio e com mau prognóstico
● Epitélio do esôfago - epitélio estratificado
pavimentoso não queratinizado
● Tumores epiteliais do esôfago -
adenocarcinoma e carcinoma de células
escamosas → mais frequentes
Adenocarcinoma
● Epidemiologia - aumento da incidência nos últimos anos; acomete mais o sexo
masculino; pico de incidência entre 45 e 65 anos
● Predomínio em homens brancos com sobrepeso e obesidade; o tabagismo
também está relacionado
● Lesões geralmente distais e associadas ao epitélio metaplásico de Barrett
(secundário à doença do refluxo gastroesofágico)
● Condições predisponentes - DRGE e suas complicações → esofagite e esôfago
de Barrett; quanto maior a extensão da metaplasia, maior o risco de
malignização
● Esôfago de Barrett - substituição do epitélio estratificado pavimentoso do
esôfago por epitélio colunar especializado do tipo intestinal; resposta
adaptativa da mucosa à agressão pelo ácido
Adenocarcinoma
● Evolução - metaplasia intestinal →
displasia de baixo grau → displasia de alto
grau → adenocarcinoma in situ
● Acompanhamento endoscópico -
pacientes com displasia de baixo grau;
cada 6 meses
● Displasia de alto grau deve ser tratada,
pois já é considerada carcinoma in situ
● Classificação de Siewert - localização do
tumor
Carcinoma de Células Escamosas
● Neoplasia de esôfago mais frequente no Brasil
● Maior incidência entre 6ª e 7ª década de vida, geralmente de classes sociais
menos favorecidas (países em desenvolvimento)
● Fatores etiológicos - tabagismo (44x), etilismo (18x)
Dieta → alto consumo de alimentos contaminados com Aspergillus, alto
consumo de alimentos nitrosaminas ou hidrocarbonetos cíclicos (compostos
mutagênicos), hábito de ingerir bebidas muito quentes; baixo consumo de
frutas e vegetais, doença celíaca, síndrome de Plummer-Vinson (deficiência de
ferro, riboflavina e niacina), baixo nível socioeconômico
● Doenças relacionadas - acalásia do esôfago, esofagite cáustica, tilose
Carcinoma de Células Escamosas
Acalásia do esôfago Esofagite cáustica: estenose cáustica;
geralmente a lesão aparece 30 anos após o
● Relação com doença de Chagas; aumenta
acidentes cáustico → realiza vigilância
7-33x o risco de câncer de esôfago
endoscópica 15-20 anos após a ingestão
● Determina estase esofágica, levando a um
aumento da concentração de nitritos Outros fatores
(decomposição dos alimentos por
● Infecção pelo HPV
bactérias) → fator carcinogênico
● Candidíase esofágica
● Fatores hereditários (cromossomo P53)
● Exposição a asbestos e radiações
ionizantes
Câncer de Esôfago
Manifestações clínicas

● Desconforto retroesternal, alterações do hábito alimentar → manifestações


precoces
● Disfagia é um sintoma tardio
● Odinofagia, anemia, anorexia, emagrecimento, regurgitação, sialorréia
● Manifestações tardias - rouquidão, tosse, soluções, hematêmese,
hipercalcemia, dor óssea, alcalose metabólica → sinais de secreção de PTH
like

Diagnóstico: exame clínico, endoscopia digestiva alta com biópsia (melhor


método), esofagograma, radiografia contrastada (imagem da maçã mordida)
Câncer de Esôfago
Vias de disseminação

● Parietal - continuidade
● Extramural - vias linfática e hematogênica
(pulmão, fígado, suprarenal e osso);
contiguidade e transperitoneal

Estadiamento: tomografia computadorizada (mais


utilizado), ressonância magnética, endossonografia
(importante no estadiamento T → grau de infiltração),
broncoscopia (tumores cervicais e torácicos;
avaliação e invasão de vias aéreas), PET-CT
(identificação de metástases ocultas e à distância;
uma limitação importante é o custo do exame) → TNM
Tratamento
● Endoscópico ,
radioterápico,
quimioterápico, cirúrgico
● O tratamento é baseado no
estadiamento da lesão
Tratamento
Endoscópico Quimioterapia e radioterapia

● Indicações absolutas - tumores restritos ao ● Carcinoma de células escamosas


epitélio e lâmina própria, pequenos (<3cm), avançado ou localizados nas regiões
não ocupa grande circunferência do órgão; cervical ou torácica alta → uso exclusivo
até 4 lesões de associação de radio e quimioterapia
● Essa modalidade de tratamento deve se ● Neoadjuvância - neoplasia no terço
indicada com cuidados, pois muitos tumores médio do esôfago; tratamento cirúrgico
apresentam metástases linfonodais de forma posterior; uso de menor dose de
precoce radioterapia; indicada para pacientes
● Procedimentos guiados por ecoendoscopia com N+ ou T3
● Prótese esofágica - tratamento endoscópico ● Alguns serviços utilizam neoadjuvância
realizado em casos mais avançados; são auto para paciente T2N0
expansivas → melhora do trânsito (paliativo)
Cirurgia

● Modalidade curativa ● Uso preferencial do estômago para


● Avaliação e cuidados pré-operatórios - reconstrução do trânsito, cólon como
estadiamento tumoral, melhoria da função segunda opção; controle radiológico antes
respiratória, suporte nutricional, de iniciar dieta oral pós-operatório
antibioticoprofilaxia, preparo do cólon, via (possíveis fístulas)
de acesso venoso ● Operações com finalidade paliativa -
● Raramente é indicado precocemente gastrostomia ou jejunostomia (possibilita
● Carcinoma de células escamosas - alimentação), tunelização esofágica com
esofagectomia subtotal + esofagogastro ou tubo não é mais utilizada;
esofagocoloplastia (reconstrução com esofagogastoplastia etoestenal
estômago ou cólon) ● Também é possível fazer desvio do trânsito
● Adenocarcinoma - tratamento depende da ● Nova classificação TNM após a cirurgia
localização
● Sexo - mulheres apresentam

Câncer de ●
melhor prognóstico
Bom estado geral e nutricional,

Esôfago lesões distais e doença


localizada, e boa função
respiratória → bom prognóstico
Prognóstico
● O adenocarcinoma geralmente
possui melhor prognóstico
devido ao diagnóstico precoce
Câncer Colorretal
● Maior incidência em regiões mais desenvolvidas
● Apresentação clínica - urgência (obstrução e perfuração), sintomas
(atendimento ambulatorial), assintomático (colonoscopia)
● Principais sinais e sintomas - dor abdominal em cólica, hematoquezia
(vermelho vivo = lesão distal), anemia ferropriva, constipação, diarreia
● Cólon esquerdo - dor em cólica e fezes mais endurecidas → luz com menor
diâmetro
Cólon direito - fezes mais líquidas
● Todo paciente com melena ou hematoquezia deve ser avaliado com
propedêutica para câncer colorretal
Câncer Colorretal
● Fatores de risco - status socioeconômico ● Fisiopatologia - sequência
(maior incidência em locais desenvolvidos), adenoma-adenocarcinoma (evolução a partir de
idade (pico aos 60 anos), dieta rica em lesão benigna → pólipos); síndromes genéticas >>
gordura animal e carne vermelha, síndrome de Lynch, polipose adenomatosa familia
obesidade, tabagismo, etilismo, ● Prevenção secundária - pacientes assintomáticos →
sedentarismo, história familiar, condições sangue oculto nas fezes anual,
médicas → ureterossigmoidostomia, retossigmoidoscopia rígida ou flexível (avaliação do
radioterapia, retocolite ulcerativa doença cólon esquerdo), enema opaco (pouco utilizado
de Crohn atualmente), colografia com contraste
● Prevenção primária - cessação de etilismo (colonoscopia virtual → não faz biópsia),
e tabagismo, redução do peso, colonoscopia óptica (a cada 10 anos após os 50
alimentação saudável e atividade física anos)
● Constipação não é um fator de risco ● Indivíduos com história familiar positiva devem
iniciar os rasteamento 10 anos antes da idade que
o parente teve o câncer
Estadiamento e Tratamento
● Sítios mais comuns de metástase a distância - linfonodos, fígado, pulmão,
peritônio
● Exames complementares - anuscopia/retossigmoidoscopia rígida,
colonoscopia (lesões sincrônicas em 3,5% dos casos), tomografias de abdome
e tórax (metástases)
● Antígeno carcinoembrionário - fator prognóstico, marcador tumoral de escolha
para acompanhamento pós-operatório; se normaliza em 4-6 semanas de
pós-operatório; deve ser solicitado a cada 3 meses nos primeiros 2 anos, bom
indicador de resposta à quimioterapia
● Cirurgia - depende da localização do tumor → colectomia direita, colectomia
parcial do ângulo esplênico, colectomia esquerda
Colectomia direita, colectomia parcial do ângulo
esplênico, colectomia esquerda
Tratamento
Quimioterapia adjuvante

● Estágio III (linfonodos positivos)


● Pacientes em estágio II possuem
indicação de quimioterapia adjuvante
em caso de perfuração/obstrução,
invasão angiolinfática e Budding
tumoral
Câncer de Reto
● Procedimento cirúrgico mais difícil - localização pélvica, local muito inervado,
lesão próxima ao anus
● Estadiamento local - avaliação da margem radial → considerar radioterapia e
terapia neoadjuvante (T3, T4 e N+)
● Algumas vezes é necessário realização de colostomia definitiva
● Diferença entre cólon e reto - estadiamento local com ressonância magnética
ou ultrassonografia (reto), ressecção local transanal (reto), radio e
quimioterapia para T3, T4 e N+ (reto), quimioterapia adjuvante (cólon e reto),
colostomia definitiva é uma possibilidade (complicações da anastomose
colorretal baixa ou amputação abdominoperineal do reto)
Nódulos Hepáticos
● Descoberta precoce - pacientes com hepatopatias crônicas ou cirrose
hepática (maiores chances de desenvolver hepatocarcinoma) submetidos a
ultrassonografias a cada 6 meses
● Descoberta fortuita - ao acaso, durante ultrassonografia (ou outro exame de
imagem) de abdome em investigações médicas >> maior parte dos casos
● Benigno x maligno (primário ou metástase) → biópsia hepática com agulha
guiada por ultrassonografia; riscos do procedimento → sangramento,
hemobilia, infecção, pneumotórax, disseminação tumoral (principalmente no
hepatocarcinoma → evita-se)
● Exames clínico completo e complementares (laboratório e imagem)
Diagnóstico
● Exames de laboratório - provas de função Padrão estático
hepática e marcadores tumorais (antígeno
● US - hipo ou hiperecogênico
cacionoembionáio/CEA, CA 19-9 e
● TC - hipo ou hiperatenuante
alfa-fetoproteína)
● RM - hipo ou hipersinal; líquido preto em T1 e
● Exames de imagem - ultrassonografia,
branco em T2
tomografia computadorizada, ressonância
● Hipo = preto = líquido (cisto); hiper = branco =
magnética, cintilografia, PET-CT,
sólido
ultrassonografia com contraste de
microbolhas Padrão dinâmico
● Padrão estático - informações morfológicas
→ tamanho, características, consistência, ● Captação (wash-in) e eliminação (wash-out) de
número de nódulos; sem contraste contraste
Padrão dinâmico - padrão de captação e ● Avaliação da perfusão do contraste - fases
eliminação de contraste arterial (perfusão dos órgãos), portal (fase
venosa) e de equilíbrio (excreção do contraste)
Padrão Dinâmico
● Fase arterial/precoce - aorta branca (cheia de contraste); baço branco e fígado
mais escuro
● Fase venosa/portal - aorta escura e fígado mais claro que o baço (perfusão
hepática pela veia porta)
● Fase de equilíbrio /tardia - escurecimento de todos os órgãos; eliminação
renal do contraste
● Contraste - iodado na TC e gadolínio na rM; ácido gadoxético (Primovist) →
contraste utilizado na RM, produz uma quarta fase (hepatobiliar/tardia), a
molécula captada ativamente pelos hepatócitos e eliminados pelo sistema
biliar >> hepatócitos anormais não retém o Primovist
Ultrassonografia com Contraste de Microbolhas
● Contraste de microbolhas -
partículas de gás de enxofre
envoltas por uma membrana
fosfolipídica
● Gás com baixa difusão, invólucro
resistente, injetável em veia
periférica, capaz de passar pelos
capilares pulmonares < 7 µm;
dimensões e cinética = hemácias
● Avaliação da perfusão dos órgãos
● Não é nefrotóxico
Hemangioma
● Tumor benigno mais frequente, múltiplo
em 10-30% dos casos, frequentemente
assintomático
● Ultrassonografia - nódulo hiperecogênico
em parênquima hepático normal
● Mais comum em mulheres jovens
● Ressonância magnética - hiperintenso
em T2 e hipointenso em T1; realce por
contraste → inicialmente periférico,
globuliforme, centrípeto, com
homogeneização tardia
● Tratamento conservador
Hiperplasia Nodular Focal
● Mais comum no sexo feminino
● Caracterizada por uma hiperplasia hepatocelular
com hepatócitos histologicamente normais;
presença de artérias nutridora e neoductos biliares
● Presença de cicatriz central em exames de imagem
(nem sempre presente)
● Hipervascular (em relação ao parênquima) na fase
arterial → capta rapidamente o contraste; sem
wash-out (lavagem do contraste); similaridade com o
parênquima hepático na fase tardia
● RM Primovist - captação do contraste pelo
hepatócitos normais da lesão
● Tratamento conservador
Adenoma
● Mais comum no sexo feminino → influência hormonal
● Ausência de canais biliares (não há captação ou retenção do Primovist); pode
sofrer malignização, principalmente em lesões maiores de 5cm; sangramento
● Hipervascular na fase arterial, ausência de wash-out e semelhança com o
parênquima na fase de equilíbrio, porém sem cicatriz central
● Pode haver gordura em seu interior
● > 10 adenomas = adenomatose
● Subtipos - mutação HNF1A (35-40%), mutação beta-catenina (15-20%; maior
risco de malignidade), inflamatório (30-35%), não classificado (10%)
● Exige um acompanhamento devido ao potencial de malignização →
acompanhamento trimestral/semestral ; cirurgia em lesões maiores que 5 cm
Nódulo Hepático Benigno
● Acomete principalmente
mulheres em idade fértil; 29%
grávidas ou em pós-pato
imediato
● Idade média de 35 anos
● Relação com uso de
anticoncepcional oral em 58%
dos casos
● Tratamento cirúrgico indicado
em caso de dor, sangramento
ou dúvida diagnóstica
Hepatocarcinoma
● Neoplasia hepática maligna primária mais comum
● 80% dos pacientes possuem hepatopatia crônica e cirrose
● Elevação da alfa-fetoproteína
● Ultrassonografia semestral para rastreamento de hepatopatia crônica
● Ultrassonografia - nódulo hiperecogênico e parênquima hepático com
características de hepatopatia crônica
● Exame dinâmico - hipervascular na fase arterial, lavagem do contraste na fase
venosa (wash-out) e aparecimento de halo hipervascular (pseudocápsula)
● É comum haver invasão vascular e formação de trombos; também podem ser
encontradas lesões satélites
● Tratamento - transplante hepático, ressecção, ablação por radiofrequência,
alcoolização, quimioembolização, Sorafenib
Hepatocarcinoma
Metástases
● Lesões múltiplas na maioria das
vezes → disseminação
hematogênica
● A maioria é hipovascular nas fases
arterial e venosa
● Tumores neuroendócrinos, rim,
melanoma e mama produzem
metástases hipervasculares na fase
arterial
● Tratamento - depende do tumor
primário → transplante hepático,
ressecção, ablação por
radiofrequência, radioembolização
Cirurgia Vascular
Doença Arterial Periférica
● Doença inflamatória crônica obstrutiva das artérias dos membros inferiores
● Acomete 6,5% dos homens de 60-69 anos e 29,4% dos homens acima de 80
anos
● Fisiopatologia - aterosclerose → acúmulo de células inflamatórias e lipídeos no
endotélio, gerando diminuição do lúmen arterial e do aporte sanguíneo até os
membros inferiores
● Fatores de risco - diabetes melito, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica,
dislipidemia, idade acima de 50 anos
● Apresentação clínica - assintomático, claudicação intermitente e isquemia
crônica ameaçadora do membro (CLTI)
Doença Arterial Periférica
Claudicação intermitente

● Dor nos membros para caminhar ou fazer exercícios; acomete principalmente


panturrilha, coxa, glúteo e pés; interrupção da marcha por conta da dor
● Dor em queimação, aperto ou cãibra
● Complicações - amputação (2% em 5 anos), mortalidade (42% em 5 anos)

Isquemia crônica ameaçadora do membro (CLTI)

● Menos de 10% dos casos; dor intensa em repouso localizada nos pés + lesões
tróficas isquêmicas; dor só melhora com opioide e piora durante a noite
● Gangrena é mais comum em diabéticos; amputação imediata em 25% dos
casos e alta mortalidade (25% após 1 ano)
Exame Físico
● Palpação dos pulsos femoral, poplíteo, tibial posterior e pedioso; classificação
dos pulsos → amplo = 2, diminuído = 1, ausente = 0
● Índice tornozelo-braço - ITB = maior pressão arterial no tornozelo/maior
pressão braquial; pressão no tornozelo → mede-se a pressão nas artérias
tibiais anterior e posterior, e artéria fibular; pressão braquial → mede-se a
pressão braquial nos dois braços
● ITB normal - 0,9-1,4
ITB < 0,9 - doença arterial periférica → pressão nos membros inferiores
diminuída em relação à pressão do braço
ITB > 1,4 - rigidez da parede arterial no tornozelo
Abordagem do Paciente
Exame físico Diagnóstico

● Inspeção - coloração, diminuição dos ● Anamnese + exame físico → diagnóstico


fâneros, presença de feridas e edema; clínico
isquemia grave → pé pálido, cianótico, ● Não são necessários exames
hiperemia reativa (vasodilatação periférica), complementares para fazer o diagnóstico
diminuição de pêlos e unhas quebradiças, ● Exames de imagem - possuem o objetivo
feridas que não cicatrizam e gangrenas de direcionar a cirurgia; ultrassonografia
(seca ou úmida → infectada), edema vascular (duplex scan arterial → baixo custo
● Palpação - pulsos, edema e temperatura e não invasivo), angiotomografia e
(reduzida em casos mais graves de doença angiorressonância, arteriografia
arterial periférica) (padrão-ouro, porém alto custo e invasivo)
Tratamento
Assintomático Claudicação intermitente

● Controle dos fatores de risco → cessação ● Controle dos fatores de risco


do tabagismo, controle da dislipidemia ● Prescrição de estatina e antiplaquetário (AAS ou
(LDL < 100mg/dL), HAS (PA < 140/90mmHg) clopidogrel) → redução do risco cardiovascular
e DM (hemoglobina glicada < 7%), dieta ● Avaliar e tratar doenças cardiovasculares
saudável, controle do peso e atividade associadas
física regular ● Programa de exercícios supervisionados
● Prescrição de estatinas → redução do risco ● Uso de cilostazol (antiagregante plaquetário e
cardiovascular vasodilatador) → melhora da distância de marcha
● Avaliação e tratamento de doenças ● Cirurgia em caso individualizados (falta de
cardiovasculares associadas resposta ao tratamento concervador e
claudicação grave)
Isquemia Crônica Ameaçadora do Membro
● Controle dos fatores de risco ● PLAN
● Prescrição de estatina e antiplaquetário P - patient risk factor (risco cirúrgico e
(AAS ou clopidogrel) expectativa de vida) >> avaliação da
● Avaliar e tratar doenças cardiovasculares mortalidade cirúrgica
associadas L - limb staging → WIFI (extensão da ferida,
● Avaliar a possibilidade de cirurgia isquemia e infecção)
AN - anatomic staging (artérias acometidas e
Tratamento cirúrgico
nível de dificuldade do tratamento)
● Objetivo - alívio da dor, cicatrização de ● Procedimentos de revascularização - cirurgia
feridas, preservação de um membro aberta convencional (Bypass), endovascular
funcional ● Cirurgia aberta convencional - ponte entre
● Benefício do tratamento avaliado pelo uma artéria pérvia proximal e uma artéria
método PLAN (risco, estadiamento e pérvia distal (artéria alvo); utiliza-se uma veia
anatomia) ou uma prótese para a confecção desta ponte
Procedimento Endovascular - Angioplastia
● Consiste em abrir o lúmen de uma artéria que está ocluída por
placa de aterosclerose, facilitando a passagem do sangue
● Angioplastia por balão - é usado um cateter com pequeno balão
na ponta, que comprime a placa contra a parede da artéria e torna
a placa mais achatada → balão aberto dentro da artéria
● Angioplastia por stent - é colocado um tubo metálico flexível
(stent) no interior da artéria após o balonamento; esse stent ajuda
a manter a artéria aberta
● Bypass x angioplastia - considerar risco cirúrgico, expectativa de
vida, comorbidades do paciente, recursos disponíveis da
instituição e extensão

Amputações: indicações → dor isquêmica de repouso, sem melhora


com tratamento e sem possibilidade cirúrgica, gangrena
● Rastreamento pela palpação de
pulsos em paciente acima de
65 anos ou 50 anos em caso
Atenção de diabetes ou tabagismo
● Tratamento de pacientes
Primária assintomáticos e claudicantes
● Encaminhamento de CLTI com
Atribuições do médico urgência para serviços
generalista especializados
● Não é necessário solicitar
exames de imagem para o
diagnóstico
Pé Diabético
● Presença de úlcera, infecção e parada no ● História natural - neuropatia diabética
funcionamento dos músculos do pé de um (sensorial, motora e autonômica) →
paciente diabético, em associação com deformidade óssea do pé → trauma
neuropatia e/ou doença arterial periférica repetitivo → doença arterial periférica →
● Principal causa de internação de diabéticos; colonização bacteriana → infecções de
altas taxas de amputação e mortalidade; partes moles e osteomielite → amputação
tratamento multidisciplinar → ênfase para a ● Apresentação clínica - ausência de sinais
prevenção macroscópicos (pé em risco); pele seca,
● Pacientes diabéticos possuem 2-7% de hiperceratose lantes; deformidades ósseas
úlceras/ano e 8-10% amputações/ano; 85% → dedos em garra/martelo, pé equino;
das amputações são precedidas por úlceras úlceras, diminuição de fâneros; hiperemia
e gangrenas; pacientes amputados possuem reativa, palidez à elevação do membro
11-22% de mortalidade ao ano e após 5 anos ● Avaliação dos pulsos e medida de índice
a mortalidade aumenta para 46% tornozelo-braço
Neuropatia Periférica
● Sensitiva - perda da sensibilidade, dor em ● Processo inflamatório exacerbado +
queimação atividade osteoclástica →
● Neuropatia motora - deformidade (atrofia destruição/deformidade óssea; diagnóstico
dos músculos intrínsecos, com diferencial com osteomielite
desequilíbrio da flexão e extensão dos ● Tratamento - antiinflamatórios,
tendões, induzindo a formação dos dedos imobilização e descarga de pressão (talas
em martelo, pé equino e aumento da e sapatos especiais)
pressão plantar >> alterações dos pontos ● Avaliação clínica da neuropatia - teste de
de descarga de pressão sensibilidade com monofilamento
● Neuropatia autonômica - pele seca, com Semmes-Weinstein 10mg (sensibilidade
fissuras tátil); teste de sensibilidade com diapasão
● Ocorre me 0,08-13% os pacientes 28 Hz (sensibilidade vibratória)
diabéticos >> pé de Charcot
Sistema de Avaliação SVS-WIFI
1. Ferida - extensão a ferida
2. Isquemia - intensidade da doença arterial periférica (índice tornozelo-braquial)
3. Infecção do pé → gravidade e extensão da infecção

W - Wound - Ferida

● Grau 0 - sem úlceras ou gangrenas


● Grau 1 - úlcera sem exposição óssea (exceto falange distal)
● Grau 2 - úlcera profunda em ante pé e médio pé, com acometimento ósseo,
articulação ou tensão; úlcera superficial em calcâneo; gangrena restrita em artelhos
● Grau 3 - extensa e profunda úlcera em antepé e médio pé; úlcera profunda no
tornozelo; gangrena extensa em ante pé e médio pé; gangrena profunda em
calcâneo
FI - Foot infection - Infecção
● Grau 0 - sem sinais de infecção
● Grau 1 - infecção leve → superficial, e se
eritema está presente é limitada a 2cm da
borda da úlcera
● Grau 2 - moderada infecção → tecidos
profundos acometidos, e eritema
estende-se por mais de 2cm da borda
● Grau 3 - infecção grave → sinais sistêmicos
de sepse com presença de dois ou mais
sinais (febre > 38°C, frequência cardíaca >
90 bpm, frequência respiratória > 20 irpm,
PaCO2 < 32mmHg, leucócitos 12000 ou
<4000
Tratamento
● Antimicrobianos ● Neuropatia - calçados que permitem a
Infecções leves a moderadas - cocos distribuição de pressões deformidade -
gram+ → amoxicilina/clavulanato, calçados especiais (ex.: sapato de Charcot)
ampicilina/sulbactam ● Curativos - promove a granulação acelera
Infecções graves - amplo espectro → a cicatrização; alívio às dores e diminuição
ertapenem, imipenem, vancomicina de mau odor; manter a umidade e pH da
● Cultura com antibiograma para definição ferida → controle de exsudativa; hidrogel,
do antibiótico mais eficaz alginato, hidrocolóide, espuma, vácuo;
● Procedimentos cirúrgicos - desbridamento; carvão ativado e petrolato
avaliar necessidade de revascularização
Médico generalista: controle do diabetes melito,
antes do desbridamento; amputações de
orientações quanto ao uso de sapatos e
membros
avaliação dos pés, exame físico completo dos
● Tratamento complexo e multidisciplinar;
pé; encaminhar com urgência os casos de
instrução/educação para cuidados e
infecção e necrose
prevenção
Doença Cérebro-vascular
● Segunda causa de mortalidade no Brasil; o problema está
crescendo com o envelhecimento da população
● A doença carotídea é uma das causas de acidente vascular
encefálico, sendo a única causa removível da isquemia
cerebral → artéria extracraniana
● Sintoma de isquemia cerebral por doença carotídea - focal
ou hemisférico → hemiparesia contralateral ou hemiplegia
contralateral, amaurose fugaz monocular ipsilateral,
alterações da fala (comprometimento do hemisfério
esquerdo)
● Esses sintomas são provenientes de comprometimento de
irrigação do territória da art´ria cerebral média
Doença Cérebro-vascular
● Mortalidade de 30% no primeiro evento, ● Isquemia cerebral - embolia cardíaca,
aumento para 70% de mortalidade em aórtica ou intracraniana (75%), origem
eventos subsequentes; sequelas variadas em carotídea (10-20%)
80% dos casos
Médico generalista
● Fase aguda - realização de trombólise ou
trombectomia mecânica para pacientes com ● Em caso de acidente vascular encefálico
até 3h de evolução (alguns admitem até 6h) agudo com 3-6h de evolução deve-se
● Trombólise - uso de rtPA → ativador do encaminhar o paciente para um centro de
plasminogênio tecidual AVE para realização de trombólise ou
Trombectomia mecânica - introdução de um trombectomia
cateter até o ponto de oclusão ● Após 6h o tratamento é suportivo → vias
● Fisiopatologia - ruptura de placa aéreas, suporte hemodinâmico,
ateroscleótica, principalmente rica em abordagem fonoaudiológica (deglutição e
componente lipídico, e eventos fala) e fisioterápica (redução das sequelas)
tromboembólicos; embolia
Doença Cérebro-vascular
Acidente vascular encefálico agudo: avaliação neurológica (consciência,
motricidade, fala), tomografia ou ressonância, eletro e ecocardiograma, duplex
scan de artérias carótidas

Abordagem da estenose significativa da artéria carótida

● Paciente sintomático - indicação de intervenção cirúrgica em caso de


estenose carotídea ipsilateral > 70%; estenose ipsilateral 50-69% → considerar
idade, sexo e comorbidades do paciente; não operar se estenose < 50%
● Paciente assintomático - indicação de intervenção em homens, idade menor
que 75 anos, ou estenoses > 80%; considerar conteúdo da placa e não apenas
o grau da estenose; tratamento clínico também é indicado
Doença Cérebro-vascular
Médico generalista ● Cirurgia endovascular - morbimortalidade
de 6%; indicações → sintomáticos com
● Paciente assintomático - explicar a história
estenose >70%; lesão alta de difícil
natural da doença e acalmar o paciente;
abordagem cirúrgica, comorbidades
controle de fatores de risco tratáveis
significativas (doença coronariana grave),
● Paciente sintomático com mais de 6h de
traqueostomia e esvaziamento cervical,
evolução - encaminhar para urgência em
pescoço irradiado
hospital especializado
● Cirurgia híbrida (T-CAR) tem tido resultados
Tratamento promissores
● Melhor benefício da intervenção →
● Revascularização - endarterectomia pacientes sintomáticos com estenoses >
carotídea (melhor opção) e angioplastia 70%
com stent
Aneurismas
● Definição - dilatação permanente e localizada do diâmetro de uma
artéria acima de 50% do diâmetro normal esperado
● Aorta normal → 2cm; aneurisma da aorta → > 3cm (na prática
considera-se o diâmetro proximal)
● Diferenciar aneurisma de ectasia (dilatação menor que 50%) e
arteriomegalia (aumento generalizado das artérias)
● Classificação quanto à forma - sacular → apenas em um lado da
artéria (divertículo), comunica com a artéria através de um colo;
fusiforme → dilatação de todos os lados da artéria (tipo mais comum)
● Aneurisma verdadeiro - dilatação da parede arterial
Pseudoaneurisma - lesão da parede arterial, com extravasamento
de sangue, que fica contido pelas estruturas vizinhas, como uma
cápsula
Aneurismas
● É um problema de saúde pública → 3ª causa Apresentação clínica
de morte súbita, 15ª causa de morte na
● Geralmente assintomático, sendo
população geral , 10ª causa de morte na
descoberto incidentalmente
população acima de 50 anos
● Sintomas - dor abdominal ou lombar;
● Fatores de risco - tabagismo (fator mais
compressão de estruturas vizinhas →
importante), sexo masculino (3-4x), idade
duodeno (saciedade precoce, náuseas e
avançada, hipertensão arterial sistêmica,
vômitos), vértebras (erosão e dor lombar),
história familiar de aneuisma
ureter (hidronefrose), veia cava e ilíacas
● Não se associa com hipercolesterolemia e
(trombose venosa)
diabetes melito
● Trombose e embolização de trombo -
● Classificação por localização - aorta
formados devido ao fluxo turbilhonado;
abdominal, aorta tóraco-abdominal, aorta
isquemia aguda de membro inferior
ascendente, arco aórtico; o aneurisma de
aorta abdominal infra-renal é o mais frequente
(65% dos casos)
Diagnóstico
Exame físico: presença de massa pulsátil; possui ● Pode ser o primeiro sintoma com
baixa acurácia, principalmente em pacientes aneurisma não diagnosticado
obesos; 50% dos aneurismas com mais de 4cm
Risco de ruptura
são palpáveis; sinal de DeBakey (massa pulsátil
atrás do rebordo costal esquerdo) → aneurisma ● Proporcional ao diâmetro dos aneurismas
tóraco-abdominal fusiformes → maior preditor
● Taxa de crescimento > 1 cm/ano
Aneurisma roto
● Forma do aneurisma - o sacular tem
● A ruptura do aneurisma é uma emergência comportamento imprevisível, sendo que o
médica; risco iminente de vida e alta risco de ruptura não está diretamente
mortalidade relacionado com o seu diâmetro
● Clínica - dor abdominal ou dorsal ● Presença de sintomas - expansão da
acentuada, hipotensão e palidez, massa parede do aneurisma
pulsátil → tríade clássica ● Indicação de cirurgia - aneurismas maiores
de 5cm (risco de ruptura > risco cirúrgico)
Ultrassonografia
● Primeiro exame utilizado na avaliação de aneurismas; Tamanho do Risco de
aneurisma (cm) ruptura (%)
acompanhamento do crescimento dos aneurismas
< 4,0 0
menores; achado incidental
● Rastreamento - homens > 65 anos; homens e mulheres 4-5 0,5-5

> 50 anos e com parentesco de 1º grau com aneurisma 5-6 1-13

de aorta abdominal (a cada 10 anos); homens e 6-7 10-20


mulheres com aneurisma periférico (a cada 5-10 anos) 7-8 20-40
● Acompanhamento de aneurisma de aorta abdominal -
>8 30-50
3-3,9cm → a cada 3 anos, 4-4,9cm → anual, >5cm → a
cada 3-6 meses
Diagnóstico
Angiotomografia: mais acurado para realização de medidas → padrão para
acompanhamento de aneurismas próximos de 5cm e planejamento cirúrgico

Angiorressonância: resolução maior que a angiotomografia, custo mais alto,


ausência de radiação; nefrotoxicidade do gadolínio (fibrose nefrogênica sistêmica
em paciente com DRC estágios 4 e 5)

Indicações de intervenção cirúrgica: diâmetro > 5,5cm em homens e >5,0 em


mulheres; doença sintomática (dor abdominal ou lombar); crescimento superior a
1cm/ano; aneurismas saculares com diâmetro >4,5cm; embolização distal para
membros inferiores; ruptura
Tratamento Cirúrgico e Risco Operatório
● Risco operatório - 1-5% em centros de excelência; não podem se
generalizados para grandes centros populacionais
● Fatores que influenciam na mortalidade - doença coronariana, DPOC,
insuficiência renal crônica (creatinina > 1,8mg%), ICC e idade avançada (>70
anos) → sistemas cardiorrespiratório e renal devem estar compensados
● Eventos cardíacos são a principal causa de morte; o sexo feminino apresenta
mortalidade operatória maior
● Formas de tratamento cirúrgico - cirurgia convencional (aberta) e
endovascular (endoprótese)
● Cirurgia convencional - abordagem eficaz, porém o procedimento é extenso e
com riscos (mortalidade de 5% em centros especializados); recomenda-se o
tratamento em centros com experiência (>30 casos/ano)
Tratamento Endovascular
● Desenvolvido para reduzir os riscos associados à cirurgia
convencional (menos invasivo); fornece uma opção à pacientes
que são candidatos cirúrgicos ruins (muitas comorbidades);
mortalidade de 1,6%
● Benefícios de curto prazo - diminuição do tempo de internação
hospitalar, redução de perda sanguínea, redução de
necessidade de ventilação, redução de diárias de CTI,
diminuição de complicações maiores, recuperação mais rápida
● Aneurisma roto - o tratamento endovascular é a primeira
escolha para aneurisma de aorta abdominal → redução da
mortalidade
● Limitações - necessidade de vigilância contínua, pode haver
necessidade de reintervenção, mais caro
Tratamento Clínico
Atribuições do médico generalista

● Cessação do tabagismo → redução das taxas de crescimento e ruptura


● Atividade física supervisionada
● Prescrição de antiplaquetários e estatinas (redução do risco cardiovascular)
● Controle da hipertensão arterial sistêmica
● Rastreamento adequado; realizar acompanhamento dos aneurismas pequenos
(<5cm); tratamento clínico de comorbidades; encaminhar os casos cirúrgicos
Dissecção Aórtica
● Definição - delaminação das paredes da
aorta por uma coluna de sangue que
percorre um espaço virtual (luz falsa)
entre a íntima e a média; ruptura na
íntima, ficando uma lâmina entre os dois
lumens
● Principal causa de morte nas doenças
agudas da aorta; mortalidade → 22,7% em
6h, 50% em 24h e 68% em 1 semana
Dissecção Aórtica
● Fisiopatologia - alargamento súbito do falso lúmen →
compressão parcial ou completa do lúmen verdadeiro da
aorta; obstrução dos ramos da aorta (síndrome de má
perfusão); enfraquecimento da parede → aneurisma e ruptura
● Obstrução dos ramos da aorta - obstrução dinâmica (80% dos
casos) → restrição do fluxo durante a sístole; obstrução
dinâmica → a lâmina obstrui o óstio e leva a trombose
● Evolução - aguda → < 2 semanas do início dos sintomas (maior
mortalidade); crônica → > 2 semanas
● Local da lesão intimal
Tipo A - lesão localizada inicialmente na aorta ascendente
(prognóstico pior e tratamento cirúrgico)
Tipo B - lesão localizada inicialmente na aorta descendente
(prognóstico melhor e tratamento clínico inicialmente)
Fatores de Risco
● Hipertensão arterial sistêmica (70-80% dos paciente)
● Anormalidades da parede da aorta - coarctação aórtica, aneurismas,
síndromes hereditárias (Marfan, Ehler-Danlos, Noona e Turner)
● Gestação - HAS e pré-eclâmpsia
● Traumas de aorta contusos (acidentes de trânsito); sífilis
● Válvula aórtica bicúspide → turbulência sanguínea no ventrículo esquerdo com
aumento do estresse sobre a parede da aorta ascendente
● Iatrogenia - canulação arterial → aumento do número de procedimentos
endovasculares e lesões na íntima da artéria
● Cocaína - taquicardia e aumento da pressão arterial
● Doença aterosclerótica não é considerado fator de risco
Diagnóstico - Quadro Clínico
● Dor torácica - sintoma mais comum; súbita, de forte intensidade e contínua;
pode migrar acompanhando a dissecção; tipo A → tórax anterior ou que irradia
para a mandíbula, braço ou pescoço; tipo B → costas, interescapular ou em
membros inferiores
● Pode ocorrer descontrole pressórico
● O quadro clínico pode contar com sintomas das síndromes de má perfusão
dos órgãos, incluindo sintomas neurológicos e complicações cardíacas
(principalmente nas dissecções tipo A)
● Isquemia cerebral - AVE ocorrem em 6% das dissecções tipo A; obstrução ao
fluxo cerebral pelas carótidas ou vertebrais; síncope é o sintoma mais comum;
déficits sensoriais e motores no lado contralateral ao hemisfério afetado
Diagnóstico - Quadro Clínico
● Isquemia da medula espinhal - oclusão de ● Infarto agudo do miocárdio - dissecção
artérias intercostais ou Adamkiewicz (irrigação acomete o óstio da coronária; nesse caso
da medula); aorta descendente; sintomas → não deve ser usado anticoagulantes (risco
paraplegia, paraparesia, tetraplegia, paresia de hemorragia)
● Compressão extrínseca de nervos - dor e ● Síndrome de má perfusão - pode
paresia de membros inferiores; rouquidão acontecer nos tipos A e B; há
(compressão do nervo laríngeo recorrente); comprometimento dos ramos da aorta e
síndrome de Horner (lesão do plexo cervical está presente em 31% dos paciente; 1 ou
simpático) → ptose, miose e anidrose de mais ramos acometidos simultaneamente
hemiface ● Mortalidade precoce - isquemia
● Tamponamento cardíaco - ruptura da aorta mesentérica (dor e distensão abdominal,
dentro do saco pericárdico; não está indicada íleo paralítico), renal (insuficiência renal
a realização e pericardiocentese (pode aguda) e de membros
aumentar a dissecção e a hemorragia)
Exames Complementares
● Radiografia de tórax - inespecífica, raramente diagnóstica; alargamento do
mediastino em 80-90% dos casos; sinal do Cálcio (separação 1cm da íntima
calcificada ao contorno externo da aorta no arco)
● Angiotomografia - padrão-ouro para o diagnóstico, inclusive do tipo de
dissecção (A ou B); visualização de “flap” intimal separando as duas luzes e do
local da lesão intimal; altas sensibilidade e especificidade; mostra extensão da
dissecção e ramos ocluídos
Vantagens - não invasiva, visualização de derrames pericárdico e pleural,
comprometimento de ramos e trombo na falsa luz
Desvantagens - não avalia a valva aórtica nem o fluxo coronariano no tipo A;
uso de contraste iodado e radiação
Exames Complementares
● Ecocardiograma transesofágico e transtorácico - útil
na avaliação da função cardíaca, valva aórtica,
coronárias e tamponamento cardíaco; indicado para
dissecções tipo A
● Angiorressonância - altas sensibilidade e
especificidade; detecta o orifício de entrada e
extensão da dissecção; pode avaliar
comprometimento de ramos
Limitações - tempo de exame (contraindicado em
caso de pacientes instáveis), alto custo, não avalia
valva aórtica e coronárias
● Aortografia - exame invasivo; método reservado
para uso durante o tratamento endovascular da
dissecção
Tratamento
● Monitoramento em UTI ● Abordagem cirúrgica do tipo B - presença
● Diminuição da pressão arterial e da de complicações; síndrome de má
frequência cardíaca → estabilização da perfusão, ruptura aórtica, formação de
extensão da dissecção e redução do risco aneurisma > 5,5cm e dor intratável; a
de ruptura da parede arterial cirurgia endovascular com uso de
● Controle álgico - analgesia com opióides; endoprótese é o tratamento de escolha
dor aumenta os níveis pressóricos ● Acompanhamento pós-operatório -
● Antihipertensivos - betabloqueadores, angiotomografia em 6 meses → avaliar
vasodilatadores e inibidores de canais de dilatação e evolução para aneurisma
cálcio
Médico generalista: realizar diagnóstico (exame
● Tipo A = tratamento cirúrgico (cirurgia
clínico completo e angiotomografia), início da
cardíaca); tipo B = tratamento clínico
terapia com controle de PA e FC e monitorização
cardíaca

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