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NEOPLASIAS HEPÁTICAS

R2 – ARTUR MOTA FERREIRA


ANATOMIA HEPÁTICA

 Função de desintoxicação, síntese de proteínas, produção de bile, armazenamento de nutrientes,


metabolismo da bilirrubina.
HISTÓRICO

 1888 – 1ª hepatectomia Langenbunch – Alemanha

 1908 – controle vascular Pringle

 1950s – primeiros passos cirurgia hepática moderna

1952 – Lortat Jacob (hepatectomia D após controle vascular)

1956 – Claude Couinaud (segmentação hepática)

1958 – Lin (Digitoclasia), substituída na década de 70 pela Kellyclasia


 1980 – inicia-se a moderna cirurgia hepática baseada na anatomia funcional do fígado
descrita 30 anos antes

 1984 – introdução da USG intraoperatória, fez o fígado ficar “transparente” e tornou vasos
hepáticos visíveis

 Colangiografia havia sido introduzida há 15 anos

 “Hepatectomia a la carte”

 Dissecção do parênquima utilizando dissecção ultrassônica


HEPATOCARCINOMA

 Corresponde a 90% de CA hepático primário;


 Representa a sétima neoplasia mais incidente;
 Segunda maior causa de morte por CA mundialmente;

 De acordo com estudos realizados no Brasil sobre hepatocarcinoma:


Há tendência de redução de mortalidade no sexo feminino e estabilidade para o sexo masculino, nos próximos
15 anos, sendo necessária a continuação e o fortalecimento de políticas públicas no país p/ prevenção e
controle dos fatores de risco.
 ETIOLOGIA
A cirrose hepática é considerada lesão pré-maligna;

O hepatocarcinoma se origina de:


-Cirrose secundária a infecção crônica de vírus B e C
-Cirrose alcóolica

Outros fatores de risco:


Doenças metabólicas hepáticas (hemocromatose, deficiência de alfa-1-antitripsina, doença de
Wilson)
 A minoria dos casos é passível de intervenção cirúrgica potencialmente curativa;
 USG possui sensibilidade de 60-80% e especificidade>90% sendo indicado rastreamento semestral a
portadores de cirrose;
 O diagnóstico definitivo pode ser feito por TC com contraste e/ou RNM. Tendo os 2 exames
especificidades >93%.

 Segundo American Association for the Study of Liver Diseases, orienta que:
a) Nódulos <1 cm (USG): Acompanhar a cada 3 meses, não havendo crescimento em 2 anos: considerar
apenas como nódulo regenerativo.
b) Nódulos >1 cm: devem ser avaliados - TC ou RM – p/ identificar características típicas ou atípicas.

 A biópsia percutânea deve ser evitada, já que pode haver disseminação tumoral no trajeto percutâneo da
agulha
TRATAMENTO
 Maior potencial curativo: Ressecção e transplante hepático.
Fatores que influenciam:
-Tamanho e n° de tumores;
-Grau de hepatopatia;
-Experiência do cirurgião.

 Terapias ablativas são utilizadas apenas p/ pct com contraindicação das terapias supracitadas
(idade, comorbidade..)
 Nos com cirrose hepática, faz-se necessária avaliação do grau de hepatopatia

 Hepatocarcinoma + ausência de cirrose = geralmente candidatos a ressecção hepática parcial;

 Hepatocarcinoma + Sinais de hipertensão porta (ascite, varizes de esôfago, plaquetopenia) =


contraindicam hepatectomia parcial.

 Portanto, child B e C são candidatos a transplante hepático, desde que, haja lesão única 5cm ou até 3
lesões <3cm (Critérios de Milão)
SEGUIMENTO:
 A recorrência do CHC pós-ressecção deve ser monitorada com TC ou RNM 02 vezes ao
ano.

 No Brasil, desde julho de 2006, a priorização para Transplante dos pacientes listados
obedece aos critérios de gravidade do escore MELD.
 O primeiro transplante de fígado do mundo ocorreu em 1o de março de 1963;
 No Brasil, os primeiros transplantes foram realizados no HC-USP, em 1968.
 Na década de 70, observou-se o desenvolvimento da imunossupressão e, em 1984, o transplante de
fígado passou a ser reconhecido como uma terapêutica médica, saindo do campo experimental.
 Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição mundial em números absolutos de transplantes
hepáticos realizados por ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América.
 Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, foram realizados 2 mil transplantes hepáticos.
 Além disso, desde o final de 2022, ANS aprovou que o transplante hepático tenha cobertura
obrigatória pelos planos de saúde.
A) Algoritmo de tratamento sugerido para CHC em paciente sem cirrose hepática
B) algoritmo de tratamento sugerido para CHC em pacientes com cirrose Child A sem
hipertensão porta;
C) algoritmo sugerido de tratamento para CHC associado à cirrose com hipertensão porta
COLANGIOCARCINOMA

 Neoplasia maligna de vias biliares que acontece com maior frequência em


pcts com colangite esclerosante primária.

 O diagnóstico ocorre geralmente como um achado acidental durante TC


OU RNM. Além disso CPRE pode ser fundamental p/ diagnóstico e
estadiamento.
 Ressecção pode ser feita em casos de lesão restrita, sem comprometimento
linfonodal;

 Entretanto, a maior parte dos casos devido diagnóstico tardio depende de


Transplante (controverso) e/ou medidas ablativas;

 A utilização de próteses biliares p/ alívio de obstrução biliar constitui-se opção


segura e eficaz p/ melhorar qualidade de vida em pcts com sobrevida nos
próximos 5 meses
TUMORES HEPÁTICOS BENIGNOS

• Os tumores benignos ocorrem em 9% da população;


• Assintomáticos, constituem achados em exames.
HEMANGIOMAS

 Mais comum

 Incide entra 3ª e 5ª década de vida

 Pode aumentar de tamanho na gestação e/ou c/ administração de estrogênio

 A maioria é único e mede <4cm. Maior que 4cm é considerado gigante.

 Localização: frequentemente no lobo direito

 Assintomático, gerando complicações raramente como inflamação ou compressão de estruturas

 Rotura de hemangioma – extremamente raro! Apenas 35 casos foram descritos até 2009.

 A maioria não necessita de tratamento. Porem, pode ser feita excisão cirúrgica em raros casos.
Hiperplasia nodular focal
 2º benigno mais comum

 Não é relacionada a uso de anticoncepcionais

 Por não causar sangramento e não haver risco de malignização, a indicação de ressecção
limita-se às massas sintomáticas que estão crescendo ou na dúvida diagnóstica.
Adenoma

 Incomum

 Predomina no sexo feminino (90%) – hormônio dependente.

 Idade entre 20-40 anos

 Elevada propensão a sangramento

 Tto:

 -Suspensão de anticoncepcionais

 -Ressecção tumores >4cm pela possibilidade de sangramento e transformação maligna


Adenomatose hepática

 Presença de 10 ou mais adenomas disseminados no parênquima hepático

 Mulheres jovens (90%)

 3ª e 4ª década de vida

 Etiologia ainda a esclarecer: anormalidade de circulação hepática? Redução do fluxo portal?

 Ressecção está indicada em adenomas >5cm

 Em pacientes com >5cm bilaterais a ressecção deve ser realizada em 2 etapas.

 Não há necessidade de ressecção de tumores menores.

 Pacientes c/ ressecção devem dosar alfa-fetoproteina e exame de imagem p/


acompanhamento de adenomas menores.
Angiomiolipoma hepático

 Raro

 Composto por: tecido gorduroso, células de musculo liso e vaso


sanguíneo

 Ocorre frequentemente no rim e raramente no fígado

 Não tem potencial de malignização

 Ocorre em mulheres - qualquer idade

 A maioria das lesões são >5cm, bem circunscritas e identificadas


incidentalmente

 Tratamento expectante
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 COELHO, J. C. U. et al.. Indicação e tratamento dos tumores benignos do fígado. ABCD.


Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 24, n. 4, p. 318–323, out.
2011.

 CHEDID, M. F. et al.. HEPATOCELLULAR CARCINOMA: DIAGNOSIS AND OPERATIVE MANAGEMENT.


ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 30, n. 4, p. 272–278, out. 2017

 Mortalidade por câncer de fígado e vias biliares no Brasil: Tendências e projeções até 2030.
Santos FAC, Fernandes FCGM, Santos EGO, Medeiros NBM, Souza DLB, Barbosa IRRevista
Brasileira de Cancerologia 2019;65(4):e-01435

 Rastreamento e Manejo do Colangiocarcinoma. Filho, J.E.M.M. et al. Gaz. méd. Bahia


2006;76:Suplemento 1:S40-S42

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