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 Gastroenterologia

Tumor de Klatskin: confluência


clínica-cirúrgica | Colunistas
Comunidade Sanar
 6 min • 5 de mai. de 2021

 Índice

1. Conceitos iniciais

2. Classificação

3. Diagnóstico

4. Tratamento

5. Conclusão

6. Referências

Um dos grandes triunfos da medicina sempre


foi a união entre o entendimento
interdisciplinar clínico-cirúrgico. A harmonia
entre o conhecimento fisiopatológico e a
compreensão anatômica na sua integralidade
possibilita a exploração e o gracejo que a
medicina pode nos proporcionar.

Neste contexto, apresento-lhes uma das


patologias do qual esse entendimento clínico-
cirúrgico se faz tão essencial quanto necessário
sendo um exemplo clássico dessa confluência
magnífica da medicina: o tumor de Klatskin.

Conceitos iniciais
Tumor de Klatskin é definido como um
colangiocarcinoma peri hilar, um tipo de tumor
maligno com crescimento de células epiteliais
nas vias biliares extra-hepáticas, originado na
confluência dos ductos hepáticos, mais
precisamente na junção entre ductos hepático
direito e hepático esquerdo. Embora esta
patologia não seja tão presente em nosso dia-a-
dia, vale se atentar a ela como um diagnóstico
diferencial interessante dentro das síndromes
ictéricas ou colestáticas.

Classificação
A classificação de Bismuth-Corlett foi elaborada
para diferenciar anatomicamente a localização
dos tumores extra-hepáticos, separando em
diferenças topográficas elencadas a seguir.

Tipo I: Tumores abaixo da confluência dos


ductos hepáticos
Tipo II: Tumores acometendo a confluência
dos ductos hepáticos (Tumor de Klatskin
propriamente dito)
Tipo IIIA: Tumores envolvendo o ducto
hepático comum e o ducto hepático direito
Tipo IIIB: Tumores envolvendo o ducto
hepático comum e o ducto hepático
esquerdo
Tipo IV: Tumores que envolvem a confluência
e se estendem para o ducto hepático direito
e esquerdo.

Type1 TypeIl TypeIlla

[TypeIb |TypeIV

Figura 1: Classificação de Bismuth-Corlett implorar.


Fonte: Lee, Ser &Cherqui, Daniel. (2013). Operative
Management of Cholangiocarcinoma. Seminars in liver
disease. 33. 248-61. 10.1055/s-0033-1351784

Diagnóstico
O diagnóstico do tumor de Klatskin se baseia na
associação entre os métodos clínicos,
laboratoriais e de imagem.

Quando suspeitar?

A suspeição do diagnóstico do tumor de


Klatskin geralmente ocorre quando ao exame
clínico de nossos pacientes estamos diante de
uma síndrome colestática. Isto por si só, já
delimita uma das grandes barreiras do
tratamento desta patologia: o diagnóstico
tardio. A maioria dos diagnósticos de Tumor de
Klatskin são realizados em pacientes com a
doença avançada, apresentando além dos sinais
colestáticos, sinais consumptivos.

E os exames laboratoriais?

A bioquímica hepática pode sugerir obstrução


biliar com aumento de bilirrubina total às
custas de bilirrubina direta, assim como
aumento da fosfatase alcalina (2 a 10x o valor de
referência). Somados à bioquímica hepática a
elevação dos marcadores tumorais CA 19-9,
CEA, Alfa-fetoproteína podem favorecer e
reforçar o diagnóstico embora nenhum deles
tenha a capacidade de confirmar a patologia em
questão.

Como a radiologia pode te ajudar?

Os exames de imagem servem como pilares no


diagnóstico, sendo inúmeras alternativas
disponíveis, elencarei a seguir as principais:

A ultrassonografia abdominal pode


demonstrar sinais indiretos como uma
dilatação retrógrada na via biliar, comum em
processos colestáticos obstrutivos.
A tomografia contrastada pode ajudar a
visualizar possíveis sítios de metástases.
Ressonância magnética e
colângiorressonância podem fornecer
informação sobre a extensão da doença e a
ressecabilidade do tumor.
Colangiografia percutânea ou endoscópica
pode ser indicada tanto para o diagnóstico
quanto para desobstrução da via biliar.

Figura 2: Desenho esquemático representando Bismuth-


Corlett tipo 2 (à esquerda) e imagem de
colangiorressonância demonstrando obstrução peri-hilar
(à direita). Fonte:
https://radiologyassistant.nl/abdomen/biliary-
system/biliary-duct-pathology#cholangiocarcinoma

Tratamento
O tratamento do tumor de Klatskin é baseado
na ressecção do tumor. Grande parte dos
pacientes com esta patologia são
diagnosticados em estágios avançados e por
conta disto possuem prognóstico reservado.

Geralmente em pacientes com Bismuth-


Corlette tipo II, a recomendação é a ressecção
do tumor com uma margem de 5 a 10 mm,
adicionada muitas vezes a linfadenectomia
regional. O lobo caudado, particularmente
nesta patologia pode ser acometido e sendo
então necessário a sua ressecção. Outras
técnicas na literatura envolvem a reconstrução
do trânsito biliar, via hepaticojejunostomia em Y
de Roux.

Drenagem biliar

A drenagem biliar, seja ela por via endoscópica


ou via percutânea, contribui principalmente no
cenário de obstrução biliar. É utilizada
basicamente como medida paliativa em
pacientes selecionados.

Alguns estudos até sugeriram a drenagem


endoscópica como um método de desfechos a
curto prazo com maiores taxas de
complicações, entretanto, com maiores
benefícios a longo prazo quando comparado ao
método percutâneo.

Conclusão
O tumor de Klatskin é uma patologia das vias
biliares com múltiplos diagnósticos diferenciais
de várias doenças rotineiras em enfermarias
clínicas-cirúrgicas no mundo. O conhecimento
anatomo-clínico é transposto pela classificação
de Bismuth-Corlette e se torna essencial para
se indicar um tratamento ideal para seu
paciente.

Sua suspeição depende de inúmeros fatores,


um deles é o conhecimento da patologia em
questão para poder abordá-la dentro de
diagnósticos diferenciais de patologias mais
comuns. É uma patologia de prognóstico
reservado por conta da alta taxa de recorrência
e também pelo alto índice de diagnóstico tardio.

O sucesso da cirurgia em questão depende de


diversos fatores de análise como a
ressecabilidade, estágio do tumor e metástase.

Referências
Lee, Ser &Cherqui, Daniel. (2013). Operative
Management ofCholangiocarcinoma.
Seminars in liverdisease. 33. 248-61.
10.1055/s-0033-1351784.
Hajibandeh, S., Hajibandeh, S., &Satyadas, T.
(2020). Endoscopic Versus
PercutaneousPreoperativeBiliaryDrainage in
PatientsWithKlatskin Tumor
UndergoingCurativeSurgery: A
SystematicReviewand Meta-Analysisof
Short-TermandLong-
TermOutcomes. Surgicalinnovation, 27(3),
279-290.
https://radiologyassistant.nl/abdomen/biliary
-system/biliary-duct-
pathology#cholangiocarcinoma

Nome: José Héracles Rodrigues Ribeiro de


Almeida

Instagram: @joseheracles

O texto é de total responsabilidade do autor e


não representa a visão da sanar sobre o
assunto.

Observação: esse material foi produzido durante


vigência do Programa de colunistas Sanar. A
iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas
a Sanar decidiu preservar todo o histórico e
trabalho realizado por reconhecer o esforço
empenhado pelos participantes e o valor do
conteúdo produzido.

Você sabe a resposta dessa questão de


residência?

Menino de 4 anos é levado à Unidade Básica de Saúde


e os pais referem que há alguns dias ele tem acordado
com edema em volta dos olhos. No decorrer do dia, o
edema se acumula nas pernas e períneo. Ao exame
físico, encontra-se em anasarca e com pressão arterial
dentro da normalidade. O exame de urina revela
proteinúria 3+, 5 hemácias/campo, cilindros hialinos e
granulosos. A hipótese diagnóstica mais provável é:

A glomerulonefrite aguda.

B nefropatia por IgA.

C síndrome hemolítico-urêmica.

D infecção do trato urinário.

E síndrome nefrótica.

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