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UBERABA
2022
GD – CONDUTAS NO PACIENTE ONCOLÓGICO
1) Planejar a Entrevista: ensaio mental com revisão do plano para contar ao paciente e
planejamento de respostas a perguntas que possam surgir, já esperando sentimentos negativos
do paciente e família.
2) Avaliar a Percepção do Paciente: fazer perguntas abertas para buscar o quanto o paciente
sabe sobre sua situação médica e corrigir informações se necessário.
3) Obtendo o Convite do Paciente : o paciente pode ter o desejo ou não de ter informações plenas
a respeito do seu diagnóstico e prognóstico naquele momento, mas em caso de procedimentos
que deverão ser realizados, como a ostomia, é necessário esclarecer possíveis complicações que
poderão surgir.
4) Dando Conhecimento e Informação ao Paciente: explicar a situação médica do paciente com
uma linguagem equivalente ao nível de compreensão dele evitando termos técnicos
5) Abordar Emoções dos Pacientes com Respostas Afetivas : oferecer apoio e solidariedade ao
paciente e familiares após a reação deles, que podem variar do silencio à incredulidade, choro,
negação ou raiva.
6) Estratégia e Resumo: discutir com o paciente um plano de tratamento caso ele já esteja pronto
para isso, apresentando as opções, compartilhando as responsabilidades na tomada de decisões
com o paciente. Explorar o conhecimento do paciente, as expectativas e esperanças pode ajudar
muito nessa fase, permitindo que o médico inicie a discussão naquele ponto.
d) Comente sobre os objetivos da cirurgia oncológica. Os objetivos da cirurgia oncológica vão
depender do tipo de neoplasia e do estadiamento. As cirurgias preventivas são realizadas em
lesões que podem malignizar e virar um câncer, um exemplo muito comum a conização do colo
do útero após o diagnóstico de alguma lesão intraepitelial de alto grau. As cirurgias diagnósticas
são realizadas para retirada de um tumor primário ou metástase que será enviado para a biópsia
para a realização do diagnóstico histológico. A cirurgia para estadiamento, como já citada
anteriormente, é importante para definir a extensão do acometimento tumoral. A cirurgia curativa
é indicada quando há possibilidade de cura do quadro oncológico, como em neoplasias iniciais
que permitem a ressecção total do tumor com margem de segurança e margem microscópica
negativa, bem como a ressecção de linfonodos regionais e estruturas adjacentes que podem
estar acometidas. Por fim, a cirurgia paliativa é realizada para alívio de sintomas e melhoria da
qualidade de vida do paciente onde não há mais possibilidade de cura, como por exemplo uma
derivação biliodigestiva naqueles pacientes com icterícia importante.
f) O que é CEA? Qual sua utilidade? Considere os níveis de CEA deste paciente e Discuta.
O antígeno carcinoembrionário é uma imunoglobulina secretada pela mucosa
gastrointestinal do cólon fetal e normalmente ausente no cólon do adulto. É utilizado como
principal marcador tumoral dos tumores colorretais, porém pode estar aumentado também em
tumores pulmonares, biliares, pancreáticos, tireoideanos e de mama, além de outras patologias
benignas como doenças hepáticas, insuficiência renal, doenças fibrocísticas da mama ou mesmo
em pacientes tabagistas. Possui baixa sensibilidade e especificidade para ser usado como
diagnóstico, mas possui valor prognóstico: altos níveis (>10) em pacientes já diagnosticados com
CA colorretal indica mal prognóstico. É usado também para acompanhar e monitorizar a resposta
ao tratamento, visto que o aumento pode indicar recidiva.
No paciente em questão, o CEA está dentro da normalidade mesmo sendo tabagista e já
diagnosticado com adenocarcinoma retal, o que pode demonstrar um bom prognóstico ou um
estágio inicial da doença. Após tratamento é indicado que se acompanhe o CEA a cada 3-6
meses nos primeiros 2 anos e de 6/6meses até 5 anos, passando a ser anual após este. Durante
este acompanhamento se >10 ou duas elevações persistentes indica-se a colonoscopia e mesmo
se normal pode-se indicar a PET-TC, pois pode ser sinal de recidiva.
QUESTÃO 2 – J.F.C, 54 anos, gênero feminino, com história de dor na região lombar
há 4 meses, sem emagrecimento, alterações de hábitos intestinal e urinário. Propedêutica
identificou uma massa retroperitoneal volumosa com sinais de invasão da veia cava
inferior e do pedículo renal direito (sem diagnóstico histopatológico). História pregressa:
tireoidectomia parcial com hipotireoidismo em uso de 50 mcg de Puran. Internada para
procedimento cirúrgico.
a) Como deve ser abordada a possibilidade de ser uma neoplasia maligna durante o
preparo da paciente? A abordagem deverá ser feita de acordo com o protocolo SPIKES sobre
más notícias, informando ao paciente que não há comprovadamente diagnóstico de malignidade
sem biópsia.
c) Como deve-se fazer o acompanhamento do paciente com câncer? Segundo a cartilha ABC
do Câncer
– INCA, o acompanhamento do paciente com câncer implica em diversas etapas, que vão desde
a suspeita, passando pela confirmação diagnóstica e definição do melhor tratamento. Inicialmente
é feita a avaliação clínica através da anamnese e do exame físico, a fim de definir sintomas,
fatores de risco, cronicidade, evolução da doença e pesquisar massas palpáveis ou
acometimentos linfonodais que podem sugerir
e) Quais são as indicações para realizar uma operação paliativa? A cirurgia paliativa será
indicada para casos em que a finalidade seja a redução das células tumorais, o controle de
sintomas que estão comprometendo a qualidade de vida do paciente ou a reversão de
complicações da doença. Alguns exemplos são: by-pass cirúrgico de obstruções gastrintestinais,
do trato urinário ou arvore biliar para remover ou contornar lesões que provocam obstrução e
compressão por meio de derivações; cirurgias com finalidade higiênica em casos de ulcerações,
hemorragias e infecções; entre outras.
comprometidos. O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente
avaliada. Quando as categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré-estabelecidas,
ficam distribuídas em estádios que, geralmente, variam de I a IV. Esses estádios podem ser sub
classificados em A e B, para expressar o nível de evolução da doença. A importância do sistema
TNM se dá por permitir não só a indicação de tratamento, como também, a previsão de
complicação e, ainda, como parâmetro para avaliação do tratamento instituído, demonstrando o
comportamento biológico do tumor. Dessa forma, a classificação TNM a partir das constatações
pré-estabelecidas das taxas de sobrevida somadas a relação do tumor com o hospedeiro (sua
taxa de crescimento e extensão) são de suma importância para estabelecer o prognóstico do
paciente.
O paciente da discussão apresenta estadiamento T3N1M0, o que o coloca em estágio IIB,
sendo um paciente que não apresenta metástases a distância, tem acometimento de 1 a 2
linfonodos regionais, e o tumor tem crescimento até a subserosa, mas sem adentrar a serosa ou
invadir estruturas adjacentes. O prognostico desse paciente, em estágio IIB, é intermediário,
cerca de 33% de sobrevida em 5 anos, mas também varia de acordo com outras implicações,
como o subtipo histológico, localização e com a classificação endoscópica. A indicação cirúrgica
nesse caso varia de acordo com a localização do tumor, sendo possível tentar a cirurgia curativa,
com linfadenectomia (15 linfonodos, no mínimo), se possível a D2. Está indicada radioterapia e
quimioterapia neoadjuvantes e adjuvantes em tumores gástricos T4 ou T2-T3
+ N positivo.
b) Como deve ser feito o preparo pré-operatório deste paciente? Quais medidas são
importantes para evitar complicações pós-operatórios?
O preparo conta com a informação de qual procedimento será feito, como será feito, bem
como cuidados que o paciente deverá ter após a cirurgia e possíveis complicações. Além disso,
necessita-se de uma consulta pré-anestésica onde será avaliado o risco cirúrgico. Alguns exames
laboratoriais se fazem necessários neste preparo pré-operatório: HMG, TAP e TTPA, Ureia,
Creatinina, Glicose, Sódio, Potássio, Albumina (pode ser necessário outros exames a depender
do quadro clínico e procedimento cirúrgico). Outros exames: RX tórax e Eletrocardiograma. A
antibioticoterapia profilática também é um preparo importante e é feito com cefalosporina de
primeira ou segunda geração, cerca de 1 hora antes da incisão na pele até 24 a 48h.
O pós-operatório imediato diz respeito a recuperação pós-anestésica do paciente,
realizado em uma sala específica, e só depois que o paciente estiver bem acordado ele é
direcionado ao quarto. Depois, um ponto importante do pós-operatório é a introdução da dieta que
se inicia com alimentos líquidos e progride para pastosos e sólidos. Também é necessário
observar o líquido do dreno, caso haja, pois pode haver vazamento da anastomose ou do coto
duodenal.
Algumas medidas são básicas para evitar complicações pós-operatórias: paciente em
jejum antes do procedimento; evitar erros durante a cirurgia; orientar sobre repouso do paciente;
introdução correta e gradual da dieta; orientar não carregar peso e orientar procurar atendimento
médico em qualquer situação diferente do previsto. Algumas complicações frequentes no pós-
operatório são: TVP, TEP, hemorragia, infecções, entre outros.