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A
I
08 Autores: Rodrigo Cezar Mileo, Giulia Poli Oliveira Bento, Lucas Ernani
Orientador: Vagner Birk Jeismann
História clínica
Exame físico
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Exames complementares (valores de referência)
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Figura 1 – Ressonância magnética. Sequências arterial, portal e tardia com gadolínio (superior). Sequência ponderada em
T2 (inferior).
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Hipótese diagnóstica
Conduta e evolução
Discussão
Conceitos
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Epidemiologia
Nódulos hepáticos tem sido diagnosticados com frequência cada vez maior
devido ao aumento da disponibilidade de exames de imagem como a ultrasso-
nografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Algumas
séries já demonstraram que até 20% da população adulta pode apresentar al-
guma lesão focal no fígado. A grande maioria dessas lesões são assintomáticas
e pelo menos 90% são benignas1.
Podemos considerara 3 grupos epidemiológicos principais:
• Pacientes geralmente jovens, sem comorbidades e assintomáticos: nes-
se grupo as principais hipóteses são os nódulos benignos. A saber: he-
mangioma hepático, hiperplasia nodular focal e adenoma hepatocelular.
Outros diagnósticos são incomuns. Esses será o grupo abordado nesse
capitulo
• Pacientes com diagnóstico recente ou antecedente de câncer: nessa si-
tuação, a principal hipótese é de metástase hepática.
• Pacientes com doença hepática, como cirrose por qualquer motivo ou
hepatites virais crônicas: o principal nódulo hepático nessa população é
o carcinoma hepatocelular.
Investigação
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to, costuma ser insuficiente para a adequada caracterização desses nódulos. A
investigação costuma ser complementada pela tomografia computadorizada
(TC) ou pela ressonância magnética (RM). Como veremos a seguir, para a ava-
liação do fígado, é essencial a utilização de alguma forma de contraste intra-
venoso durante a realização desses exames (contraste iodado no caso da TC e
gadolínio no caso da RM). A TC apresenta como principal vantagem o fato de ser
amplamente disponível atualmente, apresenta custo mais baixo que a RM e a
aquisição das imagens é realizada de forma rápida. Entretanto, esse exame en-
volve o uso radiação ionizante, o seu contraste está relacionado a toxidade renal
e maior incidência de alergia e, acima de tudo, apresenta acurácia inferior a RM.
Por isso, consideramos a RM o exame de escolha para investigação do nódulo
hepático incidental. O acurácia do exame costuma ser acima de 90%, mesmo
para lesões pequenas3. As principais desvantagens são o maior custo, a menor
disponibilidade e restrições a realização do exame em pacientes com implantes
metálicos como marca-passos e próteses ortopédicas. A aquisição mais lenta
das imagens pode ser uma dificuldade em crianças e pacientes claustrofóbicos.
Devido ao ótimo desempenho dos exames de imagem, biópsias hepáticas
são realizadas raramente na investigação dos nódulos hepáticos benignos3.
Esse procedimento está reservado para as situações de dúvida e em que a cer-
teza diagnóstica acarretará em modificação da conduta.
Hemangioma hepático
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síndromes clínicas como a síndrome de Kasabach-Merritt (coagulopatia de con-
sumo secundária aos fenômenos trombóticos dentro do hemangioma) e a sín-
drome de Bornman-Terblanche-Blumgart (reação inflamatória ao hemangioma
desencadeando sintomas sistêmicos como febre, dor abdominal)4.
Os hemangiomas hepáticos possuem características especificas que podem
ser encontradas em exames de imagem4:
• US: lesão focal bem delimitada, homogênea e hiperecogênica.
• TC: lesão focal nitidamente delimitada, normalmente hipoatenuante,
quando comparados com o parênquima hepático na fase sem contraste.
Após a infusão do contraste venoso apresenta um padrão de contrasta-
ção lento e centrípeto, prosseguindo com um enchimento da periferia
nas fases mais precoces, migrando para o centro da lesão nas fases mais
tardias.
• RM: aparecem com baixo sinal em T1 e alto sinal em T2. O comportamen-
to após a injeção do gadolínio é igual ao descrito na TC. A RM tem uma
sensibilidade de 90% e por esse motivo é tido como o exame padrão ouro
para o diagnóstico de hemangiomas hepáticos.
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te, as HNF apresentam todas as células normais do parênquima hepático, porém
com uma organização anômala. Essa má-formação vascular será representada
nos exames de imagem como uma cicatriz central, o achado mais característico
deste tipo de nódulo. A relação com hormônios femininos e anticoncepcionais
orais, assim como no hemangioma hepático, é bastante controversa4.
O diagnóstico da HNF ocorre, na maioria das vezes, de forma incidental. As-
sim como as demais lesões benignas a maior parte das lesões é assintomática.
Os achados de imagem característicos em pacientes com HNF incluem4:
• US: costuma apresentar-se de forma variável. Pode ser hiper, iso ou hipo
ecogênica em relação ao parênquima adjacente. A cicatriz central pode
ser identificada em 20% dos casos.
• TC: apresentam-se como lesões isodensas ou um pouco hipodensas em
comparação com parênquima hepático normal na fase sem contraste.
Na fase arterial precoce, os nódulos, que são ricamente vascularizados,
apresentando intenso realce homogêneo. Na fase portal, o nódulo costu-
ma ser isodensa em relação ao parênquima hepático normal. Em cerca
de um terço dos casos é possível identificar a cicatriz central, muitas ve-
zes com captação do meio de contraste. (Figura 2)
• RM: nas sequências com contraste venoso habitual (gadolínio), os acha-
dos são semelhantes aos da TC. Mais recentemente, o desenvolvimento
de um tipo de contraste hepato-específico (ácido gadoxético, Primovist),
já bastante difundido em nosso meio, permitiu um refinamento ainda
maior no diagnóstico dessas lesões. Podemos dizer, de maneira simplis-
ta e didática, que esse contraste “simula o comportamento da bile”. Por-
tanto, como a HNF apresenta todos os elementos de um fígado normal,
o nódulo contrastará ao contraste hepato-específico, diferenciando-o de
um adenoma hepatocelular, por exemplo (figura 3).
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Figura 2 – TC contrastada, fase arterial: lesão hipervascular com contrastação rápida e homogênea, exibindo cicatriz
central. Típica de hiperplasia nodular focal.
Figura 3 – RM: Intesa captação do contraste hepato-específico (ác. Gadoxético) é sugestivo de HNF.
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são do anticoncepcional hormonal oral, mas sugere-se acompanhamento com
exames de imagem desses pacientes. A ressecção cirúrgica é reservada para os
raros pacientes sintomáticos4.
Adenoma hepatocelular
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Tabela 1 – Principais subtipos de adenomas hepatocelulares
Inflamatório (40- HNF1alfa inativa- Mutação da B-ca-
55%) do (35-50%) tenina (10-15%)
Quase exclusivo em
Obesidade, mulheres Homens
Epidemiologia
Sínd. metabólica Adenomatose hepáti- Androgênios
ca familiar
Pode simular carci-
noma hepatocelular
Realce arterial persis-
bem diferenciado.
Imagem tente Adenoma esteatótico
Fluxo arterial rápido
Esteatose hepática
e lavagem na fase
tardia (“wash-out”).
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principalmente de HNFs sem cicatriz central. Diferentemente do adeno-
ma hepático, o HNF, por apresentar parênquima hepático, contrasta in-
tensamente (Figura 3).
Figura 4 – Queda do sinal da lesão nas sequencias T1 “em fase”(esquerda) em relação a “fora de fase” (direita) evidencia
gordura no interior do tumor e é sugestivo de adenoma hepatocelular.
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Pontos importantes
Referências
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9. Agrawal S, Agarwal S, Arnason T, Saini S, Belghiti J. Management of Hepatocellular Adenoma:
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