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NO IDOSO
.
Esquema conceitual
Introdução
Os sintomas vestibulares podem ser divididos em quatro subtipos, que são vertigem
(ilusão de movimento), tontura (sensação de orientação espacial perturbada sem ilusão
de movimento), sintomas vestibulovisuais (sintomas visuais decorrentes de patologia
vestibular) e sintomas posturais (sintomas do equilíbrio relacionados à manutenção da
estabilidade postural).1
Esses sintomas correspondem a uma queixa comum do paciente idoso, tanto no
consultório médico quanto no setor de emergência. Cerca de 30% dos idosos acima de
65 anos e cerca de 50% daqueles acima de 85 anos convivem com esses sintomas.2
São inúmeras as condições clínicas que podem levar o idoso a apresentar sintomas
vestibulares, algumas delas de maior gravidade, como arritmias, acidente vascular
cerebral (AVC) envolvendo circulação posterior (vertebrobasilar), tumores de fossa
posterior e outros.
Mesmo quando a causa é uma condição benigna, o paciente idoso com sintomas
vestibulares tem risco aumentado de quedas e perda de funcionalidade e de qualidade de
vida. Assim, é essencial a abordagem correta dessa condição para minimizar as quedas
e, consequentemente, o risco de contusões, traumatismo craniano e fraturas
trocantéricas no idoso.
O equilíbrio corporal é obtido por uma complexa função sensório-motora, que tem
como objetivo estabilizar o campo visual e manter a posição ereta. O sistema vestibular
é um componente fundamental na manutenção desse equilíbrio, em conjunto com os
sistemas visual e proprioceptivo e o cerebelo.
Um conflito de informações recebidas pelo sistema nervoso central produz uma
perturbação do equilíbrio, exteriorizando-se como tontura e/ou desequilíbrio
corporal. Além disso, a integridade do sistema musculoesquelético é essencial para
uma resposta eferente adequada às perturbações do equilíbrio.
As alterações do equilíbrio nos idosos podem ser causadas por uma condição clínica
única ou podem ser de natureza multifatorial e cumulativa. Idosos mais robustos tendem
a ter sintomas vestibulares causados pelas mesmas condições que afetam pacientes
adultos de meia-idade. Idosos mais frágeis, ao contrário, tendem a ter sintomas
vestibulares por causa multifatorial, um somatório de alterações fisiológicas do
envelhecimento e doenças adquiridas ao longo da vida, em especial doenças
vestibulares, neurológicas, metabólicas, musculoesqueléticas e psiquiátricas.
Determinar a causa dos sintomas vestibulares no idoso é tarefa árdua, não somente pelas
inúmeras doenças que podem levar a esses sintomas, mas também pela possibilidade de
haver etiologia multifatorial. Além disso, os pacientes têm dificuldade de descrever o
que estão sentindo. A abordagem clássica dos sintomas vestibulares baseia-se na
descrição dos sintomas e na sua classificação como vertigem, pré-síncope, desequilíbrio
ou tontura inespecífica.3
Ocorre, no entanto, que a descrição dos sintomas vestibulares pelos pacientes não é algo
confiável e também não há uma boa correlação com o diagnóstico final.4 Para se ter
noção da dimensão do problema, um estudo clínico mostrou que 50% dos pacientes
mudaram a classificação dos seus sintomas vestibulares ao serem reavaliados
10 minutos depois de uma classificação inicial.5 Essa dificuldade de diagnóstico é uma
das principais razões que levam o clínico a se sentir frustrado ao abordar um idoso com
esse tipo de queixa.
Existem, no entanto, outras formas de se abordar os sintomas vestibulares levando em
conta dados mais objetivos, como início dos sintomas, duração, gatilhos, comorbidades
e outros. Ao se apoiar em dados mais objetivos, a chance de obter um diagnóstico
correto aumenta,6 pelo menos nos casos em que o diagnóstico etiológico é mais
importante.
Abordagem dos sintomas vestibulares
O primeiro passo ao abordar um idoso com sintomas vestibulares é fazer uma triagem
para tentar identificar sinais e sintomas de patologia sistêmica grave. Quando os
sintomas vestibulares são acompanhados de alteração do estado mental, alteração dos
dados vitais ou alterações importantes nos exames laboratoriais, os esforços devem ser
direcionados para o tratamento da condição mais grave, e não dos sintomas vestibulares.
Nas vertigens agudas, quando o head impulse test é positivo, o nistagmo é horizontal
(ou rotatório) e unidirecional, não há desalinhamento vertical dos olhos e não há perda
auditiva súbita, é muito provável que a causa seja periférica. Nesse caso, o diagnóstico
mais comum é a neurite vestibular.
Neurite vestibular
A neurite vestibular é um processo inflamatório envolvendo o nervo vestibular, de
causa não bem esclarecida. Alguns achados sugerem que essa inflamação pode ser de
causa infecciosa e que o vírus do herpes simples tipo 1 seria o vírus neurotrópico mais
comumente envolvido nesses casos. Em geral, o paciente apresenta vertigem intensa,
súbita, com sintomas neurovegetativos, como náusea, sudorese fria, palidez e vômitos.
Não há sintomas auditivos.
No exame clínico, observa-se nistagmo espontâneo horizontal ou horizonto-rotatório
durante a crise, batendo para o lado oposto à lesão. O quadro é autolimitado, mas a
melhora é lenta e gradual. A vertigem pode durar dias a semanas, e o uso de
sintomáticos nesse período pode ser necessário. Para os quadros de vertigem intensa,
normalmente o tratamento é feito com fármacos intravenosos em pronto atendimento.
O AVC de fossa posterior é uma condição grave, pois, além de poder causar sequelas,
pode evoluir para o coma quando há efeito de massa, herniação tonsilar e compressão
do tronco cerebral (principalmente nos casos de AVC hemorrágico). Assim, diante da
suspeita do AVC hemorrágico, a realização imediata da tomografia de crânio é
mandatória para se excluir a hemorragia cerebelar ou de tronco.
Afastada a hemorragia cerebral, o diagnóstico do AVC isquêmico também deve ser
perseguido. Quando existem outros achados neurológicos, deve-se seguir o protocolo de
tratamento agudo do AVC isquêmico. Quando, no entanto, a vertigem é um sintoma
isolado, a realização de uma ressonância magnética (RM) de encéfalo pode ajudar no
diagnóstico, pois ela é muito mais sensível que a tomografia para identificação do AVC
isquêmico em sua fase aguda, além de poder identificar pequenas lesões estruturais na
fossa posterior que podem não ter sido vistas à tomografia.
Como a RM também possui sensibilidade limitada nas primeiras 48 horas de sintomas,
caso haja alterações ao exame físico sugestivas de lesão central, deve-se observar o
paciente e avaliar a necessidade de repetir o exame após alguns dias (o HINTS
apresenta sensibilidade maior que a RM nas primeiras 48 horas de sintomas).
ATIVIDADES
1. Com relação aos sintomas vestibulares agudos pós-exposição, analise as alternativas
a seguir.
I. Para o diagnóstico etiológico correto, a história clínica é fundamental.
II. Intoxicação aguda está descartada como possível causa de vertigens e desse ver
excluída da avaliação clínica.
III. Inúmeros medicamentos, tais como antifúngicos e anti-histamínicos, podem causar
tonturas ou vertigens.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta
2. No que se refere ao protocolo HINTS plus, assinale a alternativa que indica apenas os
achados sugestivos de acometimento vestibular periférico.
A) Head impulse test positivo (com sacada corretiva), nistagmo horizontal
unidirecional, test of skew sem desalinhamento vertical do olhar, ausência de perda
auditiva súbita.
B) Head impulse test positivo (com sacada corretiva), nistagmo multidirecional, test of
skew sem desalinhamento vertical do olhar, ausência de perda auditiva súbita.
C) Head impulse test negativo (sem sacada corretiva), nistagmo vertical para cima, test
of skew com desalinhamento vertical do olhar, perda auditiva súbita unilateral.
D) Head impulse test negativo (sem sacada corretiva), nistagmo horizontal
unidirecional, test of skew sem desalinhamento vertical do olhar, perda auditiva súbita
unilateral.
Confira aqui a resposta
3. Sobre os sintomas vestibulares agudos espontâneos em pacientes idosos, o que é
correto afirmar?
A) A ressonância magnética está indicada nos casos em que os sintomas duram mais de
12 horas.
B) O exame físico (protocolo HINTS) apresenta baixa sensibilidade para detecção de
causas centrais em idosos.
C) A perda auditiva súbita é comum em idosos e não aumenta a suspeição para causas
centrais.
D) Os sedativos labirínticos devem ser utilizados para o controle dos sintomas, devendo
ser mantidos por curto período.
Confira aqui a resposta
Sintomas vestibulares episódicos
Os sintomas vestibulares episódicos são aqueles que ocorrem de forma recorrente ao
longo do tempo, podendo ter duração variada, mas que melhoram de forma espontânea.
Normalmente são condições ambulatoriais, nas quais o paciente se queixa de episódios
de tontura, vertigem ou instabilidade. Ao abordar esses pacientes, o clínico deve tentar
estabelecer se os sintomas vestibulares são induzidos ou espontâneos.
Os principais gatilhos dos sintomas vestibulares episódicos induzidos são movimentos
de cabeça, levantar-se a partir da posição deitada ou sentada e rolar na cama. Nos
sintomas vestibulares episódicos espontâneos, não se consegue identificar nenhum
gatilho.
Induzidos
Em primeiro lugar, devem-se diferenciar os sintomas vestibulares desencadeados pela
movimentação daqueles intensificados pela movimentação — qualquer doença
vestibular, seja central ou periférica, espontânea ou induzida, pode se agravar com a
movimentação.
Para os sintomas vestibulares episódicos induzidos, o movimento é necessário para que
o sintoma aconteça. No caso de sintomas vestibulares episódicos espontâneos, o
movimento não é necessário, ainda que ele possa agravar o sintoma.
Os sintomas vestibulares episódicos induzidos normalmente apontam para um dos
seguintes diagnósticos:
vertigem posicional paroxística benigna (VPPB);
hipotensão ortostática;
hipofunção vestibular;
lesões de fossa posterior (mais raramente).
É incorreto assumir que os sintomas vestibulares desencadeados por movimentos
cefálicos são sempre benignos, uma vez que os movimentos cefálicos também podem
causar vertigem de origem central.
ATIVIDADES
4. Quanto aos sintomas vestibulares episódicos, analise as alternativas a seguir.
I. Envolvem tonturas, mas sem queixa de vertigem ou instabilidade.
II. Ocorrem de forma recorrente ao longo do tempo.
III. Quase nunca melhoram espontaneamente.
IV. São condições ambulatoriais.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta
5. Com relação à VPPB, assinale a alternativa correta.
A) A ressonância magnética de encéfalo sempre deve ser solicitada em idosos com
VPPB, devido ao risco aumentado de doenças neurológicas.
B) O diagnóstico da VPPB é realizado com o achado de nistagmo típico + vertigem à
manobra de Dix-Hallpike.
C) O tratamento é realizado com sedativos labirínticos.
D) As manobras de reposicionamento devem ser realizadas apenas em casos refratários.
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6. No que se refere ao procedimento adequado na pesquisa de hipotensão ortostática,
assinale a alternativa correta.
A) Deve-se avaliar a PA do paciente de pé e, posteriormente, 3 minutos após o paciente
assumir a posição deitado.
B) Deve-se avaliar a PA do paciente de pé e, posteriormente, 30 minutos após o
paciente assumir a posição deitado.
C) Deve-se avaliar a PA do paciente deitado e, posteriormente, 3 minutos após o
paciente assumir a posição de pé.
D) Deve-se avaliar a PA do paciente deitado e, posteriormente, 30 minutos após o
paciente assumir a posição de pé.
Confira aqui a resposta
7. Sobre a hipofunção vestibular, assinale a alternativa correta.
A) É uma sequela de alguma condição prévia, como neurite vestibular e doença de
Ménière.
B) Costuma melhorar espontaneamente.
C) Tem tratamento simples e ambulatorial.
D) É uma condição de causas desconhecidas e não há tratamento disponível.
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8. Quanto à manobra utilizada com mais frequência na prática clínica para tratamento de
VPPB de canal posterior, assinale a alternativa correta.
A) Manobra de Dix-Hallpike.
B) Manobras isométricas.
C) Manobra de Romberg.
D) Manobra de Epley.
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9. Com relação ao tratamento inicial da hipotensão ortostática, assinale a alternativa
correta.
A) Envolve, principalmente, medidas farmacológicas.
B) Envolve medidas cirúrgicas, muitas delas de emergência.
C) Envolve medidas não farmacológicas.
D) Envolve apenas observação e investigação das causas.
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Não induzidos
Os sintomas vestibulares episódicos não induzidos, em idosos sem condição clínica
descompensada, são mais comumente causados por:
doença de Ménière;
enxaqueca vestibular;
pré-síncope;
crises de ansiedade;
vertigem metabólica;
ataque isquêmico transitório (AIT).
Nesses casos, mais uma vez a história clínica será fundamental para o diagnóstico,
tendo o exame físico um papel secundário.
Os achados que sugerem doença de Ménière são:
início dos sintomas na idade adulta, em geral na quarta década de vida;
duração de 20 minutos a 24 horas, média de 3 a 4 horas;
hipoacusia e zumbido associados;
sensação de plenitude auricular.
Os achados que sugerem enxaqueca vestibular são:
história de enxaqueca (embora a cefaleia possa não estar presente durante as
crises de vertigem);
cefaleia ou equivalente de enxaqueca (auras visuais, fotofobia, fonofobia)
associado às crises de vertigem em pelo menos metade dos episódios;
duração variada, de minutos a dias.
A cefaleia pode não estar presente, mas, quando presente, pode anteceder, ocorrer
durante ou depois da crise.
A enxaqueca é uma das poucas condições clínicas que melhora com o envelhecimento
e, por isso, esse diagnóstico é menos frequente em idosos quando comparado com
adultos jovens.
Os achados da história que sugerem pré-síncope são:
passado de síncope (embora a ausência de síncope não exclua o diagnóstico, já
que a maioria dos pacientes pode ter apenas pré-síncope manifestando como
sintomas vestibulares isolados);
duração de 3 a 30 minutos;
sintomas que acontecem após precipitantes clássicos — dor, medo, longo
período de ortostatismo, ao urinar ou defecar, após refeições copiosas;
presença de cardiopatia estrutural ou isquêmica.
Os achados que sugerem crises de ansiedade são:
presença de transtorno ansioso ou depressivo;
hiperventilação, taquicardia ou sudorese associada às crises.
Os achados que sugerem vertigem metabólica são:
diabetes ou pré-diabetes;
outras condições relacionadas à hiperinsulinemia (obesidade, esteatose hepática,
síndrome metabólica);
dislipidemia;
distúrbios da tireoide;
excesso no consumo de álcool;
excesso no consumo de café ou bebidas com elevado teor de cafeína;
erros alimentares com consumo excessivo de açúcares ou sal.
Os achados que sugerem AIT são:
história atípica, ou seja, aquela que não sugere nenhuma das causas
anteriormente descritas;
pacientes com elevado risco cerebrovascular, em geral com escore ABCD2
maior que 4.
Abordagem das principais condições associadas
A seguir, é apresentada a abordagem das principais condições associadas aos sintomas
vestibulares episódicos não induzidos.
Doença de Ménière
1
Paciente idosa, 72 anos, apresentou quadro inicial de vertigem aguda após virar-se na
cama. O sintoma durou cerca de 20 segundos, e a paciente apresentou sudorese profusa
na ocasião. Negou náuseas ou vômitos. Ela observou que a vertigem começou a se
repetir nos dias seguintes, desencadeada pelo menor movimento da cabeça, sempre com
curta duração, com melhora quando ficava parada.
Como os episódios eram recorrentes, ela decidiu agendar uma consulta médica. Negava
cefaleia, cervicalgia, alteração auditiva, parestesia, alteração no campo visual, disartria,
disfagia, diplopia ou disfonia.
Ao exame clínico, não havia alterações em pares cranianos, força muscular ou provas
cerebelares. Ausência de nistagmo espontâneo ou induzido. Marcha atípica e teste de
Romberg negativo. A manobra de Dix-Hallpike à direita foi negativa, mas, ao realizar a
manobra para a esquerda, observou-se, após uma latência de alguns segundos, nistagmo
que durou 15 segundos. Esse nistagmo era predominantemente rotatório, “batendo” para
o lado esquerdo e com componente vertical para cima.
ATIVIDADES
15. Qual o provável diagnóstico da paciente do caso clínico 1?
Confira aqui a resposta
16. É necessário algum exame complementar para se chegar ao diagnóstico da causa da
vertigem da paciente do caso clínico 1?
Confira aqui a resposta
17. Qual é o tratamento adequado para a paciente do caso clínico 1?
Confira aqui a resposta
18. Qual é o prognóstico para a paciente do caso clínico 1 com e sem o tratamento?
Confira aqui a resposta
2
Paciente idoso, 68 anos, sem comorbidades, foi admitido no pronto atendimento com
quadro de vertigem contínua, iniciada há cerca de oito horas, com náuseas e vômitos
associados. Não conseguiu identificar nenhum gatilho para o início dos sintomas. A
vertigem persistia mesmo quando o paciente permanecia parado, mas piorava com
movimentos, como se deitar ou se levantar da maca e virar a cabeça.
O paciente andava com muita dificuldade e sua base era alargada. Negava uso recente
de qualquer medicação, cefaleia, cervicalgia, alteração auditiva, parestesia, alteração no
campo visual, disartria, disfagia, diplopia ou disfonia.
Ao exame clínico, não se observava qualquer déficit motor ou dismetria. Marcha
atáxica, incapaz de ficar em posição tandem (um pé atrás do outro). O teste de Romberg
foi positivo. Foi realizado o HINTS plus — o head impulse foi positivo, com sacada em
teste para a esquerda (indicando reflexo vestíbulo-ocular alterado), o nistagmo foi
horizontal e para a direita (unidirecional), não houve desalinhamento vertical dos olhos
e não havia perda auditiva súbita.
O nistagmo desse paciente aumentava de amplitude quando ele olhava para a direita,
mas, mesmo quando olhava para a esquerda, o nistagmo mantinha sua direção
(componente rápido para a direita).
ATIVIDADES
19. Qual o provável diagnóstico do paciente do caso clínico 2?
Confira aqui a resposta
20. É necessário algum exame complementar para se chegar ao diagnóstico da causa da
vertigem do paciente do caso clínico 2?
Confira aqui a resposta
21. Qual é o tratamento adequado para o paciente do caso clínico 2?
Confira aqui a resposta
22. Qual é o prognóstico para o paciente do caso clínico 2?
Confira aqui a resposta
3
Paciente idosa, 88 anos, parcialmente dependente para as atividades básicas de vida
diária, com múltiplas comorbidades, queixa-se durante a consulta médica de sensação
de tontura contínua. Tem dificuldade de descrever seus sintomas ou situações que
melhoram ou pioram a tontura. Diz que é como se tivesse feito uso de bebida alcoólica,
embora não bebesse.
A filha relatou quedas frequentes e por isso já retirou os tapetes de casa, colocou barras
de apoio no banheiro e comprou uma bengala para a paciente, que se recusou a usá-la. A
visão e a audição estão comprometidas em grau moderado, a paciente tem baixo nível
de atividade física e faz uso de inúmeros medicamentos potencialmente causadores de
tontura, entre anti-hipertensivos, antidepressivo, benzodiazepínico e uma combinação
de analgésico com relaxante muscular, este último por automedicação.
Ao exame, observou-se fraqueza importante de membros inferiores, com grande
dificuldade para se levantar da cadeira sem apoio. Na marcha, tem passos curtos, sem
cadência ou choque de calcanhar. O teste de Romberg foi instável, e o equilíbrio em
tandem não é possível. Observa-se também a presença de hálux valgo, osteoartrose de
joelhos clinicamente avançada e propriocepção algo comprometida. Não há sinais
neurológicos focais ou parkinsonismo. Há presença de hipotensão ortostática, sem
reprodução dos sintomas.
ATIVIDADES
23. Qual o provável diagnóstico da paciente do caso clínico 3?
Confira aqui a resposta
24. O uso de supressores vestibulares estaria indicado para a paciente do caso clínico 3?
Confira aqui a resposta
25. Qual é o tratamento adequado para a paciente do caso clínico 3?
Confira aqui a resposta
26. Além do tratamento dos sintomas vestibulares, que outras medidas estão indicadas
para a paciente do caso clínico 3?
Confira aqui a resposta
Conclusão
A abordagem da tontura no idoso com base em dados mais objetivos, como início dos
sintomas, duração, gatilhos, presença de comorbidades e dados do exame clínico,
permite identificar prontamente pacientes de maior risco para condições potencialmente
graves, como lesões de fossa posterior, arritmias cardíacas, AIT ou AVC de circulação
posterior.
Além disso, essa abordagem aumenta a chance de um diagnóstico correto e,
consequentemente, de um tratamento mais adequado à luz das evidências científicas
atuais. Mesmo com diagnóstico e tratamento adequados, muitos pacientes ainda
permanecerão sintomáticos e, nesses casos, os esforços devem ser voltados para
estratégias de prevenção de quedas e de fraturas.
Atividades: Respostas
Atividade 1 // Resposta: B
Comentário: Para o diagnóstico etiológico correto, a história clínica é fundamental. O
clínico deve ficar atento à exposição a tóxicos. Se há exposição do paciente a qualquer
tipo de agente tóxico, incluindo álcool ou drogas ilícitas, antes do início da vertigem, a
avaliação clínica deve ser voltada para o tratamento da intoxicação aguda.
Atividade 2 // Resposta: A
Comentário: No protocolo HINTS plus, são alterações sugestivas de acometimento
periférico: head impulse test positivo (com sacada corretiva), nistagmo horizontal (ou
horizonto-rotatório) unidirecional, test of skew sem desalinhamento vertical do olhar e
ausência de perda auditiva súbita.
Atividade 3 // Resposta: D
Comentário: Os fármacos com ação sedativa no labirinto devem ser utilizados por
períodos curtos, para não atrasar a compensação vestibular, principalmente em pacientes
idosos.
Atividade 4 // Resposta: C
Comentário: Os sintomas vestibulares episódicos são aqueles que ocorrem de forma
recorrente ao longo do tempo, podendo ter duração variada, mas que melhoram de
forma espontânea. Normalmente são condições ambulatoriais, nas quais o paciente
queixa-se de episódios de tontura, vertigem ou instabilidade.
Atividade 5 // Resposta: B
Comentário: Nos pacientes com vertigem posicional reproduzida pela manobra de Dix-
Hallpike e com nistagmo típico, nenhum outro exame é necessário para o diagnóstico de
VPPB.
Atividade 6 // Resposta: C
Comentário: Deve-se avaliar a PA do paciente deitado e, posteriormente, 3 minutos
após o paciente assumir a posição de pé. A queda de PA sistólica acima de 20mmHg ou
a queda de PA diastólica acima de 10mmHg, associada ou não a sintomas, define o
diagnóstico de hipotensão ortostática.
Atividade 7 // Resposta: A
Comentário: A hipofunção vestibular comumente é uma sequela de alguma condição
prévia, como neurite vestibular, doença de Ménière, isquemia, lesão estrutural,
exposição a drogas, traumatismo craniano e outros. Pode ser também de causa
desconhecida. Para esses pacientes, é fundamental o encaminhamento para avaliação de
um otoneurologista, pois o diagnóstico correto é essencial para se estabelecer um
prognóstico e um plano de cuidados.
Atividade 8 // Resposta: D
Comentário: Na prática clínica, a manobra de Epley é a utilizada com mais frequência
para tratamento de VPPB de canal posterior.
Atividade 9 // Resposta: C
Comentário: Inicialmente, o tratamento da hipotensão ortostática envolve medidas não
farmacológicas. Verifica-se a possibilidade de reduzir os anti-hipertensivos em uso. Não
sendo possível, deve-se instruir o paciente a usar essas medicações à noite. O paciente é
orientado a evitar ortostatismo prolongado; reduzir a ingesta de álcool; não fazer
exercícios após as refeições; evitar ambientes quentes; evitar refeições com excesso de
carboidratos (para evitar hipotensão pós-prandial); beber 1,5 a 2,5L de líquido por dia.
Adicionar sal extra às refeições também parece ajudar na hipotensão ortostática e deve
ser considerado para pacientes selecionados. Naqueles com insuficiência venosa, o uso
de meias elásticas de compressão graduada é recomendado. Se, mesmo após essas
medidas, o paciente mantém tonturas e tem risco aumentado de quedas, medidas
farmacológicas podem ser necessárias.
Atividade 10 // Resposta: A
Comentário: Os sintomas clássicos da doença de Ménière são episódios recorrentes de
vertigem, com duração de minutos a horas, acompanhados de hipoacusia flutuante,
zumbido e plenitude aural.
Atividade 11 // Resposta: B
Comentário: Quando se pensa em pré-síncope como causa de sintomas vestibulares em
idosos, deve-se ficar atento a outros fatores de risco além da idade, que são sexo
masculino; portadores de DAC, miocardiopatias não isquêmicas (primordialmente com
baixa fração de ejeção), cardiopatias congênitas, arritmias cardíacas; presença de
palpitações, sem apresentar aura; evento ocorrido no esforço ou em posição supina;
exame físico e/ou ECG alterados; história familiar de morte súbita cardíaca.
Atividade 12 // Resposta: D
Comentário: Para todos os pacientes, orientam-se medidas não farmacológicas para
prevenção de quedas, que são manter os ambientes bem iluminados; ao subir escadas,
usar o corrimão para se apoiar; instalar barras de apoio no banheiro, próximas ao vaso
sanitário e no box do chuveiro; manter os pisos secos e evitar encerá-los, evitando
também tapetes; mesmo dentro de casa, evitar chinelos, dando preferência para calçados
fechados, com solado de borracha e salto baixo; nunca deixar fios de luz, roupas,
sapatos ou outros objetos espalhados no trajeto por onde o paciente anda; nunca subir
em banquinhos ou cadeiras para alcançar objetos.
Atividade 13 // Resposta: B
Comentário: Antigamente chamada de vertigem postural fóbica ou tontura crônica
subjetiva, a TPPP pode ser conceituada como tontura com duração superior a três
meses, sem que exista justificativa para isso. A TPPP é uma doença crônica, funcional,
em que, por algum motivo, há uma incapacidade de readaptação após resolução da fase
aguda.
Atividade 14 // Resposta: A
Comentário: O paciente apresentou episódio de vertigem aguda, com HINTS plus
sugestivo de acometimento periférico. Nesse caso, a principal hipótese diagnóstica é a
neurite vestibular. A direção do nistagmo é dada pelo componente rápido e indica
comprometimento do labirinto do lado oposto. Como, no caso, o nistagmo era
direcionado para a esquerda, o acometimento seria do lado direito, o que é corroborado
pelo head impulse test positivo desse lado.
Atividade 15
RESPOSTA: O provável diagnóstico da paciente do caso clínico 1 é VPPB.
Atividade 16
RESPOSTA: Não é necessário exame complementar para se chegar ao diagnóstico da
causa da vertigem da paciente do caso clínico 1. A manobra de Dix-Hallpike positiva à
esquerda, com a presença de nistagmo de curta latência, rotatório para a esquerda e com
componente vertical para cima, transitório e fatigável associado à vertigem de curta
duração já permite o diagnóstico de VPPB, com acometimento do canal semicircular
posterior esquerdo.
Atividade 17
RESPOSTA: O tratamento adequado para a paciente do caso clínico 1 é a realização de
manobras de reposicionamento canalicular, como a manobra de Epley. O uso de
supressores vestibulares pode ser necessário para diminuir o desconforto após a
manobra de reposicionamento canalicular (sintomas neurovegetativos), mas por curto
período.
Atividade 18
RESPOSTA: O prognóstico para a paciente do caso clínico 1 é muito bom, com
resposta de até 80% após a realização da manobra de reposicionamento canalicular.
Sem o tratamento adequado, a taxa de resposta cai para 30 a 50% no primeiro mês após
o início dos sintomas.
Atividade 19
RESPOSTA: O provável diagnóstico do paciente do caso clínico 2 é neurite vestibular.
Atividade 20
RESPOSTA: Não é necessário exame complementar para se chegar ao diagnóstico da
causa da vertigem do paciente do caso clínico 2. Diante de uma vertigem aguda
contínua, com HINTS plus sugestivo de quadro periférico, ou seja, head impulse
positivo, nistagmo horizontal (ou rotatório) e unidirecional, sem desalinhamento vertical
dos olhos e sem perda auditiva súbita, é muito provável que a causa dos sintomas
vestibulares seja a neurite vestibular. Além disso, o HINTS plus é mais sensível que a
neuroimagem (mesmo RM de encéfalo) nas primeiras 48 horas.
Atividade 21
RESPOSTA: Como os sintomas vestibulares são intensos, o paciente do caso clínico 2
deve receber, inicialmente, dimenidrinato 30mg, intravenoso, no pronto atendimento.
Após esse tratamento agudo, é indicado o uso de um supressor vestibular por mais
alguns dias, como meclizina 25mg, de 8/8 ou 6/6 horas. Para os pacientes que não
apresentarem uma recuperação completa após algumas semanas, pode ser indicada a
reabilitação vestibular para ajudar na compensação central. Não existem evidências
robustas para a prescrição de corticoides ou antivirais.
Atividade 22
RESPOSTA: O prognóstico para o paciente do caso clínico 2 é bom, já que a maioria
dos pacientes se recupera após algumas semanas. Uma minoria de pacientes pode
evoluir com sintomas vestibulares persistentes, devido a uma não compensação da
hipofunção vestibular decorrente da neurite.
Atividade 23
RESPOSTA: O provável diagnóstico da paciente do caso clínico 3 é síndrome do
desequilíbrio do idoso, uma condição multifatorial que deve ser abordada como uma
síndrome geriátrica. Uma síndrome geriátrica é uma condição multifatorial que ocorre
em decorrência de acúmulo de déficits em múltiplos sistemas, reduzindo a capacidade
do idoso de compensar pequenas alterações fisiológicas. O paciente torna-se mais
vulnerável pela redução de suas reservas homeostáticas.
Atividade 24
RESPOSTA: O uso de supressores vestibulares não estaria indicado para a paciente do
caso clínico 3. O uso de supressores vestibulares, como flunarizina e cinarizina, poderia
agravar o quadro, uma vez que provoca sedação e atraso na compensação de doenças
labirínticas. Deve ser reservado para quadros agudos, sempre por um curto período.
Atividade 25
RESPOSTA: Como em qualquer síndrome geriátrica, o objetivo do tratamento é tentar
melhorar as condições clínicas que estão levando o idoso à condução de
vulnerabilidade. No caso em questão, podem-se enumerar algumas medidas:
avaliação do oftalmologista e do otorrinolaringologista;
prescrição de fisioterapia para fortalecimento de membros inferiores e treino de
propriocepção;
incentivo à atividade física diária;
tratamento da osteoartrose — avaliar indicação e condição clínica para
intervenções ortopédicas;
avaliação e tratamento (quando indicado) das alterações metabólicas;
revisão das medicações — reduzir dose de anti-hipertensivos (ainda que
tolerando níveis pressóricos acima do ideal para evitar hipotensão ortostática),
desmame gradual de benzodiazepínicos, orientações sobre medicações, de uso
controlado ou não, que podem causar ou agravar os sintomas vestibulares;
orientações sobre o uso de órteses;
orientações sobre alterações no ambiente para torná-lo mais seguro e sobre
prevenção de quedas.
Atividade 26
RESPOSTA: A paciente do caso clínico 3 deveria ser submetida a uma avaliação
geriátrica ampla e uma avaliação do risco de fraturas osteoporóticas. Para avaliação do
risco de fraturas, devem-se levar em conta variáveis clínicas e o resultado da
densitometria óssea. A estimativa pode ser realizada utilizando o FRAX Brasil. Se o
risco for acima de 10%, o tratamento com bisfosfonatos poderia estar indicado (desde
que não haja contraindicações).