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Síntese sobre

Disautonomia
Dra. Juliana Dias CRM-MG 39799

A Disautonomia é um prejuízo no funcionamento fisiológico do sistema nervoso autônomo,


pode ser relacionada à perturbação mediada por vírus, secundária à resposta imune, a
fatores metabólicos, a comprometimentos do sistema nervoso central, periférico ou
cardiovascular. É, portanto, um conjunto de sintomas relacionados a diferentes causas,
manifestando-se de maneira particular e com alterações dinâmicas em um mesmo
indivíduo. O sintoma mais prevalente que sinaliza a disautonomia é a intolerância
ortostática, percebida pela dificuldade de ficar muito tempo em pé sem sentir tontura,
palpitação ou mal-estar. Esse quadro agudo, subagudo ou condição crônica pode ser
transitório ou permanente.

● Causas: multifatoriais, ver "Diagnóstico".


● Fisiopatologia: Os estudos científicos já mostraram frequente alteração na
produção de adrenalina e noradrenalina (com picos mais altos que o normal na
mudança de posição) e no cortisol, além de hipofluxo cerebral. Assim, a hipovolemia
ou a desidratação podem ser causas ou fatores agravantes do quadro. Da mesma
forma funcionam o estresse, o cansaço e a privação ou má qualidade do sono.
A liberação de epinefrina e norepinefrina causa taquicardia pronunciada, que é
sentida como palpitações, falta de ar e dor no peito. Níveis muito altos de
catecolaminas podem levar à vasodilatação paradoxal, retirada da atividade
simpática e ativação do nervo vago, resultando em hipotensão, tontura e, em última
instância, síncope (desmaio).
● Manifestações Diversas: As síndromes de intolerância ortostática incluem
Hipotensão Ortostática (HO), Síncope Vasovagal (SVV) e Síndrome de Taquicardia
Ortostática Postural (POTS). A fisiopatologia dessas condições relaciona-se a uma
resposta autonômica anormal à ortostase (posição em pé) gerando taquicardia,
hipotensão ou ambos, de forma súbita ou após alguns minutos (em geral, de 0 a 30).
Entretanto, a disautonomia compreende um amplo leque de sintomas podendo
afetar o trânsito intestinal (alterações como constipação ou diarréias), o
funcionamento vesical (bexiga neurogênica, por exemplo), alterações na sudorese,
hipersensibilidade para frio, calor, ruído ou luz entre outros. Outra alteração
frequente e incapacitante é o Brain Fog ou névoa cerebral, quadro de alteração
cognitiva, na maior parte das vezes incapacitante, em que a pessoa apresenta
dificuldade de raciocínio e planejamento executivo, podendo afetar a comunicação
efetiva, tanto na compreensão quanto na formação de frases e até mesmo dificultar
o autocuidado (lembrar de hidratar, alimentar, tomar medicamento ou buscar a ajuda
necessária na crise). A disautonomia pode também apresentar-se associada a
períodos de fadiga leve ou intensa de diferentes durações, podendo fechar critérios
para síndrome de fadiga crônica.
● Diagnóstico: Clínico, com possibilidade de comprovação por meio de tilt test (teste
de inclinação). Este exame mesmo quando negativo não exclui o diagnóstico, devido
à característica dinâmica desta condição. Faz parte da investigação avaliar as
diferentes causas: endócrinas e metabólicas, auto-imunes, infecciosas,
cardiovasculares, neurológicas e até traumas, instabilidade crânio-cervical ou
condições genéticas (hipermobilidade articular e Síndrome de Ehlers Danlos).
Síntese sobre
Disautonomia
Dra. Juliana Dias CRM-MG 39799

Portanto, é comum demorar certo tempo nesse estudo pois podem ser necessários
diferentes exames e um acompanhamento prolongado para ter uma compreensão
do quadro de cada pessoa. O diagnóstico precoce pode reduzir sofrimento, quedas,
tratamentos equivocados e melhorar a compreensão, o autocuidado, o suporte
familiar e a qualidade de vida.
● CID 10 (Classificação Internacional de Doenças): G90
● Tratamento: Orientações para o autocuidado e prevenção de crises. Apoio não
medicamentoso (meias ou roupas compressivas, hidratação eficiente, cuidado nas
mudanças de posição e posturas que favoreçam o retorno venoso nas crises) e
medicamentoso, de uso contínuo ou de suporte. Acompanhamento e manejo clínico
cuidadoso para a investigação de causas, fatores desencadeantes e condições
associadas, apoiando a pessoa nessa dinâmica e desafiadora condição.
Frequentemente, o suporte clínico dos casos mais complexos será multiprofissional,
sendo importante contar com equipe para avaliação clínica presencial, quando
necessário. A reabilitação deve ser estimulada, mas exige muito conhecimento e
paciência, pois um processo acelerado pode piorar as crises. Em períodos de crise,
pode ser interessante priorizar o protocolo de Dallas (Levine), dando início com
exercícios de fortalecimento muscular em posição horizontal. No caso de atividade
aeróbica, iniciar com a bicicleta ergométrica horizontal. É interessante monitorar
frequência cardíaca, pressão arterial e até saturação, dependendo do caso, para
avaliar a resposta ao exercício e observar atentamente se o mesmo não está
gerando quadro de piora da fadiga, para dosar o grau de esforço permitido em cada
etapa.

Bibliografia Sugerida

1. http://www.dysautonomiainternational.org/
2. Disautonomia: Uma Condição Esquecida (Parte 1 e Parte 2. Artigos Científicos)
3. Guia para manejo Pós-Covid-19 - Prefeitura de Belo Horizonte.
https://prefeitura.pbh.gov.br › saude

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