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FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA

ANA CAROLINE LOPES SANTOS


JHENIFER SOUSA DE OLIVEIRA
SARA ISABELA MÁXIMO DE SOUSA

DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS

MONTES CLAROS-MG
2023
Doenças neurodegenerativas
Esclerose múltipla
Consiste em uma doença neurológica inflamatória crônica, desmielinizante , de
natureza autoimune , que provoca alterações no funcionamento do sistema
nervoso central ( SNC ) , e estabelece incapacidades motoras e cognitivas nos
indivíduos, ou seja, dificulta a comunicação ideal entre o cérebro e o corpo.
Há tratamentos que auxiliam na qualidade de vida do paciente, mas, até o momento,
não existe cura.
● Causas:
Acredita-se que ocorra com maior frequência em indivíduos que tenham
predisposição genética e que sejam submetidos a determinados fatores ambientais,
como:
● deficiência de vitamina D
● infecções virais na infância (como o vírus Epistein Baar)
● região de nascimento
● obesidade na infância.
Os sintomas são variados e diferem dependendo da área de inflamação no cérebro
e na medula espinhal. Os mais comuns são:
● Alterações de motricidade global e fina ( como marcha, fadiga muscular,
disartria e disfagia);
● Aspectos sensoriais (visual) ;
● Cognição (aprendizagem, memória, fluência) ;
● Fatores emocionais ( humor, depressão , apatia, ansiedade , estresse)

A fadiga é um dos mais comuns, que interfere na capacidade funcional do sujeito


e engloba duas dimensões – física e cognitiva -, provocando implicações negativas
na realização de atividades diárias, no trabalho, de socialização, na memória, entre
outras.
O padrão de evolução da doença é variável ao longo do tempo, inicialmente
caracteriza-se por episódios de exacerbação da atividade inflamatória (surtos), que
alternam com períodos de remissão ou por uma progressiva deterioração da função
neurológica ou ainda pela combinação dos dois aspetos .
Diagnóstico:
Para diagnosticar a esclerose múltipla, o médico avalia a história clínica do paciente.
O profissional também deve solicitar exames de Ressonância Magnética e coleta de
líquor.
Atuação fonoaudiológica:
Fonoaudiólogo : desenvolver junto ao paciente meios facilitadores que
contribuem para uma melhor qualidade de vida e também orientar familiares
de como lidar com a patologia.
●O paciente é avaliado através de técnicas específicas, com o objetivo de
identificar alterações da fala , dos movimentos orofaciais, audição , equilíbrio,
voz, respiração , mastigação e deglutição.
● Disfagia:
●Disfagia Neurogênica;
●Fadiga Muscular;
●Raramente há comprometimento esofágico, maioria das alterações são orais e
faríngeas;
●Desordem no mecanismo de deglutição.
● Tratamento:
O tratamento consiste em proporcionar ao paciente exercícios e atividades
que apresentem resistência graduada dos músculos deficitários, impedindo o
desenvolvimento de padrões anormais de tônus ( no caso espasticidade) e
empregando repetição para estimular resistência física . O fonoaudiólogo deve
prestar atenção no fator fadiga, pois o paciente pode não reconhecer nem
admitir a fadiga.
O enfoque será direcionar seus objetivos de tratamento à redução do
impacto do comprometimento cognitivo sobre a capacidade de executar
atividades cotidianas. A reabilitação cognitiva se processa através da
restauração da função e da compensação de déficits, por meio de exercícios
práticos e de repetição para estimular a memória como: representação visual ,
uso de agenda. Utilização de várias modalidades de linguagem ( ver , falar,
ouvir, escrever) podem ser recursos na reabilitação cognitiva (concentração e
memória na leitura).
O fonoaudiólogo deve sugerir mudanças na consistência da dieta, postura
corporal e de cabeça durante a alimentação, exercícios que podem ajudar,
fazer uso de bandagem elástica neurofuncional e /ou eletroestimulação para
alcançar algum objetivo terapêutico , orientar sobre a necessidade de
envolvimento de profissional nutricionista para auxiliar na conduta.
O uso de sondas para a alimentação também é uma situação a ser
discutida quando outras opções já tenham sido esgotadas afim de evitar
complicações pulmonares e manter o aporte calórico e a qualidade de vida
do sujeito com E M .

Esclerose amiotrófica
ELA ou Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença que afeta o sistema nervoso de
forma degenerativa e progressiva e acarreta em paralisia motora irreversível.
Pacientes com a doença sofrem paralisia gradual e morte precoce como resultado
da perda de capacidades cruciais, como falar, movimentar, engolir e até mesmo
respirar.
Não há cura para a Esclerose Lateral Amiotrófica. Com o tempo, as pessoas com
doença perdem progressivamente a capacidade funcional e de cuidar de si mesmas.
O óbito, em geral, ocorre entre três e cinco anos após o diagnóstico. Cerca de 25%
dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico.
A ELA é uma das principais doenças neurodegenerativas ao lado das doenças de
Parkinson e Alzheimer. A idade é o fator preditor mais importante para a sua
ocorrência, sendo mais prevalente nos pacientes entre 55 e 75 anos de idade.
Por ser um distúrbio progressivo, a ELA envolve a degeneração do sistema motor
em vários níveis:

● Bulbar;
● Cervical;
● Torácico;
● Lombar.

Os sintomas da ELA normalmente começam a aparecer após os 50 anos, mas


também podem surgir em pessoas mais novas. Entre outros sinais e sintomas,
pessoas com ELA têm:

● Perda gradual de força e coordenação muscular;


● Incapacidade de realizar tarefas rotineiras, como subir escadas, andar e
levantar;
● Dificuldades para respirar e engolir;
● Engasgar com facilidade;
● Babar;
● Gagueira (disfemia);
● Cabeça caída;
● Cãibras musculares;
● Contrações musculares;
● Problemas de dicção, como um padrão de fala lento ou anormal (arrastando
as palavras);
● Alterações da voz, rouquidão;
● Perda de peso.

Atuação Fonoaudiológica
O fonoaudiólogo vai intervir por meio de estratégias que proporcionem
propriocepção e desenvolvimento de compensações que vão possibilitar uma
deglutição mais segura e potencialização das capacidades de comunicação.
A manutenção ativa da musculatura orofaríngea, cervical e da mímica facial auxilia a
prevenir a atrofia por desuso e permite a exploração da funcionalidade.
Indica-se que estas se realizem por meio de exercícios miofuncionais e que o
controle da fadiga seja um critério importante a ser observado, visto que a fraqueza
muscular é sintoma frequente na pessoa com Esclerose Lateral Amiotrófica. A fadiga
muscular indica um limite na terapêutica e não respeitar esse sintoma relaciona-se a
sobrecarregar a unidade motora e contribuir negativamente na progressão da
doença.
Disfagia: é o nome dado aos transtornos da deglutição, ou seja, as alterações que
comprometem a capacidade de engolir e dificultam o transporte do conteúdo da
cavidade oral até o estômago. Essas dificuldades podem prejudicar a deglutição de
líquidos, alimentos, medicamentos e até mesmo da própria saliva. A Disfagia pode
implicar em um risco ao paciente comprometendo o sistema respiratório (pelo risco
de broncoaspiração) e o estado nutricional (com a perda de apetite e aumento do
gasto energético). Na ELA, a disfagia ocorre pelo comprometimento dos neurônios
motores e a repercussão que este acometimento causa nos músculos da boca,
garganta e sistema respiratório.
A temida broncoaspiração refere-se a possibilidade de alimentos, saliva ou
secreções fazerem o trajeto errado e, ao invés de direcionar-se ao estômago,
entrarem pela laringe, podendo chegar aos pulmões e causar pneumonia. É
importante se atentar aos sinais de risco para broncoaspiração como cansaço ao se
alimentar, dificuldades para mastigar, engasgos e/ou tosse antes, durante ou após a
ingestão de alimentos (sólidos, pastosos ou líquidos); escape de alimento para fora
da boca; refluxo de alimentos e líquidos pelo nariz; desconforto respiratório (durante
ou após a alimentação); voz molhada (diferente do normal, aspecto borbulhante) e
sensação de alimento parado na garganta.
Como prevenir a broncoaspiração? Só ofereça qualquer alimento quando o
paciente estiver bem acordado; posicione o paciente sentado ou com a cabeceira do
leito elevada a 90º durante a alimentação; após a oferta do alimento manter 40 min a
cabeceira elevada ou assentado; durante as refeições certifique-se de que o
paciente engoliu todo o alimento colocado na boca antes de ofertar mais; caso seja
recomendado o uso de espessantes , utilize as porções e quantidades orientadas
pelo fonoaudiólogo; realize higiene oral após cada refeição; respeite o tempo de
mastigação e deglutição antes de ofertar mais alimentos; siga corretamente a
consistência alimentar, manobras de deglutição e posturas Indicadas pelo
fonoaudiólogo.

Via Alternativa de Nutrição: Outra contribuição importante do Fonoaudiólogo está


em auxiliar a indicação de vias alternativas de nutrição (sonda nasoenteral ou
gastrostomia). A indicação de uma via alternativa de alimentação é realizada em
conjunto com nutricionistas, fisioterapeutas e médicos.
O critério fonoaudiológico se refere ao grau de disfagia (disfagia moderada),
contudo, indica-se que a gastrostomia seja realizada o mais precoce possível no
intuito de prevenir complicações respiratórias e nutricionais.

Disartria: é a alteração da fala gerada por um distúrbio neurológico que, no caso da


ELA, se dá pelas alterações musculares relacionadas ao comprometimento dos
neurônios motores superiores e Inferiores gerando o padrão de disartria com
características mistas ([espástica e flácida). Isso altera o grau de compreensão da
fala e lImita a Interação com as pessoas, uma vez que a linguagem oral é a forma
mais utilizada para comunicação.
O Fonoaudiólogo vai atuar de modo a estabelecer técnicas que ampliem a
capacidade de produção fonoarticulatória e também possam complementar ou até
substituir a comunicação oral. É de extrema Importância permitir ao paciente que
mantenha sua comunicação uma vez que as dificuldades da fala podem implicar em
isolamento.

Linguagem e Cognição: De uma forma geral a ELA sempre foi descrita como um
distúrbio puramente motor, contudo, nas últimas décadas estudos têm Indicado que
uma parcela das pessoas com ELA tem anormalidades cognitivas progressivas
marcadas por mudanças comportamentais, levando, em última análise, à demência
frontotemporal. Deste modo, faz-se necessário um olhar fonoaudiológico para as
capacidades de raciocínio e expressão da linguagem como uma ferramenta
diagnóstica e balizadora.

Parkinson
O que é:
A Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central,
crônica e progressiva. É causada por uma diminuição intensa da produção de
dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na
transmissão de mensagens entre as células nervosas). A dopamina ajuda na
realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, não
precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos realizam, graças à
presença dessa substância em nossos cérebros. Na falta dela, particularmente
numa pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor do
indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos, que veremos
adiante. Acredita-se que a doença possa ser causada por fatores genéticos e
ambientais.

Sintomas:
Os principais sintomas da doença de Parkinson incluem tremores, rigidez muscular,
lentidão nos movimentos e dificuldade em manter o equilíbrio. Além disso, os
pacientes também podem apresentar problemas de fala, dificuldade em engolir,
alterações na marcha e tremores nas extremidades do corpo. Sobre os sintomas,
eles podem variar de pessoa para pessoa e podem evoluir ao longo do tempo.
Embora praticamente qualquer pessoa possa estar em risco de desenvolver
Parkinson, algumas pesquisas sugerem que essa doença “pode afetar mais os
homens do que as mulheres” .

Como a doença evolui:


A progressão é muito variável e desigual entre os pacientes. Em geral, possui um
curso vagaroso, regular e sem rápidas ou dramáticas mudanças.

Diagnóstico:
O diagnóstico da doença de Parkinson é essencialmente clínico, baseado na correta
valorização dos sinais e sintomas descritos. O profissional mais habilitado para tal
interpretação é o médico neurologista, que é capaz de diferencia esta doença de
outras que também afetam involuntariamente os movimentos do corpo. Os exames
complementares, como tomografia cerebral, ressonância magnética etc., servem
apenas para avaliação de outros diagnósticos diferenciais. O exame de tomografia
computadorizada por emissão de fóton-único para quantificar a dopamina cerebral
(SPECT-Scan) pode ser utilizado como uma ferramenta especial para o diagnóstico
de doença de Parkinson, mas é, na maioria das vezes, desnecessário, diante do
quadro clínico e evolutivo característico.

Tratamento:
A doença de Parkinson é tratável e geralmente seus sinais e sintomas respondem
de forma satisfatória às medicações existentes. Esses medicamentos, entretanto,
são sintomáticos, ou seja, eles repõem parcialmente a dopamina que está faltando
e, desse modo, melhoram os sintomas da doença. Devem, portanto, ser usados por
toda a vida da pessoa que apresenta tal enfermidade, ou até que surjam tratamentos
mais eficazes. Ainda não existem drogas disponíveis comercialmente que possam
curar ou evitar de forma efetiva a progressão da degeneração de células nervosas
que causam a doença. Há diversos tipos de medicamentos antiparkinsonianos
disponíveis, que devem ser usados em combinações adequadas para cada paciente
e fase de evolução da doença, garantindo, assim, melhor qualidade de vida e
independência ao enfermo. Também existem técnicas cirúrgicas para atenuar alguns
dos sintomas da doença de Parkinson, que devem ser indicadas caso a caso,
quando os medicamentos falharem em controlar tais sintomas. Tratamento
adjuvante com equipe multiprofissional é muito recomendado, além de atividade
física regular. O objetivo do tratamento, incluindo medicamentos, fisioterapia,
fonoaudiologia, suporte psicológico e nutricional, atividade física entre outros é
melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzindo o prejuízo funcional decorrente
da doença, permitindo que o paciente tenha uma vida independente, com qualidade,
por muitos anos. A área da fonoaudiologia atua na doença, possibilitando a
intervenção adequada dos distúrbios da comunicação, voz e deglutição do paciente
com doença de Parkinson com melhora na qualidade de vida

Prevenção:
Não há como prevenir a doença de Parkinson com os recursos disponíveis
atualmente. Embora hoje seja possível identificar indivíduos com alto risco de
conversão para Parkinson, por exemplo, portadores assintomáticos de genes
patogênicos, as estratégias medicamentosas e com outras terapias alterantivas
ainda não se mostraram eficazes para prevenir a progressão da doença.

EXERCÍCIOS E PRÁTICAS UTILIZADAS PELO FONOAUDIÓLOGO PARA


MELHORAR A COMUNICAÇÃO E A DEGLUTIÇÃO:
De acordo com os estudos de Queiroz et al. (2022) existem diversos exercícios e
práticas que podem ser utilizados pelo fonoaudiólogo para melhorar a deglutição e a
comunicação. Entre esses exemplos incluem: exercícios de fortalecimento muscular,
os exercícios de respiração, exercícios de articulação, exercícios de vocalização.
Para melhor entendimento, faz-se necessário explicar cada um, conforme
entendimento dos autores.
Nos exercícios de fortalecimento muscular, o fonoaudiólogo pode prescrever
exercícios específicos para fortalecer os músculos envolvidos na deglutição e na
produção da fala. Isso pode incluir exercícios de movimento da língua, bochechas,
lábios e músculos do pescoço (QUEIROZ et al. 2022).
Já os exercícios de respiração, os autores explicam que o fonoaudiólogo pode
ensinar técnicas de respiração adequadas para melhorar a qualidade vocal e a
eficiência da respiração durante a fala. Isso pode incluir exercícios de inspiração e
expiração controlada, uso adequado do diafragma e técnicas de relaxamento
(QUEIROZ et al. 2022).
Nos exercícios de articulação, para melhorar a articulação da fala, o fonoaudiólogo
pode trabalhar com exercícios específicos que visam os movimentos precisos dos
órgãos articulatórios como língua, lábios, mandíbula e palato (QUEIROZ, et al.
2022).
No que concerne aos exercícios de vocalização, os autores explicaram que realizar
exercícios de vocalização ajuda a melhorar a ressonância, a projeção e o controle
vocal. Isso pode envolver a prática de diferentes sons, entonações intensidades e
velocidades da fala (QUEIROZ et al. 2022).

Referências
Carvalho , A . T ., Veiga, A. , Morgado, J ., To ja l , R ., Roc ha, S ., V ale, J. , Ti
móteo, A. Esclerosis m últiple y decisión de la maternidad: Estúdio observacional en
pacientes portuguesas . Revista de Neurología . 2014;59(12 ), 537 -542.

Freitas JOF , Aguiar CRRA. Avaliação das funções cognitivas de atenção, memória e
percepção em pacientes com esclerose múltipla. Psicolo Reflex C ri t.
2012;25(3):457-66.

Guimarães , J. , & S á, M. J . (201 4) . Esclerose múltipla e outras doenças


inflamatórias e desmielinizantes do sistema nervoso central. In M. J. Sá (Coord.),
Neurologia clínica : Compreender as doenças neurológicas (2ª ed., pp . 373-411).
Porto , Portugal: Edições Universidade Fernando Pessoa.

Hoffmann , P ; Dyniewicz, AM . A terapia ocupacional na esclerose múltipla:


Conhecendo e convivendo para intervir . Cogitare Enferm 200 9 A br/J u n; 14(2):285
-93.

Lima, ILB ; Augusto, MM ; Medeiros, M H; Lopes, LW. Relação entre medidas


perceptivo-auditivas e de autoavaliação em pacientes com esclerose múltipla . Audiol.,
Comm un. 2018;23(1) .

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