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Doença de Alzheimer

Definição
A doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se
manifesta por deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das
atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações
comportamentais.

Surge mais frequentemente em indivíduos acima dos 65 anos e é causada por fatores
genéticos e ambientais.

História
● Alois Alzheimer
● Em 1906 descreveu pela primeira vez os sintomas e as características
neuropatológicas da doença de Alzheimer.
● No dia 3 de novembro de 1906 o Dr. Alois Alzheimer apresentou no 37º Encontro de
Psiquiatras do Sudeste da Alemanha um trabalho que daria origem a uma das
maiores descobertas da medicina.
● Descreveu o caso de August Deter, 51 anos, casada, internada no dia de 25 de
novembro de 1901 no Sanatório de Psiquiatria de Frankfurt.
● August morreu cinco anos depois no mesmo Sanatório. Os sintomas de sua doença
intrigaram tanto o médico que ele resolveu fazer uma necrópsia no cérebro da
paciente.

Epidemiologia
Estudos de prevalência estimam um total de aproximadamente 5,4 milhões de indivíduos
com DA nos Estados Unidos no ano de 2016, com uma taxa em torno de 11% para
indivíduos com 65 anos ou mais e 32% para aqueles com 85 anos ou mais. As projeções
para 2050 estimam que nesse país em torno de 7 milhões de pessoas com 85 anos
poderão ter DA, representando acometimento de metade (51%) da população com 65 anos
por esta doença.
● A prevalência mundial de demência aumenta com o envelhecimento.
● 65 aos 69 anos - 1,2%
● 70 aos 74 anos - 3,7%
● 75 aos 79 anos - 7,9%
● 80 aos 84 anos - 16,4%
● 85 aos 89 anos - 24,6%
● 90 aos 94 anos - 39,9%
● > 95 anos - 54,8%2
● No Brasil - 7,7 por 1000 pessoas-ano em indivíduos com mais de 65 anos.
● A taxa de incidência praticamente dobra a cada cinco anos.

Fisiopatologia
A doença de Alzheimer caracteriza-se, histopatologicamente, pela maciça perda sináptica e
pela morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis pelas funções
cognitivas, incluindo o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex entorrinal e o estriado ventral.
As características histopatológicas presentes no parênquima cerebral de pacientes
portadores da doença de Alzheimer incluem depósitos fibrilares amiloidais localizados nas
paredes dos vasos sanguíneos, associados a uma variedade de diferentes tipos de placas
senis, acúmulo de filamentos anormais da proteína tau e consequente formação de novelos
neurofibrilares (NFT), perda neuronal e sináptica, ativação da glia e inflamação.

A etiologia de DA permanece indefinida, embora progresso considerável tenha sido


alcançado na compreensão de seus mecanismos bioquímicos e genéticos. É sabido que o
fragmento de 42 aminoácidos da proteína precursora B-amiloide tem alta relevância na
patogênese das placas senis e que a maioria das formas familiais da doença é associada à
superprodução dessa proteína.

Algumas proteínas que compõem os enovelados neurofibrilares, mais especialmente a


proteína Tau hiperfosforilada e a ubiquitina, foram identificadas, mas a relação entre a
formação das placas, a formação do enovelado neurofibrilar e a lesão celular permanece
incerta. Sabe-se que o alelo E4 do gene da apolipoproteína E (ApoE) é cerca de três vezes
mais frequente nas pessoas com DA do que nos sujeitos-controle pareados por idade e que
pessoas homozigotas para esse gene apresentam maior risco para a doença do que as não
homozigotas.

A principal hipótese estabelece que o processo degenerativo na DA é desencadeado pela


hiperprodução e/ou diminuição do clearance e consequente acúmulo do peptídeo
beta-amiloide (Aβ) nos tecidos cerebrais acometidos, bem como de emaranhados
neurofibrilares (ENFs) de proteína tau; acompanhados por alterações homeostáticas que
levam ao colapso do citoesqueleto neuronal.

Normalmente, a APP é clivada pela enzima α-secretase (ADAM-10) gerando peptídeos


solúveis (APPs); na DA, ocorre clivagem alternativa e sequencial pelas secretases β
(BACE-1) e γ, gerando peptídeos Aβ insolúveis que se agregam e depositam no espaço
extracelular, desencadeando cascata de eventos patológicos que culminam na morte
neuronal e formação das placas senis ou neuríticas (PNs). Por outro laudo, os ENFs são
depósitos intracelulares compostos por proteína tau hiperfosforilada. Normalmente, a
proteína tau é responsável pela manutenção da integridade dos microtúbulos
intraneuronais, função que se perde com o processo de hiperfosforilação.

Entretanto, outros mecanismos também têm sido associados à patogênese da DA, como
estresse oxidativo, neuroinflamação, resistência à insulina no cérebro e alterações no
sistema colinérgico.

Sintomas
Os sintomas da DA variam de acordo com cada paciente, entretanto existem alguns
sintomas que são comuns, como a memória a curto prazo e o raciocínio que são afetados
nas primeiras fases. Com a progressão da doença ocorre confusão, agressividade,
irritabilidade, variações de humor, problemas com a linguagem, afetando também a
memória a longo prazo. É uma doença incapacitante porque afeta a memória, o
pensamento, o comportamento e a capacidade da pessoa de executar as atividades do dia
a dia e produz impacto nas famílias e cuidadores.

Estágios Formas Características

Estágio 1 Inicial Alterações na memória, na


personalidade e nas
habilidades visuais e
espaciais.

Estágio 2 Moderada Dificuldade para falar,


realizar tarefas simples e
coordenar movimentos.
Agitação e insônia.

Estágio 3 Grave Resistência à execução de


tarefas diárias.
Incontinência urinária e
fecal. Dificuldade para
comer. Deficiência motora
progressiva.

Estágio 4 Terminal Restrição ao leito. Mutismo.


Dor a deglutição. Infecções
intercorrentes.

Diagnóstico
● Clínico
● Exames complementares: TC E RNM (para excluir outras doenças)
● Avaliação profunda das funções cognitivas
● Laboratorial: pesquisa da proteína amilóide e fosfotau.
● Testes para rastreio: Mini cog, mini mental, teste do relógio.
Diagnóstico Diferencial
● Intoxicação por drogas.
● Medicamentosa.
● Depressão/pseudodemência.
● Alterações metabólicas e hidroeletrolíticas.
● Doenças cerebrovasculares.
● Outras demências.

Tratamento
Tratamento Farmacológico
O tratamento da DA deve ser multidisciplinar, envolvendo os diversos sinais e sintomas da
doença e suas peculiaridades de condutas. Essa abordagem terapêutica tem como objetivo
reduzir os sintomas e não impedem a progressão da doença, visto que a DA não tem cura.
Um modo possível de tratar a doença é utilizar medicações que inibam a degradação de
acetilcolina.

● Donepezila: comprimidos de 5 e 10 mg
● Galantamina: cápsulas de liberação prolongada de 8, 16 e 24 mg
● Rivastigmina: cápsulas de 1,5; 3; 4,5 e 6 mg; solução oral de 2 mg/mL

Tratamento Não Farmacológico


● Atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de
habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade.
● O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem,
orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para
investimento em qualidade de vida e para estimulação cognitiva.

Referências

ALVES, D. E.; et al. Doença de Alzheimer: uma atualização sobre tratamento e


perspectivas. Cadernos Acadêmicos. Santa Catarina, n. 9, v.1, p.87-100 p., 2023.

ALZHEIMER'S ASSOCIATION. Alzheimer’s Disease Facts and Figures. Alzheimers


Dement, Chicago, v. 12, n. 4,459-509 p., 2016.

CARAMELLI, P.; et al. Diagnosis of Alzheimer's disease in Brazil: Supplementary


exams. Dement. neuropsychol, São Paulo, v.5, n.3, 167-177 p., 2011.

QUERFURTH, H. W.; LAFERLA, F. M. Alzheimer'sdisease. N Engl J Med, Massachusetts,


329-44 p., 2010

RIBEIRO, H. F.; et al. Doença de Alzheimer de início precoce (DAIP): características


neuropatológicas e variantes genéticas associadas. Revista de Neuro-Psiquiatría,
Salvador, vol. 84, n. 2, 113-127 p., 2021.

SERENIKIL, A.; VITAL, M. A. B. F. A doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos e


farmacológicos. Revista Psiquiatria, Rio Grande do Sul, 2008.

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