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Alterações das habilidades mentais podem ocorrer no envelhecimento normal, tais como
prejuízos na atenção, memória e velocidade de processamento da informação; assim,
queixas de perda de memória e outras habilidades cognitivas são muito frequentes na po-
pulação geriátrica mas, na maioria das vezes, não representam uma doença estabelecida.1
Verdadeiro Falso
A.
Todo idoso terá demência em alguma fase da vida.
Verdadeiro Falso
B.
Alterações muito leves de memória e atenção podem acompanhar o envelhecimento normal.
Verdadeiro Falso
C.
A demência é uma doença sem tratamento e não vale a pena procurar ajuda médica.
Verdadeiro Falso
D.
Há causas potencialmente reversíveis de demência e o médico deve ser sempre consultado.
Verdadeiro Falso
E.
Memória, atenção, organização mental e linguagem são algumas das habilidades mentais que podem
estar alteradas nas demências.
Resposta correta: F; V; F; V; V
Comentário:
A. Falso. Apesar de muito frequente na velhice, mais da metade das pessoas envelhecerá com as funções
cerebrais preservadas.
C. Falso. A demência tem várias causas, muitas delas curáveis e, mesmo diante de uma causa sem cura
ainda, sempre há como melhorar sua evolução e a qualidade de vida do doente e sua família e amigos.
D. Verdadeiro. Diversas são as causas de demência que podem ser curadas e o médico sempre deve ser
consultado.
Saiba mais
Com o envelhecimento populacional crescente no mundo todo,
inclusive e, especialmente veloz, nos países em desenvolvimento,
caso do Brasil, há maior frequência de casos da doença.5
A DA apresenta um início quase imperceptível e seu curso é lentamente progressivo, na
maioria das vezes.5 A fase inicial ou leve dura em média 3 anos e, os sintomas que mais
chamam a atenção são:
Com o avanço do tempo, a doença piora e os sintomas anteriores se agravam, com mais
desorientação do tempo e espaço, tendência a confundir a cronologia dos eventos, a pos-
sibilidade de se perder em locais bem conhecidos e grande prejuízo da memória para os
fatos recentes. A memória para fatos antigos já pode estar comprometida discretamente.
Além disso, podem surgir:
Quadro 4. Sintomas DA na fase inicial
Saiba mais
É nessa fase que o paciente vai gradativamente perdendo a inde-
pendência para as atividades básicas da vida diária, como vestir-
-se, tomar banho, realizar sua higiene íntima e controlar urina e
fezes. Piora importante da linguagem com mutismo, incapacidade
de deambular e mesmo de controlar o tronco e cabeça estão lista-
dos como sintomas da fase final da doença.6
Demências Vasculares
As demências vasculares (DV) são a segunda causa mais comum de demência em nosso
meio, e podem ser divididas, a princípio, em dois grandes grupos: DV de grandes vasos e
DV de pequenos vasos.7
Pode acontecer de um indivíduo ter um AVE e ficar com comprometimento motor – para-
lisação completa e parcial e membros superiores e/ou inferiores, comprometimento da
fala ou da deglutição SEM DEMÊNCIA, ou seja, com seu pensamento, memória, julgamento
e orientação normais.
Na interação abaixo, você encontra mais detalhes sobre estes dois tipos. Analise atenta-
mente.
DV de grandes vasos
Quando há comprometimento de grandes vasos, o quadro clínico será súbito, agudo, representando uma
grande mudança no estado cognitivo do indivíduo, relacionado a algum evento vascular cerebral, como um
Acidente Vascular Encefálico (AVE) de grandes proporções ou um AVE de menor extensão, porém, locali-
zado em uma área estratégica, muito importante para a cognição. Pode haver, ainda, múltiplas isquemias
cerebrais ao longo do tempo, e o paciente apresentará pioras e estabilidade posterior, como se estivesse
descendo uma escada, degrau por degrau.7
DV de pequenos vasos
Quando o comprometimento é de pequenos vasos, artérias muito finas são acometidas paulatinamente,
e o quadro clínico é parecido ao da DA – lentamente progressivo. Esta forma de DV é a mais frequente na
população idosa, respondendo por cerca de 50% dos casos.
As demências apresentam grande repercussão na vida dos seus portadores, de sua famí-
lia e de toda a sociedade.5 A progressiva ou súbita perda da autonomia e independência,
a um só tempo diminui a qualidade de vida do indivíduo, e aumenta a sobrecarga de seus
familiares, amigos e de sua comunidade.
É preciso ter muito claro que sempre há o que fazer para manter
e melhorar as condições de saúde do paciente, sua qualidade de
vida e dignidade, bem como a de todos os envolvidos.6
Considerações Finais
(vídeo disponível somente na versão online do curso)
Exercícios de Fixação
Que tal testar o seu conhecimento sobre tudo que discutimos nessa seção? Responda os
exercícios a seguir.
1. Assinale (V) Verdadeiro ou (F) Falso. Em relação à Doença de Alzheimer é possível afirmar:
Verdadeiro Falso
A.
A doença é incurável, mas pode ser tratada.
Verdadeiro Falso
B.
O ritmo de perda cognitiva e funcional é, em geral, lento.
Verdadeiro Falso
C.
Quando há uma piora acelerada, deve-se pensar em alguma outra doença aguda piorando os sintomas.
Verdadeiro Falso
D.
Receber um diagnóstico de Doença de Alzheimer significa que a vida da pessoa acabou.
Verdadeiro Falso
E.
O paciente com Alzheimer fica totalmente alheio ao meio onde vive.
Sequência correta: V; V; V; F; F
Comentário:
A. Verdadeiro. A doença é incurável, mas os tratamentos melhoram sua evolução, bem como a qualidade
de vida dos doentes, familiares e amigos.
B. Verdadeiro. Normalmente a Doença de Alzheimer inicia e piora bem lentamente, durante anos. Há casos
de 20 anos de doença, com uma média de duração de 10 anos, entre o diagnóstico e o óbito.
C. Verdadeiro. Como é de evolução lenta, toda vez que há piora acelerada, deve ser por outra causa, que
deve ser investigada e tratada.
D. Falso. Os doentes podem levar uma vida quase normal na fase leve, e viver com qualidade e participa-
ção social até fases bem avançadas da doença.
E. Falso. Os pacientes percebem o ambiente em todas as fases da doença e reagem a ele sempre.
2. Assinale (V) Verdadeiro ou (F) Falso. Em relação à demência vascular:
Verdadeiro Falso
A.
O quadro de demência pode ser de instalação súbita.
Verdadeiro Falso
B.
Às vezes o paciente tem demência vascular e a memória está normal.
Verdadeiro Falso
C.
Pode acontecer de um mesmo paciente ter Doença de Alzheimer e Demência Vascular ao mesmo tempo.
Verdadeiro Falso
D.
Todo paciente que apresenta AVE fica com demência vascular.
Sequência correta: V; V; V; F
Comentário:
A. Verdadeiro. Caso o AVE tenha acometido alguma área da cognição, a demência pode ter instalação
abrupta.
B. Verdadeiro. Muitas vezes a área afetada pela alteração vascular não envolve a memória e sim a aten-
ção, planejamento, comportamento e julgamento crítico.
C. Verdadeiro. É a terceira condição mais comum – a demência mista – Doença de Alzheimer e Vascular –,
em geral, a evolução de ambas é pior quando estão associadas.
D. Falso. Por vezes o AVE extenso ( grande) compromete a funcionalidade por prejudicar a parte motora
do indivíduo, mas não a cognitiva. É muito importante diferenciar isso, pois esse paciente pode estar com
a independência comprometida, mas não a autonomia.
3. Assinale a alternativa correta. Nos pacientes com demência não é papel do cuidador:
Alternativa Correta: C
Comentário:
O cuidador deve estar presente na vida do paciente, estimulando-o na medida de suas possibilidades,
ministrando medicamentos conforme a receita e as orientações médicas, cuidando da alimentação e
mantendo contato constante com a família e equipe, sempre promovendo o melhor fluxo de informações.
Tomar decisões sobre onde alocar recursos, com quem ou quais atividades o paciente deve realizar e
outras decisões pessoais, são atributos dos familiares e não do cuidador.
Introdução
Você irá iniciar o estudo sobre alterações comportamentais: quais as principais e como
lidar. Para tanto, conheça a história do Sr. Aristides, 72 anos, casado, mora com a esposa,
tem dois filhos adultos, casados e com filhos.
Diante desse cenário, foi necessário que a família tomasse algumas providências para
garantir a segurança, bem-estar e convívio social de Aristides. Dentre as medidas toma-
das, foi contratado um cuidador que participou ativamente das adaptações envolvendo
redução de autonomia para aumento de segurança com garantia de bem-estar. Todas as
medidas tomadas tiveram como foco a manutenção de hábitos com adaptações para que o
Sr. Aristides continuasse tendo vida social, satisfação no convívio, prática de hábitos com
segurança e assim tivesse sua identidade preservada e fontes de satisfação.
Saiba mais
Apesar de variações entre os estudos, a prevalência chega a ser
descrita entre 60 e 98% dos casos, havendo quem diga que as
pessoas com demência dificilmente não viverão alguma dessas
alterações em algum grau e em alguma etapa da evolução do
quadro (Pestana e Caldas, 2009; Forstmeier et. al, 2015; Bre-
menkamp et. al, 2014).2,3
Apesar de frequentes, os sintomas neuropsiquiátricos não devem ser vistos como condi-
ção inerente à doença, ao paciente ou à velhice. Trata-se de uma condição que pode ser
amenizada ou controlada e que requer que envolvidos no cuidados aprendam a lidar de
forma ativa e combatente com o objetivo de reduzir sofrimentos e favorecer qualidade de
vida e de convívio (Pestana e Caldas, 2009; Teri et. al, 2005).2,6
Saiba mais
Além disso, Caramelli e Bottino (2007) citaram estudos que mos-
traram associação de alterações comportamentais com mais rápi-
da evolução dos quadros demenciais, reforçando a importância de
tratamento adequado nestas circunstâncias.
Assim, para manejar a situação é preciso compreender que os sintomas ocorrem devido:
Reação negativa
Desfecho positivo
Caso haja desfecho positivo com boa resolução, pode-se observar com cautela e deixar que a ação siga
seu curso.
Saiba mais
O critério de avaliação de riscos pode ser bastante amplo envol-
vendo riscos à saúde/ físicos, à segurança, financeiros e emocio-
nais. Quando houver risco envolvido, a intervenção será neces-
sária e deve ser feita o quanto antes. As reações dos pacientes
num mesmo contexto tendem a ser muito parecidas quando não
são surpreendentemente idênticas. Estas repetições permitem
ao cuidador antecipar reações e selecionar momento de interven-
ção que garanta o máximo de autonomia do paciente com atitude
protetiva capaz de identificar riscos e interromper reações emo-
cionais e inadequações comportamentais previsíveis.
Muitas podem ser as estratégias utilizadas e podem ser testadas para escolha mais ade-
quada para perfil do paciente e a partir dos resultados obtidos. De modo geral, estratégias
bem sucedidas tendem a funcionar por longos períodos, portanto devem ser mantidas,
sem variedades e novos testes.
Imagem esquemática da etapa 2 do plano de intervenção.
Fonte: Organizado pelo autor.
Saiba mais
Estudos mostram resultados positivos tanto do ponto de vista de
redução de sintomas comportamentais como de comportamento
desafiador bem como de estresse dos envolvidos (Nakanishi et.
al, 2018; Teri et. al, 2005; Caramelli e Bottino, 2007; Johnston e
Narayanasany, 2016).6,1
Melhor funcionamento cognitivo pode estar associado a maior bem-estar e também ser
responsável pela redução de sintomas comportamentais. O inverso também acontece;
intervenções voltadas para manejo de comportamento favorecem o ambiente e conse-
quentemente oferecem condições para um melhor funcionamento cognitivo dos pacientes
(Duan et. al, 2016).8 O investimento em diferentes áreas envolvendo prejuízos gerados
pelo quadro degenerativo favorece funcionamento global.
Para tanto, o cuidador precisa ter uma postura ativa de enfrentamento da situação-pro-
blema e não de enfrentamento do paciente (que provavelmente apresentará resistências).
Ter clareza do objetivo de cuidado — por exemplo, garantir higiene, dar medicação —
pode ajudar a buscar estratégias que garantam bons resultados mesmo sem a concordân-
cia ou participação efetiva do paciente.
Destacam-se:
Diferentes substâncias podem ser utilizadas, desde que o acompanhamento médico seja
especializado, cuidadoso e atento às características do idoso com alterações cogniti-
vas. Resultados expressivos podem ser obtidos e em muitas situações será necessário
o apoio medicamentoso, especialmente os psicóticos, para o controle dos sintomas
comportamentais.
Comunicação verbal
Para tanto, a comunicação deve levar em consideração a presença de sintomas cognitivos que envolvem
desatenção, falta de registro de informações e dificuldades de compreensão. Para favorecer a recepção
adequada de informações é importante que a fala seja clara, direta, simples e objetiva. Frases curtas e
pontuais, evitando perguntas sequenciais e dando ênfase nas palavras mais importantes para transmis-
são de ideias centrais ajudarão na compreensão. Oferecer pausas entre assuntos podem evitar contami-
nações (mistura de conteúdos). Uma comunicação ineficiente poderá favorecer o mal-estar, a confusão e
desencadear o comportamento indesejado.
Outro aspecto a ser considerado é a comunicação não verbal. As pessoas com demência ficam especial-
mente susceptíveis à dicas não verbais que são usadas como pistas de comunicação diante das dificul-
dades citadas. O semblante, as expressões e movimentos corporais, o olhar e até o tom de voz devem
ser direcionados para proporcionar segurança. Além disso, há que se ter coerência entre o que é dito e
demonstrado, pois posturas dúbias podem potencializar eventual confusão e interpretações duvidosas
especialmente envolvendo ameaças.
Uma postura muito comum envolvendo o cuidado de pessoas com demência refere-se a
insistência para convencer ou garantir o cuidado, o que pode tornar o ambiente tenso e
potencializar resistência e sintomas. Argumentos coerentes e confrontos podem não sur-
tir o efeito desejado e gerar mal-estar e frustração aos envolvidos. Tende-se a querer que
o idoso concorde com o cuidador e queira executar a tarefa de determinada forma sem a
devida flexibilidade para administrar resistências e conviver com sintomas comportamen-
tais.11
No quadro a seguir, você confere medidas simples que podem favorecer o contato e evitar
transtornos e sofrimentos.
Quadro 5. Medidas para comunicação com idosos com demência
É muito importante não infantilizar a pessoa com demência e manter um contato com
adulto que demanda ajuda, mas que precisa ter sua dignidade respeitada e não ser tratado
como criança (devem ser evitados diminutivos nas falas).
Não é porque a demência causa uma série de dificuldades que o paciente deve ficar inativo.
Promover o máximo de autonomia e participação segura vai fazer com que a pessoa tenha
sua identidade resgatada a partir de suas habilidades. Teri et al (2005) argumentam que
a consideração das habilidades e os talentos com valorização do que a pessoa é capaz de
realizar favorece a relação.
O confronto com as perdas e dificuldades favorece a inati-
vidade e gera frustração. Quando a relação está pautada na
funcionalidade sem explicitação de defeitos a sensação de
bem-estar é imediata e com ela há um resgate da identida-
de. Ao longo da vida as pessoas se apresentam a partir de
seus feitos e capacidades e a autoimagem caminha em con-
junto com a produtividade; nas demências não é diferente.
Ambiente
Alguns cuidados com o ambiente podem favorecer tranquilidade e evitar alterações de
comportamento. O ambiente deve ser iluminado e preferencialmente ventilado. Ruídos
excessivos devem ser evitados pois podem favorecer irritabilidade. Há que se ficar atento
também ao número excessivo e desnecessário de estímulos simultâneos. Um maior apro-
veitamento de estímulos acontecerá quando forem oferecidos um a um. Ambientes com
música, televisão ligados sem a devida atenção aos mesmo só favorecem confusão. Outro
aspecto a ser considerado é a temperatura; se o paciente está com frio ou calor também
pode ter alterações nas atitudes.
Saiba mais
Para pacientes com dificuldades significativas de linguagem, espe-
cialmente envolvendo evocação de palavras, podem ser colocadas
plaquinhas que favoreçam a comunicação e reduzam confronto
com déficits que podem gerar frustração e potencializar altera-
ções comportamentais.
Rotina
O estabelecimento de rotinas é valorizado como uma forma de organizar a vida dos pa-
cientes e garantir estratégias funcionais para o dia a dia2 (Pestana e Caldas, 2009). Estra-
tégias bem sucedidas devem ser repetidas e não há a necessidade, nem é recomendado,
que novas estratégias sejam propostas na vigência de bons resultados no controle do
comportamento. Por vezes os cuidadores ficam desconfortáveis ao repetir as mesmas
histórias imaginando que isso é ruim para o idoso. Pelo contrário.
Você sabia?
A maior parte dos pacientes apresentam problemas de memória
e não registram estratégias e portanto não identificam repetição.
Na rotina repetida os cuidadores ficam mais seguros, pois ante-
cipam reações previsíveis e os pacientes são beneficiados pelas
interrupções de ações que gerariam estresses.
Distração
A distração é uma técnica bastante utilizada pelos cuidadores no contato com os pacientes
com demência. Sua eficácia está relacionada especialmente às dificuldades cognitivas da
esfera da atenção que são muito frequentes e impedem que mais de uma situação receba
atenção simultaneamente. Interromper uma situação proporcionando uma interação em
momento prazeroso que desvie o foco do conflito, angústia ou sofrimento pode interrom-
per mal-estar.6
Você sabia?
Redirecionar conversa e utilizar-se de tema ou assunto de inte-
resse do paciente pode funcionar. Recomenda-se cautela para que
se evite distrações constantes que podem potencializar confusão
mental11 e estratégias de ofertas de alimentos que possam ser
prejudiciais à saúde se utilizadas com frequência ocasionando
ganho excessivo de peso.
Agora que você já estudou sobre as orientações práticas para o manejo dos sintomas com-
portamentais nas demências, confira no vídeo a seguir como vem sendo a rotina entre o
Sr. Aristides e sua cuidadora. Se tiver alguma dúvida, releia o conteúdo. (vídeo disponível
somente na versão online do curso)
Dicas para Situações-Problema Frequentes
Por vezes pode ser um desafio ter a colaboração da pessoa com demência para atividades
do dia a dia que antes eram corriqueiras e por ela valorizadas. Não querer tomar banho,
ou remédio, ficar agitado por vezes até perambulando sem parar, ficar irritado com ten-
dência à agressividade, ou ficar fazendo uma solicitação repetida como querer ir para
casa quando está no domicílio são situações comuns com as quais os cuidadores se depa-
ram.
Abaixo algumas situações corriqueiras e dicas para manejá-las. Não precisam ser realiza-
das todas as estratégias simultaneamente. É importante testar, adaptar e ter criatividade
para utilizá-las. Se for necessário reveja o vídeo do Sr. Aristides com sua cuidadora.
Exercícios de Fixação
Você finalizou a leitura do conteúdo multimídia. Avalie sua aprendizagem realizando os
exercícios a seguir e, caso julgue necessário, releia o conteúdo.
1. Quais sintomas comportamentais da Doença de Alzheimer ficaram evidenciados na história do Sr. Aristides?
Alternativa Correta: B
Comentário:
Na história do Sr. Aristides encontramos os sintomas de oscilação de humor, agitação e irritabilidade.
2. Em relação à postura do cuidador ao manejar os sintomas do Sr. Aristides, assinale a alternativa incorreta:
O cuidador acertou ao antecipar uma situação que era corriqueira e repetitiva. Identificou que o paciente
B.
estava agitado e ofereceu atividade que pudesse distraí-lo para interromper mal-estar.
C. O cuidador acertou ao cuidar do ambiente e do tom de voz para tentar manter o paciente mais calmo.
Alternativa Correta: A
Comentário:
Muitas vezes cuidadores, especialmente os familiares, tendem a pensar que a maneira de não gerar
sofrimento para o paciente é que todas as atividades sejam mantidas como aconteciam antes do adoeci-
mento por demência. Diante das perdas e dificuldades impostas pelo processo de adoecimento, a pessoa
com demência tende a se expor a situações de risco, deixam de ser capazes de realizar tarefas de forma
autônoma e ficam com avaliação de consequências muito pouco eficiente.
Neste cenário é muito importante que sejam oferecidas alternativas que possam envolver mudança gradu-
al para que todos os envolvidos tenham a oportunidade de se adaptar. Se a segurança e bem-estar forem
a prioridade no estabelecimento de relação de qualidade é provável que as estratégias estejam sendo bem
escolhidas. Mudar não é fácil para ninguém. É importante lembrar que na maioria das vezes as pessoas
com demência serão resistentes às mudanças, especialmente porque não sabem, não identificam, não
aceitam ou não percebem os riscos.
Abaixo estão listadas situações de risco identificadas, decisões dos cuidadores e adaptações e efeitos
de mudanças.
Alterações da Deglutição no Processo de En-
velhecimento
Nessa seção, você irá estudar sobre alimentação oral: quais os principais problemas?
Para tanto, conheça a história da sra. Neusa, 80 anos, com diagnóstico de doença de
Alzheimer há 5 anos.
No mês passado, a sra. Neusa foi internada devido à um quadro de desidratação e pneu-
monia. Quando questionada sobre a alimentação, a filha referiu as dificuldades da mãe, e
lembrou-se que mesmo antes do diagnóstico da doença de Alzheimer, a idosa já apresen-
tava leve dificuldade para mastigar alimentos mais duros e às vezes engasgava com líqui-
dos quando estava mais distraída.
Saiba mais
As dificuldades de alimentação são frequentes nos idosos e re-
querem cuidados específicos. Os familiares e cuidadores desem-
penham um papel crítico no reconhecimento destas dificuldades,
assim como constituem um pilar fundamental para o gerencia-
mento da alimentação. Portanto, a atuação de toda a equipe e
família deve ser integrada e eficaz.1
Alimentação Oral: Conceitos de Deglutição e
Disfagia
O que é deglutição?
A deglutição refere-se ao transporte de alimentos, líquidos e sali-
va da boca até o estômago.2
Disfagia no Envelhecimento
Alterações da deglutição podem ocorrer no processo de envelhecimento normal e patoló-
gico, o que impacta a qualidade de vida destes indivíduos e aumenta o grau de dependên-
cia para se alimentar.4
Além disso, as perdas motoras (como a redução da mobilidade) e sensoriais (como a per-
da visual e auditiva), acabam aumentando ainda mais a dificuldade de alimentação e deglu-
tição.5
Estas doenças podem ocasionar alterações em qualquer fase da deglutição, pois afetam
o funcionamento motor e sensorial, impactando a força, mobilidade e sensibilidade dos
órgãos fonoarticulatórios envolvidos na alimentação. Os idosos podem apresentar:
Por isso, é muito importante a informação dada pela filha da sra. Neusa em relação à piora
da dificuldade para mastigar alimentos mais duros e, às vezes, os engasgos com líquidos,
quando a sra. Neusa estava mais distraída.
Identificação da Disfagia
Alterações da deglutição podem ocorrer no processo de envelhecimento normal e patoló-
gico, o que impacta a qualidade de vida destes indivíduos e aumenta o grau de dependên-
cia para se alimentar (Furkim e Santini, 1999).
Devido aos prejuízos na qualidade de vida e risco aumentado de óbito nos idosos com
disfagia, a identificação de sinais relacionados a este quadro é de extrema importância.9
Alguns destes sinais incluem:
Quadro 9. Sinais da Disfagia
Saiba mais
Se o idoso apresentar um ou mais sinais de disfagia, é neces-
sário entrar em contato com o médico e realizar uma avaliação
fonoaudiológica. A avaliação fonoaudiológica engloba a análise
das estruturas relacionadas à deglutição (dentes, língua, lábios,
bochechas, entre outras) e a análise da deglutição das diferentes
consistências alimentares (líquido, pastoso e sólido).
Saiba mais
Alguns idosos também podem apresentar dificuldade para ingerir
as medicações. Alguns remédios podem ser macerados e mistura-
dos ao alimento ou ser ingeridos com a oferta de alimentos pasto-
sos. Deve-se sempre consultar o médico para saber quais medica-
ções podem ou não ser maceradas.
Você sabia?
A alteração da deglutição é chamada disfagia. As dificuldades
podem ocorrer em qualquer etapa da deglutição, podendo afetar
mais de uma ao mesmo tempo, devido à influência de uma fase na
outra.
1.5 Manejo na oferta alimentar
Além dos ajustes acima citados, é importante que o cuidador esteja treinado para a oferta
alimentar, como mostra a interação a seguir:
1º
Primeiramente, o cuidador deve sentar na mesma altura do idoso e manter contato verbal e visual. A ofer-
ta deve ser realizada de forma calma, às vezes sendo necessário o uso de pistas para mastigar e engolir,
e toques para chamar a atenção do idoso para o alimento. O cuidador deve observar cada deglutição para
ofertar nova quantidade de alimento.
2º
Para alguns idosos, a adaptação de utensílios é necessária, como a utilização de colheres pequenas,
materiais de silicone, copos de transição e canudos. Também podem ser usadas manobras posturais (por
exemplo, cabeça para baixo) e manobras facilitadoras (por exemplo, deglutição com força e deglutições
múltiplas), associadas à oferta alimentar.16
3º
Finaliza-se a oferta com higiene oral adequada e completa indicada para cada caso, mesmo em idosos que
não possuam elementos dentários, assim como deve ser feita a higienização da prótese dentária. Estudos
mostram que a má higiene oral está associada a maiores índices de infecção pulmonar e ao aparecimento
de algumas doenças.
No vídeo a seguir apresentamos para você como ocorre, na prática, o manejo da oferta
alimentar. Assista-o atentamente. Caso julgue necessário, releia o conteúdo.
(vídeo disponível somente na versão online do curso)
A via alternativa de alimentação pode ser temporária (quando o idoso apresenta potencial
de melhora) ou permanente. Em alguns quadros, como na demência avançada, a indicação
de vias alternativas de alimentação deve ser cuidadosamente analisada, considerando-se
os riscos e benefícios para esta população (Rhodes et al, 2009; Cintra et al, 2014).
Considerações Finais
As dificuldades alimentares nos idosos podem ser manejadas por meio de técnicas e cui-
dados específicos, mesmo em condições adversas, sendo possível reduzir riscos e manter
a funcionalidade e qualidade de vida dos idosos. No vídeo a seguir, a autora da seção irá
apresentar as informações mais relevantes sobre esse tema. Assista-o com atenção.
(vídeo disponível somente na versão online do curso)
Exercícios de Fixação
Avalie sua aprendizagem realizando os exercícios a seguir e, caso julgue necessário, releia
o conteúdo. Para tanto, vamos retomar a história da Sra. Neusa, 80 anos, com diagnóstico
de doença de Alzheimer há 5 anos.
Durante a alimentação, apresenta dificuldade pra comer alimentos mais sólidos, principal-
mente carne e salada, às vezes sendo necessário retirar o alimento da boca. Apresenta
também engasgos para beber líquidos, especialmente água. A cuidadora oferece a água
no copo, em pequenos goles, mas mesmo assim a idosa tosse, principalmente quando está
mais deitada. No mês passado, a Sra. Neusa foi internada devido a um quadro de desidra-
tação e pneumonia. Quando questionada sobre a alimentação, a filha referiu as dificul-
dades da mãe, e lembrou-se que mesmo antes do diagnóstico da doença de Alzheimer, já
apresentava leve dificuldade para mastigar alimentos mais duros e, às vezes, engasgava
com líquidos quando estava mais distraída.
1. A dificuldade prévia de deglutição apresentada pela sra. Neusa (mastigação de alimentos mais duros e engas-
gos esporádicos com líquidos) já indicava um quadro de presbifagia. A presbifagia é definida como:
C. Alteração da deglutição que ocorre nos indivíduos com acidente vascular cerebral.
Alternativa Correta: C
Comentário:
Algumas mudanças próprias do envelhecimento, como a perda muscular e sensorial podem afetar a de-
glutição.
2. A sra. Neusa apresenta engasgos com líquidos, principalmente quando é alimentada em posição mais deitada.
Diante desta dificuldade, qual seria o posicionamento mais adequado a ser adotado durante a sua alimentação?
A. Deitada na cama.
B. Em decúbito lateral.
Alternativa Correta: C
Comentário:
A posição sentada e ereta favorece a fisiologia da deglutição e minimiza riscos de broncoaspiração por
escape precoce do alimento para a faringe, além de reduzir episódios de refluxo gastroesofágico.
3. A sra. Neusa apresenta dificuldade para comer alimentos mais sólidos, principalmente carne e salada, às ve-
zes sendo necessário retirar o alimento da boca. O que sua cuidadora deve fazer para reduzir os engasgos com
alimentos sólidos?
Alternativa Correta: B
Comentário:
Estudos mostram que os idosos apresentam menores índices de broncoaspiração com a consistência
pastosa.
4. Uma das maiores dificuldades da sra. Neusa durante a alimentação é a deglutição de líquidos, principalmente
de água. O que a cuidadora deve fazer para reduzir os engasgos com líquidos?
Alternativa Correta: A
Comentário:
Estudos mostram que idosos apresentam maiores chances de broncoaspiração com líquidos finos, e a
utilização de líquidos engrossados ou espessados pode minimizar estes riscos.
5. A sra. Neusa foi internada com quadro de desidratação e pneumonia devido a um episódio de broncoaspira-
ção. Durante a internação, a dieta foi modificada para alimentos mais pastosos e os líquidos foram espessados.
Porém, após a alta hospitalar, a sra. Neusa voltou a apresentar engasgos, mesmo com a dieta adaptada. O que a
cuidadora deve fazer neste caso?
Alternativa Correta: D
Comentário:
Se o idoso apresentar sinais de broncoaspiração como engasgos, tosse e asfixia, deve-se interromper a
oferta alimentar. Deitar o idoso não é indicado, devido ao risco de refluxo gastroesofágico. A oferta de
água não é indicada, pois a consistência líquida é mais propícia à broncoaspiração.