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Farmacologia

Aula 1 e 2- Introdução ao estudo de Farmacologia

Farmacologia
 Ciência que estuda o princípio ativo
 Estudo dos efeitos dos fármacos no funcionamento de sistemas vivos
 Fármaco- é todo o agente químico que quando introduzido num organismo modifica
as funções desse ser vivo, substância química que é o princípio ativo do
medicamento. Com finalidades que podem ser profiláticas, curativas, paliativas,
para evitar a gravidez ou para fins de diagnóstico.
 Droga- é toda a substância, natural ou sintética (podem ser opióides ou opiáceos),
que introduzida no organismo vivo modifica uma ou mais das suas funções. A droga
só se torna fármaco quando tem efeito terapêutico
efeito prejudicial- tóxicos
 efeito benéfico- fármacos, nutrientes

Propriedades da droga ideal


1. Efetividade
2. Segurança
3. Seletividade- se o fármaco for seletivo só irá atuar naquela biofase (o local onde o
fármaco vai atuar). Se não for, vai originar várias reações adversas
4. Reversibilidade ex: muscarina (em alguns cogumelos) atua de forma irreversível na
enzima acetilcolinesterase (presente nas sinapses dos neurónios)
5. Fácil administração
6. Mínimas interações
7. Isenta de reações adversas- não há nenhum fármaco sem reações adversas

O fármaco tem que ser bastante seletivo, mas nunca é 100% seletivo. Quero que o fármaco
atue na biofase, e tudo o que seja as ações para além desta vão ser os efeitos múltiplos
(adversos, secundários, etc).Ex: Se for asmática posso usar piofilina, que vai provocar uma
broncodilatação (efeito desejado), contudo, provoca a nível renal, um aumento da diurese
(efeito secundário).

Efeitos adversos
passageiros
persistentes efeitos tóxicos

Fármacos
Organotrópicos órgãos do organismo doente (Sempre que um fármaco altera a função
de um órgão)
Etiotrópicos agente etiológico exógeno. Se eu tiver uma infeção, o responsável por esta
infeção é um microrganismo. Então, o fármaco que vou utilizar é etiotrópico,

A farmacologia estuda os fármacos sobre dois aspetos


1. Ação do organismo sobre o fármaco- Farmacocinética
2. Mecanismo de ação dos fármacos- Farmacodinâmica
As propriedades farmacocinéticas: absorção, distribuição, biotransformação, interações,
eliminação ou excreção do fármaco

Divisões da farmacologia
1. Geral
2. Aplicada
3. Farmacoterapia
4. Clínica
5. Farmacognosia- estudo de matérias‐primas naturais
6. Farmácia- preparação dos medicamentos

Subdividsões da farmacologia
1. Farmacogenética- Suscetibilidade genética de indivíduos a drogas específicas

Se eu tiver uma intolerância a um determinado fármaco, tem que se fazer o doseamento da enzima
específica dessa metabolização para se verificar se é um altamente metabolizante ou um baixo
metabolizante desse fármaco para essa enzima. Se for um altamente metabolizante significa que
não tenho as alterações desejáveiso médico vai aumentar a dose naquele esquema terapêutico
para aquele fármaco. Se for um baixo metabolizante por ter um menor isomorfismo do citocromo do
P450aumentar a dose para que tenha os efeitos

2. Toxicologia: estudo dos efeitos adversos

Origem das drogas:


produzidos no próprio corpo
xenobióticos (maior parte); ex. se a origem dor uma planta é classificada como fitoterapia

Origem dos medicamentos


Tradicionalmente os medicamentos originam‐se de fontes naturais, como: plantas, animais
e minerais. Os investigadores isolaram e intensificaram os componentes verdadeiramente
ativos, e, deu origem ao conceito de princípio ativo

Principais fitoterápicos:
1. Alcaloides
a. substância de carácter básico que reage com ácidos para formar sais.
b. O, N,H, C. wxistem também de origem animal e mineral
c. Exemplos, nicotina, atropina, morfina, cocaína, pilocarpina, ácido
acetilsalicílico, cafeina (pseudo- alcaloide)
2. Glicosídeos
a. ligação de um composto químico orgânico não glicídico, com uma molécula
de açúcar (monossacarídeo). Ex: Exemplos: glicosídeos cardiotónicos (digitálicos),
glicosídeo cianogénico (encontrado na mandioca).
3. Flavanoide
a. polifenóis de baixa massa molecular
b. grupo hidroxilo ligado diretamente ao núcleo benzénico.
c. Vários polifenois (mais de 3OH ligados ao anel benzénico) apresentam ação
antioxidante
4. Gomas- conferem a propriedade de atrair e reter água, presente nas ceras
5. Óleos voláteis e fixos
6. Esteróides ex. beta sitosterol

Drogas de origem animal


1. Proteínas
a. Hormonas- insulina (altera a nível do pâncreas nomeadamente a
metabolização do glicogénio e glicose), calcitocina (importante a nível do
cálcio), PHT (vai aumentar a absorção da vitamina D e absorção intestinal do
cálcio).
b. Enzimas- pancretina e pepsina
2. Óleos e gorduras- Óleo de fígado de bacalhau (rico em vitamina A e D), ómega 3 (a
nível da atuação para inibir a formação do colesterol menos bom – LDL)

Drogas de origem mineral- produtos inorgânicos metálicos e não metálicos: ferro, iodo,
cloreto de sódio, cálcio, fosfato, zinco, magnésio, etc.

Quanto ao tipo de prescrição


 Magistral- preparado em farmácias de manipulação a partir de uma fórmula
prescrita por um médico. Requer elaboração artesanal, personalizada e precisa que
confere à preparação qualidade, segurança e eficácia.
 Oficinal- substância ou formulação identificada como padrão numa farmacopeia. São
em geral preparados pelos laboratórios farmacêuticos de acordo com normas e
doses estabelecidas nas farmacopeias e com uma designação uniforme.
 Especialidade (exemplo: apenas a psiquiatria pode prescrever psicotrópicos).

Quanto à forma física

Tem como objetivo facilitar:

o Fracionamento;
o Administração;
o Posologia (quanta dose tenho que prescrever – posologia dita a forma
farmacêutica);
o Absorção;
o Conservação (se queremos por exemplo que o fármaco dure 7 dias – para
crianças).

Vantagens das formulações

o Permite administrar quantidades exatas (sei quanto é que vai de princípio ativo
naquele medicamento);
o Permite adotar medidas de proteção (cápsulas gastrorresistentes - forma de
proteção para proteger a mucosa gástrica quando o fármaco estiver a passar pelo
estômago);
o Permite mascarar o odor ou sabor;
o Facilita a produção;
o Facilita a administração;
o Permite ajustar o tempo de ação.

Estado físico do medicamento

 Sólidos: pós, comprimidos, drageias, pastilhas, pílulas, granulados, pellets, óvulos,


supositórios.
 Líquidas: aquosas, oleosas, suspensão, emulsão, xarope e elixir.
 Pastosas: cremes, pomadas, unguentos, cataplasma e geles.
 Gasosos (sedação consciente) e voláteis.
 Especiais (todas as formas farmacêuticas que se encontrem em várias formas físicas
como os aerossóis).

Quanto à via de administração a que se destinam (porta de entrada do fármaco no


organismo)
 A via de administração em geral influencia significativamente a velocidade, a
duração e a intensidade dos efeitos.
 A seleção da via de administração é baseada por:
o Fatores ligados ao medicamento
o Objetivo terapêutico
o Paciente

Via de administração ideal:

 Oferece maior biodisponibilidade


 Concentração adequada na biofase
 Baixo custo
 Fácil administração
 Menor risco
 Maior adesão ao tratamento (se a prescrição englobar um esquema terapêutico de
24 em 24h a adesão ao tratamento vai ser muito maior do que se prescrever um
fármaco de 4 em 4h)
 Que não cause desconforto ao paciente

Principais vias de administração


 Tópica (quando o efeito é local/ a substância é aplicada diretamente no local onde
nos queremos a sua ação – exemplo anestesia local).
 Entérica - a substância atua localmente ou é absorvida em algum segmento do tubo
gastrointestinal (sempre que o efeito é sistémico não local, mas que o fármaco é
dado por via gastrointestinal ou gastroentérica).
 Parentérica (o efeito também é sistémico idêntico à entérica; só que aqui o fármaco
é administrado por qualquer outra forma que não o trato gastrointestinal):
o IV (via intravenosa ou endovenosa)
o IM (via intramuscular)
o SC (via subcutânea).

Vias entéricas

o Bucal – Tópica (não é entérica porque é tópica)


o Sublingual – Sistémica (pacientes com enfarte do miocárdio, irrigação do miocárdio
diminui, a via da língua passa rapidamente à circulação sistémica).
o Oral –sistémica
o Retal – Tópica ou sistémica

Sublingual

Requisitos:

 Ser lipossolúvel
 Possuir elevada potência

Vantagens: Desvantagens:
Rápido na ação (pequena latência) Poucos medicamentos são absorvidos
adequadamente
Não sofre influência no suco gástrico Paciente não deve deglutir
Não sofre o efeito da primeira passagem passa Não adesão ao tratamento
para o estômago, chega ao intestino delgado para Sabor muitas vezes desagradável.
ser absorvido e depois vai entrar na circulação.
Sempre que o fármaco é eliminado ele pode voltar à
parte hepática – circulação entero-hepatica – reduz
a concentração ativa do fármaco para chegar à
biofase.
Oral
 Via oral – sempre que tiver de engolir: via gastrointestinal, entérica.

Vantagens Desvantagens
Possibilidade de administração pelo Absorção incompleta;
próprio doente
Absorção mais ou menos segura Em geral tem um maior período de
latência;
Comodidade Não é apropriado para emergências;
Não invasivo e mais seguro Altamente dependente da compliance
do paciente;
Não produz dor Sabor desagradável;
Forma mais económica Interações com outros medicamentos
ou alimentos;
Pode ser metabolizada pelos sucos
digestivos;
Efeito de 1a passagem
Não se pode utilizar quando os
fármacos produzem irritação gástrica
ou intestinal
Não pode ser usada se existem:
vómitos, síndroma de mal absorção,
inconsciência do doente ou ainda
dificuldades na deglutição por doença
neurológica.

 A maior desvantagem da via oral é o efeito de 1a passagem/ciclo


enterohepático – o fármaco chega ao estômago, vai para o intestino delgado
(duodeno) e começa então a absorção do fármaco ao nível das mucosas do
intestino. Entra na circulação sanguínea e rapidamente através da veia cava
vai entrar na parte hepática. Tudo o que sair pela parte biliar e que não vá
para a veia cava superior para a distribuição para a biofase é metabolito
inativo. Sai pelo canal biliar e volta a ser absorvido.

Fatores que influenciam a absorção na via oral

1. Área de superfície
o + área de contacto + energia de superfície disponível para que o
fármaco passe através do transporte passivo
o Dita o quão rápida é a absorção/quanto menor é o período de
latência do fármaco.
o Absorção no intestino delgado > estômago > intestino grosso >
esófago - as absorções a nível do esófago e intestino grosso são
minor, quase não ocorre absorção.
o Doença de Crohn- alterações de hiperplasia a nível das
microvilosidades, obliteradas, não ocorre absorção do fármaco, mas
sim a eliminação do mesmo
2. Circulação local
o Quanto maior a circulação, maior é a absorção.
o Uma das formas de aumentar a absorção é utilizar fármacos
vasodilatadores que promovam a vasodilatação através da punção de
óxido nítrico a nível do endotélio, fazendo com que a absorção seja
maior entre as células endoteliais, ou através do calor.
3. Concentração do fármaco
o Dose fármaco que alcança a biofase depende do ciclo enterohepático
e a biodisponibilidade através do transporte da albumina. Se o
paciente tem uma alteração da albumina o transporte é menor
o O fármaco atinge a sua concentração máxima quase de imediato se a
via utilizada for a endovenosa
4. Metabolismo
o Pelos sucos digestivos ou bactérias que existem no estômago
o Circulação entero-hepática – nesta circulação a excreção é feita pelo
fígado pela via biliar (fígado vesícula biliar  canalículo biliar 
intestino reabsorção  sistema porta  fígado ciclo de
circulação entero-hepática/efeito de 1a passagem)
5. Motilidade (gastrointestinal)
o Aumento do trânsito intestinal diminui a taxa de absorção
o Drogas que aumentam a velocidade do esvaziamento gástrico, (piloris
abre mais rápido) aumentam a velocidade de absorção, e diminuem
o período de latência

 Ex. metoclopramida ((inibidor do SNC através dos recetores


dopaminérgicos, é um antagonista a nível do SNC especificamente no
sistema dopaminérgico, é um antiemético e estimulante do peristaltismo)

o Drogas que diminuem a motilidade gástrica, retardam o


esvaziamento, e aumentam o período latência.

 Ex. atropina (antagonista dos recetores nicotínicos e muscarínicos e


gânglios a nível do SNA parassimpático), alimentos muito gordos

 Via retal

Objetivos:

 Efeito local
 Efeitos sistémicos
 A via retal tem uma membrana muito fina, a absorção é mais rápida que a via oral,
contudo é muito mais irregular, nunca se sabe qual é a quantidade que vai passar, menos
fiável, muitas vezes nula havendo alterações a nível do trânsito intestinal.

 Escapa à ação metabolizante do fígado, entra mais rápido na ação sistémica, ligação
direta à veia cava inferior.

Desvantagens Vantagens
Possibilita a administração de fármacos a Absorção irregular (não se sabe a
doentes com vómitos ou inconscientes; quantidade que passa);

Evita as propriedades irritantes gástricas de Possibilidade de irritação da mucosa


alguns fármacos (nomeadamente produção (rectite);
de mais hidrogénio e menor produção de
prostaglandinas 2);
Grande parte do medicamento evita o Incómodo para algumas pessoas (adultos,
efeito de 1a passagem (enterohepático). muitos doentes têm aversão ao uso de
medicamentos por esta via
Facilidade de administração Não é utilizável nos casos de diarreia e
(principalmente nas crianças, boa opção quando existem lesões no ânus.
para uso pediátrico, evita o sabor e cheiro
de xaropes não aceites pelas crianças);

 Via bucal

 Ação na boca, sem deglutir


 Tópica- mucosas
 Sistémica- pavimento sublingual
 Este termo só deve ser utilizado quando não for possível aplicar uma designação
mais específica (como via sublingual ou via gengival) e não inclui a via oral

 Via gengival

 Via dentária

 Via gastroentérica- administração de um fármaco diretamente no estômago ou no


duodeno, com um dispositivo apropriado

Outras vias de administração nas mucosas:

o Conjuntiva – tópica;
o Nasal – tópica ou sistémica (vasodilatador que tem de passar a barreira do alvéolo);
o Genitourinária – tópica.
 Via nasal

Vantagens Desvantagens
Nos efeitos locais, minimiza a ocorrência de Absorção baixa;
efeitos adversos (não passa a barreira
alveolar);
Evita o efeito da 1a passagem Irritação local e alergias
Absorção relativamente rápida para alguns
fármacos.

Ação tópica:

 Anti-inflamatórios;
 Antialérgicos (anti-histamínicos, antagonistas dos recetores H1 de 1a e 2a geração);
 Vasoconstritores (epinefrina/noradrenalina/adrenalina).

Ação sistémica:

 Utilizada por poucos fármacos, exemplos: calcitonina (utilizada quando as mulheres


têm uma quebra nos estrogénios devido à toma de bifosfonatos que são obrigatórios
no carcinoma da mama), e cocaína (+ benzodiazepina – midazolam na sedação de
crianças).

 Via ocular

Efeito local:

o Mióticos e midriáticos - a nível do SNA parassimpático e simpático, glaucoma,


diminuição da pressão intraocular, fazer expansão ou contração da íris;
o Anestésicos locais – intervenções como descolamento da retina;
o Anti-infeciosos – cremes, pomadas, gotas;
o Anti-inflamatórios.

 Via intravaginal

Ação local (tudo tópico):

o Anti-inflamatórios (óvulos e lápis – formas de aplicação intravaginal);


o Lubrificantes;
o Espermicidas;
o Contracetivos;
o Indutores de parto (ocitotóxicos).

Via parentérica

 Via intravenosa/endovenosa, via muscular e via transcutânea e subcutânea


 Representa qualquer região do organismo onde uma droga para exercer a sua ação é
absorvida sem passar pelo tubo digestivo.
 Pode ser ou não por injeção

Pele

Pode ser usada:

1. Administração percutânea / transdérmica / transcutânea – uso sistémico (o fármaco


tem de chegar ao complexo artéria e veia de forma a ser absorvido a nível sistémico)
2. Administração cutânea – uso tópico (proteção da radiação UV, camada córnea)

1. Percutânea
 Fármaco é absorvido através da pele
 Efeito sistémico
 Fármaco deve ser lipossolúvel
 Exemplos: nicotina (sistema parassimpático), nitratos (antianginosos que
diminuem ou aumentam a perfusão para diminuirem a isquémia do
miocárdio), analgésicos e anti- inflamatórios (diclofenaco - AINES)

Vantagens Desvantagens
Produzem concentrações Em alguns casos observa-se irritação
plasmáticas uniformes e sem (libertação de histamina);
flutuações*
Não está sujeita ao efeito da 1a Eritema (com edema associado).
passagem;
Melhor adesão ao tratamento –
permite um menor número de tomas
ao fazer o esquema terapêutico.

*fornece ao organismo uma dose continua e controlada do fármaco durante


longos períodos de tempo, não há sobredosagem ou concentrações abaixo da
dose terapêutica, a janela terapêutica/efeito farmacológico na biofase mantém-
se durante um longo período tempo

Parentéricas inalatórias: arvores traqueobronquica: ação tópica; alveolar: Sistémica

Respiratória:

 Efeitos locais- broncodilatadores, anti-inflamatórios e mucoliticos


 Efeitos sistémicos- anestésicos gerais e antianginosos

Vantagens Desvantagens
Grande área de superfície altamente Requer aptidão profissional
vascularizada
Rápida absorção Variabilidade nas respostas
Dose facilmente ajustada Requer partículas menores que 1micra
Menos efeitos sistémicos Risco de toxicidade cardiovascular e
nervosa
Sem efeito de 1ª passagem

Por injeção

Usados por:

 Fármacos com fraca absorção no trato gastrointestinal


 Fármacos que sofrem efeito de 1ª passagem
 Necessária uma ação rápida
 Melhor controlo da posologia
 Pacientes inconscientes

Desvantagens:

o Exige profissionais;
o Uma vez o medicamento administrado, não podemos impedir a sua distribuição;
o Concentrações iniciais maiores, aumento do risco de toxicidade;
o Via invasiva com riscos de infeção
o Reações alérgicas;
o Dolorosa (subcutânea > intramuscular > endovenosa)

 Intradérmica

 Geralmente só para vacinas


 Absorção extremamente pobre e lenta, indolor
 Efeito local
 Testes alérgicos
 Tratamentos de imunoterapia

Via subcutânea

 Inclinação 45graus
 Efeito sistémico
 Dado na face lat da coxa/braço, abdominal anterior, glúteo

Vantagens Desvantagens
Não é necessária muita pratica Não permite grande volumes (até
2mL)
Evita meio gastrointestinal Dolorosa
Não tem 1ª passagem Risco potencial de lesão tecidular
Absorção lenta e regular Variação de absorção em diferentes
partes do corpo

Via intramuscular

 Agulha 90 graus
 Riscos: Injeção intravascular (perto do plexo, fazer aspiração antes); formação de
abcessos; lesão dos nervos (se a injeção for dada com muita velocidade).
 Quadrante súpero-lateral da nádega – 2 a 3mL. Região deltóide (braço) – 5 a
10mL.
Face ântero-lateral da coxa – 5 a 10mL.
 Atenção: na via intramuscular é importante estarmos atentos à espessura da
pele, teor de gordura do tecido celular subcutâneo e o comprimento da agulha.

 via Endo/intravenoso

 Mais importante, especialmente nas emergências


 Volumes de 1 a 1000mL
 Locais de administração: veias da prega do cotovelo – mediana-cefálica (mais
utilizada), basílica (mais difícil, trajeto acima da artéria braquial).

Vantagens Desvantagens
Sem absorção Risco de embolia
Biodisponibilidade 100% Reação anafilática
Maior precisão de dosagem Reação pirogénica
Controlar Vadministração Improrpio para substancias insolúveis
e oleosas
Permite administrar substâncias
irritantes e com pH e tonicidade
Permite administrar grandes volumes
Drogas administradas por via endovenosa entram diretamente na circulação sistémica e têm acesso
direto a todos os órgãos VS drogas administradas oralmente sofrem o efeito de 1a passagem.

Formas farmacêuticas sólidas

 Comprimidos

Vantagens Desvantagens
Rigor da dosagem Possível irritação mucosa gástrica
Administração fácil e comoda Impossibilidade de administração de subst.
Líquidas
Fácil deglutição Fabrico pode ser delicado
Fácil conservação
Produção industrial
Possibilidade de administração de subst.
pouco solúveis em água

Quantidade (de fármaco/princípio ativo/medicamento) a ser administrada

Dose – representa a quantidade de medicamento, no local de ação (biofase), necessária


para produzir o efeito desejado.

Posologia – descreve a quantidade de um medicamento, que deve ser administrado de uma


só vez ou de modo fracionado num intervalo de tempo determinado (em geral por dia) para
que a dose seja alcançada.
Farmacocinética e farmacodinâmica: criança e adulto

Farmacocinética: estuda a passagem dos fármacos através dos organismos: absorção,


distribuição, transporte, metabolismo e excreção dos fármacos nos organismos vivos.

Farmacodinâmica: estuda os efeitos farmacológicos e os mecanismos de ação dos fármacos


ao nível molecular nos organismos vivos.

Farmacocinética da via de administração oral

 Ph gástrico- ao nascer é neutro, depois diminui depois volta a aumentar e depois


entre ao 10 e 30 dias volta a descer de 3,5 a 5. 3 meses alcança o valor de adultos de
1,4
 Presença de alimento- dietas proteicas que aumentam o ph diminuem a intensidade
de absorção dos fármacos; alimentos que aumentam Vesvazimaneto aumentam a
absorção
 Tempo de esvaziamento gástrico- no período neonatal é irregular; nos recém-
nascidos é prolongado. Aos 6-8 meses iguala o dos adultos
 Motilidade gastrointestinal- paciente pediátrico tem atividade peristáltica maior
 Atividade enzimática- no lactante (4 a 6 meses) apresenta deficiência da enzima alfa
amílase que influencia a absorção
 Microflora gastrointestinal – recém nascido: em bebés amamentados predominam
as espécies bacilares (lactoacillus bifidus) enquanto que alimentados sem leite
materno predominam as bacterias anaeróbias e o lactobacillus acidophillus. iguala
os adultos aos 4 anos
 Fatores físico-quimicos: peso molecular, pH e pKa, grau de ionização, coeficiente de
partilha óleo/água, permeabilidade da membrana na zona de absorção e tamanho
das partículas
 Fatores fisiológicos: superfície da área de absorção, volume do líquido no local de
admnistração e presença ou auência de enzimas necessárias para a transformação

Distribuição na criança

 No recém-nascido a concentração de a-1-glicoproteína e de lipoproteína é 2 a 3


vezes maior. Aos 10 a 12 meses de idade atingem os valores adultos. Também é
afetada pela maior concentração de água no organismo de crianças
Biotransformação na criança

 As isoenzimas do citocromo P450 (CYP) e a NADPH-redutase encontram-se


diminuidas no feto e no recém-nascido.
 Enzimas responsáveis pela hidrolise diminuídas
 Hidroxilação de fármacos como fenobarbital, rifanpicina, griseofulvina, fenitoina,
etanol, carbamazepina é menor
 Sulfatação é a única atividade enzimática funcional presente ao nascimento

Excreção

 A velocidade de filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal atinge as taxas de


adulto após 5 meses.
 Recém nascido 20% do adulto

Os genes influenciam a farmacocinética alterando a expressão de proteínas envolvidas na


absorção, distribuição, metabolismo e excreção de fármacos. A farmacodinâmica reflete
diferenças nos alvos farmacológicos, proteínas G ou outras vias a jusante.

Aula 3- Conceitos gerais de farmacologia

Para que os efeitos farmacológicos ocorram, é preciso haver uma distribuição não uniforme
das moléculas do fármaco dentro do organismo ou do tecido, ou seja, as moléculas de um
fármaco precisam de “se ligar” a constituintes específicos de células ou tecidos para
produzir um efeito.

Fármaco- Substância Química, a qual quando aplicada a um sistema fisiológico, produz um


efeito biológico e afeta a sua função de um modo específico. Para ser considerada fármaco
tem de ser ingerida como tal, não pode ser libertada como consequência de algo

A maioria dos alvos são proteínas: recetores, enzimas, transportadores e canais iónicos.
Alguns fármacos antitumorais e antimicrobianos atuam diretamente com o DNA

 Fármaco- Apresenta elevada especificidade para o sítio de ligação


 Alvo- Apresenta elevada especificidade para o ligando

A Complementaridade da especificidade de ligandos e sítios de ligação dá origem às


propriedades do reconhecimento molecular.

 NENHUM FÁRMACO AGE COM ESPECIFICADE TOTAL: os antidepressivos triciciclos


atuam bloqueando os transportadores de monoaminas, mas produzem efeitos
colaterais (ex: boca seca), relacionados com a sua capacidade de bloquear diversos
recetores
A extraordinária capacidade das proteínas de interatuarem de um modo altamente seletivo
com outras moléculas, inclusive outras proteínas é a base dos fenómenos da farmacologia.

Interações fármaco-recetores

1- Ligação (Ligações covalentes ou forças intermoleculares)


2- Ativação- O recetor é afetado pela molécula ligada de modo a produzir uma resposta

Ligandos

 Agonistas- “ativam” os recetores


 Antagonistas- Podem atuar no mesmo local de ligação dos agonistas, sem causar
ativação e bloqueiam o efeito dos agonistas no recetor
 Ligação e ativação- Dois passos distintos na produção de uma resposta mediado por
um agonista

Afinidade- tendência que um fármaco apresenta para se ligar ao seu recetor

Eficácia- tendência que um fármaco, enquanto ligado, tem para ativar o recetor

Fármacos de elevada potência apresentam normalmente uma elevada afinidade para os


recetores e desta forma ocupam uma porção significativa dos recetores, mesmo a baixas
concentrações.

 Os Agonistas possuem elevada eficácia enquanto os antagonistas terão, nos casos


mais simples, zero de eficácia.
 AGONISTAS PARCIAIS- Molécula ou fármaco com níveis intermediários de eficácia, de
tal forma que mesmo quando 100% dos recetores estão ocupados a resposta do
tecido é submaximal
 Agonistas totais- a sua eficácia dá sempre uma resposta máxima por parte do tecido

Emáx- Resposta máxima produzida por um


fármaco

EC 5 0 ou E D 5 0 – A concentração ou dose de
fármaco necessário para produzir 50% da resposta
máxima
A diferença entre agonista parcial e total reside na relação entre ocupação do
recetor e a resposta.

Antagonismo de fármacos
Frequentemente, o efeito de um fármaco é diminuído ou completamente eliminado pela
presença de outro.

 Antagonismo químico- Duas substâncias combinam-se em solução e o efeito do fármaco


é anulado- situação pouco comum

 Antagonismo Farmacocinético
 O Antagonista efetivamente reduz a concentração do fármaco ativo no local de
ação
 A velocidade de degradação metabólica do fármaco ativo pode aumentar
 A taxa de absorção do fármaco ativo a partir do trato gastrointestinal pode ser
reduzida
 A taxa de excreção renal pode aumentar

 Por bloqueamento de recetores

 Antagonismo competitivo reversível – forma mais comum e importante de


antagonismo. 2 características:
o Na presença do antagonista, a curva concentração-resposta do agonista
desloca-se para a direita sem variação do declive ou máximo. Este
deslocamento mede o incremento da dose de agonista necessário para
restabelecer um dado nível de resposta.
o O incremento da dose de agonista, aumenta linearmente com a
concentração do antagonista, sendo o declive da reta uma medida da
afinidade do antagonista para o recetor.

 Antagonismo competitivo irreversível ou de não equilíbrio- O Antagonista


dissocia-se lentamente ou não se dissocia dos recetores, resultando que não
ocorre variação na ocupação dos recetores pelo antagonista quando se aplica
agonista.
 Não competitivo- O antagonista interrompe a ligação do agonista ao recetor e bloqueia a
série de eventos que conduzem a uma resposta pelo agonista
 Fisiológico - Dois fármacos que produzem efeitos fisiológicos opostos

Dessensibilização e taquifilaxia- diminuição gradual do efeito de um fármaco quando é


administrado de maneira continua ou repetida. Este fenómeno desenvolve-se, muitas vezes,
em poucos minutos
 Mecanismos que podem dar origem: Alteração em recetores; Translocação de
recetores; Depleção de mediadores; Aumento da degradação metabólica do
fármaco; Adaptação fisiológica; Extrusão ativa do fármaco das células

Farmacocinética

Modelos:

 Modelo de compartimento único: compartimento bem homogeneizado


 Modelo de dois compartimentos: compartimento periférico- tecidos; compartimento
central- plasma; modelo acarreta na introdução de um segundo componente
exponencial na evolução temporal predita da concentração plasmática, de modo que
ele apresente uma fase rápida e uma lenta
o Segue regras da cinética- 1ª ordem (velocidade com que a droga sai de um
compartimento é proporcional à sua concentração

 Distribuição
Fármacos ligados a proteínas e hidrossolúveis ficam principalmente no compartimento
plasmático, enquanto que fármacos lipossolúveis acumulam-se no tecido adiposo
A partição significa que ácidos fracos tendem a acumular-se em compartimentos com pH
alto (tornam- se ionizados e não se difundem) e as bases fracas acumulam-se em
compartimentos com pH baixo. Assim a ionização afeta a velocidade e distribuição de
fármacos eentre compartimentos com pH diferente.

 Biotransformação
O metabolismo de fármacos ocorre predominantemente no fígado, embora algumas drogas
sejam biotransformadas no plasma, intestino (salbutamol) ou outros orgãos. As moléculas
polares são parcialmente eliminadas inalteradas na urina e fármacos lipossolúveis usam o
metabolismo intracelular.

No fígado:
 Reações de fase 1:
o oxidação, redução ou hidrolise (catabolismo).
o Após alguns medicamentos podem tornar-se mais tóxicos
o Envolve muitas enzimas hepáticas, incluindo o sistema P-450 (maioria das
interações estão relacionadas com estimulação/inibição deste sistema)
o Ex: fenobarbital é um potente indutor que leva à redução das concentrações
plasmáticas de vários medicamentos como fenitoina e clorofenicol, reduzindo
os efeitos terapêuticos dos mesmos

 Reações de fase 2:
o conjugação (anabolismo)—resulta em compostos inativos e facilmente
excretáveis. Mais importante- glicuronidação
o Recém-nascidos são deficientes neste sistema de conjugação

 Excreção
Os fármacos são eliminados do organismo por biotransformação. No fígado ocorre a
biotransformação, enzimas capazes de reduzir, oxidar, hidrolisar ou conjugar compostos.
Nos rins ocorre a excreção dos fármacos e dos seus metabolitos, alguns fármacos são
excretados na bílis e eliminados nas fezes.

Clearance renal- volume de plasma que contem a quantidade de substância removida pelos
rins por unidade de tempo

3 processos:

 Filtração glomerular: os capilares glomerulares possibilitam que moléculas de


fármacos com peso molecular abaixo de 20 Kda se difundam para o infiltrado
glomerular. A maioria dos fármacos cruza a barreira livremente, mas caso os
fármacos se liguem a albumina plasmática, apenas o fármaco livre é filtrado.
 Secreção tubular ativa: é potencialmente o mecanismo mais efetivo de eliminação
renal de fármacos. A transferência mediada por transportadores pode efetuar a
depuração máxima de um fármaco, mesmo quando a maior parte dele está ligada a
proteínas plasmáticas.
 Reabsorção passiva: difusão pelo fluído tubular concentrado e reabsorção pelo
epitélio tubular.

Farmacodinâmica

Reações idiossincrásicas: são reações nocivas, algumas fatais, que ocorrem numa minoria de
indivíduos. Podem ocorrer mesmo com doses muito baixas do fármaco. A causa: fatores
genéticos podem ser responsáveis, contudo algumas causas não sejam compreendidas. Os
fatores imunológicos são também importantes.
Sistema Nervoso Periférico: Neurotransmissão

Sistema nervoso autónomo


Está dividido em:
 Sistema nervoso simpático
 Parassimpático
 Entérico- Plexos nervosos intrínsecos ao trato gastrointestinal, está interconectado
com o SNS e SNP
Que estão organizados em porção central e porção periférica

Diferenças entre o SNS e o SNP

SNS- a localização das fibras pré-ganglionares são nos gânglios simpáticos, logo são fibras
mais curtas, enquanto que a localização das fibras pós-ganglionares são longe das vísceras,
por isso são fibras longas.

SNP- a localização das fibras pré-ganglionares são no encéfalo/cóccix, logo são fibras mais
longas, enquanto que as localizações das fibras pós-ganglionares são próximas das vísceras,
por isso são fibras curtas.

Nota: como as fibras pós-ganglionares do SNP são menores, esta possui uma
resposta mais localizada (é onde a maioria dos fármacos atuam), por outro lado a
convergência das fibras pré-ganglionares estas são mais grossas devida a camada de
mielina, sendo a velocidade de condução também mais rápida.
➢ Todas as fibras nervosas que saem do SNC, libertam acetilcolina (Ach) que agem nos
recetores nicotínicos;
➢ Todas as fibras parassimpáticas pós-ganglionares libertam acetilcolina (Ach) que agem
nos recetores muscarínicos nos órgãos alvo;
➢Todas as fibras simpáticas pós-ganglionares, libertam norepinefrina (NE)/ noradrenalina,
que agem nos recetores α e β adrenérgicos;

 Com exceção:
▪ A inervação simpática das glândulas sudoríparas resulta da ação da Ach nos
recetores muscarínicos;
▪ Transmissão neuro-hormonal, onde ocorre libertação da Ach que agem nos
receptores nicotínicos na medula adrenal, aumentado a produção de catecolaminas
(epinefrina /adrenalina, norepinefrina/noradrenalina) pela medula

O décimo para craniano - nervo vago é responsável pela inervação recíproca entre o SNS e
SNP, sendo a inervação recíproca maior no SNS. Os órgãos que não possuem inervação
recíproca do SNS e SNP são:
 Vasos- só tem enervação do SNS, sendo o tónus contrator contrabalançado pela
libertação de óxido nítrico das células endoteliais
 Baço
 Glândulas sudoríparas- só SNS, estimulando o aumento da secreção
 Musculatura lisa dos brônquios- só enervado pelo SNP (contração). Níveis de
epinefrina circulante podem inibir esta contração

No caso das glândulas salivares, os dois sistemas possuem efeitos semelhantes, provocando
um aumento da secreção.

Principais efeitos do SNA


Modulação pré-sinática

A regulação da libertação de neurotransmissores nas terminações nervosas noradrenergicas


e colinérgicas é feita através de:
 Interações homotrópicas- neurotransmissor liga-se ao autoreceptor/ homoreceptor
pré-sináptico, fazendo com que as terminações nervosas de onde está a ser libertado
o seja afetado (inibe ou seja diminui a libertação do neurotransmissor) – designado
de retroalimentação (feedback) autoinibitória.
 Interações heterotrópicas- a libertação da noradrenalina das terminações nervosas
simpáticas podem inibir a libertação de acetilcolina (Ach) nos neurónios pré-
simpáticos. E vice-versa.

Modulação pós-sinática

Esta modulação é conformacional, isto é, ocorre alterações no funcionamento dos canais
iónicos (receptores ionotrópicos, ex: Cálcio, potássio e cloro). Muitos neuropeptídeos, ao
afetarem os canais iónicos podem aumentar ou diminuir a excitabilidade da membrana, de
modo a controlar o padrão de descarga.

 Recetores GABA/GABAérgico

 GABA (ácido Gama-aminodutírico), consiste no principal neurotransmissor inibidor


do sistema nervoso central dos maníferos. É formado a partir do glutamato, através
da enzima descarboxilase do ácido glutâmico (DAG). 2 tipos de recetores:
 GABA A- regulados por ligandos, ionotrópicos
 GABA B- acoplados à proteína g, metabólicos

Mecanismo de ação
Com GABA A, localizados na membrana pós-sináptico:
 Aumenta concentração de cloro intracelular, causando a hiperpolarização da
membrana inibe a formação de um potencial de ação efeito depressivo
Com GABA B, localizados nas membranas pre e pos:
 Formação de segundo mensageiro. Abertura do canal de potássio concentração
maior no meio extracelular hiperpolarização efeito depressivo

Agonistas- benzodiazepínicos diazepan e midazolan funcionam como agonistas totais


ligando-se ao recetor GABA A.

Agonistas inversos—promovem efeitos ansiogénicos e convulsionante beta-carbalina e


flumazenil

Cotransmissão- Os neurónios libertam, por regra (não exceção), mais que um transmissor
ou modulador, cada qual interagindo com recetores específicos e produzindo efeitos,
frequentemente tanto pré como pós-sinápticos. Podemos ter um cotransmissor que vai
ajudar o neurotransmissor a atuar um bocadinho mais rápido ou menos rápido
ACh, acetilcolina; ATP, adenosina trifosfato; NE, norepinefrina; NO, óxido nítrico; NPY,
neuropeptido Y; VIP, péptido intestinal vasoativo

Mediadores químicos, noradrenalina e acetilcolina

Término da ação dos transmissores

1. Nas sinapses colinérgicas, a acetilcolina libertada é rapidamente inativada na fenda


sináptica pela acetilcolinesterase.
2. Na maioria dos demais casos, a ação do transmissor é finalizada pela sua captura
ativa realizada pelo neurónio pré-sináptico ou por células de suporte, como a glia.

Principais processos na síntese, armazenamento e na libertação de neurotransmissores


1. Captação de precursores
2. Síntese do transmissor
3. Captação/transporte do transmissor para vesículas
4. Degradação do transmissor excedente
5. Despolarização por potencial de ação propagado
6. Influxo de Ca2+ em resposta à despolarização
7. Libertação do transmissor por exocitose
8. Difusão até à membrana pós-sináptica
9. Interação com recetores pós-sinápticos
10. Inativação do transmissor
11. Captura do transmissor ou dos produtos de degradação por terminações nervosas
12. Captação e libertação do transmissor por células não neuronais
13. Interação com recetores pré-sinápticos

Locais de Acão dos fármacos segundo as diferentes fases anteriores:


A única fase em que não se pode atuar farmacologicamente é na fase 8, ou seja, não se
pode controlar a velocidade que o neurotransmissor tem para se ligar ao receptor pós
simpático.
1ª fase – controlado por Agonista ou antagonista
2ª fase – fármacos que inibem a síntese
3ª fase - fármacos pode estimular ou inibir a entrada do NT nas vesiculas
9ª fase – antagonista competitivo e fisiológico
Transmissão colinérgico- sistema parassimpático
Neurotransmissor principal- acetilcolina e é um alcaloide (muito lipossolúvel)

Etapas de sinapse:

1. Captação do percursor
2. Biossíntese – a é sintetizada no interior das terminações nervosas, a partir da
Acetil Co-A que é um percussor do piruvato (precursor da via glicose) e da
colina que é um derivado da fosfatidil-etanolamina e fosforilcolina. A colina
livre terminações nervosas pré sináptica é acetilada pela enzima citosólica –
colina acetiltransferase (CAT).
3. Armazenamento – a maior parte da Ach é armazenada em vesiculas, e
depende do influxo de cálcio intracelular.
 Vesamicol- inibe a incorporação da Ach em vesiculas, bloqueando a
criação de um gradiente eletroquímico (cálcio).
4. Secreção – na membrana vesiculas existe as proteínas sinatobrevina e a
sinaptotagina e na membrana plasmática das terminações nervosas pré
sinápticas existe a sintaxina e SNA P- 25 que formam um complexo que
permite a fusão da membrana da vesicula com a membrana plasmática, e
depende do cálcio para que haja a fusão e a posterior exocitose dos
neurotransmissores.
 A toxina botulínica- inibe a exocitose (uma vez que se liga
irreversivelmente aos receptores pós sinápticos, mantendo a
contração- músculos)
5. Acão – ligação do neurotransmissor (Ach) ao recetor (nicotínico) da
membrana pós sinápticos provocando um aumento da permeabilidade do
sódio e potássio, criando uma corrente de despolarização, o que inicia o
potencial de Acão.
 Ex: fármacos bloqueadores despolarizantes (ex: tubocurarina) e não
despolarizantes (ex: suxametonio).
6. Término da ação - a enzina acetilcolinesterase está na fenda simpática e é
responsável pela hidrolise da Ach em colina e Acetil Co-A, terminando a ação.

A Ach tem um tempo de semi-vida muito curta, porque é rapidamente degradado pela
acetilcolinesterase e também pela rápida captação pelos receptores nas membranas das
terminações pós sinápticos.

Recetores nicotínicos- ionotropicos, por ligandos


 N1- ganglios
 N2- músculos esqueléticos
 São compostos por 5 subunidades
o (α1) 2/ β1 εδ – juncão neuromuscular do musculo esquelético
(principalmente pós-sinápticos)
o (α3)2 (β2)3 – gânglios (principalmente pós sinápticos)
o (α7)5 e (α4)2 (β2)3 – cérebro (pré e pós sináptico)
Recetores muscarínicos- metabólicos, acoplados à proteína g
M1 – neuroniais (gânglios autónomos, córtex cerebral) e células parietais do estômago.
M2 – coração (átrios), SNC
M3 – endotélio vascular, glândulas exócrinas (gástricas, salivares, sudoríparas, lacrimais),
musculatura lisa (do trato gastrointestinal, olhos, vias aéreas e bexiga).
M4 – SNC
M5 – SNC
M1, M3 e M5
1º - Agonista liga-se ao receptor M1(nas celulas parietais e neuronias)
2º - A proteína Gq (PGq) ativa a fosfolipase C, que apartir da hidrolise do substrato
fosfotidilinositol (PIP), forma-se o inositol trifosfato (IP3) e o diacilglicerol (DAG).
3º - o IP3 liga-se ao rentículo sarcoplamático e promove a abertura dos cançãoais de cálcio,
o que aumenta a Concentração de cálcio intracelular e o DAG ativa a proteina quinase C
(PKc)

4º M1-despolarização e formação do potencial de ação o que promove, estimulação do SNC


(aumento da cognição) e a secreção gástrica
M3- Ativação do óxido nítrico sintase que vai sintetizar o óxido nítrico (em poucas
quantidades), o ON induz a ativação do Guanilato ciclase, aumenta o GTP e o GMPc ( e
abertura dos canais de potássio) - efeitos como secreção das glândulas exócrinas,
contração do musculo liso gastrointestinal, vasodilatação, bronco constrição, contração da
pupila e redução da pressão intraocular

M2 e M4
1o - Agonista liga-se ao receptor M2 ( coração e SNC)
2o- A proteína Gi (PGi) inibe a Adenilciclase, o que ativa os canais de potássio, diminui o
AMPc, suprime a atividades dos canais de cálcio dependente de voltagem.
3o- vai haver uma diminuição do cronotropismo e dronotropismo, o que leva a uma
diminuição do débito cardíaco e da velocidade de condução dos impulsos e da velocidade
de despolarização diastólica.
M2 responsável pelo controlo de Ach, regulando a sua libertação
Colinomiméticos
 Representa o conjunto de substâncias que reproduzem os efeitos da acetilcolina de
modo direto ou indireto.
 Os fármacos colinomiméticos de ação direta atuam diretamente nos recetores
muscarínicos.

Efeitos dos fármacos sobre a transmissão colinérgica


Alguns fármacos são capazes de influenciar a transmissão colinérgica tanto agindo como
agonistas ou antagonistas sobre os recetores pós-sinápticos da ACh quanto afetando a
libertação ou a destruição da ACh endógena.

AGONISTAS MUSCARÍNICOS = PARASSIMPATICOMIMÉTICOS

Efeitos farmacológicos:
Efeitos cardiovasculares:
 Diminuição da frequência e débito cardíacos
 Vasodilatação generalizada (pelo oxido nítrico)
 Queda acentuada da pressão arterial
 efeitos musculatura lisa: contrai. Atividade peristáltica aumenta
Efeitos nas secreções: estimulação de glândulas exocrinas
Efeitos oculares: contraem a pupila e reduzem a pressão intraocular

Betanecol
 Atua primariamente nos tratos urinário e gastrointestinal (GI)
 Portanto, os recetores muscarínicos localizados na bexiga e no aparelho
gastrointestinal estimulam a contração da bexiga e expulsam a urina e aumentam a
motilidade gastrointestinal, respetivamente

Pilocarpina
 Via tópica: tratamento do glaucome e como miótico
 Comprimidos: tratar ressecamento de olhos, boca e pele- xerostomia
 Efeitos adversos: náusea, vomito, diarreia, incontinência urinária, tontura, acidez
gástrica e dor de cabeça
 Outros fármacos usados para tratar glaucoma: timolol, carteolol, acetazolamida,
dorzolamida, clonidina, latanoprosta, ecotiopato

Cevimelina

Efeitos colaterais e contraindicações: contraindicados para pacientes asmáticos


(broncoconstrição e aumento de muco), pacientes com gastrite (aumento da secreção
gástrica), pacientes cardíacos (causam hipotensão e reduzem tónus cardíaco)

AGONISTAS COLINÉRGICOS
2 grupos diferentes:
 Ação direta: ocupam e ativam os recetores muscarínicos e nicotínicos
 Ação indireta: inibem a acetilcolinesterase; aumentam os níveis de Ach e potenciam
os seus efeitos

 Inibidores da acetilcolinesterase (anticolinesterásicos)


Os anticolinesterásicos inibem a acetilcolinesterase e provocam o acúmulo de acetilcolina
nas proximidades nervosas colinérgicas e, assim, são potencialmente capazes de exercer
efeitos equivalentes à estimulação excessiva dos recetores colinérgicos em todo o sistema
nervoso central e no periférico.

 Efeitos incluem: bradicardia, hipotensão, excesso de secreções, broncoconstrição e


hipermotilidade gastrointestinal
 Há 3 tipos principais:

Ação curta (edrofónio)


 Edrofónio liga-se apenas ao ponto aniónico da enzima. Ação é muito breve
 Finalidades diagnósticas para a miastenia gravis (episódios de fraqueza)

Duração média (neostigmina, piridostigmina e fisostigmina)


 Os fármacos anticolinesterásicos são, portanto, hidrolisados, mas a uma velocidade
insignificante quando comparados com a acetilcolina; e a recuperação lenta da
enzima carbamilada indica que a ação desses fármacos é bastante prolongada
 A neostigmina ou piridostigmina, anticolinesterásico de duração intermédia, são
usadas no tratamento da miastenia gravis

Irreversíveis (diflos e ecotiopato)

 São compostos pentavalentes de fósforo, capazes de fosforilar a enzima, tornando-a


inativa através da formação de um complexo fósforo/enzima bastante estável e de
hidrólise lenta
 Diflos- recuperação da atividade enzimática depende da síntese de novas moléculas
da enzima, podendo demorar semanas.
 Ecotiopato- lenta hidrolise, de modo que a sua ação não é estritamente irreversível

A fisostigmina e ecotiopato (organofosforados) podem ser utilizadas para tratar o glaucoma


A rivastigmina, galantamina, donepezila e tacrina são inibidores da acetilcolinesterase
utilizados no tratamento da doença de Alzheimer.

Reativação da colinesterase- pralidoxima

Efeitos colaterais- relacionadas à estimulação de recetores nicotínicos e muscarínicos:

 Salivação (Muscarínico)
 Lacrimejamento (Muscarínico)
 Incontinência urinária (Muscarínico)
 Diarreia (Muscarínico)
 Cólicas Emese (Muscarínico)
 Bradicardia (Muscarínico)
 Broncoconstrição (Muscarínico)
 Hipertensão/hipotensão (Nicotinico)
 Convulsões (Nicotinico e Muscarínico)

Tratamento: antagonistas muscarínicos (atropina) e reativador da AchE (pralidoxima, 2-


PAM)

 Estes fármacos podem ser divididos em estéres de colina (incluindo a acetilcolina),


alcalóides colinomiméticos naturais (pilocarpina, muscarina e arecolina) e alcaloides
colinomiméticos sintéticos (betanecol, metacolina e carbacol).
Os colinomiméticos sintéticos são muito resistentes à hidrólise pelas colinesterases,
com meias-vidas longas, tendo a capacidade de se distribuirem a locais com pouca
vascularização. O betanecol produz ações predominantemente muscarínicas.
 Farmacocinética: A absorção e distribuição destes fármacos podem ser previstas a
partir das suas estruturas. Aminas quaternárias como estéres de colina, muscarina
são pouco absorvidos por via oral e têm baixa capacidade de atravessar a BHE,
rápida eliminação pelos rins.
Aminas terciárias como as pilocarpina são facilmente absorvidas por via oral e
podem atravessar a BHE.

ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS (parassimpaticolíticos)


3 grupos
 Alcoloides naturais- atropina, escopolamina/hioscina
 Semissintéticos- duração diferente dos alcaloides naturais
 Sintéticos- honatropina, tropicamida, metescopolamina, ipatrópio, tiotrópio

Atropina
 Altamente lipossolúveis, semivida de 4h
 É rapidamente metabolizado, o que torna a sua distribuição mais difícil comparando
com a escopolamina
 Bem absorvido por via oral
 Estimula o SNC
 É antagonista não seletivo
 Bloqueio dos recetores muscarínicos inibição do parassimpático predominância
do simpático

Doses baixas (efeitos pouco significativos) – diminuição da secreção brônquica, lacrimal e


salivar, inibição da sudorese, a nível cardíaco (recetor M1) diminui o debito cardíaco.
Doses elevados (efeitos vagal bloqueio do M2) – aumento da sensação de boca seca, ligeira
aceleração dos batimentos cardíacos, dilatação da pupila, aumento da temperatura corporal
e da sudorese.
Doses tóxicas – alem dos mencionados anteriormente, também ocorre retenção urinaria,
dor de cabeça, ataxia, excitação, alucinações, delírios e efeitos a nível gastrointestinal e
respiratório.

Escopolamina
Aminas terciarias- Pirenzepina, Tropicamida, Homotropina, Ciclopentolato, Diciclomina,
Benzatropina, Trihexifenidil.
Nota: As aminas terciarias são mais lipossolúveis do que as quaternárias e são bem
absorvidas por qualquer via, enquanto que as quaternárias são mal absorvidas por via oral.
As aminas terciarias atravessam a BHE e as quaternárias não, portanto tem efeitos a nível do
SNC.
- Semelhantes a atropina
 Pirenzepina- inibidor não seletivo (mais afinidade a M1) TRATAMENTO DE
ÚLCERAS PETIDICAS
 TROPICAMIDA- uso oftálmico em diagnostico para midríase
 Ciclopentolato- igual ao anterior, mas com maior duração
 Benzatropina- para tratar sintomas de Parkinson e tremores

Aminas quaternárias- Ipatrópio ou Tiotrópio, Metescopolamina, Propantolins e


Metantelina.
- São menos lipossolúveis e não ultrapassam a BHE – não produzem efeitos no SNC, embora
sejam todos menos lipossolúveis, de todos estes o que apresenta maior absorção é o
Ipatrópio.
- São mal absorvidos por via oral.

BLOQUEADORES GANGLIONARES:
 bloqueiam todos os gânglios autónomos e entéricos
 tubocurarina, trimetafama, hexametonio, suxametonio, pancuronio, vencuronio
 principais efeitos:
o Hipotensão e perda dos reflexos cardiovasculares;
o Inibição das secreções;
o Paralisia gastrointestinais;
o Comprometimento da micção.

ESTIMULANTES GANGLIONARES: nicotina e labelina


Efeitos: taquicardia, aumento da pressão arterial, efeitos variáveis sobre a motilidade
gastrointestinal e aumento da secreção brônquica, salivar e sudorípara.
Transmissão adrenérgica- sistema simpático
Neurohormonas adrenérgicas:
Representam um conjunto de neurotransmissores libertados pelos neurónios pós-
ganglionares do simpático e células cromafinas da medula adrenal catecolaminas

Principais catecolaminas:
 Dopamina- percursor metabólico da noradrenalina e epinefrina e também um
neuromodulador do SNC
 Norepinefrina /noradrenalina
 Epinefrina/ adrenalina- é uma hormona secretada pela medula suprarrenal
 Isoprenelina derivado sintético da noradrenalina ausente no nosso organismo

Nota: a adrenalina colocada nos anestésicos, serve para provocar a vasocontrição dos vasos,
diminuindo a permeabilidade do endotélio e posterior saída do fármaco do vaso, assim
garante- se que maior seja a concentração do fármaco na biofase, o que aumenta a
durabilidade de ação do fármaco. No entanto não se pode utilizar em pacientes hipertensos
não controlados (contraindicação absoluta). Sendo uma contraindicação absoluta em o uso
de anestésico com vasoconstritor em paciente que tomam antidepressivos (IMAO-
inibidores da enzina monoamino-oxidase) e cocaína.

Recetores adrenérgicos: pertencem a superfamília dos recetores acoplados à proteína G


Principais efeitos nos diferentes sistemas
Fármacos que agem sobre a transmissão noradrenérgica

FARMACOS SIMPATICOMIMÉTICOS/ AGONISTAS DOS ADRENORRECETORES:


 Ação direta
Efeitos fisiológicos principais
 Alfa1- vasoconstrição provocada por neurónios. Alfa 2- contração muscular ativados
pelas catecolaminas circundantes
 Beta1- realxamento da musculatura lisa, beta2- vasodilatação
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS

Principal efeito dos antagonistas adrenérgico:


- Miose do músculo radial da íris;
- Aumento do tónus muscular;
- Relaxamento das arteríolas (diminui a RVP) e das veias (diminui a pré-carga); - Aumenta a
secreção da insulina;
- Diminui a agregação plaquetária;
- Aumento da motilidade gastrointestinal;
- Mucosa nasal expande-se (congestão).

Aula anti-histaminicos

Histamina

A histamina está presente no cérebro em quantidades menores que em outros tecidos, como a pele
e o pulmão, porém, indubitavelmente, desempenha papel de neurotransmissor.

Assim como as outras monoaminas transmissoras, a histamina está envolvida em muitas funções
diferentes do SNC. A libertação de histamina segue um padrão circadiano distinto, sendo os
neurónios ativos durante o dia e silentes à noite.
A histamina é libertada pelos mastócitos por meio da exocitose durante reações alérgicas ou
inflamatórias. Os estímulos incluem a interação dos componentes do complemento C3a e C5a com
receptores específicos da superfície celular, e a combinação de antígeno com os anticorpos da
imunoglobina IgE.
Tal como em muitos processos secretores, a libertação de histamina é iniciada por um aumento do
cálcio citosólico [Ca2+].

É produzida pela descarboxilação da histidina por meio da enzima L-histidina-desvarboxilase

No organismo a histamina modula reações de dois tipos:

Constitutiva: Regula funções fisiológicas (secreção ácida no estômago); Como


neurotransmissor no SNC

Induzida: Patologias (reações alérgicas e inflamatórias)


Tríplice resposta de lewis- rubor localizado, halo brilhante que circunscreve e formação de
pápula

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