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Farmacologia i
Deisy Gonçalves Mendes – XLI
Maria Clara Conti – XLI
Professora Gérsika Bitencourt
3° período – 2021/1
Conceitos aplicados na farmacologia
- Ciência experimental que lida com as propriedades das drogas e seus efeitos nos sistemas
vivos.
- O medicamento interage com a célula, com o receptor, ele muda o comportamento celular,
do tecido e o do sistema. Então, quando o medicamento interage com o receptor, ele vai
gerar um mecanismo de ação. E, ao gerar o mecanismo de ação, ele vai produzir o efeito
farmacológico.
- A grande maioria dos medicamentos precisam se ligar em um receptor para ter seu efeito
farmacológico.
A farmacologia é dividida em muitas áreas, ela tem muitas subdivisões. Mas as duas
grandes áreas da farmacologia são: farmacocinética e farmacodinâmica.
Farmacotécnica – é o estudo das técnicas de preparo e manipulação dos medicamentos,
visando conseguir o melhor aproveitamento dos efeitos benéficos no organismo.
Farmacognosia – disciplina que estuda a maneira com que esse medicamento será obtido
a partir de medicamentos naturais. Como os medicamentos fitoterápicos (a base de
produtos naturais).
Toxicologia – estudo dos agentes tóxicos, substâncias que são capazes de causar efeitos
nocivos a organismos vivos.
Exemplo 1: dois pacientes com a mesma doença, tomando o mesmo fármaco, na mesma
dose, na mesma maneira, podem ter resposta farmacológicas diferentes. O paciente A evolui
bem e o B não responde muito bem. Isso acontece porque existem variações interindividuais,
organismos são diferentes, quantidades de receptores, enzimas, capacidade excretora, fluxo
sanguíneo para os órgãos variam.
- Então, essas variações que acontecem entre os indivíduos podem estar relacionadas a
resposta farmacológica entre os pacientes. Essa ciência mostra qual é a capacidade
metabolizadora de cada paciente, avaliando a quantidade do citocromo P450 que cada um
possui. Isso pode variar de acordo com a raça, etnia de cada paciente.
- Tem pacientes que tem mais enzimas metabolizadoras no fígado que o outro, logo o
medicamento é metabolizado e excretado mais rápido, sendo que a resposta terapêutica é
menor, pois o fármaco fica menos tempo no organismo.
Exemplo 2: ECA (transforma angiotensina I em angiotensina II) – tem indivíduos que tem
mais ECA, logo produz mais angiotensina II e aumenta mais a pressão, assim se utilizar
inibidor de ECA precisa de maiores quantidades para ser efetivo.
Exemplo 4: existe um ansiolítico, usado para acalmar ou induzir sono no paciente, que é o
Midazolam. Ele é um benzodiazepínico metabolizado pela CYP3A4, que fica no fígado e
metaboliza medicamentos. Quando fazemos endoscopia, o médico administra Midazolam.
Pessoas que tem muitos desses receptores vão fazer uma metabolização rápida, o
medicamento é excretado mais rapidamente. Então, para ter o efeito esperado, precisa dar
uma dose maior.
o Administração
o Absorção
o Distribuição
o Biotransformação ou metabolização
o Excreção
Mecanismo de ação: maneira como o fármaco ativo atua, ou seja, qual a alteração celular
que ele vai causar. Exemplo: captopril - inibe ECA.
Todo medicamento pode ser tornar um tóxico, dependendo da dose, mas nenhum tóxico
pode se transformar em medicamento. Então, é extremamente importante uma orientação
no momento da prescrição médica.
Exemplo: a maconha é um tóxico e agora está sendo usada para tratar convulsões. Isso
porque, o que é usado no medicamento para convulsões é o canabidiol, uma substância que
está na maconha, mas que é isolada das demais substâncias, que são alucinógenas e,
portanto, tóxicas.
04/03/2021
- Medicamentos isentos de prescrição são aqueles que não precisam de receita para a sua
venda, é um medicamento de venda livre. Muitas pessoas acham que esses medicamentos
não causam problemas a saúde, mas, por exemplo, um simples antiácido pode causar
prejuízos ao paciente dependendo da quantidade ingerida. Eles são medicamentos básicos
usados para neutralizar a hiperacidez estomacal. Dependendo da dose e da forma como são
usados, pacientes podem evoluir para uma alcalose metabólica, ou seja, alteram o pH do
sangue e isso traz vários comprometimentos impedindo até mesmo a absorção de outros
medicamentos.
- Os analgésicos são usados muitas vezes sem orientação. Por exemplo, paracetamol,
dipirona, ibuprofeno. O ibuprofeno é muito consumido na clínica, qualquer dor de cabeça,
febre, sintomas de gripe, a pessoa usa. Ibuprofeno é um AINE e dependendo da dose pode
causar problemas renais, pois os AINES são nefrotóxicos.
DOSE x POSOLOGIA
- Quando esse medicamento é usado em dose maior que 4g por dia, começa a lesar o fígado,
pois, ao ser biotransformado, gera metabólitos hepatotóxicos (produtos tóxicos para o
fígado).
- Por esse motivo, precisa-se de uma orientação que é necessário ter cuidado mesmo com
os medicamentos de venda livre.
- Paracetamol e dipirona podem ser tomados até de 4 em 4 horas, mas deve tomar cuidado.
Se ele seguir isso, ele toma 6 comprimidos de 750 mg por dia e isso ultrapassa os 4g. Por
isso, na prescrição é escrito “tomar em caso de dor”.
- Muitos médicos intercalam paracetamol com dipirona, intercalam analgésicos para não
sobrecarregar o organismo do paciente com um único medicamento.
- A dipirona não é hepatotóxica, ela causa problemas hematológicos, mas isso independe
da dose.
- Quando o paciente já tem problema hepático prévio, o paracetamol deve ser evitado.
- Paracetamol não combina com álcool, pois ambos causam lesões hepáticas.
- Dose é a quantidade do medicamento a ser usada pelo paciente para tratar determinada
patologia. Exemplo: medicamento X de 750 mg.
- Posologia mostra a dose associada a frequência de uso. Exemplo: paciente deve “tomar 1
comprimido de 750mg de 6 em 6 horas durante 7 dias”. Se for um medicamento injetável,
“injetar uma vez por dia durante 15 dias”.
- Quando esse efeito colateral tem um efeito maléfico, não desejado para o organismo do
paciente ele é considerado efeito adverso.
Exemplo 1: paciente vai viajar e tem muita náusea, ele toma um comprimido de Dramin,
utilizado para tratar náuseas e vômitos (medicamento antiemético), só que ele causa como
efeito colateral o sono. Nesse caso, o sono não é considerado um efeito maléfico. Muitas
pessoas tomam o dramin para dormir, mesmo não sendo um efeito hipnótico. Então, o sono
não é um efeito adverso, apenas colateral.
Todo efeito adverso é um efeito colateral, mas nem todo efeito colateral é um efeito
adverso.
Efeito adverso pode variar em cada situação, pode ser um efeito maléfico para uma
pessoa e outra pessoa não. Então, é um efeito muito individual para cada paciente.
REMÉDIO x MEDICAMENTO
- Remédio é tudo aquilo capaz de curar, aliviar doenças, sintomas ou mal-estar. Tudo que
alivia/trata um problema é considerado remédio.
- Massagens, duchas, viagens, chás, religião, exercícios físicos, fisioterapia, psicoterapia, entre
outros são considerados remédios.
Exemplo 1: depois de um final de semestre estressante, você vai viajar e consegue relaxar e
esquecer dos problemas. Nesse caso, a viagem é considerada um remédio.
- Princípio ativo: fármaco, ou seja, molécula que vai exercer o mecanismo de ação, o efeito
farmacológico propriamente dito. Exemplo: dipirona.
- Adjuvantes farmacêuticos: tudo que tem no comprimido e que seja diferente do princípio
ativo. Ele não produz um efeito farmacológico direto, mas eles são muito importantes para
que o princípio ativo exerça seu efeito. Outra função dele é dar volume/corpo ao
medicamento. Exemplos de adjuvantes: celulose microcristalina, amido, talco (todos de grau
farmacêutico).
* O adjuvante controla até a dureza do comprimido. Ele faz com que o comprimido
desintegre e quebre no lugar correto para ser absorvido. Por mais que ele não tenha um
efeito direto, ele faz com que o princípio ativo seja funcionante da maneira correta.
Exemplo 2: Venanflaxina XR: significa que tem a liberação estendida. A comum é aquela em
que o paciente toma e o princípio ativo vai ser absorvido pelo TGI de forma rápida. O
adjuvante faz o comprimido quebrar e liberar o princípio ativo para que ele possa ser
absorvido. A XR tem adjuvantes que fazem com que o medicamento seja liberado aos
poucos, ou seja, a frequência posológica é menor. Isso serve para que o paciente possa
tomar menos vezes o medicamento por dia. Isso aumenta a adesão do paciente ao
tratamento, porque uma vez ao dia a adesão é melhor do que se fosse, por exemplo, 3 vezes
ao dia, uma vez que nesse caso há maior risco de o paciente esquecer de tomar.
* Suspensão x solução: solução é homogêneo. Suspensão, uma parte dele decanta e precisa
chacoalhar antes de tomar.
CASO CLÍNICO
Você aconselharia esse paciente a partir o comprimido ao meio e tomar a metade dele?
Partir comprimido é adequado? Depende. Porém é uma prática comum no dia a dia.
- Existem comprimidos que podem e outros não. A indústria farmacêutica que elabora o
comprimido deixa claro que garante que ele tem 50 mg, mas não pode garantir que há 25mg
de cada lado. Quando parte o comprimido ao meio pode estar tomando 30mg de uma vez
e 20 da próxima vez.
- Tem medicamentos que não podem ser triturados, porque ao ter contato com a água
sofrem hidrólise e perdem seu efeito. Por exemplo, o omeprazol não pode ser aberto e
misturado com água para ingerir. Se isso for feito, seu efeito farmacológico é reduzido.
- O médico nunca vai recomendar ao paciente partir ou triturar o medicamento. Mas isso vai
acontecer na casa dele. Se ele estiver fazendo isso, mas estiver tendo efeito farmacológico,
tudo certo, podemos ser maleáveis. Agora, se ele não estiver tendo efeito farmacológico,
deve-se pensar em outras maneiras.
- Tarja vermelha: são medicamentos vendidos sob prescrição médica, ou seja, para vender
o paciente tem que mostrar a receita, mas há dois tipos de tarja vermelha: uns tipos não
exigem retenção de receita e outros, sim. Exemplos de remédios que devem ter receitas
retidas: antibióticos, sertralina.
- Tarja preta: sempre são vendidos com retenção da receita, pois são medicamentos capazes
de causar dependência. Ou seja, precisa ter um controle da venda. Exemplo:
benzodiazepínicos, hipnóticos, sedativos.
- Esse medicamento possui o nome comercial grande e o princípio ativo pequeno. Por
exemplo, viagra é o nome comercial para o princípio ativo sildenafil.
- Depois de desenvolver o medicamento, a indústria vai patenteá-lo e nesse período de
patente somente essa indústria pode desenvolver, manipular e vender esse medicamento na
forma de viagra, para pagar o que ela gastou.
- Após o período de patente, que varia de acordo com cada medicamento, as outras
indústrias começam a “copiar” o princípio ativo, mas não pode copiar o nome comercial,
pois ele está patenteado. Como aumenta a concorrência o preço cai.
Medicamento genérico: é aquele que tem o mesmo princípio ativo, a mesma dose, a
mesma forma farmacêutica, a mesma indicação química e posologia, é literalmente uma
cópia do medicamento referência. Mas na sua caixinha, há apenas o nome do princípio ativo,
não possui nome comercial. Para provar que é igual o medicamento genérico tem que fazer
um teste chamado de bioequivalência. Um grupo toma o genérico, o outro grupo toma o
referência. Faz um exame de sangue, a quantidade do princípio ativo que estiver no sangue
da pessoa que tomou o referência tem que ser o mesmo do genérico.
Medicamento similar: na caixinha dele tem o nome do princípio ativo, mas também tem
nome comercial. Normalmente, os nomes parecem com o nome do medicamento referência.
Até 2003, não era obrigatório para o similar fazer o teste de bioequivalência. Hoje, também
é obrigatório fazer esse teste assim como o genérico.
O medicamento genérico é uma lei do governo, e por isso ele isenta essas indústrias de
determinados impostos, consequentemente o medicamento fica mais barato. Hoje, esse
medicamento é no mínimo 30% mais barato que o de referência e teoricamente precisa ter
a mesma qualidade.
Entre medicamento genérico e similar não tem diferença de qualidade, apenas diferenças
apenas farmacêuticas.
Desenvolvimento de novos fármacos e
farmacovigilância
Necessidade de estar sempre buscando novos fármacos.
- A indústria farmacêutica está sempre buscando medicamentos que tenha melhorias na sua
eficiência farmacológica, com eficácia maior, menos efeitos colaterais, maior segurança, além
de possuir grande importância social e de saúde pública.
ACASO
- A penicilina foi descoberta ao acaso. Um pesquisador estava cultivando uma bactéria. Certo
dia, a placa estava contaminada com um fungo e ele foi observá-la. Observou que em volta
do fungo, não havia crescimento da bactéria. Então, ele concluiu que o fungo tinha alguma
substância que matava ou impedia o crescimento da bactéria. Como o fungo era do gênero
penicilium, ele deu o nome de penicilina.
TRIAGEM EMPÍRICA
- Busca aleatória, muitas vezes dirigida, ou seja, orientada, buscando algumas substâncias
que possam ter uma atividade que você procura.
Exemplo: ivermectina contra o covid-19. A ivermectina já existe no mercado, estudaram a
sua molécula e viram a possibilidade de ser usada para o tratamento do covid-19. É
interessante estudar fármacos já conhecidos para tratamento de outras doenças, porque ele
já foi aprovado e isso diminui o tempo, pois não precisa da aprovação pela Anvisa. Só precisa
garantir a eficácia contra essa outra doença, por testes.
- No Brasil, essa é uma das principais formas de desenvolver medicamentos. O Brasil tem
uma grande diversidade de flora. Existem plantas que nunca foram estudadas e testadas.
MODIFICAÇÃO MOLECULAR
- Pega uma molécula já desenvolvida e faz modificações nessa molécula, podendo gerar
outro medicamento, que tenha eficácia menor ou maior que a molécula de origem.
Exemplo: naloxona, foi desenvolvida a partir da molécula de morfina. Essa molécula nova
continua tendo afinidade pelo receptor de morfina, mas ela não tem um encaixe perfeito e
ela ocupa o receptor, bloqueia para que ela não deixa a morfina se ligar. Assim, ela deixa de
produzir depressão respiratória no paciente.
Tem que parar de administrar a morfina, mas até ela ser eliminada precisa-se utilizar o
antagonista.
- Não pode modificar muito, senão a molécula perde afinidade pelo receptor. Porém, a
molécula também não pode ter um encaixe perfeito, senão não vai impedir que a molécula
“original” se ligue.
LATENCIAÇÃO
Vantagens:
Duração de ação maior – porque ele vai se transformando em fármaco ativo aos poucos
no corpo.
Mais seletividade – tendem a produzir menos toxicidade, porque eles tendem a ser mais
seletivos no seu receptor.
Desvantagens:
PLANEJAMENTO RACIONAL
Angiotensina II: importante para o controle da pressão arterial. Ela faz vasoconstrição e,
assim, eleva a pressão arterial. É produzida a partir da angiotensina I e a ECA é a enzima que
transforma a angiotensina I em angiotensina II.
Exemplo 2: no covid, existe uma enzima responsável por fazer o vírus entrar nas nossas
células. É a glicoproteína S (spike) e ela está sendo estudada para tratamento. Estão tentando
desenvolver um medicamento contra a proteína S, que a bloqueie, para que o covid não se
multiplique.
1. PRÉ CLÍNICA
2. TESTES CLÍNICOS
Dentro dos testes clínicos existem 4 fases: fase I, fase II, fase III e fase IV.
Fase I
Fase II
Fase IIA (ensaio aberto) - tanto o paciente, quanto o médico sabem do teste do
medicamento e pode haver efeito placebo (melhora psicológica). Ainda não comprova
eficácia. Testado em 50 pacientes.
Fase IIB (duplo cego) - nem o médico, nem o paciente sabe para que o medicamento está
sendo testado, esse pode comprovar eficácia. Testado em 50 a 100 pacientes.
Fase III
- Quando ele passa pela fase III, conhece 90% das suas características farmacológicas. Por
isso que ele pode pedir a aprovação da ANVISA e já pode ser comercializado.
Fase IV – Farmacovigilância
- Mesmo depois do medicamento ser liberado, ela continua sendo vigiada pela vigilância
sanitária.
- Essa fase é contínua, apesar da chance de se encontrar problemas seja significativa nos
primeiros 10 anos. Nesse período muitos medicamentos são retirados de circulação.
Talidomida
Remédio para enjoo, gestantes que tomaram esse medicamento tiverem filhos com uma
síndrome: focomelia. Isso ocorreu, pois, um dos isômeros do composto era teratogênico e
levava à síndrome. Foi esse episódio que fez com que a farmacovigilância ganhasse
destaque.
Anfetaminas
As anfetaminas, até 2011, eram muito usados para o tratamento de obesidade. Era muito
eficaz. Só que eles ativam o SN simpático e muitas pessoas estavam tendo doenças
cardiovasculares devido ao uso desses medicamentos.
Muitas pessoas usavam sem ter indicação médica, por ser um medicamento para emagrecer
e muitas vezes possuía uma HAS, infarto, AVC. A ANVISA retirou do mercado afirmando que
os malefícios eram maiores do que os benefícios.
Vias de administração de medicamentos
- A farmacocinética estuda o caminho que a droga faz no organismo, desde o momento da
sua administração até a sua excreção.
- Existem muitas vias de administração: oral, tópica, injetável, sublingual. A escolha dessa via
é influenciada por vários fatores. Não adianta acertar o medicamento e errar a via de
administração. Por exemplo: paciente tem medo de injeção e não vai tomar a injeção.
- Tempo de início de ação: via parenteral (endovenosa) é uma ação mais rápida.
- É a via mais conveniente para a maioria das pessoas, por isso é a mais comum.
- Para o medicamento ser usado por via oral, ele precisa ser deglutido: efeito local ou
absorvidos pela mucosa do TGI. Alguns começam a ser absorvidos na própria mucosa oral,
esôfago, mas em grande proporção, serão absorvidos no estômago ou no intestino.
* O melhor local de absorção vai depender do fármaco, alguns são melhores absorvidos no
estômago e outros, no intestino.
- A maioria dos medicamentos usados pela via oral são sistêmicos: são absorvidos, caem na
corrente sanguínea e agem em todo o organismo. Mas alguns tem efeito local.
Exemplo 1: pacientes com constipação intestinal tomam laxantes, como o óleo mineral, que
passa pelo TGI, chega no intestino e vai amolecer as fezes. Ele tem efeito local, não é
absorvido e só atua no intestino.
Exemplo 2: pessoas com mal digestão, tomam antiácidos, que neutralizam o ácido clorídrico.
Eles não precisam ser absorvidos para exercerem a sua função, simplesmente reagiu com o
ácido clorídrico do estômago.
DESVANTAGENS
- Irregularidades na absorção
CONTRAINDICAÇÕES
- A maioria dos pacientes aceitam bem a administração por via oral, mas pacientes que são
incapazes de deglutir ou estão inconscientes, o medicamento por via oral é contraindicado.
- Em casos de vômitos.
- Pacientes com distúrbios no TGI – como pacientes com úlceras gástricas, pois alguns
medicamentos podem ferir a parede do estômago.
CUIDADOS IMPORTANTES
- O certo é colocar na receita em ml, não “uma colher de sopa”, “uma colher de sobremesa”:
usar sempre a medida padronizada.
- Muitas vezes, unidades de medidas não padronizadas podem gerar problemas. Por
exemplo, a colher mais comum nas casas é a de sopa que mede 15ml, que é uma medida
adulta. Crianças tem medida de 5ml.
Medidas:
15 ml = 1 colher de sopa
A forma farmacêutica mais usada na via oral são os comprimidos e eles podem ser de
duas formas de liberação do princípio ativo:
Liberação imediata
Liberação controlada
Liberação imediata
Liberação controlada
- Existem alguns medicamentos que possuem essa forma de liberação controlada. São as
formas farmacêuticas de depósito.
- É quando o paciente toma o comprimido, ele chega no TGI e os seus adjuvantes fazem
com que a liberação do princípio ativo seja de maneira continuada, prolongada, ampliada,
gradativa, ele não cai na corrente sanguínea para ser absorvido de uma vez, mas sim de
maneira controlada.
- Como a absorção é lenta, ela acontece de forma uniforme durante todo o dia e o paciente
tem que tomar menos vezes ao dia o medicamento (redução posológica) e o efeito
terapêutico é mais constante. Isso faz com que o paciente tenha uma melhor obediência ao
regime terapêutico. Além disso, outra vantagem é que a tendência é que o medicamento
cause menos efeitos colaterais, uma vez que o princípio ativo é absorvido de forma mais
lenta, e não tem um pico de concentração plasmática desse fármaco.
Exemplo 1: Venlafaxina é um antidepressivo que possui na forma de liberação rápida e a
venlafaxina XR, que é de liberação controlada.
Exemplo 2: Ritalina também possui uma de liberação rápida e a ritalina LA, que possui
liberação alterada.
Desvantagens:
Quase nenhum medicamento existe na forma de liberação controlada. Os que mais tem
nessa forma, são aqueles que tem meia vida curta e, se fossem usados na forma normal,
teria que ser tomado muitas vezes ao dia, pois é eliminado do organismo de forma rápida.
- Em alguns casos ele não pode entrar em contato com o ácido clorídrico.
* Existem algumas exceções de fármacos orais que podem ser usados na via sublingual
porque possuem dureza menor, como captopril, AS infantil.
PROCEDIMENTOS E CUIDADOS ESPECÍFICOS
- Via alternativa para alguns grupos de pacientes: crianças, doentes mentais, comatosos,
vômitos e náuseas.
Exemplo 2 – existem supositórios que têm princípio ativo, como o supositório de dipirona.
Quando introduz no reto do paciente, ele dissolve, libera a dipirona, o reto é irrigado e a
dipirona é absorvida.
- Supositórios tem base de glicerina, manteiga de cacau e por isso devem ser armazenados
na geladeira, senão eles dissolvem.
Como inserir?
1 – Retira da geladeira e deixa ele na palma da sua mão até que ele atinja uma temperatura
ambiente.
3 – Insere no reto do paciente e pede para ela ficar naquela posição por alguns minutos. Isso
se deve porque o supositório é formulado para que em temperatura corporal ele dissolva.
Se a pessoa levanta, ele dissolve e escorre. Com isso, o princípio ativo não é absorvido como
deveria e o medicamento não tem o efeito que deveria.
- É muito comum a pessoa ter uma diarreia, pois a sua base amolece as fezes. Depois de
algumas horas, as fezes voltam ao normal.
Intranasal
Oftálmica
Auricular
Intravaginal
- Podem ter ação local ou sistêmica. Na maioria das vezes, tem efeito local, mas isso não é
regra.
Exemplo 1: medicamento por via intranasal pode ter efeito local, mas o nariz é irrigado e não
podemos garantir que eles não serão absorvido e terão efeito sistêmico.
Medicamentos aplicados na pele vão ter efeito local ou sistêmico? Depende da forma
farmacêutica que for utilizada. Pomadas, cremes, gel, unguento têm efeito local. Mas existe
uma forma farmacêutica, chamada de adesivos transdérmicos que possuem efeito sistêmico.
Esses adesivos foram formulados para que o princípio ativo atravesse todas as camadas da
pele e chegue até o sangue. Existem adesivos transdérmicos de nicotina, usada para o
paciente parar de fumar. Anticoncepcionais, os hormônios conseguem chegar no sangue.
Adesivos de analgésicos, como o fentanil que tem uma potência muito alta (maior que a
morfina).
- A intenção de uso desses adesivos é o paciente ter uma adesão ao tratamento maior. Por
exemplo, anticoncepcionais orais devem ser tomados todos os dias no mesmo horário e
muitas pessoas esquecem, diminuindo o efeito farmacológico, diminuindo a eficácia e
podendo gerar uma gravidez indesejada. No adesivo, você coloca o 1º no 1º dia do ciclo,
depois de 7 dias cola o 2º, e depois de 7 dias coloca o 3º. Depois de 21 dias tira e tem a
menstruação. A adesão é maior. Ele precisa ser colado em região limpa, seca, sem pelos,
tenha pouco atrito, sue menos e não tenham injurias. É muito seguro se usado da forma
correta.
- O adesivo de nicotina é usado para pacientes que querem parar de fumar e eles não tem
síndrome da abstinência: paciente começa a colar a nicotina proporcional ao número de
cigarros que fumava por dia. Depois vai colando menos, fazendo um desmame e o
organismo vai acostumando com as concentrações menores de nicotina. Esse processo é
mais eficaz do que se fosse para diminuir o número de cigarros, pois ele não conseguiria
fazer isso.
- Adesivo de fentanil é usado para tratar dor em pacientes oncológicos, principalmente. Deve
tomar cuidado pois é um analgésico opioide e pode gerar dependência, inclusive em quem
for aplicar o adesivo no paciente, se não estiver usando luvas ou lavar bem as mãos depois
pode se tornar dependente e ter tolerância de dose do medicamento.
15/03/2021
VIA INTRANASAL
- Possuem efeito local ou sistêmico. Os descongestionantes nasais possuem efeito local, são
usados para resolver um problema na mucosa nasal. Mas existem fármacos que possuem
efeitos sistêmicos, um exemplo é uma insulina que estão desenvolvendo, para ser usada por
via intranasal.
- Muitos desses medicamentos podem atingir a corrente sanguínea devido aos vários vasos
sanguíneos da cavidade nasal.
- Quanto mais você usa o descongestionante, mais o organismo produz o chamado efeito
rebote e mais o paciente precisa daquilo, se tornando dependente.
- O descongestionante deve ser usado num tempo médio de 3 a 5 dias. Quando usa em um
período maior que isso, o paciente possui uma congestão rebote, ou seja, o organismo
interpreta como um problema e ele não vai deixar esse vaso se contrair, gerando uma
vasodilatação para contrabalancear a vasoconstrição que vem acontecendo há bastante
tempo. Então, quanto mais você usa o descongestionante, o organismo passa a vasodilatar
o nariz, como um efeito rebote.
ADMINISTRAÇÃO OFTÁLMICA
- Esse medicamento possui efeito local, trata inflamação, infecção naquela região ocular.
Mas uma pequena porcentagem desse medicamento pode atingir o canal lacrimal e ser
absorvido. Essa absorção é muito pequena e por isso, seus efeitos sistêmicos não são
consideráveis, não trazem preocupações.
Cuidados
- Fechar os olhos (30s) para ter melhor absorção e melhor efeito farmacológico.
VIA AURICULAR
- Medicamentos usados para tratar o ouvido externo é usada a via otológica. Ele não é capaz
de tratar problemas no ouvido médio e interno, pois só tem ação local.
- Para tratar inflamações no ouvido médio e interno, devem ser de ação sistêmica: por via
oral, injetável.
VIA INTRAVAGINAL
- Se você está administrando um medicamento por via intravaginal, espere um efeito local.
Ele tem dificuldade de cair na corrente sanguínea.
- Esse medicamento não é absorvido, porque essa região possui características específicas
que dificulta a absorção das drogas:
- Aplicadores vaginais.
- É subdividida em 4 principais:
Subcutânea
Intramuscular
Endovenosa ou intravenosa
Intradérmica
- É uma via alternativa para aqueles pacientes que não podem fazer o uso de medicamentos
por via oral.
Desvantagens
- Exige pessoal treinado.
- Processos assépticos.
VIA INTRADÉRMICA
- Por isso que essa via não é a mais utilizada para administrar
fármacos, o medicamento demora muito para chegar até a
corrente sanguínea.
Finalidade
- Usa-se para fazer testes de alergias, porque se você tiver uma reação alérgica, o efeito será
local e não sistêmico.
- Também é usada para aplicação de algumas vacinas. Nesse caso, o efeito não é local, é
sistêmico, mas a absorção é muito lenta. Usa-se uma dose maior, cerca de 0,5ml.
VIA SUBCUTÂNEA
Finalidade
- Aplicação de medicamentos: insulina, anticoagulantes injetáveis como a heparina.
VIA INTRAMUSCULAR
VIA ENDOVENOSA
- Não possui um limite de volume para ser utilizado. Pode ser administrado grande volume
de fármaco.
Finalidade
- Usado em situações de emergência.
Vantagem
- Efeito rápido.
- Grandes volumes.
- Controle da dose.
Desvantagem
- Não podem ser usados medicamentos oleosos.
- Durante a aplicação o paciente pode evoluir para embolia, obstruindo os vasos – isso
acontece se for aplicada uma bolha de ar junto ao medicamento.
Exemplo 2: usar anestésico inalatório para pacientes que vão operar: é um anestésico geral.
Quando a pessoa inala o anestésico, ele chega no pulmão, é captado para o sangue e vai
para o SNC, onde gera uma depressão do SNC.
- O brônquio é muito irrigado, então é muito fácil desse medicamento chegar lá e ser
absorvido, atingindo a corrente sanguínea.
- Quando o paciente possui asma, ele usa medicamentos que geram broncodilatação. Essas
substâncias são adrenérgicas. Algumas pessoas chegam no hospital com crise asmática e
fazem inalação com substâncias broncodilatadoras e começa a respirar bem. Porém, ficam
com taquicardia. Isso pode acontecer porque a substância adrenérgica atua no pulmão
gerando broncodilatação, mas uma parte da adrenalina pode ser absorvida, ligar nos
receptores beta-1 do coração e gerando uma taquicardia. Nesse caso, há efeito local e
sistêmico.
Bombinha
- Pessoa deve ficar com o corpo ereto.
- Expira.
- A pessoa aspira de forma rápida e profunda o aerossol, sem encostar a bombinha na boca.
Se não tiver o espaçador, dá um espaço de 4 dedos.
Dispositivo de pó seco
- Possui broncodilatador e corticoide (anti-inflamatório).
- Expira.
- Puxa, inspira.
- Expira.
- Lava a boca – se o corticoide ficar parado na orofaringe, ele causa problemas como
candidose oral: corticoide é um imunossupressor.
Prescrições médicas
- Existem tipos de receitas diferentes e cada medicamento exige uma receita específica.
RECEITA x PRESCRIÇÃO
- É recomendado que eles sejam redigidos na receita pelo nome do princípio ativo, também
chamado de DCB (Denominação Comum Brasileira).
- Hoje, se você prescrever o referência e ele tiver um similar que foi feito o teste de
bioequivalência, pode ser trocado sem prejuízos. Esses fármacos são chamados
intercambiáveis, ou seja, podem ser trocados na drogaria.
- Se você não quiser que o medicamento seja substituído, você deve deixar claro na receita
“Não autorizo a substituição”.
MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO (MIPs ou OTCs)
- São aqueles fármacos cuja venda não requer autorização, ou seja, receita expedida por
profissional habilitado. Por exemplo: paracetamol, dipirona, antiácido.
- Esses MIPs não precisam de receita, mas precisam de orientação. O paciente precisa ser
orientado dos prejuízos que aquele medicamento pode trazer.
- Por isso que muitas vezes o paracetamol aparece na receita, pois é lá que o médico
consegue orientar o paciente sobre a forma de tomar.
Exemplo 2: altas doses de antiácido (que é básico), pode sobrar bases que serão absorvidas.
Isso gera para o paciente uma alcalose metabólica. Muitos antiácidos também possuem
sódio na sua composição e outro efeito que o paciente pode ter é elevação da PA.
- A maioria dos fármacos não são de venda livre, então vem uma segunda classe.
MEDICAMENTOS TARJADOS
TARJA VERMELHA
- Os rótulos deverão ter uma faixa horizontal de cor vermelha abrangendo todos os lados,
contendo os dizeres “Venda sob prescrição médica”.
- A receita branca deve ser preenchida em um formato específico. A padronização deve ser
seguida.
Observações:
4 - Medicamento, dose, traço (–), número de comprimidos: pode colocar o número de caixas,
mas não é o mais recomendado. Isso acontece porque cada caixa pode ter uma quantidade
de comprimidos.
5 - Posologia: forma que o paciente vai tomar, quantos comprimidos, de quantas em quantas
horas, por quanto tempo.
* Em casos de medicamentos que você não sabe quantas caixas vai usar, pode usar “1 caixa”.
* Pode fazer recomendação no verso da receita, porem então deve datar e assinar o verso
também.
- Possuem tarja vermelha com dizeres “venda sob prescrição medica: só pode ser vendido
com retenção da receita”.
- A maioria desses medicamentos são listados na portaria 344/98, que mostra a forma de
comercialização dessas substâncias.
* Ler essa portaria e dar uma ênfase ao capítulo 5, que explica como fazer a receita, a validade
dela.
* Geralmente, a validade dessas receitas é de 30 dias.
- São aqueles cujos princípios ativos são substâncias sujeitas a controle especial,
necessitando de procedimentos específicos para sua prescrição e dispensação.
- A receita deve ficar retida na farmácia, logo deve-se disponibilizar duas vias.
- C5 = anabolizantes.
- Esses medicamentos possuem tarja vermelha escrito “Venda sob prescrição médica, só
pode ser vendido com retenção da receita”.
- Por isso que esses medicamentos são prescritos em duas vias: uma via fica na drogaria e a
outra fica com o paciente, pois é lá na receita que está a forma como deve ser tomado.
- Esses medicamentos têm uma receita diferente, chamada receita de controle especial.
- Via de administração.
- Posologia.
* Os dois quadrinhos no final da receita, não deve ser preenchido pelo médico e sim pelo
comprador e fornecedor. Então, será preenchido pelo farmacêutico.
MEDICAMENTOS DA LISTA C2
- Na caixa está escrito “Venda sob Prescrição Médica. Atenção: Risco para Mulheres Grávidas,
Causa Graves Defeitos na Face, nas Orelhas, no Coração e no Sistema Nervoso do Feto” – é
um medicamento teratogênico.
- Com o número presente na receita o governo consegue rastrear onde está essa receita e é
muito controlado.
MEDICAMENTOS DA LISTA C3
- Imunossupressores
- Médicos habilitados para prescrever talidomida vão ter um talonado específico para isso.
MEDICAMENTOS DAS LISTAS A1, A2 E A3
- Medicamentos da lista A são de tarja preta e vem escrito “Venda sob prescrição médica.
Atenção: pode causar dependência”.
Tramadol (Tramal) e codeína (Tylex) são analgésicos opioides que são exceção. Eles são
receitados na receita de controle especial. Quando o analgésico opioide for prescrito em
doses menores que 100mg por comprimido (por unidade posológica) é prescrito em receita
de controle especial. Se forem prescritos em unidades maiores que 100 mg por unidade
posológica, usamos a receita amarela.
MEDICAMENTOS DA LISTA B
- B1 = psicotrópicos (benzodiazepínicos).
- Dose: 7,5mg.
- Até 2011 eram considerados medicamentos que exigiam uma receita comum para a sua
venda. Porém, essa venda indiscriminada de antibióticos estava crescendo a resistência das
bactérias aos antibióticos.
- Com isso, foi criada a RDC nº20 de 05/05/2011 no qual ele passou a ser considerado um
medicamento controlado.
- Hoje, não existe uma receita específica, padronizada para antibiótico. Ele pode ser prescrito
em uma receita comum, mas ela deve ser feita em duas vias. Ou o farmacêutico fornece essa
segunda via.
- Existem alguns médicos que fazem a sua receita padronizada para antibióticos.
- Uma diferença com as outras receitas, é que a validade da receita para antibiótico é de 10
dias.
2- Absorção
3- Distribuição
4- Biotransformação ou metabolização
5- Excreção
- Existem várias vias de administração e nessas vias para o medicamento chegar na corrente
sanguínea ele tem que passar por várias barreiras. Por exemplo: um comprimido ao ser
ingerido, cai no TGI e tem que atravessar pelo menos o epitélio intestinal e o endotélio do
vaso para chegar na corrente sanguínea.
Exemplo: paciente toma uma nimesulida de 100 mg, mas não é essa dosagem que chega na
corrente sanguínea. Pois ao atravessar as membranas, ele não chega 100% no sangue.
Biodisponibilidade
- Mas, de qualquer forma, para ser absorvido ele precisa passar pelas membranas.
Muitas vezes, existem fatores que determinam a velocidade de absorção dos fármacos e
outros que determinam o local da absorção.
- Ao tomar esse medicamento, ele cai no estômago que tem pH em torno de 2. Então,
quando o medicamento ácido chegar em um ambiente que tem pH < pKa do medicamento,
ele vai ficar predominantemente na sua forma não ionizada.
- Se o medicamento ácido chegar em ambiente onde pH > pKa, ele vai ficar
predominantemente na sua forma ionizada.
Se o medicamento fosse básico, e chegasse em um ambiente onde o pH é maior que o
pKa, ele ficaria predominantemente na forma não ionizada.
- Se chegasse num local com pH < pKa, ele fica predominantemente na forma ionizada.
Resumindo:
pKa = é o pH em que 50% da substância está na forma ionizada e 50% na forma não-
ionizada.
Medicamento ácido
Medicamento básico
Os medicamentos são melhores absorvidos na sua forma não ionizada por não conter
carga elétrica.
Paciente toma um fenobarbital por via oral, ele vai ser absorvido no estômago ou no
intestino? Por que?
- Medicamentos de caráter ácido quando estão no estômago, ficam não ionizados, sem
carga e serão absorvidos mais facilmente no estômago, pois conseguem passar pela
membrana.
Fluxo sanguíneo na área de absorção: quanto mais sangue chegar no local, mais rápido
é o processo de absorção do medicamento, que é o processo que o medicamento chega na
corrente sanguínea. Existem situações em que o fluxo sanguíneo pode estar alterado. Por
exemplo, pacientes com IC tem DC reduzido, a fração de ejeção está reduzida e o fluxo para
os tecidos é reduzido. Para compensar isso, não podemos aumentar a dose. Como está
chegando menos sangue na área de absorção, também chega menos sangue no fígado que
vai metabolizar. Também chega menos sangue no rim que vai excretar isso. Então, deve
observar a resposta farmacológica do medicamento e tomar cuidado para não causar
toxicidade ao paciente.
Exemplo 2: paciente toma o ácido valproico para controlar a epilepsia. Ele é absorvido no
estômago. O paciente era obeso e faz uma cirurgia de redução do estômago. Com isso, a
absorção do medicamento pode ser afetada, diminuindo o efeito do medicamento. Nesse
caso existem 2 opções: melhora a resposta do medicamento aumentando a dose, ou mudar
a via de administração do medicamento se for possível.
Tempo de esvaziamento gástrico: medicamento administrado por via oral tem essa
influência. Esvaziamento gástrico é o tempo necessário para que o alimento passe do
estômago para o intestino.
Exemplo 1: paciente usa ácido valproico e começa a tomar outro medicamento ou começa
a se alimentar com coisas que aceleram o esvaziamento gástrico. Com isso, a absorção do
ácido valproico vai estar reduzida: o medicamento fica menos tempo no estômago, onde ele
é absorvido e vai logo para o intestino.
Exemplo 2: pessoas que querem emagrecer e come alimento rico em fibra, pois elas
aumentam a saciedade. Isso acontece porque elas são capazes de retardar o esvaziamento
gástrico. O alimento fica mais tempo no estômago e ele fica “cheio” por mais tempo, dando
sensação de saciedade. Com isso, o medicamento fica mais tempo no estômago e tem
absorção mais ampla (se for ácido), se o medicamento for básico, ele tem uma absorção
mais lenta, porque demora mais para chegar no intestino.
Exemplo: tetraciclina é um antibiótico que não deve ser tomado com o leite. Isso acontece
porque leite tem cálcio e a tetraciclina tem afinidade com cálcio. Ela se complexa com o íon
cálcio lá no TGI, e ela se ioniza. Com isso, a sua absorção é prejudicada. A resposta
farmacológica é reduzida.
Exemplo 2: Pacientes mais idosos costumam tomar muito medicamentos juntos e reclama
de dor no estômago. Para isso tomam um antiácido que neutraliza a hiperacidez do
estômago. Se o paciente tomar esse antiácido com um medicamento de caráter ácido, ele
vai ter biodisponibilidade reduzida.
* Omeprazol não é antiácido, ele é protetor gástrico. Ele não neutraliza o pH do estômago,
mas sim controla o pH estomacal. Quando ele é absorvido ele diminui a função da bomba
de prótons.
- Meia-vida é dada em tempo, geralmente horas. Porém em alguns casos podem ser minutos
e outros dias.
- Esse termo significa “tempo necessário para que o medicamento seja 50% eliminado do
organismo”. Em outras palavras, é o tempo necessário para que a concentração plasmática
de determinado fármaco seja reduzida à metade.
- Então, quanto maior a meia vida de duração, maior a duração de ação no organismo do
paciente.
- Medicamento que tem meia vida de duração longa, é usado menos vezes ao dia, pois a
duração de ação é maior.
Exemplo: medicamento A tem meia vida de 12 horas e é prescrito para o paciente X e para
o Y. O paciente X tem função renal e hepática perfeitas, já o paciente Y tem problema renal
e hepático. A meia vida de eliminação não será de 12 horas para os 2. No paciente Y a meia
vida de eliminação será maior, porque ele não é excretado. Ou seja, o paciente precisa de
um tempo maior para conseguir excretar esse medicamento. A meia vida desse
medicamento nesse paciente pode chegar em até 50 horas. A dose do medicamento
prescrita para esses 2 pacientes é diferente. O paciente Y não consegue excretar
corretamente e a dose deve ser ajustada, senão ele começa a acumular medicamento na
corrente sanguínea e isso gera toxicidade.
Por exemplo, fluoxetina tem meia vida de 7 dias. Então ele só vai ter um efeito farmacológico
pleno de 28 a 48 dias, então é uma média de 35 dias.
- Para atingir esse equilíbrio de concentração plasmática, o paciente tem que tomar o
medicamento certinho, todos os dias. Senão esse equilíbrio não é atingido.
- Esse equilíbrio é chamado de CSS (Steady State), que é um estado de equilíbrio. E, para
isso acontecer, o medicamento precisa passar por 4 a 6 meias vidas de eliminação.
Exemplo: medicamento tem 6 horas de meia vida, ele atinge o Steady State em 30 dias.
Paciente parou de tomar o medicamento hoje. Depois de quanto ele vai ficar livre desse
medicamento no seu organismo? Depois de 5 vezes a sua meia vida de eliminação.
Distribuição
- Nesse momento o medicamento já passou pelo processo de absorção, ou seja, caiu na
corrente sanguínea.
- Quando o medicamento liga no seu receptor, ele gera uma alteração no tecido e exerce o
seu efeito farmacológico.
- Esse tempo de passagem da corrente sanguínea para o tecido depende do fluxo sanguíneo.
- Órgãos e sistemas que tem altos fluxos sanguíneos tendem a sofrer uma distribuição rápida
do medicamento que liga no seu receptor e exerce o seu efeito farmacológico.
- Quanto menor a irrigação do tecido, mais tempo vai demorar para o medicamento passar
da corrente sanguínea para o tecido. Isso gera um efeito farmacológico mais demorado.
- Um medicamento foi administrado, absorvido e caiu na corrente sanguínea. Para ele ser
distribuído, tem que passar da corrente sanguínea para um tecido. Então, ele precisa passar
por entre as células endoteliais. Porém, quando o medicamento chega na corrente
sanguínea, ele tem uma porcentagem que fica com as moléculas livres, chamada de porção
livre. Outra porcentagem fica ligada às proteínas plasmáticas, principalmente a albumina.
- Então, uma porção do medicamento fica livre e outra ligado a proteínas plasmáticas. Mas
não podemos dizer que fica metade, metade.
- O medicamento precisa sair do sangue e atingir o tecido para gerar o efeito farmacológico.
Qual é a fração que sai do sangue e chega no tecido com facilidade para exercer a sua
função nos receptores?
A fração livre. Como precisa atravessar o endotélio do vaso, as proteínas dificultam isso, pois
são moléculas grandes.
Já que é a fração livre que exerce o seu efeito farmacológico, qual é a função da fração
ligada?
Ela serve como um reservatório do fármaco. À medida que a droga livre sai da corrente
sanguínea para se ligar no seu receptor no tecido, a proteína plasmática se desliga do
fármaco. A ligação entre elas é fraca. Existe um equilíbrio químico entre a parte livre e ligada.
Então, para manter a porção livre e o efeito farmacológico, essas ligações fracas vão sendo
desfeitas.
* Existem remédios de efeito prolongado, como venanfaxina XR, nesse caso, é o adjuvante
que faz o medicamento ser absorvido mais lentamente, consequentemente será distribuído
mais rapidamente.
Regrinha:
Medicamento com alta ligação à proteínas plasmáticas baixa eliminação maior duração
do efeito
No caso da varfarina, só 3% está livre para exercer o seu efeito farmacológico. Depois,
para manter o equilíbrio a ligação do medicamento e proteínas será desligada.
- A albumina é produzida no fígado. Se o paciente tem uma doença hepática, ele vai ter uma
redução dos níveis de albumina no organismo, um quadro de hipoalbuminemia.
Suponhamos que esse paciente tenha um problema de coagulação e vai precisar tomar
medicamento anticoagulante como a varfarina. Mas, como ele tem hipoalbuminemia, não
vai conseguir ter 97% das moléculas ligadas à albumina, pois não temos albumina suficiente.
Então, ele vai ter um aumento da fração livre. Se aumenta a fração livre, o efeito
farmacológico também aumenta. Com isso, o paciente tem risco de desenvolver
sangramentos, hemorragias.
* Existe uma dose padrão para administrar esse medicamento, mas antes eu preciso saber
como está a quantidade de albumina nesse paciente, senão aumenta a fração livre e
potencializa a ação do fármaco. Então, a dose deve ser reajustada.
Paciente está usando varfarina e um outro medicamento da classe dos AINEs que também
se liga amplamente às proteínas plasmáticas (95%). Quando eles chegam no sangue, ambos
se ligam muito à albumina. Então, na corrente sanguínea vai acontecer uma competição
desses medicamentos pela albumina. Quem ganha não é quem liga mais numericamente,
mas sim quem tem uma força de ligação maior. Nesse caso, o AINE ganha. Com isso, não
sobra albumina para a varfarina, que fica livre e tem efeito farmacológico potencializado.
Glibemclamida é muito usado para tratar DM2. E também tem mais de 90% de ligação às
proteínas. Como ele trata diabetes, ele diminui a glicemia. O paciente está com alguma
inflamação e vai tomar um AINE. Esse AINE se liga na proteína plasmática, não sobra
albumina para a glibemclamida, e essa fica livre, aumentando o efeito farmacológico. Com
isso, há uma queda brusca da glicemia do paciente e ele começa a apresentar crises de
hipoglicemia.
Cefalexina fica 15% ligada e 85% livre. Se o paciente tomar outro medicamento que
desloca a cefalexina da proteína plasmática. Suponhamos, que passe a ficar 90% livre.
Aumentou, mas proporcionalmente, não foi um aumento muito grande. Então, esses
medicamentos com baixa fração ligada tendem a gerar menos interações medicamentosas
a nível de distribuição.
* Já os medicamentos que possuem fração ligada alta, qualquer outro medicamento que os
deslocar da proteína plasmática, vai aumentar muito a forma livre e isso vai gerar interações
medicamentosas graves.
- Irrigação dos tecidos
- Lipossolubilidade
- Grau de ionização
- Tecido adiposo: é reservatório para os fármacos que são muito lipossolúveis. Exemplo:
pesticidas organoclorados, medicamento tiopental.
Quando acabar a cirurgia, o paciente vai para a sala de recuperação e demora horas
para voltar. Essa recuperação é lenta porque, ao desligar a bomba de infusão, o
medicamento para de ser infundido no sangue do paciente. Mas ele está reservado na
gordura do paciente. Como a concentração plasmática cai quando para de infundir, o tecido
adiposo vai começar a liberar moléculas de tiopental no sangue e ele vai para o SNC deprimi-
lo. Isso acontece até acabar toda a reserva do tiopental.
Por esse motivo que falamos que o tiopental é interessante para induzir a anestesia,
mas não é interessante para manter a anestesia porque a recuperação do paciente pós-
cirúrgico é lenta uma vez que ele está acumulado no tecido adiposo.
Tiopental não deve ser usado para manter a cirurgia? Não deve é uma palavra forte,
pois depende de cada situação. Ele não é recomendado, mas não impede de ser usado em
alguns casos.
- Ossos: afinidade pelo cálcio. Exemplo: tetraciclina, por isso que ela não é recomendada
para gestantes, crianças pequenas (pode gerar problemas dentários).
- Núcleo dos hepatócitos: ácidos nucléicos. Exemplo: droga antimalárica – mecaprina
- Existem tecidos que tem maior proteção contra a chegada de medicamentos. Por exemplo,
o SNC tem a barreira hematoencefálica, a placenta possui a membrana placentária.
- Esses locais são ricos em junções de oclusão que mantêm as células interligadas entre si,
impedindo a passagem de diversas substâncias.
Exemplo 1: existem medicamentos anti-histamínicos que causam sono e outros não. Toda
vez que eles conseguirem atravessar a barreira hematoencefálica e se ligar no receptor H1
da histamina, vai gerar como efeito colateral o sono. Os anti-histamínicos que não causam
sono, são aqueles cuja estrutura molecular não permite que ele atravesse a barreira
hematoencefálica.
Exemplo 2: as penicilinas são antibióticos que não atuam no SNC. É uma molécula grande
que não atravessa a barreira hematoencefálica. Mas, um dos medicamentos usados no
tratamento de meningite é a penicilina. Porque, quando o paciente possui meningite, suas
meninges estão inflamadas. No processo inflamatório, há uma maior permeabilidade, e o
medicamento consegue ultrapassar a barreira, chegar no SNC e eliminar essa bactéria. Se
estivesse intacta a barreira, o medicamento não conseguiria passar.
- É usado para estimar a capacidade que o medicamento tem de sair da corrente sanguínea
e atingir um determinado tecido para exercer o seu efeito farmacológico.
Exemplo: eu tenho 2 medicamentos e, pelo efeito farmacológico do medicamento, eu posso
dizer se seu Vd é alto ou baixo.
Medicamento com alto Vd, é aquele que sai muito facilmente da corrente sanguínea e vai
ser distribuído ao tecido, ou seja, esse medicamento tem baixa ligação às proteínas.
Medicamento com baixo Vd tem baixa distribuição para o tecido, pois ele tem dificuldade
de ir para a corrente sanguínea. Ou seja, tem alta porcentagem de ligação às proteínas.
Chega um paciente no hospital que tentou suicídio e está com intoxicação. Você precisa
tratar isso. Existem várias formas de tratar uma intoxicação. Se o paciente tomou, você pode
fazer uma lavagem gástrica, mas não vai ter um efeito tão bom, porque se o paciente tem
sintomas, ele já foi absorvido, já está na corrente sanguínea. Você vai lavar para evitar que
mais medicamento caia no sangue.
Você pode usar um antagonista, se tiver, porque ele vai impedir que o medicamento
se ligue no seu receptor. No caso do exemplo, não tem antagonista.
Você decide fazer uma hemodiálise, se você filtrar o sangue, remove a molécula do
fármaco e o paciente sai da intoxicação. Mas, para escolher isso, vai depender do Vd do
medicamento. Se o medicamento tiver um alto Vd, a hemodiálise não será interessante para
tratar, pois ele tem alta capacidade de distribuição e o medicamento já não vai estar mais
no sangue e sim no tecido. Quando ele tiver Vd baixo, tende a ficar no sangue e a
hemodiálise é o tratamento recomendado.
Cada medicamento tem um protocolo para intoxicação. E, para saber a melhor forma,
precisamos saber dos parâmetros farmacocinéticos.
O efeito farmacológico, ação de uma determinada droga cessa apenas quando toda a
droga das proteínas transportadoras plasmáticas e dos tecidos de deposito tiverem sido
removidos e a fração livre tiver sido eliminada do plasma.
Biotransformação
- Depois que o medicamento exerce o seu mecanismo de ação, não tem mais necessidade
dele continuar no nosso organismo. Então, dentro da farmacocinética temos duas etapas de
eliminação: biotransformação e excreção.
- Após biotransformação, o metabólito pode ser ativo, ou seja, permanece com atividade
biológica. Mas, na maioria das vezes, um medicamento ao ser biotransformado vai se tornar
um metabólito inativo.
- O fígado é o principal órgão metabolizador porque ele é um órgão rico em enzimas, possui
uma grande quantidade e variedade enzimática. Mas em qualquer lugar do corpo que tiver
enzimas, o medicamento pode ser biotransformado.
Exemplo 2: Propofol, anestésico geral muito usado na clínica. Também é endovenoso assim
como o tiopental, porém ele é o mais usado porque ele pode ser usado para induzir e para
manter a anestesia. O paciente não vai ter efeito residual pós-cirúrgico, porque a sua
biotransformação é muito rápida. Isso acontece, pois, além de ser biotransformado no
fígado, ele também é biotransformado em outros locais: pulmão (ao passar pelos vasos
pulmonares é biotransformado). Ele gera um metabólito inativo, consequentemente o
próximo passo é ser excretado.
Exemplo 3: Paciente usa medicamento por via oral. O medicamento passa pelo TGI e quando
chega no intestino, antes de cair na corrente sanguínea ele pode ser biotransformado. O
nome farmacológico disso é metabolismo de primeira passagem.
- Quando isso acontecer, o medicamento vai para o fígado antes de cair na circulação
sistêmica e também sofre metabolismo de primeira passagem.
Exemplo: o diazepan é um benzodiazepínico que diminui ansiedade e causa sono. Ele é uma
droga ativa que ao ser metabolizado gera metabólito nordiazepan que também é ativo e
tem os mesmos efeitos do diazepan.
Midazolam ou Diazepam qual tem maior meia vida de eliminação? Diazepam, ele demora
mais para ser excretado, pois seu metabólito é ativo.
- Um dos principais fatores que fazem a meia vida de um medicamento ser grande ou não,
é a geração de metabólitos ativos ou inativos. Quanto mais metabólitos ativos o
medicamento gerar, maior a sua meia vida de eliminação e, consequentemente, maior a sua
duração de ação.
Para fazer uma endoscopia, seda o paciente com benzodiazepínicos. Qual é mais
interessante para ser administrado, midazolam ou diazepam? Como a endoscopia é um
procedimento rápido, o mais indicado é o midazolam. Se você usar diazepam, ao acabar o
procedimento o paciente vai continuar com sono.
Exemplo 2: Outro exemplo é a levodopa que é usado para o tratamento do Parkinson, uma
doença neurodegenerativa. A sua fisiopatologia é na via dopaminérgica, chamada de via
nigroestrital. Nessa doença, o paciente tem morte neuronal dos neurônios dessa via. Como
esses neurônios produzem dopamina, sua principal fisiopatologia é diminuição dos níveis
de dopamina. Se o paciente tem pouca dopamina, o interessante seria administrar dopamina
no paciente, mas não existem comprimidos de dopamina. Porque, quando o paciente toma
a dopamina e ela cai no sangue, ela não consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica e
chegar no SNC. Então, o paciente toma comprimidos de levodopa que é um precursor
dopaminérgico. É uma substância que ultrapassa a barreira e quando chegar no SNC é
biotransformada e se transforma em dopamina.
- Existem medicamentos com ausência de metabolismo, ou seja, que não precisam ser
biotransformados para serem excretados do organismo. Quando o medicamento for 100%
eliminado de forma inalterada pelos rins, ele está sendo eliminado pela urina sem ter
alteração, isso quer dizer que ele está sendo excretado sem passar pelo fígado.
* Às vezes o paciente usa a dose normal do medicamento e tem um efeito aumentado, isso
se deve a um problema na metabolização ou na excreção.
Exemplo 2: óxido nitroso, é um anestésico inalatório. Ele é 99,9% eliminado pelo ar, exalado
do pulmão sem sofrer biotransformação. Não depende do fígado para ser transformado,
assim como as penicilinas.
Então, nem todos os medicamentos precisam ser metabolizados para serem eliminados.
- Quando o medicamento chega no fígado, pode sofrer dois tipos de reações químicas:
Reação de fase I
Reação de fase II
REAÇÃO DE FASE I
REAÇÃO DE FASE II
- A principal reação dessa fase é conjugação com ácido glicurônico: porque é uma molécula
muito solúvel em água (hidrossolúvel).
Mas nem todo medicamento que chegar no fígado vai sofrer a reação de fase I e II. Isso
depende da molécula, da estrutura química do fármaco. Mas, normalmente, os
medicamentos passam pela reação de fase I e/ou fase II.
- Cada uma das enzimas desse grupo é responsável por metabolizar um conjunto de
medicamentos.
- Algumas dessas enzimas, como a CYP2DC, podem sofrer variabilidade genética, ou seja,
pessoas podem ter quantidades diferentes dessas enzimas.
Exemplo: betabloqueador não deve ser usado como 1ª escolha em negros porque são mais
metabolizados e excretados rapidamente. Isso acontece porque a quantidade de CYP2DC é
maior e os betabloqueadores são metabolizados por essa enzima. Por isso que podemos ter
diferenças de respostas farmacológicas, um dos motivos de ocorrer isso, é a quantidade de
enzimas metabolizadoras.
- Tem como fazer a dosagem enzimática dessas enzimas metabolizadoras. Isso não é uma
prática rotineira no Brasil, mas em alguns países, a dosagem dos medicamentos é
individualizada.
- Existe uma faixa etária específica, por volta de 8 a 10 anos que as crianças têm uma
quantidade de enzimas metabolizadoras maior do que de adultos. Com isso, a proporção
de dose para crianças nessas idades é maior do que para um adulto.
CASO CLÍNICO
Uma paciente de 24 anos de idade recém diagnosticada com epilepsia. O neurologista
prescreveu o fenobarbital (anticonvulsivante indutor de CYP3A4), e ela tem uma melhora
clínica. Após alguns meses do uso, a paciente apareceu grávida. Isso aconteceu porque ela
tomava o fenobarbital junto com o contraceptivo oral. O fenobarbital por aumentar o
CYP3A4 aumenta o metabolismo do contraceptivo que começa a ser metabolizado e
excretado mais rápido. Consequentemente, seu efeito farmacológico diminui e ela
engravidou.
CONSEQUÊNCIAS
↓ a meia-vida do fármaco
Qual é a interação que acontece entre omeprazol e clopidogrel? Qual o risco dessa
interação? Qual é a enzima envolvida nesse processo?
* Clopidogrel é um anti-agregante plaquetário
- E esta competição pela mesma via de metabolização, a qual é responsável pela ativação
reduzida do clopidogrel, se dá pela variabilidade genética interindividual do CYP2C19
através de mutações de perda de função do seu gene.
Referência: PONTES, João Luis Xavier de. Avaliação do risco da associação de clopidogrel
e inibidores de bomba de prótons: uma revisão de literatura. 2018. 39f. Tese –
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, João Pessoa, 2018.
CONSEQUÊNCIAS
↓ a depuração total
↑ a meia-vida do fármaco
- Drogas administradas por via oral – mas não são todos os medicamentos usados por via
oral que sofrem metabolismo de primeira passagem.
- Determinação da biodisponibilidade.
Propranolol, verapamil, salbutamol, fenobarbital, clorpromazina, etc.
INTESTINO
- Ex: utiliza um medicamento por via oral e no intestino já sofre ação das enzimas, sendo
biotransformado antes de cair na corrente sanguínea. Por isso, deve tomar uma dose mais
alta, para que o que caia na corrente sanguínea consiga exercer o efeito farmacológico.
- Há medicamentos que você toma por via oral, vai para intestino, depois cai na veia porta-
hepática, passa pelo fígado primeiro e já vai ser biotransformado, diminuindo seu efeito
farmacológico.
PELE
- Ex: adesivos transdérmicos - na pele tem enzimas de biotransformação, então até atingir a
corrente sanguínea o medicamento sofre efeito de primeira passagem.
- Depois de ser absorvido, cair na corrente sanguínea, o medicamento precisa ser distribuído,
ou seja, chega no tecido e liga nos seus receptores para exercer o seu mecanismo de ação.
Após ter o efeito farmacológico, o medicamento está ponto para ser excretado. Para isso,
passa pela biotransformação e excreção.
- Existem medicamentos que são excretados de maneira inalterada, sem passar por
biotransformação. Geralmente esses medicamentos são os hidrossolúveis.
- O principal órgão responsável pela excreção dos medicamentos são os rins. Ou toda a sua
parte é excretada pela via renal ou uma parcela dele vai ser excretado na urina.
- Se os rins não estiverem em bom funcionamento, o medicamento não vai ser excretado
como deveria e, mesmo sendo usado em doses terapêuticas, o paciente vai ter uma
toxicidade, pois o medicamento não é excretado e se acumula no organismo.
- Mas existem medicamentos que podem ser eliminados pelos pulmões, através do ar
exalado.
- O medicamento pode ser excretado por qualquer secreção do organismo: bile, suor,
lágrimas, saliva.
- Existem fármacos que tem efeito colateral de produzir gosto metálico na boca. Por
exemplo, o zolpiclone é um hipnótico usado para induzir o sono em pacientes que tem
insônia. Esses medicamentos são fármacos usados para substituir os benzodiazepínicos que
causam dependência e tolerância aos pacientes. O zolpiclone, zeleplone, zolpidem (drogas
Z), deixa esse gosto amargo na boca. Isso se deve porque uma fração dele é excretado pela
saliva.
- Medicamentos podem ser excretados até mesmo pelo leite materno. E alguns
medicamentos podem ser excretados de maneira inalterada pelo leite. Por exemplo:
benzodiazepínicos podem ser excretados pelo leite materno. Com isso, o bebe toma o
metabolito inativo ou ativo e começa a ficar letárgico, por conta de uma depressão do SNC.
- O sangue que chega nos rins vai ser filtrado pelo glomérulo renal. As moléculas menores
passam pela filtração glomerular (FG) e caem no tubo. Algumas moléculas passam por
filtração, outras por secreção tubular (ST) e à medida que essas moléculas chegam nos
túbulos vai ser formada a urina que será eliminada.
- O medicamento que circula a corrente sanguínea também vai chegar no glomérulo renal.
Ele vai chegar no túbulo por formas variadas de acordo com o fármaco.
- Se o peso molecular for pequeno o medicamento é filtrado e passa pelo glomérulo renal.
Para isso, as moléculas têm que ter até 20.000 Da ou 20 kDa. As moléculas maiores que isso
não são filtradas.
- Moléculas maiores chegam no tubo por secreção tubular. No tubo existem proteínas
transportadores de substâncias ácidas e básicas. Essas proteínas transportam substâncias do
sangue para o tubo. Se o medicamento estiver ligado à albumina, ele não consegue ser
filtrado e passa pelas proteínas transportadoras.
- Esses transportadores são para substâncias endógenas e exógenas. Por exemplo: Ácido
úrico está presente no nosso organismo e precisa ser excretado. Ele é excretado por meio
de secreção tubular e consegue alcançar o tubo por meio de uma proteína transportadora
de substância ácida.
- Se o paciente estiver usando furosemida, diurético de caráter ácido, ele cai na corrente
sanguínea e seu local de ação é o rim. A furosemida passa para o túbulo renal graças ao
transportadores de substâncias ácidas e exerce seu mecanismo de ação na Alça de Henle.
Existem casos relatados de pacientes que usam furosemida por tempo longo e podem
desenvolver casos de gota como consequência.
- A furosemida é ácida e vai competir os transportadores com o ácido úrico para poder cair
no túbulo renal. Nesse caso, quem ganha é a furosemida porque ela é usada na forma de
medicamento tem mais quantidade e concentração. Ela passa para o túbulo e exerce a sua
função. Mas o ácido úrico vai ficar acumulado no sangue e organismo do paciente gerando
os quadros de gota. O mesmo ocorre com a hidroclorotiazida. Esses diuréticos ácidos têm
risco de causar gota no paciente, devido a competição pelos transportadores de
substâncias ácidas.
- Existem medicamentos como as penicilinas (grupo de antibióticos). As penicilinas quando
usadas em associação com os probenecidas (usado para tratamento de gota), ambas são
substâncias ácidas. Quando usamos esses 2 medicamentos, elas competem pelo
transportador no túbulo renal e quem ganha é a probenicida. A penicilina como
consequência aumenta a sua concentração plasmática. Alguns clínicos para aumentar a ação
e efeito da penicilina, prescrevem esses dois medicamentos de forma associada,
propositalmente. Isso gera uma interação medicamentosa benéfica, pois aumenta a
concentração plasmática e o tempo de ação da penicilina, que fica mais tempo no sangue
para combater a bactéria.
Então, o fármaco passa para o túbulo por filtração, se seu tamanho permitir, ou por
secreção tubular. Mas, nesse caso, há risco de competição por substâncias
endógenas e exógenas.
- Após chegar no túbulo renal o medicamento pode sofrer 2 destinos: ou vai ser excretado
pela urina ou vai sofrer reabsorção tubular.
- No túbulo renal está formando a urina, que normalmente, tem um pH levemente ácido,
entre 5,5 e 7. O medicamento que chegou no túbulo renal tem caráter ácido. Medicamentos
ácidos quando estão em ambiente ácido ficam não ionizados. Se o pKa do medicamento for
de 7,4, no pH da urina ele vai estar não ionizado, ou seja, sem carga. Se ele estiver sem carga
e tiver peso molecular pequeno, ele consegue voltar para a corrente sanguínea.
Então, intoxicação por fármacos ácidos, de maneira geral, vamos alcalinizar a urina
com uso de bicarbonato intravenoso. Isso será primeira escolha em fármacos que não
possuem antagonista.
Se a intoxicação for por fármacos básicos, acidificamos a urina com o uso de ácido
ascórbico (vitamina C), por exemplo.
- Sempre que tiver a opção, usamos o antagonista porque a resposta é mais rápida.
- Quando não sabemos que conduta tomar, há uma central de intoxicação funcionando 24h,
que você pode ligar e eles te auxiliam no tratamento.
- Conhecer a função do rim é muito importante para a excreção do medicamento. Para isso
existem exames para avaliar essa função renal e, se for necessário, ajustar a dose do
medicamento.
- Esse exame é o clearance renal de creatinina, usado para avaliar a função renal do paciente.
Isso é importante para saber se o paciente tem capacidade de excreção do fármaco (se não
tiver, deve ajustar a dose), se o medicamento for nefrotóxico devemos saber o quanto aquele
rim foi lesado, etc.
- Clearance significa depuração. Ao fazer esse exame estamos vendo qual é a capacidade
do rim de eliminar a creatinina em um volume específico de sangue por uma unidade
específica de tempo.
- O valor de referência varia de acordo com a idade (crianças, adultos e idosos), sexo. Mas
uma média de valor normal para adultos é de 90 a 120 ml/min.
- Se o clearance estiver baixo significa que o paciente não está conseguindo remover a
creatinina na quantidade adequada. Isso mostra que a função renal não está boa.
- Se o clearance cair para 75ml/min, a função renal está um pouco comprometida e vamos
usar 75% da dose total, a cada 24 horas e assim vai.
- Se o clearance cair para 20ml/min, usa-se 80% da dose, a cada 48h, ou seja, em dias
alternados.
- É necessário fazer isso para não acumular o antibiótico no organismo do paciente e gerar
consequência. Isso é chamado de algoritmo: a dose é calculada baseada no clearance de
creatinina. Isso não é feito para todos os medicamentos, apenas aqueles que dependem
muito do rim para ser excretado e que também sejam nefrotóxicos.
Por serem nefrotóxicos, não devem ser primeira escolha. Só são usados em infecções
muito fortes em que outro antibiótico não teve efeito.
- Quando o medicamento se liga no seu receptor, ele pode produzir 4 tipos de efeitos
diferentes:
1) Benéficos ou terapêuticos
2) Adversos, colaterais ou tóxicos
3) Fracos e ausentes: tolerância, taquifilaxia, etc
4) Combinados das drogas
EFEITOS BENÉFICOS
- Toda vez que administramos um medicamento no paciente, esperamos que ele tenha um
efeito benéfico.
- Quando o medicamento se liga no seu receptor, ele é capaz de produzir uma atividade
intrínseca, isso é a capacidade da droga de produzir um efeito farmacológico quando ligada
ao seu receptor.
POTÊNCIA
Esse gráfico representa 3 medicamentos diferentes. Ele mostra a dose x efeito. Se eu quiser
um efeito de 50% do medicamento, para o medicamento A preciso de uma dose X, para
obter o mesmo efeito com o fármaco B precisamos de uma dose maior, e para o fármaco C
precisamos de uma dose maior ainda. Com isso, concluímos que o fármaco A é o mais
potente dentre os 3, porque ele precisa de uma dose menor para ter o seu efeito.
EFICÁCIA
O fármaco A tem curva mais alta, isso significa que, ao utilizar doses crescentes desse
medicamento, o efeito farmacológico cresce podendo atingir 100%. Já o fármaco B, mesmo
com aumento das doses ele atinge um platô de quase 50% de efeito, logo, o fármaco A é
mais eficaz que o fármaco B.
Qual desses medicamentos é o mais potente? Fármaco A, pois ele precisa de uma dose
menor para ter um efeito farmacológico.
Qual desses medicamentos é o menos potente? Fármaco C, precisa de uma dose maior,
para ter o seu efeito.
Qual desses medicamentos tem maior eficácia? Eficácia é igual para A e B, porque a altura
da curva é igual e atingem o mesmo platô
* Potência tem a ver com dose: quanto menor a dose administrada, maior a sua potência.
* Eficácia tem a ver com a produção de um efeito farmacológico, o mais eficaz produz efeito
farmacológico maior.
EFEITOS ADVERSOS
- Previsível é quando temos a capacidade de saber que essa reação pode acontecer.
- Acontece ou quando o paciente usa uma dose elevada, ou quando o paciente usa dose
terapêutica e por ele ter dificuldade de eliminação, o medicamento acumula e aumenta a
concentração plasmática, produzindo toxicidade.
B) Efeitos colaterais:
- Propriedade que o fármaco tem de produzir o menor número de efeitos possíveis. Ex:
Atropina (muito específicos e pouco seletivos – muitos órgãos).
Especificidade
- Capacidade que o fármaco tem de se ligar ao menor número de sítios específicos. Quanto
maior a especificidade, maior o número de pontos de união no sítio receptivo. Se ligar no
menor número de receptores. Ex: propranolol
ED = dose eficaz
- Se o TD for alto, o IT também será alto. Ex: 1000/100 = 10; 10/10 = 1. Consequentemente,
se a dose tóxica for alta, o medicamento é considerado seguro.
- Às vezes, o medicamento pode ser usado pelo paciente para tratar uma doença específica,
mas ele pode ocasionar o aparecimento de outra doença.
- Consequência da ação farmacológica primária do fármaco.
Exemplo 1: uso de antibióticos para tratar infecções. Como consequência disso, paciente
pode desenvolver a Colite pseudomembranosa. Um dos antibióticos mais usados na clínica
que podem causar esse problema é a clindamicina, ampicilina e cefalosporinas. A
clindamicina, além de eliminar as bactérias do foco infeccioso, também elimina algumas
bactérias do trato gastrointestinal, não são todas, porque algumas bactérias intestinais são
resistentes a esse antibiótico, como o clostridium difficile. Porém muitas outras bactérias
intestinais serão eliminadas, isso faz com que o clostridium tenha uma maior fonte de
alimentação, porque não tem outras bactérias para concorrer a nutrientes. Esse clostridium
multiplica, libera uma toxina que causa inflamação no cólon: colite pseudomembranosa.
- Imprevisíveis = muitas vezes não imaginamos que essas reações vão acontecer.
Exemplo: existem pacientes que ao usar o ácido acetilsalicílico (AS) vão apresentar um
zumbido no ouvido. Esse zumbido geralmente aparece em casos de intoxicação. Quando
um paciente, ao tomar a dose farmacêutica do AS, sentir esse zumbido, significa que ele é
intolerante ao AS. Isso é imprevisível, não podemos prever que vai acontecer com o
paciente.
B) Reações idiossincrásicas:
- É uma resposta anormal, que não é apresentada pela maioria dos pacientes.
- Porém, existem indivíduos que podem ter reações adversas específicas a determinados
medicamentos. Isso não pode ser considerado uma reação alérgica. Não é uma reação de
hipersensibilidade, mas sim uma reação idiossincrásica.
- Por isso, pode acontecer de entrarmos em contato com um medicamento X e termos uma
hipersensibilidade, uma alergia por esse medicamento. E, ao entrar em contato com outro
fármaco similar a esse, o paciente pode desenvolver uma reação alérgica. Por isso que
precisamos estudar a estrutura química ou classificação farmacológica do medicamento.
- Toda penicilina tem uma estrutura básica: o anel beta-lactano que aparece em todas as
penicilinas. Isso significa que se eu tenho alergia a um medicamento com esse anel, eu posso
ter alergia a outros fármacos que possuem esse mesmo anel.
Exemplo: paciente tem alergia a amoxicilina, vou usar uma ampicilina nele? Não. Eu preciso
mudar a classe farmacológica, pois esses dois medicamentos são da classe das penicilinas.
Exemplo: paciente tem insônia e usa uma dose X de um benzodiazepínico para dormir. Ele
utiliza todos os dias durante meses e tem uma resposta terapêutica. Depois de alguns meses
ou anos, essa dose será insuficiente para induzir o sono, com isso precisamos aumentar a
dose do fármaco. Quando precisamos aumentar a dose do fármaco dizemos que ele se
tornou tolerante ao medicamento.
> Farmacodinâmico: o paciente tem uma dessensibilização dos seus receptores, ou seja, o
receptor perde a sensibilidade a ação do medicamento. Então, acontece uma perda gradual
do efeito.
Taquifilaxia: além da tolerância esse é um outro termo importante. É uma perda rápida
do efeito farmacológico. Enquanto na tolerância essa perda demora meses ou anos, na
taquifilaxia essa perda pode acontecer em horas, dias ou até mesmo minutos. É uma
tolerância rápida.
SINERGISMO
Sinergismo aditivo
Sinergismo potenciador
ANTAGONISMO
Exemplo: paciente chega no hospital intoxicado por substância alcaloide que foi
administrada por via oral. Uma das formas de tratar é fazer o uso de carvão ativado, porque
ao chegar no TGI ele se complexa com os alcaloides e impede a sua absorção.
Exemplo: paciente usa glicocorticoide, em altas doses, por um longo período, para tratar
uma doença autoimune. O glicocorticoide aumenta a neoglicogênese, aumentando a síntese
de glicose elevando a glicemia, então é um medicamento hiperglicemiante. O diabético usa
insulina, que é hipoglicêmica. Sendo assim, o glucagon e a insulina são medicamentos
antagônicos e esse antagonismo é fisiológico.
AGONISTAS
- Sua estrutura química é semelhante à substância endógena que deveria se ligar a esse
receptor.
- Se liga no sítio de ligação do receptor, mas esse encaixe não é perfeito. Com isso, a reposta
biológica é menor, em uma média de 50%.
ANTAGONISTAS
Antagonistas competitivos
- São aqueles que ao invés de se ligar no sítio de ligação, ligam em outra região do receptor,
como se fosse uma ligação
alostérica, e modifica a conformação
do receptor. Com isso, o agonista
endógeno não consegue se encaixar,
mas não por uma competição e sim
por modificação na estrutura
química do receptor.
- Receptores: explicam os efeitos biológicos
- Geralmente, esses receptores são segmentos de proteínas, mas também podem ser centros
ativos, ácidos nucléicos, complexos lipoproteicos. Não quer dizer que todos os receptores
farmacológicos são proteicos, mas a maioria sim.
RECEPTORES IONOTRÓPICOS
- Nesse receptor, quando a substância sinal se liga nele, em questão de milissegundos, a
resposta já acontece.
- Também chamados de canais iônicos porque o próprio receptor forma um canal onde
passa íons.
- É um receptor, então é um canal operado por ligante. Quando o ligante se liga a ele vai
haver a abertura ou fechamento do canal iônico e, consequentemente, entrada ou saída de
um íon especifico na célula.
- O receptor ionotrópico de acetilcolina tem como ligante natural a acetilcolina, porém esse
mesmo receptor também pode se ligar a alguns medicamentos.
- Existe uma classe de medicamentos que são os bloqueadores neuromusculares, que são
relaxantes musculares. São muito usados agora na COVID-19 para que o paciente possa ser
intubado.
Anestésicos locais
- O anestésico local tem como mecanismo de ação, bloquear os canais de sódio no axônio
dos neurônios. Com isso, o sódio não entra no axoplasma, o neurônio não despolariza e não
há condução do impulso. Dessa forma, o paciente não sente dor.
Sistema nervoso central e benzodiazepínicos
- No neurônio do SNC, na sua membrana está inserido um canal iônico que permite a
passagem do íon cloro.
- Quando o benzodiazepínico se liga nesse sítio de ligação, ele ocasiona uma pequena
modificação na conformação do receptor e isso aumenta a afinidade do GABA pelo seu sítio
de ligação. Assim, mais GABA vai se ligar no seu sitio de ligação. Com isso, mais cloreto entra
no neurônio, o neurônio fica mais hiperpolarizado e fica mais inibido, deprimido. Por isso
que esses medicamentos são conhecidos como depressores do SNC. Esse medicamento
potencializa a ação do GABA, aumentando a afinidade do GABA pelo seu receptor.
RECEPTORES METABOTRÓPICOS
- A proteína G possui subunidade alfa, beta e gama, ela é a associação dessas 3 subunidades.
Quando o receptor está livre, sem nada ligado a ele, a proteína G fica separada do receptor,
as subunidades estão separadas. Ligado na subunidade alfa está ligado uma molécula de
GDP.
- Quando o ligante (molécula sinal) se liga nesse receptor, o GDP é trocado por GTP e,
quando isso acontece, a proteína G inteira (com as subunidades alfa, beta e gama) migra e
se liga no receptor. Essas subunidades funcionam separadas.
Por exemplo: a subunidade alfa tem uma função separada da subunidade beta e gama. A
subunidade gama se desloca para executar uma função, as subunidades beta e gama se
deslocam para executar outra função. Essas subunidades estão juntas quando a proteína G
está associada ao receptor. Depois disso, elas se separam e cada subunidade vai ter uma
atividade, dependendo do ligante. Então, a atividade da proteína G vai depender do ligante.
- Existem 2 tipos principais de proteína G, a inibitória (GI) e a estimulatória (GS).
Exemplo 1: adrenalina se liga no seu receptor presente no coração e estimula a proteína GS,
a subunidade alfa dessa proteína GS se deslocou e foi ativar uma enzima.
- Para que esse receptor acoplado à proteína G funcione, é necessário a proteína G. Mas nem
sempre essas subunidades vão atuar sobre um canal iônico. Elas podem atuar sobre uma
enzima presente na célula onde aquele receptor está.
- Ela também atua no tecido adiposo aumentando a quebra dos lipídios, para ser utilizado
como fonte energética para os tecidos.
- A adenilato ciclase é uma enzima responsável por quebrar o ATP e transformá-lo em AMP
cíclico (AMPc). Nesse caso, a adenilato ciclase foi estimulada porque a subunidade alfa da
proteína GS (estimulatória) vai estimulá-la. Com isso, o ATP vai ser transformado em AMPc
na célula. Então, mais AMPc vai ser formado na célula.
- Esse AMPc, tem a função de ativar a proteína pKA (proteína quinase A). Proteína quinase é
aquela que fosforila outras proteínas, doa grupos fosfato a outras proteínas. Nesse caso, a
pKA doa grupos fosfato para enzimas necessárias para a quebra do glicogênio, quanto mais
pKA for estimulado na célula, mais enzimas estão sendo fosforiladas, mais glicogênio será
quebrado e mais glicose será liberado para a célula.
- Uma mulher no trabalho de parto libera mais substâncias entre eles um hormônio que é a
ocitocina que estimula o trabalho do parto. A ocitocina quando se liga no seu receptor
presente no útero, aumenta a contração do músculo uterino e, consequentemente, tem a
expulsão do feto.
- Quando a ocitocina se liga em seu receptor, a proteína G vai se ligar a ele, com as suas
subunidades. Nesse caso específico, a subunidade alfa ligada ao GTP se desloca e se liga na
fosfolipase C, estimulando-a. A fosfolipase C é uma enzima que quebra os fosfolipídeos de
membrana.
- A proteína G, a subunidade alfa, ligada ao GTP, vai estimular a fosfolipase C que vai começar
a degradar os lipídios da membrana.
Com isso, forma-se dois segundos mensageiros importantes: IP3 e o DAG que são
produtos da degradação dos fosfolipídeos de membrana.
- O DAG (diacilglicerol) tem a função de ativar uma proteína chamada de pKC (proteína
quinase C) que também fosforila outras proteínas.
- O IP3 (inositol trifosfato) é uma substancia que tem receptor na membrana do reticulo
endoplasmático da célula. Quando ele se liga no RE, abre os canais de cálcio, que ficam
armazenados no RE. Com isso, há saída maciça de cálcio do retículo que vai para o citoplasma
e contrai o músculo liso. O cálcio se liga com as proteínas contrateis (actina e miosina) e faz
o músculo contrair.
- As nossas células possuem enzimas com atividade GTPásica, elas quebram o GTP. A
fosfolipase C vai ser estimulada até que esse GTP da subunidade alfa for hidrolisado,
quebrado e transformado em GDP. Quando ele se transforma em GDP ele se junta com as
outras subunidades para dar início a um novo ciclo.
- O mesmo acontece na adenilato ciclase, o GTP vai ser hidrolisado e para de estimulá-la.
Então, para que essas enzimas parem de ser estimuladas, é preciso essa atividade GTPásica
da célula.
Cólera
- A doença cólera é ocasionada por uma bactéria que a pessoa ingere com água
contaminada. Essa bactéria causadora da cólera é ingerida e quando chega no trato
gastrointestinal, libera uma toxina, chamada de toxina da cólera. Essa toxina da cólera faz
com que a atividade GTPase das nossas células fiquem inibidas. Com isso, o GTP nunca será
hidrolisado, assim, a subunidade alfa fica com o GTP sempre ativo e ela vai estar sempre
estimulando um efetor como a adenilato ciclase.
- A consequência disso é uma maior saída de cloro e sódio para a luz do intestino porque
essa toxina estimula a atividade da enzima, junto com o sódio e o cloro vai acontecer a
migração da água, isso gera um amolecimento das fezes. Por isso, que um dos principais
sintomas da cólera é a diarreia que deixa o
paciente desidratado, podendo levar ao óbito.
RECEPTORES ENZIMÁTICOS
- Quando a molécula sinal se liga a esse receptor, a reposta da célula demora algumas horas
para aparecer.
- Quando os receptores estão vazios, esses receptores estão inativos. A insulina é um dímero
(dipeptídeo), quando ela liga em um sítio de ligação de um domínio do receptor (uma
tirosinaquinase) e em outro sítio de ligação, que é outro domínio do receptor (outra
tirosinaquinase).
- Quando a insulina se liga nesses dois domínios, essas tirosinasquinases vão se aproximar.
Quando elas se aproximam e se tocam entre si e, a atividade quinase é ativada. Se a TK está
ativada, ela vai fosforilar, ela fica autofosforilada, fica cheia de grupos fosfato. Esses grupos
fosfato da TK vão ser doados para outras proteínas intracelulares.
- Só que tudo isso acontece porque a insulina se liga no seu receptor de TK, há fosforilação
de uma série de proteínas e, consequentemente, a fosforilação das GLUT.
- Se o paciente tem uma disfunção no receptor de insulina, a glicose não vai ser captada
porque a GLUT não vai migrar para a membrana e, consequentemente, a glicose não é
interiorizada para essas células. O receptor de TK é o receptor de insulina, ele precisa se
autofosforilar para que as GLUT migrem das vesículas intracitoplasmáticas, para a membrana
da célula e captar essa glicose
RECEPTORES INTRACELULARES
- Medicamentos para se ligar nesse receptor precisa ser capaz de ultrapassar a membrana
plasmática por difusão passiva, então precisa ter baixo peso molecular, ser lipossolúvel, não
tem cargas.
- A maioria dos medicamentos se liga nos receptores citoplasmáticos e depois migram para
o núcleo.
Anti-inflamatórios
- O glicocorticoide não consegue inibir diretamente a fosfolipase A2. Não é igual o AINES
que inibem diretamente a COX. Então, o cortisol (anti-inflamatório natural), glicocorticoide
medicamento, ele vai entrar na membrana da célula, penetra na membrana da célula e vai
se ligar em um receptor presente no citoplasma da célula.
- Quando isso acontece, o receptor tem uma pequena mudança na sua conformação, vai ter
uma exposição de sítios de ligação que tem afinidade pelo DNA da célula. Com isso, o
receptor com o glicocorticoide vai migrar para o núcleo. Esse receptor junto com o
glicocorticoide vai ligar no DNA da célula, alterando a transcrição do RNA mensageiro e,
consequentemente, a síntese de proteínas.
- Nesse caso específico, o glicocorticoide vai estimular a transcrição do RNA mensageiro que
será traduzido para uma proteína chamada de anexina 1.
- Quando o paciente está usando um glicocorticoide para tratar doenças inflamatórias, ele
pode ter imunossupressão (queda do sistema imunológico) e fica mais susceptível a ter
infecções. Isso acontece porque ele possui menos anticorpos: se liga no DNA e inibe a
transcrição do RNAm que será traduzido em anticorpos.
- São um dos principais pontos chaves na farmacoterapia, porque muitos pacientes utilizam
uma grande variedade de medicamentos que podem interagir entre si e alterar a atividade
um do outro.
- Essas interações medicamentosas podem ocorrer, precisamos saber disso para tentar evita-
las e consequentemente contribuir para a farmacoterapia do paciente.
- Os medicamentos podem interagir entre si, interação fármaco x fármaco. Nesse caso é
importante saber que seu efeito farmacológico pode ser reduzido ou aumentado. Na maioria
das vezes, a interação medicamentosa acontece entre os fármacos.
- Interação fármaco x álcool: os fármacos também podem interagir com o álcool, essa
interação pode acontecer de várias formas. O álcool também é capaz de influenciar no efeito
farmacológico de um medicamento.
- Interação fármaco x tabaco: existem relatos, artigos publicados mostrando que o tabaco
pode alterar as enzimas do CYP450.
- Interação fármaco x alimentos: os alimentos podem alterar desde a taxa de absorção dos
medicamentos, aumentando ou diminuindo ou também podem influenciar em um efeito
farmacológico direto. Um exemplo disso são os inibidores da monoamina oxidase (IMAOs),
são medicamentos antidepressivos que não devem ser usados ou associados com alimentos
que são ricos na substancia tiramina. Essa substancia está presente em alimentos como:
chocolate, queijo, vinho, fígado de galinha. IMAOs não devem ser usados juntos com esses
alimentos, pois ao inibir a MAO do TGI, está inibindo a degradação da tiramina presente
nesses alimentos. A tiramina quando atinge o TGI é degradada pela MAO, se o medicamento
está inibindo a MAO, a tiramina não será degradada, vai ser mais absorvida e uma maior
presença dessa substancia na corrente sanguínea culmina em uma elevação brusca da
pressão arterial, porque a tiramina é importante para a liberação de noradrenalina das
vesículas pré-sinápticas: quanto mais tiramina tem na corrente sanguínea, mais
noradrenalina será liberada e o paciente pode ter um pico de hipertensão arterial, sendo até
mesmo necessário hospitalização.
A interação medicamentosa acontece toda vez que o medicamento interage com outras
substancias.
Não podemos dizer que toda interação medicamentosa é maléfica, mesmo existindo
vários exemplos clínicos para isso. Porém, não são todos os casos de interação
medicamentosa que terá um efeito maléfico.
- Existem pacientes que possuem fatores que predispõe para as interações medicamentosas.
- Nesses pacientes, temos que ter uma atenção especial ao prescrever medicamentos, devido
ao risco aumentado do desenvolvimento das interações medicamentosas.
IDOSOS
- Tendem a consumir vários medicamentos, porque a medida que a idade avança, o número
de patologias aumenta e precisamos usar medicamentos para tratar cada uma dessas
patologias. Como o idoso usa mais medicamentos, ele é mais susceptível a ter interações
medicamentosas.
- Qualquer paciente que tenha algum distúrbio fisiológico, ou seja, qualquer paciente que
tenha alguma dificuldade de excretar, ou distribuir medicamentos também estão
susceptíveis a essas interações.
- Muitas vezes são pacientes jovens, adultos que podem ter um risco maior de interação
medicamentosa devido a problemas hepáticos e renais.
PACIENTES DESNUTRIDOS
- Esses pacientes tendem a ter uma redução dos níveis de albumina, proteínas plasmáticas
no geral.
CARACTERISTICAS GENÉTICAS
- Por exemplo, existem alguns pacientes que são metabolizadores rápidos e outros lentos
dos medicamentos. Essas características genéticas vão influenciar no processo de
biotransformação e culminar em uma resposta terapêutica alterada.
- Muitas vezes a interação medicamentosa não acontece entre os medicamentos que você
prescreveu, mas sim entre os fármacos utilizados pelo paciente em casa, sob forma de
automedicação e um medicamento que foi prescrito na consulta.
PACIENTES POLIMEDICADOS
- Quanto maior o número de medicamentos usados pelo paciente, maior será o risco de
desenvolvimento de interações medicamentosas.
- Ela pode acontecer quando dois medicamentos são incompatíveis entre si quando
misturados antes de ser administrado em determinado paciente. Isso pode acontecer, muitas
vezes associamos medicamentos com soros, associa 2 fármacos em uma mesma seringa.
- Quando os fármacos são incompatíveis entre si, esses 2 fármacos ao serem misturados vão
alterar de cor (amarelado, esverdeado), de límpida se torna leitosa, turva, ou os fármacos
precipitam. Isso indica interação medicamentosa.
- Anfotericina B (antifúngico usado para infecções fúngicas graves) é usada por via
endovenosa, mas não deve ser misturada com solução fisiológica, pois são substancias
incompatíveis. Fica turgido, a anfotericina precipita no soro.
Essas tabelas de incompatibilidade ficam nos setores onde os medicamentos são mais
utilizados, para evitar a associação entre eles.
INTERAÇÕES TERAPÊUTICAS
- Acontece quando:
Uma substancia é capaz de quelar (se complexar) com outro fármaco no TGI. Quando
essa quelação ocorre, um dos medicamentos pode influenciar na taxa de absorção da outra
droga e isso vai comprometer o efeito farmacológico.
Exemplo: alguns antibióticos são capazes de eliminar bactérias da flora intestinal que são
importantes para a ativação dos hormônios contidos nos contraceptivos hormonais. O
estrógeno que é consumido nos anticoncepcionais depende de enzimas produzidas pelas
bactérias intestinais para ser ativado e, consequentemente, absorvido. Então, se o paciente
utiliza um antibiótico que elimina essas bactérias, essas enzimas serão menos produzidas, e
o hormônio será menos ativado. Por isso que se fala que os antibióticos podem reduzir o
efeito dos anticoncepcionais.
Um fármaco, alimento ou substancia altera (aumenta ou diminui) o pH do TGI. Com isso,
a ionização dos medicamentos também será alterada. Dessa forma, posso alterar a
capacidade do medicamento ultrapassar a MP e atingir a corrente sanguínea.
- O que pode fazer para diminuir o risco das interações medicamentosas a nível de absorção:
- Uma das formas do medicamento interagir a nível de distribuição é quando ele desloca um
medicamento da sua proteína plasmática, aumentando a sua fração livre, e esse aumento da
fração livre pode aumentar o risco de toxicidade, porque se a fração livre aumenta de forma
considerável, o paciente vai ter uma elevação brusca do efeito terapêutico do fármaco.
- Tem uma importância maior, quando o medicamento tem uma alta fração ligada, uma
porcentagem de ligação maior que 85%. Ou seja, medicamentos com alta fração ligada tem
mais risco de sofrer interação a nível de distribuição.
Exemplo: varfarina tem 97% de porcentagem de ligação, os outros 3% são responsáveis pelo
efeito anticoagulante. Então, se eu tiver um pequeno aumento da fração livre, já é suficiente
para exacerbar o efeito farmacológico e o paciente tem risco para desenvolver uma
hemorragia.
- Outra interação pode acontecer entre os AINEs e os hipoglicemiantes orais, usados para
tratar DM2, que também tem alta fração ligada. Um exemplo dessa interação são os AINEs
e a gliblenclamida (hipoglicemiante que aumenta a liberação de insulina pelas células beta-
pancreáticas). Quando são tomados juntos, os AINEs deslocam a glibenclamida da proteína
plasmática, que aumenta a sua fração livre, aumenta o efeito farmacológico e o seu aumento
significa risco de crise ou picos de hipoglicemia, uma vez que a gliblenclamida livre aumenta
o seu efeito farmacológico.
- A tabela a seguir mostra fármacos que interagem entre si e qual o efeito obtido através
dessa interação:
Exemplo: clofibrato (fibratos usados para tratamento de dislipidemia, destacando-se a
hipertrigliceridemia) e a tiroxina (hormônio tireoidiano). O clofibrato desloca a tiroxina da
proteína plasmática, vai ter aumento desse medicamento na sua forma livre, aumentando a
sua atividade e, com isso, o paciente vai ter um hipertireoidismo.
Toda vez que um fármaco é deslocado da sua proteína plasmática, o seu efeito
farmacológico aumenta.
- A maioria dos medicamentos são metabolizados no fígado, porque lá existe uma grande
quantidade de enzimas responsáveis por esse processo, principalmente as enzimas do
citocromo P450.
- Por exemplo, o paciente usa um medicamento que causa lesão hepática, com isso o
metabolismo de um segundo fármaco estará prejudicado porque o fígado não estará em
suas plenas condições fisiológicas. Isso também é considerado uma interação
medicamentosa a nível de distribuição.
Quando um medicamento é capaz de alterar o fluxo sanguíneo renal: com isso altera a
TFG. Se o medicamento reduzir o fluxo sanguíneo renal, ele reduz a chegada de outro
fármaco até os rins, e esse outro medicamento pode ter sua excreção comprometida. Ou o
medicamento pode aumentar o fluxo sanguíneo renal, com isso, outro medicamento chega
mais rápido no rim e será mais excretado. Então, a TFG e o fluxo sanguíneo renal são
importantes para o processo de excreção quando o remédio depende do rim para ser
excretado.
Medicamento é considerado nefrotóxico: a lesão causada por ele nos rins, vai influenciar
na excreção de outro medicamento. Quando os rins estão lesados, eles têm uma dificuldade
de eliminação de outro fármaco, com isso o segundo medicamento terá uma excreção
comprometida e poderá inclusive se acumular na corrente sanguínea.
* Outro exemplo disso é a interação do ácido úrico com alguns diuréticos, mas não é
considerado interação medicamentosa porque o ácido úrico não é um medicamento.
- Alguns AINEs (salicilatos e fenilbutazona) podem causar alteração de função renal e isso
eleva os níveis de determinados fármacos no organismo (sangue) aumentando o seu efeito
farmacológico
- Ocorrem no sítio de ação dos fármacos envolvendo o mecanismo de ação pelos quais os
efeitos farmacológicos se processam.
Exemplo: efeitos antagônicos podem diminuir o efeito de um do outro, sendo ruim. Mas isso
é bom em casos de intoxicação. Lembrar que em casos de intoxicação com benzodiazepínico,
como o clonazepam, usamos como antagonista o flumazenil. O flumazenil está impedindo
ou inibindo os efeitos maléficos causados pelos benzodiazepínicos.
- Paciente começa a usar um diurético poupador de potássio, que agem no ducto coletor.
E o paciente faz suplementação em casa de potássio. Nesse caso é maléfico e o paciente vai
ter uma hiperpotassemia, pois aumenta muito a concentração no sangue.
- Paciente usa álcool junto com sedativo hipnótico, ambos depressores do SNC, então o
paciente tem prejuízo das habilidades psicomotoras. Alguns pacientes até mesmo evoluir
para depressão respiratória, coma e morte.
- Pacientes usam os AINEs, medicamentos que inibem a COX, ou seja, inibem a síntese de
prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxano A2. O tromboxano A2 é um agregante
plaquetário, então o AINE tem função anti-agregante. Se o paciente usa AINE + anti-
agregante plaquetário ele pode ter uma hemorragia. Um AINE muito usado na clínica é o
AAS, usado como profilaxia para trombose. Se o paciente usar AAS + clopidogrel, que
também é anti-agregante plaquetário, a agregação plaquetária está muito reduzida e pode
causar hemorragias graves.
- Paciente vai fazer um procedimento e precisa usar um anestésico local. Anestésico local é
usado na clínica junto com vasoconstritor. Queremos que o anestésico tenha efeito local,
ao usar vasoconstritor você diminui o fluxo sanguíneo da região, com isso o anestésico local
não cai na corrente sanguínea, não será distribuído e ficará mais tempo naquele local
exercendo sua função. Muitos vasoconstritores são adrenérgicos, a própria adrenalina é um
vasoconstritor usado. Mas, existem situações, em que o vasoconstritor pode cair no sangue.
Como consequência, se a adrenalina cai no sangue pode ativar o simpático do paciente,
aumentar a pressão arterial, causar taquicardia. Esse risco existe, porque se a adrenalina cair
sozinha na corrente sanguínea vai exercer essa função.
Existem alguns anestésicos locais que são usados com vasoconstritores como a
felipressina que é vasoconstritor não-adrenérgico, ou seja, não ativa o SNS. Se o paciente já
possui risco cardiovascular, prefere-se não usar vasoconstritores adrenérgicos.
Interações antagônicas ou antagonistas
- Paciente tem DM1 e usa substancias hipoglicemicas: metformina, insulina. Começa a fazer
uso disso e a glicemia fica controlada. Depois disso, ele foi diagnosticado com lúpus, uma
doença autoimune. Um dos tratamentos da doença autoimune são os glicocorticoides.
Inicialmente, é prescrito uma dose alta de prednisona, glicocorticoide imunosuperessor. É
sabido que glicocorticoide é capaz de aumentar a síntese de glicose, pois aumentam enzimas
da neoglicogenese. Então, pacientes que nunca tiveram diabetes e tem doença autoimune
pode desenvolver diabetes medicamentosa. Se o paciente já for diabético, ele vai ter uma
glicemia descontrolada, provavelmente vai ter que aumentar a dose do hipoglicemico.
- Paciente queixa que não consegue dormir e tem insônia. Se prescrever droga hipnótica e
a pessoa bebe café (cafeína) são substancias antagônicas. Isso bloqueia a hipnose causada
pelo medicamento.
O inibidor de ECA quer reduzir a pressão arterial, se você usar um AINE, que inibe a
síntese de prostaglandinas que são vasodilatadoras. A tendência dos AINEs é aumentar a PA.
Pacientes hipertensos não controlam a PA por automedicação com AINEs, muitas vezes.
- Se você está tomando um medicamento depressor do SNC não combina com álcool que
também é depressor do SNC.
Metabolismo do etanol
- Acetaldeído é toxico no nosso organismo, por isso vai ser metabolizado pela acetaldeído
desidrogenase, que transforma acetaldeído em acetato.
- O álcool não combina com medicamento, se você quiser que o paciente tenha uma
resposta farmacológica interessante, você não recomenda uso de álcool durante o
tratamento.
- Todavia, nem sempre essa relação é maléfica, pois algumas das interações farmacológicas
são até́ mesmo desejáveis na clínica odontológica. O exemplo clássico diz respeito à
associação do sal anestésico a um vasoconstritor. Este último, ao promover a constrição dos
vasos sanguíneos no local onde a solução foi depositada, proporciona a diminuição da
velocidade de absorção do anestésico, reduzindo sua toxicidade sistêmica e aumentando o
tempo de duração da anestesia.
- Ao contrário, existem interações entre fármacos ou entre fármacos e alimentos que podem
acarretar problemas de real significado clínico, sendo algumas delas previsíveis, mas todas
podem ser evitadas, desde que sejam tomadas medidas de ordem preventiva.
4) Somação: resposta aumentada que acontece quando os fármacos têm ações ou efeitos
similares e são administradas em conjunto.
5) Sinergismo: interação que produz uma reposta exagerada, maior que a conseguida com
ambos os fármacos administrados individualmente, na máxima dose efetiva.
BETABLOQUEADORES
ANTIDEPRESSIVOS
- Não existe relatos desse tipo de interação com os inibidores seletivos da receptação de
serotonina (fluoxetina, sertralina, paroxetina e citalopram), que não interferem na recaptura
da norepinefrina. Mas, eles são capazes de inibir enzimas hepáticas que participam da
metabolização da lidocaína, podendo aumentar a sua toxicidade.
ANFETAMINAS E DERIVADOS
COCAÍNA
- Logo após o uso, a cocaína provoca constrição do baço e um aumento de 4-6% do número
de glóbulos vermelhos que uma vez na circulação, aumentam a viscosidade do sangue e o
risco de trombose. Além disso, ela parece induzir uma produção maior de um fator de
coagulação sanguínea, o fator de von Willebrand que aumenta em até 40%, contribuindo
ainda mais para a formação de coágulos intravasculares.
- O tempo médio entre o uso da cocaína e o início da trombose arterial aguda foi de
aproximadamente 9 h.
- Enquanto o efeito da cocaína ainda é ativo ou observado, o risco de uma interação adversa
é bastante aumentado, caso um vasoconstritor adrenérgico seja inadvertidamente injetado
no sistema vascular sanguíneo, causando inicialmente um aumento brusco da pressão
arterial e taquicardia, seguida de fibrilação ventricular, infarto do miocárdio, eventual parada
cardíaca e óbito.
- O mesmo pode ser dito com relação aos usuários de crack (que nada mais é que do que a
cocaína sob a forma de base livre, tornando-se volátil quando aquecida), que apresenta
efeitos agudos e padrões de toxicidade similares aos da cocaína (ou até maiores).
FENOTIAZÍNICOS
- Uma pequena quantidade de solução anestésica com epinefrina (ou similares) pode
potencializar a hipotensão arterial, em geral associada ao uso dos fenotiazínicos, explicada
pela estimulação de β-receptores dos vasos da musculatura esquelética.
DEPRESSORES DO SNC
- Paracetamol tem grande efeito hepatotóxico. Quando é prescrito para pacientes que fazem
o uso crônico de álcool etílico, há aumento da conversão do paracetamol em um metabólito
altamente tóxico, que pode causar danos graves ao fígado.
- Além disso, o paracetamol não deve ser associado a outros fármacos também considerados
hepatotóxicos, como o antibiótico eritromicina e o clavulanato de potássio, que geralmente
é associado a amoxicilina.
- Estudos também revelam que a nimesulida tem efeito hepatotóxico e não deve ser
administrada juntamente com o paracetamol.
PARACETAMOL + VARFARINA
DIPIRONA
- Pode potencializar o efeito do etanol, por isso não deve ser administrada simultaneamente
com bebidas alcóolicas.
ANTICOAGULANTES
- Por possuírem alto grau de ligação às proteínas do plasma, os AINEs competem com a
varfarina por essa ligação, deslocando-a e potencializando seus efeitos. O resultado clínico
de tal interação reside no aumento do risco de hemorragia.
ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS
- Interação adversa que ocorre entre os anti-inflamatórios não esteroides com a aspirina e o
clopidogrel, anti-agregante plaquetário empregados rotineiramente na prevenção do infarto
do miocárdio e do tromboembolismo cerebral.
ANTI-HIPERTENSIVOS
- Anti-hipertensivos que não dependem das prostaglandinas renais para exercer sua ação,
como ocorre com os inibidores dos canais de cálcio (nifedipina, verapamil ou diltiazem)
parecem não estar implicados nesse tipo de interação.
HIPOGLICEMIANTES ORAIS
- Por possuírem alta taxa de ligação às proteínas plasmáticas, os AINEs podem deslocar as
sulfonilureias (clorpropamida e glibenclamida) de seus sítios de ligação à albumina. Como
consequência, pode ocorrer um episódio de hipoglicemia.
ÁLCOOL ETÍLICO
- O antibiótico podem modificar sua absorção pelo organismo: substancias levemente ácidas
ou alcalinas e com comportamento apolar dissolvem-se bem nos fluidos corporais, por se
encontrarem na forma não ionizada. Dependendo das condições de acidez do meio em que
se encontram, elas podem se converter à forma ionizada, que é pouco absorvida.
- O etanol estimula diretamente as membranas do aparelho digestório, promovendo maior
produção de ácido clorídrico e aumento dos movimentos peristálticos do estômago e do
intestino, podendo provocar diarreia e vômitos. Isso acarreta a passagem mais rápida e
menor absorção dos fármacos pelo estômago e pelo duodeno.
- Dessa forma, a ação do álcool não ocorreria diretamente sobre as moléculas do antibiótico,
mas sim interferindo negativamente na sua absorção. Uma menor absorção implicaria
menores concentrações do antibiótico na corrente sanguínea, diminuindo sua ação. Já foi
demonstrado que o álcool pode inibir a absorção e aumentar a degradação das penicilinas
no estômago por um período de até 3 h após sua ingestão.
- As vias de metabolização do etanol ocorrem no fígado e por esse mecanismo, que ocorre
em 2 fases, há a transformação do etanol em outras substancias que serão usadas pelo
organismo ou excretadas pela urina. A primeira fase consiste na oxidação do etanol a
acetaldeído pela enzima álcool desidrogenase. O acetaldeído é oxidado a acetato pela
acetaldeído desidrogenase. O etanol também aumenta a indução de uma enzima CYP450,
responsável pela metabolização no fígado de diversos medicamentos, incluindo os
antibióticos. Substancias que contenham grupamento de nitrogênio ou composição de
nitrogênio com enxofre na sua estrutura podem inativar a enzima acetaldeído
desidrogenase, impedindo a conversão de acetaldeído proveniente do etanol em acetato.
EFEITO DISSULFIRAM
- Esse quadro está ligado ao fármaco utilizado para combater o abuso de álcool etílico. Após
o desaparecimento desses sintomas, o paciente fica exausto e pode dormir por várias horas.
O “efeito dissulfiram” também é conhecido como “efeito Antabuse”, outro nome para essa
droga. No Brasil é comercializada como Antietanol.
HEPATOTOXICIDADE
- Outro risco de beber e tomar antibióticos é que o álcool pode promover um dano maior
que o normal ao fígado, quando o antibiótico já possui por si só uma atividade tóxica para
esse órgão, como é o caso da eritromicina (na sua forma de estolato) e da azitromicina. No
entanto, os efeitos tóxicos são maiores para os usuários crônicos de álcool. Para aqueles que
bebem moderadamente, não causará maiores danos, embora possam surgir náuseas,
vômitos e dores abdominais.
AUMENTO DA DIURESE
- O álcool pode promover ainda um efeito diurético, pois inibe a liberação de vasopressina
(hormônio antidiurético) da hipófise posterior. Com isso, ocorre um aumento na excreção de
diversas substancias, entre elas os antibióticos.
- Para que o antibiótico tenha efeito, é necessário que ele esteja com uma concentração
sanguínea e tecidual acima da concentração inibitória mínima (CIM), ou seja, a menor
concentração necessária para matar as bactérias ou inibir seu crescimento. Por isso que deve
ser tomado em intervalos regulares, nos horários prescritos.
CONTRACEPTIVOS ORAIS
- Com exceção da rifampicina e similares, falta suporte cientifico para demonstrar que outros
antibióticos podem reduzir os níveis sanguíneos e/ou a eficácia dos contraceptivos orais.
Esses metabolitos estrogênicos são excretados na bile, a qual se esvazia no TGI. Parte
dos metabólitos hidrolisada pelas enzimas das bactérias intestinais, liberando estrógeno
ativo, sendo o remanescente excretado nas fezes. O estrógeno ativo liberado pode então ser
novamente absorvido, estabelecendo-se o ciclo entero-hepático, que aumenta o nível
plasmático de estrógeno circulante.
Esse mecanismo não explica os fracassos relatados com os CO que possuem apenas
progesterona em sua formulação, quando empregados de forma concomitante com
antimicrobianos, pois os metabolitos inativos da progesterona não são excretados na bile de
forma a serem hidrolisados em progesterona ativa.
4) Aumento da excreção dos CO: não há dados consistentes na literatura, nem mesmo para
aqueles antibióticos que provocam diarreia.
CARBONATO DE LÍTIO
- Um único caso desse mesmo tipo de interação foi relatado com o cloridrato de tetraciclina,
após uma semana de tratamento com 250mg a cada 8 h, quando as concentrações
sanguíneas de carbonato de lítio atingiram 2,74 mEq/L. Entretanto, um ensaio clínico em 14
voluntários saudáveis demonstrou o contrário, ou seja, que os níveis sanguíneos de lítio
decresciam ligeiramente após o uso concomitante de tetraciclina por uma semana, na
dosagem de 1 g/dia.
VARFARINA
- Anticoagulante oral bastante empregado pelos cardiologistas, que age como antagonista
da vitamina K, mas que também possui baixo índice terapêutico. Assim, a administração
concomitante de outras substancias pode levar a um aumento da atividade anticoagulante,
acarretando hemorragia.
- Um aumento acentuado nos efeitos da varfarina tem sido relatado em alguns pacientes
que fizeram uso simultâneo de eritomicina, claritromicina ou metronidazol, em tratamentos
de 5-8 dias. Embora o aumento da atividade anticoagulante ocorra em poucos indivíduos,
essa interação é potencialmente grave por ter suporte em dados farmacocinéticos.
DIGOXINA
- A entidade FDA (Food and Drug Administration) diz que a azitromicina pode provocar
mudanças na atividade elétrica do coração, podendo levar a um ritmo cardíaco irregular e
fatal. Os pacientes de maior risco para esses efeitos seriam os que têm alongamento do
intervalo QT, com baixos níveis sanguíneos de potássio ou magnésio, bradicardias ou
usuários de alguns medicamentos antiarrítmicos como a amiodarona.
- Essa produção segue uma liberação que pode variar de acordo com o horário do dia,
chamado de ciclo circadiano. Isso justifica o motivo pelo qual, muitas pessoas ao ter uma
infecção de garganta, por exemplo, no início do dia têm sinal de melhora clínica e durante a
noite os sintomas da inflamação pioram. Isso acontece porque a liberação de corticoides
endógenos é aumentada no início do dia e reduzida no início da noite.
- Para que qualquer medicamento tenha uma atividade, um efeito de glicocorticoide, anti-
inflamatório, ele tem que ter uma estrutura química básica da hidrocortisona.
Estrutura básica: 4 anéis ligados entre si (ciclopentano peridrofenantreno) e no carbono 11
é necessário que se tenha uma hidroxila (OH). Dependendo do grupamento químico que
estiver ligado, tem-se medicamentos diferentes.
- Para que o glicocorticoide tenha um efeito anti-inflamatório, ele precisa ter a hidroxila.
- A cortisona e a prednisona são dois medicamentos que não possuem a hidroxila, ao invés
disso, possuem uma dupla O. Como precisamos da hidroxila para ter um efeito anti-
inflamatório, cortisona e prednisona não tem efeito anti-inflamatório. Eles são considerados
pró-fármacos, ou seja, precisam ser metabolizados para adquirirem atividade farmacológica.
- Se a cortisona e a prednisona são pró-fármacos, quer dizer que elas têm que sofrer
metabolismo para adquirirem essa hidroxila.
- Prednisona tem oxigênio no carbono 11 e precisa ganhar hidrogênio no fígado, ficar com
um OH e se transformar em prednisolona, que é o medicamento ativo e vai ter atividade
anti-inflamatória.
Paciente tem processo inflamatório e você vai prescrever uma pomada. No mercado
temos pomada de cortisona ou hidrocortisona? Hidrocortisona. Não podemos passar
cortisona na pele, pois vai ter efeito local. A cortisona precisa ser metabolizada no fígado
para exercer o seu mecanismo de ação e, se for usada na pele, não vai conseguir ser
metabolizada.
Se a prednisona é metabolizada e se transforma em prednisolona, por que no mercado
temos comprimidos dos dois tipos? O principal motivo é que existem pacientes hepatopatas,
que não podem tomar pró-fármacos que dependem do fígado para serem metabolizados e
se transformarem em prednisolona, que é o fármaco ativo. Nesses casos, é melhor prescrever
o fármaco que já seja ativo (prednisolona e hidrocortisona).
* Vantagem do pró-fármaco é sua ação mais prolongada, logo ele é usado menos vezes ao
dia, aumentando a adesão ao tratamento.
- A medida que altera essa molécula básica da hidrocortisona, vamos adquirir novos
glicocorticoides que tem potência anti-inflamatória variada, alteramos duração de ação
(pode ser mais prolongada ou não) e a capacidade de retenção de sódio (alguns vão reter
mais sódio, puxa água e o paciente fica edemasiado. Outros não retém tanto sódio).
FARMACOCINÉTICA
Via oral
Via parenteral - intramuscular ou endovenosa, doenças autoimunes.
Via tópica
Via inalatória - paciente com asma.
MECANISMO DE AÇÃO
- Quando o glicocorticoide se liga no receptor, ele vai mudar sua conformação e vai expor
um sítio de ligação para o DNA, migra para o núcleo da célula e liga em uma região no DNA,
chamada de elemento de resposta ao glicocorticoide.
- Os glicocorticoides, diferentemente dos AINES, tem uma inibição indireta, vai no núcleo,
aumenta a transcrição do RNAm que aumenta a produção de uma proteína chamada de
anexina 1. Essa anexina 1 vai inibir a fosfolipase A2.
- Logo, o AINE, como tem ação direta, possui uma ação farmacológica muito mais rápida
que o glicocorticoide.
- Depois que os glicocorticoides exercem o seu mecanismo de ação, como são lipossolúveis
eles precisam ser biotransformados no fígado, passar pela conjugação com ácido glicurônico
tornando-os mais hidrossolúvel, capazes de serem eliminados pela urina.
- Além disso, altera a estrutura química para que se torne inativo: ele perde a hidroxila do
carbono 11, por exemplo.
Quando o glicocorticoide age no núcleo para exercer a sua função, ele aumenta a síntese
não apenas de anexina, mas também altera a transcrição de um tanto de RNAm, a tradução
de várias proteínas diferentes, por isso causa muitas reações adversas, ou seja, ele não é
seletivo.
EFEITOS COLATERAIS
- São comuns em pacientes que usam em altas doses ou por período de tempo prolongado,
como em casos de pacientes com doenças autoimunes, pois essas doenças não têm cura e
precisam de doses maiores.
HIPERGLICEMIA
Diabetes medicamentosa
METABOLISMO DE LIPÍDEO
- Atuam nos adipócitos, e esses adipócitos, como por exemplo o dos membros, são mais
responsivos, aumentam a lipólise desses locais. A tendência é que o paciente tenha uma
perda de gordura dos braços e das pernas, mas os adipócitos da região central são mais
resistentes e começam a ter acúmulo de gordura na região central, ocasionando uma
obesidade centrípeta.
- O rosto também acumula lipídeo, denominado de face de lua cheia - também ocorre pela
capacidade de retenção de sódio e consequentemente de líquido - também causa edemas.
- Por reter sódio também pode causar hipertensão arterial. Aumenta retenção de sódio,
excreção de potássio e diminui a absorção de cálcio.
- Tem uma redução da capacidade de produção da matriz óssea podendo desenvolver essa
osteoporose. É muito comum o médico receitar o cálcio e a vitamina D para aumentar a
reabsorção óssea do paciente.
PRODUÇÃO DE COLÁGENO
- Inibe síntese de colágeno. A pele fica mais fina, mais frágil, ocorre o adelgamento da pele,
pois altera e inibe a síntese de colágeno. Às vezes, só da pessoa coçar pode gerar
sangramento.
- Essa diminuição também aumenta a chance de equimoses, pois a firmeza de nossos vasos
sanguíneos é dada pela presença de colágeno que vai estar diminuída.
Glicocorticoides não podem ser retirados de uma vez do organismo por causa do
feedback negativo. Porque a suprarrenal não vai produzir esse hormônio endógeno após
altas doses durante um longo período de tempo. Tem que fazer desmame, precisa fazer
redução gradual da dose, para dar tempo de a suprarrenal produzir adequadamente a
quantidade suficiente.
- Os AINEs são muito mais usados na clínica e também pela população mesmo sem
prescrição. Existem muitos AINEs que são MIPs, ou seja, medicamentos isentos de prescrição.
Mas isso não significa que o paciente não precisa de orientação, eles podem causar efeitos
colaterais se usados de maneira inadequada.
- AINE pode ser usado para tratamento de processos inflamatórios de maneira em geral, dor,
edema e febre (antipiréticos ou antitérmicos). Seu principal uso é para tratar inflamação, mas
depende do medicamento. Existem AINEs que tem uma ação anti-inflamatória interessante
e podem ser usadas para o tratamento de inflamações em articulações, ossos, musculares. E
existem outros que tem potência anti-inflamatória baixa, então eles vão ser mais usados para
tratamento da dor e febre.
- Alguns AINEs também podem ser usados como profilaxia para doenças vasculares de
maneira em geral: cardiovasculares e cerebrovasculares.
Exemplo: existem pacientes que usam AAS como profilaxia antitrombótica e ele é um AINE.
Isso acontece porque eles inibem a síntese de tromboxano A2 (TXA2), consequentemente,
inibem a agregação plaquetária.
* Existem medicamentos usados no tratamento da asma, que tem como mecanismo de ação,
bloquear os receptores de leucotrienos (anti-leucotrienos). Exemplo de um desses
medicamentos é o montelucaste, zafirlucaste que impedem a broncoconstrição.
- Ácido aracdônico também pode sofrer ação da COX, produzindo prostaglandina, que
originará outros produtos importantes. Ao sofrer ação da COX produzem prostaglandinas,
prostaciclinas e tromboxano A2. Essas substâncias são chamadas de mediadores
inflamatórios, ou seja, é necessário que esses produtos sejam formados para que tenhamos
os sintomas da inflamação.
- Quanto maior a ativação da cascata da inflamação, quanto maior a síntese desses produtos,
mais dor, edema o paciente vai ter, maior será a temperatura corporal, ou seja, o paciente
pode ter febre.
- Os AINEs inibem a COX, uma enzima que existe em vários subtipos, sendo os principais a
COX 1 e a COX 2.
- Isso significa que a COX 1 é produzida e sintetizada pelos nossos tecidos endogenamente,
fisiologicamente. Precisamos dela mesmo sem processos inflamatórios.
- Ela origina prostaglandinas que são importantes. Por exemplo: nos vasos sanguíneos a
COX 1 produz prostaglandinas que são vasodilatadoras e isso é interessante em quantidades
adequadas, pois controlam a PA.
- Essas prostaglandinas também são produzidas nos rins e, por aumentarem a vasodilatação
renal, aumentam o ciclo sanguíneo renal. Elas são consideradas protetoras renais (aumenta
a irrigação do glomérulo, das células renais, aumenta a chegada de oxigênio e nutrientes).
- Nas células estomacais a COX 1 produz prostaglandinas que causam uma citoproteção
gástrica, aumenta vasodilatação, chegada de bicarbonato, que controla o pH estomacal,
também aumenta a produção de muco.
- Outro local que precisamos de COX 1 é na plaqueta. A COX 1 das plaquetas produzem o
tromboxano A2, capaz de produzir agregação plaquetária, importante para o controle da
hemostasia. Então, a COX 1 é fisiológica, é necessária. Nosso organismo precisa produzi-la.
- Hoje já se sabe que a COX 2 não é apenas patológica. Ela também é constitutiva, fisiológica
em alguns tecidos. Ela não é constitutiva como a COX 1.
COX 2 – induzida nas células inflamatórias quando estas são ativadas – interleucinas – IL1,
IL2 e TNF-alfa, PGs que mediam inflamação, dor e febre.
- Inibem COX de maneira geral, tanto COX 1 quanto COX 2. Como a COX 2 é a “problemática”
deveríamos inibir apenas ela. A COX 1 é fisiológica e sua inibição gera para o paciente uma
série de efeitos colaterais esperados.
- A maioria dos AINEs no mercado são não seletivos: AAS (ácido acetilsalicílico), ibuprofeno,
diclofenaco, cetoplofeno, naproxeno, piroxican, ácido mefenâmico, nimesulida.
PROBLEMAS GÁSTRICOS
PROBLEMAS RENAIS
- Se não é seletivo, inibe COX 1 que é importante para a síntese de prostaglandinas renais,
que são vasodilatadoras renais. Então, diminui a chegada de sangue no rim, diminui a
oxigenação, gera vasoconstrição renal e isso diminui fluxo sanguíneo para o glomérulo e a
TFG do paciente. Isso já pode causar uma lesão renal, por isso que os AINEs são considerados
nefrotóxicos.
- Uma interação medicamentosa que acontece é que os AINEs reduzem os efeitos dos anti-
hipertensivos. Primeiro motivo, eles inibem síntese de prostaglandinas que são
vasodilatadoras, então ele causa vasoconstrição e vão elevar a PA. Exemplo: paciente usa
antidiurético hidroclorotiazida. Outro motivo, como diminui o fluxo sanguíneo renal, está
diminuindo a chegada de medicamento nos rins para exercer a sua função. Além disso, ativa
o sistema renina-angiotensina-aldosterona, por estar diminuindo a chegada de sangue nos
rins. Com isso, mais ANG II eu produzo e mais vasoconstrição eu vou ter. Então, a tendência
é a PA elevar.
PROBLEMAS DE AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA
- Exemplo: pacientes usam AAS, que tem potência anti-inflamatória baixa, ele é usado como
antipirético e analgésico. Mas é considerado AINE porque inibe COX 1 e 2, mas para ter
efeito anti-inflamatório ele teria que ser usado em doses altas. O AAS é inibidor não seletivo
de COX, mas ele inibe mais a COX 1 do que a 2, ele inibe a COX 1 160 vezes mais do que a
COX 2. Além disso, quando ele inibe a COX, é uma ligação irreversível. Todos os outros AINEs
fazem uma ligação reversível. É por esse motivo que o AAS é tão anti-agregante plaquetário,
ele inibe muito a síntese de TXA2, inibindo muito a agregação plaquetária. Geralmente usa-
se o AAS infantil, porque a dose é menor e inibe a agregação plaquetária, sem ter um efeito
analgésico e antipirético, isso diminui os efeitos colaterais.
* Pacientes com gastrite, não é interessante prescrever AAS, nem pacientes com problemas
renais. Porque inibe muito a COX 1 e terá efeitos colaterais.
A inibição da COX 1 pode ser interessante pela inibição do tromboxano A2, mas ao mesmo
tempo pode causar uma série de efeitos colaterais porque a COX 1 é fisiológica em muitos
tecidos.
- Paciente usa AINE não seletivo para tratar uma dor, um processo inflamatório. Ele pode
desenvolver sangramento como efeito colateral. Isso se deve pela inibição da tromboxano
A2. Então, esses inibidores não seletivos de COX tem a desvantagem de inibir a COX 1, que
é a fisiológica.
AINES SELETIVOS
- São os famosos “coxibs”. Todo medicamento que termina com coxib é um inibidor seletivo
de COX 2. Exemplos: celecoxib, etoricoxib, rofecoxib.
Celecoxib – artrite reumatoide e osteoartrite. Menos ulceral, não afeta agregação plaquetária.
- Isso acontece, porque estamos inibindo seletivamente a COX 2. Mas ela também é
fisiológica nos vasos sanguíneos, onde produz prostaciclinas que são vasodilatadoras. Como
produz prostaciclinas, se inibir COX 2, estamos inibindo essa síntese, inibindo vasodilatação.
Como esses medicamentos não inibem COX 1, não estamos inibindo a síntese de TXA2, não
estamos impedindo a agregação plaquetária de acontecer em um vaso já contraído. Além
disso, o TXA2 também faz vasoconstrição e aumenta a proliferação das células musculares
lisas no vaso. Com isso, os pacientes têm trombose, IAM.
- Para completar, COX 2 também é fisiológica nos rins, então inibe a síntese de
prostaglandina renal, diminui fluxo sanguíneo renal, ativa SRAA, aumenta a PA. Paciente tem
risco de trombo, isquemia, IAM.
- Usado na ortopedia e reumatologia em pacientes que não tem risco cardiovascular. Então
paciente não pode ser hipertenso, ter trombose.
Paciente tem doença gástrica e não pode usar o AINE não seletivo para tratar a sua
inflamação (porque inibe a COX 1 e inibe a citoproteção gástrica). Se esse paciente não tiver
risco cardiovascular, o inibidor seletivo é interessante, porque vou ter um efeito anti-
inflamatório sem causar inibição da síntese de prostaglandinas gástricas, que são produzidas
pela COX 1.
EFEITO DOS AINES
- De maneira geral, os AINES têm um efeito AAA: antipirético (febre), analgésico (dor) e anti-
inflamatório (inibem a COX – não tem produção dos mediadores inflamatórios).
EFEITO ANTIPIRÉTICO
EFEITO ANALGÉSICO
- Existem AINES que tem potência anti-inflamatória alta, ou seja, são bastante anti-
inflamatório. Mas existem outros que tem maior efeito antipirético e analgésico, como o
ibuprofeno, paracetamol. Mas eles não deixam de ser AINEs, pois inibem a COX.
- Qualquer medicamento que inibir a COX, mesmo que tiver baixa potência anti-inflamatória
será considerado um AINE.
SALICILATOS
- Tem potência analgésica e antipirética maior, muito baixa potência anti-inflamatória (para
isso tem que usar em altas doses).
- Pode gerar distúrbios gástricos, úlceras – inibe COX 1.
- É um medicamento interessante, mas deve ser usado em baixas doses e o paciente deve
ser monitorado, quanto aos efeitos colaterais.
- Super dosagem: pode ter vômito, zumbido no ouvido e vertigem. Isso será tratado
principalmente alcalinizando a urina (é um medicamento ácido, se alcalinizar a urina, o
medicamento ioniza e facilita a sua excreção), pode fazer lavagem gástrica, reposição de
solução eletrolítica (paciente tem vômito e perde muitos eletrólitos) e dependendo do caso
mais grave, o paciente depende de uma assistência ventilatória.
- Hoje, o AAS mais usado é como profilaxia antitrombótica. Alguns AAS já são formulados
associados com protetores gástricos, porque o paciente usa todo dia um comprimido desse
para inibir o processo de agregação plaquetária.
DERIVADOS ACÉTICOS
Diclofenaco
Indometacina
ÁCIDOS PROPIÔNICOS
Ibuprofeno
- Comprimidos de 400 ou 600mg. Para ter efeito anti-inflamatório a dose teria que ser
superior a 2400mg/dia, causando muitos efeitos colaterais.
- Diminui menos o débito urinário que indometacina e menos efeitos gastrintestinais que
aspirina.
Cetoprofeno
Naproxeno
FENAMATOS
Ácido Mefenâmico
Piroxicam
Tenoxicam
* MELOXICAM E NIMESULIDA
- São AINES inibidores não seletivos de COX. Mas, alguns autores consideram como
inibidores seletivos de COX 2.
- Consideramos que eles são inibidores preferenciais de COX 2, isso não quer dizer que eles
não inibem COX 1, mas preferencialmente inibem a COX 2.
- Isso é bom porque é um fármaco que inibe menos a COX 1, que é fisiológica.
Exemplo: paciente está com infecção de garganta e precisa usar um anti-inflamatório. Você
tem a opção nimesulida e diclofenaco. Qual escolher? Prefere-se a nimesulida, porque o
diclofenaco inibe tanto COX 1 quanto a COX 2 e a nimesulida inibe preferencialmente a COX
2, isso significa que ela inibe menos a COX 1 e isso gera menos efeitos colaterais gástricos.
- Isso não quer dizer que é inibidora seletiva de COX 2, porque esses medicamentos não
inibem a COX 1. Nimesulida inibe COX 1, mas em menor quantidade.
- Tomar diclofenaco com estômago vazio gera uma dor no estômago muito forte, porque
ele inibe COX 1, não produz prostaglandinas gástricas e impede a citoproteção gástrica.
- A dor é considerada um grande aliado do ser humano, por mais que seja sensorial e
emocionalmente desconfortável, ela serve como indicador. Quando temos um processo
doloroso, o organismo indica que algo de errado está acontecendo, provavelmente uma
lesão tecidual com ativação dos nociceptores.
* Cefaleia é tão comum, que uma média de 30% da população apresenta ou já apresentou
em algum momento da vida.
* Às vezes o paciente tem uma doença de base que causa uma dor ou as vezes a dor é a
própria patologia.
- Industria farmacêutica faz associação de fármacos com analgésicos. Por exemplo, só com
a dipirona existem mais de 70 medicamentos que tenha ela na sua composição.
OPIOIDES
- São derivados da morfina, atuam no SNC. Seu mecanismo de ação tem grandes
possibilidades de gerar dependência.
Escala analógica visual ou escala visual analógica – usada para classificar, tentar mensurar
a dor. É como se fosse uma régua, com números de 0 a 10 ou emojis para as crianças.
- Se o paciente tiver dor leve, usa-se AINES, analgésicos periféricos (ibuprofeno, dipirona).
- Na dor moderada, inicialmente usamos analgésico periférico, mas se não tiver melhora da
dor, usamos um analgésico mais potente, mas não precisa ser um opioide ainda.
Para dor moderada podemos oferecer ao paciente o Tylex, Paco. Eles são uma associação
entre paracetamol e codeína. 500mg de paracetamol + 30mg de codeína. A codeína é um
opioide fraco. Se o paciente usar Paco e não tiver melhora clínica, pode usar nesse caso uma
oxicodona, um opioides mais potente. Antes de fazer uma prescrição, devemos classificar a
dor do paciente.
PARACETAMOL
- É um MIP, ou seja, medicamento isento de prescrição. Mas o paciente deve ser orientado
da forma de usar adequadamente.
- O mecanismo de ação deles é inibir a COX 3. Eles não inibem com grande afinidade a COX
2, que é a patológica, nem mesmo da COX 1 que é a fisiológica.
- Por isso eles tem ação antipirética e analgésica e potência inflamatória baixa.
Inibição
da COX3
POSOLOGIA DO PARACETAMOL
500 mg
750 mg – é o mais vendido, principalmente os comprimidos para adultos
- Quando ele é usado dentro das doses adequadas, dentro da posologia adequada, ele é
muito seguro.
Comprimidos
- Paciente pode tomar de 500 a 750 mg por comprimido a cada 4 a 6 horas, desde que não
ultrapasse os 4 gramas por dia.
Orientar para tomar de 6/6 horas, em caso de dor. Se não tiver melhora clínica, deve
esperar pelo menos 4 horas para tomar outro comprimido.
Gotas
- Mais usados por crianças, mas muitos adultos preferem usar essa forma devido ao início
de ação mais rápido.
Em crianças menores de 12 anos, a dose é dada por quilo: 1 gota por kg, até o limite
de 35 gotas/dose. Exemplo: 20 kg 20 gotas; 30 kg 30 gotas; 40 kg 35 gotas
* Não ultrapasse mais que 35 gotas por dosagem!
Adultos ou crianças maiores de 12 anos, a dose varia entre 35 e 55 gotas, a média que
se usa é de 40 gotas.
METABOLISMO DO PARACETAMOL
- Paciente tomou paracetamol, ele exerceu seu efeito e vai para o fígado ser metabolizado.
No fígado ele pode sofrer 3 rotas de metabolização.
- 50% das moléculas de paracetamol, em média, sofrem conjugação com ácido glicurônico
(glicuronidação) gera um metabólito atóxico, inativo que é eliminado pela urina.
- 40% das moléculas sofrem a reação de sulfatação gera metabolito atóxico e inativo que
também será excretado pela urina.
- 10 a 15% sofre uma reação de oxidação, realizada pelas enzimas do CYP450 gera o
metabólito NAPBQI, que é tóxico. Ele é um metabólito oxidante. Nos nossos hepatócitos
temos uma grande quantidade de antioxidante endógeno chamada de glutationa. Ao
produzir o NAPBQI, a glutationa vai neutralizar esse metabólito oxidante e isso não gera
problemas para o fígado.
Mas, essas reações de sulfatação e de glicuronidação são saturáveis. Isso significa que se
usar uma dose muito grande, não teremos enzimas suficientes para que essas reações
aconteçam. Se elas saturam, sobra paracetamol para ser metabolizado por oxidação, isso
gera mais NAPBQI que é oxidante. E não vamos ter glutationa suficiente para neutralizar
todo esse oxidante que está sendo produzido, com isso sobra NAPBQI que começa a oxidar
as proteínas dos hepatócitos, assim como os fosfolipídios de membrana, o DNA da célula.
Isso começa a causar lesão e morte das células hepáticas. Então, a hepatotoxicidade é
causada pelo excesso de NAPBQI que está sendo produzido no fígado e está oxidando as
biomoléculas do hepatócito.
Quanto mais paracetamol o paciente usa, maior a produção de NAPBQI e maior a lesão
hepática.
- Artigos falavam que as crianças eram mais protegidas contra essa hepatotoxicidade
produzida pelo paracetamol, porque elas possuem maior quantidade glutationa hepática.
Mas hoje, sabe-se que se a criança tem febre prolongada, vômito, diarreia, ou são crianças
subnutridas; são condições onde a glutationa está reduzida no fígado e essas crianças estão
mais susceptíveis a ter uma lesão hepática, o risco de hepatotoxicidade acontece assim como
nos adultos.
- Pacientes etilistas crônicos tem indução das enzimas do CYP450 que metabolizam o etanol,
isso significa que esses pacientes não precisam tomar mais de 4 g de paracetamol para ter
uma lesão hepática. Como essas enzimas estão induzidas, metaboliza mais paracetamol e
gera mais NAPBQI.
- Paciente se intoxicou com paracetamol. Acima de 4 gramas por dia, ele começa a ter lesão
hepática. Isso já não é mais seguro. O grau de lesão depende de paciente para paciente e
da função hepática dele.
- Pode fazer lavagem gástrica, para evitar que mais medicamento seja absorvido.
- O que usamos hoje é a N-acetilcisteína, que vai proteger o fígado, principal problema
dessa intoxicação. Esse medicamento é interessante porque na sua composição tem muitos
grupamentos sulfidrilas, que são grupamentos redutores. Eles são considerados
antioxidantes (tudo que reduz, faz o contrário de oxidar), usados para tratar tosse com
secreção, porque o muco das vias aéreas é rico em pontes dissulfeto e isso deixa o muco
espesso grosso e consistente, que faz com que esse muco aglomere. Esse xarope cliva as
ligações das pontes dissulfeto e com isso o muco fluidifica e conseguimos expectorar e
eliminar.
Esse medicamento faz a função da glutationa. Não tem medicamento a base de
glutationa, porque ela tem meia vida de eliminação pequena. Ao invés de repor a glutationa,
usamos um medicamento que faz o mesmo efeito da glutationa. Essa N-acetilcisteína é
usada em ambiente hospitalar em via endovenosa, ao chegar no fígado, ela neutraliza o
excesso de NAPBQI e minimiza as lesões hepáticas.
- Existe um centro de informação para intoxicação. Eles te dizem o que você usa, qual em
dose, qual a via de administração.
- Esses quadros de intoxicação são raros em casos de tentativa de suicídio, mas é comum
acontecer sem querer.
DIPIRONA
- Seu mecanismo de ação, na verdade, é pouco elucidado. Ainda não se sabe detalhes do
seu mecanismo de ação.
- A dipirona pode ter influência no sistema opioide, tendo mecanismo de ação parecido com
o deles.
POSOLOGIA
- Comprimidos de 500 mg a cada 4 a 6 horas. Hoje existem comprimidos de 1g, que reduz
a frequência posológica: a cada 8 a 12 horas.
Sempre prescrever para tomar a cada 6 horas e orienta que se não tiver melhora clínica
pode tomar outro comprimido a cada 4 horas.
- Sonolência
- Queda de PA
- Hipersensibilidade
- As principais e mais graves são as discrasias sanguíneas, que podem acontecer em qualquer
dose, destacando-se:
Agranulocitose - queda brusca dos níveis de granulócitos, principalmente neutrófilos.
O paciente está mais susceptível a inflamações. Muitos desses pacientes vão ter febre
alta, lesões/feridas na cavidade oral. Isso demonstra que pode ter agranulocitose.
Leucopenia e trombocitopenia – Reduz leucócitos e plaquetas. Nem sempre acontece.
PARACETAMOL X DIPIRONA
Paracetamol tem que ser usado com cautela em idosos porque o fígado já tem uma
redução da função fisiológica.
- Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) encontram-se entre os medicamentos mais
prescritos em todo o mundo. Essa classe heterogênea de fármacos inclui a aspirina e vários
outros agentes inibidores da ciclo-oxigenase (COX), seletivos ou não.
- Pela via da COX é gerada a prostaglandina (PG) H2, que estimula a formação de vários
prostanoides, incluindo diversas prostaglandinas - PGI2, PGD2, PGE2 PGF2 -, e tromboxano
A2.
- As diferenças nos efeitos biológicos dos inibidores da COX resultam do grau de seletividade
para as duas isoenzimas, das variações teciduais específicas em sua distribuição e das
enzimas que convertem a PGH2 em prostanoides específicos.
- Os COXIBEs são tão ou mais eficazes que os AINEs não seletivos para o tratamento da
inflamação e sintomas associados. Entretanto, como as plaquetas expressam primariamente
a COX-1, esses fármacos não têm propriedades antitrombóticas. Com base em experimentos
animais, observação de registros e ensaios clínicos, propôs-se que as mais importantes
consequências da inibição seletiva da COX-2 em relação ao coração são a propensão à
trombose, pelo desvio do balanço pró-trombótico/antitrombótico na superfície endotelial,
além da perda do efeito protetor da regulação superior da COX-2 na isquemia miocárdica e
no infarto do miocárdio15-17 (Figura 3).
- Além disso, PGE2 e PGF2 medeiam efeitos diuréticos e natriuréticos, enquanto PGE2 e
PGI2 antagonizam a ação da vasopressina. Ambas, geradas nos glomérulos,contribuem para
manter a taxa de filtração glomerular. Essas prostaglandinas constituem um mecanismo
autorregulador em presença da diminuição da perfusão renal, como na insuficiência cardíaca
e em condições de hipovolemia. As respostas à diminuição do fluxo sanguíneo renal e às
alterações hemodinâmicas renais incluem a estimulação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona, que resulta em vasoconstrição e retenção de sódio e água, e na estimulação do
sistema nervoso simpático, que aumenta adicionalmente o tônus vascular. Nessas situações,
as prostaglandinas promovem dilatação compensatória da vasculatura renal para assegurar
um fluxo sanguíneo normal e prevenir a deterioração funcional aguda do rim. Além disso,
essas prostaglandinas reduzem a liberação de noradrenalina, o que também favorece a
vasodilatação. É devido, em grande parte, à atenuação desses mecanismos
contrarregulatórios mediados pelas prostaglandinas que os AINEs comprometem a função
renal, especialmente em pacientes de alto risco, que já apresentam redução da perfusão
renal (Figura 4).
- Retenção de sódio e água e edema são efeitos colaterais dos AINEs, mas são habitualmente
leves e subclínicos. A prevalência de edema sintomático é de 3% a 5%. Outra reação
potencialmente adversa induzida pelos AINEs é a hipercalemia. Os AINEs atenuam a
liberação de renina mediada pelas prostaglandinas, reduzem a formação de aldosterona e,
em consequência, diminuem a excreção de potássio. Além disso, em presença de fluxo
glomerular diminuído, a oposição aos efeitos natriuréticos e diuréticos das prostaglandinas
pelos AINEs pode aumentar a reabsorção de sódio e água no túbulo renal, com diminuição
da troca Na+-K+ no néfron distal.
- O uso prolongado de AINEs pode causar elevação de 5 a 6 mmHg da pressão arterial média,
principalmente em hipertensos, e interferir com os efeitos anti-hipertensivos de diuréticos,
betabloqueadores e inibidores da ECA.
- Alguns estudos experimentais e clínicos sugeriram uma provável relação entre inibidores
da COX-2 e o aumento do risco cardiovascular.
EVENTOS CARDIOVASCULARES
- O desfecho primário foi evento gastrointestinal alto. Embora não fosse objetivo do estudo,
observou-se maior incidência de infarto do miocárdio com rofecoxibe (0,4%/ano),
comparado com naproxeno (0,1%/ano). O sangramento gastrointestinal foi
significantemente menor com rofecoxibe, comparado com naproxeno.
- Logo após, o estudo APC, que comparou celecoxibe com placebo, relatou incidência similar
de eventos vasculares com esse AINE seletivo. Entretanto, no Celecoxib LongTerm Arthrites
Safety Study (CLASS), que incluiu 8.059 pacientes com osteoartrite ou artrite reumatoide,
tratados com celecoxibe, 400 mg duas vezes do dia, ou com outro inibidor não seletivo da
COX (ibuprofeno 800 mg, três vezes ao dia, ou diclofenaco, 75 mg duas vezes ao dia), não
houve diferença estatisticamente significante na incidência de eventos cardiovasculares
entre os grupos. As taxas de sangramento foram maiores com ibuprofeno e diclofenaco
(6,0%) em comparação com celecoxibe (3,1%). Deve ser assinalado que diclofenaco e
ibuprofeno exercem atividade antiplaquetária relativamente fraca.
- Em 2006, Kearney e cols. publicaram os resultados de meta-análise de 138 estudos
randomizados envolvendo AINEs tradicionais e inibidores seletivos da COX-2, comparando-
os com placebo e entre si. O desfecho primário foi evento vascular grave, definido como
infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte vascular.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
EVENTOS CÉREBRO-VASCULARES
- Nos ensaios clínicos, o uso dos AINEs inibidores seletivos da COX-2 associaram-se ao risco
aumentado de eventos cardiovasculares e morte. A maioria das análises post hoc dos ensaios
mostrou como desfecho clínico os eventos cardiovasculares e cérebro-vasculares
combinados, sem outra especificação do risco cardiovascular. A meta-análise de Kearney e
cols. não mostrou diferença na incidência de eventos cérebro-vasculares com os AINEs.
- Concluíram os autores que, na população geral, o risco de AVC foi maior com o uso corrente
de AINEs seletivos, porém não limitado a estes, pois ocorre também com os AINEs não
seletivos.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
EFEITOS GASTROINTESTINAIS
- O tratamento em longo prazo pode causar erosões e úlceras gástricas e duodenais. Embora
muitos desses pacientes não tenham sintomas, apresentam risco alto de desenvolver
complicações graves, como sangramento e perfuração do estomago. O risco anual dessas
complicações graves é de 1% a 4% no tratamento crônico com AINEs. São mais suscetíveis
de apresentá-los os pacientes idosos, do sexo feminino, com artrite reumatoide, história
prévia de sangramento gastroduodenal, em uso de agentes antitrombóticos ou
corticosteroides, altas doses de AINEs e presença de doença sistêmica grave. Esses efeitos
colaterais resultam do bloqueio da COX-1 na mucosa gastrointestinal e na consequente
inibição da produção de prostaciclina, PGE2 e PGD2 no estômago.
- Além disso, mais dados são necessários sobre a segurança cardiovascular dos AINEs
tradicionais. Embora os efeitos adversos mais frequentes tenham sido relacionados à inibição
seletiva da COX-2, a ausência de seletividade para essa isoenzima não elimina
completamente o risco de eventos cardiovasculares, de modo que todos os fármacos do
largo espectro dos AINEs somente devem ser prescritos após consideração do balanço
risco/benefício.
- São fármacos capazes de impedir a condução do impulso doloroso. De maneira em geral,
esses medicamentos causam um bloqueio dos canais de sódio do axônio dos neurônios,
impedindo a despolarização neuronal e a condução do impulso ao longo do axônio dos
neurônios.
- Esses fármacos não atuam de maneira seletiva bloqueando apenas os canais de sódio no
axônio dos neurônios. Eles bloqueiam os canais de sódio em membranas excitáveis. Onde
tiver uma membrana excitável com canal de sódio, esse medicamento vai bloquear. Isso vai
impedir a condução de impulso em outros tecidos. Normalmente, esses efeitos adversos
ocorrem menos com os anestésicos locais porque eles possuem efeitos no local onde foi
aplicado.
- Se o anestésico cair na corrente sanguínea, ele pode distribuir para diversos tecidos,
bloqueando os canais de sódio de vários tecidos. Então, se esse medicamento tiver um efeito
sistêmico, o coração, sistema nervoso central, que são membranas excitáveis, vão sofrer ação
desse medicamento.
- O 1º anestésico local usado na clínica foi a cocaína, ela foi descoberta em 1860. Por um
período de tempo foi usada como anestésico local, mas depois parou de ser utilizada pois
observou-se que os seus pontos negativos eram maiores que os benefícios, principalmente
relacionado ao nível de dependência.
- Hoje existe uma gama variada de anestésicos locais, mas não existe um medicamento, um
agente ideal. Por isso que a indústria farmacêutica ainda busca sintetizar um anestésico local
com características promissoras:
Que tenha capacidade de produzir uma menor irritação no local de aplicação (quanto
menos irritante ele for, melhor);
Que tenha mínima capacidade de causar toxicidade sistêmica;
Duração de ação mais prolongada – para fazer uso em procedimentos mais longos.
- O ideal seria o medicamento ter todas essas características concomitantemente, mas ainda
não existe.
- Muitos dos seus efeitos farmacológicos e colaterais relacionam-se com o aspecto químico.
- Hoje, quimicamente, os anestésicos locais considerados ésteres são menos utilizados. Isso
se deve ao fato de eles tenderem a ter uma duração de ação mais curta. As amidas têm
duração de ação mais longa e, por isso, são amplamente usadas na clínica.
- Se você aplicou um anestésico local, não é no sangue, porque senão o efeito era sistêmico.
Então, aplicamos o anestésico local num tecido, onde queremos que ele aja. Quando o
anestésico local chega no tecido, que tem água, por ele ter caráter básico, uma parte dele
vai se ionizar (ficar carregado) e outra parte fica não ionizada. O mecanismo de ação desses
medicamentos é bloquear o canal de sódio, impedindo sua entrada no axônio do neurônio,
mas o que acontece é: o anestésico local que está na forma não ionizada vai penetrar a
membrana do axônio do neurônio, ou seja, entra no axônio do neurônio. O pH intra-axonal
é mais ácido. Quando o anestésico local não ionizado entra nessa região de pH ácido, ele
fica ionizado (medicamento básico em ambiente ácido fica ionizado). Isso é muito
importante que aconteça, porque o anestésico local bloqueia o canal pelo lado de dentro. E
ele só liga nesse canal de sódio pelo lado de dentro por causa de uma carga elétrica que
puxa o anestésico por uma diferença de cargas. Com isso, o anestésico aproxima do canal
iônico e impede a entrada de sódio, não entra carga positiva, não despolariza o neurônio e
não há condução do impulso nervoso.
Anestésico local não bloqueia o canal de sódio pelo lado de fora, mas sim pelo lado de
dentro, para isso ele precisa estar na sua forma não ionizada, capaz de atravessar membranas
e depois ioniza, conseguindo bloquear o canal por diferença de cargas.
- Quando o tecido está inflamado, o efeito do anestésico é dificultado. Isso acontece porque
o pH do tecido inflamado é ácido. Ao aplicar o anestésico local, que é uma base fraca, está
sendo aplicado em um tecido com pH ácido, ele vai ficar predominantemente na sua forma
ionizável. O problema disso é que a molécula ionizável não ultrapassa a membrana do axônio
do neurônio, com isso, o anestésico não entra no neurônio e não bloqueia o canal de sódio.
Consequentemente, o sódio continua entrando, despolariza a célula, tem condução do
impulso nervoso e o paciente continua sentindo dor.
Então, em tecidos inflamados, com pH ácido, o anestésico local tem uma redução da sua
atividade farmacológica.
- É muito simples, porque não queremos que esse medicamento caia no sangue, seja
absorvido e distribuído. Quanto mais distribuído para os tecidos, mais efeitos colaterais
esse anestésico local vai causar.
- Para evitar a distribuição temos que tentar evitar a absorção. Porque se o anestésico local
não é absorvido ele, consequentemente, não será distribuído. Isso pode ser feito por várias
formas diferentes:
2) Não injetar grandes volumes de anestésico local em um mesmo tecido – se colocar grande
volume ou altas concentrações do anestésico local, a tendência é que ele seja absorvido
3) Associar ao anestésico local o uso de vasoconstritores – o uso dessa associação faz com
que a tendência desse anestésico cair no sangue seja menor. Exemplo: lidocaína +
adrenalina, a adrenalina será aplicada pois causa uma vasoconstrição na região onde o
anestésico local está sendo administrado. A vantagem disso é:
Os vasos sanguíneos dessa região ao estar contraídos, vão fazer com que o anestésico
local tende a permanecer mais nesse tecido onde foi aplicado, porque vai cair menos
no sangue. Se ele fica mais tempo no tecido onde foi aplicado, estamos prolongando o
seu efeito farmacológico, porque ele não está sendo distribuído para os tecidos, uma
vez que não alcança a corrente sanguínea. Então, os vasoconstritores prolongam a
duração de ação dos anestésicos locais.
Quanto menos anestésico local cai na corrente sanguínea, menos toxicidade e efeitos
colaterais nós temos. Porque o anestésico local não vai ser distribuído para os tecidos.
- Se um anestésico local já tem uma duração de ação prolongada, não é vantajoso usar
associado com um vasoconstritor. Agora, anestésicos locais com duração de ação curta a
intermediária, a associação com vasoconstritores pode ser interessante, ideal.
- Após exercer sua função, o anestésico precisa ser metabolizado para ser excretado.
- Já as aminas são metabolizadas no fígado por enzimas do citocromo P450, por esse motivo
esses anestésicos tem uma duração de ação mais prolongada.
- Mas, ao mesmo tempo, se o paciente estiver usando amida e tiver alguma doença hepática
ou estiver usando outro medicamento que causa lesão hepática, vai ter uma metabolização
prejudicada desses anestésicos locais e o acúmulo deles no organismo vai gerar toxicidade.
Se o anestésico local tem característica básica, se ele é uma base fraca, se o paciente se
intoxicar com um anestésico local, a forma mais fácil de tratar esse paciente é através da
acidificação da urina. Ao acidificar a urina, estamos ionizando o anestésico que chega nos
rins, forçando a sua eliminação.
- Anestésico local é aplicado no tecido, ao ter contato com a água, essa base fraca fica numa
porcentagem ionizada e outra porcentagem não ionizada.
- Porção não ionizada é importante porque vai ultrapassar a bicamada lipídica da membrana
dos neurônios. Quando ultrapassa a membrana dos neurônios, ela entra no citoplasma,
chamado de axoplasma, que é ácido e a maioria desses medicamentos vão se ionizar.
- A porção ionizada é capaz de bloquear o canal de sódio pelo lado de dentro. Isso impede
a entrada do íon, impede a despolarização e condução do impulso nervoso.
- Os anestésicos locais são muito usados na clínica, porque podem ser usados de diversas
formas, em várias vias de administração.
- Sabe-se que os anestésicos, ao serem usados juntos com soluções saturadas de CO2, vão
ter início de ação acelerado. Isso acontece porque o CO2 ultrapassa facilmente a membrana
do neurônio e faz com que a região intra-axonal fique ainda mais ácida, isso faz com que
mais anestésicos sejam ionizados e exerçam a sua ação mais rapidamente.
Um cuidado que se deve ter é que injeções repetidas de anestésico local podem causar
taquifilaxia. Esse medicamento é usado na forma de tubete (frasco em que vem o
medicamento). Quando usamos vários tubetes em um tecido específico pode acontecer a
taquifilaxia, que é uma tolerância acelerada, ou seja, o medicamento perde o seu efeito
farmacológico muito rápido.
A molécula do anestésico local é uma base fraca. Mas um detalhe importante é que a
solução do anestésico local é ácida, ou seja, da solução onde a molécula está inserida. A
solução é ácida para melhorar a estabilidade, o tempo de validade. É uma solução
farmacêutica.
Se o médico usar vários tubetes desse anestésico local no mesmo tecido, quanto mais
tubetes você usa, mais volume de solução você usa e a solução é ácida. Então, você tende a
acidificar o tecido. Com isso, na hora que a molécula do anestésico local cair nesse tecido,
ela fica ionizada e não vai conseguir ultrapassar a membrana do axônio do neurônio.
- Se o anestésico cair na corrente sanguínea, paciente vai apresentar efeitos sistêmicos que
podem gerar efeitos indesejáveis, ou seja, efeitos colaterais.
- Quando a molécula do anestésico local começa a se distribuir para todos os tecidos, eles
podem causar efeitos indesejáveis em diversos tecidos.
- Se o anestésico local cair na corrente sanguínea pode exercer efeitos no sistema nervoso
central.
- Mesmo após a administração de baixas doses, o paciente pode apresentar alguns efeitos
colaterais como:
Para evitar isso, deve-se diminuir as doses do anestésico, evitar a injeção em tecidos
altamente vascularizados e, se houver necessidade da utilização de altas doses, pode-se fazer
uma pré-medicação com benzodiazepínicos, que são depressores do SNC, o intuito disso é
aumentar o limiar convulsivo. Isso faz com que o paciente tenha menor risco de apresentar
essas crises.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
- No músculo cardíaco, no músculo liso dos vasos sanguíneos temos canais de sódio, que
vão ser bloqueados pelos anestésicos locais.
- Quando o anestésico local bloqueia o canal de sódio cardíaco, ele vai ser capaz de deprimir
a atividade do marca-passo cardíaco. Essa redução do marca-passo cardíaco pode causar no
paciente várias alterações de excitabilidade e condução cardíaca.
- Em casos de altas doses de anestésico local, além de bloquear os canais de sódio, vão
bloquear também os canais de cálcio. Com isso, o coração vai contrair menos ainda, gerando
uma depressão da força de contração do coração. Dessa forma, tem-se redução do débito
cardíaco e ocorre vasodilatação nas células vasculares. A tendência é que o paciente tenha
redução da pressão arterial, ele pode desenvolver uma hipotensão arterial grave. Esse
colapso cardiovascular pode gerar inclusive a morte.
- A bupivacaína, por exemplo, é um anestésico local que tem risco cardiovascular aumentado
em pacientes grávidas, por isso ele não é interessante ser usado durante o trabalho de parto.
Esse medicamento tem uma toxicidade vascular, principalmente em pacientes gestantes.
Essa cardiotoxicidade desse medicamento é maior que em qualquer outro anestésico local.
Hoje já produziram a levo-bupivacaína, um isômero levógiro desse medicamento, que tem
menor capacidade de bloquear os canais de sódio e cálcio cardíacos, tendo menor toxicidade
em gestantes.
DEFEITOS HEMATOLÓGICOS
- Também podem causar problemas sanguíneos, o principal e que mais causa efeitos
hematológicos é a prilocaína, uma amida. Ela tem duração de ação intermediária.
REAÇÕES ALÉRGICAS
- Normalmente, os ésteres causam mais alergia que as amidas, porque eles produzem um
metabólito chamado de ácido p-aminobenzóico, o PABA. Ele pode causar hipersensibilidade
nos pacientes. As amidas, como não geram PABA como metabólito, tem menor ocorrência
de reações alérgicas.
- Amidas são mais raras de gerar reações alérgicas, mas isso não significa que não ocorre.
- O sistema nervoso autônomo é dividido em sistema nervoso simpático e parassimpático.
O SNP é ativado pela acetilcolina e o SNS é comandado pelo neurotransmissor adrenalina.
RECEPTORES MUSCARÍNICOS
- Os receptores muscarínicos existem de vários tipos diferentes: M1, M2, M3, M4, M5. A
diferença entre eles está na sua localização no organismo e também em relação ao tipo de
receptor que é ativado: metabotrópicos acoplado à proteína G que estimula a
adenilatociclase ou que estimula a fosfolipase C ou que ativa proteína G estimulatória ou
inibitória.
Além da localização, outra diferença depende da proteína que esse receptor vai estimular.
- Quando a acetilcolina se liga no receptor M1, presente no SNC, nos neurônios, ela gera
uma excitabilidade neuronal. A acetilcolina é um neurotransmissor excitatório.
- Receptores do tipo M2, estão presentes no coração, quando a acetilcolina se liga nesses
receptores ela tem efeito cronotrópico negativo, ou seja, reduz a frequência cardíaca.
Além disso, o M3 também está presente nas glândulas e quando a acetilcolina se liga
nele aumenta a secreção daquela glândula.
RECEPTORES NICOTÍNICOS
- Os principais locais onde se tem esses receptores são nos músculos esqueléticos, na junção
neuromuscular.
- Quando tenho um neurônio que inerva um musculo esquelético, esse músculo possui
receptor nicotínico, formador de canal iônico. Quando a acetilcolina é liberada do neurônio,
ela se liga no receptor nicotínico presente no músculo esquelético. Quando isso acontece, o
próximo passo é a abertura do canal iônico de sódio. O sódio entra no músculo esquelético,
que despolariza, abre canal de cálcio voltagem dependente. O cálcio entra, com isso, tem-se
a contração do músculo esquelético.
- Quando o paciente tem anticorpos que bloqueiam esses receptores nicotínicos ele tem
dificuldade de contração – essa patologia é chamada de Miastenia Gravis.
DIRETOS
INDIRETOS
Os colinérgicos de ação indireta, que são inibidores da colinesterase, também podem ser
de duas classes:
- Agora, acetilcolina não existe na forma de medicamento. Existem 2 motivos principais para
que isso aconteça:
Ela tem meia vida de eliminação muito curta, ou seja, se fosse administrada por via
endovenosa, ela seria degradada e eliminada em questão de segundos. Isso se deve
ao fato de no nosso organismo termos muita concentração de acetilcolinesterase
A acetilcolina ia cair no organismo e iria se ligar em todos os receptores de acetilcolina.
Ela não teria nenhuma especificidade, nem seletividade. Por exemplo: a intenção do
uso de acetilcolina era aumentar o peristaltismo do intestino do paciente. Mas, esse
medicamento iria se ligar em todos os seus receptores nicotínicos e muscarínicos. Ou
seja, ia produzir muitos efeitos colaterais, mesmo tendo uma resposta farmacológica.
- O que fizeram foi pegar a acetilcolina e fizeram pequenas modificações na molécula base
dela, que fez com que o medicamento continuasse ligando no receptor, só que com a
vantagem de que essa molécula criasse fosse mais resistente a acetilcolinesterase, ou seja, a
sua meia-vida de eliminação vai ser mais longa porque ela vai ser degradada mais
lentamente. Outra coisa que esse medicamento tem que ter, é maior seletividade ou
especificidade para um tipo de receptor. Com as modificações na molécula de acetilcolina,
foram criando medicamentos mais seletivos e específicos. Isso gerou menos efeitos
colaterais. Não quer dizer que não vai gerar efeito colateral, mas diminui o risco desse
medicamento se ligar amplamente em todos os receptores nicotínicos e muscarínicos.
- À medida que foram feitas essas modificações na estrutura da acetilcolina foram criados os
colinérgicos diretos. Exemplos: Betanecol, metacolina, muscarina, pilocarpina, cevimelina.
BETANECOL
- Ele liga com afinidade pelos receptores do tipo M3. Ele se liga muito fracamente ao M1,
M2.
Exemplo: paciente tem retenção urinária pós-cirúrgica. Para facilitar a micção do paciente
pode ser administrado Betanecol que se liga nos receptores M3 presentes na bexiga,
aumenta a contração do músculo constritor da bexiga e facilitar o esvaziamento da bexiga
do paciente.
- Betanecol não é livre de efeitos colaterais. O paciente pode apresentar efeitos colaterais,
nas não na mesma intensidade que se usasse um medicamento sem nenhuma seletividade.
METACOLINA
Exemplo: paciente chega no hospital com suspeita de intoxicação por atropina (ou qualquer
substância que tenha atropina na sua composição). A atropina é um anticolinérgico, que
bloqueia os receptores muscarínicos. Se o paciente estiver intoxicado por uma substância
anticolinérgica, seus receptores estarão bloqueados. Você administra metacolina que é um
colinérgico direto e, ao ligar nos receptores produz os efeitos colinérgicos. Quando o
paciente está intoxicado, ao administrar metacolina o paciente não tem nenhuma resposta
colinérgica. Isso significa que os receptores colinérgicos do paciente estão bloqueados por
alguma substância.
- Outro exemplo é a utilização para diagnóstico de asma brônquica. Isso pois ao utilizar em
uma dose adequada, com cuidado e monitoração, a substância vai se ligar nos receptores
M3 do pulmão e assim pode-se avaliar a broncorreação do paciente, ou seja, a capacidade
que o paciente tem de causar uma contração no músculo liso dos brônquios, tem que ter
cuidado para não causar grande broncoconstrição (que piora a capacidade respiratória).
- É muito resistente a acetilcolinesterase, ou seja, demora para ser degradada e fica muito
tempo no organismo produzindo o seu efeito. Se você usa uma dose alta e o paciente não
tem a resposta esperada, tendo uma resposta inadequada, você terá dificuldade de retirar o
paciente desse quadro.
- Como é resistente a acetilcolinesterase pode causar efeitos adversos graves. Paciente pode
ter redução da função cardíaca e evoluir para parada cardíaca.
MUSCARINA
- Além disso, a muscarina também se liga a todos outros receptores colinérgicos, causando
diversas reações, como bradicardia, queda de PA, micção involuntária, hipersudorese,
defecação involuntária, dificuldade respiratória (broncoconstrição intensa), pupila
puntiforme (miose excessiva).
PILOCARPINA
- É muito usada na clínica na forma de colírio. Quando você usa esse colírio, ele faz uma
drenagem dos líquidos do olho e diminui a pressão intraocular, então é usado para tratar o
glaucoma.
- Além disso, também é usado quando quer gerar uma miose no paciente.
- Hoje é usado em outras situações. Esses colírios vêm sendo usados para o tratamento de
xerostomia, que é a boca seca. Alguns pacientes apresentam hiposalivação por diversos
motivos, pode ser por uma doença de base ou uso de alguns medicamentos como
antidepressivos. Pinga-se umas gotinhas de pilocarpina na boca para tratar essa xerostomia,
pois como ele é um agonista colinérgico, vai se ligar a receptores muscarínicos das glândulas
salivares, aumentando sua secreção. Como o uso é tópico, não vai produzir efeitos colaterais.
CEVIMELINA
- Medicamento mais específico para o tratamento de xerostomia. É usado por via oral, um
comprimido de 30mg de 8/8 horas.
- Ela tem mais afinidade pelos receptores muscarínicos salivares. Então, esse medicamento
cai na corrente sanguínea, liga nesses receptores e aumenta a salivação. Isso não quer dizer
que ele não produz efeitos colaterais, porque estão sendo usados a nível sistêmico, caem na
corrente sanguínea e podem se ligar em outros receptores muscarínicos, gerando efeito
colateral.
- É um medicamento chamado de sialogogo, que são medicamentos capazes de aumentar
a secreção salivar, gerando sialorreia.
Anticolinérgico ≠ anticolinesterásico
AÇÃO DA ACETILCOLINESTERASE
- É uma enzima que possui dois sítios ativos: sitio aniônico e sitio esterásico.
Sítio aniônico – nesse local existe grande quantidade de carga negativa. Ele é importante
porque é isso que vai aproximar a acetilcolina dele. Na acetilcolina temos um grupamento
amínico que é carregado positivamente. Essa carga positiva da acetilcolina vai reconhecer as
cargas negativas do sitio amínico e a acetilcolina migra para esse sítio, se ligando na enzima.
Sítio esterásico – responsável por clivar a ligação éster da molécula de acetilcolina, liberando
uma molécula de ácido acético e uma de colina.
- Existem medicamentos acetilcolinesterásicos que vão inibir o sitio aniônico e outros inibem
o sitio esterásico.
CLASSIFICAÇÃO
- São responsáveis por inibir o sítio aniônico da acetilcolinesterase. Elas fazem uma ligação
não covalente (fraca) nesse sítio.
- Edrofônio e Ambenônio são medicamentos que tem uma duração de ação muito curta,
porque ligam e desligam facilmente (a ligação no sítio aniônico é fraca). A duração de ação
é de 15-20 minutos. É por esse motivo que não são usados para tratamento de doenças,
apenas para diagnóstico.
Exemplo: são usados para o diagnóstico de miastenia gravis. Paciente com dificuldade de
contração muscular, cansaço físico, dificuldade respiratória, não consegue fazer suas
atividades laborais diárias, dificuldade de subir e descer escadas. Médico suspeita de
miastenia gravis. O que fecha o diagnóstico é um exame onde busca o anticorpo anti-
nicotínico.
Médico faz o teste de força muscular, porque quem tem miastenia gravis não
consegue contrair e perde a força muscular. Depois de fazer esse teste, aplica edrofônio no
paciente. Esse medicamento vai inibir a acetilcolinesterase, acetilcolina não será degradada
e os níveis de acetilcolina do paciente aumenta, essa acetilcolina em excesso liga no receptor
nicotínico. Nesse momento, você repete o teste de força muscular e, quando o paciente
sobre efeito desse medicamento, fizer o teste de força muscular, sua força aumenta. Isso
mostra que o problema anteriormente era a falta de acetilcolina. Isso não fecha diagnóstico
de miastenia gravis, mas é um grande indício.
2) CARBAMATOS
- Esses medicamentos bloqueiam o sítio esterásico da enzima. Essa ligação é mais duradoura.
Ela ainda é reversível, mas é mais duradoura.
- O paciente pode tratar miastenia gravis com esses medicamentos, que vão melhorar a
qualidade de vida desses pacientes.
3) Queda dos níveis de acetilcolina no SNC – Alzheimer leve a moderado o tratamento chave
é usar carbamato, inibidor de acetilcolinesterase. Se o problema é no SNC, não adianta usar
neostigmina que atua apenas no SNP.
3) ORGANOFOSFORADOS
- Essa intoxicação pode levar a óbito, porque eles são muito lipossolúveis e atravessam as
membranas com muita facilidade, inibindo a acetilcolinesterase a nível sistêmico, elevando
muito a quantidade de acetilcolina gerando efeitos colaterais graves.
CASO CLÍNICO
- Também chamados de parassimpatolíticos, então são medicamentos capazes de inibir,
impedir a função do parassimpático ou medicamentos que impedem/bloqueiam a ação da
acetilcolina.
DIRETOS
INDIRETOS
ANTIMUSCARÍNICOS
- No MEE tem receptor nicotínico e, quando a acetilcolina se liga nele, ela facilita o processo
de contração muscular.
- Se esse receptor está bloqueado, não haverá a contração muscular. O músculo vai na
verdade relaxar.
- São medicamentos muito usados em centros cirúrgicos. Junto com o anestésico geral é
usado um bloqueador neuromuscular porque, durante a cirurgia, o paciente não pode se
contrair, senão o procedimento é atrapalhado.
Despolarizantes
- A succinilcolina tem uma estrutura química parecida com a acetilcolina, são duas moléculas
de acetilcolina ligadas entre si. Quando esse medicamento se liga no receptor nicotínico, por
ela ter uma estrutura química parecida, ela vai causar uma despolarização inicial e o músculo
contrai, tem uma pequena contração chamada de fasciculação.
- Mas esse medicamento não é degradado pela acetilcolinesterase, com isso, ela fica muito
tempo no receptor exercendo seu mecanismo de ação. Quando ela se desliga, esse receptor
nicotínico se torna dessensibilizado, ou seja, perde a sensibilidade pela acetilcolina. Dessa
forma, o receptor não responde a acetilcolina. Com isso, quando a acetilcolina se liga nele,
ele não vai exercer seu mecanismo de ação de contração muscular.
Não despolarizantes
- Eles são antagonistas competitivos da acetilcolina, eles competem com a acetilcolina pela
ligação no receptor nicotínico. Eles ganham a competição, por questão de dose (quantidade),
o receptor é bloqueado e a acetilcolina não consegue se ligar. Dessa forma, não acontece a
contração muscular.
- Você usou BNM não despolarizante no paciente. Acabou a cirurgia e você quer recuperar
o paciente desse efeito, ou seja, quer que o medicamento perca a sua atividade e o paciente
tenha contração normalmente.
Pode esperar ele ser excretado, mas vai demorar. No bloco cirúrgico, isso pode ser
feito de maneira mais eficiente se você usar um anticolinesterásico, porque, dessa forma,
você aumenta o nível de acetilcolina no organismo uma vez que ela não está sendo
degradada. Ao aumentar a disponibilidade de acetilcolina, ela vai começar a deslocar o
bloqueador neuromuscular do receptor nicotínico e o paciente volta a contrair o músculo. O
anticolinesterásico usado nesse caso é um carbamato que atua somente perifericamente,
como a neostigmina, que aumenta os níveis de acetilcolina periféricos, revertendo a ação do
BNM. Não tem necessidade de aumentar os níveis de acetilcolinesterase central, porque só
aumenta os efeitos colaterais.
ATROPINA
- Atropina bloqueia receptor muscarínico no músculo liso, no pulmão, na bexiga, no TGI, nos
olhos.
Por isso que os fármacos anticolinérgicos antimuscarínicos como a atropina são muito
usados na oftalmologia. Esses fármacos são usados para promover:
Midríase: se a acetilcolina ligasse no seu receptor presente no olho ela iria causar
miose. Os fármacos antimuscarínicos vão bloquear os receptores de acetilcolina e vão
causar midríase. Existem procedimentos onde a midríase é necessária para fazer
diagnósticos, procedimentos cirúrgicos.
Ciclopegia: é uma paralisia do músculo ciliar do olho. O olho perde a sua acomodação.
Isso é usado para ajudar no diagnóstico de patologias como os erros de refração
(miopia, hipermetropia, astigmatismo). Esses medicamentos bloqueiam os receptores
de acetilcolina do olho, causam uma paralisia do músculo ciliar que faz com que o
paciente perca a acomodação do olho. Quando usa esses medicamentos o paciente
vai enxergar borrado, turvo.
* Midríase também pode ser causada por medicamentos adrenérgicos. Adrenérgico faz o
que um anticolinérgico faz, mas a midríase de um adrenérgico é curta. A de anticolinérgico
é longa e pode perdurar por 2 dias.
Interessante para ser usada em pacientes com úlceras gástricas porque, se a acetilcolina
se ligar nos receptores nas glândulas presentes no TGI, vai aumentar a secreção de ácido
clorídrico. Então, se eu estou bloqueando esses receptores, estou diminuindo a secreção.
EFEITOS ADVERSOS
Confusão mental.
Midríase.
Exemplo: paciente fez cirurgia e foi usado a atropina para facilitar a intubação. No pós-
cirúrgico ele tem retenção urinária. Qual medicamento vai ser usado para tratar isso? O
betanecol, que é um agonista muscarínico e tem grande afinidade pelo receptor M3 presente
no músculo liso da bexiga.
ESCOPOLAMINA OU HIOSCINA
- É um anticolinérgico antimuscarínico.
- É muito usada para tratar náuseas e vômitos causados por cinetose (quando a pessoa passa
mal com movimentos constantes ao andar de carro, ônibus).
- A nossa zona de gatilho quimiorreceptora (ZGQ) do vômito, que fica no centro do vômito,
é ativada por substâncias como a serotonina, histamina, acetilcolina, dopamina, peptídeo P.
Quando essas substâncias se ligam nos seus receptores no centro do vômito, vão gerar o
vômito.
Exemplo: Dramin bloqueia os receptores de histamina no SNC, por isso que ele causa sono.
A escopolamina bloqueia os receptores de acetilcolina, nesse caso a acetilcolina não se liga
na ZGQ do vômito e o vômito não é ativado.
Ondasetrona vem sendo muito usada para tratar náuseas e vômitos. Esse
medicamento era inclusive considerado seguro para gestante, hoje já não é mais. Ele
bloqueia o receptor de serotonina no centro do vômito.
- Os adesivos transdérmicos vem sendo muito utilizados para tratar náuseas e vômitos de
viagens. Você cola o adesivo geralmente atrás da orelha, que é uma região limpa, sem
injúrias; a sua duração de ação é de 2 a 3 dias. É recomendado que coloque 3 a 5 horas antes
da viagem.
Também pode ser utilizado no bloco cirúrgico para que o paciente não se lembre do que
aconteceu durante a cirúrgica. Gera um bloqueio de memória recente, mas não é muito
usada para essa situação não.
IPRATRÓPIO, TIOTRÓPIO
- Usado para tratar asma brônquica, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).
- Paciente com asma tem broncoconstrição. Quando a acetilcolina se liga no seu receptor
muscarínico no músculo liso do brônquio, ele contrai. Se esse medicamento bloqueia o
receptor muscarínico do brônquio, impedindo a broncoconstrição, o brônquio relaxa e o
paciente continua a sua capacidade respiratória normalmente.
TOXINA BOTULÍNICA
- A que tem atividade farmacológica conhecida e é usada na clínica é a toxina botulínica tipo
A (botox).
MECANISMO DE AÇÃO
- Quando duas moléculas de acetilcolina se ligam no receptor ele abre, entra sódio e o
músculo despolariza.
Toxina botulínica começou a ser usada na estética, na dermatologia para diminuir as linhas
de expressão porque ela ia diminuir a liberação de acetilcolina que não ia ligar no MEE, dessa
forma não teria contração e não teria a formação da linha de expressão.
- A toxina botulínica é considerado uma protease: uma enzima que quebra proteínas. A
proteína que ela cliva, quebra é a SNARE 25. Se essas proteínas são quebradas, não acontece
o reconhecimento da vesícula com a membrana do neurônio. A vesícula não se funde com
a membrana do neurônio e não libera o conteúdo rico em acetilcolina. Se a acetilcolina não
é liberada, ela não liga nos seus receptores presentes no músculo e não há contração.
AÇÃO FARMACOLÓGICA
- Bruxismo
- Hipertrofia do masseter
- Disfunção têmporo-mandibular
- Sialorreia
- Hiperidrose – neurônio diminui a liberação de acetilcolina que se liga menos nas glândulas
sudoríparas e a pessoa vai suar menos.
- Assimetria do sorriso
- Exposição gengival
ALFA-1
BETA-1
BETA-2
- Também está presente nos vasos sanguíneos e gera vasodilatação e diminui a resistência
periférica quando a adrenalina se liga nele. A expressão de receptores alfa-1 no vaso é maior
que beta-2.
CATECOLAMINAS
- De maneira geral, por terem o anel catecol, não existem comercialmente na forma oral. Eles
não podem ser usados por via oral porque são degradados no TGI pela enzima MAO
(monoaminoxidase), que degrada catecolaminas.
- Por isso são medicamentos muito usados a nível hospitalar, principalmente nas UTIs:
drogas vasoativas – medicamentos que atuam no vaso sanguíneo alterando resistência
vascular periférica, são medicamentos capazes de fazer vasodilatação ou vasoconstrição,
aumentando ou diminuindo o fluxo sanguíneo para um órgão. São medicamentos muito
usados em pacientes críticos.
NÃO CATECOLAMINAS
- Podem ser usadas por via oral, por isso são mais usadas a nível ambulatorial.
- Por não possuírem o grupo catecol não sofrem ação da enzima MAO.
AÇÃO DIRETA
AÇÃO INDIRETA
AÇÃO MISTA
- Medicamentos que fazem as duas coisas ao mesmo tempo: tem ação direta e indireta.
ADRENALINA
- Adrenalina se liga no receptor alfa-1, presentes no músculo liso dos vasos sanguíneos, e
vai gerar vasoconstrição.
- Se liga nos receptores beta-2, no vaso sanguíneo diminui a contração do músculo liso e faz
vasodilatação. No pulmão causa broncodilatação.
Como ela se liga em vários receptores ela tem uma gama de usos clínicos muito grandes.
- Principal uso clínico é para alívio de pacientes que tem broncoconstrição, paciente chega
com broncoespasmos decorrentes de uma reação anafilática (muita liberação de histamina
que é broncoconstritora). Às vezes o uso de anti-histamínico não é suficiente para reverter o
quadro.
- Injetada via intramuscular, intravenosa ou subcutânea. Não é usada em bolus, e sim por
gotejamento, que deve ser controlado. Adrenalina é arritmogênico! A PA deve ser
monitorada sempre, assim como a sua capacidade respiratória, frequência cardíaca.
- Se usado por via intramuscular e subcutânea precisa ser absorvida para depois cair na
corrente sanguínea, então o início de ação nesse caso é mais demorado.
NORADRENALINA
O que é mais interessante usar em um paciente que chega na emergência e tem uma PA
muito baixa, usamos adrenalina ou noradrenalina para elevar a PA?
ISOPROTERENOL
- É o mais potente estimulante betadrenérgico que se conhece. Isso significa que ele se liga
com grande facilidade e afinidade aos receptores do tipo beta (1 e 2) e imita a ação da
adrenalina.
Não. Porque para isso ele teria que se ligar em receptores alfa-1.
- Ele pode causar um leve aumento da PA por aumento do débito cardíaco (liga em beta-1
e aumenta a frequência e força de contração). Com isso, a pressão arterial sistólica pode
aumentar por aumento do DC. Mas, no vaso sanguíneo ele estimula beta-2 que é
vasodilatador, então a pressão diastólica tende a cair. De maneira geral, a pressão arterial
média não vai alterar ou vai cair.
- Esse medicamento não é interessante para usar em pacientes em que você precisa elevar
a PA.
USOS CLÍNICOS
- Asma brônquica – se liga em receptor beta-2 e gera broncodilatação. Mas não é o mais
usado hoje, porque não é seletivo para receptor beta-2. Paciente sai da crise asmática, mas
também estimula o coração podendo gerar muitos efeitos colaterais como taquicardia
elevada.
Pensando nisso, desenvolveram medicamentos adrenérgicos que tem alta afinidade pelos
receptores beta-2. Eles são usados em pacientes que chegam ao hospital com
broncoespasmo. Esses medicamentos são usados para distúrbios respiratórios:
metaproterenol, terbutralina, salbutamol, fenoterol.
- Esses medicamentos não são totalmente seletivos para os receptores beta-2. Ao fazer
inalação com fármaco adrenérgico para tratar asma, o principal efeito colateral é taquicardia.
Isso acontece porque esses fármacos têm maior afinidade de ligação para os receptores
beta-2, mas podem se ligar ao receptor beta-1. Eles não têm seletividade total para os
receptores beta-2.
DOBUTAMINA E DOPAMINA
- Dopamina na forma de medicamento atua apenas perifericamente, ela não chega no SNC.
Sua solução química é muito hidrossolúvel e ela não é capaz de atravessar a barreira
hematoencefálica.
- Dobutamina é um medicamento que atua pouco no vaso sanguíneo. Ela tem maior
capacidade de aumentar a força de contração do coração e tem pouca ação vascular.
Paciente com uma parada cardíaca, força de contração do coração baixa e a pressão
arterial também está reduzida é melhor utilizar dobutamina ou dopamina?
- Existem situações onde a dopamina é usada para promover vasodilatação. Quando ela é
usada em altas doses, ela liga no receptor adrenérgico. Mas quando usada em doses baixas
ela se liga em receptor dopaminérgicos e vai gerar vasodilatação. Isso é usado clinicamente.
Mas se o paciente tem IC o fluxo sanguíneo renal é diminuído porque o DC está baixo.
Então, se você usar furosemida em pacientes com IC e ela não surtir efeito desejado, para
potencializar o efeito dela, precisamos fazer esse medicamento chegar no rim. Para isso,
usamos dopamina em doses baixas, porque ela vai ligar em receptores dopaminérgicos nos
vasos, vai aumentar o fluxo sanguíneo renal, a furosemida vai chegar mais no rim, maior será
a excreção de sódio e água e maior o tratamento de edema do paciente.
17/06/2021
FENILEFRINA
- Liga com facilidade no receptor alfa-1, mas também pode ligar no receptor beta.
- Em ambiente hospitalar pode ser usada como cardiotônico (aumentar a força de contração
do coração), midriático, descongestionante nasal.
- Benegripe, naldecon, cimegripe todos esses antigripais tem fenilefrina na sua composição.
Isso acontece porque a fenilefrina é um agonista direto dos receptores alfa-1. Ao tomar o
antigripal, a fenilefrina vai ser absorvida, vai ligar nos receptores alfa-1 presentes na cavidade
nasal, por exemplo, causa contração dos vasos e facilita o processo de respiração do
paciente.
- Por mais que seja usada em antigripais pode causar alterações no sistema simpático do
paciente. E são medicamentos de venda livre.
EFEDRINA
- A efedrina está sendo muito usada hoje de maneira indiscriminada nas academias. O
sentido do uso de efedrina nas academias, pensando que ela é um simpatomimético, é para
usar nas “bombas de emagrecimento”. Ela tem uma ação termogênica.
- Efedrina emagrece porque se liga nos receptores adrenérgicos do tipo beta no tecido
adiposo e vai estimular a lipólise, quebra de gordura.
- Muitas pessoas usam a associação chamada ECA que contem efedrina, cafeína e ácido
acetilsalicílico. Essa efedrina liga nos receptores beta do tecido adiposo e vai aumentar a
quebra de gordura, mas o problema é a forma como as pessoas usam.
- Atua por liberação de noradrenalina e agonista por ação direta sobre receptores alfa e beta
– é mista: ela aumenta liberação de noradrenalina e se liga no receptor.
- Como efeito colateral pode ter: aumento da FC, aumento da PA, broncodilatação por
estimulo beta-2, midríase por estímulo alfa e pode atuar no SNC por ser lipossolúvel.
FENILPROPANOLAMINA
- Nos EUA muitos pacientes estavam tendo infartos e AVCs. Fizeram um estudo para
descobrir o que estava ocasionando isso. Descobriram que esses problemas eram causados
pela fenilpropanolamina presente nos antigripais. Com isso, retirou-se a fenilpropanolamina
do mercado americano. Isso fez com que outros países também estudassem esses
medicamentos, a ANVISA confirmou esse estudo americano e também retirou a
fenilpropanolamina do mercado brasileiro.
ANFETAMINA
- Anfetaminas eram liberadas para tratar obesidade grau III (Obesidade mórbida). Mas tinha
pessoas com sobrepeso que já tomava esse medicamento. Muitas pessoas nem podiam
tomar esse medicamento, por exemplo, pacientes hipertensos, porque a adrenalina já eleva
a PA e aumenta muito o risco cardiovascular.
- ANVISA percebeu que as anfetaminas devido ao uso indiscriminado, tinha mais malefícios
do que benefícios.
- Além de diminuir o apetite, reduz fadiga e sono. Isso aumenta a capacidade de trabalho da
pessoa, por isso, muitos caminhoneiros, profissionais da área da saúde tomavam o
medicamento para virar a noite trabalhando. Então, além do aumento do risco
cardiovascular, estava causando dependência.
- Também são chamados de simpatolíticos.
BLOQUEADORES ALFA-ADRENÉRGICOS
- Alfa-1 está presente nos vasos sanguíneos e, quando a adrenalina se liga nele, causa uma
vasoconstrição.
Alfa bloqueador vai impedir a ligação da adrenalina nesse receptor, paciente tem uma
vasodilatação e queda da pressão arterial.
- No início, o paciente pode apresentar, tontura, hipotensão. E para tentar reduzir esses
efeitos colaterais é interessante prescrever doses baixas, mínimas no início do tratamento,
porque a vasodilatação vai ser muito intensa e a queda da pressão arterial também. Toma a
noite antes de dormir, porque quando a pressão dele abaixar, o risco de hipotensão postural
é menor, porque ele vai se deitar.
Não é um grupo de medicamento usado em 1ª escolha. Vai ser usado quando o paciente
usa 3 anti-hipertensivos diferentes e não tem redução da PA. Nesses casos, a opção
terapêutica é um bloqueador alfa adrenérgico.
- Existem os bloqueadores alfa adrenérgicos que são não seletivos, ou seja, bloqueiam alfa-
1 e alfa-2. Um exemplo é a fentolamina.
Porque pacientes que usam fentolamina podem ter taquicardia reflexa como efeito
colateral grave?
Ao bloquear receptor alfa-1 e alfa-2, a adrenalina continua sendo liberada. Mas não
tem receptor alfa para ela se ligar. Então, a adrenalina começa a se ligar nos receptores beta-
1 presentes no coração, aumentando a frequência cardíaca. Por isso que esse medicamento
não é tão usado na clínica. Além disso, vai ter um excesso de noradrenalina, porque a sua
liberação é regulada pelo receptor alfa-2 no neurônio.
BLOQUEADORES BETA-ADRENÉRGICOS
- Para tratamento da hipertensão, tem que bloquear o beta-1, porque diminui o débito
cardíaco e a pressão arterial.
Não. Adrenalina quando liga no receptor beta-2 no pulmão vai fazer broncodilatação.
Se usar um betabloqueador que bloqueia esse receptor, vai gerar broncoconstrição. Isso é
muito ruim para um paciente asmático. Então, propranolol é contraindicado para pacientes
asmáticos.
BETABLOQUEADORES DE 2ª GERAÇÃO
2ª geração, porque eles são cardiosseletivos e não vão se ligar nos receptores beta-2
do pulmão.
BETABLOQUEADORES DE 3ª GERAÇÃO
- Existem pacientes que tem insuficiência cardíaca causada por uma hipertensão arterial. Isso
pode ser tratado com medicamentos betabloqueadores, porque vai diminuir a força de
contração do coração, diminui o esforço cardíaco e remodelamento do ventrículo esquerdo.
Como esses medicamentos são vasodilatadores também, vão diminuir a pré-carga e a pós-
carga. E, por ser betabloqueador diminui a remodelação do ventrículo esquerdo.
- Outro cuidado que se deve ter com os betabloqueadores, principalmente os não seletivos,
é com os diabéticos.
Porque eles pela sua capacidade de vasodilatação, vão aumentar a irrigação para os
tecidos e assim a glicose vai ser captada pelos tecidos e diminui a sua quantidade no sangue.
DROGAS QUE REDUZEM A FUNÇÃO DO NEURÔNIO ADRENÉRGICO
- Clonidina é agonista do receptor alfa-2 adrenérgico, ou seja, liga no receptor alfa-2 e faz o
que a noradrenalina faz, que é parar de liberar noradrenalina na fenda e diminui assim a
atividade do SNS.
- A metildopa é um pró-fármaco, ele não vem diretamente e liga no receptor alfa-2, ela entra
no neurônio, dentro do neurônio é metabolizado, ela vai gerar um metabólito chamado de
alfa-metilnoradrenalina, esse metabólito vai ser armazenado nas vesículas e quando for
liberado, ele vai ligar nos receptores e fazer o que a noradrenalina faz.
Contraindicações:
DOPAMINA
- A Dopamina na dose de 0,2 a 3,0 mg/kg/ min é frequentemente utilizada para aumento do
fluxo sanguíneo renal e aumento do volume urinário, podendo ser utilizada em períodos de
“stress” renal. Na dose de 3,0 a 10,0 mg/kg/min predomina os efeitos beta-adrenérgicos
ocorrendo taquicardia, aumento do retorno venoso e queda da resistência vascular sistêmica.
Parte da resposta inotrópica da dopamina depende da liberação endógena de noradrenalina
o que limita sua eficiência em estados de depleção de catecolaminas, como ocorre na
insuficiência cardíaca crônica. Doses superiores a 10,0 mg/kg/min produzem efeitos
predominantes alfa-adrenérgicos com vasoconstrição sistêmica, aumento da pressão arterial
e abolição dos efeitos vasodilatadores renais e mesentéricos.
- A dopamina pode ser utilizada em baixas doses, associada ao uso de dobutamina e/ou
noradrenalina no tratamento do choque cardiogênico e do choque séptico, com o objetivo
de aumentar o fluxo hepático, esplâncnico e renal. Também pode ser utilizada em pacientes
oligúricos não hipovolêmicos, com o propósito de incremento do fluxo sanguíneo renal e
aumento do volume urinário.
DOBUTAMINA
- Dobutamina, é uma catecolamina sintética, formulada como uma mistura racêmica com
isômeros (-) alfa-agonistas e (+) beta-agonistas, que exerce efeito predominante em
receptores beta-adrenérgicos, promovendo aumento do débito cardíaco e redução nas
pressões de enchimento ventricular, no modelo dose-dependente.
- A dobutamina está indicada para pacientes, nos quais o tratamento baseia-se no aumento
da contratilidade miocárdica sem interferir na resistência vascular sistêmica. Pode ser
utilizada no tratamento da insuficiência ventricular esquerda aguda ou crônica e pode ser
utilizada isoladamente ou em associação à dopamina e/ou noradrenalina, no tratamento do
choque cardiogênico de qualquer etiologia, ou no choque séptico. Também está indicado
seu uso no pós-operatório de cirurgia cardíaca de maneira geral, assim como, na fase pré-
operatória do transplante cardíaco.
NORADRENALINA
ADRENALINA
ISOPROTERENOL
DOPEXAMINA
- Existem duas drogas, amrinona e milrinona, que apresentam estas características, e são
utilizadas na prática clínica.
- Estes apresentam mecanismos de ação diversos: (a) relaxamento do músculo liso vascular
por ação direta; (b) inibição do sistema renina-angiotensina; (c) bloqueio da estimulação
simpática; e (d) inibição do influxo de cálcio na célula do músculo liso vascular. Entretanto,
os efeitos destes agentes dependem de numerosos parâmetros clínicos, incluindo o status
volêmico do paciente, que em decorrência da diminuição da pré e/ou pós-carga, apresentam
como efeito marcante, a hipotensão arterial, o que limita seu uso na terapia do choque
circulatório.
- Portanto, estes agentes terapêuticos devem ser utilizados de modo racional, com base nos
conceitos de fisiopatologia e nos conhecimentos de farmacologia, além da necessidade de
monitoração de parâmetros fisiológicos no decorrer do tratamento do choque circulatório.
- Usados para tratar azia, má digestão, úlcera (causada pela superprodução de ácido
clorídrico no estômago).
- Essas lesões e doenças ácido-pépticas acontecem quando os fatores protetores do TGI são
superados pelos fatores agressores.
- Na imagem temos uma célula entero-cromafim, fica próxima das células parietais gástricas
que possuem receptores para acetilcolina (muscarínicos), receptores de histamina. Além
disso, também temos a representação das células epiteliais superficiais responsáveis pela
produção de muco, um dos principais citoprotetores do TGI.
- Quando a célula entero-cromafim produz substancias como a histamina, que se liga no seu
receptor H2 nas células parietais, ativa vias alternativas dentro da célula como a
adenilatociclase, aumentando a produção de AMPc e a fosforilação de bombas de prótons.
Esses prótons caem na luz gástrica, aumentam a produção de ácido e consequentemente
aumentam a acidez gástrica.
- Acetilcolina quando liga nos receptores do tipo M3 presentes nas células parietais gástricas
também ativa a via que aumenta a atividade da bomba de prótons, caindo mais prótons na
luz e consequentemente mais ácido é formado.
ANTIÁCIDOS
- São medicamentos que vem sendo substituídos por fármacos mais eficazes e convenientes,
gerando menos efeitos colaterais. Mas antigamente eram amplamente utilizados.
- São bases fracas que reagem com o ácido clorídrico do estomago, neutralizar esse ácido
formando sal e água, com isso a acidez diminui.
- É uma das classes de medicamentos mais vendidas, não precisa de prescrição. Mas precisa
de orientação porque esses medicamentos podem gerar prejuízos para o organismo do
paciente.
Exemplos:
BICARBONATO DE SÓDIO
- Por ter carbonato na sua estrutura, ao reagir com o ácido clorídrico gera como produto da
reação o CO2. Esse gás vai causar uma distensão gástrica no paciente, eructações (barulhos
no TGI), flatulências.
- Esse medicamento reage muito rapidamente. Durante essa reação podem sobrar alguns
produtos desse antiácido. Então essa base (álcali) que não reage no TGI pode ser absorvida
e gerar uma alcalose metabólica.
CARBONATO DE CÁLCIO
- Reage mais lentamente, nesse caso o risco de desenvolver uma alcalose metabólica é
menor.
- Não produzem gás porque não tem carbonato na sua estrutura – é uma vantagem
- Como não produzem o gás, geram menos efeitos colaterais.
- Podem causar efeitos colaterais como por exemplo, hidróxido de magnésio pode causar
diarreia e o de alumínio constipação. Por isso que na clínica é muito comum uma associação
entre esses dois antiácidos, para tentar diminuir esses efeitos colaterais.
- Tem menor chance de causar alcalose metabólica, porque são mais eficientes no processo
de neutralização durante a reação, dessa forma não sobra o hidróxido e ele não é absorvido.
- É muito comum paciente usar esses medicamentos no período noturno porque uma das
principais substancias responsáveis pela produção de ácido clorídrico noturno é a histamina,
cerca de 90%. Então, se bloquear esse receptor no período noturno o paciente tem melhora
da resposta terapêutica. Isso não significa que ele não reduza a produção de HCl no período
diurno. Mas o efeito farmacológico é aumentado se ele for usado no período noturno.
CIMETIDINA
- É um inibidor enzimático. Ela pode inibir várias enzimas do CYP450 e por isso pode causar
interação com vários medicamentos:
De maneira geral, para pacientes que têm doenças hepáticas não se constitui indicação
para ajuste de dose desses medicamentos, apenas se o paciente tiver insuficiência renal de
moderada a grave. Isso acontece porque essas drogas dependem mais dos rins para serem
excretadas do que do fígado, consequentemente, como o rim excreta o medicamento e o
metabolito, deve-se reduzir a reduzir a dose em paciente com redução da depuração da
creatinina.
- Uma vez que esses medicamentos se ligam à bomba inibindo-a, ela não volta a funcionar
mais. Esse é um dos motivos que esses medicamentos são usados apenas uma vez ao dia.
- A meia vida de ligação desses medicamentos não é longa, mas eles são usados apenas uma
vez ao dia devido a essa ligação covalente irreversível.
- Independente do motivo pelo qual o paciente está secretando muito HCl, quando você
inibe a bomba, a produção de HCl vai estar reduzida. Então, dizemos os inibidores de bomba
de prótons inibem a secreção gástrica produzida durante o dia e a noite de forma fisiológica,
e também aquela produzida pelos alimentos. Quando comemos, aumentamos a produção
de HCl.
- Esses fármacos não devem ser utilizados juntos com alimentos. A biodisponibilidade, ou
seja, a quantidade de medicamento que atinge a corrente sanguínea se esse medicamento
for utilizado junto com alimento diminui.
- Então, devem ser usados em jejum, assim que o paciente acorda.
- A meia vida é curta, mas como a ligação é forte, pode usar apenas uma vez ao dia.
- Como inibem a secreção de HCl produzido no jejum (dia e noite) e estimulada por
alimentos, é um dos fármacos mais usados na clínica para diminuir a secreção gástrica de
maneira geral.
OMEPRAZOL x ESOMEPRAZOL
SULCRAFATO
- Quando o paciente toma esse medicamento, ele vai recobrir a mucosa do TGI, protegendo-
a contra a ação do ácido clorídrico.
- Um cuidado com esse medicamento é que como ele forma esse filme, esse gel pegajoso,
polímero viscoso e atua apenas no TGI sem precisar ser absorvido, ele pode atrapalhar a
absorção de outros medicamentos. As vezes esse gel pegajoso e viscoso pode se complexar
com outros medicamentos que o paciente utiliza e isso gera uma interação medicamentosa
a nível de distribuição.
- Esse medicamento é interessante, tem eficácia muito boa e pode ser usado como
coadjuvante de outros medicamentos como IBP para tratamento das ulceras gástricas.
COMPOSTOS DE BUSMUTO
- Esses medicamentos tem um mecanismo de ação parecido com o sulcrafato. Eles também
recobrem as ulceras formando uma camada protetora, estimulam a secreção de
prostaglandinas e muco. Mas ele tem um mecanismo adicional interessante para o paciente
com ulcera gástrica.
- Esse adicional é que ele tem uma atividade microbiana contra H. pilori, um dos principais
microrganismos relacionados com ulceras gástricas.
- Alguns pacientes podem ter como efeito colateral enegrecimento das fezes, escurecimento
da língua, encefalopatia em casos mais graves de sobredosagem.
MISOPROSTOL
- Usado em ambiente hospitalar por via endovenosa para pacientes que tem úlceras gástricas
graves, não tratadas com outros medicamentos.
- Também existe na forma de via oral.
- Hoje é apenas usado a nível hospitalar. Antigamente, exista esse medicamento na forma
de comprimido vendido em farmácias com o nome comercial de Cytotec. Esse medicamento
foi muito usado de maneira inadequada para pratica de aborto. Isso acontece porque as
prostaglandinas têm receptores não só no TGI, mas também no musculo liso do útero.
Quando a prostaglandina se liga nos seus receptores presentes no útero, vai aumentar as
contrações uterinas.
- Antes de fazer o uso desse medicamento, se a mulher estiver em período fértil para a
gravidez, precisa antes checar se essa mulher não está gravida.
PRÓ CINÉTICOS
- Pacientes com refluxo gastro-esofágico (RGE) têm a volta do HCl do estomago para o
esôfago gerando várias manifestações clinicas para o paciente.
- Por exemplo, a metoclopramida além de atuar perifericamente também atua no SNC e esse
bloqueio dos receptores de dopamina no SNC pode causar na paciente inquietação,
sonolência, insônia, ansiedade, efeitos extrapiramidais (problemas de movimentação),
discinesia tardia (longo prazo), ginecomastia, distúrbios menstruais (altera secreção de
prolactina).
- Já a domperidona causa raros efeitos extrapiramidais. Ela ultrapassa muito menos a barreira
hematoencefálica e atua menos no SNC.