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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO INTERNACIONAL DE ANGOLA

 Criado pelo Decreto Presidencial Nº 168/12 de 24 de Julho

FARMACOLOGIA

Docente: Lic. Eva Maria Esperança

Ciclo Básico: IIº Ano

Semestre: Iº
Tema III: Farmacodinâmica
3.1. – Difinição de Farmacodinâmica
Farmacodinâmica: é o ramo da farmacologia
que estuda o local e o mecanismo de acção, e os
efeitos do medicamento no organismo. Descreve
a acção do medicamento sobre o organismo.
3.3.1 - Propriedades dos medicamentos:
Efeitos terapêuticos (como alívio da dor e
diminuição da pressão arterial);
Efeitos colaterais;
Onde o medicamento age no organismo (
local de atividade);
Como o medicamento age no organismo
(mecanismo de ação)
Os efeitos de um medicamento no organismo
podem ser influenciados por muitos fatores, como
 A idade da pessoa (consulte Medicamentos e
 envelhecimento);
 A composição genética de uma pessoa;
 A presença de outros quadros clínicos além
daquele sendo tratado (consulte Considerações
gerais sobre resposta medicamentosa).
 
Ação farmacológica
Os medicamentos apenas afetam a taxa em que as funções
biológicas existentes ocorrem. Os medicamentos não
alteram a natureza básica dessas funções nem criam novas
funções. Por exemplo, os medicamentos podem acelerar ou
retardar as reações bioquímicas que provocam a contração
muscular, regulação do volume de água e retenção ou
eliminação dos sais do corpo pelas
Continuação (Ação Farmacológica )

células renais, secreção glandular de substâncias


(como muco, ácido gástrico ou insulina) e a
transmissão de mensagens pelos nervos.
No entanto, os medicamentos não podem
restabelecer as estruturas ou funções que já estão
danificadas em nível superior à capacidade de
reparação do próprio corpo. Essa limitação
fundamental da ação farmacológica está
relacionada às
frustrações atuais com respeito às tentativas de
tratar doenças que destroem ou degeneram
Continuação (Ação Farmacológica )

tecidos, como insuficiência cardíaca, artrite,


distrofia muscular, esclerose múltipla, doença de
Parkinson e doença de Alzheimer. Contudo, alguns
medicamentos facilitam o restabelecimento do
corpo por si só. Por exemplo, os antibióticos, ao
interromperem um processo infeccioso, permitem
que o corpo repare o dano causado pela infecção.
Alguns medicamentos são hormônios, como
a insulina, os hormônios da tireoide, estrógenos ou
o cortisol. Eles podem ser administrados com o
objetivo de substituir os hormônios naturais em
falta no corpo.
Reversibilidade da Ação Farmacológica

A maioria das interações entre um medicamento e um


receptor ou entre um medicamento e uma enzima é
reversível: Depois de algum tempo, o medicamento se
separa do receptor ou enzima, que retomam seu
funcionamento normal. Algumas vezes, a interação é, em
grande parte, irreversível e o efeito do medicamento
persiste até que o organismo produza mais enzimas.
Continuação (Reversibilidade da Ação Farmacológica)

Por exemplo, o omeprazol, um medicamento

utilizado no tratamento de refluxo gastroesofágico

e úlceras, inibe, de forma irreversível, uma enzima

envolvida na secreção de ácido gástrico.


Afinidade e Atividade Intrínseca

A ação de um medicamento é afetada pela


quantidade de medicamento que alcança o
receptor e o grau de atração (afinidade) entre ele e
seu receptor na superfície da célula. Uma vez
ligados ao seu receptor, os medicamentos variam
na sua capacidade de produzir um efeito (atividade
intrínseca). A afinidade e a atividade intrínseca de
um medicamento são determinadas pela sua
Continuaçã (Afinidade e atividade intrínseca
)

A ação de um medicamento é afetada pela


quantidade de medicamento que alcança o
receptor e o grau de atração (afinidade) entre ele e
seu receptor na superfície da célula. Uma vez
ligados ao seu receptor, os medicamentos variam
na sua capacidade de produzir um efeito (atividade
intrínseca). A afinidade e a atividade intrínseca de
um medicamento são determinadas pela sua
estrutura química.
Continuação (Afinidade e atividade intrínseca)

Os medicamentos que ativam os receptores


(agonistas) devem ter ambas as propriedades:
devem ligar-se com eficácia a seus receptores e o
medicamento, uma vez ligado a seu receptor
(complexo medicamento-receptor), deve ser capaz
de produzir um efeito na área-alvo. Por outro lado,
medicamentos que bloqueam
os receptores (antagonistas) devem se ligar aos
mesmos de forma eficaz, mas têm pouca ou
nenhuma atividade intrínseca, porque a sua
função é a de impedir a interação de um agonista
com os seus receptores.
Continuação (Afinidade e atividade intrínseca)

os receptores (antagonistas) devem se ligar aos


mesmos de forma eficaz, mas têm pouca ou
nenhuma atividade intrínseca, porque a sua
função é a de impedir a interação de um
agonista com os seus receptores.
Potência, eficiência e eficácia

É possível avaliar os efeitos de um medicamento


em termos de potência, eficiência ou eficácia.
A potência (força) refere-se à quantidade de medicamento
(geralmente expressa em miligramas) necessária para
produzir um determinado efeito, como o alívio da dor ou a
diminuição da pressão arterial. Por exemplo, se 5 mg do
medicamento A aliviam a dor com a mesma eficácia que 10
mg do medicamento B, o medicamento A é duas vezes mais
potente que o medicamento B.
Continuação (Potência, eficiência e eficácia)

A eficiência é a capacidade do medicamento de produzir

um efeito (como redução da pressão arterial). Por

exemplo, o diurético furosemida elimina uma quantidade

muito maior de sal e de água através da urina do que o

diurético hidroclorotiazida. Por isso, a furosemida tem

maior eficiência do que a hidroclorotiazida.


Continuação (Potência, eficiência e eficácia)

A eficácia difere da eficiência na medida em que leva


em conta o quanto o medicamento em uso no mundo
real funciona bem. Muitas vezes, um medicamento que
é eficiente em estudos clínicos não é muito eficaz na sua
utilização concreta. Por exemplo, um medicamento pode
ter uma elevada eficiência na redução da pressão
arterial, porém pode apresentar uma baixa eficácia,
uma vez que
Continuação (Potência, eficiência e eficácia)
causa tantos efeitos colaterais que as pessoas devem
fazer seu uso com uma menor frequência do que
deveriam ou interromper o mesmo por completo.
Portanto, a eficácia tende a ser menor do que a
eficiência.
Uma maior potência, eficiência ou eficácia não
significa necessariamente que um medicamento seja
preferível a outro. Para avaliar as qualidades relativas
dos medicamentos para uma pessoa, os médicos
consideram muitos fatores, como as reações adversas,
toxicidade potencial, duração do efeito (que determina
o número de doses diárias necessárias) e o custo.
3.3.1 - Mecanismos de ação dos fármacos

Ao entrar em contato com o organismo, o fármaco


irá promover alterações no sistema fisiológico, a fim
de produzir seu efeito terapêutico. Para isto, este
fármaco percorrerá determinados caminhos,
conhecidos como mecanismos de ação, sendo
específico para cada classe de medicamentos.
Contudo, a ação farmacológica pode ser classificada
em dois grandes grupos, quanto ao seu mecanismo
de ação, sendo estes os mecanismos inespecíficos e
os específicos.
Continuação (Mecanismos de ação dos fármacos)

Os fármacos com ação inespecífica, também


conhecidos como estruturalmente inespecíficos, são
aqueles cuja resposta farmacêutica independe da
interação com alvos moleculares (receptores,
proteínas carreadoras, enzimas). A ação dependerá,
portanto, de suas propriedades físico-químicas, tais
como a solubilidade, grau de ionização, poder de
oxi-redução e tensão superficial.
Continuação (Mecanismos de Ação dos Fármacos )
Por não apresentarem como requisito a relação entre
a estrutura química e a atividade, essas drogas
comumente necessitam de concentrações elevadas
para a obtenção da resposta terapêutica. Um clássico
exemplo de fármacos estruturalmente inespecíficos
são os antiácidos, que atuam aumentando o pH
estomacal através da reação de neutralização, sem
interagir com um receptor específico.
Continuação (Mecanismos de Ação dos Fármacos)

Os fármacos com ação específica compreendem o


mecanismo mais comum, abrangendo a maioria dos
fármacos empregados. Também conhecidos como
estruturalmente específicos, apresentam a ação ao se
ligarem a moléculas alvo específicas. Desta forma,
apresentam alto grau de seletividade, e a atividade
dependerá da interação da estrutura química do
fármaco com o sítio de ação específico.
Continuação (Mecanismos de Ação dos Fármacos)
Tal característica faz com que fármacos de estrutura
similar geralmente apresentem o mesmo efeito, além
de possibilitar o uso de concentrações inferiores
àquelas observadas ao uso de fármacos
inespecíficos. De acordo com o sítio de ligação
desses fármacos, podemos ter:
ATUAÇÃO SOBRE ENZIMAS:
 podem atuar ativando ou inibindo enzimas. Um
exemplo desta ação é a interação de
anticolinesterásicos com a enzima
acetilcolinesterase (enzima que degrada a
acetilcolina em colina + acetato), resultando em
inativação reversível ou irreversível da enzima,
Continuação (Mecanismos de Ação dos Medicamentos)

e o consequente aumento da concentração da


acetilcolina. Exemplos de fármacos que bloqueiam
de forma reversível são a neostigmina e a
piridostigmina, e os anticolinesterásicos irreversíveis
são representados pelos organofosforados.
Interação com proteínas carregadoras: essas
proteínas facilitam o transporte de substâncias
através da membrana celular, sendo o alvo de
diversos fármacos, que atuam competindo com
essas substâncias pelo sítio de ligação.
2.7.1 - Pro-fármacos e meta -bolitos ativos

O termo pró-fármaco ou pró-agente foi utilizado primeiramente por Albert, em 1958, para
descrever compostos que necessitavam de biotransformação prévia para promover efeito
farmacológico.
Pró-fármaco (Albert, 1958) É qualquer composto que sofre biotransformação antes de exibir
seus efeitos farmacológicos. (pró-fármacos acidentais, metabólitos ativos, compostos
intencionalmente preparados).
Latenciação de fármacos (Harper, 1959) É uma modificação química de um composto
biologicamente ativo para formar um novo composto que, através de reação química ou
enzimática in vivo, irá liberar o fármaco ativo (desenho planejado de pró-fármacos).
De acordo com Wermuth, os pró-fármacos podem ser classificados em:
• Pró-fármacos clássicos;
• Bioprecursores;
• Pró-fármacos mistos e;
• Fármacos dirigidos.
Continuação (Classificação dos Pró-fármacos)

PRÓ-FÁRMACOS CLÁSSICOS: Promovem a melhoria da atividade terapêutica por


aumento de biodisponibilidade, diminuição da toxicidade, prolongamento da ação, aumento
da seletividade, mediante a escolha de transportador adequado, geralmente de caráter
lipofílico. Estes pró-fármacos são menos ativos per se ou inativos quando comparados à
molécula matriz e devem sofrer reação hidrolítica (química ou enzimática) para liberar a
porção ativa.

BIOPRECURSORES: Diferentemente dos pró-fármacos clássicos, esse tipo de forma latente não
apresenta transportador. Constituem-se em moléculas resultantes de modificação molecular com a
formação de um novo composto que deve ser sofrer metabolização, geralmente, pelo sistema redox
celular para transformar-se em metabólito ativo.

PRÓ-FÁRMACOS MISTOS: Alguns pró-fármacos possuem, ao mesmo tempo, características de pró-


fármacos clássicos e de bioprecursores.

FÁRMACOS DIRIGIDOS: Os transportadores utilizados nesta forma latente são capazes de transportar
os fármacos seletivamente do local de administração até o sítio de ação (receptores específicos). O
objetivo principal do fármaco dirigido é minimizar as reações adversas provocadas pela ação inespecífica
do fármaco em outros alvos, diminuindo, pois, a toxicidade.
Tipos de Pró-Fármacos de acordo com o grupo funcional do fármaco
Grupo Funcional Ligação Fármaco-Transportador Tipos de Pró-Fármacos

-COOH -COOR ésteres


-COOCH(R)OOCR ésteres aciloxialquílicos
-CONHR amidas

-OH -OOCR ésteres


-OOOCR ésteres carbonato
-OPO3H2 ésteres fosfato
-OR éteres
-OCH (R)OOCR éteres aciloxialquílicos

-SH -S-R tioéteres


-SCH(R)OOCR tioéteres aciloxialquílicos
-SCOR tioésteres
-S-S-R dissulfetos

-C=O RRC (OR)2 cetais


-HC=N-R iminas
-C=C-OOCR ésteres enólicos

-NH2 -NHCOR amidas


-NHCOOR carbamatos
-N terciária -+NC(R)CHOCOR derivados N-aciloxialquílicos

-SO2NH2 ou –SO2NH- -SO2N=C(OR)R imidatos N-sulfonílicos


-SO2NHCH2OR derivados N-alcoximetílicos
2.7.2. - Indução e inibição enzimática

Indução enzimática
O efeito de indução resulta num aumento da atividade de sistemas microssómicos
de oxidação e conjugação com exposição repetida de substâncias endógenas e exógenas
(ex. fármacos) (Rang et al., 2011) (Lüllmann et al., 2008).
O aumento da atividade destas enzimas leva a uma velocidade de biotransformação superior e a diminuição
da disponibilidade quer do fármaco indutor como de fármacos coadministrados caso sejam metabolizados
pelas enzimas envolvidas. Isso significa que o fármaco terá menor duração dos seus efeitos farmacológicos
(Hardman & Limbird, 1996) (Rang et al., 2011) (Kopittke et al., 2010). Quando os produtos dessas reações
são metabolitos reativos, a indução enzimática pode aumentar o perigo de toxicidade e carcinogénese por
maior concentração desses metabolitos (Correia, 2007). A indução traduz-se num aumento de síntese e/ou
redução da degradação das enzimas microssómicas (Rang et al., 2011).

Inibição enzimática
A inibição enzimática do citocromo P450 diminui a velocidade de biotransformação e consequentemente
leva a um aumento rápido dos níveis plasmáticos de determinados fármacos, acarretando efeitos
farmacológicos mais prolongados quando os seus metabolitos são inativos mas também maior incidência
datoxicidade do fármaco (Kopittke et al., 2010) (Rodrigues, 2009).
2.8. – Excreção e Eliminação dos fármacos
Por excreção se entende a passagem dos fármacos da circulação sanguínea para o meio
externo. É através deste processo que os composstos são efectivamente removidos do
organismo.
A excreção dos fármacos do organismo geralmente se dá por via Renal ou Biliar e é
facilitada devido à metabolização dos fármacos nas fases de oxidação (redução) e conjugação
(hidrólise), já que podem aumentar a hidrossolubilidade dos fármacos.
 A excreção renal é a mais comum, mas depende da natureza hidrofílica dos fármacos.
Esses podem ser filtrados no glomérulo renal, secretados no túbulo proximal, reabsorvidos
no lúmen tubular e transportados de volta ao sangue, e excretados para a urina. É o
equilíbrio entre essas dinâmicas que mostrará a taxa de excreção defármacos pelos rins.
 A excreção biliar geralmente se dá pela ajuda de alguns membros da superfamília de
transportadores do conjunto de ligação do ATP. Para serem eliminados, os fármacos
passarão por todo o intestino delgado e intestino grosso, podendo sofrer circulação entero-
hepática, ou seja, ser reabsorvidos no intestino delgado, caindo na circulação porta e,
depois disso, na circulação sistêmica.
Continuação (Excreção dos fármacos e eliminação dos fármacos)
• Alguns fármacos são amplamente excretados na bílis.
• Estes fármacos sofrem transporte ativo contra um gradiente de concentração.
• Os fármacos têm maior propensão a ser excretados na bílis se:
o Possuem alto peso molecular;
o Contêm grupos polares e lipofílicos.
• A conjugação com ácido glucurónico facilita a excreção biliar;
• O ciclo entero-hepático limita a excreção biliar de fármacos.
Cinética de eliminação:
Semi-vida (T1/2): tempo (em minutos ou horas) necessário para que a concentração
plasmática de um fármaco diminua em 50% após a conclusão da absorção e distribuição do
fármaco:
o Por outras palavras, a quantidade de tempo necessária para eliminar metade do fármaco;
o Normalmente, são necessárias 5 semi-vidas para eliminar completamente um fármaco.
Curso estável: concentração do fármaco absorvido é igual à concentração do fármaco
Cinética de 1ª ordem:

 Uma percentagem ou fração constante do fármaco é eliminada por unidade de tempo;

 A eliminação é diretamente proporcional à concentração do fármaco;

 Também conhecida como cinética linear ou não saturável.

Cinética de ordem zero:

 É eliminada uma quantidade constante de fármaco por unidade de tempo;

 A eliminação é independente da concentração do fármaco;

 Também conhecida como cinética saturável, não linear ou independente de concentração

.
Referências bibliograficas

Chin, Ch. M. e Ferreira, E. I. (1999). O PROCESSO DE LATENCIAÇÃO NO


PLANEJAMENTO DE FÁRMACOS Departamento de Fármacos e Medicamentos –
“Faculdade de Ciências Farmacêuticas - UNESP - CP 502 - 14801-902 - Araraquara –
São Paulo - SP”.

De Lucia, R. (2014). Uso Racional de Medicamentos. Departamento de Farmacologia do


Instituto de Ciências Biomédicas da USP, ed. 5ª, SP.

Filho, J. M. ESTUDO DA FARMACOLOGIA “Introdução - Parte II” «UNIVERSIDADE


ESTADUAL PAULISTA –UNESP-». SP.

Siqueira, S. M. C. (2021). FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM “Aspectos


teóricos e práticos”. Científica Ed. São Paulo.

Simões, A. C. E. (2013). BASES MORFOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DAS VIAS DE


ADMINISTRAÇÃO, ABSORÇÃO, METABOLIZAÇÃO E EXCREÇÃO DE FÁRMACOS.
«MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS»

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