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BÁSICA
Lucimar Filot
da Silva Brum
Farmacodinâmica I – modo
de ação dos fármacos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos
decorrente da interação fármaco-receptor e de seus modos de ação.
Assim, os efeitos terapêuticos da maioria dos fármacos resultam de
suas interações com os alvos moleculares, ou seja, com os receptores
localizados nos órgãos e tecidos dos pacientes. A molécula do fármaco
interage com o receptor, dando início a uma cadeia de eventos bio-
químicos e fisiológicos que resultam nos efeitos observados para os
fármacos. Essa interação do ligante-receptor e seus resultados são parte
da farmacodinâmica (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Na farmacologia, receptor é definido como qualquer molécula bio-
lógica à qual um fármaco interage e produz uma resposta biológica.
Enzimas, ácidos nucleicos e principalmente as proteínas estruturais po-
dem atuar como receptores de fármacos ou de agonistas endógenos.
No estudo da farmacodinâmica, são investigados os locais de ação,
os mecanismos de ação, o efeito dos fármacos no organismo, a relação
entre dose do fármaco e magnitude dos efeitos e a variação das respostas
aos fármacos (SILVA, 2010).
Neste capítulo, vamos abordar os princípios do modo de ação e
resposta farmacológica, as ações agonista e antagonista e a relação entre
a dose e a resposta clínica do fármaco.
2 Farmacodinâmica I – modo de ação dos fármacos
Muitos fármacos também interagem com aceptores (por exemplo, albumina sérica)
existentes no organismo. Os aceptores são componentes que não causam diretamente
qualquer alteração na resposta bioquímica ou fisiológica. Entretanto, a interação
das moléculas dos fármacos com os aceptores pode alterar a farmacocinética dos
fármacos, alterando a concentração de fármaco livre e, assim, podendo interferir na
intensidade e duração de ação.
Figura 3. Curvas doses-resposta típicas para fármacos que mostram diferenças em potência
e eficácia. CE50, dose do fármaco que provoca 50% da resposta máxima.
Fonte: Whalen, Finkel e Panavelli (2016, p. 31).
IT = DT50/DE50
Figura 4. Gráfico de IT. O IT em animais de laboratório indica a relação entre a dose letal
mediana (DL50) e a dose efetiva mediana (DE50).
Fonte: Silva (2010).
Figura 6. Regulação da atividade de um receptor com fármacos seletivos para sua conforma-
ção. A ordenada representa a atividade do receptor produzida por Ra, ou conformação ativa
do receptor (por exemplo, estimulação da adenilil ciclase por um receptor β-adrenérgico).
Se um fármaco L se ligar seletivamente ao Ra, a resposta produzida será máxima. Se L tiver
a mesma afinidade por Ri e Ra, não causará alteração alguma no equilíbrio entre os dois e
não produzirá nenhum efeito na atividade final; o fármaco L pareceria ser um composto
inativo. Se o fármaco se ligar seletivamente ao Ri, então a quantidade final de Ra diminuirá.
Se L puder se ligar ao receptor Ra em uma conformação ativa, mas também se ligar ao
receptor Ri inativo com menos afinidade, o fármaco produzirá uma resposta parcial e L será
um agonista parcial. Se houver Ra em quantidade suficiente para produzir uma elevação da
resposta basal na ausência do ligando (atividade constitutiva independente do agonista),
então a atividade será inibida; neste caso, o fármaco L será um agonista inverso. Os ago-
nistas inversos se ligam seletivamente à forma inativa do receptor e desviam o equilíbrio
conformacional no sentido do estado inativo. Nos sistemas que não são constitutivamente
ativos, os agonistas inversos comportam-se como antagonistas competitivos e isso ajuda a
entender porque as propriedades dos agonistas inversos e alguns fármacos descritos antes
como antagonistas competitivos foram reconhecidos apenas recentemente. Os receptores
que apresentam atividade constitutiva e são sensíveis aos agonistas inversos incluem
os receptores dos benzodiazepínicos, da histamina, dos opioides, dos canabinoides, da
dopamina, da bradicinina e da adenosina.
Fonte: Brunton, Chabner e Knollmann (2016, p. 42).
Leituras recomendadas
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
PANUS, P. C. et al. Farmacologia para fisioterapeutas. Porto Alegre: AMGH, 2011.
TOZER, T. N.; ROWLAND, M. Introdução à farmacocinética e à farmacodinâmica: as bases
quantitativas da terapia farmacológica. Porto Alegre: Artmed, 2009.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto
Alegre: Artmed, 2012.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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