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Os efeitos indesejáveis podem ser

Mecanismo de previsíveis ou não, podendo pôr em


risco a vida do paciente, sendo tóxicos
Ação dos 
ou gerando efeitos letais.
Existem outros ramos, mas os

Fármacos (Farmacologia)
principais são esses.

Antes de um laboratório liberar o


Muitas doenças, inclusive as de alta medicamento para uso clínico, ele passa
prevalência, a gente não cura, apenas por uma série de avaliações experimentais
estabiliza com os medicamentos. até que ele possa ser empregado
terapeuticamente. As vezes esse tempo é
Normalmente, temos reservado o termo encurtado quando há necessidade, ou seja,
droga para os fármacos de ação central, temos uma doença e não temos um
que podem induzir dependência. Se utilizar medicamento. Isso pode encurtar uma
fora desse contexto, não está errado. série de etapas.

Os fármacos ou drogas com intenção Então, ação é uma coisa e efeito é outro.
terapêutica são chamados de  Exemplo: lasix – o efeito é efeito
medicamentos. diurético, e através desse efeito, ele
pode ser útil em emergências
Temos muitas doenças em que utilizamos hipertensivas e cardíacas. Seu
uma série de medicamentos para tentar mecanismo de ação é bloqueio de
amenizar suas manifestações transportador de sódio cloreto. Retém
sintomatológicas, como hipertensão, água e sódio na luz, induzindo
diabetes etc. aumento da diurese, que pode
ocasionar, como consequência, a
Os dois principais ramos da farmacologia pressão arterial, pré-carga e retorno
são: venoso.
 Farmacocinética: relaciona-se ao
destino dos fármacos. Compreende o A farmacocinética mostra vários efeitos
estudo quantitativo dos fenômenos de importantes quando nos dispomos de um
absorção, distribuição, medicamento. Mas primeiro, precisamos
biotransformação e excreção de conseguir um medicamento e nem sempre
fármacos. Estuda todos os fatores que isso é fácil, uma vez que existem
possam influenciar na concentração medicamentos muito caros.
eficaz (concentração do fármaco na
biofase, ou seja, próximo do local de Temos os medicamentos genéricos, que
ação) do fármaco. Vários fatores são alternativas, uma vez que são mais
influenciam nessa biofase, como a baratos. No entanto, é sempre
absorção, a distribuição etc. interessante conhecer o laboratório que
 Farmacodinâmica: é o estudo das está produzindo e liberando esses
ações (modificações biológicas, medicamentos.
químicas) e efeitos (exteriorização da
ação) dos fármacos. Esse efeito pode Temos que pensar no paciente e na
ser desejado por mim, que é chamado condição financeira do paciente para
de efeito terapêutico, e as vezes ele receitar os medicamentos. Dessa forma, os
aparece mesmo não sendo desejado. medicamentos devem ser acessíveis.
Uma vez conseguido o medicamento, ele aplica o medicamento (diferentes formas
vai ser administrado. A forma mais comum de medicamento).
é a via oral, mas existem outras, como a
intravenosa, paraenteral etc. Os processos de absorção etc podem
modificar a intensidade de resposta
 A intravenosa é importante porque,
por ser administrada direto na veia, Além do fármaco, o número de receptores
não tem o mecanismo de absorção. livres é importante para que haja a ligação.
Todos os outros possuem.
A palavra receptor, foi um termo criado
No sangue, os medicamentos podem se por um pesquisador. Vários pesquisadores
ligar a proteínas plasmáticas. Então, formularam conceitos importantes sobre o
existem duas formas do medicamente no conceito de receptor:
sangue: livre ou ligada.
 Só a fração livre é capaz de se distribuir  Alfred Clark: a intensidade do efeito
aos tecidos. Ela pode se distribuir aos farmacológico é proporcional ao
locais onde vai exercer sua atividade, número de receptores ocupados.
ou seja, ao sítio de ação. Também pode  Everhardus Ariens: a resposta final
ser distribuído a sítios inespecíficos, depende da afinidade (capacidade
que são de armazenamentos. Também mensurável do fármaco de interagir
pode se distribuir a sítios metabólicos com o receptor) e atividade intrínseca
(fígados) e de excreção (rins). (capacidade do fármaco de ativar o
receptor quando ligado, conduzindo à
Diversos fármacos podem se ligar ao uma resposta. Representado por alfa)
mesmo tipo de proteínas.  Robert Stephenson: a resposta final
depende da eficácia e potência.
A farmacodinâmica estuda a partir desse
momento que atinge o sítio de ação. O O termo continuou sendo estudado, até
fármaco se liga a receptores, e esse que em 2012, dois cientistas importantes,
complexo fármaco-receptor é importante Robert Lefkowitz e Brian Kobilka,
para resposta. estudando um modelo de receptor,
ganharam o prêmio nobel de química pelo
estudo do receptor metabotrópico
(receptor acoplado à proteína G). Esse
receptor é o mais complexo e também, o
mais comum.

O receptor é uma estrutura fisiológica.

Será que todo medicamento, no conceito


Para formação do complexo fármaco- clássico, para produzir uma resposta,
receptor e sua intensidade de resposta, precisa se ligar a um receptor?
dependemos da concentração eficaz do  O receptor pode ser aplicado a canais,
fármaco e do número de receptores livres enzimas, proteínas transportadoras e
e afinidade do fármaco pelo receptor. bombas. Mas será que mesmo assim
existem exemplos? Sim. São as drogas
A intensidade da resposta depende de que dependem das propriedades
vários fatores, como a forma que você fisicoquímicas ou da ligação a
moléculas e íons.
 Lidocaína – efeito anestésico e
antiarrítmico (intravenosa). Bloqueia os
canais de sódio voltagem dependente.
Quando excitado, abre, o sódio entra e
despolariza as células nervosas. A
amilorida é um diurético fraco, que
atua no túbulo distal, bloqueando o
canal de sódio. Em consequência disso, IMAGEM: o ligante primário é o
há uma retenção de soluto na luz transmissor. A estrutura liga-se ao receptor
tubular, o que aumenta a diurese. Essa e uma vez ligado, ativa o receptor,
diurese é decorrente do bloqueio do produzindo uma resposta como
canal de sódio. São medicamentos que consequência. As drogas, de acordo com os
resultam do bloqueio de canais. receptores, se classificam em dois tipos:
 AAS – bloqueia a cicloxigenase, e em agonistas (interagem com o receptor,
decorrência disso, produz uma tendo afinidade por ele e produz uma
resposta analgésica anti-inflamatória e resposta. Tem eficácia e atividade
antiplaquetária. É resultado de uma intrínseca) e antagonista (são os fármacos
ação proteína-enzima. IECA inibe a que tem afinidade pelo receptor,
enzima que transforma angiotensina I interagindo com ele, mas não produzem
em angiotensina II. Agem inibindo a resposta. Não tem eficácia, não tem
proteína-enzima, diminuindo a atividade intrínseca – alfa = 0).
formação de angiotensina II e
consequentemente, de aldosterona.  Os antagonistas são importantes
 Furosemida – é um bloqueador do quando uma resposta fisiológica está
cotransportador sódio potássio cloreto, exagerada ou quando você usa uma
gera efeito diurético. Omeoprazol tem dose muito elevada de um
como efeito a redução de acidez e medicamento, tentando controlar o
dependem da inibição de uma bomba, excesso de atividade do agonista.
a bomba protônica.  Não existem antagonistas para todos
 Manitol – diurético (diminui íons, etc). os agonistas, então é bom não errar a
Hidróxido de magnésio é uma droga dose prescrita.
antiácida que produz esse efeito se  Os fármacos podem potencializar ou
ligando diretamente com o ácido reduzir uma resposta e esse é o
clorídrico, neutralizando e diminuindo objetivo.
a acidez. Não dependem de proteína
para produzir a resposta. CURVAS DOSE-RESPOSTA

À esquerda, a escala linear, que é menos


A quase totalidade dos medicamentes que
utilizada porque tem pequenas doses.
a gente aplica, para produzirem as
Pode ser útil quando trabalha com poucas
respostas, dependem da interação com
doses ou doses próximas.
proteínas receptoras, muitas delas
reguladas por transmissores endógenos ou
Para a grande parte das escalas
não (canais, enzimas, proteínas
experimentais, a escala logarítmica é a
transportadoras, proteínas bombas).
mais empregada.

Mostra uma relação entre o agonista e o


percentual do efeito máximo.
Em ambas as curvas, notamos a relação
dose x intensidade e resposta.
Aumentando a dose, aumenta a
intensidade e resposta.

Existe um conceito chamado de agonista


inverso, que é aquele agonista que se liga
Para atingir o efeito máximo, nem todos os ao mesmo tipo de receptor de um outro
receptores têm que ser ocupados. agonista, só que produz uma resposta
inversa. O agonista A, ao se ligar,
Através das curvas, conseguimos observar determina o aumento do aporte de sódio.
duas coisas importantes: O agonista inverso, ao se ligar ao mesmo
 A dose que proporciona o efeito sítio, ele produziria uma resposta oposta,
máximo quando se usa o agonista. ou seja, o aumento do aporte de potássio
Encontramos a eficácia máxima. ou cloreto, levando a inibição. Não tem
 Consegue achar a afinidade do fármaco intenção terapêutica.
pelo sítio receptor. Na verdade,
encontra a chamada CONSTANTE DE Os agonistas parciais são menos
DISSOCIAÇÃO (KD) que corresponde a empregados, mas ainda assim possuem
concentração molar do agonista uso terapêutico.
responsável pelo surgimento de 50%
do seu efeito máximo. Potência é um termo que correlaciona a
 A constante de afinidade é o inverso da dose empregada com a intensidade de
constante de dissociação. resposta, quando a gente emprega dois ou
mais agonistas. Geralmente analisa de
AGONISTAS TOTAL E PARCIAL maneira comparativa.
 Não pode confundir com eficácia, que
O agonista é a droga que tem afinidade e é a intensidade da resposta.
eficácia, que consegue interagir com o
receptor e produzir uma resposta. LOCALIZAÇÃO DOS RECEPTORES

O agonista total é aquele que tem alfa = 1 Os receptores se localizam na superfície


(100% de atividade intrínseca). externa da membrana (maioria) e no
interior da célula.
O agonista parcial, por mais que aumente
a dose, o efeito máximo de 100% não é Quando o receptor está dentro da célula,
atingido. Então alfa é diferente de 0, mas para que o fármaco possa atingir esse
menor que 1. receptor e gerar uma resposta, ele precisa
atravessar a membrana. O mecanismo
No mesmo grupo farmacológico, podem mais importante para essa passagem é o
ter diversos agonistas, que vão se mecanismo difusional. Para atravessar a
diferenciar na questão da eficácia. membrana, ou ele passa através de polos,
e ter uma estrutura muito pequena, ou ser
O antagonista não tem eficácia (atividade lipossolúvel. Ao penetrar, interagem com o
intrínseca é igual a 0).
receptor, alguns no citoplasma e outros no receptores citoplasmáticos são os
núcleo da célula. hormônios esteroides.
 Quando pega um indivíduo com
Para os receptores externos da membrana, hipotireoidismo, tem que fazer
tanto as substâncias hidrossolúveis quanto reposição com hormônio tireoideano.
as lipossolúveis podem interagir. Então, ele virou um medicamento, e
seu mecanismo de ação é o que foi
Existem 4 modelos de receptores: descrito acima.
 Receptores intracelulares – a  Os glicocorticoides têm uma
substância química, para produzir sua aplicabilidade imensa na medicina,
resposta, demora mais tempo. Uma aparecendo na pneumologia, na
vez iniciada a resposta, ela tende a endócrino, na neuro, na reumatologia,
perdurar por muito tempo (horas, dias) na nefrologia, na gastro, na imuno etc.
 Canais iônicos dependentes de ligantes
– produzem resposta rápida e que Existem mini pílulas derivadas da
perduram por um tempo pequeno. progesterona que podem ser úteis.
 Receptores acoplados a proteína G –  Cortisol é o nosso corticoide natural.
são metabotrópicos, mais complexos e
mais comuns.
 Enzimas reguladas por ligantes –
proporciona respostas que aparecem
em minutos.

IMAGEM 2: receptores de membrana. É o


I receptor iônico, como por exemplo o
MAGEM: modelo de receptor intracelular. receptor nicotínico. A acetilcolina, ao se
Não é um mecanismo usual para ligar ao receptor, produz importantes
neurotransmissores. O ligante (hormônio) respostas, inclusive centrais. Para que haja
se difunde através das membranas, a mudança conformacional do canal, de
atravessando-a, e penetra na célula. No aberto para fechado, é necessário que haja
caminho a esquerda, forma um complexo a ligação com a acetilcolina, ou qualquer
que atravessa a membrana nuclear, que vai outra substância que se ligue ao receptor
interagir com o DNA, modificando sua nicotínico. O glutamato é outro receptor
velocidade de transcrição, formação do que pode produzir respostas a partir desse
RNAm e síntese proteica. No caminho a mecanismo. Produz respostas rápidas. O
direita, a diferença se dá no fato do GABA é outro receptor que também atua
hormônio penetrar no núcleo e interage nessa forma, mas de maneira inibitória.
com o receptor nuclear. Um exemplo de  As drogas que conseguem aumentar
hormônio que interage com o receptor essa ação gabaérgica vão proporcionar
nuclear é o hormônio tireoideano e um uma resposta inibitória mais intensa.
exemplo de hormônio que interage com Ex: benzodiazepínicos.
 A resposta pode ser excitatória ou membrana: a proteína receptora, a
inibitória, dependendo da interação. É proteína G e a proteína efetora de
um modelo comum para membrana. A proteína G é assim chamada
neurotransmissores. porque tem 3 subunidades diferentes (alfa,
beta e gama, sendo a gama mais
importante. O mecanismo é desencadeado
quando o ligante (hormônio,
neurotransmissor e fármacos) interage
com a proteína receptora, mudando sua
I conformação, expondo sua superfície
MAGEM 3: receptor com atividade externa. Com isso, há uma separação das
enzimática catalítica. Apresenta o domínio subunidades (a alfa se isola das outras).
extracelular, com o qual o ligante interage  Quando ativada, a proteína G vai
e o domínio intracelular, que geralmente modular uma terceira proteína, que é a
tem atividade enzimática ou sítio para que proteína alvo, ativando-a.
uma substância citoplasmática possa  Funções da subunidade alfa: interage
interagir. com o sítio receptor ativado, se ligar a
 Os transmissores (fármacos), ao se resíduo guanínico e interagir com a
ligarem ao domínio externo dos proteína alfa, modificando sua
receptores tirosina-quinase, ativam o atividade. Também tem a atividade
domínio enzimático, desencadeando GTPase, ou seja, é capaz de hidrosilar a
uma resposta intracelular. guanosina.
 Alguns hormônios atuam dessa  Alfa-GTP é a conformação ativa da
maneira, não sendo um modelo muito proteína G.
comum para neurotransmissores.  A proteína alvo pode ser uma proteína
Ex: fatores de crescimento, citocinas, canal, uma proteína transportadora,
interleucinas e insulina. um cotransportador ou uma proteína
 Quando os dois domínios são ativados, enzima.
eles vão fosforilar as proteínas
presentes na célula efetora e em
consequência disso, determinam uma
resposta.

IMAGEM 5: exemplo de uma proteína


enzima, que é a Adenil ciclase. É ligado a
formação de segundo mensageiro. O
transmissor interage com a proteína
receptora, a subunidade alfa interage com
a Adenil ciclase, mudando sua
conformação. O ATP é transformado em
AMPc, que ativa uma proteína quinase, a
qual vai fosforilar proteínas presentes na
célula efetora, conduzindo a uma resposta.
IMAGEM 4: proteína G. É um modelo mais  O anel cíclico é extremamente
complexo. Temos 3 proteínas presentes na importante para a atividade do
segundo mensageiro. O AMPc tem sua  Ação é o mecanismo e efeito é a
duração controlada por uma enzima exteriorização da ação.
que destrói esse anel cíclico, que é a  O diacilglicerol é responsável pela
fosfodiesterase (PDE). ativação da proteína quinca C.
 A gente pode regular a quantidade de  O inositol tri-fosfato vai liberar cálcio
AMPc interferindo com a adenil ciclase do retículo endoplasmático.
ou com a fosfodiesterase.
 A proteína quinase A é mediadora da
grande maioria dos efeitos do AMPc.
Ao interagir, o AMPc ativa a
subunidade catalíca, gerando
fosforilação e uma resposta.
 Qualquer droga que interaja com o
receptor Beta-2 pode ter ação
broncodilatadora.
 Qualquer droga que interaja com o
receptor Beta-1 gera aumento do
aporte de cálcio, tendo maior
contração. Modificam o aporte de
cálcio via AMPc, via quinase A.

IMAGEM 6: se a enzima de membrana for a


fosfolipase C. A sequência é a mesma, mas
temos diferença em relação ao substrato,
as enzimas e ao segundo mensageiro. A
fosfolipase C atua sobre um componente
lipídico de membrana, convertendo o
mesmo em dois segundos mensageiros
(diacilglicerol e inositol tri-fosfato).
Aumenta a concentração de cálcio, que
pode influenciar em vários aspectos.
 Para os fármacos que tem esse
mecanismo de ação, a sequência é
sempre a mesma.
 Quando o agonista interage com o
receptor alfa-1, induzido pela
adrenalina, gera vasoconstrição.

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