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REGULAÇÃO

GÉNICA
José Salsa - 2005
Material genético

► Genes e cromossomas

As informações hereditárias transmitidas ao


longo das gerações, segundo determinados
padrões, apresentam um suporte físico – o
material genético.

Gene – é a unidade da informação hereditária. É


um segmento de DNA com informação para
sintetizar uma determinada proteína
(determinando uma característica).

Genoma – conjunto de genes existente num


indivíduo, abrange a totalidade da sua informação
genética. Existe uma cópia do genoma em cada
uma das células do organismo.

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Material genético

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Material genético

► Genes e cromossomas

DNA nos procariontes – uma só molécula,


não associada a proteínas, dispersa no
citoplasma.

DNA nos eucariontes – várias moléculas,


associadas a proteínas, as histonas.
Encontra-se no núcleo. Também existe
DNA extranuclear em mitocôndrias e
cloroplastos.

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Material genético

DNA

Histona

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Material genético

► Genes e cromossomas

Cromatina – filamentos de
DNA associado a histonas,
geralmente dispersos no
núcleo da célula.

Cromossomas – filamentos
de cromatina condensados,
curtos e espessos,
observáveis ao microscópio,
com afinidade para corantes.
Surgem quando a célula está
em divisão e contêm os
genes.

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Material genético

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Material genético

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Material genético

► Cariótipo

Conjunto de cromossomas presente


numa determinada célula,
característico de uma espécie pelo seu
número e morfologia (forma e
tamanho).

O cariótipo humano é constituído por


46 cromossomas, sendo 44
autossomas e 2 heterossomas ou
cromossomas sexuais.

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Regulação génica

► Regulação génica

Em cada célula, apenas uma parte do seu genoma está a ser expresso,
determinando as suas características.

Esse conjunto de genes que se expressa varia consoante o tipo de célula,


sendo esta a causa primeira da diferenciação celular.

Este fenómeno é resultado da regulação da expressão dos genes.

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Regulação génica

► Importância da regulação génica

Nos organismos mais simples, como os procariontes, a regulação génica


condiciona a eficiência energética e o consumo de recursos disponíveis,
permitindo que estes organismos ajustem o seu metabolismo às
modificações que ocorrem no meio, algo fundamental para a sua
sobrevivência.

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Regulação génica

► Trabalhos de Jacob e Monod

François Jacob e Jacques Monod


(1961) desenvolveram trabalhos
relativos à regulação genica em
bactérias, nomeadamente o
funcionamento dos genes
envolvidos no metabolismo da
lactose em Escherichia coli.

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Operão lac

Interior da bactéria

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Operão lac

RNA
polímerase

DNA

mRNA

Galactose
transacetilase

β-galactosidase Galactose
permease

Produção de enzimas necessárias ao metabolismo da lactose

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Operão lac

► Metabolismo da lactose

Se no meio existir glicose, a bactéria utiliza


este monossacarídeo como fonte de
energia. Se a concentração de glicose no
meio for muito reduzida ou mesmo nula, a E.
coli pode utilizar a lactose como fonte
alternativa de energia.

A lactose é um dissacarídeo formado por


glicose e galactose. Para que a E. coli possa
utilizar a lactose como fonte de energia, é
necessário que a bactéria sintetize três
enzimas: a β-galactosidase, a galactose
permease e a galactose transacetilase.

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Operão lac

► Operão lac

Jacob e Monod verificaram que os genes responsáveis pela síntese destas


três enzimas - genes estruturais - encontravam-se numa secção contínua
da molécula de DNA e eram controlados por outros genes próximos.

Ao conjunto dos genes estruturais com funções relacionadas e dos genes


que os controlam chama-se operão.

Operão lac

Gene Gene
promotor operador lac Z lac Y lac A

Constituição do operão lac

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Operão lac

► Operão lac

O operão da lactose (operão lac) é formado por três genes estruturais (lac
Z, lac Y e lac A), que codificam as enzimas necessárias ao metabolismo da
lactose, e por dois segmentos de DNA que controlam a transcrição dos
genes estruturais - o promotor e o operador.

O promotor é a região onde a enzima RNA polimerase, responsável pela


transcrição dos genes estruturais, se liga.

O operador controla o acesso desta enzima aos genes estruturais.

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Operão lac

Gene
repressor

DNA

mRNA RNA
polímerase

Repressor Lactose AUSENTE


activo
Repressor ACTIVO
Operão BLOQUEADO

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Operão lac

► Lactose ausente

Quando não existe lactose no meio, um repressor está ligado ao operador,


bloqueando a transcrição dos genes estruturais.

Esta proteína repressora é codificada por um gene que se situa fora do


operão e é designado gene repressor ou gene regulador, constantemente
transcrito e traduzido. Assim, a bactéria produz continuamente pequenas
quantidades de proteína repressora.

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Operão lac

Lactose

Repressor Repressor
activo inactivo

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Operão lac

RNA
polímerase

DNA

mRNA

Galactose
transacetilase
Repressor
inactivo β-galactosidase Galactose
permease
Indutor
(lactose)

Lactose PRESENTE
Repressor INACTIVO
Operão FUNCIONAL

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Operão lac

► Lactose presente

Quando existe lactose no meio, esta molécula liga-se ao repressor, altera a


sua conformação de tal forma que este se torna inactivo, desligando-se do
operador.

Assim, o operador fica livre, permitindo que os genes estruturais sejam


transcritos e, posteriormente, traduzidos, formando-se as enzimas
necessárias ao metabolismo da lactose.

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Operão lac

► Regulação da expressão génica

A lactose funciona como um indutor, pois a sua presença permite activar o


operão.

Por este facto, o operão da lactose é, por vezes, designado operão


indutível.

Quando a concentração de lactose começa a baixar drasticamente, devido


à acção catalítica das enzimas, a lactose desliga-se do repressor, que, ao
voltar a ficar activo, liga-se ao operador, bloqueando a transcrição do
operão.

Assim, garante-se uma poupança de recursos devido aos fenómenos de


autorregulação descritos.

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Operão lac

Disponibilidade
Operão bloqueado de lactose

Ciclo de indução e de repressão


Inactivação
Repressor activo do repressor

Consumo de lactose
Produção de enzimas

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Operão lac

Funcionamento de um operão do tipo indutível

Na ausência de lactose
 O gene regulador determina a síntese de um repressor.
 O repressor bloqueia o gene promotor ao ligar-se ao operador.
 A RNA polimerase não se liga ao promotor.
 Os genes estruturais não são transcritos.
 Não ocorre a síntese das três enzimas.

Na presença de lactose
 A lactose liga-se ao repressor, inactivando-o.
 O gene operador fica desbloqueado.
 A enzima RNA polimerase liga-se ao promotor.
 Os genes estruturais são transcritos.
 Dá-se a síntese das enzimas.

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Operão trp

► Operão trp

O operão do triptofano (operão trp) é formado por cinco genes estruturais


que codificam as enzimas necessárias à síntese do aminoácido triptofano,
associados a um promotor e a um operador.

Triptofano

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Operão trp

Operão triptofano

Gene Gene
promotor operador

DNA

RNA
polímerase
mRNA
mRNA Triptofano AUSENTE
Repressor INACTIVO
Operão FUNCIONAL
Repressor
inactivo
Enzimas necessárias à síntese de Triptofano

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Operão trp

► Triptofano ausente

Quando a concentração
intracelular de triptofano está
baixa, as enzimas necessárias à
sua síntese são produzidas por
transcrição dos genes
estruturais, conduzindo a um
aumento da concentração do
aminoácido.

Tal como no operão lac, também


existe uma molécula repressora
codificada por um gene mais
distante mas, neste caso, é
produzida sob a forma inactiva,
não se podendo ligar ao operador
e bloquear o operão.

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Operão trp

Gene
repressor

DNA

mRNA RNA
polímerase

Repressor activo

Proteína

Triptofano Triptofano PRESENTE


(co-repressor) Repressor ACTIVO
Operão BLOQUEADO

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Operão trp

► Triptofano presente

Quando a concentração de
triptofano atinge níveis
elevados, algumas moléculas
do aminoácido ligam-se ao
repressor, alterando a sua
conformação e tornando-o
activo (o triptofano é um co-
repressor).

O repressor liga-se ao
operador, bloqueando a
transcrição dos genes
estruturais do operão.

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Operão trp

Gene 1 Enzima 1

Gene 2 Enzima 2

Gene 3 Enzima 3
Regulação
da
actividade
Gene 4 Enzima 4 das
Regulação
enzimas
da
actividade
dos genes Gene 5 Enzima 5

Triptofano

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Operão trp

Funcionamento de um operão do tipo repressível

Na ausência de triptofano
 O gene regulador produz um repressor, inactivo.
 O gene operador está livre.
 A RNA polimerase pode ligar-se ao promotor.
 Dá-se a transcrição.
 Ocorre a síntese das enzimas.

Na presença de triptofano
 O triptofano liga-se ao repressor, activando-o.
 O repressor liga-se ao operador.
 A RNA polimerase não pode ligar-se ao gene promotor.
 Os genes estruturais não são transcritos.
 Não se sintetizam as enzimas.

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Regulação génica

► Regulão

Nos casos dos operões lac e trp cada um é controlado por um regulador
diferente.

Existem casos em que um grupo de operões é controlado por único tipo


de regulador. Este grupo de operões toma a designação de regulão.

Por exemplo, operões com intervenção no catabolismo de glícidos são


controlados em simultâneo pelo mesmo gene regulador, tornando mais
eficaz e rápida a conversão de glícidos em glicose.

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