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Desenvolvimento
Atividade enzimática
As enzimas convertem uma substância, chamada de substrato, noutra
denominada produto, e são extremamente específicas para a reacção que catalisam.
Isso significa que, em geral, uma enzima catalisa um e só um tipo de reacção
química. Consequentemente, o tipo de enzimas encontradas numa célula determina
o tipo de metabolismo que a célula efetua.
A velocidade da reacção catalisada por uma enzima é aumentada devido ao
abaixamento da energia de ativação necessária para converter o substrato no
produto. O aceleramento da reação pode ser da ordem das milhões de vezes: por
exemplo, a enzima orotidina-5'-fosfato descarboxílase diminui o tempo da reação
por ela catalisada de 78 milhões de anos para 25 milissegundos.
Como são catalisadores, as enzimas não são consumidas na reação e não alteram
o equilíbrio químico dela.
A atividade enzimática pode depender da presença de determinadas moléculas,
genericamente chamadas cofactores. A natureza química dos cofactores é muito
variável, podendo ser, por exemplo, um ou mais iões metálicos (como o ferro), ou
uma molécula orgânica (como a vitamina B12). Estes cofactores podem participar ou
não directamente na reacção enzimática.
Determinadas substâncias, podem inibir a actividade de algumas enzimas,
diminuindo-a ou eliminando-a totalmente; são os chamados inibidores enzimáticos.
Pelo fato de serem proteínas com estrutura terciária ou quaternária, as enzimas são
dotadas de dobramentos tridimensionais em suas cadeias polipeptídicas, o que lhes
confere uma forma característica e exclusiva. Assim, diferentes enzimas têm
diferentes formas e, portanto, diferentes papéis biológicos. Para que uma enzima
atue, é necessário que os substratos "se encaixem" na enzima. Esse "encaixe",
porém, depende da forma, isto é, do "contorno" da enzima. Por isso, substratos que
se "encaixam" em uma determinada enzima não se "encaixam" em outras diferentes,
e a reação não ocorre; daí a especificidade das enzimas quanto aos substratos em
que atuam. Uma vez ocorrido o "encaixe", forma-se o complexo enzima-substrato,
que se assemelha ao sistema "chave-fechadura". O local da enzima onde o substrato
se "encaixa" é denominado sítio ativo (ou centro ativo). No caso de substâncias que
reagem entre si, sob a ação catalisadora das enzimas, a reação é facilitada, tornando-
se mais rápida, pois a proximidade entre as moléculas "encaixadas" acelera o
processo reativo; após a reação, a enzima desliga-se do substrato e permanece
intacta.
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Localização
Podemos encontrar enzimas em quase todas as estruturas celulares e fluidos
corporais. Algumas têm uma localização específica, de tal modo que podem servir
para indicar que estamos em presença de um tal tecido, secreção ou fragmento
celular se verificar a actividade de uma dada enzima.
Estruturas e mecanismos
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alterações na conformação tridimensional da proteína. Dependendo da enzima, a
desnaturação pode ter efeitos reversíveis ou irreversíveis.
Especificidade
As enzimas possuem normalmente uma alta especificidade em relação às reacções
que catalizam e aos substratos que estão envolvidos nessas reacções. A forma
complementar, carga e características hidrofílicas/hidrofóbicas, são responsáveis
por esta especificidade. As enzimas exibem também elevados níveis
de estereoespecificidade,regioselectividade e quimioselectividade.
Algumas das enzimas que apresentam maior especificidade e precisão, estão
envolvidas na cópia e expressão do genoma. Estas enzimas possuem mecanismos
de proof-reading (revisão). Um destes casos é a DNA polimerase, que cataliza uma
reacção num primeiro passo, para de seguida confirmar, num segundo passo, se o
produto é o correcto. Este processo em duas etapas resulta em médias de taxa de
erro muito diminutas, na ordem de uma para cem milhões de reacções, no caso de
polimerases de mamíferos. Mecanismos de revisão similares também podem ser
encontrados na RNA polimerase, na aminoacil-t RNA sintetases e em ribossomas.
Algumas enzimas que produzem metabolitos secundários são descritos
como promíscuos, visto que podem actuar num largo espectro de diferentes
substratos. Tem sido sugerido que este tipo de especificidade alargada é importante
nos processos de evolução de novas vias de biossíntese.
Mecanismos
As enzimas actuam de diversas formas, todas elas baixando o valor de ΔG‡:
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que na presença da enzima. Ao considerar-se ΔH‡ isoladamente, este aspecto é
negligenciado.
O mecanismo de regulação da atividade enzimática pode ser lento, quando a
regulação apresenta aumento ou diminuição de síntese de enzimas, ou rápido que é
por meio molecular, ou seja, por ligações de moléculas na enzima ou no substrato,
podendo ser também por ligações covalentes “fosforilação”.
O mecanismo “chave-fechadura”
Na catálise de uma reação química, as enzimas interagem com os substratos, formando
com eles, temporariamente, o chamado complexo enzima-substrato. Na formação das
estruturas secundária e terciária de uma enzima (não esqueça que as enzimas são
proteínas), acabam surgindo certos locais na molécula que servirão de encaixe para o
alojamento de um ou mais substratos, do mesmo modo que uma chave se aloja na
fechadura.
Esses locais de encaixe são chamados de sítio ativos e ficam na superfície da enzima.
Ao se encaixarem nos sítios ativos, os substratos ficam próximos um do outro e podem
reagir mais facilmente.
Assim que ocorre a reação química com os substratos, desfaz-se o complexo enzima-
substrato. Liberam-se os produtos e a enzima volta a atrair novos substratos para a
formação de outros complexos.
Funções biológicas
As enzimas exercem uma grande variedade de funções nos organismos vivos. São
indispensáveis para a transdução de sinais, na regulação celular, muitas vezes por acção
de cinases e fosfatasses. Através da sua acção podem gerar movimento, como no caso
da miosina que hidroliza ATP, gerando contracções musculares. Também movimentam
carga através da célula, através da acção do citoesqueleto. Algumas enzimas são ATP
ases (funcionam como bombas iónicas), que se localizam na membrana celular, estando
envolvidas do processo de transporte activo. Algumas funções mais exóticas são
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operadas por enzimas, como é o caso da luciferase que gera luz
nos pirilampos. Os vírus podem conter enzimas que auxiliam na infecção de células
(HIV-integrasse e transcriptase reversa) ou na libertação celular de vírus
(neuraminidase no vírus influenza).
Uma importante função das enzimas tem lugar no sistema digestivo dos animais.
Enzimas como as amílases e protéases, quebram grandes moléculas como
o amido e proteínas, respectivamente, em moléculas de menores dimensões, de maneira
a que estas possam ser absorvidas no intestino. O amido não é absorvível no intestino,
mas as enzimas hidrolisam as cadeias de amido em moléculas menores tais como
a maltose e a glucose, podendo desta maneira ser absorvidas. Diferentes enzimas
actuam sobre diferentes tipos de alimento. Nos ruminantes, que possuem uma
dieta herbívora, bactérias no sistema digestivo produz uma enzima
denominada celulase que quebra as paredes celulares das células vegetais.
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Controle da atividade
1. A produção da enzima
(transcrição e tradução dos genes que codificam a enzima) pode ser
aumentada ou diminuída pela célula em resposta a mudanças no
ambiente celular. Esta forma de regulação genética é designada
como indução ou inibição da expressão enzimática. Por exemplo,
as bactérias podem desenvolver resistência a antibióticos como
a penicilina porque são induzidas enzimas (β-lactamases) que
hidrolisam o anel beta-lactâmico presente na estrutura do antibiótico
e essencial para a sua actividade biológica.
2. As enzimas podem encontrar-se compartimentadas, com diferentes
vias metabólicas (ou partes de vias metabólicas) ocorrendo em
diferentes compartimentos celulares. Por exemplo, os ácidos
gordos são sintetizados por um conjunto de enzimas no citoplasma,
no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi e usados por
um conjunto diferente de enzimas como fonte de energia na
mitocôndria, através da β-oxidação.
3. As enzimas podem ser reguladas por inibidores e activadores. Por
exemplo, os produtos finais de uma dada via metabólica são
frequentemente inibidores das enzimas que catalisam os primeiros
passos da via (normalmente o primeiro passo factualmente
irreversível), regulando assim a quantidade de produto final
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produzido pela via. Este tipo de regulação é denominado
mecanismo de feedback (ou autoalimentação) negativo porque a
quantidade de produto final é regulada pela sua própria
concentração.
4. As enzimas podem ser reguladas através da sua modificação pós-
traducional. Este tipo de modificação inclui a fosforilação,
a miristoilação e a glicosilação. Por exemplo, a fosforilação de
diversas enzimas, como a glicogénio sintase, em resposta a um sinal
da insulina, ajuda no controlo da síntese ou degradação
do glicogénio e permite a resposta celular a variações da glicemia.
5. Algumas enzimas tornam-se activas quando são colocadas num
ambiente diferente (por exemplo, de um ambiente
citoplasmático redutor para um ambiente peri plasmático oxidativo).
Um exemplo encontra-se na hemaglutinina dos vírus Influenza
(vírus da gripe), que sofre uma mudança conformacional quando
encontra o ambiente acídico de vesículas da célula hospedeira,
provocando a sua activação.
Envolvimento em doenças
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Classes de enzimas
Classe
Transferases Transferem grupos químicos entre moléculas.
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Classe
Isomerases Transformam uma molécula num isómero.
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Aplicações
Enzimas digestivas tais como a amílase, protéase e lípase, reduzem os alimentos em
componentes menores que são mais facilmente absorvidos no tracto digestivo.
As enzimas contribuem enormemente para inúmeras indústrias. Enzimas de
processamento alimentar tais como a glucoamilase podem reduzir o alimento em
glicose.
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Uma aplicação industrial é a produção de antibióticos em larga escala. Encontram-se
também determinados tipos de enzimas em produtos de limpeza, para ajudar a digerir
gorduras e proteínas presentes em nódoas.
Também são usadas em investigação laboratorial e na medição de concentrações de
substâncias com interesse clínico (Patologia Clínica, análises clínicas).
Conclusão
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As enzimas são essenciais para aumentar a eficácia dos processos industriais, assim
como de outras reações que exigem a sua presença, podendo ser aplicadas num grande
número de situações diferentes, apresentando muitas vezes vantagens em relação aos
catalisadores químicos.
Por outro lado as enzimas são componentes essenciais à sobrevivência de muitos seres
vivos, tal como nós, os seres humanos. Elas são responsáveis pelo armazenamento de
energia, facilitam a digestão e ativam funções desde a respiração até a visão. As
enzimas são substâncias indispensáveis à vida.
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Bibliografia
1- www.wikipedia.com;
2- www.sobiologia.com;
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