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Universidade Federal do Piauí

Centro de Ciências da Saúde


Departamento de Bioquímica e Farmacologia
Disciplina:Bioquímica

Prof. Dr. Paulo Alex Bezerra Sales


INTRODUÇÃO
Condições para haver vida
1-Autorreplicação
2-Catalisar reações químicas com eficiência e
seletividade

Quase todas as reações no corpo são mediadas por


enzimas

Maioria são proteínas especializadas

Exceção: grupo de moléculas de RNA que apresentam


propriedades catalíticas (ribozimas)
Importância Biológica

Biocatalisadores - regulam as velocidades de todos os processos


fisiológicos
Catalisadoras que aumentam a velocidade das reações
Não oferecem alterações no processo global

Direcionam todos os eventos metabólicos

As reações catalíticas facilitam os processos vitais em todas as


suas formas, desde vírus até os mamíferos superiores
Papel fundamental na saúde e na doença
Saúde

Enzimas

Processos Ocorram de modo ordenado


Homeostasia
Fisiológicos
Estados patológicos

Doenças Genéticas

Incapacidade ou capacidade parcial


de sintetizar enzimas

Sintomatologia variada
Estados patológicos
Infarto do miocárdio

Lesão cardíaca grave

Extravasamento de enzimas intracelulares

Determinação da atividade de enzimas específicas


no plasma proporciona ao clínico informações importantes
para o diagnóstico
(Creatina quinase, Lactato desidrogenase)
Enzimas
Alto grau de afinidade pelo substrato
Eficiência catalítica
Não são consumidas ou alteradas ao participar da catálise
Se uma enzima é desnaturada ou dissociada em subunidades a sua
atividade catalítica é encerrada

Estrutura proteica: essenciais para sua atividade catalítica


Enzimas
Algumas não necessitam de outros grupos químicos além
dos seus próprios resíduos de aa para exercer sua atividade

 Outras necessitam de componente química adicional


Cofator
Pode ser um ou mais íons inorgânicos

Coenzima
Molécula orgânica ou metalorgânica complexa
Carreadores transitórios de grupos funcionais
específicos
Maioria derivada de vitaminas
Enzimas
Grupo prostético
Coenzima ou íon metálico que se ligue firmemente,
ou mesmo covalentemente a uma enzima
Apoenzima/Apoproteína
É a parte proteica da enzima
Holoenzima
É a enzima completa com sua coenzima e/ou íons
metálicos
As enzimas são classificadas pelas reações que
catalisam
1. Oxidorredutases
Catalisam reações de oxidoredução transferindo elétrons,
hidretos ou prótons
2. Transferases
Catalisam a transferência de grupos contendo C, N ou P
3. Hidrolases
- Catalisam a quebra de ligações pela adição de água
4. Liases
Catalisam a quebra de ligações
C-C, C-S e certas ligações C-N
5. Isomerases
Catalisam racemização de isômeros ópticos ou
geométricos
6. Ligases
Catalisam a formação de ligações C-C e C-O, C-S,
C-N, acoplada à hidrólise de fosfatos de alta energia
Nomenclatura das enzimas

Nome Recomendado
Utiliza o sufixo "ase" para caracterizar a enzima.
Ex: Urease, Hexoquinase, Peptidase

Nome Independentes
Ex: Tripsina, Pepsina

Nome Sistemático
Mais complexo  informações precisas sobre a
função metabólica da enzima
 International Union of Biochemistry and
Molecular Biology – IUBMB - Enzime comission (EC)
Números classificatórios (quatro dígitos)
E.C. (número da Comissão de Enzimas – Enzyme
Comission)
1o dígito - classe
2o dígito - subclasse
3o dígito - sub-subclasse
4odígito - indica o substrato

ATP-glicose fosfotransferase – E.C. 2.7.1.1


2. Transferase
7. Fosfotransferase
1. Fosfotransferase que apresenta um grupo hidroxila
aceptor de fosfato
1. D-glicose como aceptor do grupo fosfato
Importância das Enzimas

Reações biológicas são comumente lentas

Sem catalisadores elas não ocorreriam em


tempo hábil para o metabolismo do corpo

Ex.: digestão de alimentos, transporte de


sinais através dos nervos, contração
muscular, etc.
Como as enzimas funcionam?

Enzima fornece um ambiente específico onde determinada


reação seja energicamente mais favorável

Reação catalisada enzimaticamente: limites de uma cavidade


na enzima chamada de sítio ativo

A molécula que se liga ao sítio


ativo é chamada de substrato
enzima
Composto B (produto)

Reação
catalisada pela
enzima

Composto A (substrato)

Centro ativo ou Sítio ativo ou sítio catalítico


de uma enzima é a porção da molécula onde
ocorre a atividade catalítica

Observe que não há consumo ou modificação permanente da


enzima
Condição de interação do substrato com sítio
ativo da enzima

Rearranjo de ligações covalentes durante a reação catalisada pela


enzima

Ligações não covalentes: múltiplas atrações fracas

Hidrofóbicas
Pontes de H

Forças iônicas
Complexo enzima - substrato
Interação enzima-substrato

A relação substrato - enzima não deve ser


entendida como um modelo rígido de chave-
fechadura (este modelo exemplifica a
especificidade de uma enzima pelo seu substrato,
mas não explica toda a complexidade da relação
estabelecida entre eles durante a catálise);
Na verdade, a aproximação e a ligação do
substrato induz na enzima uma mudança
conformacional, tornando-a ideal para a catálise
(modelo do ajuste induzido)
Barreiras a serem vencidas numa reação
A combinação do substrato com a enzima cria uma nova via de reação
que tem um estado de transição de menor energia do que na ausência
do substrato
Como é que as enzimas utilizam a energia de ligação para diminuírem a
energia de ativação de uma reação?
A função de um catalisador é aumentar a velocidade de
uma reação sem interferir no seu equilíbrio
A mesma energia de ligação que fornece energia
para a catálise também é responsável pela
especificidade

Habilidade da enzima em discriminar entre o substrato


e outra molécula competidora
Rearranjos durante as ligações covalentes durante
a ação enzimática
Fatores que afetam a atividade enzimática
Variações de pH
pH ótimo

pH ótimo=1,5 pH ótimo=6,8 pH ótimo=9,9


O pH pode influenciar a atividade de uma
enzima através de maneiras distintas

pH pode levar à desnaturação proteica

Interferir na atividade de uma enzima alterando o


padrão de cargas de um determinado sítio ativo ou
alterando a conformação geral da proteína
Fatores que afetam a atividade enzimática

Variações de temperatura
Temperatura ótima

Desnaturação
% atividade enzimática máxima

100- térmica da
Temperatura proteína
ótima

Pouca energia
50- para a reação
acontecer

0-
O aumento de temperatura aumenta a
taxa de reação enzimática

Aumento de energia cinética das moléculas participantes da


reação

Pode interferir nas interações que mantém as estruturas


secundárias e terciárias (pontes de hidrogênio e interações
hidrofóbicas), podendo levar à desnaturação protéica
 Estuda a velocidade das reações enzimáticas, e os atores que
influenciam nessa velocidade
 Mecanismo mais simples para explicar a ação enzimática
 A enzima combina-se com o substrato, formando um
complexo ES que degrada-se em produto, regenerando a
enzima livre

S = substrato
E = enzima
ES = complexo enzima -substrato
K1, K-1 e K2 = constante de velocidade
Expressa a relação hiperbólica entre velocidade inicial e a concentração
de substrato
Descreve como a velocidade da reação varia com a concentração do
substrato:

Vmáx. - Velocidade atingida sob condições específicas de temperatura,


pH, e força iônica
Km - São específicas para cada enzima sob condições especificadas de
pH e temperatura
Reflete a afinidade da enzima para aquele substrato

O Km é numericamente igual a concentração do substrato na


qual a velocidade da reação é igual a ½ Vmax. O Km não varia
com a concentração da enzima
CARACTERÍSTICAS DO Km
Km baixo – reflete uma alta
afinidade da enzima pelo
substrato. É necessária uma
baixa [S] para atingir a metade
da saturação da enzima (1/2
Vmax)

Km alto – reflete baixa


afinidade da enzima pelo
substrato. É necessária uma alta
[S] para atingir ½ Vmax
Número de renovação (turnover) = n° de moléculas de substrato
convertidas em produto por uma única molécula de enzima em
uma dada unidade de tempo
Qualquer substância que diminua a velocidade da reação de uma
enzima é chamada de INIBIDOR

Pode ser:
Reversível
Irreversível
Quando o inibidor se liga
reversivelmente ao mesmo sítio
de ligação do substrato;

O efeito é revertido aumentando a


concentração de substrato;

Este tipo de inibição depende das


concentrações de substrato e de
inibidor;

Não altera a vel. Máx. da reação


Km aumenta na presença do
inibidor
O inibidor liga-se à enzima em um
sítio próprio de ligação;

Ligado à enzima ao mesmo tempo que


o substrato;

Este tipo de inibição depende apenas


da concentração do inibidor;

Mesmo com altas concentrações de


substrato, não é possível atingir a
Vmáx;

Diminui a V.máx. da reação


Não há alteração do Km
O inibidor liga-se a um sítio
ativo diferente do substrato;

Mas pode se ligar tanto a


enzima como ao complexo
enzima substrato;

Alterados tanto Km
(aumenta) como Vmáx
(diminui)
Ocorre quando os inibidores se combinam com um grupo funcional na
molécula da enzima ou o destrói ou ainda formam uma ligação covalente
bastante estável
Uma enzima não recupera sua atividade quando o complexo enzima-
inibidor se ligam

Aspirina transfere seu grupo acetil para o


grupo -OH de um resíduo de serina na
molécula da ciclooxigenase, inativando-a

Penicilina liga-se especificamente as


enzimas da via de síntese da parede
bacteriana, tornando-as susceptíveis à lise
A regulação da velocidade das reações enzimáticas é
essencial para o organismo coordenar seus numerosos
processos metabólicos
Enzimas alostéricas
Possuem uma região diferente do sítio ativo ao se liga um
efetor ou modulador alostérico. A mudança conformacional decorrente
da ligação do efetor alostérico se propaga pela molécula e afeta o sítio
ativo, ativando-o ou inibindo-o

Ativador alostérico Inibidor alostérico


Ocorre quando há modificação covalente da molécula
da enzima, com conversão entre formas ativa/inativa

O processo ocorre principalmente por adição/remoção


de grupamentos fosfato de resíduos específicos de
serina, treonina ou tirosina na enzima
Modulação por fosforilação

Modulação com o grupo Acetil

Modulação com o grupo Adenina

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