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1.

INTRODUÇÃO

As indústrias químicas visam, fundamentalmente, a transformação de


matérias-primas em produtos acabados, prontos para o consumo por um mercado
específico. Essa transformação é obtida através de uma sequência de etapas à qual
se dá o nome de processo unitário. Cada uma das etapas do processo global é
denominada operação unitária, que tem uma técnica específica fundamentada em
leis físicas. Assim, por exemplo, a operação unitária Filtração fará sempre a
separação de sólidos de um líquido, não importando quais sejam os sólidos e
líquidos envolvidos: as leis que regem essa separação serão iguais em todos os
casos.

As Operações Unitárias estão fundamentadas em leis da ciência Fenômenos


de Transporte, que tem como objetivo o estudo do escoamento de fluidos (transporte
de quantidade de movimento), o transporte de calor e de massa. Um grande número
de operações trata sistemas sólido-fluido sem alterar sua composição e
propriedades físicas; em outras, as composições químicas também não são
alteradas, mas as propriedades físicas sofrem modificações sob influência de
variáveis como temperatura, pressão, concentração e etc.

Neste trabalho será relatado o processo de caracterização de partículas,


onde a escolha de uma dimensão linear, ou “diâmetro” da partícula é essencial para
a especificação de um material pulverulento.

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2. CARACTERIZAÇÃO DE PARTÍCULAS

A caracterização inicial das partículas sólidas é vital para definir as


propriedades do produto, basicamente o tamanho, a forma (esfericidade), massa
específica e porosidade.

I. Tamanho da partícula

A característica mais importante é o tamanho de um sólido. Para uma


partícula sólida que não possui a geometria esférica, existem diferentes definições
de tamanhos: Diâmetros Equivalentes, Diâmetros de um Círculo Equivalente e
Diâmetros Estatísticos.

a. Diâmetros Equivalentes

Na prática, utilizam-se como os diâmetros do sólido correspondentes à da


esfera, que possui as mesmas propriedades da partícula em volume, mesma
superfície projetada e mesma velocidade de queda. A tabela abaixo mostra os
principais diâmetros equivalentes a uma esfera:

Em sistemas particulados (escoamento em meios porosos), cinética e


catálise a definição mais utilizada é a de Sauter, que relaciona diâmetro da partícula
cuja relação superfície/volume é a mesma para todas as partículas:

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Onde dp é o diâmetro médio se Sauter (L), xi é a fração mássica retida (-) e
dpi é o diâmetro médio de cada partícula (L).

b. Diâmetros de um Círculo Equivalente

Os diâmetros de um círculo equivalente são aqueles correspondentes a uma


circunferência, que tem as mesmas propriedades que a partícula quando projetada.
O diâmetro da área projetada é definido como sendo o diâmetro do círculo, que
possui área igual a da partícula projetada (Figura 1).

c. Diâmetros Estatísticos

São diâmetros correspondentes à medida de uma dimensão linear efetuada


paralelamente a uma direção fixa, são chamados diâmetros estatísticos e são
usados em microscopia. Algumas definições para o tamanho do sólido são
mostradas na Figura 2, a saber: diâmetro de Martin, de Feret e de Crofton.

Depois de definido o tamanho dos sólidos, alguns autores ou setores da


indústria propõem diferentes classificações para estes. De acordo com a abertura da
peneira, a Tabela 2 apresenta algumas destas classificações.

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II. Esfericidade

A esfericidade (ɸ) é uma definição que associa as diferentes definições de


tamanhos, e é definido por Waddell como sendo a área superficial volumar de uma
esfera por área superficial da partícula. Logo, pode-se escrever:

Mostra-se, ainda, que a esfericidade pode ser a razão entre os diâmetros


superfície/volume (dsv) e o volumar (dv):

Seja a partícula esférica ou não, vale a afirmativa:

Dois outros métodos de cálculos também podem ser utilizados: os propostos


de Massarani e Peçanha (1989) e a partir da equação de Ergun (1952) para queda
de pressão total do leito.

O método de Peçanha e Massarani (1989) consiste na determinação do


diâmetro inscrito (dCI) e circunscrito (dCC) de uma partícula, obtido através da
projeção de sua sombra sobre um plano em repouso e estável. Logo, a esfericidade
pode ser definida como sendo:

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O método de Ergun (1952) consiste na aplicação da equação da queda de
pressão através de um leito fixo, ou seja, Rep < 10:

Onde, ΔP: queda de pressão do leito; H0: altura de leito fixo; U: velocidade
do gás; µg: viscosidade do gás; dp: diâmetro da partícula; ɛ: porosidade do leito; ɸ:
esfericidade.

A esfericidade é obtida pela inclinação da reta através do gráfico da queda


de pressão em função da velocidade do gás.

III. Técnicas de medida de tamanho de partícula

Diferentes são os métodos analíticos para a classificação do tamanho de


partículas: Métodos de Peneiramento, Métodos Microscópicos, Difração a Laser e
outros.

a. Métodos de Peneiramento

É a técnica mais empregada para análise e fracionamento de tamanho de


minerais (Perry e Chilton, 1973). É também o mais rápido e convencional método
para partículas maiores que 50 micra (Figura 3). Algumas peneiras de micromesh
foram desenvolvidas para análise de partículas menores que 1 mícron. Define-se por
mesh como sendo o número de abertura por polegada linear. As peneiras usadas
em laboratório têm normalmente mais ou menos 20 cm de diâmetro com aberturas
(orifícios) uniformes.

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A série de peneiras normalmente empregada é do tipo Tyler padronizadas
basicamente com 400 mesh (0,0015 in). A análise por peneiramento pode ser
realizada tanto a seco como a úmido. Peneiramento úmido é usado
preferencialmente quando as partículas possuem tendência à aglomeração, no
entanto, minimiza-se a emissão de poeira e erros resultantes na análise de tamanho.
Por outro lado, o peneiramento a seco é razoavelmente preciso para partículas
grandes. A eficiência do peneiramento pode ser definida como sendo a taxa de peso
do material que passa através de certa peneira pelo peso total do material menor
que sua abertura. A eficiência do peneiramento é muito sensível as variáveis de
operação como distribuição de tamanho e propriedades da superfície da partícula,
abertura da peneira, método de vibração e carga da partícula.

b. Métodos Microscópicos

Utilizando o microscópio como principal instrumento para análise do


tamanho do sólido por sua precisão e também por ser utilizado na calibração de
outros instrumentos. O microscópio não é só utilizado para medidas de tamanho
como também para uma completa caracterização da partícula, como sua forma,
morfologia (superfície) cor e mineralogia.

Os microscópios (Microscópio Eletrônico de Varredura) podem ser divididos


em duas classes: os eletrônicos e óticos. Os microscópios eletrônicos (Figura 3)
podem medir tamanhos de partículas menores que 0,001 micra, mas o custo da

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medida limita seu uso. Os óticos são usados para caracterizar partículas maiores
que um mícron.

As figuras 4 e 5 mostram imagens de alguns materiais e informações sobre


as características do sólido por análise de imagem.

c. Difração a Laser

A difração a laser (Figuras 6 e 7) pode operar em faixa de medição de 0,05 a


3000 µm. Opera em sistema ótico e com um ou mais feixes de luz possibilitando
medir a distribuição precisa de tamanho de partículas. As medições podem ser a
seco ou a úmido. Considerado o melhor analisador para várias áreas tais como:
metal, mineração, farmacêutica, química, ambiental, construção, agricultura, solo e
as que requerem medição de partículas de alta densidade e desiguais.

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3. CONCLUSÃO

A caracterização de partículas é muito importante nos processos industriais


devido a nos fornecer as propriedades características das mesmas, assim vindo a
acarretar em melhorias dos equipamentos e nos processos, consequentemente
podendo obter uma maior produção e um menor custo.

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4. REFERÊNCIAS

 CREMACO, M.A. Operações Unitárias em sistemas particulados e


fluidomecânicos; São Paulo, Blucher, 2012;
 Caracterização de Partículas, disponível em: http://www.fluidizacao.com.br/,
acessado em 27/11/14;

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