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SÓLIDOS PARTICULADOS
2.CARACTERIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA
Tanto a especificação da finura desejada, como o cálculo da energia necessária
para realizar uma operação de fragmentação, requerem a definição prévia do que se
entende por tamanho das partículas do material. A determinação de outras características
do produto moído também exige o conhecimento prévio da granulometria e geometria
das partículas que o constituem. O assunto interessa igualmente a outras operações
unitárias, como a mistura, as separações inerciais e a adsorção, além de ser importante em
processos como a catálise heterogênea. Muitas vezes as propriedades sofrem a influência
marcante do grau de sub-divisão. A toxidez de certas poeiras depende da distribuição
granulométrica, além da composição química.
Distinguem-se pelo tamanho cinco tipos de sólidos particulados. Apesar de não
ser muito nítida, esta classificação é útil por ser descritiva:
Para aplicar as equações (4) e (5) numa mistura de partículas de vários tamanhos e
densidades, a mistura é classificada em frações, cada qual de densidade constante e
tamanho aproximadamente constante. Cada fração pode então ser pesada, ou as partículas
podem ser contadas e medidas individualmente por uma série de métodos. As equações
(4) e (5) podem então ser aplicadas para cada fração e os resultados são somados.
2.2.MATERIAIS HETEROGÊNEOS
Neste caso o material terá que ser separado em frações com partículas uniformes
por qualquer um dos métodos de decantação, elutriação ou centrifugação anteriormente
descritos. O meio mais prático, no entanto, consiste em passar o material através de uma
série de peneiras com malhas progressivamente menores, cada uma das quais retém uma
parte da amostra. Esta operação, conhecida como análise granulométrica, é aplicável a
O ensaio consiste em colocar a amostra sobre a peneira mais grossa a ser utilizada
(poderá ser a peneira 3 da Tyler normal ou qualquer outra) e agitar em ensaio
padronizado o conjunto de peneiras colocadas umas sobre as outras na ordem decrescente
da abertura das malhas, conforme ilustra a Figura 1. Abaixo da última peneira há uma
panela que recolhe a fração contendo as partículas mais finas do material e que
conseguem passar através de todas as peneiras da série. A fim de padronizar o ensaio, o
conjunto poderá ser agitado ou vibrado mecanicamente.
Terminado o ensaio, as quantidades retidas nas diversas peneiras e na panela são
determinadas por pesagem e as diversas frações retidas podem ser calculadas dividindo as
diversas massas retidas pela massa total da amostra. Se numerarmos em seqüência as
Peneiras Massas
m1
1
m2
2
3 m3
i-1 mi-1
i mi
n-1
mn-1
n mn
1)Como a fração que passou pela peneira i-1 e ficou retida na peneira i. Se estas forem as
peneiras 14 e 20, respectivamente, será a fração 14/20 ou –14+20.
2)Como a fração representada pelas partículas de diâmetro Di igual a média aritmética
das aberturas das malhas das peneiras i e i-1. No caso que estamos exemplificando, será a
fração com partículas de tamanho:
0,833 + 1,168
Di = = 1,000 mm
2
Di
AGAR: esta análise apresenta, em função de cada Di (abertura da peneira i), a fração
acumulada retida nessa peneira ou a fração acumulada de grossos (ϕi) que se calcula
somando à fração retida na peneira i as frações retidas em todas as peneiras anteriores.
ϕi = x1+x2+...xi
O valor ϕi representa, assim, a fração da massa total da amostra que não consegue
passar através da peneira i. Se a peneira i for a 20, será a fração +20. É evidente que, para
a mistura toda, ϕi é igual a um, assim como xi.
AGAF: esta análise relaciona Di com a fração acumulada que passa pela peneira i, ou
seja, 1-ϕi. O valor 1-ϕi representa a fração da massa total da amostra ensaiada que
consegue passar pela peneira i, ou seja, a fração da massa total que é formada de
partículas mais finas do que Di. No caso da peneira 20, será –20.
ϕi
1-ϕ
ϕi
Di
Sendo M, ρ e b constantes:
n
M xi
N=
ρ b ∑D
i =1 i
3
( 7)
xi
A somatória terá que ser obtida somando as parcelas para todas as frações da
Di3
amostra, inclusive a presente na panela.
N 1 D1 + N 2 D 2 + ... + N n D n ∑N i Di
Da = = 1
( 9)
N 1 + N 2 + ... + N n n
∑N 1
i
n n
M xi xi
∑bρ D 3
D i2 ∑D i
Ds = 1
n
i
= 1
n
(11)
M xi xi
∑bρ D
1 i
3 ∑D 1 i
3
quer dizer que o volume desta partícula é a média aritmética dos volumes de todas as
partículas da amostra. Como a densidade foi admitida igual para todas as partículas, DV
será também o diâmetro médio ponderal. Pode ser calculado com os dados da AGD como
segue:
n
N b DV3 = ∑N
1
i b Di3
n n n
M xi
3
∑ N i Di3 ∑bρ D 3
D i3 ∑x i
DV = 1
=3 1
n
i
=3 n
1
N M xi xi
∑bρ D
1 i
3 ∑D
1 i
3
1
DV = n
(12)
3 xi
∑D
1 i
3
OBS: os mesmos resultados poderão ser obtidos utilizando a curva contínua da AGAR.
Entretanto, neste caso as somatórias são substituídas por integrais que devem ser
calculadas graficamente, a menos que a relação entre ϕi e D seja conhecida.
A forma das partículas é determinada pelo sistema cristalino dos sólidos naturais,
ou pelo processo de fabricação, no caso de produtos sintéticos. Para fins de cálculo de
processo, a forma é uma variável importante. De fato, certas características como a
porosidade e a permeabilidade dependem da forma das partículas. Os parâmetros de
forma geralmente utilizados para calcular algumas características dos sólidos granulares
são os seguintes:
a) Esfericidade (φ): a forma da partícula pode ser expressa pela esfericidade que mede o
afastamento da forma esférica e é independente do tamanho da partícula.
Se: φ = 1 esfera
φ<1 qualquer outra forma 0 ≦φ≦ 1
-mica = 0,28
-pó de vidro moído = 0,65
-pó de carvão = 0,73
-areia arredondada = 0,83
-fuligem = 0,89
c)Dureza: esta propriedade costuma ter dois significados. A dos plásticos e metais é a
resistência ao corte, enquanto a dos minerais é a resistência que eles oferecem ao serem
riscados por outros sólidos. A escala de dureza que se emprega neste último caso é a de
Mohs, que vai de um a dez e cujos minerais representativos são (cada um é riscado pelo
que vem depois): 1.talco, 2.gesso, 3.calcita, 4.fluorita, 5.apatita, 6.ortose(feldspato),
7.quartzo, 8.topázio, 9.córidon, 10.diamante.
Previsões aproximadas podem ser feitas com base nos seguintes valores para
sólidos comuns:
-unha seca = 2,5
-moedas = 3,0
-esmalte dentário = 5,0
-lâmina de barbear = 5,5
-vidro comum = 5,8
d)Fragilidade: mede-se pela facilidade à fratura por impacto. Muitas vezes não tem
relação com a dureza. Os plásticos são moles, mas não são frágeis. O carvão é mole e
frágil.
f)Porosidade (ε): é definida pela relação a seguir (equação (15)) e é a propriedade que
mais influencia as demais propriedades do segundo grupo, como a densidade aparente, a
condutividade e a superfície externa.
Quanto mais a partícula se afasta da forma esférica, mais poroso será o leito.
g)Densidade aparente (ρa): é a densidade do leito poroso, ou seja, a massa por unidade de
volume do sólido particulado. Pode-se calcular por balanço de massa a partir das
densidades do sólido e do fluido, que muitas vezes é o ar.
De modo geral, representando por ρp a densidade do sólido e ρf a densidade do
fluido, tem-se:
ρ a = (1 − ε) ρ p - ε ρ f (16)
Exemplo: qual a densidade aparente de uma areia cujo sólido tem densidade 2,65 t/m3 e
porosidade 0,42 em leito denso?
Solução: a densidade do fluido, o ar, é calculada a partir da lei dos gases com T = 20ºC e
1 atm
PM 1,0 ( 29) kg 1t t
ρf = = = 1,207 3 ∗ = 0.001207 3
ZRT 1,0 (0,082) ( 293) m 1000 kg m
Logo:
t
ρ a = (1 − ε) ρ p - ε ρ f = (1 − 0,42) 2,65 − 0,42 (0.001207) = 1,5365
m3
REFERÊNCIAS