Você está na página 1de 11

Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM

Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas - ICTE


Departamento de Engenharia Química

Separação sólido-líquido em filtro prensa

Relatório referente à sétima prática experimental


da disciplina de Laboratório de Engenharia Química III
do curso de Engenharia Química da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro - UFTM.

Discentes: Arthur Caixeta Coimbra Lopes, Bruno Carvalho,


Carina Estela Aquino, Leonardo Paganelli, Suelen Bessa.
Docente: Kássia Graciele dos Santos

Uberaba
Julho, 2021
1 OBJETIVOS

Utilizar aplicativo móvel para dimensionar filtro prensa industrial, a partir de


dados experimentais coletados da operação de bancada realizada em placa única,
em outra palavras, realizar o scale-up da unidade de filtração.
Calcular os parâmetros de filtração como a resistividade da torta, a resistência
do meio filtrante, volume da torta, volume de filtrado e consequentemente a relação
de scale-up.

2 INTRODUÇÃO

Os filtros prensa são dispositivos que têm por finalidade a separação sólido-
líquido, por meio da alimentação de suspensões ao equipamento composto por
placas recobertas com meio filtrante, esse arranjo se repete e é forçado por um
parafuso, o qual tem por finalidade pressionar as placas que compõe o sistema.
O espaço entre placas é chamado quadro, nesse local a filtragem ocorre de
fato, as placas revestidas são pressionadas e alimentadas por uma corrente de
suspensão, a medida que a operação ocorre a torta preenche todo o quadro,
consequentemente a vazão do filtrado diminui. A filtragem é suspensa e a torta
retirada dos quadros.

Figura 1 – Representação de funcionamento de filtro prensa.

Fonte: Portal tratamento de água¹.

2
O ciclo de filtração é caracterizado por três etapas: filtração, lavagem da torta
e o limpeza. A filtração é realizada até o estado de quadro cheio, já a lavagem
depende da natureza da torta, já que essa pode ser o produto de interesse. A etapa
de lavagem e montagem tem a finalidade de retirar a pequena massa de torta retida
nos quadros, agrupa-los novamente para reiniciar a operação.
Os materiais empregados como meio filtrante pode ser papel filtro, tela
metálica, tecidos e polímeros porosos. A maior vantagem dos filtros prensa é o
pequeno espaço e a baixa umidade de torta atingida por esses equipamentos.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

Os materiais utilizados durante o experimento foram listados e apresentados


a seguir:
• Cronometro
• Proveta
• Balança analítica
• Bomba
• Estufa
• Agitador mecânico
• Quadro
• Tecido (Meio filtrante)
• Calcário

3.2 MÉTODOS
A metodologia implementada no desenvolvimento do experimento se iniciou
com a elaboração de 10 litros de uma suspensão de calcário com concentração de
100 gramas de calcário por litro de água.
Posteriormente, a partir das dimensões do quadro foram determinadas a área
total de filtração (A) e o volume do quadro (Vq) através das equações 1 e 2 descritas
a seguir.

3
𝐴 =2∗𝑛∗𝑎 (1)

Onde:
A= área total de filtração;
n= número de quadros;
a= área transversal de cada lado.

𝑉𝑞 = 𝑎 ∗ 𝑒 (2)

Onde:
Vq= volume do quadro;
a= área transversal de cada lado;
e= espessura do quadro.

Em seguida, foi montado o sistema e fixou-se o meio filtrante já úmido no


quadro. A unidade filtrante foi montada com duas placas e um quadro, contudo, na
placa final, o furo para introdução da suspensão foi tampado para obrigar a
suspensão a passar apenas no quadro de interesse.
Com o sistema em funcionamento, o tempo foi cronometrado e o volume de
filtrado medido. Para a análise da relação entre t/V e V, os tempos de filtração (t) a
cada 125 mL de filtrado foram aferidos e anotados. Posteriormente, plotou-se os
valores constatados em um gráfico para determinar o tempo real de filtração.
Assim sendo, quando foi verificado que não havia uma variação significativa
de volume de filtrado com o tempo, a operação do sistema foi cessada. Em seguida,
o equipamento foi aberto, para a remoção do quadro, e a torta úmida formada foi
pesada e levada para a estufa para determinar-se a umidade final da torta.
A partir dos dados coletados, foi possível determinar a relação entre a torta
úmida e a torta seca, seguindo-se a equação 3.

𝑚𝑢
𝑟= (3)
𝑚𝑠

Onde:
r= relação entre a massa da torta úmida e a massa da torta seca;
4
𝑚𝑢 = massa de torta úmida;
𝑚𝑠 = massa de torta seca.

Procedendo com o experimento, utilizando-se a massa de sólidos secos


obtida após a secagem na estufa, a relação entre as tortas úmidas e secas e, a
partir da densidade dos sólidos em suspensão foi determinado o volume da torta
úmida. Para o cálculo utilizou-se a equação 4, descrita a seguir.

𝑚
𝑚 + (𝑉𝑡 − 𝜌 )
𝑠
𝑟= (4)
𝑚

Onde:
m= massa de sólidos;
𝑉𝑡 = volume da torta úmida;
𝜌𝑠 = densidade dos sólidos;
𝑟 = relação entre a massa da torta úmida e a massa da torta seca.

Determinando-se o gráfico t/V por V e realizando-se o ajuste referente aos


pontos lineares experimentais. Obteve-se, seguindo a equação do tipo y=a*x+b, os
coeficientes angular e linear do sistema. Sendo considerado; “y” igual a t/V, “a” igual
𝜇<𝛼>𝜌𝐶 𝜇𝑅𝑚
a e “b” igual a , respectivamente, na equação.
2𝐴2 Δ𝑃 𝐴Δ𝑃

Assim sendo, com os dados referentes à densidade do fluido, concentração


de sólidos na suspensão, área de filtração e viscosidade dinâmica, foi possível
determinar os parâmetros < 𝛼 > e 𝑅𝑚 . Utilizando-se a equação 5, obteve-se os
valores referentes a cada um dos parâmetros.

𝑡 𝜇 < 𝛼 > 𝜌𝑉𝐶


= [ + 𝑅𝑚 ] (5)
𝑉 𝐴Δ𝑃 2𝐴

Onde:
t= tempo de filtração;
V= volume de filtrado;

5
< 𝛼 >= resistividade da torta;
𝑅𝑚 = resistência do meio filtrante;
𝜇= viscosidade dinâmica do fluido;
𝜌= densidade do fluido;
C= concentração de sólidos na suspensão;
A= área de filtração.

Para a determinação do Scale-up de um filtro industrial, para tratar a mesma


suspensão, calculou-se inicialmente a massa de sólido através da equação 6.

𝑚 =𝑉∗𝜌∗𝐶 (6)

Onde:
m= massa de sólidos;
V= volume da torta;
𝜌= densidade do fluido;
C= concentração de sólidos em suspensão.

Posteriormente, calculou-se o volume da torta pela equação 7.

𝑚
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎 𝑚 + (𝑉𝑡 − 𝜌𝑠 ) ∗ 𝜌
= (7)
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 𝑚

Onde:
m= massa de sólidos;
Vt= volume da torta;
𝜌= densidade do fluido;
𝜌𝑠 = densidade do sólido.

𝑉
Desse modo, é possível obter um Scale-up com . Além disso, aplicando-
𝑉𝑡

se a regra empírica de que o tempo de filtragem do filtro industrial (𝑡2 ) é igual a 2 ∗


𝑡𝑑 , obteve-se a espessura do filtro industrial através da equação 8.

6
𝑡2 𝑒2 2
=( ) (8)
𝑡1 𝑒1

Onde:
𝑡2 = tempo de filtragem do filtro industrial;
𝑡1 = tempo de filtragem do filtro de laboratório;
𝑒1 = espessura do quadro do laboratório;
𝑒2 = espessura do quadro do filtro industrial.

O volume do filtro foi determinado através da equação 9, descrita a seguir.

𝑉2 = 𝑃 ∗ (𝑡2 + 𝑡𝑑 ) (9)

Onde:
P= quantidade de filtrado;
𝑡2 = tempo de filtragem do filtro industrial;
𝑡𝑑 = tempo de desmontamento, limpeza e montagem;
𝑉2= volume do filtro industrial.

Por fim, calculou-se a área de filtragem para posterior análise de quantidade


de quadros e de placas. A determinação da área foi obtida segundo a equação 10.

𝑉 𝑒
𝐴2 = 𝑉2 ∗ 𝑒2 ∗ 𝐴1 (10)
1 1

Onde:
𝑉1= volume do filtro de laboratório;
𝑉2= volume do filtro industrial;
𝑒1 = espessura do quadro do laboratório;
𝑒2 = espessura do quadro do filtro industrial;
𝐴1 = área filtrante do laboratório;
𝐴2 = área filtrante do industrial.

Além do método teórico para o dimensionamento do filtro prensa descritos


7
anteriormente, a prática experimental teve como objetivo o uso de uma metodologia
digital, numérica e automática de dimensionamento através do aplicativo ADS-F.
Desse modo, comparou-se os parâmetros obtidos pelo grupo com os calculados
pelo sistema digital. O Aplicativo de Dimensionamento e Simulação de Filtração
(ADS-F) está em fase de desenvolvimento e análise, assim, o procedimento de
comparação tem como ênfase fomentar e otimizar o aplicativo, para auxiliar o ensino
acadêmico, através da utilização de metodologias alternativas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através do experimento realizado em laboratório foram fornecidos elementos


a serem empregados no tratamento de dados e pontos experimentais. O Gráfico 1
apresenta a regressão linear de todos os pontos, incluindo o quadro cheio.

Gráfico 1 – Regressão Linear com Todos os Pontos Experimentais


t/V vs. V
0,25

0,2
t/V (s/cm³)

0,15

0,1

y = 4E-05x + 0,0326
0,05 R² = 0,9699

0
0 1000 2000 3000 4000 5000
V (cm³)

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

A partir do gráfico 1, encontrou a resistência do meio Rm = 5,26.107 cm-1, e a


resistividade do meio foi calculada pela equação 5, resultando em 2,11.107 cm/g,
desta forma o valor encontrado foi inconclusivo. O tempo de filtração foi de 14,83
minutos. Os erros que foram gerados ocasionalmente podem ser oriundos da coleta
de dados em volumes distantes, manipulação ou um possível erro de montagem da
prensa.
A partir da torta de massa úmida e seca, foi calculado o volume da torta
8
obtendo o valor de 147,52 cm3. Com esse valor foi possível calcular o scale-up que
obteve da divisão entre o volume do ponto do quadrado cheio e o volume da torta.
Foi utilizado o catálogo 59 T. Shriver & Company (Harrison, N. J., Estados
Unidos) para a obtenção dos dados de espessura e dimensões recomendadas das
placas e dos quadrados 1”, 11/4”13/4”, 2” e 3. Estão reunidos dados relativos à
dimensão nominal dos elementos e àrea de filtração.

Tabela 2 – Dimensões Placas e Quadros.

Fonte: Catálogo T. Shriver & Company

Tabela 3 – Área filtrante efetiva por quadrado.

Fonte: Catálogo T. Shriver & Company

A partir dos dados do catalógo, calculou-se o tempo de filtração, volume de


filtrado e a àrea de um filtro industrial de diversas espessuras. Os resultados estão
dispostos na tabela 4.

Tabela 4 – Tempo, Volume e Área para o filtro.


espessura (in) t2 (min) V2 (L) A2 (cm²) A2 (ft²)
1 95,553 9629,453 116467,115 124,620
1,25 149,302 14108,520 136512,731 146,069
1,5 214,995 19582,936 157902,223 168,955
1,75 292,632 26052,700 180059,644 192,664
9
2 382,214 33517,812 202697,021 216,886
3 859,981 73331,744 295646,307 316,342
Fonte: Dos autores, 2021

Para a escolha da espessura, o tempo de filtração deve ser duas vezes maior
que o tempo de desmatelamento, limpeza e montagem do equipamento. Diante
disso escollheu-se a espessura de 1 in, o volume do filtrado de 95, 553 minutos, a
área de 116467,115 cm2 e 124,620 ft2.
A partir da espessura selecionada e usando a área de filtração foi possível
encontrar a dimensão do quadro e placa que será utilizado no filtro. O resultado está
apresentado na Tabela 5.

Tabela 5: Projeto de filtro prensa em escala industrial


Nº de quadros 18
Nº de placas 19
Fonte: dos autores, 2021.

Os dados da Tabela 5 foram obtidos fazendo a divisão da área total de


filtração pela a área efetiva, sendo eles 18 quadros e 19 placas.

5 CONCLUSÃO

Durante o processo dos calculos foram encontradas algumas dificuldades,


mas apesar disso, obtiveram-se os dados e pode-se concluir que o experimento
obteve resultados satisfatórios sendo então possivel obter todos os dados para
projetar o equipamento como o tempo, volume e área do filtro prensa industrial.
Obteve-se tambem a quantidade necessaria de quadros e placas para a
necessidade do processo.
A partir do experimento podemos então sair da escala laboratorial indo para
piloto e industrial.

6 REFERÊNCIAS

FOUST, Alan S.; WENZEL, Leonard A.; CLUMP, Curtis W.; MAUS, Louis;
10
ANDERSEN, L. Bryce. Princípios das Operações Unitárias, LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora LTDA, 2a edição, Rio de Janeiro, 1982.

GAUTO, M. A.; ROSA, G. R. Processos e operações unitárias da indústria


química. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2011.

MASSARANI, G. Fluidodinâmica em Sistemas Particulados. Editora UFRJ, Rio de


Janeiro. 1997.

CREMASCO, M. A. Operações Unitárias em sistemas particulados e fluido-


mecânicos. Blucher. 2012.

11

Você também pode gostar