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Universidade Federal do Ceará

Departamento de Geologia / DEOGEO

CLIMA URBANO

JOÃO PAULO OLIVEIRA DE ALCÂNTARA


SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
CAPÍTULO 2 – BREVE COMENTÁRIO SOBRE CLIMATOLOGIA NO BRASIL ...................... 2
CAPÍTULO 3 – O CLIMA URBANO: S.C.U. .................................................................................... 4
CAPÍTULO 4 – CONFORTO CLIMÁTICO URBANO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 5 – ILHAS TÉRMICAS ................................................................................................. 10
CAPÍTULO 6 – A IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO EM ÁREAS URBANAS. ....................... 14
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO ......................................................................................................... 16
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................... 17
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Dentro do conjunto dos estudos do Clima Urbano o intuito inicial desta pesquisa é
uma revisão bibliográfica ressaltando as modificações constantes por intenso processo de
urbanização acompanhado de crescimento populacional ocorrido na cidade de Fortaleza. Nesse
sentindo, é notório em diversos pontos da cidade, principalmente nos grandes corredores de
circulação, uma intensa concentração que colaboram para um significativo desiquilíbrio em vários
aspectos ambientais.

De uma forma ampla, nos últimos 200 anos de industrialização do planeta, a produtividade
de bens materiais e seu consumo se deu de forma bastante acelerada. Como esse processo de
industrialização não respeitou a dinâmica dos elementos componentes da natureza ocorreu uma
considerável degradação do meio ambiente. Tal degradação tem comprometido a qualidade de vida da
população de várias maneiras, sendo mais perceptível na alteração da qualidade do ar, nos acidentes
ecológicos ligados ao desmatamento, queimadas, poluição marinha, lacustre, fluvial e morte de
inúmeras espécies que hoje se encontram em extinção.

No Brasil, o clima urbano obteve um maior destaque em meados da década de 70 com a


proposta do Sistema Clima Urbano- S.C.U. (MONTEIRO, 1976) tendo ampla empregabilidade e
contribuindo para resolver problemas socioambientais urbanos e se mostrou uma ferramenta de grande
importância para a elaboração de diagnósticos ambientais/climáticos e para a proposta de ações para
solucionar problemas.

A degradação do ambiente e, consequentemente queda da qualidade de vida se acentua onde


o homem se aglomera nos centros urbano- industriais. Dessa forma, este trabalho baseia-se em
pesquisas com respaldo científico já realizado sobre clima urbano, suas causas e suas variantes, que
vem norteando diversos trabalhos no Departamento de Geografia da Universidade Federal do
Ceará, sob a coordenação da Profª. Maria Elisa Zanella e da Profª. Marta Celina Linhares.

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CAPÍTULO 2 – BREVE COMENTÁRIO SOBRE CLIMATOLOGIA NO
BRASIL

O “Esboço da Climatologia do Brasil” de Henrique Morize é considerado o primeiro


estudo amplo sobre clima do país. Em seguida surgiram um conjunto de obras que marcaram
a sistematização da climatologia no nosso país. Nesse sentido, não podíamos deixar de
mencionar a valiosa contribuição surgida em nossa capital Cearense pelo médico sanitarista
Afrânio Peixoto com sua valiosa contribuição para a climatologia médica brasileira.

Monteiro (1976) propõe um conceito onde define o ritmo como o encadeamento


sucessivo e contínuo dos estados atmosféricos e suas articulações no sentido de retorno aos
mesmos estados. O autor apresenta a proposta técnica de análise rítmica para os estudos
climatológicos, em três anunciados:
O ritmo climático só poderá ser compreendido através da
representação concomitante dos elementos fundamentais do
clima em unidades de tempo cronológico pelo menos diárias,
compatíveis com a representação da circulação atmosférica
regional, geradora dos estados atmosféricos que se sucedem
e constituem o fundamento do ritmo. (MONTEIRO, 1976:9)
Só a análise rítmica detalhada ao nível de “tempo” revelando
a gênese dos fenômenos climáticos pela interação dos
fatores, dentro de uma realidade regional é capaz de oferecer
parâmetros válidos à consideração dos diferentes e variados
problemas geográficos dessa região. (MONTEIRO, 1976:12)

Na análise rítmica as expressões quantitativas dos elementos


climáticos estão indissoluvelmente ligados à gênese ou
qualidade dos mesmos e os parâmetros resultantes desta
análise devem ser considerados levando em conta a posição
no espaço geográfico em que se define. (MONTEIRO,
1976:13)

Monteiro e Mendonça (2003) definem clima urbano como a modificação substancial


de um clima local (por influência de processos de urbanização), mas salientam que o ponto de
concentração populacional ou densidade de edificações em que essa notável mudança
principia ainda não é conhecido, portanto, o nível de urbanização ou densidade de edificações
em que se nota a presença do clima urbano ainda não é conhecido e pode caracterizar-se
maneira diferenciada em cada lugar, dando margem para estudos na escala intra-urbana, que
se caracterizam por estudar uma fácies individualizada da urbanização de um grande centro
urbano.

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A cidade, sendo um espaço expressivo da relação sociedade x natureza, tem
manifestado ao longo do tempo problemas socioambiental de diversas escalas resultantes,
sobretudo, do processo de urbanização. Por constituir-se de um espaço, em geral, densamente
ocupado e disputado por diversos segmentos sociais, as questões relacionadas ao
planejamento urbano e às alterações no ambiente natural ganham destaque.
Os postulados de Julius Hann e Wladimir Koppen foram dominantes na
desenvolturas técnicas e teóricas de classificação dos climas regionais do Brasil de Morize,
Draenert e Delgado de Carvalho. Outros pontos da história do clima no Brasil são
desenvolvidos por Sant’anna (2003). Portanto, mediante diversos estudos uma definição de
clima foi definida como sendo “o conjunto de fenômenos meteorológicos que caracterizam o
estado médio da atmosfera sobre cada lugar da Terra”, elaborado por Julius Hann, serviu de
embasamento para a Climatologia Clássica. Nesta abordagem, há uma forte presença de um
método analítico-estatístico do clima, com ênfase no emprego de médias (MENDONÇA &
DANNI-OLIVEIRA, 2007).

QUADRO 01- Atribuições e controles do Clima- Esquema adaptado de MENDONÇA &


DANNI OLIVEIRA, 2007.

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CAPÍTULO 3 – O CLIMA URBANO: S.C.U.

O postulado denominado como Sistema Clima Urbano tornou-se a principal


referência para os estudos relacionados ao clima no Brasil. O S.C.U. pode ser entendido a
partir dos critérios de escolhas, enunciados básicos, questões de consistência e os canais de
percepção. Nos critérios de escolha estão envolvidos o pragmatismo, dinamismo,
consistência, empirismo e o modelismo. O pragmatismo destaca a investigação centrada no
pesquisador e direcionada a outros pesquisadores e/ou aqueles que queiram fazer uso dos
resultados da investigação (VIANA, 2006; MONTEIRO, 2003).
Monteiro (1976, 2003) apresenta os enunciados básicos do S.C.U. como ideia
reguladora de sua proposta teórica:
1- O clima urbano é um sistema que abrange o clima de um
dado espaço terrestre e sua urbanização. (MONTEIRO,
2003: 19)
2- O espaço urbanizado, que se identifica a partir do sítio,
constitui o núcleo do sistema que mantém relações íntimas
com o ambiente regional imediato em que se insere.
(MONTEIRO, 2003: 20)
3- O S.C.U. importa energia através do seu ambiente, é sede
de uma sucessão de eventos que articulam diferenças de
estados, mudanças e transformações internas, a ponto de
gerar produtos que se incorporam ao núcleo e/ou são
exportados para o ambiente, configurando-se como um
todo de organização complexa que se pode enquadrar na
categoria dos sistemas abertos. (MONTEIRO, 2003: 20)
4- As entradas de energia no S.C.U. são de natureza térmica
(oriundas da fonte primária de energia de toda a Terra – o
Sol), implicando componentes dinâmicas inequívocas
determinadas pela circulação atmosférica, e decisivas para
a componente hídrica englobada nesse conjunto.
(MONTEIRO, 2003: 21)
5- A avaliação dessa entrada de energia no S.C.U. deve ser
observada tanto em termos quantitativos como,
especialmente, em relação ao seu modo de transmissão.
(MONTEIRO, 2003: 22)
6- A estrutura interna do S.C.U. não pode ser definida pela
simples superposição ou adição de suas partes
(compartimentação ecológica, morfológica ou funcional
urbana), mas somente por meio da íntima conexão entre
elas. (MONTEIRO, 2003: 23)
7- O conjunto produto do S.C.U. pressupõe vários elementos
que caracterizam a participação urbana no desempenho do
sistema. Sendo variada e heterogênea essa produção, fazse
mister uma simplificação, classificatória, que deve ser
constituída através de canais de percepção humana.
(MONTEIRO, 2003: 24)
8- A natureza urbana do S.C.U. implica em condições
especiais de dinamismo interno consoante o processo

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evolutivo do crescimento e desenvolvimento urbano, uma
vez que várias tendências ou expressões formais de
estrutura se sucedem ao longo do processo de
urbanização. (MONTEIRO, 2003: 24)
9- O S.C.U. é admitido como passível de auto-regulação,
função essa conferida ao homem urbano que, na medida
em que o conhece e é capaz de detectar suas disfunções,
pode, através do seu poder de decisão, intervir e adaptar o
funcionamento do mesmo, recorrendo a dispositivos de
reciclagem e/ou circuitos de retroalimentação capazes de
conduzir o seu desenvolvimento e crescimento seguindo
metas preestabelecidas. (MONTEIRO, 2003: 25)
10- Pela possibilidade de interferência auto-reguladora,
acrescentam-se ao S.C.U., como sistema aberto, aquelas
propriedades de entropias negativas pela sua própria
capacidade de especialização dentro do crescimento
através de processos adaptativos, podendo ser qualificado,
assim, como um sistema morfogênetico. (MONTEIRO,
2003: 25)

A partir daí então o que foi apresentado por Monteiro (1976) consolidou o quadro
teórico e metodológico para o estudo do clima urbano. Os níveis que formam a estrutura geral
do S.C.U. são formados por três subsistemas – Termodinâmico, Físico – Químico,
Hidrometeórico -, associados aos canais de percepção humana, sendo: Canal I – Conforto
Térmico, Canal II – Qualidade do Ar, Canal III – Impacto Meteórico (Quadro 1).
Cada um dos subsistemas tem um objeto de estudo diferenciado sendo: as ilhas de
calor, ventilação, conforto e desconforto térmico o objeto do subsistema termodinâmico; a
poluição do ar, assim como as doenças respiratórias o objeto do físico-químico, e os impactos
meteóricos, incluindo os problemas de inundação urbana o objeto do hidrometeórico. Assim,
o S. C. U. tem como foco de estudo o clima da cidade a partir de uma visão integrada, de
conjunto.
Monteiro (1990) é bastante enfático na necessidade de uma compreensão
verdadeiramente geográfica (e aqui se leia social, econômica e cultural) dos espaços a serem
estudados através do SCU; Quanto à questão da escala em Clima Urbano Monteiro e
Mendonça (2003) colocam que o Sistema Clima Urbano se presta em relação às
especificidades e diferenças presentes no tecido urbano, inexistindo preocupação em precisar
a partir de que nível de urbanização e características geoecológicas do local seria permitido o
uso da terminologia clima urbano.

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QUADRO 02- SISTEMA CLIMA URBANO- ARTICULAÇÕES DOS SUBSISTEMAS.
FONTE: MONTEIRO 2003.

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CAPÍTULO 4 – CONFORTO CLIMÁTICO URBANO
De acordo com Santana (1997), a presença de radiação térmica do clima urbano
origina-se: do calor armazenado ganho pela radiação solar direta que passa a ser definido para
o meio através da radiação, convecção e condução; da região solar refletida pelas superfícies;
e do calor antropogênico. A atividade humana em conjunto com o fluxo natural de energia
gera um balanço de energia no sitio urbano.
Podemos afirmar que no decorrer do processo da evolução humana como sociedade,
as cidades tornaram-se os principais centros das atividades humanas. Tornaram-se lugar de
intensas relações políticas, econômicas e comerciais, as quais proporcionaram o
desenvolvimento de enormes aglomerados humanos, automóveis, industrias, comércio e
serviços urbanos, com formas, funções e estruturas condizentes a estas atividades (GEIGER,
1961; MENDONÇA, 1994; SANT’ANNA NETO; ZAVATINI, 2000; SAYDELLES, 2005).
Os assentamentos humanos ao longo do tempo para atender as necessidades
provocaram uma profunda modificação no micro-climas. Os ambientes naturais estão
suscetíveis à profundas alterações a partir do momento em que passam a serem povoados.
Podemos salientar essas mudanças como canalização de recursos hídricos, formas de uso e
ocupação dos solos, pavimentação de vias, alterações no albedo e remoção da vegetação são
as transformações mais evidentes promovidas pelo homem na busca para adequar esses
espaços as suas necessidades (PAIVA,2011). Os sítios urbanos são os locais onde essas
alterações podem ser mais claramente observadas.
Entretanto, os assentamentos humanos e por consequência as aglomerações urbanas,
por sua vez, ocorrem por profundas necessidades sociais do homem e se tornaram ao longo do
tempo algo costumeiro (MUMFORD, 1961) e assim a cidade torna-se a expressão culminante
do processo de produção da humanidade, constituindo o próprio meio à circulação da
produção e base para relações sociais (CARLOS, 2007). O fenômeno da urbanização
representa uma realidade cada vez mais generalizada.
À proporção que ocorre o aumento do crescimento das cidades que avançam sobre o
meio ambiente, são às áreas urbanas e metropolitanas as mais afetadas por consequência de
suas profundas modificações sofridas no espaço terrestre. Sendo assim, é de suma
importância, o rigoroso estudo do crescimento urbano no intuito de organizar e orientar as
relações entre o homem e meio.

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De acordo com Frota & Schiffer (1988), Santana (2002), Hissa (2000) e Buriol et al
(2004) a análise do conforto climático ocorre por meio de índices sendo esses classificados
em diferentes aspectos como: 1) índices biofísicos, que se baseiam nas trocas de calor entre o
corpo e o ambiente, correlacionando os elementos do conforto com as trocas de calor que dão
origem a esses elementos; 2) índices fisiológicos, que se baseiam nas reações fisiológicas
originadas por condições conhecidas de temperatura seca do ar, temperatura irradiante média,
umidade do ar e velocidade do vento e 3) índices subjetivos, que se baseiam nas sensações
subjetivas de conforto experimentadas em condições em que os elementos de conforto
térmico variam.
Existem vários índices ou escalas de conforto térmico, referentes à aplicação de
condições ambientais de construção e de representação geográfica. As mais utilizadas no
âmbito da climatologia geográfica são os índices de Temperatura Efetiva (Te) de Thom da
década de 1950 e de Desconforto (Id) de Nieuwolt (1977) expressos por equações e mais
recentemente um índice em forma de nomograma divulgado pelo INMET (Instituto Nacional
de Meteorologia).
FIGURA 01- MODELO DE ESTRATIFICAÇÃO VERTICAL DA ATMOSFERA
HUMANA E ESCALAS DE ANÁLISE. FONTE: ANDRADE, 2005.

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QUADRO 03- SISTEMA CLIMA- PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
FONTE: Adaptação de Landsberg (1981) apud SPIRN (1995)
Característica do Clima Urbano
Elemento Comparando a ambientes rurais
Núcleos de condensação 10 vezes mais
Poluentes Particulados 10 vezes mais
Misturas Gasosas 5 a 25 vezes mais
Total em superfície horizontal 0 a 20% menos
Radiação Ultravioleta, inverno 30% menos
Ultravioleta, verão 5% menos
Duração da luz solar 5% a 15% menos
Nuvens 5 a 10% mais
Nebulosidade Fog, inverno 100% mais
Fog, verão 30% mais
Quantidades 5 a 15% mais
Precipitação Dias com menos de 5 mm 10% mais
Tempestades 10 a 15% mais
Média anual 0,5 a 3º C mais
Mínima de inverno (média) 1 a 2º C mais
Temperatura Máxima de verão 1 a 3º C mais
Dias com uso de aquecimento 10% menos
Média anual 6% menos
Umidade Inverno 2% menos
Relativa Verão 8% menos
Média anual 20 a 30% menos
Velocidade Rajadas de ventos 10 a 20% menos
do Vento Calmaria 5 a 20% mais

O clima urbano caracteriza-se como categoria a parte, tendo diferenciações


marcantes em relação ao clima local pela influência dos matérias utilizados na construção da
superfície urbana, bastante diferente das superfícies naturais originais (ROMERO, 2001).
De acordo com Monteiro (2003) o clima urbano admite uma visão sistêmica com
diversos graus de hierarquia funcional e possui diferentes níveis de resolução sem deixar
largar completamente as interligações com os outros componentes. Desta forma, a cidade

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propicia o surgimento de um clima próprio, o chamado clima urbano, resultados de diversos
fatores interligados que de maneira interferente o conjunto desses fatore se processam sobre a
camada de limite urbano e agem alterando o clima da escala local.
Contribuindo de forma a complementar os estudos de Monteiro em relação ao clima
urbano, Oliveira (1993) define o clima urbano pelo conjunto de características do clima
regional, pela forma urbana e pelas atividades humanas desenvolvidas na cidade. Tais
características consistem: (GARCIA, 1999 apud Costa, 2007)
- Aumento da temperatura;
- Diminuição da umidade relativa;
- Aumento de nebulosidade e precipitação;
- Perceptível diminuição da velocidade do vento, além de aumento de turbulências.

CAPÍTULO 5 – ILHAS TÉRMICAS


As ilhas de Calor surgem por intermédio de alterações da umidade do ar e do vento
sobre áreas urbanas, provocando a presença de temperaturas à superfície relativamente
maiores que as encontradas nas regiões circunvizinhas da cidade (regiões periféricas com
maior abundância de vegetação). O fenômeno ocorre à noite com o aparecimento de uma
brisa urbana que escoa ao centro urbano devido à presença de construções na cidade,
conhecida pelos especialistas como cânions urbanos.
O efeito geométrico do cânion urbano é desestabilizar alterando o albedo urbano
como um todo de tal maneira a aumentar a absorção de radiação solar visível, com
consequente elevação da temperatura. Daí, como resultado, ocorre um decréscimo da parca de
radiação infravermelha pelos cânions urbanos (cavidades) relacionada à altura de prédios e à
redução da largura das vias (LOMBADO, 1985; CABRAL, 1997; FREITAS, 2005;
MOLION, 2001; MORAES, 2005; SOUSA, 2004).
As causas desse fenômeno é um conjunto de fatores que atuam cada um em
proporções diferentes, entretanto devido a esses fatores, o ar atmosférico na cidade é mais
quente que nas áreas que circundam a cidade. Entre esses fatores estão: a elevada absorção de
superfícies urbanas como o asfalto, paredes de tijolo ou concreto, telhas de barro e de
amianto; falta de áreas revestidas de vegetação, prejudicando o albedo, o poder refletor de
determinada superfície (quanto maior a vegetação, maior é o poder refletor) e logo levando a
uma maior absorção de calor; impermeabilização dos solos pelo calçamento e desvio da água
por bueiros e galerias, o que rediz o processo de evaporação, assim não usando o calor e sim

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absorvendo; concentração de edifícios que interfere na circulação dos ventos; poluição
atmosférica que retém a radiação do calor, causando o aquecimento da atmosfera (Efeito
Estufa); utilização de energia pelos veículos de combustão interna, pelas residências e
indústrias, aumentando o aquecimento da atmosfera.
Esses materiais de alta absorção da radiação solar (baixa refletividade) comporta-se
com maior acumulação de calor durante o dia devido as propriedades de absorção pelos
materiais utilizados na construção da cidade (ou urbanização) e sua emissão durante o período
noturno. Há balanços de energia e água particulares sobre as áreas urbanizadas que diferem
dos respectivos balanços sobre paisagens naturais ou pouco modificados (LOMBARDO,
1985; BAPTISTA, 2010; BAPTISTA, 2002; CABRAL, 1997; FREITAS, 2005; MOLION,
2001; MORAES, 2005; SOUZA, 2004;).
Os efeitos da poluição do ar também podem ser associados à formação das ilhas de
calor urbanas. Uma série de reações químicas e fotoquímicas podem ocorrer em ambiente
urbano poluído. Notavelmente, as reações fotoquímicas associadas à química dos sulfatos e
nitratos envolvendo a radiação ultravioleta solar está associada à formação do ozônio, um gás
altamente reativo e tóxico. O aumento da irradiância de onda longa da atmosfera em direção
às superfícies urbanas associada ao aumento da concentração dos gases do efeito estufa sobre
as cidades (C02, metano) modifica o balanço de energia (radiação e fluxos de calor) da
superfície e da atmosfera. (LOMBARDO, 1985; BAPTISTA, 2010; BAPTISTA, 2002;
CABRAL, 1997; FREITAS, 2005; MOLION, 2001;MORAES, 2005; SOUZA, 2004;).
Pode-se evidenciar o aumento da temperatura no inverno nas cidades de latitudes
médias, o que provoca muito desconforto nas cidades de clima tropical e quente. Outra séria
conseqüência do problema são as tempestades associadas a nuvens tipo Cumulonimbus ou
Cb, pois a ilha de calor é um fenômeno também caracterizado pelo aumento da precipitação
convetiva (LOMBARDO, 1985 ilhas de calor agravam as ondas de calor (canículas) com
conseqüências sobre o aumento da mortalidade de idosos e doentes que apresentem redução
em sua capacidade de termorregulação corpórea e de percepção da necessidade corpórea de
hidratação (idosos e pacientes com doenças mentais ou de mobilidade) (LOMBARDO, 1985;
BAPTISTA, 2010; BAPTISTA, 2002; CABRAL, 1997; FREITAS, 2005; MOLION, 2001;
MORAES, 2005; SOUZA, 2004;).
Também como conseqüência da redução de áreas verdes, há uma diminuição da
extensão das superfícies de evaporação (lagos, rios) e de evapotranspiração (parques, bosques,
jardins, bulevares). Assim, as atividades humanas alteram os microclimas urbanos e as
condições de conforto ambiental das cidades. A impermeabilização dos solos devido à

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pavimentação e desvio da água por bueiro e galerias, reduz o processo de evaporação e
evapotranspiração urbana, modificando o balanço hídrico da superfície urbana, podendo
aumentar a vulnerabilidade da população a enchentes e deslizamentos de terra (LOMBARDO,
1985; BAPTISTA, 2010; BAPTISTA, 2002; CABRAL, 1997; FREITAS, 2005; MOLION,
2001; MORAES, 2005; SOUZA,2004;).

Figura 4 - Diagrama do Conforto Térmico do INMET.

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Figura 5- Aglomeração urbana de Fortaleza. Fonte: INPE (2006), satélite CBERS 2/ CCD,
paisagem 01/09/2006, resol 20 m.

As transformações que surgem ocorridas por resultados de ações do homem no meio


ambiente podem afetar diretamente a população local causando-lhes sensação de desconforto
de diversas formas. Podemos descrever tais alterações, causadas no espaço natural pelas
cidades ocasionam a formação de um clima urbano e de vários microclimas urbanos,
derivados, principalmente, de diversas alterações no ambiente das cidades: retirada da
cobertura vegetal e substituição por áreas construídas; introdução de novas formas no relevo;
concentração de edificações, que em conjunto aumentam a rugosidade urbana; concentração
de equipamentos e pessoas que através das atividades diárias liberam calor antropogênico na
atmosfera aumentando a temperatura do ar; impermeabilização do solo; canalização do
escoamento superficial; lançamento concentrado e acumulado de partículas e gases na
atmosfera pela combustão dos veículos e indústrias; e produção de energia artificial
(MENDONÇA, 1994; SAYDELLES, 2005).

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CAPÍTULO 6 – A IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO EM ÁREAS
URBANAS.
As melhorias provocadas por áreas verdes urbanas são indiscutíveis pois provocam
uma significativa contribuição no que se refere amenizar os impactos ocasionado nas cidades
e gerando benefícios para os habitantes das mesmas. A função ecológica deve-se ao fato da
presença da vegetação, do solo não impermeabilizado e de uma fauna mais diversificada
nessas áreas, promovendo melhorias no clima da cidade e na qualidade do ar, água e solo.
A vegetação possui um papel importante nos escoamentos turbulentos de superfície.
Por intermédio da vegetação, água é retirada do solo e transportada para a atmosfera na forma
de fluxo de calor latente. Assim, provoca uma maior quantidade de umidade nas porções mais
baixas da atmosfera (solo, partes da vegetação como troncos e folhas), grande parte da energia
solar é utilizada na evaporação da água diminuindo a energia disponível para o aquecimento
da atmosfera pelo fluxo de calor sensível (GOUVEIA, 2007).
As alterações na interação produzidas pela vegetação com a radiação solar, resulta
alterando o albedo (fração da energia solar refletida da Terra para o espaço, é a medida da
refletividade da superfície da Terra) da superfície. Outro efeito proporcionado pela vegetação
é o sombreamento (que impede a chegada da radiação ao solo), este, porém, é de mais difícil
avaliação. Atualmente, existe grande preocupação em determinar o possível benefício que a
introdução de áreas verdes em grandes centros urbanos possa trazer na mitigação do A
partição de energia absorvida na superfície, entre os fluxos.
Como a vegetação é um recurso natural que fornece uma quantidade enorme de
benefícios aos seres humanos, ela deve ser preservada sempre que possível e, sob pena de se
comprometer, a qualidade de vida das gerações futuras. Sendo assim, como afirma Lombardo
(1995) o conhecimento da flora é imprescindível para a execução dos programas de uso e
ocupação do solo.
Pode-se destacar como benefícios das coberturas vegetais para as cidades:
estabilização de superfícies com a fixação dos solos pelas raízes das plantas, obstáculo para a
diminuição dos ventos, proteção de mananciais e qualidade das águas, filtração do ar com a
diminuição do contato humano com os poluentes, diminuição da poeira em suspensão,
isolamento acústico (diminuição dos ruídos urbanos), equilíbrio da umidade do ar e da
temperatura, espaço para a fauna local, e como áreas de organização e desenvolvimento de
atividades Humanas. É ainda um elemento de valorização estética (visual e ornamental), com
a quebra da monotonia urbana e melhoria da saúde e qualidade de vida citadina (NUCCI,
2001).

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Portanto, é plausível a preocupação para a problemática das áreas verdes e coberturas
vegetais. A vegetação ou cobertura vegetal é certamente um atributo muito importante na constituição
física de uma cidade, porém é severamente menosprezada por seus gestores. A vegetação é um
constituinte único para o ambiente urbano, diferente da terra, do ar e dos recursos hídricos superficiais.
Para os moradores de uma cidade as áreas verdes têm um caráter de embelezamento, satisfação
psicológica e cultural.
Contudo torna-se necessária um avanço dessas ideias, podendo-se destacar observações de
Monteiro (1976) de que a vegetação pode e deve ser uma constituinte urbana de conforto, bem estar e
qualidade ambiental avançando dessa função estética e sentimental.

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CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO

A cidade representa sistemas complexos onde acontece o cotidiano humano. Por


consequência, cada cidade possui certas peculiaridades, tanto no que se refere a objetivos
geoecológicos como a elementos antrópicos (sociais, econômicos e culturais), em seus
aspectos individuais e em suas interações deles decorrentes. Seja qual for a região, o seu clima
é determinado, sobretudo, pelo comportamento geral da atmosfera, que por sua vez é
resultado do aquecimento diferencial do globo pela radiação solar e da distribuição
assimétrica dos continentes e oceanos. Desta maneira, é importante um melhor entendimento
entre a relação refletida na cidade entre a sociedade-natureza, ressaltando a participação do
poder público para criação de novas estruturas de gestão que contribuam de maneira melhor
para o processo de urbanização.
Mediante os estudos realizados, torna-se claro, que o sistema clima urbano é de suma
importância para a climatologia brasileira, porém, por outro lado existe a necessidade de
implantações de novas metodologias que proporcione uma perspectiva também positiva para
contribuir com o sucesso para análise qualitativa de dados que assinalem favoravelmente os
estudos de climatologia, visto que boa parte dos dados consultados em dissertações e
trabalhos publicados para essa pesquisa partiram dos pressupostos utilizados por Monteiro ou
quando não metodologias que complementavam suas ideias.
Monteiro (2003) propõe que a dinâmica populacional da cidade com a concentração
e desenvolvimento das mais variadas atividades e serviços faz com que o ambiente urbano se
configure como uma esfera natural retrabalhada ao modo do viver humano. É nesta
perspectiva que as diferentes formas de usos e ocupação do solo urbano refletem as diferentes
forças e interesses presentes nestes espaços. No ambiente urbano essas mudanças são
eximiamente mais dinâmicas
Vale ressaltar também que a arborização de áreas urbanas ocasiona microclimas com
características térmicas mais agradáveis com diversos estudos publicados que constatam uma
significativa contribuição no índice de conforto térmico. O microclima de ruas com cobertura
vegetal apresentam índices menores de temperatura e maiores umidade relativa do ar do que a
rua sem arborização. A implantação de áreas verdes e dinâmica do ambiente urbano, que por
seus atributos colaboram para a melhoria da qualidade ambiental e de vida da população, a
partir dos benefícios desempenhados pelas funções naturais da vegetação arbórea.

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BIBLIOGRAFIA

ASHRAE. Fundamentals Handbook. American Society of Heating, Ventilating and Air-


Conditioning Engineers. Atlanta. USA. 2001.
FIALHO, E. S. Inconstâncias Climáticas: Uma discussão Conceitual. Tamoios. Ano III.
2007.
INMET. Diagrama do conforto humano. Disponível em www.inmet.gov.br. Acesso em 20
out. 2011.
MONTEIRO, C. A. F. Teoria e Clima Urbano. Série Teses e Monografias nº25. São Paulo:
Instituto de Geografia/USP, 1976.
___________; MENDONÇA F. A. Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003.
MOURA, M. O. Os microclimas urbanos de Fortaleza: ritmos episódicos em duas áreas
representativas da cidade. (Relatório de Graduação). Fortaleza: Departamento de
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