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SIMOE SCHREIER
CDU – 551.584.5(817.2)
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931
SIMONE SCHREINER
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Orientadora: Profa Dra Gilda Tomasini Maitelli
Departamento de Geografia/ Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
__________________________________________________________
Examinador interno: Ivaniza de Lourdes Lazzarotto Cabral
Departamento de Geografia/ Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
__________________________________________________________
Examinador Externo: Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim
Departamento de Geografia/Faculdade de Ciência e Tecnologia da UNESP de Presidente
Prudente
_____________________________________________________________________
Suplente: Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni
Departamento de Geografia/ Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Dedico esta obra a minha família,
com amor.
AGRADECIMETOS
Primeiramente, agradeço aos meus pais, João Romaldo e Maria Teresinha, que,
mesmo distantes estão presentes em todos os momentos da minha vida através de um amor
inquestionável.
Agradeço a Profa. Dra. Gilda Tomasini Maitelli, minha orientadora, que acreditou e
confiou as responsabilidades necessárias ao meu desenvolvimento nos estudos.
Agradeço à CAPES – Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,
pela bolsa de mestrado, que através dela pude dedicar-me aos estudos
À banca examinadora formada pelos professores Dra. Cleusa Aparecida Gonçalves
Pereira Zamparoni, Dra. Margarete Cristiane da Costa Trindade Amorim e Ivaniza de Lourdes
Lazzarotto Cabral pelas sugestões, críticas e questões pertinentes.
Ao Departamento de Geografia, Coordenação da Pós-Graduação, especialmente à
secretária Regina Maria da Costa, pelo auxílio e a todos os professores do curso de mestrado,
pelas suas aulas e contribuições.
A senhora Márcia Denise Figueiredo Rabelo Leite por, gentilmente, ceder-nos sua
casa para instalação da estação climatológica automática.
A Eduardo Cairo Chiletto e Márcio, pela disposição e colaboração na instalação da
estação climatológica automática.
Aos meus colegas, Jeferson Pinho, Zorene Marilac, Bruno de Deus, Marcos da Silva,
Olga Kummer que de forma ou outra ajudaram e contribuíram para meu trabalho, muito
obrigada.
Em especial a Wander pela sua ajuda na coleta de dados e pela paciência, apoio nas
horas mais difíceis.
É melhor chegar três horas mais cedo,
do que um minuto mais tarde.
Shakespeare
RESUMO
O presente trabalho pretende investigar as relações entre clima, altitude e uso do solo na
cidade de Chapada dos Guimarães, localizada na região centro-sul do Estado de Mato Grosso,
nas coordenadas geográficas 56º02’15”O; 15º37’53”S e 54º54’25”O; 14º46’53”S, com
altitude média de 800 metros, e aproximadamente 17 mil habitantes. Cuiabá está localizada
nas coordenadas geográficas 56º06´01´´O e 15º35´56´´S com altitude média de 170m e
população urbana de 576.855 habitantes. Os estudos consistiram em mapeamento e análises
de uso do solo urbano, medidas climatológicas em local fixo, observações itinerantes e
relações dessas observações com a circulação atmosférica regional. Para as análises
climatológicas foram coletados dados diários horários de temperatura do ar (média, máxima e
mínima), umidade relativa do ar, velocidade e direção dos ventos, referentes ao ano de 2008,
registrados por estação meteorológica automática instalada numa área de baixa densidade de
construções, porém próxima ao centro da cidade de Chapada dos Guimarães. Para identificar
a ocorrência de microclimas na área urbana da mesma cidade foram realizadas, em agosto de
2008, período de ausência de chuvas, medidas móveis, com instrumentos semi-automáticos
acoplados a um automóvel que percorria a um roteiro estabelecido à partir do mapeamento do
uso do solo. Os dados climatológicos mostraram temperaturas máximas de até 35,2ºC. Nos
meses de julho a setembro, na estação seca, foram observadas as maiores amplitudes térmicas
com temperaturas mínimas que atingiram 8,9ºC por ocasião da entrada de frente fria,
originária do sul da América do Sul e que invadem o Brasil atingindo a região Centro-Oeste.
Estas variações térmicas originaram taxas de umidade relativa mínima de até 17% nas horas
mais quentes do dia. Embora as medições fixas mostrassem a forte influência da altitude
como reguladora das condições térmicas locais, as observações itinerantes obtidas com
medições realizadas a aproximadamente 2 metros acima do solo evidenciaram que o tipo de
uso do solo urbano era um fator regulador do aquecimento e da umidade do ar uma vez que, a
cidade, mesmo não possuindo áreas densamente construídas, mostrava diferenças de até 4,7ºC
entre os locais mais aquecidos onde predominavam construções e asfaltamento de ruas e os
mais amenos, onde a vegetação ocupava áreas mais extensas. Os dados de temperatura e
umidade do ar registrados em Chapada dos Guimarães durante o ano de 2008 foram
comparados com os dados registrados em uma estação meteorológica semelhante, instalada
em Cuiabá, no mesmo período. Observou-se que o ar de Chapada dos Guimarães foi em
média anual 4,3ºC menos aquecido do que em Cuiabá, atingindo no mês de agosto uma
diferença térmica absoluta de 7,8ºC, às 21h. Dessa forma ficou evidenciado que em Chapada
dos Guimarães, a altitude amenizava as condições térmicas do ambiente, mas que, além disso,
o uso do solo contribui para a produção de microclimas com características diferenciadas.
KEY WORDS: Urban climate. Altitude. Soil use. Chapada of the Guimarães. Cuiabá.
LISTA DE ILUSTRAÇOES
Figura 1– Mapa de localização do município de Chapada dos Guimarães - MT .................... 43
Figura 2: Vista panorâmica no inicio da ocupação de Chapada dos Guimarães...................... 49
Figura 3: Vista parcial da avenida principal de Chapada dos Guimarães- MT........................ 52
Figura 4: Praça Central, presença da vegetação na cidade de Chapada dos Guimarães- MT.. 53
Figura 5: Casa de classe média-alta próxima ao centro da cidade de Chapada do Guimarães-
MT............................................................................................................................................ 54
Figura 6: Vista parcial do bairro São Sebastião, o mais populoso de Chapada dos Guimarães-
MT............................................................................................................................................ 55
Figura 7- Estação meteorológica automática e seus sensores .................................................. 58
Figura 8: Termo-higrômetro digital portátil, modelo HTR-151. ............................................. 61
Figura 9 – Esquema de instalação do equipamento sobre o veículo........................................ 61
Figura 11: Imagens de satélite Goes, dias 26 e 27/06/08, mostrando ...................................... 68
a dinâmica climática da América do Sul.................................................................................. 68
Figura 12: Imagens de satélite Goes, dias 10 e 11/11/08, representando a dinâmica .............. 69
climática na America do Sul. ................................................................................................... 69
Figura 13: Distribuição de freqüência da temperatura média do ar em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT....................................................................................................................... 70
Figura 14: Distribuição de freqüência da temperatura máxima do ar, em 2008, em Chapada
dos Guimarães – MT. ............................................................................................................... 71
Figura 15: Distribuição de freqüência da temperatura mínina do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT....................................................................................................................... 72
Figura 16: Distribuição de freqüência da umidade relativa do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães- MT. ....................................................................................................................... 73
Figura 17: Distribuição de freqüência da velocidade média do vento, em 2008, em Chapada
dos Guimarães – MT. ............................................................................................................... 74
Figura 18: Distribuição de freqüência da velocidade máxima do vento, em 2008, em Chapada
dos Guimarães –MT. ................................................................................................................ 75
Figura 19: Distribuição de freqüência da direção do vento, em 2008, em Chapada dos
Guimarães................................................................................................................................. 76
Figura 20: Totais mensais de precipitação observados em Chapada dos Guimarães –MT, em
2008.......................................................................................................................................... 76
Figura 21: Variações horárias mensais de temperatura (média, máxima e mínima) do ano de
2008 em Chapada dos Guimarães- MT.................................................................................... 78
Figura 22: Variações horárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento ( média e
máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães- MT. ................................................... 79
Figura 23: Variações diárias mensais da temperatura do ar ( média, máxima e mínima) do ano
de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT. ............................................................................... 81
Figura 24: Variações diárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento (média e
máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT ..................................................... 82
Figura 25: Mapa da cidade de Chapada dos Guimarães- MT – categorias de uso do solo...... 85
Figura 26: Imagem de satélite Goes do dia 18-08-08. ............................................................. 86
Figura 27: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de
Chapada dos Guimarães-MT.................................................................................................... 88
Figura 28: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de
Chapada dos Guimarães-MT.................................................................................................... 90
Figura 29: Espacialização da temperatura do ar do dia 16/08/08 às 20h na área urbana de
Chapada dos Guimarães- MT................................................................................................... 91
Figura 30: Espacialização da temperatura do ar do dia 17/08/08 às 20h na área urbana de
Chapada dos Guimarães- MT................................................................................................... 92
Figura 31: Espacialização da temperatura do ar do dia 18/08/08 às 20h na área urbana de
Chapada dos Guimarães- MT................................................................................................... 92
Figura 32– Vista parcial do centro principal de Cuiabá, com áreas de verticalização intensa à
nordeste e noroeste do centro antigo. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos
Bergamasco,05/04/2004. Fonte: Pinho, 2008. ......................................................................... 95
Figura 33 – Vista do corredor comercial da Avenida Rubens de Mendonça em direção ao
centro, destacando a alta concentração de edifícios. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos
Bergamasco, 05/04/2004. Fonte: Pinho 2008. ......................................................................... 95
Figura 34: Comparação da temperatura média mensal de Cuiabá(165m) com São Vicente
(800m), 1961-1987................................................................................................................... 96
Figura 35: Variações da temperatura média diárias (A) e temperatura máxima diária (B) do
ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT. ...................................................... 98
Figura 36: Variações da temperatura mínima diária (A) e da umidade relativa do ar diária (B)
do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT .................................................. 99
Figura 37: Variações horárias absolutas da temperatura do ar em Cuiabá e Chapada dos
Guimarães em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h. ................................................................ 101
Figura 38: Variações horárias absolutas da umidade relativa do ar em Chapada dos Guimarães
e Cuiabá em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h..................................................................... 103
................................................................................................................................................ 103
LISTA DE QUADROS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 17
2.1. Escalas climáticas.......................................................................................................... 17
2.2–Interações entre superfície – atmosfera......................................................................... 19
2.3 - Urbanização e Clima.................................................................................................... 22
3.0 REVISAO BIBLIOGRAFICA........................................................................................... 30
3.1 - Estudos da Climatologia Urbana no Brasil.................................................................. 30
3.2 - A contribuição Mato-Grossense .................................................................................. 34
4.0 - ÁREA DE ESTUDO- CHAPADA DOS GUIMARÃES - MT....................................... 42
4.1 - Aspectos físicos e ambientais ...................................................................................... 42
4.2 - Aspectos históricos ...................................................................................................... 47
4.3 - Aspectos econômicos................................................................................................... 49
4.4- Aspectos demográficos ................................................................................................. 50
4.5- Aspectos da estrutura urbana ........................................................................................ 51
5.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................... 57
5.1 - Estudo do clima local................................................................................................... 57
5.2- Estudo das variáveis intra-urbanas................................................................................ 59
5.2.1 Uso do solo.............................................................................................................. 59
5.2.2 – Variáveis térmicas intra-urbanas.......................................................................... 59
5.3 - Comparações entre atributos climáticos de Chapada dos Guimarães e Cuiabá, 2008. 65
6.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 67
6.1 – Síntese sinótica mensal de 2008 atuante na região ..................................................... 67
6.2- Variações climáticas de Chapada dos Guimarães em 2008.......................................... 69
6.3 - Variações climáticas horárias mensais de Chapada dos Guimarães em 2008 ............. 77
6.4 – Variações climáticas diárias mensais de Chapada dos Guimarães em 2008............... 80
6.5 – Variações intra-urbanas de Chapada dos Guimarães .................................................. 83
6.5.1 - Uso do solo ........................................................................................................... 83
6.5.2 – Análise sinótica do mês de agosto de 2008.......................................................... 86
6.5.3 - Variações térmicas intra-urbanas dos dias 16 a 18 de agosto de 2008 ................. 87
6.5.4 – Espacialização das características térmicas intra-urbanas ................................... 91
6.6 – Comparações entre dados climatológicos observados em Chapada dos Guimarães e
Cuiabá................................................................................................................................... 93
6.7- Diferenças entre as estações de Cuiabá e Chapada dos Guimarães em agosto de 2008
............................................................................................................................................ 100
7.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 105
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 108
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1. ITRODUÇÃO
2. REFERECIAL TEÓRICO
As cidades em sua maioria são mais aquecidas que as áreas rurais, devido às
modificações introduzidas pelas atividades urbanas. Essas modificações no espaço urbano
ocasionam variações climáticas que dependem do tipo de uso do solo urbano, podendo ser
observadas em diferentes escalas climáticas (distância horizontal) e limites da camada
atmosférica (distância vertical).
Conforme Oke (2004) existem três escalas climáticas para as áreas urbanas. A
microescala caracteriza os microclimas urbanos que são ajustados pelos elementos individuais
como prédios, árvores, estradas, ruas, jardins, etc., e sua área de atuação são de um até 100
metros; a escala local inclui os efeitos das características da paisagem no clima, como
topografia e exclui os efeitos do microclima, correspondendo aos tipos similares de
vizinhança como a cobertura da superfície, tamanho e espaçamento das construções e
atividades, podendo abranger de um até mais kilômetros; a mesoescala, é caracterizada pela
influência da cidade, com abrangência de dez ou mais km de extensão.
Visando facilitar o desenvolvimento de estudos de Climatologia, Mendonça; Danni-
Oliveira (2007 p.22) afirmam que a delimitação da área (tridimensional) de estudo é
fundamental, “a escala climática diz respeito á dimensão, ou ordem de grandeza, espacial
(extensão) e temporal (duração), segundo o qual os fenômenos climáticos são estudados.”
Assim esses autores destacam três escalas espaciais do clima:
• Macroclima – é a maior das unidades climáticas e compreende áreas muito
extensas da superfície da Terra. Sua abrangência vai desde o Planeta (clima
global), passando por faixas ou zonas (clima zonal), até extensas regiões
(clima regional). A extensão espacial do macroclima é superior a milhões de
km2, sendo sua definição subordinada à circulação geral da atmosfera, a
fatores astronômicos e fatores geográficos maiores como as grandes divisões
do relevo, oceanos, continentes e as variações da distribuição da radiação no
Planeta (baixas e altas latitudes).
• Mesoclima – é a unidade intermediária entre as de grandeza superior e
inferior do clima. O clima regional é uma subunidade de transição entre a
ordem superior e esta. O clima local e o topoclima também se configuram
em subunidades do mesoclima. O clima local é definido por aspectos
18
Este fato é importante porque regula de certa forma, a temperatura do ar que varia
conforme o local e o decorrer do tempo nesse determinado lugar. Este mesmo autor também
enfatiza que as variações sazonais na temperatura resultam principalmente das variações
sazonais no total de insolação recebida em qualquer lugar sobre o globo. As temperaturas são
mais elevadas no verão, quando os totais de insolação são maiores e mais baixas no inverno,
quando a insolação é mais baixa. As variações sazonais na temperatura do ar são mais baixas
em torno da faixa equatorial e maiores nas áreas extratropicais.
Os atributos climáticos referentes à superfície correspondem àquelas características
geográficas, diversificadoras da paisagem, como latitude, altitude, relevo, vegetação,
continentalidade / maritimidade e as atividades humanas. A latitude é um importante fator
climático, pois condiciona a quantidade de energia que entra no Sistema Superfície-
Atmosfera, através da rotação da Terra, inclinação do eixo da Terra, movimento de translação
e a distância entre os dois astros (Sol e Terra). A latitude do lugar juntamente com a época do
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ano, definem o ângulo com que os raios do Sol irão incidir sobre a superfície daquele lugar,
implicando na disponibilidade de energia de dado local, dependendo do ângulo com que a
energia passa no Sistema Superfície-Atmosfera.
Ross (op. cit.) afirma que cada faixa de latitude apresenta características próprias que
repercutem na vida das sociedades e na sua forma de organizar o espaço. Segundo o autor as
populações que vivem entre 0 a 30º de latitude conhecem excessos de calor, além de
turbulências atmosféricas derivadas de vários tipos de instabilidade, definindo a sazonalidade
das chuvas. Já na faixa em torno dos 30 a 60º de latitude ocorrem freqüentes mudanças nos
tipos de tempo. É a zona onde as influências do ar tropical e do ar polar se revezam, surgindo
as quatro estações. E nas latitudes altas- superiores a 60º, existem condições naturais
extremas, vento superiores a 100 km por hora, temperaturas baixíssimas, tempestades geladas.
Assim temos o clima das baixas latitudes que constituem o domínio de massas quentes
(equatoriais e tropicais), que se formam em virtude da abundante radiação solar. As
temperaturas médias excedem os 20ºC e freqüentemente estão acima dos 25ºC, com pequena
variação anual, inferior a 6ºC. A dinâmica atmosférica das baixas latitudes é controlada pela
ZCIT (Zona de Convergência Inter-Tropical), pelos doldrums (zonas de calmaria) e pelas
altas pressões tropicais.
O clima das altas montanhas não está necessariamente relacionado com as faixas de
latitude, sendo considerado clima azonal. Os diferentes climas azonais são determinados pelos
níveis de altitude e sua incidência com as grandes cadeias montanhosas: Andes, Montanhas
Rochosas, Alpes, Himalaia, etc. Além de mais frios, concentram maior umidade do ar em
relação às regiões baixas adjacentes.
Ainda segundo o mesmo autor, nas regiões de altitudes elevadas a intensidade
luminosa é alta, mas a temperatura é baixa devido à menor densidade do ar que origina a
diminuição da pressão atmosférica. Assim, numa mesma latitude podem existir florestas
tropicais úmidas e quentes e uma montanha nevada, com o Pico da Neblina, na Amazônia.
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Assim, essa questão urbana era há um século e meio atrás uma preocupação de
ingleses e franceses (Luke Howard e Emilien Reneou), é atualmente uma preocupação
mundial, devido à intensa expansão urbana e conseqüente degradação ambiental.
No Brasil, os modelos teóricos sobre clima urbano desenvolveram-se principalmente
durante as décadas de 1960 e 1970 com os estudos pioneiros de Monteiro (1976), firmando a
noção de ritmo climático como uma das características essenciais do clima. O conceito de
ritmo proposto por Sorre, foi desenvolvido e utilizado por Monteiro, que teve como principal
área de estudo o Estado de São Paulo.
Baseando-se na teoria geral dos sistemas e na organização a partir dos canais de
percepção humana, Monteiro descreve o clima como um sistema que abrange um determinado
espaço terrestre e sua urbanização. O Sistema Clima Urbano (S.C.U.) considerado como um
sistema aberto e dinâmico, composto de três subsistemas, que se articulam segundo canais de
percepção climática: o termodinâmico, o físico-químico e o higrométrico.
O subsistema termodinâmico enfatiza os estudos de ilhas de calor e ilhas de frescor
urbanas, conforto e desconforto térmico, inversão térmica. O subsistema físico-químico é
voltado para a análise dinâmica do ar e suas interações com a cidade, destacando a poluição
do ar, as chuvas ácidas e a relação entre as estruturas urbanas e os ventos. Já o sistema
hidrometeórico orienta-se para o estudo das precipitações urbanas e seus impactos, tais como
os processos de inundação nas cidades.
Lombardo (1985), enfatiza que o processo de urbanização alcançou proporções
significativas de expressão espacial a partir dos meados do século XIX. Segunda a autora, a
expansão das cidades, modifica a paisagem natural, devido à grande concentração de áreas
construídas, parques industriais, adensamento populacional, pavimentação asfáltica,
associados à concentração de poluentes, criam condições para alterar o comportamento da
baixa troposfera (camada limite), em ambientes urbanos.
Nos centros urbanos conforme Bastos e Freitas (1999), a interferência do homem no
meio exerce um impacto tão grande que o clima urbano é bastante distinto do clima das áreas
rurais. O que ocorre nas áreas urbanas são a alteração da composição química da atmosfera, as
propriedades térmicas e hidrológicas e os parâmetros aerodinâmicos são modificados pelo
processo de urbanização e industrialização.
Assim no espaço urbano ocorre à substituição de materiais naturais por materiais
urbanos (construções, concreto, massa asfáltica, poluição, etc.) provocando mudanças nos
processos de absorção, transmissão e reflexão da radiação solar, e, conseqüentemente, causa
mudanças no balanço energia, afetando diretamente a temperatura do ar, as taxas de umidade
24
do ar, velocidade dos ventos e na precipitação. No entanto devemos lembrar que a latitude,
regula a entrada de radiação solar, e a altitude, regula a coluna de ar sobre o local.
Quando a radiação solar chega ao sistema atmosfera-superfície, uma parte dessa
radiação é absorvida, (absorção α), outra parte é refletida (albedo, ρ), e também transmitida
(τ). No Sistema Superfície-Atmosfera (SSA), a radiação proveniente do Sol, é o input do
Sistema (entrada de energia), e os processos de emissão, reflexão, transmissão e absorção são
os responsáveis pelo aquecimento.
Conforme Mendonça; Danni-Oliveira (2007) a superfície terrestre é importante nos
processos de transferência de energia do Sistema, no qual a energia emitida pela superfície
terrestre é a maior responsável pelo aquecimento do ar na Troposfera. Assim toda a alteração
provocada pelas sociedades (concentração de vapor de água e CO2), modificação da superfície
da Terra irá repercutir no balanço de energia do SSA.
Sabe-se que as concentrações humanas emitem gases responsáveis por acentuar o
efeito estufa (dióxido de carbono, metano, ozônio, etc.) formando uma camada na atmosfera
que impede o retorno para o espaço de parte da radiação térmica refletida pela superfície da
Terra. Estima-se que com as emissões desses gases sem controle que a temperatura sofrerá
elevações.
Mudanças na refletividade da superfície (albedo) alteram o aquecimento da atmosfera
inferior e elas estão intimamente relacionadas com a alteração do uso da terra.
Segundo Ross (2001) a mais importante conseqüência para o clima resultante da ação
humana é a mudança provocada no processo de absorção e reflexão dos raios solares,
desequilibrando o balanço de energia nas baixas camadas, além de influenciar na força e
direção dos ventos de superfície, nos valores da umidade relativa e nos valores das chuvas.
Portanto, o lançamento de resíduos industriais na atmosfera irá bloquear, junto à superfície, o
calor resultante da radiação infravermelha (ondas longas) acarretando um aumento na
temperatura.
Sant’Anna Neto (2000), relaciona a elevação da temperatura nas áreas urbanas em
função de vários fatores, como por exemplo, a verticalização das construções, criando um
verdadeiro “labirinto de refletores” onde a energia proveniente do sol é refletida e emitida
pelos edifícios, aquecendo o ar. Também ocasiona, nessas áreas, a diminuição da evaporação
que ocorre pela redução de áreas verdes e a canalização de rios e córregos, acarretando na
atmosfera uma pequena capacidade de resfriamento do ar.
A energia antrópica, ou seja, aquela produzida pelo homem, também provoca aumento
do calor, pois ela ultrapassa o balanço médio de radiação. Assim, o calor produzido pelo
25
Monteiro (2003) define o Sistema Clima Urbano – S.C.U.- como o resultado das
interações entre as atividades urbanas e as características da atmosfera local, dentro de um
contexto regional. A partir do sítio urbano que constitui o núcleo do sistema, o espaço
urbanizado mantém relações estreitas com o ambiente regional.
O clima constitui-se numa das dimensões do ambiente urbano e seu estudo tem
oferecido importantes contribuições ao equacionamento da questão ambiental das cidades. “O
clima dessas áreas, ou clima urbano, é derivado da alteração da paisagem natural e da sua
substituição por um ambiente construído, palco de intensas atividades humanas.” (Mendonça,
2000, p. 168).
À medida que a cidade cresce, a urbanização se intensifica e a qualidade de vida nas
cidades é afetada. Para Maitelli (1994), a variável população associada aos elementos
constituintes da estrutura urbana, como a geometria das ruas e dos prédios explicam as
alterações de temperatura e umidade nas áreas centrais das cidades em relação aos seus
arredores.
Segundo Zamparoni (2001), as áreas urbanas, constituem-se um exemplo significativo
de apropriação e organização do espaço pela substituição da vegetação natural em grande
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Monteiro (2003) enfatiza que o uso do solo urbano, é mais uma questão de livre
arbítrio da especulação imobiliária desenfreada que danifica as cidades tanto no ponto de vista
ecológico quanto social. O autor destaca ainda, que as cidades novas, principalmente as
criadas deveriam merecer grande atenção para este aspecto.
Landsberg (1956) afirma que existem causas básicas para que ocorram mudanças
climáticas, podendo ser provocadas pela urbanização, tais como: alterações na superfície
(floresta substituída por construções); produção de calor pela própria cidade – desde o calor
vindo do metabolismo humano e animais, ao calor liberado por fornos de residências e
indústrias, nos últimos anos os motores de combustão interna- veículos e por último a maior
influência da cidade sobre o clima, é a alteração da composição da atmosfera.
Landsberg (op.cit.) enfatiza as diversas influências das mudanças feitas pelo homem
sobre os vários elementos climáticos, sendo que ele considera as mudanças causadas pela
poluição atmosférica fundamental e de maior alcance. Dentre os quais destaca:
* Composição do ar – praticamente todos os elementos climáticos são
afetados pela poluição: radiação, nebulosidade, visibilidade e o campo
elétrico atmosférico e num segundo estágio a temperatura, a precipitação e a
umidade são influenciados.
* Radiação atmosférica – em muitas cidades ocorreu uma redução em média
de 15 a 20% na radiação solar recebida na superfície em comparação ao
recebido na zona rural.
* Visibilidade – redução da visibilidade nas cidades, conforme as cidades e
a industrialização cresceram, o numero de dias com nevoa aumentou.
* Eletricidade Atmosférica – com a poluição ocorre mudanças nas
propriedades elétricas da atmosfera.
*Precipitação total – a influência das cidades na precipitação parece ser
relacionada ao problema da poluição do ar, embora outros fatores entrem no
complexo fenômeno. A precipitação é um elemento muito variável, mas é
possível dizer que tem ocorrido um incremento na precipitação sobre áreas
metropolitanas em comparação com áreas menos densamente povoadas e
industrializadas. O autor destaca que deve ser ter cautela na comparação,
uma vez que pode ocorrer um aumento da precipitação devido aos processos
28
entre área urbana e rural, com instrumentação convencional (estação convencional, ou semi-
automática), ou com estações automáticas para aquisição de dados. Também são utilizadas as
técnicas de transectos móvel e pontos fixos, sempre levando em consideração os diversos
locais da cidade com uso do solo diferenciado.
30
sistema urbano pode alterar algumas componentes climáticas locais, podendo provocar
impactos negativos.
Barros Sartori (1979) realizou um estudo sobre o clima de Santa Maria-RS, tendo
como objetivo principal estudar o mecanismo de atuação dos sistemas atmosféricos da região
central do Rio Grande do Sul, considerando suas variações diárias e sazonais, configuradoras
do ritmo anual. A autora foi uma das primeiras a utilizar a teoria do SCU (Sistema Clima
Urbano), proposto por Monteiro em 1976. Assim, a autora integra três níveis de observação e
análise: o regional, o local e o urbano. Barros Sartori na tentativa de verificar o efeito da Ilha
de Calor em Santa Maria realizou um trabalho de campo dentro da cidade, onde foram
registradas as temperaturas de três ambientes urbanos distintos, durante três dias no mês de
março de 1979. A autora explica, que o modelo de clima urbano que propusera para Santa
Maria, s constitui num projeto experimental que servirá de apoio a futuras investigações.
Sampaio (1981) em seu estudo realizou correlações entre o uso do solo e ilhas de calor
no ambiente urbano, o caso de Salvador. O autor além de discorrer sobre as bases teóricas -
metodológicas da análise geográfica do meio físico, procurou investigar e correlacionar o uso
do solo e elevações das temperaturas no ambiente urbano. O autor partindo da descrição do
sítio urbano de Salvador, caracteriza o clima regional, em especial o ritmo habitual e os tipos
de tempo nessa cidade.
Lombardo (1985), com o objetivo de contribuir para o estudo do clima urbano nas
baixas latitudes, realizou um estudo referente à ilha de calor na Metrópole Paulista,
incorporando tecnologias de ponta (na época), através do uso de imagens de satélite,
combinadas com medidas fixas e móveis. A autora realizou medidas que foram registradas as
09:00, 15:00 e 21:00 horas locais, em diferentes situações de tempo meteorológico, com o
objetivo de explicar o comportamento da cidade frente as variações climáticas, tentando
caracterizar o fenômeno de ilha de calor, numa visão processual e dinâmico. Ela também
utilizou cartogramas representativos da ilha de calor (no inverno e no verão), e uma série de
gráficos de variações horárias da temperatura, umidade e velocidade do vento. Chegando aos
resultados, que a cidade de São Paulo apresentou uma ilha de calor com intensidade superior a
10°C, onde a área de pico da ilha de calor coincide com a que registrou os maiores índices de
poluição e com as áreas com maiores concentrações de edifícios, indústrias, mostrando uma
forte relação com o uso do solo.
Brandão (1987) realizou um estudo sobre as tendências e oscilações climáticas na área
metropolitana do Rio de Janeiro. A autora parte da hipótese de que as alterações climáticas na
área metropolitana do Rio de Janeiro são causadas ela urbanização e procurou identificar a
32
Demais autores realizaram estudos referentes aos efeitos da urbanização no clima local
e regional, fazendo um comparativo entre áreas urbanizadas e áreas circundantes, ou seja,
áreas rurais menos urbanizadas. Em Mato Grosso estudos de climatologia urbana tiveram
início com Maitelli, 1991 e Maitelli, 1994.
Maitelli em 1991, desenvolveu o primeiro estudo de clima urbano na cidade de
Cuiabá/MT. Analisou a distribuição horizontal da temperatura e umidade relativa do ar
procurando estabelecer relações existentes entre esses elementos climáticos com o uso do solo
urbano. A metodologia utilizada para coleta de dados da temperatura e umidade, foi à técnica
de transectos móveis, onde o roteiro planejado anteriormente teve base em cartas da cidade
em escala de 1:25.000. Os resultados mostraram que a formação de ilha de calor na área
central da cidade, com intensidade de 2,5°C durante a noite, fato relacionado principalmente
com a emissão de energia em ondas longas pelos matérias urbanos. Com relação à umidade
relativa do ar, a autora observou no centro da cidade, que o ar era 15% mais seco (as 20 h),
em comparação com áreas mais afastadas. Assim, a autora conclui que a configuração da ilha
de calor em Cuiabá identifica-se com o modelo clássico, onde as maiores temperaturas e
menores taxas de umidade do ar ocorrem no centro da cidade.
Dando seqüência ao estudo do clima urbano em Cuiabá, Maitelli (1994), dedica sua
tese de doutorado para aprofundar a temática do clima urbano nessa cidade. A obra
denominada “Uma Abordagem Tridimensional de Clima Urbano em Área Tropical de
Cuiabá/MT”, procura investigar os efeitos da urbanização na temperatura e umidade do ar na
35
cidade de Cuiabá. A autora promoveu um detalhado estudo sobre o clima urbano da cidade
combinando três abordagens, ou seja, tridimensional: análise estatística de série temporal
referente ao período de 1920 – 1992; observações horizontais móveis e fixas e medidas
verticais em pontos fixos entre as áreas urbanas e suburbanas; balanço de energia em área
central da cidade, adotando o método proposto por Bowen, relacionando essas medidas ao
crescimento urbano e ao uso do solo urbano A autora utilizou a técnica de transectos móveis
associada à coleta de dados em pontos fixos para determinar a intensidade e localização da
ilha de calor observada na estação seca e chuvosa.
Os resultados obtidos demonstram que na estação chuvosa, nos dias sem chuva, as
diferenças térmicas atingiram até 2,5°C no período noturno e de até 2,0°C no período diurno.
Já na estação seca, os maiores e menores valores foram observados no distrito comercial e
área suburbana, respectivamente, assim como na estação chuvosa. Entretanto, as diferenças
térmicas foram mais expressivas, sendo de até 3,0°C nos períodos diurnos e até 5°C no
período noturno, configurando a maior intensidade da ilha de calor no período noturno da
estação seca. Os resultados também demonstraram que o crescimento urbano influenciou o
aumento das temperaturas mínimas, particularmente no período entre 1970 a 1992, época que
coincide com um crescimento populacional mais intenso. Maitelli conclui recomendando o
contínuo acompanhamento da evolução da ilha de calor, a realização de um projeto de
arborização urbana, e a divulgação das informações sobre o uso do solo para melhorar as
condições climáticas e de conforto térmico e ambiental.
Zamparoni (1995), analisou e comparou as variações de temperatura e umidade
relativa do ar, em duas cidades de pequeno porte em Mato Grosso, Barra do Bugre e Tangará
da Serra, ambas localizadas em área tropical. A autora detectou a presença de ilha de calor em
ambas as cidades, derivadas do uso do solo urbano. Baseou-se em coletada de dados em duas
estações (seca e chuvosa) de forma concomitante, através de transectos moveis e um ponto
fixo na área central das cidades. Os resultados da análise dos dados mostraram que em Barra
do Bugre, os valores da ilha de calor foram de 2,0°C na estação chuvosa e 3,6°C na estação
seca. Em Tangara da Serra de 4,0°C e 5,4°C, respectivamente. A autora concluiu sua pesquisa
recomendando que seja elaborado um plano de rearborização que priorize o incremento de
áreas verdes, via legislação, com o objetivo de amenizar os efeitos do fenômeno de ilha de
calor.
Sette (1996) analisou o clima da cidade de Rondonópolis/MT, objetivando testar a
metodologia proposta por Monteiro, avaliando as relações entre o tamanho da cidade (área
construída) e padrões de uso do solo com a alteração microclimática na temperatura e
36
preventivas, com um planejamento urbano mais adequado as condições climáticas locais, para
que no futuro tenha-se um clima agradável para seus habitantes.
Duarte (2000) estudou a correlação numérica existente entre microclimas urbanos e
ocupação do solo, tomando como área de estudo a cidade de Cuiabá/MT. A autora mediu
numericamente a correlação entre a temperatura do ar e algumas variáveis urbanísticas que
podem ser regulamentadas pela legislação municipal com vistas a amenizar o rigor climático
em cidades desta região. Como metodologia a autora realizou uma descrição qualitativa e
quantitativa das variáveis urbanísticas envolvidas, bem como medições de temperatura e
umidade relativa do ar através de pontos fixos em sete locais da cidade com diferentes
padrões de ocupação, fazendo o levantamento das condições ambientais de cada um deles. Os
resultados mostraram que as variáveis, taxas de ocupação e coeficiente de aproveitamento,
mantém correlação positiva com a temperatura do ar e refletem uma maior influência da
densidade construída sobre o período noturno, tendo em vista os diferenciais térmicos
encontrados sendo de mais de 6°C na estação seca e de ate 7°C na estação chuvosa,
identificados na área mais aquecida, ou seja, àquelas próximas ao centro da cidade. Já as
variáveis arborização e água mostraram correlação negativa em relação a temperatura do ar
em todos os horários.
Dourado (2000) estudou a ilha de calor e a influência da urbanização em cidades
localizadas em área da Amazônia Mato-grossense. Teve como principal objetivo analisar as
diferenças de temperatura do ar entre as áreas centrais e suburbanas de Lucas do Rio
Verde/MT e comparar o resultado obtido com o resultado do trabalho realizado por Rosa
(1999) em Sinop. A metodologia utilizada foi de transectos móveis em diferentes usos do
solo, com vistas a comparar as diferenças da temperatura e umidade relativa do ar entre áreas
urbanas e suburbanas da cidade, durante as estações chuvosa e seca. Os resultados
evidenciaram a ocorrência da ilha de calor na cidade de Lucas do Rio Verde, onde sua maior
intensidade foi de 3,9°c, entre o distrito comercial da cidade e uma área vegetada com
presença de superfície líquida.
Zamparoni (2001) analisou as alterações climáticas ocorridas na Amazônia Mato-
grossense, derivadas do processo de colonização a partir da década de 70, tomando como
exemplo os municípios de Sorriso, Vera e Sinop, localizados na bacia do Médio Teles Pires.
Os resultados apontaram aumento dos valores médios anuais de temperaturas máximas e
mínimas, acréscimo nos valores das médias anuais da umidade relativa e evaporação. A
autora conclui que as modificações nas variáveis climáticas estão relacionadas com os
desmatamentos e o processo de urbanização do campo pelos quais passaram esses municípios.
38
Pinho (2003) deu seqüência aos estudos de Maitelli (1991, 1994) acompanhando a
evolução da ilha de calor na cidade de Cuiabá, durante o período de 1990 a 2002. Também
utilizou da metodologia de transectos móveis para coleta de dados nos períodos de 21 a 23 de
novembro de 2001; 03 a 05 de abril e 02 a 04 de julho de 2002. Os resultados demonstraram a
evolução da ilha de calor em Cuiabá, sendo observada a maior intensidade de 5,7°C no
período noturno durante a estação seca. As maiores diferenças térmicas foram observadas
entre o centro da cidade e uma área de preservação. O autor comparando os dados com os
obtidos por Maitelli (1991, 1994), percebeu que houve um acréscimo de 0,7°c na diferença
térmica. Conforme o autor, esse aumento pode estar relacionado ao acréscimo urbano da
cidade, onde a verticalização é uma de suas características mais marcantes e conclui
enfatizando que o problema da ilha de calor na cidade de Cuiabá merece ser observado com
atenção pela administração publica que deve propiciar políticas e ações para melhorar a
qualidade de vida da população.
Souza (2004), estudou as variações espaciais de temperatura e umidade do ar na área
urbana da Várzea Grande. As medidas de temperatura e umidade do ar foram obtidas através
de transectos móveis, perfazendo um percurso onde abrangia áreas de alta e baixa densidade
urbana. os resultados alcançados mostraram que o corredor comercial, densamente edificado e
com intenso fluxo de veículos, era 7°C mais aquecido e 25% mais seco do que a área de baixa
densidade urbana com preservação da vegetação. Dessa forma a autora conclui que ficou
evidenciado que o processo de urbanização provoca alterações nas características climáticas
locais produzindo microclimas ainda mais rigorosos num clima de condições tropicais.
Zamparoni (2005) realizou um estudo intra-urbano em Chapada dos Guimarães e
detectou uma diferença de 1ºC a mais entre os valores encontrados nas áreas centrais da
cidade em relação as áreas do entorno, tanto na estação seca como na chuvosa.
Martins (2005) realizou um estudo sobre os efeitos do uso do solo no aquecimento do
ar em ambientes urbanos de Cuiabá/MT. O autor observou dados climáticos em dois
condomínios, com estruturas diferenciadas, localizados na área urbana de Cuiabá,
evidenciando que a utilização de técnicas e materiais adequados pode oferecer condições
térmicas e ambientais mais confortáveis, mesmo em situação de clima rigoroso no que se
refere ao aquecimento do ar.
Chiletto (2005), realizou um estudo sobre a caracterização climática da região do Lago
de Manso, comparando-a com a área urbana da grande Cuiabá/MT. O objetivo do trabalho foi
investigar a influência da construção da barragem de Manso (localizado no Condomínio
Náutico Portal das Águas, situado no município de Chapada dos Guimarães/MT), no clima
39
O município de Chapada dos Guimarães faz limites com Acorizal, Nova Brasilândia,
Campo Verde, Rosário Oeste e Cuiabá, Santo Antonio do Leverger. Está situado nas
coordenadas 56º02’15”O; 15º37’53”S e 54º54’25”O; 14º46’53”S com altitude média de 800
m, localizado no Planalto do Guimarães. A extensão territorial do município é de 6.494 Km2,
com 1.300 km2 de área urbana e 5.194 km2 de área rural, possui dois distritos, Água Fria e
Praia Rica. Pertence a mesorregião centro-sul de Mato-grossense e a microrregião de Cuiabá,
estando distante a 65 km da capital do Estado. A figura1, mostra a localização do município
de Chapada dos Guimarães.
Chapada dos Guimarães está localizado na Borda do Planalto Central, no qual
encontra-se o centro geodésico da América do Sul, destacando-se no âmbito nacional, pelas
suas belíssimas paisagens cênicas.
A formação geológica dominante em Chapada dos Guimarães é de cobertura dobrada
do Proterozóico com granitóides associados, pertence à Faixa Móvel Brasiliana. O relevo
caracteriza-se pela presença de grandes encostas e escarpas de arenito vermelho que vão de
600 a 800 metros de altitude. Os solos são em sua maioria solos litólicos (distróficos A
moderado textura média, relevo forte e ondulado), latossolos vermelho-amarelo (distrófico A
moderado de textura média, relevo plano), podzólico vermelho-amarelo (Tb eutrófico
abrúptico A moderado textura média, argilosa relevo suave ondulado).
43
33.000 hectares e é a principal atração ecoturística da região, recebendo em média 100 mil
visitantes por ano (informação da Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães).
O município possui uma Unidade de Conservação Municipal, o Parque da Cabeceira
do Coxipozinho com área de 91,32 ha. Possui quatro Unidades de Conservação Estaduais:
A.P.A. do Rio da Casca com 29.250 ha; a A.P.A Chapada dos Guimarães com 220.208, 28 ha
(esta abrange os municípios de Cuiabá, Chapada dos Guimarães e Santo Antonio do
Leverger); a Estação Ecológica do Rio da Casca I, com área de 3.524,62 ha (abrangendo os
municípios de Chapada dos Guimarães e Campo Verde) e por último a Estrada Parque
Cuiabá- Chapada dos Guimarães/Mirante e KM 15, com 2.058, 87 ha nos municípios de
Chapada dos Guimarães e Cuiabá. Possui também duas Unidades de Conservação Federais: a
R.P.P.N. Hotel Mirante, com 19,87 ha; e R.P.P.N. Reserva Ecológica da Mata Fria com 995
ha.
Bordest (2007) ressalta que a devastação da vegetação, principalmente nas margens
das rodovias, no entorno da cidade de Chapada dos Guimarães e do Parque Nacional. A
autora solicita a participação de todas as pessoas e instituições, preocupadas com as questões
ambientais para a manutenção desses ambientes e pela preservação de um espaço agradável
para o convívio social. “Atualmente, a ocupação indevida de terrenos manifesta-se de
diversas maneiras, destacando-se a pressão e o avanço imobiliário sobre as áreas protegidas
e de preservação permanente (APP)” (BORDEST, 2007, p. 28).
De acordo com a Tabela 1, verificou-se um aumento significativo no índice de
desmatamento do município, fato este, pode estar relacionado às políticas públicas de
expansão da fronteira agrícola na região Centro-Oeste, com as novas áreas agricultáveis no
município e também com os novos empreendimentos destinados ao turismo.
A região pertence à Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, e os principais rios que nascem na
região: Rio da Casca (cachoeira da Martinha), Rio Coxipó (cachoeiras Véu da Noiva e Cachoeirinha),
Sete de Setembro (cachoeira Sete de Setembro), Mutuca, Rio Claro, Salgadeira, Córrego da Água Fria,
entre outros.
Conforme Bordest (2007) na região do Planalto dos Guimarães, onde se localiza a
cidade de Chapada dos Guimarães, tem-se a influência do aqüífero Guarani. Merece destaque
também o escoamento superficial e as águas subterrâneas. Este último que fornece água para
o abastecimento público da cidade de Chapada dos Guimarães.
A caracterização climática em escala regional que essa região pertence segundo Sette
(2005), são os climas predominantes no Domínio do Cerrado os Tropicais Megatérmico e o
Mesotérmico. A temperatura média anual fica em torno de 22 a 23 ºC, as máximas absolutas
mensais não variam muito ao longo dos meses do ano, podendo chegar a mais de 40ºC. Já as
mínimas absolutas mensais variam bastante, atingindo valores próximos a zero, nos meses de
maio a julho.
A autora também destaca que de maneira geral (também em escala regional) a
precipitação média fica entre 1200 a 1800 mm. Ao contrário da temperatura, a precipitação
média mensal apresenta uma grande estacionalidade concentrando-se nos meses de primavera
e verão (outubro-março). A estação seca apresenta de 3 a 5 meses de duração, no início deste
período à ocorrência de nevoeiros é comum nas primeiras horas da manhã, formando grade
quantidade de orvalho sobre as plantas umedecendo o solo. E no período da tarde os índices
de umidade relativa do ar caem bastante, podendo chegar a valores extremamente baixos,
próximos de 25%.
março, seguido de outro período com pouca chuva (abril a setembro), com maios
irregularidade e amplitude térmica anual.
Existe uma classificação climática mais detalhada, proposta pelo Zoneamento
Socioeconômico–Ecológico de Mato Grosso, considerado mais apropriado para estudos e
pesquisas acadêmicas, planejamento governamental e projetos em todas as esferas.
Nessa proposta a área de estudo esta localizada na Unidade II- Clima Tropical
Continental Alternadamente Úmido e Seco, que corresponde a faixa latitudinal de 12º a 18º
LS. Além do fator continentalidade, o relevo tem grande importância no controle climático e a
participação dos Sistemas Extratropicais (Frente e Anticiclone Polar). Mas é o relevo o maior
responsável pela diversidade das subunidades climáticas (essa unidade possui 4 subunidades).
Chapada dos Guimarães se encontra quase em que sua totalidade (o perímetro urbano
completo) na subunidade climática denominada II-C, II-D e II-E, que apresenta características
fundamentais à diminuição progressiva das temperaturas, passando para um clima Tropical de
Altitude, cujo caráter mesotérmico se traduz no traço mais importante destas áreas, além do
aumento dos totais pluviométricos cujos valores estão entre 1600 a 1800 mm.
As variações climatológicas locais estão fortemente relacionadas com a circulação
geral da atmosfera. Segundo Sette (2005), através da circulação da atmosfera, da análise
climática regional, é possível entender o regime climático atuante em um determinado
território. Em Mato Grosso, em especial na região central, os deslocamentos da Zona
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), pelo Sistema Equatorial e Sistema Tropical Atlântico
(STA), determinam o regime climático.
Na área de estudo localizada no centro do estado, na estação seca (de abril a
setembro), correspondendo a estação outono-inverno, tem-se o regime de “altas pressões”,
sofrendo a influência do Sistema Tropical Atlântico (STA), oriundo do Anticiclone Semifixo
do Atlântico Sul, que caracterizado por ser um sistema quente, seco, estável, desprovido de
nebulosidade, com ausência de precipitação. Sua entrada no continente no outono-inverno
condiciona a estação seca. No Mato Grosso, por estar bem distante de sua origem, esse
sistema foi denominado de Subsistema Tropical Atlântico Continentalizado (TAC). Esse
subsistema tem seu ápice de estabilidade e freqüência em junho, julho, agosto e setembro.
Também tem a atuação do Sistema Tropical Continental com Subsidência (TCS), com
suas propriedades de altas temperaturas, baixa umidade e estabilidade. Esse subsistema pode
ter origem na frontólise da FPA (Frente Polar Atlântica) que, com sua passagem sobre o
continente, o ar polar tropicalizado, quente, porém sem nebulosidade, mantém a estabilidade.
Ou pode ser de origem do avanço da Alta Equatorial da Amazônia, surgindo como um núcleo
47
de subsidência em meio à convecção. Mas o que ocorre nesse período na região é à entrada do
Sistema Polar Continental (SPC, oriundo do Sistema Polar Atlântico) e provoca o fenômeno
da “friagem”, com queda brusca da temperatura.
A estação chuvosa (outubro-março) ocorre na primavera-verão, quando predomina a
presença do regime de “baixas pressões”, quando se inicia a estação das chuvas. Nesse
período tem-se a atuação principal do Sistema Continental Convectivo (TCC) que é
caracterizado por processos convectivos geralmente associados aos sistemas frontais e, ou, ao
transporte de vapor de água (umidade) da Amazônia em direção as baixas. Neste caso suas
propriedades são: baixa pressão, alta nebulosidade, alto teor de umidade e temperatura
elevada. Também ocorre a presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),
tendo atuação no estado inteiro, mas apresenta um movimento SW/NE, deixando a região
sudeste do estado com menor tempo de permanência sobre essa zona.
Também ocorre a entrada do Sistema Equatorial, caracterizado por Sette (op cit.),
como sendo o Sistema Amazônico (SAM), onde suas propriedades são: baixas pressões, alta
temperatura e umidade, instabilidade, alta nebulosidade e calmarias (doldruns), provocando
chuvas intensas.
do exército brasileiro tendo vantagens monetárias. Mas devido aos ataques dos índios, a
guerra e a varíola, essa produção entrou em decadência por falta de mão-de-obra.
Em 1939 chegaram a Chapada dos Guimarães os padres franciscanos. Eles foram os
fundadores de todas as obras de assistência a população como hospital, escola, ambulatórios e
internato.
Chapada dos Guimarães era o maior município do mundo, com área de mais de 200
mil km2, perdendo esse título em 1979, quando neste mesmo ano, quatro de seus distritos se
emanciparam devido aos programas de colonização e de incentivos a agropecuária. Assim, se
desmembraram de Chapada dos Guimarães os atuais municípios: Colider, Nova Brasilândia,
Paranatinga e Sinop. Atualmente o município é constituído de 3 distritos: Chapada dos
Guimarães, Água Fria e Praia Rica. Na figura 02, observamos a sede do município, na década
de 1970, com poucas residências, e muita vegetação.
Os aspectos paisagísticos, as belezas naturais, sempre estiveram presentes em Chapada
dos Guimarães “(...) em 1976 o Presidente da República Ernesto Geisel decretou o município
área prioritária para o turismo, sendo aprovado no mesmo ano o plano turístico”.
(FERREIRA, 2001, p.426). Em 1989, através do Decreto Federal nº 97.656, criou-se o Parque
Nacional de Chapada dos Guimarães com o intuito de preservar toda a riqueza arqueológica e
natural do lugar.
49
Chapada dos Guimarães possui diversos atrativos, muitos dos quais localizados dentro
do Parque Nacional, onde destacamos: diversas cachoeiras com água cristalina, morros,
formações rochosas, cavernas, paredões, inscrições rupestres e trilhas no cerrado, sítios
arqueológicos, mas o destaque maior é pelos rios. Bordest (op.cit) ressalta entre outros
50
1991 - - 12.888
Essa perda repentina da população da década de 1970 para 1980 foi em função do
desmembramento do território, para criação de novos municípios e conseqüentemente,
ocorreu uma queda de sua população. Esse desmembramento ocorreu em 1979, onde quatro
distritos se tornaram municípios. .
A tabela mostra ainda, que, a partir de 1980 (quando o município obteve a formação
territorial atual), apesar do número de habitantes do município crescer com o passar das
décadas, o total de pessoas residentes na área rural exibe tendência decrescente, porém em
2007 essa população teve um acréscimo. Dessa forma, percebe-se que, conforme crescia a
população do município, o número de pessoas que optavam por morar na área urbana também
crescia.
Na porção sul da malha urbana de Chapada dos Guimarães está localizada a borda do
planalto dos Guimarães. No limite oeste da malha urbana encontra-se uma área com
vegetação densa, de preservação permanente pertencente ao Parque Nacional de Chapada dos
Guimarães. Mesmo assim, nessas direções – sul e oeste – tem-se a presença de grande parte
das áreas destinadas a especulação imobiliária, no qual o produto da venda é a natureza, por
estar ao lado da borda do planalto, com áreas verdes. São áreas residenciais com baixa
ocupação, caracterizada por casas de veraneio. Assim, no decorrer dos anos a cidade teve seu
52
crescimento direcionado para a porção leste da malha urbana. Este direcionamento foi
ocasionado pelo relevo plano e pouco acidentado, que facilitou a implantação dos bairros.
Atualmente os novos bairros e ocupações irregulares estão surgindo na direção nordeste da
cidade.
A principal atividade econômica de Chapada dos Guimarães influiu fortemente no
padrão de distribuição da densidade populacional e, conseqüentemente, no processo de
urbanização da cidade. O uso do solo na cidade de Chapada dos Guimarães exibe uma
conformação bastante homogênea. Não se observa uma região exclusivamente comercial, mas
sim duas ruas principais, que agrupam praticamente todas as atividades comerciais da cidade,
intercaladas com residências. Além disso, são as vias de maior tráfego da cidade, ilustrado na
figura 3, e onde ocorre o mais conhecido evento da cidade- Festival de Inverno.
No decorrer da semana, a cidade tem um ritmo calmo, observamos que no período da
tarde, a movimentação de pessoas e veículos é maior, pois é nesse período que os serviços
públicos, como os oferecidos pela prefeitura, estão abertos ao público em geral. Mas a vida da
cidade toma outro ritmo nos finais de semana, começando na sexta-feira.
Nos finais de semana, durante o dia, os turistas vão em busca da natureza,
aproveitando as paisagens naturais do município e durante a noite movimentam o centro da
cidade, lotando os bares, restaurantes e hotéis. O fluxo de pessoas nos finais de semana e a
noite é bem mais intenso, alcançando em média 10.000 turistas por final de semana visitando
a cidade, segundo informações da Secretaria de Turismo de Chapada dos Guimarães.
Nessas duas ruas principais, se concentram os serviços destinados aos turistas, os bares
e restaurantes, hotéis, lojas de artesanatos, etc. Entre essas duas ruas, localiza-se um dos
pontos turísticos mais importante para a cidade, a Igreja Nossa Senhora do Sant’Ana,
patrimônio histórico e ponto obrigatório para todos os turistas que visitam a cidade.
As áreas verdes estão concentradas na região central da malha urbana. A cidade não
possui nenhum parque urbano, apenas algumas praças com vegetação (figura 4) e uma Área
de Preservação Permanente.
Figura 4: Praça Central, presença da vegetação na cidade de Chapada dos Guimarães- MT.
Foto: Schreiner, 2008
produtores do espaço urbano” que orientam a forma e os usos do solo na cidade, interferindo
na produção e na apropriação do espaço urbano.
É nítida a presença desses agentes em Chapada dos Guimarães, os bairros residênciais
próximos ao centro da cidade são ocupados pela classe média alta, com características
próprias, casas de dois ou mais pavimentos (mansões) cercadas por muros altos, possuem em
sua maioria, piscinas nos quintas. As ruas são largas, (algumas com pavimentação, e outras
previstas para 2009) e muitos terrenos vazios com pouca vegetação, figura 5.
Porém os bairros mais distantes da cidade pertencem a classe média - baixa, com casas
térreas mais modestas, próximas umas das outras, as ruas em sua maioria são asfaltadas e
observa-se constante movimentação de pessoas, com presença de vegetação nos quintais das
casas, figura 6.
Figura 5: Casa de classe média-alta próxima ao centro da cidade de Chapada do Guimarães- MT.
Foto: Schreiner, 2008
55
Figura 6: Vista parcial do bairro São Sebastião, o mais populoso de Chapada dos Guimarães-MT.
Foto: Schreiner, 2008
Nota-se também a contradição entre uma grande oferta de imóveis vagos, na forma de
terrenos e casas, (venda ou aluguel) e a falta de moradia para pessoas da classe baixa. A
ocupação Sol Nascente, é o lugar mais carente da cidade, onde predominam as moradias
(barracos) improvisados, utilizando qualquer tipo de material de construção e o único serviço
público oferecido é o abastecimento de água.
De acordo com Côrrea (1993) apud Romancini (2005) a segregação residencial é uma
expressão espacial das classes sociais, que ressalta a localização diferenciada das classes no
espaço urbano, em conseqüência do poder aquisitivo de cada grupo para pagar pela sua
residência. Assim temos os grupos de alta renda, que podem pagar os terrenos (espaços) de
maior valor na cidade, e sobrando os terrenos de menor preços, que na sua maioria estão mal
localizados, são destinados as classes de menor poder aquisitivo com residências de qualidade
inferior.
Ressalta Romancini (op.cit) que paralelamente ao processo de valorização da natureza,
a partir da década de 1970, aconteceram melhorias na infra-estrutura do município, como o
caso de asfaltamento da rodovia MT-305, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, que
acabou favorecendo para a implantação de novos loteamentos urbanos. E foi na década de
1980, que a expansão urbana de Chapada se intensificou, com a construção de loteamento e
condomínios fechados.
56
Romancini (op.cit), relata que a cidade de Chapada detentora de uma bela paisagem, é
o lugar preferido para a construção da segunda moradia da classe de maior poder aquisitivo,
em sua maioria de Cuiabá, assim como pelos aposentados, especialmente do setor público.
Outra importante característica da cidade de Chapada dos Guimarães é seu caráter
horizontal, sem a presença de prédios com mais de três andares. Portanto, a principal
diferença entre as áreas mais e menos densas se dá principalmente pela impermeabilização do
solo, pela presença de maior ou menor quantidade de vegetação e pela distância entre as
construções.
57
Para a coleta dos dados climatológicos utilizados nas pesquisas urbanas Oke
(2004) destaca que as estações climatológicas instaladas no perímetro urbano, consistem
freqüentemente de instrumentos posicionados um pouco abaixo ou sobre o nível dos telhados
e isso exige uma avaliação e descrição do local incluindo a escala relevante para o contexto.
Oke (op.cit.) também destaca que para se ampliar a região de cobertura dos dados
costuma-se posicionar os sensores no telhado, observado os microclimas anômalos
produzidos pelas coberturas. Por exemplo, a uma altura de 3 metros equivale provavelmente a
uma distância de 300m de extensão em caso de estabilidade atmosférica. Portanto, a estação
abrange em torno de 100m de distância para cada 1m de altura.
Para a verificação do clima local, foi realizada com dados obtidos através de uma
estação metereológica automática instalada em Chapada dos Guimarães. A estação
TM
VANTAGE PRO2 WIRELESS da marca Davis, foi fixada no telhado de uma casa numa
altura aproximada de 10m acima do solo, localizada próxima ao centro da cidade. Assim os
instrumentos registraram valores que representam os estados atmosféricos num raio de
1000m.
A estação estava equipada com: pluviômetro, anemômetro, psicrômetro, sensor de
radiação solar, possui também placa solar, conforme figura 7. A estação foi programada para
58
Anemômetro
Placa Solar
Pluviômetro
Psicrômetro
Visor do
aparelho
Teclas de ajuste
das variáveis
Sensor
uma área de pastagem. Dando seqüência, percorremos outro bairro residencial com presença
de vegetação de alto porte e casas mais afastadas com terrenos vazios entre elas.
Mais a frente, passamos por um local conhecido por todos na cidade, a piscina pública,
(que atualmente esta desativada), caracterizado com presença de vegetação e um córrego. O
percurso seguiu para o centro da cidade na direção norte, passando pelas duas avenidas
principais, onde está localizado o comércio de Chapada dos Guimarães, a praça central,
diversos bares e restaurantes, que atraem muitos turistas para essa área. E por fim, passamos
por áreas residências próximas ao centro da cidade, até chegarmos no ponto final, o trevo de
acesso á cidade, conforme figura 10.
64
Figura 10: Roteiro pré- estabelecido para o transecto, a linha vermelha foi o trajeto percorrido.
Fonte: Imagem do Google Earth, obtida em 2008.
65
Com os dados coletados pelo transecto móvel, foram realizados gráficos juntamente
com o perfil da cidade de Chapada dos Guimarães, para facilitar a visualização das diferenças
intra-urbanas encontradas. Também com esses dados foram realizados mapas de interpolação
espacial de temperatura do ar mediante aplicação de recursos de Sistema de Informação
Geográfica – SIG, mas especificamente com a aplicação de um método de interpolação
espacial, utilizando o software Arc Gis 3.2. O objetivo era criar uma superfície de distribuição
espacial dos valores de temperatura do ar a partir dos dados amostrados, de modo a obter uma
visualização espacial do clima intra-urbano em Chapada dos Guimarães.
Para tanto, foi estabelecido o mesmo ponto de coleta dos dados de temperatura do ar e
umidade do ar, no qual foram tiradas as coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude
coletados com GPS). Assim no software Arc Gis, foi realizada uma interpolação com as
coordenadas geográficas e os dados de temperatura do ar, gerando mapas de interpolação com
escalas de cores, a cor mais clara refere-se a temperaturas mais amenas e as cores mais
escuras referem-se a locais mais aquecidos. Através desse mapeamento, fica visível a
espacialização das diferenças da temperatura intra-urbanas.
até o sul da Região Norte do país, configurando um novo episódio de friagem (o sexto do ano
que atinge o MT). Um exemplo da circulação regional para esse período pode ser visualizado
na figura 11.
outubro, novembro e dezembro, também é uma fase de transição, o início das chuvas
especialmente em outubro e novembro.
No primeiro trimestre os valores da temperatura média do ar variaram de 17 a 29ºC e a
temperatura mais freqüente foi 21,2ºC, com 84 registros. No segundo trimestre de 2008, as
temperaturas médias tiveram uma amplitude maior, variando entre 10 a 30ºC, e a temperatura
com maior freqüência também estava entre 20 a 22ºC. Nos meses de julho, agosto e setembro
a temperatura média do ar mais freqüente foi de 24 ºC, mas nesse trimestre o intervalo de
variação da temperatura foi maior, de 09 a 33ºC. Já no último trimestre de 2008, a
temperatura variou entre os 16ºC a 34ºC, e o valor mais freqüente foi de 21ºC (figura 13).
Para a temperatura máxima absoluta do ar, conforme figura 14, os meses de janeiro,
fevereiro e março apresentaram valores entre 18 a 29ºC, as temperaturas mais freqüentes
estavam no intervalo de 20 a 22ºC, e a temperatura máxima absoluta nesse trimestre foi de
28,9ºC, com um registro. No segundo trimestre essa variável esteve no intervalo dos 10 aos
71
30ºC, a temperatura mais freqüente foi na casa dos 22ºC e a máxima absoluta alcançada nesse
período foi de 30,1ºC com dois registros. Para os meses de julho, agosto e setembro, a
temperatura máxima teve uma amplitude maior, de 9 a 35,2ºC, a temperatura mais freqüente
desse período foi de 25,9ºC, com 40 registros, o que chama atenção para esse trimestre é a
máxima alcançada, a máxima do ano, 35,2ºC. Já no último trimestre do ano, a temperatura
máxima variou entre os 15,9 a 34,3ºC, e a temperatura mais freqüente foi de 21,9ºC com 40
registros.
Figura 14: Distribuição de freqüência da temperatura máxima do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT.
com 94 registros, já o valor mínimo registrado foi de 17,9ºC. No segundo trimestre de 2008,
as temperaturas variaram entre os 9,7 a 28,7ºC, a temperatura mais freqüente foi de 21,7ºC
com 44 registros. Nos meses de julho, agosto e setembro têm-se o registro da menor
temperatura do ano, alcançando 8,9ºC. Nesse período o intervalo foi maior, de 8,9 a 33,6 ºC, a
temperatura mais freqüente está na casa dos 21ºC. Para o último trimestre de 2008, o intervalo
foi de 15,7 a 33,3 ºC, nesse período o valor com mais registros (45) foi de 20,4 ºC.
Figura 15: Distribuição de freqüência da temperatura mínina do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT.
a média foi de 46,6%. Nos últimos três meses do ano, a umidade relativa do ar voltou a atingir
100%, variando dos 24 a 100%, e o valor mais freqüente foi 98% com 156 registros, e a
média deste triênio foi de 78,7%.
Figura 16: Distribuição de freqüência da umidade relativa do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães- MT.
A velocidade média do vento, figura 17, para o primeiro trimestre de 2008, teve uma
média de 1,92 m/s, no intervalo de 0,0 a 7,20 m/s, o valor mais freqüente foi 1,30 m/s, com
504 registros. Para o segundo trimestre de 2008, essa variável obteve uma média de 2,37m/s
no mesmo intervalo do primeiro trimestre, e a velocidade mais freqüente foi de 1,80 m/s com
371 registros. Nos meses julho, agosto e setembro, a média foi de 2,56 m/s, no intervalo de
0,0 a 8,0 m/s, com velocidade mais freqüente de 2,20 m/s com 16% dos valores totais desse
período. E para o último trimestre de 2008, essa variável apresentou valores freqüentes de
zero (471 registros) oriundos de problemas na estação (do dia 23/11 a 08/12 não houve
74
registros da velocidade do vento e direção do vento, porém o programa registrou o valor 0,0
m/s) dificultando as análises desses dados. Mesmo com esse problema, a média desse
trimestre foi de 1,67 m/s e a intervalo foi ate 8,0 m/s.
Figura 17: Distribuição de freqüência da velocidade média do vento, em 2008, em Chapada dos Guimarães
– MT.
Figura 18: Distribuição de freqüência da velocidade máxima do vento, em 2008, em Chapada dos
Guimarães –MT.
A direção predominante do vento de Chapada dos Guimarães (figura 19) nos três
meses iniciais foi de NNE (norte-nordeste) com 521 registros. Para o segundo trimestre a
direção predominante foi de S (sul) com 490 registros. Para os meses de julho, agosto e
setembro a predominante foi S (sul) também com 302 registros. E para o último trimestre do
ano a predominante voltou a ser a NNE (norte-nordeste) com 269 registros.
76
Figura 19: Distribuição de freqüência da direção do vento, em 2008, em Chapada dos Guimarães
A precipitação total registrada de janeiro a outubro, figura 20, foi de 1364,8 mm.
Nota-se que o mês mais chuvoso foi janeiro com total de 393,4mm, e os meses de julho e
agosto não tiveram registros de chuva. Nota-se na cidade de Chapada dos Guimarães um
regime de precipitações tipicamente tropical que se caracteriza por apresentar precipitações
máximas no verão e mínimas no inverno.
400
370
340
310
totais (mm)
280
250
220 Precipitação
190
160
130
100
70
40
10
jan fev mar abr mai jun jul agos set out
Meses
Figura 20: Totais mensais de precipitação observados em Chapada dos Guimarães –MT, em 2008.
77
O dia mais quente em Chapada dos Guimarães foi dia 25/09/08 as 13h, atingindo o
valor absoluto de 35,2ºC. E o dia mais frio na cidade foi dia 07/09/08 as 02 e 03 h alcançando
8,9ºC.
As análises realizadas com dados horários mensais (figura 21 e 22) mostraram que em
2008, Chapada dos Guimarães apresentou uma curva normal de temperatura alcançando os
maiores valores durante o período diurno, mas especificamente entre as 13 a 15h e as menores
temperaturas foram registradas entre as 04 e 06h. Nota-se que nos meses de julho, agosto,
setembro e outubro, as temperaturas formam mais elevadas. Já as temperaturas mais amenas
foram registradas nos meses de maio e junho, alcançando a média mínima de 18ºC.
A respeito da umidade relativa do ar em 2008, os valores máximos foram registrados
no período noturno e início da manhã, alcançando a média de 95,3% às 07h do mês de
janeiro. Nos meses de janeiro à junho essa variável esteve entre 70 a 95%. Mas o que chama
atenção é para meses mais secos do ano, julho, agosto e setembro, no qual chegou a registrar
33,2% as 12h no mês de agosto. No mês de outubro a umidade relativa volta a subir,
alcançando em novembro e dezembro a curva similar ao inicio do ano.
A velocidade média do vento variou entre 1 a 4,0 m/s. Nos meses de julho e agosto
observa os maiores picos da velocidade média, alcançando 3,9m/s as 10 h. O mês em que se
notou maior calmaria correspondeu a julho, mês da estação seca, registrando uma média de
0,9m/s alcançado as 17h. No mês de novembro e dezembro nota-se uma queda na linha média
do vento, (0,5 a 2 m/s apenas). Essa diminuição foi associada a problemas na estação
(problemas não identificados, nesse período, três semanas, não registraram valores de
velocidade do vento, interferindo nas médias horárias). Para a velocidade máxima dos ventos,
a curva alcançou alguns valores superiores a 8 m/s, com o valor máximo de 8,5 m/s as 10h no
mês de julho e as 11h em setembro.
78
Variação horária da tem peratura m édia do ar (ºC) em 2008
35,0
30,0
25,0
20,0
Temperatura (ºC)
15,0
10,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19
horas
Temperatura média
30,0
25,0
20,0
Temperatura (ºC)
15,0
10,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19
30,0
25,0
20,0
Temperatura (ºC)
15,0
10,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19
Figura 21: Variações horárias mensais de temperatura (média, máxima e mínima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães- MT.
79
Variação horária da um idade relativa do ar (%) em 2008
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
20,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19
Horas
Umidade relativa do ar (%)
Velocidade (m/s)
1,0
0,5
0,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19
Horas
Velo cidade média do vento (m/s)
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
Velocidade (m/s)
3,0
2,0
1,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19
Figura 22: Variações horárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento ( média e máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães- MT.
80
Nas análises realizadas com dados diários (médias do dia), figura 23 e 24, nota-se o
ritmo das variáveis climatológicas durante o decorrer de um ano, enfatizando as diferenças do
período das chuvas e da seca.
A temperatura média diária do ar no ano de 2008 variou entre 10 a 30ºC. De janeiro a
março (período das chuvas) essa variável estava bem uniforme, entre os 20 a 25ºC. É típico
desse período, a instabilidade do tempo com a ocorrência de chuvas, as quais provocam queda
da temperatura através do resfriamento da superfície e do ar.
Em abril até final de junho a temperatura média oscilou mais (de 11 a 25ºC),
apresentando os menores valores do ano, pois é nesse período que as frentes frias chegam à
região e são as responsáveis pelo registro das baixas temperaturas. Estas frentes provocam a
queda brusca da temperatura caracterizando o fenômeno conhecido localmente como
“friagem”.
De julho até final de outubro (período da seca) a curva normal foi ascendente,
apresentando valores mais elevados, chegando próximo aos 30ºC. Já nem novembro e
dezembro (inicio do período das chuvas) a curva voltou a ficar mais uniforme, variando entre
19 a 26ºC. O dia mais quente em 2008 foi 15 de outubro, atingindo a média de 30,4ºC. Já o
dia mais frio em 2008 foi 30 de maio, atingindo a média do dia de 11,2ºC.
Na variável da umidade relativa do ar, o que tem destaque são os meses de julho a
setembro, com médias diárias baixas, alcançando no dia 24 de setembro a média de 27,9% (a
mais baixa do ano). O valor médio diário mais alto da umidade foi de 99,0% alcançado no dia
17 de abril.
A velocidade média do vento variou entre os 0,5 m/s a 6,5 m/s no decorrer do ano de
2008, porém entre os dias 24 de novembro a 7 de dezembro a velocidade média foi nula, isso
devido a problemas na estação. Em setembro a novembro a velocidade média se apresentou
mais irregular, com picos maiores. Já para a velocidade máxima diária, no dia 6 de setembro
essa variável alcançou seu máximo, com 12,6 m/s. Valor similar (12,5 m/s) também foi
registrado no dia 02 de maio. Os demais registros estavam na faixa dos 2 a 10 m/s. Em geral,
observa-se que o intervalo entre junho a final de agosto mostra-se menos ventilado,
caracterizando a estabilidade do tempo atmosférico na estação seca.
81
Variação anual da Tem peratura Média do Ar (ºC)
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
Temperatura do ar
10,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias Temperatura M édia
35,0
30,0
25,0
20,0
Temperatura do Ar
15,0
10,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias Temperatura M áxima
35,0
30,0
25,0
20,0
Temperatura do ar (ºC)
15,0
10,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias
Temperatura M ínima
Figura 23: Variações diárias mensais da temperatura do ar ( média, máxima e mínima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT.
82
Variação anual da Um idade Relativa do Ar (%) em 2008
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
20,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias
Umidade Relativa (%)
12,0
10,0
8,0
6,0
Velocidade (m/s)
4,0
2,0
0,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias
Velo cidade média vento
12,0
10,0
8,0
6,0
Velocidade (m/s)
4,0
2,0
0,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias
Velocidade máxima do vento
Figura 24: Variações diárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento (média e máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT
83
●Ocupação média– essa categoria de uso do solo é formada por bairros de classe
social diversa. Conjuntos habitacionais populares consolidados, como é o caso do São
Sebastião, o bairro mais populoso de Chapada dos Guimarães, bem como a área central da
cidade e os bairros de classe média-alta próximos a área central. Nessa classe predomina as
áreas ocupadas por construções residenciais e comerciais de até dois pavimentos.
verdade há pouca vegetação. Pode ser observada ainda a presença de pequenas pastagens e de
locais com características rurais.
● Área aberta- áreas onde a vegetação nativa foi removida para dar lugar a
loteamentos e a zonas de expansão urbana. Essas áreas caracterizam-se quanto ao uso físico
do espaço urbano por apresentarem solo nu e em alguns casos com pouca vegetação,
representada por vegetação original e secundaria, com espécies do Cerrado, Mata de Encosta,
pastagens, vegetações arbustivas e rasteiras. Podem ser observadas principalmente próximas
as áreas verdes da região periférica da cidade e também nas zonas de Baixa Densidade
Urbana. Algumas áreas possuem usos rurais correspondendo a pequenas chácaras e outras são
cobertas por pastagens.
● Área verde - é composta principalmente pelas matas ciliares ao longo dos rios e
córregos, pela vegetação do cerrado remanescente nas imediações da cidade, também por uma
área de preservação permanente na cidade.
● Condomínios fechados – os condomínios fechados estão inseridos nas áreas abertas
e possuem características especificas, com vegetação ao entorno, muros, cercas, casas de alto
padrão.
85
Figura 25: Mapa da cidade de Chapada dos Guimarães- MT – categorias de uso do solo.
Observamos que a área urbana de Chapada dos Guimarães ainda apresenta áreas
verdes, mas o que mais chama a atenção são as áreas com ocupação baixa, esparsas e as áreas
abertas, sem nenhuma ocupação.
86
27
24
21
18
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
32
29
26
23
20
Temperatura do ar (ºC)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
alt it ude
840
835
830
825
820
815
Altitude
810
805
800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
Figura 27: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de Chapada dos Guimarães-MT
89
Pode ser observado que a curva da temperatura para os três dias estava similar, sempre
apresentando as menores temperaturas nos pontos 13 e 31, regiões com muita vegetação, ou
seja, em locais com alto índice de área verde.
Referente à umidade relativa do ar, figura 28, às 20h, a curva dessa variável se
apresentou semelhante nos três dias de coleta de dados. No dia 16/08, a umidade relativa teve
uma amplitude de 3,8%, já para o dia 17/08, a amplitude foi de 5,1% e para o dia 18/08 foi de
4,5%. A tabela 4 mostra os pontos onde foram encontradas as maiores e menores
porcentagens da umidade relativa do ar para cada transécto realizado.
45
40
35
Umidade Relativa do ar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
Um idade Re lativa do ar (%) do dia 17/08/08 às 20h Umidade Relat iva do ar (%)
50
45
40
35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
50
45
40
35
Umidade relativa do ar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
alt it ude
840
835
830
825
820
815
Altitude
810
805
800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45
Figura 28: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de Chapada dos Guimarães-MT
91
Figura 29: Espacialização da temperatura do ar do dia 16/08/08 às 20h na área urbana de Chapada dos
Guimarães- MT.
92
Figura 30: Espacialização da temperatura do ar do dia 17/08/08 às 20h na área urbana de Chapada dos
Guimarães- MT.
Figura 31: Espacialização da temperatura do ar do dia 18/08/08 às 20h na área urbana de Chapada dos
Guimarães- MT.
93
Para finalizar o trabalho foi realizada uma breve comparação entre dados de
temperatura e umidade relativa do ar de Chapada dos Guimarães e Cuiabá, observadas no ano
de 2008. Ambas as cidades estão situadas em latitudes semelhantes, mas com altitudes
diferentes e com características do relevo totalmente diferenciadas.
Chapada dos Guimarães é uma cidade de pequeno porte com altitude média de 800m,
localizada nas bordas do Planalto dos Guimarães, Cuiabá está numa altitude média de 170m,
localiza-se numa depressão, mais conhecida como baixada Cuiabana.
Além dos aspectos físicos sendo o principal a altitude, as duas cidades apresentam
áreas urbanas com diferenças importantes quanto ao uso do solo e concentração populacional,
estrutura e funções urbanas.
Cuiabá, a capital do Estado de Mao Grosso, se localiza nas coordenadas geográficas
15º 35´ 56´´ S e 56º 06´ 01´´ W, possui uma população urbana de 576.855 habitantes, é
conhecida no cenário nacional pela rigorosidade de suas condições climáticas, principalmente
devido ao seu padrão térmico.
94
Figura 32– Vista parcial do centro principal de Cuiabá, com áreas de verticalização intensa à nordeste
e noroeste do centro antigo. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos Bergamasco,05/04/2004. Fonte:
Pinho, 2008.
Os primeiros estudos comparativos entre as duas cidades foram realizados por Maitelli
(1997), no período de 1960-1987. Na figura 34 (médias mensais do período) a autora
observou que a temperatura média do ar em São Vicente, cerca de 10 km em linha reta de
Chapada dos Guimarães, não atingia os 25ºC, estando em torno dos 21 aos 24,5ºC, enquanto
que em Cuiabá, a temperatura média mensal do período variou dos 23 aos 27,5ºC. Conforme
a autora, as maiores diferenças térmicas observadas ocorreram nas temperaturas médias
mensais máximas. No planalto as médias máximas não ultrapassaram 29ºC e na baixada
96
foram observados valores de até 35ºC, sendo que nos meses de setembro e outubro
registraram-se os valores mais elevados.
Figura 34: Comparação da temperatura média mensal de Cuiabá(165m) com São Vicente (800m),
1961-1987. Fonte: Maitelli, 1997
Como se localizam próximas, as duas cidades se encontram sob o mesmo domínio das
massas atmosféricas regionais, porém apresentam diferenças de temperaturas média, máximas
e mínimas, na umidade relativa do ar, ventos, o que pode indicar uma forte influência da
altitude.
Nas figuras 35 e 36, estão evidenciadas diferenças entre variações médias diárias do
ano de 2008 nas duas cidades, referentes à temperatura média, temperatura máxima,
temperatura mínima e umidade relativa do ar. Nota-se que nos primeiros meses, janeiro,
fevereiro e março, a temperatura média diária do ar de Chapada dos Guimarães estava entre
os 20 a 25ºC enquanto em Cuiabá oscilavam entre os 30 a 35ºC.
No ano de 2008, Chapada dos Guimarães apresentou temperaturas médias diárias que não
atingiram os 30ºC, enquanto em Cuiabá foram registrados valores médios diários de até 33,4ºC.
Chapada dos Guimarães registrou uma média anual para o ano de 2008 de 22,7ºC, enquanto Cuiabá
apresentou no uma média anual de 27ºC.
Essas diferenças foram evidenciadas também nas temperaturas máximas e mínimas diárias.
Chapada dos Guimarães apresentou diversas vezes valores inferiores a 15ºC, na temperatura
mínima diária, enquanto Cuiabá apresentou uma vez o valor de 15ºC.
97
Quanto a umidade relativa do ar, de janeiro a início de julho, Chapada dos Guimarães
apresentou valores mais elevados que Cuiabá; de julho a outubro a umidade relativa do ar era
semelhante nas duas cidades. Já em setembro até dezembro a umidade do ar voltou a ser mais
alta em Chapada dos Guimarães. Essa diferença pode estar relacionada principalmente ao
fator altitude e a maior presença da vegetação em Chapada dos Guimarães, favorecendo ao
aumento da umidade do ar no período das chuvas nessa cidade.
30,0
25,0
20,0
Temperatura do ar (ºC)
15,0
10,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães
B)
30,0
25,0
20,0
15,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
J ul
Mai
Set
J un
O ut
F ev
Mar
dez
Nov
J an
Abri
Ago
Dias Cuiabá
Chapada do s Guimarães
Figura 35: Variações da temperatura média diárias (A) e temperatura máxima diária (B) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT.
99
A)
Variação diária da temperatura mínima do ar (ºC) em 2008
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
T em peratu ra d o ar (ºC)
10,0
n 8 r l 8 i l 8 t 9 t 9
Ja 15 22 29 F ev 1 2 19 26 M a 11 18 2 5 br i 15 22 29 Ma 13 20 27 J un 10 17 24 J u 15 22 29 os 12 19 26 S e 16 23 30 O u 14 21 28 N o v 1 1 18 2 5 de z 16 23
A Ag
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães
B)
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
8
8
8
9
9
15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
Jul
Mai
Set
Jun
Out
Fev
Mar
dez
Nov
Jan
Abri
Ago
Dias Cuiabá
Chapada do s Guimarães
Figura 36: Variações da temperatura mínima diária (A) e da umidade relativa do ar diária (B) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT
100
Portanto para o ano de 2008, Chapada dos Guimarães apresentou temperaturas mais amenas
que Cuiabá, em média de 4ºC inferiores, nas médias diárias de temperatura. Este fato pode estar
relacionado principalmente ao fator da altitude, uma vez que Cuiabá está a uma altitude média de
170m enquanto Chapada dos Guimarães situa-se a 800m acima do nível do mar.
As maiores diferenças e mais expressivas foram encontradas no horário das 15h, esses
valores se concentraram no intervalo entre 3,4 a 7,5ºC de diferença. Conforme nota-se na
figura 37, as maiores diferenças verificadas referem-se principalmente nos horários, das 15h e
21h. No entanto, a maior diferença de temperatura absoluta encontrada foi no dia 16/08/08 as
21h, atingindo 7,8ºC de diferença, isso significa que Cuiabá estava 7,8ºC mais aquecida que
Chapada dos Guimarães. As menores diferenças no campo térmico nas duas cidades foram
observadas no período matutino, as 09h.
101
Variações da Tem peratura do ar ( ºC) às 09h do de agosto de 2008
40
35
30
25
20
Temperatura do ar (ºC)
15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães
35
30
25
20
Temperatura do ar (ºC)
15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães
35
30
25
20
Temperatura do ar (ºC)
15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Gimarães
Figura 37: Variações horárias absolutas da temperatura do ar em Cuiabá e Chapada dos Guimarães em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h.
102
90
70
50
30
Umidade do ar (%)
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Cuiabá
Dias
Chaada dos Guimarães
90
70
50
30
90
70
50
30
Figura 38: Variações horárias absolutas da umidade relativa do ar em Chapada dos Guimarães e Cuiabá em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h
.
104
em consideração principalmente o ambiente, prevalecendo seu uso correto, para que toda a
população possa ser privilegiada.
Este estudo priorizou o entendimento das condições climáticas geradas em uma
cidade de pequeno porte, com especificidades de uso do solo discreto quando comparadas a
outras cidades mais populosas. Entretanto, mesmo nesse caso, foi possível verificar que a
urbanização com seus atributos, como presença de asfalto em algumas ruas e avenidas,
prédios e circulação de veículos, principalmente nos finais de semana, podem mostrar-se
como fatores importantes na configuração das diferenças térmicas e higrométrica intra-
urbanas. Hipoteticamente, na ausência desses fatores, a formação original desse espaço (área
vegetada) a temperatura e umidade deveria se apresentar de forma similar ao ponto 12,13, 31
e 32, locais onde a vegetação é densa e original.
Dessa forma, pode-se supor que as condições climáticas intra-urbanas geradas no
sítio urbano estão ligadas diretamente a heterogeneidade do solo e das funcionalidades
urbanas ocasionando locais com ar mais aquecido e outros com situações térmicas mais
amenas.
O município e a área urbana de Chapada dos Guimarães é conhecida pelo seu
clima mais ameno, principalmente se comparada com a capital do estado distante desta cerca
de 65 km. Nas cidades de Cuiabá e Chapada dos Guimarães, localizadas em latitudes
semelhantes e sob condições atmosféricas iguais, foi observada uma diferença térmica média
de 4,3ºC no ano de 2008, o que permite considerar a Chapada dos Guimarães, como uma
cidade de clima mais agradável, quando comparada a outras áreas urbanas situadas no estado
de Mato Grosso. Para o mês de agosto de 2008, a diferença máxima encontrada entre as duas
cidades com dados absolutos para a temperatura foi de 7,8ºC as 21h. Portanto o principal fator
amenizador do clima de Chapada dos Guimarães continua sendo a altitude local.
Ressaltamos que este estudo é relevante na medida em que Chapada dos
Guimarães não possui Estação Meteorológica para acompanhar, diagnosticar as alterações no
clima local oriundos do processo de crescimento urbano e de uso do solo. Entretanto, a cidade
apresenta diferenças nas temperaturas intra-urbanas que devem ser consideradas como um
alerta aos planejadores para que os benefícios climáticos proporcionados pela altitude do local
sejam mantidos.
Sob esse aspecto é importante destacar que a vegetação ameniza o aquecimento da
superfície criando condições climáticas mais favoráveis ao conforto e à a saúde humana e por
essa função, além de outras, deve ser estimulada e mantida pelos órgãos ambientais e pela
população.
107
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