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FUDAÇÃO UIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

ISTITUTO DE CIÊCIAS HUMAAS E SOCIAIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM GEOGRAFIA

SIMOE SCHREIER

CLIMA E ALTITUDE EM CIDADES TROPICAIS – O EXEMPLO DE


CHAPADA DOS GUIMARÃES E UMA COMPARAÇÃO COM CUIABÁ-
MT

Cuiabá – Mato Grosso


2009
SIMONE SCHREINER

CLIMA E ALTITUDE EM CIDADES TROPICAIS – O EXEMPLO DE


CHAPADA DOS GUIMARÃES E UMA COMPARAÇÃO COM CUIABÁ-
MT

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do


titulo de Mestre em Geografia, Universidade Federal de
Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais,
Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Geografia –
Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Orientadora: Profª. Drª. Gilda Tomasini Maitelli

Cuiabá – Mato Grosso


2009
FICHA CATALOGRÁFICA

S378c Schreiner, Simone


Clima e altitude em cidades tropicais: o exemplo de
Chapada dos Guimarães e uma comparação com Cuiabá-MT /
Simone Schreiner. – 2009.
114f. : il. ; color. ; 30 cm.

“Orientadora: Profª. Drª. Gilda Tomasini Maitelli”.


Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato
Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Pós-graduação
em Geografia, 2009.
Bibliografia: f. 108-114.

1. Clima urbano – Chapada dos Guimarães (MT). 2. Solo


urbano – Chapada dos Guimarães (MT). 3. Climatologia. 4.
Cidades tropicais - Climatologia. I. Título.

CDU – 551.584.5(817.2)
Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931
SIMONE SCHREINER

CLIMA E ALTITUDE EM CIDADES TROPICAIS – O EXEMPLO DE


CHAPADA DOS GUIMARÃES E UMA COMPARAÇÃO COM CUIABÁ-
MT

Dissertação apresentada como requisito para obtenção


parcial do titulo de Mestre em Geografia, Universidade
Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e
Sociais, Programa de Pós-Graduação – Mestrado em
Geografia – Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Dissertação aprovada em 04 de setembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
Orientadora: Profa Dra Gilda Tomasini Maitelli
Departamento de Geografia/ Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

__________________________________________________________
Examinador interno: Ivaniza de Lourdes Lazzarotto Cabral
Departamento de Geografia/ Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

__________________________________________________________
Examinador Externo: Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim
Departamento de Geografia/Faculdade de Ciência e Tecnologia da UNESP de Presidente
Prudente

_____________________________________________________________________
Suplente: Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni
Departamento de Geografia/ Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Dedico esta obra a minha família,
com amor.
AGRADECIMETOS
Primeiramente, agradeço aos meus pais, João Romaldo e Maria Teresinha, que,
mesmo distantes estão presentes em todos os momentos da minha vida através de um amor
inquestionável.
Agradeço a Profa. Dra. Gilda Tomasini Maitelli, minha orientadora, que acreditou e
confiou as responsabilidades necessárias ao meu desenvolvimento nos estudos.
Agradeço à CAPES – Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,
pela bolsa de mestrado, que através dela pude dedicar-me aos estudos
À banca examinadora formada pelos professores Dra. Cleusa Aparecida Gonçalves
Pereira Zamparoni, Dra. Margarete Cristiane da Costa Trindade Amorim e Ivaniza de Lourdes
Lazzarotto Cabral pelas sugestões, críticas e questões pertinentes.
Ao Departamento de Geografia, Coordenação da Pós-Graduação, especialmente à
secretária Regina Maria da Costa, pelo auxílio e a todos os professores do curso de mestrado,
pelas suas aulas e contribuições.
A senhora Márcia Denise Figueiredo Rabelo Leite por, gentilmente, ceder-nos sua
casa para instalação da estação climatológica automática.
A Eduardo Cairo Chiletto e Márcio, pela disposição e colaboração na instalação da
estação climatológica automática.
Aos meus colegas, Jeferson Pinho, Zorene Marilac, Bruno de Deus, Marcos da Silva,
Olga Kummer que de forma ou outra ajudaram e contribuíram para meu trabalho, muito
obrigada.
Em especial a Wander pela sua ajuda na coleta de dados e pela paciência, apoio nas
horas mais difíceis.
É melhor chegar três horas mais cedo,
do que um minuto mais tarde.
Shakespeare
RESUMO

O presente trabalho pretende investigar as relações entre clima, altitude e uso do solo na
cidade de Chapada dos Guimarães, localizada na região centro-sul do Estado de Mato Grosso,
nas coordenadas geográficas 56º02’15”O; 15º37’53”S e 54º54’25”O; 14º46’53”S, com
altitude média de 800 metros, e aproximadamente 17 mil habitantes. Cuiabá está localizada
nas coordenadas geográficas 56º06´01´´O e 15º35´56´´S com altitude média de 170m e
população urbana de 576.855 habitantes. Os estudos consistiram em mapeamento e análises
de uso do solo urbano, medidas climatológicas em local fixo, observações itinerantes e
relações dessas observações com a circulação atmosférica regional. Para as análises
climatológicas foram coletados dados diários horários de temperatura do ar (média, máxima e
mínima), umidade relativa do ar, velocidade e direção dos ventos, referentes ao ano de 2008,
registrados por estação meteorológica automática instalada numa área de baixa densidade de
construções, porém próxima ao centro da cidade de Chapada dos Guimarães. Para identificar
a ocorrência de microclimas na área urbana da mesma cidade foram realizadas, em agosto de
2008, período de ausência de chuvas, medidas móveis, com instrumentos semi-automáticos
acoplados a um automóvel que percorria a um roteiro estabelecido à partir do mapeamento do
uso do solo. Os dados climatológicos mostraram temperaturas máximas de até 35,2ºC. Nos
meses de julho a setembro, na estação seca, foram observadas as maiores amplitudes térmicas
com temperaturas mínimas que atingiram 8,9ºC por ocasião da entrada de frente fria,
originária do sul da América do Sul e que invadem o Brasil atingindo a região Centro-Oeste.
Estas variações térmicas originaram taxas de umidade relativa mínima de até 17% nas horas
mais quentes do dia. Embora as medições fixas mostrassem a forte influência da altitude
como reguladora das condições térmicas locais, as observações itinerantes obtidas com
medições realizadas a aproximadamente 2 metros acima do solo evidenciaram que o tipo de
uso do solo urbano era um fator regulador do aquecimento e da umidade do ar uma vez que, a
cidade, mesmo não possuindo áreas densamente construídas, mostrava diferenças de até 4,7ºC
entre os locais mais aquecidos onde predominavam construções e asfaltamento de ruas e os
mais amenos, onde a vegetação ocupava áreas mais extensas. Os dados de temperatura e
umidade do ar registrados em Chapada dos Guimarães durante o ano de 2008 foram
comparados com os dados registrados em uma estação meteorológica semelhante, instalada
em Cuiabá, no mesmo período. Observou-se que o ar de Chapada dos Guimarães foi em
média anual 4,3ºC menos aquecido do que em Cuiabá, atingindo no mês de agosto uma
diferença térmica absoluta de 7,8ºC, às 21h. Dessa forma ficou evidenciado que em Chapada
dos Guimarães, a altitude amenizava as condições térmicas do ambiente, mas que, além disso,
o uso do solo contribui para a produção de microclimas com características diferenciadas.

PALAVRAS-CHAVES: Clima urbano. Altitude. Uso do solo. Chapada dos Guimarães.


Cuiabá.
ABSTRACT
This work aims to investigate the relationships between climate, altitude and ground use in
the town of Chapada of the Guimarães, located in the central-southern state of Mato Grosso,
the geographicals bearings 56º02'15"W, 15°37'53"S and 54º54'25”W, 14°46'53"S, with
average altitude of 800 metres, and approximately 17 thousand inhabitants. Cuiabá is located
at geographicals coordinates 56º06'01''O and 15º35'56''s with average altitude of 170m and
urban population of 576,855 inhabitants. The studies consisted of mapping and analysis of
land use, urban climatological measures in place fixed, mobile and observations relations with
the comments of regional atmospheric circulation. For the climatologicals analysis were
collected hourly daily data of air temperature (average, maximum and minimum), relative
humidity, speed and direction of winds, for the year 2008, recorded by automatic
meteorological station installed in an area of low density buildings, but close to the city of
Chapada of the Guimarães. To identify the occurrence of microclimate in the urban area of
the city were, held in August 2008, a period of no rain, mobile steps, with semi-automatic
instruments attached to a car that traveled a road map established from the use of mapping
soil. The climatological data showed maximum temperatures of up to 35.2 º C. In the months
July to September in the dry season, were the highest temperature ranges with minimum
temperatures that reached 8.9 ° C at the entrance of cold front, originating in southern South
America and Brazil that invade the central region, reaching West. These variations resulted in
rates of thermal minimum relative humidity of up to 17% in the hottest hours of the day.
Although fixed measurements show the strong influence of altitude, as regulator of local
thermal conditions. The of air in that the city not even having densely built observations
obtained with measurements, made traveling at approximately 2 metres above the ground
showed that the type of urban land use was a factor regulator the heating and humidity areas,
showed differences of up to 4.7°C among the most heated dominated asphalting and
construction of streets and the most mild, where the vegetation had the more extensive. The
data of temperature and air humidity recorded in Chapada of the Guimarães during 2008,
were compared with data recorded in a similar meteorological station, located in Cuiaba, in
the same period. It was observed that the air of Chapada of the Guimarães was on average 4.3
° C less heated than in Cuiabá, in the month of August at an absolute temperature difference
of 7.8 ° C at 21h. Thus it was shown that in Chapada of the Guimarães, the altitude alleviate
the thermal conditions of the environment, but also the use of land contributes to the
production of microclimates with different characteristics.

KEY WORDS: Urban climate. Altitude. Soil use. Chapada of the Guimarães. Cuiabá.
LISTA DE ILUSTRAÇOES
Figura 1– Mapa de localização do município de Chapada dos Guimarães - MT .................... 43
Figura 2: Vista panorâmica no inicio da ocupação de Chapada dos Guimarães...................... 49
Figura 3: Vista parcial da avenida principal de Chapada dos Guimarães- MT........................ 52
Figura 4: Praça Central, presença da vegetação na cidade de Chapada dos Guimarães- MT.. 53
Figura 5: Casa de classe média-alta próxima ao centro da cidade de Chapada do Guimarães-
MT............................................................................................................................................ 54
Figura 6: Vista parcial do bairro São Sebastião, o mais populoso de Chapada dos Guimarães-
MT............................................................................................................................................ 55
Figura 7- Estação meteorológica automática e seus sensores .................................................. 58
Figura 8: Termo-higrômetro digital portátil, modelo HTR-151. ............................................. 61
Figura 9 – Esquema de instalação do equipamento sobre o veículo........................................ 61
Figura 11: Imagens de satélite Goes, dias 26 e 27/06/08, mostrando ...................................... 68
a dinâmica climática da América do Sul.................................................................................. 68
Figura 12: Imagens de satélite Goes, dias 10 e 11/11/08, representando a dinâmica .............. 69
climática na America do Sul. ................................................................................................... 69
Figura 13: Distribuição de freqüência da temperatura média do ar em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT....................................................................................................................... 70
Figura 14: Distribuição de freqüência da temperatura máxima do ar, em 2008, em Chapada
dos Guimarães – MT. ............................................................................................................... 71
Figura 15: Distribuição de freqüência da temperatura mínina do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT....................................................................................................................... 72
Figura 16: Distribuição de freqüência da umidade relativa do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães- MT. ....................................................................................................................... 73
Figura 17: Distribuição de freqüência da velocidade média do vento, em 2008, em Chapada
dos Guimarães – MT. ............................................................................................................... 74
Figura 18: Distribuição de freqüência da velocidade máxima do vento, em 2008, em Chapada
dos Guimarães –MT. ................................................................................................................ 75
Figura 19: Distribuição de freqüência da direção do vento, em 2008, em Chapada dos
Guimarães................................................................................................................................. 76
Figura 20: Totais mensais de precipitação observados em Chapada dos Guimarães –MT, em
2008.......................................................................................................................................... 76
Figura 21: Variações horárias mensais de temperatura (média, máxima e mínima) do ano de
2008 em Chapada dos Guimarães- MT.................................................................................... 78
Figura 22: Variações horárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento ( média e
máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães- MT. ................................................... 79
Figura 23: Variações diárias mensais da temperatura do ar ( média, máxima e mínima) do ano
de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT. ............................................................................... 81
Figura 24: Variações diárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento (média e
máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT ..................................................... 82
Figura 25: Mapa da cidade de Chapada dos Guimarães- MT – categorias de uso do solo...... 85
Figura 26: Imagem de satélite Goes do dia 18-08-08. ............................................................. 86
Figura 27: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de
Chapada dos Guimarães-MT.................................................................................................... 88
Figura 28: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de
Chapada dos Guimarães-MT.................................................................................................... 90
Figura 29: Espacialização da temperatura do ar do dia 16/08/08 às 20h na área urbana de
Chapada dos Guimarães- MT................................................................................................... 91
Figura 30: Espacialização da temperatura do ar do dia 17/08/08 às 20h na área urbana de
Chapada dos Guimarães- MT................................................................................................... 92
Figura 31: Espacialização da temperatura do ar do dia 18/08/08 às 20h na área urbana de
Chapada dos Guimarães- MT................................................................................................... 92
Figura 32– Vista parcial do centro principal de Cuiabá, com áreas de verticalização intensa à
nordeste e noroeste do centro antigo. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos
Bergamasco,05/04/2004. Fonte: Pinho, 2008. ......................................................................... 95
Figura 33 – Vista do corredor comercial da Avenida Rubens de Mendonça em direção ao
centro, destacando a alta concentração de edifícios. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos
Bergamasco, 05/04/2004. Fonte: Pinho 2008. ......................................................................... 95
Figura 34: Comparação da temperatura média mensal de Cuiabá(165m) com São Vicente
(800m), 1961-1987................................................................................................................... 96
Figura 35: Variações da temperatura média diárias (A) e temperatura máxima diária (B) do
ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT. ...................................................... 98
Figura 36: Variações da temperatura mínima diária (A) e da umidade relativa do ar diária (B)
do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT .................................................. 99
Figura 37: Variações horárias absolutas da temperatura do ar em Cuiabá e Chapada dos
Guimarães em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h. ................................................................ 101
Figura 38: Variações horárias absolutas da umidade relativa do ar em Chapada dos Guimarães
e Cuiabá em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h..................................................................... 103
................................................................................................................................................ 103
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Organização das escalas espaciais e temporais do clima.......................................18


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dinâmica de desmatamento do município de Chapada dos Guimarães..................44

Tabela 2: Evolução população residente em de Chapada dos Guimarães, no período de 1960


– 2007........................................................................................................................................51

Tabela 3 – Comparação entre as maiores e menores temperaturas encontradas nas medidas


móveis.......................................................................................................................................87

Tabela 4 – Comparação entre as maiores e menores taxas de umidade relativa do ar


encontradas nas medidas móveis..............................................................................................89
LISTA DE ABREVIATURAS

ZCIT- Zona de Convergência Inter Tropical


IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
APA – Área de Proteção Ambiental
RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural
PARNA – Parque Nacional
SSA- Sistema Superfície-Atmosfera
Km – Kilômetros
SCU – Sistema Clima Urbano
CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climatológicos
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INMET – Instituto Nacional Meteorologia
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 17
2.1. Escalas climáticas.......................................................................................................... 17
2.2–Interações entre superfície – atmosfera......................................................................... 19
2.3 - Urbanização e Clima.................................................................................................... 22
3.0 REVISAO BIBLIOGRAFICA........................................................................................... 30
3.1 - Estudos da Climatologia Urbana no Brasil.................................................................. 30
3.2 - A contribuição Mato-Grossense .................................................................................. 34
4.0 - ÁREA DE ESTUDO- CHAPADA DOS GUIMARÃES - MT....................................... 42
4.1 - Aspectos físicos e ambientais ...................................................................................... 42
4.2 - Aspectos históricos ...................................................................................................... 47
4.3 - Aspectos econômicos................................................................................................... 49
4.4- Aspectos demográficos ................................................................................................. 50
4.5- Aspectos da estrutura urbana ........................................................................................ 51
5.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................... 57
5.1 - Estudo do clima local................................................................................................... 57
5.2- Estudo das variáveis intra-urbanas................................................................................ 59
5.2.1 Uso do solo.............................................................................................................. 59
5.2.2 – Variáveis térmicas intra-urbanas.......................................................................... 59
5.3 - Comparações entre atributos climáticos de Chapada dos Guimarães e Cuiabá, 2008. 65
6.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 67
6.1 – Síntese sinótica mensal de 2008 atuante na região ..................................................... 67
6.2- Variações climáticas de Chapada dos Guimarães em 2008.......................................... 69
6.3 - Variações climáticas horárias mensais de Chapada dos Guimarães em 2008 ............. 77
6.4 – Variações climáticas diárias mensais de Chapada dos Guimarães em 2008............... 80
6.5 – Variações intra-urbanas de Chapada dos Guimarães .................................................. 83
6.5.1 - Uso do solo ........................................................................................................... 83
6.5.2 – Análise sinótica do mês de agosto de 2008.......................................................... 86
6.5.3 - Variações térmicas intra-urbanas dos dias 16 a 18 de agosto de 2008 ................. 87
6.5.4 – Espacialização das características térmicas intra-urbanas ................................... 91
6.6 – Comparações entre dados climatológicos observados em Chapada dos Guimarães e
Cuiabá................................................................................................................................... 93
6.7- Diferenças entre as estações de Cuiabá e Chapada dos Guimarães em agosto de 2008
............................................................................................................................................ 100
7.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 105
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 108
14

1. ITRODUÇÃO

O sistema climático é compreendido como um conjunto de interações existentes entre


a superfície e a atmosfera, os oceanos, as massas de neve e gelo, as massas continentais e a
vegetação e seus vínculos físicos e químicos tendo um papel primordial no estabelecimento
do clima mundial (OMM, 1977 apud Maitelli, 2004).
Entendemos por tempo, como sendo o resultado das interações entre superfície e
atmosfera, que definem as variações num curto período de tempo e local. Este pode ser
caracterizado também, como a combinação passageira da temperatura do ar, pressão
atmosférica, umidade do ar, precipitação e ventos. Já o clima é o resultado das interações
entre a superfície e atmosfera que permite determinar as características climáticas de um
determinado lugar (Maitelli, 2005).
De acordo com Conti (2000) o clima é o resultado de um processo complexo
envolvendo atmosfera, oceano, superfícies sólidas (vegetadas ou não), neve e gelo,
apresentando enorme variabilidade no espaço e no tempo. A evolução do comportamento
atmosférico nunca é igual de um ano para outro e mesmo de uma década para outra, podendo-
se verificar flutuações a curto, médio e longo prazo.
A temperatura do ar, a umidade, ventos, precipitação, pressão atmosférica, variam de
lugar para lugar, dia e noite, meses do ano, sendo estas variações influenciadas por atributos
da superfície como a latitude, altitude, topografia, proximidade do mar, vegetação e as
diversas ações antrópicas. Destacamos a altitude como um grande responsável diferenciador
das características climáticas locais. Comparando dois locais com mesma latitude e altitudes
diferenciadas observa-se que as características climáticas são diferenciadas.
O homem através de suas diversas atividades modifica o tempo e o clima. Conforme
Ayoade (1988), o homem pode influenciar o clima através de suas atividades e ações, tais
como a urbanização, industrialização, derrubada de árvores (desmatamento), atividades
agrícolas, drenagem e construção de lagos artificiais, quando os rios são represados. Porém o
maior impacto do homem sobre o clima acontece nas áreas urbanas. O homem tem exercido
uma influência tão grande nessas áreas, que o clima urbano é bastante distinto, por suas
características, do clima das áreas rurais circundantes.
Nesse sentido o clima, o local e o regional, podem sofrer significativas alterações, pela
altitude e por ações antrópicas, no qual merece destaque à retirada da vegetação original para
15

a implantação de núcleos urbanos e sua posterior expansão. Portanto, as atividades humanas e


as condições climáticas locais são fatores que estão intimamente ligados, um interagindo com
o outro. O homem com suas diversas atividades pode alterar as condições climáticas, sendo
que essas mudanças podem ser percebidas principalmente nas regiões com maior
adensamento populacional que tem como conseqüência uma maior modificação da paisagem
natural.
Portanto, o clima urbano consiste na modificação dos elementos climáticos como a
temperatura, a umidade, velocidade e direção dos ventos, originários de diversas ações
antrópicas.
Os estudos sobre o clima urbano realizados até o momento têm dado maior ênfase nas
cidades de grande porte, supostamente pelo maior comprometimento da qualidade de vida e
pelo agravamento dos problemas ambientais. Porém, as cidades de médio e pequeno porte
também merecem atenção, para não atingir os problemas ambientais que as cidades maiores
possuem.
Chapada dos Guimarães uma cidade de pequeno porte, localizada nas coordenadas
56º02’15”O; 15º37’53”S e 54º54’25”O; 14º46’53”S com altitude média de 800 m, localizada
na Borda do Planalto do Guimarães, no qual encontra-se o centro geodésico da América do
Sul. O município pertence a mesorregião centro-sul de Mato-grossense e a microrregião de
Cuiabá, estando distante a 65 km da capital do Estado. Possui uma população total de 17.377
habitantes, sendo 9.877 habitantes da zona urbana. Nos finais de semana a população urbana aumenta
consideravelmente, devido a presença de turistas que visitam a cidade.
Considerando-se a carência de estudos sobre a qualidade do ambiente urbano em
cidade de pequeno porte no estado de Mato Grosso, foi proposto o estudo do clima urbano de
Chapada dos Guimarães. Este trabalho visou compreender no primeiro momento a
importância da altitude como um elemento diferenciador do clima local e como o tamanho de
uma cidade e o número da população pode comprometer as condições climáticas e gerar um
clima urbano específico. Além disso, qual é a magnitude nas variações intra-urbanas, diante
das características físicas do sítio e das funções urbanas.
Embora Chapada dos Guimarães esteja situada próxima a capital do estado, os estudos
sobre o clima dessa cidade são pouco numerosos, destacando Maitelli (1997), Zamparoni
(2002; 2005). Assim, propor uma caracterização do comportamento das variáveis climáticas
através do acompanhamento dessas variáveis durante um ano nessa cidade significa contribuir
com uma importante ferramenta para o planejamento urbano.
16

Para tais propostos, foram analisadas as variações climatológicas, referentes à


temperatura do ar (média, máxima e mínima), umidade relativa do ar, velocidade dos ventos
(média e máxima) e direção dos ventos, foram observadas as condições de circulação
atmosférica regional e foram realizadas medidas intra-urbanas em Chapada dos Guimarães,
durante o ano de 2008.
A presente dissertação estrutura-se em sete partes. A primeira refere-se ao segmento
introdutório da pesquisa; na II parte são abordados temas a respeito da climatologia e suas
escalas, aspectos que interferem no clima local e clima urbano; a III diz respeito à revisão
bibliográfica, referente a diversos estudos realizados na temática em questão, no Brasil e em
especial no estado de Mato Grosso; na IV parte intitulado de área de estudo, contém
informações sobre Chapada dos Guimarães, em seus diversos aspectos (físicos, históricos,
econômicos, populacionais e da estrutura urbana); a V parte apresenta os procedimentos
metodológicos utilizados na realização da pesquisa; a VI refere à análise e discussão dos
resultados; a VII parte diz respeito às considerações finais e sugestões da pesquisa e para
finalizar foram elencados as referencias bibliográficas.
17

2. REFERECIAL TEÓRICO

2.1. Escalas climáticas

As cidades em sua maioria são mais aquecidas que as áreas rurais, devido às
modificações introduzidas pelas atividades urbanas. Essas modificações no espaço urbano
ocasionam variações climáticas que dependem do tipo de uso do solo urbano, podendo ser
observadas em diferentes escalas climáticas (distância horizontal) e limites da camada
atmosférica (distância vertical).
Conforme Oke (2004) existem três escalas climáticas para as áreas urbanas. A
microescala caracteriza os microclimas urbanos que são ajustados pelos elementos individuais
como prédios, árvores, estradas, ruas, jardins, etc., e sua área de atuação são de um até 100
metros; a escala local inclui os efeitos das características da paisagem no clima, como
topografia e exclui os efeitos do microclima, correspondendo aos tipos similares de
vizinhança como a cobertura da superfície, tamanho e espaçamento das construções e
atividades, podendo abranger de um até mais kilômetros; a mesoescala, é caracterizada pela
influência da cidade, com abrangência de dez ou mais km de extensão.
Visando facilitar o desenvolvimento de estudos de Climatologia, Mendonça; Danni-
Oliveira (2007 p.22) afirmam que a delimitação da área (tridimensional) de estudo é
fundamental, “a escala climática diz respeito á dimensão, ou ordem de grandeza, espacial
(extensão) e temporal (duração), segundo o qual os fenômenos climáticos são estudados.”
Assim esses autores destacam três escalas espaciais do clima:
• Macroclima – é a maior das unidades climáticas e compreende áreas muito
extensas da superfície da Terra. Sua abrangência vai desde o Planeta (clima
global), passando por faixas ou zonas (clima zonal), até extensas regiões
(clima regional). A extensão espacial do macroclima é superior a milhões de
km2, sendo sua definição subordinada à circulação geral da atmosfera, a
fatores astronômicos e fatores geográficos maiores como as grandes divisões
do relevo, oceanos, continentes e as variações da distribuição da radiação no
Planeta (baixas e altas latitudes).
• Mesoclima – é a unidade intermediária entre as de grandeza superior e
inferior do clima. O clima regional é uma subunidade de transição entre a
ordem superior e esta. O clima local e o topoclima também se configuram
em subunidades do mesoclima. O clima local é definido por aspectos
18

específicos de determinados locais, como uma grande cidade, um litoral,


uma área agrícola. E o topoclima é definido pelo relevo, e ambos estão
inseridos no clima regional. O mesoclima possui uma extensão espacial
bastante variável, as subunidades clima local e topoclima se enquadram de
km2 a dezenas de km2, enquanto o clima regional situa-se em dimensões
superiores a esta. O dinamismo do movimento da atmosfera por meio dos
sistemas atmosféricos, a circulação secundária e regional, que irão definir as
dimensões das subunidades do mesoclima.
• Microclima – é a menor e a mais imprecisa unidade escalar climática, sua
extensão pode ir de alguns centímetros até algumas dezenas de m2 ou
centenas de m2. Os fatores que definem essa unidade são: movimento
turbulento do ar na superfície (circulação terciária), determinados obstáculos
a circulação do ar, detalhes do uso e da ocupação do solo, etc. Um exemplo
de microclima é o clima de uma rua, de uma casa, etc.
O quadro 1, mostra um resumo das escalas climáticas abordado por Mendonça; Danni-
Oliveira (op. cit).

Quadro 1: Organização das escalas espaciais e temporais do clima


Ordem de Subdivisões Escala Escala Temporalidade das Exemplificação
Grandeza Horizontal Vertical variações mais Espacial
representativas
Macroclima Clima Zonal >2000 km 3 a 12 km Algumas semanas a O globo, um
Clima regional vários decênios hemisfério, oceano,
continente, mares,
etc.
Mesoclima Clima Regional 2.000km 12 km Várias horas a Região natural,
Clima Local a 10km a 100km alguns dias montanha, região
Topoclima metropolitana,
cidade, etc.
Microclima 10 km a Abaixo de De minutos ao dia Bosque, uma rua,
alguns 100m uma
metros edificação/casa,
etc.
Fonte: Mendonça; Danni-Oliveira (2007)
19

2.2–Interações entre superfície – atmosfera

O sol emite energia constantemente na forma de radiação eletromagnética, sendo parte


desta interceptada e captada pela Terra e pela atmosfera. A radiação é o principal modo de
propagação de energia no sistema superfície-atmosfera que se dá por meio da radiação de
energia do Sol que chega a Terra. No entanto, a energia solar não é distribuída igualmente
sobre a Terra. Essa desigualdade de distribuição é causada pelos movimentos da Terra, pela
configuração da mesma em relação ao sol.
Conforme Ayoade (1988) vários fatores influenciam a distribuição da temperatura
sobre a superfície da Terra, destacando a quantidade de insolação recebida, a natureza da
superfície, a distância de corpos hídricos, o relevo, a natureza dos ventos predominantes e as
correntes oceânicas.
Ayoade (op.cit) enfatiza a latitude como fator principal que exerce controle sobre o
volume de insolação que um determinado lugar recebe. Isso ocorre devido à variação
astronômica da insolação em função da latitude.

O ângulo de incidência dos raios solares e a duração do dia em qualquer


lugar são determinados pela localização latitudinal de tal lugar. (...), a
quantidade de nuvens e outros constituintes atmosféricos, como os aerossóis,
e o CO2, também afeta o volume da energia solar que alcança a superfície
terrestre. (AYOADE, 1988. p. 52)

Este fato é importante porque regula de certa forma, a temperatura do ar que varia
conforme o local e o decorrer do tempo nesse determinado lugar. Este mesmo autor também
enfatiza que as variações sazonais na temperatura resultam principalmente das variações
sazonais no total de insolação recebida em qualquer lugar sobre o globo. As temperaturas são
mais elevadas no verão, quando os totais de insolação são maiores e mais baixas no inverno,
quando a insolação é mais baixa. As variações sazonais na temperatura do ar são mais baixas
em torno da faixa equatorial e maiores nas áreas extratropicais.
Os atributos climáticos referentes à superfície correspondem àquelas características
geográficas, diversificadoras da paisagem, como latitude, altitude, relevo, vegetação,
continentalidade / maritimidade e as atividades humanas. A latitude é um importante fator
climático, pois condiciona a quantidade de energia que entra no Sistema Superfície-
Atmosfera, através da rotação da Terra, inclinação do eixo da Terra, movimento de translação
e a distância entre os dois astros (Sol e Terra). A latitude do lugar juntamente com a época do
20

ano, definem o ângulo com que os raios do Sol irão incidir sobre a superfície daquele lugar,
implicando na disponibilidade de energia de dado local, dependendo do ângulo com que a
energia passa no Sistema Superfície-Atmosfera.

A luz é a fonte primária de energia para os ecossistemas. A energia luminosa


recebida do sol se distribui em intensidades desiguais pela superfície
terrestre, conforme as latitudes. As diferenças de intensidade da luz do Sol
que incide sobre as diversas regiões da terra são responsáveis indiretas pelos
tipos de clima, controlando as temperaturas atmosféricas, que por sua vez
influenciam as variações de pressão, os sistemas de ventos, as precipitações,
as correntes oceânicas, etc. (CONTI; FURLAN, 2001. p. 119)

Ross (op. cit.) afirma que cada faixa de latitude apresenta características próprias que
repercutem na vida das sociedades e na sua forma de organizar o espaço. Segundo o autor as
populações que vivem entre 0 a 30º de latitude conhecem excessos de calor, além de
turbulências atmosféricas derivadas de vários tipos de instabilidade, definindo a sazonalidade
das chuvas. Já na faixa em torno dos 30 a 60º de latitude ocorrem freqüentes mudanças nos
tipos de tempo. É a zona onde as influências do ar tropical e do ar polar se revezam, surgindo
as quatro estações. E nas latitudes altas- superiores a 60º, existem condições naturais
extremas, vento superiores a 100 km por hora, temperaturas baixíssimas, tempestades geladas.
Assim temos o clima das baixas latitudes que constituem o domínio de massas quentes
(equatoriais e tropicais), que se formam em virtude da abundante radiação solar. As
temperaturas médias excedem os 20ºC e freqüentemente estão acima dos 25ºC, com pequena
variação anual, inferior a 6ºC. A dinâmica atmosférica das baixas latitudes é controlada pela
ZCIT (Zona de Convergência Inter-Tropical), pelos doldrums (zonas de calmaria) e pelas
altas pressões tropicais.
O clima das altas montanhas não está necessariamente relacionado com as faixas de
latitude, sendo considerado clima azonal. Os diferentes climas azonais são determinados pelos
níveis de altitude e sua incidência com as grandes cadeias montanhosas: Andes, Montanhas
Rochosas, Alpes, Himalaia, etc. Além de mais frios, concentram maior umidade do ar em
relação às regiões baixas adjacentes.
Ainda segundo o mesmo autor, nas regiões de altitudes elevadas a intensidade
luminosa é alta, mas a temperatura é baixa devido à menor densidade do ar que origina a
diminuição da pressão atmosférica. Assim, numa mesma latitude podem existir florestas
tropicais úmidas e quentes e uma montanha nevada, com o Pico da Neblina, na Amazônia.
21

Para Ayoade (1988) a elevação e o aspecto da superfície terrestre exercem controle


sobre a distribuição da insolação sobre a mesma, particularmente numa microescala ou numa
escala local.
Os valores de insolação em altitudes elevadas, sob céus claros, são
geralmente maiores que os verificados em lugares próximos ao nível do mar,
no mesmo ambiente. Isso porque a massa de ar menor sobre locais situados
em elevadas altitudes assegura menor interferência da atmosfera sobre a
insolação. (AYAODE, 1988. p. 30)

Mendonça; Danni-Oliveira (2007) reafirmam que o relevo em decorrência de sua


variação de altitude, forma e orientação das vertentes, é um fator que diversifica os padrões
climáticos, exercendo um efeito atenuador sobre a temperatura, principalmente porque a
temperatura do ar normalmente diminui com a altitude crescente. Assim, a altitude interfere
diretamente na temperatura. Para cada 100m de altitude a temperatura diminuirá na razão
média de 0,6ºC, numa superfície livre de obstáculos. “O gradiente vertical médio da
Troposfera é de 0,6ºC/100 m, o que significa que o ar nessa camada apresenta uma relação
de resfriamento com a altitude na ordem de 0,6ºC a cada 100m de elevação.” (MENDONÇA;
DANNI-OLIVEIRA, 2007 p.57).
Strahler (1975) comenta que à medida que aumenta a altitude diminui
consideravelmente a pressão e a temperatura. Por isso, os climas experimentam grandes
variações dentro de uma margem vertical de poucas centenas de metros. De uma maneira
geral, podemos dizer que um aumento na altitude, equivale a uma variação causada pelo
aumento na latitude.
Existem ambientes que apresentam situações específicas, não importando a faixa de
latitude em que se encontram, como é o caso dos aglomerados urbanos, onde os processos de
absorção, difusão, reflexão da energia solar e a significativa concentração de poluentes
modificam o mecanismo atmosférico, produzindo o chamado clima urbano.
Segundo Landsberg (1956) a topografia na qual as cidades estão localizadas causam
freqüentemente condições micro e macroclimáticas que contribuem para a acumulação de
poluentes e fumaça nos baixos níveis da atmosfera. Ventos fracos e inversões de temperatura
são usualmente coadjuvantes meteorológicos dos controles topográficos.
Mendonça (1994) chama a atenção ao uso e ocupação do solo urbano, mesmo este se
constituindo num importante derivador dos ambientes climáticos da cidade, não pode ser
tomado como exclusividade do estudo do clima urbano, pois a cidade tem sua base física no
território. O autor destaca ainda que o espaço construído é um fator muitas vezes determinante
da característica do clima urbano, mas não é o único a entrar na sua formação.
22

2.3 - Urbanização e Clima

Conforme Vilarinho Neto (2005) a urbanização é o processo onde a população urbana


cresce mais em relação à população rural.

A urbanização é, portanto, um processo de concentração espacial da


população que da conformação à cidade. A cidade é um espaço produzido,
configurado, ocupado e apropriado por um grupo de pessoas, onde se
processam relações sociais determinadas por um sistema econômico, social e
político definido. (VILARINHO NETO, 2005 pg. 121)

O processo de urbanização foi intensificado após a Revolução Industrial do


Século XIX, refletindo espacialmente todas as contradições da economia marcadas por
grandes desigualdades sociais, pela produção setorizada do espaço urbano e pela
estratificação da sociedade.
A intensa e acelerada industrialização e conseqüente urbanização, em meados do
século XX, fez com que as cidades passassem a ser o local de habitações de milhares de
pessoas, expandindo assim o seu espaço e suas funcionalidades.
No Brasil, segundo Pagnoncelli (2004), a industrialização correspondeu ao gradual
crescimento da população urbana, que ocupando cada vez mais espaço, vem crescendo de
forma espantosa e na maioria das vezes sem o devido planejamento e assim interferem em
diversos atributos ambientais, e em especial os climáticos.
Dentre as abordagens da climatologia destaca-se o clima urbano, tanto em regiões
temperadas, como tropicais. Essa preocupação em se estudar o clima urbano, vem desde o
período da Revolução Industrial, em função das grandes indústrias concentradas nos
aglomerados urbanos, principalmente na Inglaterra, França e Alemanha. Os primeiros estudos
a respeito da climatologia urbana foram desenvolvidos pelo inglês Luke Howard e do Francês
Emilien Reneou. Assim os estudos climáticos foram adquirindo maiores proporções devido ao
acelerado processo de urbanização.
Segundo Conti (2000), o homem, principalmente a partir da Revolução Industrial, com
a evolução das técnicas e do conhecimento científico, tem proporcionado as mais
espetaculares alterações no espaço geográfico, e cada vez mais interfere e transforma a
superfície terrestre, constituindo-se num dos principais agentes modificadores do ambiente
natural.
23

Assim, essa questão urbana era há um século e meio atrás uma preocupação de
ingleses e franceses (Luke Howard e Emilien Reneou), é atualmente uma preocupação
mundial, devido à intensa expansão urbana e conseqüente degradação ambiental.
No Brasil, os modelos teóricos sobre clima urbano desenvolveram-se principalmente
durante as décadas de 1960 e 1970 com os estudos pioneiros de Monteiro (1976), firmando a
noção de ritmo climático como uma das características essenciais do clima. O conceito de
ritmo proposto por Sorre, foi desenvolvido e utilizado por Monteiro, que teve como principal
área de estudo o Estado de São Paulo.
Baseando-se na teoria geral dos sistemas e na organização a partir dos canais de
percepção humana, Monteiro descreve o clima como um sistema que abrange um determinado
espaço terrestre e sua urbanização. O Sistema Clima Urbano (S.C.U.) considerado como um
sistema aberto e dinâmico, composto de três subsistemas, que se articulam segundo canais de
percepção climática: o termodinâmico, o físico-químico e o higrométrico.
O subsistema termodinâmico enfatiza os estudos de ilhas de calor e ilhas de frescor
urbanas, conforto e desconforto térmico, inversão térmica. O subsistema físico-químico é
voltado para a análise dinâmica do ar e suas interações com a cidade, destacando a poluição
do ar, as chuvas ácidas e a relação entre as estruturas urbanas e os ventos. Já o sistema
hidrometeórico orienta-se para o estudo das precipitações urbanas e seus impactos, tais como
os processos de inundação nas cidades.
Lombardo (1985), enfatiza que o processo de urbanização alcançou proporções
significativas de expressão espacial a partir dos meados do século XIX. Segunda a autora, a
expansão das cidades, modifica a paisagem natural, devido à grande concentração de áreas
construídas, parques industriais, adensamento populacional, pavimentação asfáltica,
associados à concentração de poluentes, criam condições para alterar o comportamento da
baixa troposfera (camada limite), em ambientes urbanos.
Nos centros urbanos conforme Bastos e Freitas (1999), a interferência do homem no
meio exerce um impacto tão grande que o clima urbano é bastante distinto do clima das áreas
rurais. O que ocorre nas áreas urbanas são a alteração da composição química da atmosfera, as
propriedades térmicas e hidrológicas e os parâmetros aerodinâmicos são modificados pelo
processo de urbanização e industrialização.
Assim no espaço urbano ocorre à substituição de materiais naturais por materiais
urbanos (construções, concreto, massa asfáltica, poluição, etc.) provocando mudanças nos
processos de absorção, transmissão e reflexão da radiação solar, e, conseqüentemente, causa
mudanças no balanço energia, afetando diretamente a temperatura do ar, as taxas de umidade
24

do ar, velocidade dos ventos e na precipitação. No entanto devemos lembrar que a latitude,
regula a entrada de radiação solar, e a altitude, regula a coluna de ar sobre o local.
Quando a radiação solar chega ao sistema atmosfera-superfície, uma parte dessa
radiação é absorvida, (absorção α), outra parte é refletida (albedo, ρ), e também transmitida
(τ). No Sistema Superfície-Atmosfera (SSA), a radiação proveniente do Sol, é o input do
Sistema (entrada de energia), e os processos de emissão, reflexão, transmissão e absorção são
os responsáveis pelo aquecimento.
Conforme Mendonça; Danni-Oliveira (2007) a superfície terrestre é importante nos
processos de transferência de energia do Sistema, no qual a energia emitida pela superfície
terrestre é a maior responsável pelo aquecimento do ar na Troposfera. Assim toda a alteração
provocada pelas sociedades (concentração de vapor de água e CO2), modificação da superfície
da Terra irá repercutir no balanço de energia do SSA.
Sabe-se que as concentrações humanas emitem gases responsáveis por acentuar o
efeito estufa (dióxido de carbono, metano, ozônio, etc.) formando uma camada na atmosfera
que impede o retorno para o espaço de parte da radiação térmica refletida pela superfície da
Terra. Estima-se que com as emissões desses gases sem controle que a temperatura sofrerá
elevações.
Mudanças na refletividade da superfície (albedo) alteram o aquecimento da atmosfera
inferior e elas estão intimamente relacionadas com a alteração do uso da terra.
Segundo Ross (2001) a mais importante conseqüência para o clima resultante da ação
humana é a mudança provocada no processo de absorção e reflexão dos raios solares,
desequilibrando o balanço de energia nas baixas camadas, além de influenciar na força e
direção dos ventos de superfície, nos valores da umidade relativa e nos valores das chuvas.
Portanto, o lançamento de resíduos industriais na atmosfera irá bloquear, junto à superfície, o
calor resultante da radiação infravermelha (ondas longas) acarretando um aumento na
temperatura.
Sant’Anna Neto (2000), relaciona a elevação da temperatura nas áreas urbanas em
função de vários fatores, como por exemplo, a verticalização das construções, criando um
verdadeiro “labirinto de refletores” onde a energia proveniente do sol é refletida e emitida
pelos edifícios, aquecendo o ar. Também ocasiona, nessas áreas, a diminuição da evaporação
que ocorre pela redução de áreas verdes e a canalização de rios e córregos, acarretando na
atmosfera uma pequena capacidade de resfriamento do ar.
A energia antrópica, ou seja, aquela produzida pelo homem, também provoca aumento
do calor, pois ela ultrapassa o balanço médio de radiação. Assim, o calor produzido pelo
25

trânsito, pelas indústrias e pelas habitações elevam consideravelmente a temperatura do ar na


cidade e reduz umidade relativa. (Sant’Anna Neto, 2000).
Danni-Oliveira (1995), aponta para a questão do ar aquecido e a impermeabilização do
solo nas cidades, onde estes elementos interferem no comportamento da umidade relativa
(UR), diminuindo seus valores em relação ao campo. A respeito da impermeabilidade do solo,
bem como do rápido escoamento, estes interferem na evaporação, diminuindo o fornecimento
de vapor d’água para o ar. A autora destaca que a adição de vapor através da
evapotranspiração também é afetada, uma vez que a cobertura vegetal nos centros urbanos é
significativamente menor que no campo.
O clima urbano é caracterizado por Lombardo (1985), como um sistema que abrange o
clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização.

E um mesoclima que esta incluído no macroclima e que sofre, na


proximidade do solo, influências microclimáticas derivadas dos espaços
urbanos. [ ] Deve-se analisar as variações do ambiente urbano, nos vários
níveis, tais como nos bairros, ruas, casas, ambientes internos. A ação
ecológica natural, associada aos fenômenos urbanos, constitui o conjunto
complexo de inter-relações que produzem o clima urbano. (Lombardo 1985,
p. 22 e 23).

Monteiro (2003) define o Sistema Clima Urbano – S.C.U.- como o resultado das
interações entre as atividades urbanas e as características da atmosfera local, dentro de um
contexto regional. A partir do sítio urbano que constitui o núcleo do sistema, o espaço
urbanizado mantém relações estreitas com o ambiente regional.
O clima constitui-se numa das dimensões do ambiente urbano e seu estudo tem
oferecido importantes contribuições ao equacionamento da questão ambiental das cidades. “O
clima dessas áreas, ou clima urbano, é derivado da alteração da paisagem natural e da sua
substituição por um ambiente construído, palco de intensas atividades humanas.” (Mendonça,
2000, p. 168).
À medida que a cidade cresce, a urbanização se intensifica e a qualidade de vida nas
cidades é afetada. Para Maitelli (1994), a variável população associada aos elementos
constituintes da estrutura urbana, como a geometria das ruas e dos prédios explicam as
alterações de temperatura e umidade nas áreas centrais das cidades em relação aos seus
arredores.
Segundo Zamparoni (2001), as áreas urbanas, constituem-se um exemplo significativo
de apropriação e organização do espaço pela substituição da vegetação natural em grande
26

escala em curto espaço de tempo, gerando alterações climáticas em decorrência de suas


atividades produtivas.
Conforme Lombardo (1985), “as cidades contribuem para a alteração do balanço de
energia, gerando bolsões sobre as áreas urbanas, denominadas ilhas de calor. Este fenômeno
reflete a interferência do homem na dinâmica dos sistemas ambientais” (p. 24).
È, segundo Lombardo (op. cit.), no centro das áreas urbanas, em lugares de pouca
vegetação, que as temperaturas alcançam valores máximos. E os valores mínimos de
temperatura são registrados em áreas verdes e reservatórios de água. A autora explicita que a
elevada densidade demográfica, a concentração de área construída, a pavimentação asfáltica e
as áreas industriais podem interferir nas alterações do clima local, notadamente nos valores de
temperatura do ar.
Mendonça (2000) assegura que as cidades de porte médio e pequeno possuem
características geográficas bastante diferenciadas das cidades de grande porte, e por isso
apresentam certas facilidades na identificação de suas paisagens intra-urbanas, permitindo
uma melhor compreensão da interação entre sociedade-natureza na construção do clima
urbano. Assim a extensão espacial do fenômeno urbano, bem como sua interação com a
paisagem na qual esta inserida, é que definem o seu ambiente atmosférico, ou seja, quanto
menor o seu tamanho, menor também será sua expressividade ou singularidade climática
dentro das condições atmosféricas no âmbito regional.
Para os estudos de climatologia urbana Oke (2004) afirma ser necessário descrever
adequadamente as propriedades urbanas que afetam a atmosfera. A característica mais
importante é a estrutura urbana (dimensões das construções, pavimentação, vegetação, solo
exposto, água), o tecido urbano (construções e materiais naturais) e o metabolismo urbano
(calor, água e poluente de fontes antrópicas). Essas características tendem a formar um
conjunto com as características das classes urbanas.
O termo muito empregado para descrever o uso de determinada área, principalmente
na área urbana, caracterizando os espaços intra-urbanos é o uso do solo, termo utilizado por
diversos autores (MONTEIRO, 1976; LOMBARDO, 1985; MAITELLI, 1994; DANNI-
OLIVEIRA, 1995; OLIVEIRA, 2001; MENDONÇA 2003; MONTEIRO 2003; VIANA,
2006; PINHO, 2008)

No entanto, o conceito de uso do solo é mais amplo que o sentido que


normalmente é adotado, qual seja, as propriedades dos materiais e sua
geometria compondo a estrutura física do meio urbano, a qual pode ser
cartografada com relativa facilidade. A cidade também é o aglomerado de
seres humanos e suas atividades; um pólo de concentração de fluxos de
27

energia extraída e importada da superfície e do subsolo de vastas áreas


territoriais. (AZEVEDO; TARIFA, 2001 p.03)

Monteiro (2003) enfatiza que o uso do solo urbano, é mais uma questão de livre
arbítrio da especulação imobiliária desenfreada que danifica as cidades tanto no ponto de vista
ecológico quanto social. O autor destaca ainda, que as cidades novas, principalmente as
criadas deveriam merecer grande atenção para este aspecto.
Landsberg (1956) afirma que existem causas básicas para que ocorram mudanças
climáticas, podendo ser provocadas pela urbanização, tais como: alterações na superfície
(floresta substituída por construções); produção de calor pela própria cidade – desde o calor
vindo do metabolismo humano e animais, ao calor liberado por fornos de residências e
indústrias, nos últimos anos os motores de combustão interna- veículos e por último a maior
influência da cidade sobre o clima, é a alteração da composição da atmosfera.
Landsberg (op.cit.) enfatiza as diversas influências das mudanças feitas pelo homem
sobre os vários elementos climáticos, sendo que ele considera as mudanças causadas pela
poluição atmosférica fundamental e de maior alcance. Dentre os quais destaca:
* Composição do ar – praticamente todos os elementos climáticos são
afetados pela poluição: radiação, nebulosidade, visibilidade e o campo
elétrico atmosférico e num segundo estágio a temperatura, a precipitação e a
umidade são influenciados.
* Radiação atmosférica – em muitas cidades ocorreu uma redução em média
de 15 a 20% na radiação solar recebida na superfície em comparação ao
recebido na zona rural.
* Visibilidade – redução da visibilidade nas cidades, conforme as cidades e
a industrialização cresceram, o numero de dias com nevoa aumentou.
* Eletricidade Atmosférica – com a poluição ocorre mudanças nas
propriedades elétricas da atmosfera.
*Precipitação total – a influência das cidades na precipitação parece ser
relacionada ao problema da poluição do ar, embora outros fatores entrem no
complexo fenômeno. A precipitação é um elemento muito variável, mas é
possível dizer que tem ocorrido um incremento na precipitação sobre áreas
metropolitanas em comparação com áreas menos densamente povoadas e
industrializadas. O autor destaca que deve ser ter cautela na comparação,
uma vez que pode ocorrer um aumento da precipitação devido aos processos
28

de combustão que adicionam vapor na atmosfera e o aumento da turbulência


sobre a cidade por causa da convecção térmica e aumento da rugosidade.
A poluição das cidades e o vapor adicionado, sob condições meteorológicas
favoráveis, conduzem a condensação, o aumento da convecção e da
turbulência também causam formação de nuvens.
* Temperatura- usualmente as temperaturas mínimas são bem menores no
campo que na cidade. Às vezes em dias claros e calmos, algumas horas
depois do por do sol, diferenças de 10ºC entre o campo e a cidade são
comuns. O calor retido pela massa dos edifícios e pavimentos, em parte
irradiado uns nos outros mais que em direção ao céu, é dissipado
vagarosamente. A grama (comparação) em áreas abertas, com baixo calor
específico e a pequena condutividade térmica do solo adjacente, resfria
rapidamente. Porém muitos dos contrastes observados provavelmente
ocorreriam mesmo que as cidades não estivessem presentes. São resultados
microclimáticos da topografia e da posição geográfica que podem ser
acentuados ou atenuados, dependendo do caso pelo crescimento da cidade.
* Umidade – as cidades apresentam umidade (relativa e absoluta) menor que
o campo. Isto se deve ao rápido escoamento da precipitação pelo sistema de
drenagem e pela grande expansão das superfícies com materiais
impermeáveis, como os telhados e ruas, que acabam não retendo umidade
como o caso o solo. Outro motivo se dá por haver pouca vegetação na maior
parte das cidades, de forma que o processo de evapotranspiração é
completamente diferente em relação àquele que ocorre em superfícies
naturais.
* Vento – em geral ocorre uma redução na velocidade do vento em
superfície, por causa do aumento da fricção e do radical aumento do
parâmetro de rugosidade.

Um dos principais enfoques referentes aos estudos de clima urbano, é voltado à


comparação de algumas variáveis climáticas, como a temperatura do ar e a umidade relativa,
entre uma área urbanizada e uma área rural, ou mesmo, entre duas áreas urbanizadas, uma na
área central e outra na área suburbana.
Nessa perspectiva, muitos autores, estudiosos investigaram e investigam ainda, os
efeitos da urbanização sobre o clima local e regional. Utilizando-se de métodos comparativos
29

entre área urbana e rural, com instrumentação convencional (estação convencional, ou semi-
automática), ou com estações automáticas para aquisição de dados. Também são utilizadas as
técnicas de transectos móvel e pontos fixos, sempre levando em consideração os diversos
locais da cidade com uso do solo diferenciado.
30

3.0 REVISAO BIBLIOGRAFICA

3.1 - Estudos da Climatologia Urbana no Brasil

O processo de urbanização brasileiro se desenvolveu principalmente, devido ao


intenso êxodo rural que se observa após a década de 1950. Desde então as cidades grandes,
médias e pequenas, atraem estudiosos das mais diversas áreas para os problemas decorrentes
da aglomeração humana. Assim o clima da cidade, tem mostrado a necessidade de diversos
estudos.
Nessa temática diversos estudos referentes ao ambiente climático urbano vêm sendo
desenvolvidos, após a influência de Monteiro, o precursor dos estudos climáticos urbanos no
país. Monteiro (1976) ressalta a importância de estudar e compreender o clima urbano
considera o clima urbano como um sistema de inter-relações complexas do qual faz parte a
cidades em todos seus atributos e aspectos físicos do espaço em que se insere.
Monteiro em 1976 destaca a importância do estudo de climatologia urbana e propõe
uma análise dinâmica, baseando-se nas inter-relações espaço e tempo. Além de querer
fomentar está linha de pesquisa tão necessária á compreensão do processo de urbanização. A
pretensão do autor foi desenvolver uma teoria adaptada ás condições das cidades brasileiras,
pois até o momento as teorias existentes vinham dos centros de conhecimento do exterior e
abordavam outras realidades.
Monteiro (op.cit.) fazendo uso da Teoria Geral dos Sistemas, desenvolveu a teoria do
Sistema Climático Urbano (SCU), admitindo que como toda organização complexa, o clima
da cidade admite uma visão sistêmica, com vários graus de hierarquia funcional, e diferentes
níveis de resolução. O modelo para o “sistema clima urbano” de Monteiro aborda três
questões básicas: conforto térmico (resolução termodinâmica), qualidade do ar (resolução
físico-química) e impacto meteórico (precipitações).
Tavares (1974) destaca para o acelerado ritmo de crescimento da cidade de Campinas
e a modificação que provocou no quadro natural, principalmente por mudanças no clima local
e, sobretudo nas características microclimáticas. O autor procurou testar uma abordagem
quantitativa, através da eficiência da análise rítmica na definição do clima local de Campinas.
Para tanto o autor utilizou conceitos da climatologia dinâmica com definição climática de
Sorre ambos sob a ótica da análise rítmica de Monteiro (1971), juntamente com uma análise
quantitativa dos elementos climáticos sob a ação dos vários sistemas atmosféricos atuantes na
região em foco. Tavares em seu estudo, destaca o fenômeno de ilha térmica urbana e fala das
possíveis relações entre a circulação regional e a circulação local, ou seja, o modo como o
31

sistema urbano pode alterar algumas componentes climáticas locais, podendo provocar
impactos negativos.
Barros Sartori (1979) realizou um estudo sobre o clima de Santa Maria-RS, tendo
como objetivo principal estudar o mecanismo de atuação dos sistemas atmosféricos da região
central do Rio Grande do Sul, considerando suas variações diárias e sazonais, configuradoras
do ritmo anual. A autora foi uma das primeiras a utilizar a teoria do SCU (Sistema Clima
Urbano), proposto por Monteiro em 1976. Assim, a autora integra três níveis de observação e
análise: o regional, o local e o urbano. Barros Sartori na tentativa de verificar o efeito da Ilha
de Calor em Santa Maria realizou um trabalho de campo dentro da cidade, onde foram
registradas as temperaturas de três ambientes urbanos distintos, durante três dias no mês de
março de 1979. A autora explica, que o modelo de clima urbano que propusera para Santa
Maria, s constitui num projeto experimental que servirá de apoio a futuras investigações.
Sampaio (1981) em seu estudo realizou correlações entre o uso do solo e ilhas de calor
no ambiente urbano, o caso de Salvador. O autor além de discorrer sobre as bases teóricas -
metodológicas da análise geográfica do meio físico, procurou investigar e correlacionar o uso
do solo e elevações das temperaturas no ambiente urbano. O autor partindo da descrição do
sítio urbano de Salvador, caracteriza o clima regional, em especial o ritmo habitual e os tipos
de tempo nessa cidade.
Lombardo (1985), com o objetivo de contribuir para o estudo do clima urbano nas
baixas latitudes, realizou um estudo referente à ilha de calor na Metrópole Paulista,
incorporando tecnologias de ponta (na época), através do uso de imagens de satélite,
combinadas com medidas fixas e móveis. A autora realizou medidas que foram registradas as
09:00, 15:00 e 21:00 horas locais, em diferentes situações de tempo meteorológico, com o
objetivo de explicar o comportamento da cidade frente as variações climáticas, tentando
caracterizar o fenômeno de ilha de calor, numa visão processual e dinâmico. Ela também
utilizou cartogramas representativos da ilha de calor (no inverno e no verão), e uma série de
gráficos de variações horárias da temperatura, umidade e velocidade do vento. Chegando aos
resultados, que a cidade de São Paulo apresentou uma ilha de calor com intensidade superior a
10°C, onde a área de pico da ilha de calor coincide com a que registrou os maiores índices de
poluição e com as áreas com maiores concentrações de edifícios, indústrias, mostrando uma
forte relação com o uso do solo.
Brandão (1987) realizou um estudo sobre as tendências e oscilações climáticas na área
metropolitana do Rio de Janeiro. A autora parte da hipótese de que as alterações climáticas na
área metropolitana do Rio de Janeiro são causadas ela urbanização e procurou identificar a
32

participação dos atributos urbanos no processo de tendência e oscilações climáticas e


verificou se estes agem no sentido de intensificador ou de alterar. Para tanto a autora analisou
e correlacionou os atributos do quadro urbano e os elementos do clima.
Mendonça (1994), em sua tese estudou o clima e planejamento urbano de cidade de
porte médio e pequeno, onde ele ressalta as modificações atmosféricas, introduzidas pela ação
do homem criando uma camada atmosférica urbana (urban boundary layer) e uma camada de
cobertura urbana (urban canopy layer), está última mais intrínseca ao ambiente climático
urbano. O autor propõe identificar ambientes urbanos com características climáticas
semelhantes, traçando assim, isolinhas unindo pontos com menor diferenciação geográfica.
Para tanto o autor afirma que é preciso realizar uma detalhada caracterização geográfica do
complexo urbano, como embasamento prévio para o desenvolvimento do estudo do clima da
cidade. Mendonça reafirma que sua proposta metodológica está mais voltada para a
abordagem qualitativa do clima urbano, buscando a identificação e características dos fatores
responsáveis pela sua formação, sendo que o aspecto quantitativo também se faz necessário.
Mendonça (op.cit.) explica que a abordagem do ambiente climático de Londrina
tomando a cidade como um todo na esfera do boundary layer ao nível da superfície, foi
realizada a partir do levantamento de dados com o emprego de três diferentes técnicas: uma
malha de pontos, dois transectos transversais e uma imagem de satélite. Para os dias com
medições (trabalho de campo) o autor utilizou as cartas sinóticas meteorológicas. Assim o
autor chegou à conclusão que o fenômeno de ilha de calor, ocorre sobretudo no período
noturno, tanto na estação do verão, quanto do inverno. As magnitudes mais expressivas do
fenômeno ocorreram em noites de verão, atingindo 9ºC e 10ºC de diferença.
Brandão (1996) propôs a identificação de unidades climáticas no município do Rio de
Janeiro. Para tanto, a autora realizou cinco experimentos de campo (outono e inverno) e
realizou o monitoramento das condições meteorológicas e sinóticas nesses dias. Brandão (op.
cit.) destaca ainda que os experimentos de campo foram condicionados por aspectos ligados
às características do sítio, aos padrões de uso do solo, a disponibilidade de equipamentos e
recursos humanos, à grandeza espacial do urbano e também as condições meteorológicas.
Assim os experimentos (transectos) partiram da área central da cidade no sentido da expansão
urbana, privilegiando os 27 bairros e ao mesmo tempo outro transecto dirigiu-se ao núcleo
central de negócios da cidade.
A análise da cidade como um todo, revelou a formação de ilha de calor moderada a
forte intensidade com 4 a 5ºC. Assim, a autora conclui que em vista o ritmo acelerado de
urbanização da metrópole carioca, fica evidente a necessidade de um planejamento
33

conveniente, de forma a aperfeiçoar o ambiente e corrigir uma série de falhas estruturais e


funcionais. E o clima urbano é elemento essencial nesse planejamento uma vez que ele
constitui importante indicador da qualidade ambiental urbana.
Martins (1996) procurou explicar o comportamento da variável temperatura do ar no
estudo de clima urbano de Juiz de Fora-MG. Para tanto o autor, mediu as temperaturas
durante o verão (fevereiro e março) e inverno (junho e julho) a 1,5m do solo, através de
postos instalados em diferentes lugares da cidade. Examinou também a série histórica de
temperatura do ar, registrada dentro e fora da área central e caracterizou a distribuição das
temperaturas na área urbana associando-a topografia, ao uso do solo, as atividades
antropogênicas e à circulação atmosférica regional, com vistas à detecção de ilha de calor. O
autor chega a conclusão que o clima urbano de Juiz de Fora demonstra tendências para a
formação de ilha de calor de forte intensidade, tanto no período diurno quanto noturno, bem
como no inverno e verão. Os maiores valores ocorreram sob domínio do sistema tropical
atlântico e polar atlântico. Também sugere a implantação de uma rede complementar de
observações climatológicas, nas áreas urbanas central e periférica e zona rural, para melhor
avaliar e acompanhar a existência, a intensidade e evolução da ilha de calor urbana de Juiz de
Fora.
Cabral (1997) realizou uma análise das alterações climática da cidade de São Paulo, no
período de 1887 a 1995, relacionando com a expansão de sua malha urbana. Foram analisados
e comparados os dados de temperatura do ar, precipitação e umidade relativa de várias
estações climatológicas, utilizando métodos estatísticos de análise de séries temporais, com o
objetivo de detectar a existência e magnitude de tendências mais significativas. Os resultados
mostraram aumento nos valores pluviométricos, maior aquecimento da cidade e diminuição
dos valores higrométricos nas últimas décadas.
Amorim (2000) se dedicou ao estudo do clima urbano de Presidente Prudente –SP. A
autora partiu de dois eixos fundamentais para uma caracterização do clima urbano: o primeiro
se refere a análise temporal utilizando dados coletados em uma estação fixa e o segundo diz
respeito a análise espacial, que resultou de uma pesquisa intra-urbana e rural próxima, para
explicar como os diferentes condicionantes geoecológicos e urbanos respondem a atuação dos
sistemas atmosféricos. No entanto, os tipos de tempo foram responsáveis pelas maiores ou
menores magnitudes da ilha de calor e ilha de frescor.
Ribeiro (2000) estudou os microclimas e os impactos da expansão urbana nas
variações climáticas no Distrito Federal, analisando dados diários, mensais e anuais de
temperatura máxima absoluta, mínima absoluta durante o período de 11 anos (1989 a 1999),
34

em cinco estações climatológicas no Distrito Federal. Também realizou observações em


pontos considerados de temperatura elevada como no setor comercial, industrial e em
Taguatinga, através da instalação de abrigos meteorológicos que possibilitaram leituras diárias
de temperatura máxima e mínima (levantados no mês de março de 2000). Esses dados foram
comparados aos dados observados nas estações climatológicas convencionais. O autor
evidenciou a ilha de calor no setor industrial e abastecimento e no centro da cidade de
Taguatinga.
Todos os autores mencionados e muitos outros não mencionados contribuíram com os
estudos de clima urbano, destacando-se no cenário brasileiro, devido aos elevados índices de
urbanização nas cidades estudas e ao comprometimento da qualidade de vida de seus
habitantes.

3.2 - A contribuição Mato-Grossense

Demais autores realizaram estudos referentes aos efeitos da urbanização no clima local
e regional, fazendo um comparativo entre áreas urbanizadas e áreas circundantes, ou seja,
áreas rurais menos urbanizadas. Em Mato Grosso estudos de climatologia urbana tiveram
início com Maitelli, 1991 e Maitelli, 1994.
Maitelli em 1991, desenvolveu o primeiro estudo de clima urbano na cidade de
Cuiabá/MT. Analisou a distribuição horizontal da temperatura e umidade relativa do ar
procurando estabelecer relações existentes entre esses elementos climáticos com o uso do solo
urbano. A metodologia utilizada para coleta de dados da temperatura e umidade, foi à técnica
de transectos móveis, onde o roteiro planejado anteriormente teve base em cartas da cidade
em escala de 1:25.000. Os resultados mostraram que a formação de ilha de calor na área
central da cidade, com intensidade de 2,5°C durante a noite, fato relacionado principalmente
com a emissão de energia em ondas longas pelos matérias urbanos. Com relação à umidade
relativa do ar, a autora observou no centro da cidade, que o ar era 15% mais seco (as 20 h),
em comparação com áreas mais afastadas. Assim, a autora conclui que a configuração da ilha
de calor em Cuiabá identifica-se com o modelo clássico, onde as maiores temperaturas e
menores taxas de umidade do ar ocorrem no centro da cidade.
Dando seqüência ao estudo do clima urbano em Cuiabá, Maitelli (1994), dedica sua
tese de doutorado para aprofundar a temática do clima urbano nessa cidade. A obra
denominada “Uma Abordagem Tridimensional de Clima Urbano em Área Tropical de
Cuiabá/MT”, procura investigar os efeitos da urbanização na temperatura e umidade do ar na
35

cidade de Cuiabá. A autora promoveu um detalhado estudo sobre o clima urbano da cidade
combinando três abordagens, ou seja, tridimensional: análise estatística de série temporal
referente ao período de 1920 – 1992; observações horizontais móveis e fixas e medidas
verticais em pontos fixos entre as áreas urbanas e suburbanas; balanço de energia em área
central da cidade, adotando o método proposto por Bowen, relacionando essas medidas ao
crescimento urbano e ao uso do solo urbano A autora utilizou a técnica de transectos móveis
associada à coleta de dados em pontos fixos para determinar a intensidade e localização da
ilha de calor observada na estação seca e chuvosa.
Os resultados obtidos demonstram que na estação chuvosa, nos dias sem chuva, as
diferenças térmicas atingiram até 2,5°C no período noturno e de até 2,0°C no período diurno.
Já na estação seca, os maiores e menores valores foram observados no distrito comercial e
área suburbana, respectivamente, assim como na estação chuvosa. Entretanto, as diferenças
térmicas foram mais expressivas, sendo de até 3,0°C nos períodos diurnos e até 5°C no
período noturno, configurando a maior intensidade da ilha de calor no período noturno da
estação seca. Os resultados também demonstraram que o crescimento urbano influenciou o
aumento das temperaturas mínimas, particularmente no período entre 1970 a 1992, época que
coincide com um crescimento populacional mais intenso. Maitelli conclui recomendando o
contínuo acompanhamento da evolução da ilha de calor, a realização de um projeto de
arborização urbana, e a divulgação das informações sobre o uso do solo para melhorar as
condições climáticas e de conforto térmico e ambiental.
Zamparoni (1995), analisou e comparou as variações de temperatura e umidade
relativa do ar, em duas cidades de pequeno porte em Mato Grosso, Barra do Bugre e Tangará
da Serra, ambas localizadas em área tropical. A autora detectou a presença de ilha de calor em
ambas as cidades, derivadas do uso do solo urbano. Baseou-se em coletada de dados em duas
estações (seca e chuvosa) de forma concomitante, através de transectos moveis e um ponto
fixo na área central das cidades. Os resultados da análise dos dados mostraram que em Barra
do Bugre, os valores da ilha de calor foram de 2,0°C na estação chuvosa e 3,6°C na estação
seca. Em Tangara da Serra de 4,0°C e 5,4°C, respectivamente. A autora concluiu sua pesquisa
recomendando que seja elaborado um plano de rearborização que priorize o incremento de
áreas verdes, via legislação, com o objetivo de amenizar os efeitos do fenômeno de ilha de
calor.
Sette (1996) analisou o clima da cidade de Rondonópolis/MT, objetivando testar a
metodologia proposta por Monteiro, avaliando as relações entre o tamanho da cidade (área
construída) e padrões de uso do solo com a alteração microclimática na temperatura e
36

umidade relativa do ar e também analisar a variabilidade espacial dos registros pluviométricos


na área urbana. A autora identificou os sistemas atuantes na área da cidade, adotando a
classificação dos processos genéticos da pluviosidade, bem como utilizou uma rede de onze
estações micrometeorológicas fixas, para medições durante as estações seca e chuvosa. Os
resultados possibilitaram a compreensão dos efeitos da urbanização na temperatura do ar, na
umidade e na pluviosidade.
Maitelli (1997) realizou um estudo comparativo entre Chapada dos Guimarães e
Cuiabá. Para tanto a autora utilizou dados da Estação Climática situada na área de São
Vicente, distante 10 km da cidade de Chapada dos Guimarães e observações realizadas em
Cuiabá, num período de 1961-1996. Também foram realizadas medidas concomitantes nas
duas cidades, durante três dias na estação seca registrando variações horárias. A cidade de
Chapada dos Guimarães apresentou temperatura do ar média menor que Cuiabá com
diferença de 3ºC nas médias e de 5ºC nas máximas. Também registrou diferença de 6ºC nas
variações diárias nesse período. A umidade relativa do ar foi mais elevada em Chapada dos
Guimarães, com diferença de ate 15% em relação a Cuiabá.
Costa (1999), analisou a influência da área verde no clima da cidade de Cuiabá/MT. O
objetivo do estudo foi demonstrar a importância da cobertura vegetal para o conforto térmico
na cidade, onde o autor escolheu o Parque Mãe Bonifácia como referencial para a mensuração
do efeito urbano, comparando medidas das características entre uma área vegetada e outra
desmatada e modificada pela ação antrópica. O estudo demonstrou que no centro de Cuiabá os
valores de temperatura atingiram diferenças máximas de ate 7,2°C no período noturno em
relação ao parque. O autor conclui, ressaltando a importância do parque como uma área da
alta pressão, emissora de ventos, que pode interagir de maneira significativa para minimizar
as altas temperaturas e poluição de áreas centrais da cidade, principalmente estimulando a
circulação atmosférica.
Rosa (1999) estudou as alterações climáticas resultantes da ocupação urbana na cidade
de Sinop/MT, localizada na Amazônia Mato-grossense, com vistas a identificar a possível
ocorrência da ilha de calor. Para tanto, elaborou o mapa de uso do solo da cidade que norteou
as coletas de dados realizadas com medidas moveis através de transectos moveis. As coletas
foram realizadas em 50 pontos nos horários das 8,14 e 20 horas, no período de 15 a 19 de
março (estação chuvosa) e 23 a 27 de agosto de 1999 (estação seca). Os resultados mostraram
que em Sinop já existe o fenômeno de lha de calor com intensidade de 4,7°C, identificada na
estação da seca e de 3,6°C na estação chuvosa, o que evidenciou o uso do solo resultante do
modo de ocupação urbana. O autor conclui ressaltando que deve se tomar medidas
37

preventivas, com um planejamento urbano mais adequado as condições climáticas locais, para
que no futuro tenha-se um clima agradável para seus habitantes.
Duarte (2000) estudou a correlação numérica existente entre microclimas urbanos e
ocupação do solo, tomando como área de estudo a cidade de Cuiabá/MT. A autora mediu
numericamente a correlação entre a temperatura do ar e algumas variáveis urbanísticas que
podem ser regulamentadas pela legislação municipal com vistas a amenizar o rigor climático
em cidades desta região. Como metodologia a autora realizou uma descrição qualitativa e
quantitativa das variáveis urbanísticas envolvidas, bem como medições de temperatura e
umidade relativa do ar através de pontos fixos em sete locais da cidade com diferentes
padrões de ocupação, fazendo o levantamento das condições ambientais de cada um deles. Os
resultados mostraram que as variáveis, taxas de ocupação e coeficiente de aproveitamento,
mantém correlação positiva com a temperatura do ar e refletem uma maior influência da
densidade construída sobre o período noturno, tendo em vista os diferenciais térmicos
encontrados sendo de mais de 6°C na estação seca e de ate 7°C na estação chuvosa,
identificados na área mais aquecida, ou seja, àquelas próximas ao centro da cidade. Já as
variáveis arborização e água mostraram correlação negativa em relação a temperatura do ar
em todos os horários.
Dourado (2000) estudou a ilha de calor e a influência da urbanização em cidades
localizadas em área da Amazônia Mato-grossense. Teve como principal objetivo analisar as
diferenças de temperatura do ar entre as áreas centrais e suburbanas de Lucas do Rio
Verde/MT e comparar o resultado obtido com o resultado do trabalho realizado por Rosa
(1999) em Sinop. A metodologia utilizada foi de transectos móveis em diferentes usos do
solo, com vistas a comparar as diferenças da temperatura e umidade relativa do ar entre áreas
urbanas e suburbanas da cidade, durante as estações chuvosa e seca. Os resultados
evidenciaram a ocorrência da ilha de calor na cidade de Lucas do Rio Verde, onde sua maior
intensidade foi de 3,9°c, entre o distrito comercial da cidade e uma área vegetada com
presença de superfície líquida.
Zamparoni (2001) analisou as alterações climáticas ocorridas na Amazônia Mato-
grossense, derivadas do processo de colonização a partir da década de 70, tomando como
exemplo os municípios de Sorriso, Vera e Sinop, localizados na bacia do Médio Teles Pires.
Os resultados apontaram aumento dos valores médios anuais de temperaturas máximas e
mínimas, acréscimo nos valores das médias anuais da umidade relativa e evaporação. A
autora conclui que as modificações nas variáveis climáticas estão relacionadas com os
desmatamentos e o processo de urbanização do campo pelos quais passaram esses municípios.
38

Pinho (2003) deu seqüência aos estudos de Maitelli (1991, 1994) acompanhando a
evolução da ilha de calor na cidade de Cuiabá, durante o período de 1990 a 2002. Também
utilizou da metodologia de transectos móveis para coleta de dados nos períodos de 21 a 23 de
novembro de 2001; 03 a 05 de abril e 02 a 04 de julho de 2002. Os resultados demonstraram a
evolução da ilha de calor em Cuiabá, sendo observada a maior intensidade de 5,7°C no
período noturno durante a estação seca. As maiores diferenças térmicas foram observadas
entre o centro da cidade e uma área de preservação. O autor comparando os dados com os
obtidos por Maitelli (1991, 1994), percebeu que houve um acréscimo de 0,7°c na diferença
térmica. Conforme o autor, esse aumento pode estar relacionado ao acréscimo urbano da
cidade, onde a verticalização é uma de suas características mais marcantes e conclui
enfatizando que o problema da ilha de calor na cidade de Cuiabá merece ser observado com
atenção pela administração publica que deve propiciar políticas e ações para melhorar a
qualidade de vida da população.
Souza (2004), estudou as variações espaciais de temperatura e umidade do ar na área
urbana da Várzea Grande. As medidas de temperatura e umidade do ar foram obtidas através
de transectos móveis, perfazendo um percurso onde abrangia áreas de alta e baixa densidade
urbana. os resultados alcançados mostraram que o corredor comercial, densamente edificado e
com intenso fluxo de veículos, era 7°C mais aquecido e 25% mais seco do que a área de baixa
densidade urbana com preservação da vegetação. Dessa forma a autora conclui que ficou
evidenciado que o processo de urbanização provoca alterações nas características climáticas
locais produzindo microclimas ainda mais rigorosos num clima de condições tropicais.
Zamparoni (2005) realizou um estudo intra-urbano em Chapada dos Guimarães e
detectou uma diferença de 1ºC a mais entre os valores encontrados nas áreas centrais da
cidade em relação as áreas do entorno, tanto na estação seca como na chuvosa.
Martins (2005) realizou um estudo sobre os efeitos do uso do solo no aquecimento do
ar em ambientes urbanos de Cuiabá/MT. O autor observou dados climáticos em dois
condomínios, com estruturas diferenciadas, localizados na área urbana de Cuiabá,
evidenciando que a utilização de técnicas e materiais adequados pode oferecer condições
térmicas e ambientais mais confortáveis, mesmo em situação de clima rigoroso no que se
refere ao aquecimento do ar.
Chiletto (2005), realizou um estudo sobre a caracterização climática da região do Lago
de Manso, comparando-a com a área urbana da grande Cuiabá/MT. O objetivo do trabalho foi
investigar a influência da construção da barragem de Manso (localizado no Condomínio
Náutico Portal das Águas, situado no município de Chapada dos Guimarães/MT), no clima
39

local e na produção de microclimas. O autor utilizou dados de estações climatológicas


convencionais do INMET, localizadas aproximadamente 100 km distantes do local e
fornecidos por Furnas, num período de 36 anos. Para o estudo mesoclima os dados foram
coletados por estações automáticas instaladas, uma na área de estudo e outra na área urbana
da grande Cuiabá. Para o estudo do microclima da área antes das ações antrópicas com a atual
situação, o autor coletou dados de temperatura, umidade e ventos em duas estações
automáticas situadas, uma às margens do lago e outra na mata ciliar. Os resultados
evidenciaram que as ações antrópicas tais como a urbanização e a instalação de barragens
produzem alterações nas condições térmicas da atmosfera, na umidade do ar e na velocidade
dos ventos, nas escalas meso e micro climáticas. Assim ficou evidenciado que as temperaturas
da área urbana da grande Cuiabá eram mais elevadas que as da região do da barragem de
Manso, quando comparadas na escala do mesoclima, enquanto que a as trocas de massa e
energia e de umidade do ar, no local do experimento eram, freqüentemente, reguladas pela
vegetação e pela superfície líquida.
Souza (2006) analisou em meso-escala possíveis variações climáticas numa série
temporal de 12 anos, no município de Alta Floresta - MT, buscando identificar indícios de
estarem relacionadas ao desmatamento ocorrido no município, localizado na Amazônia Mato-
grossense. Também procurou avaliar e comparar, em micro-escala, observações
climatológicas de superfície realizadas entre uma área de floresta nativa preservada e duas
áreas modificadas pelas ações antrópicas (pastagem e cultivo de soja).A autora utilizou dados
de desmatamento que foram quantificados em polígonos de desmate, desde a ocupação da
área até o ano de 2005, com dados obtidos da SEMA/MT. Para análise meso-climática foram
analisados dados de uma série temporal de 12 anos (1994 a 2005) obtidos da estação
meteorológica convencional de superfície pertencente a INFRAERO, e para o estudo dos
micro-climas instalou-se 3 estações climatológicas automáticas nos três ambientes no período
de setembro de 2005 a maio de 2006, compreendendo as estações chuvosa e seca. Os
resultados obtidos mostraram que, praticamente metade da área total do município de Alta
Floresta, já foi desmatada, o que, provavelmente, pode ter influenciado nas variações
climáticas de meso-escala, no qual foram observados acréscimos anuais nos valores de
temperaturas máximas, mínimas e diminuição anual das chuvas. Na análise microclimática, os
menores valores de temperaturas foram registrados na área de floresta nativa (no entardecer)
mantendo-se menos aquecida em relação às áreas de pastagem e cultivo de soja.
Maitelli (2007), realizou estudos de escala mesoclimática e microclimática no
município de Alta Floresta. No mesoclima a autora observou tendências de acréscimos anuais
40

nas temperaturas máximas e mínimas e na umidade relativa do ar, e decréscimos nas


temperaturas médias e nos totais pluviométricos. No microclima, a autora fez comparações
entre área com vegetação natural outra com cultivo de soja e ainda outra com coberta de
pastagem, no qual observou-se que os menores valores de temperatura do ar eram registrados
ao entardecer na floresta nativa, mantendo-se menos aquecida que as demais áreas.
Schreiner (2007) analisou a expansão da malha urbana e seus arredores no município
de Alta Floresta/MT, buscando estabelecer prováveis relações com as variações climáticas
ocorridas na área. Para tanto, a autora realizou um mapeamento temático da evolução da
malha urbana e seus arredores, referente aos períodos de 1992, 2000 e 2005, comparando
esses aspectos com dados climatológicos observados na Estação Convencional do Aeroporto
de Alta Floresta no período de 1994 a 2005, única série histórica disponível para a área. Os
mapeamentos mostraram crescente adensamento da malha urbana, enquanto a análise das
relações com o clima não revelaram interações significativas, indicando que são necessárias
séries históricas mais longas, com dados diários horários para essas investigações.
Cox (2008) procurou avaliar a influência do processo de urbanização na distribuição
das temperaturas do ar e da umidade relativa e absoluta da cidade de Várzea Grande/MT. Para
isso a autora monitorou essas variáveis em locais representativos com diferentes tipologias de
ocupação urbana. Esse monitoramento foi realizado durante três meses da estação seca
(junho, julho e agosto de 2007) e durante três meses da estação chuvosa (novembro e
dezembro de 2007 e janeiro de 2008). Os dados foram coletados através de estações
meteorológicas automáticas instaladas em cada região monitorada e também por meio de
transéctos móveis. Os resultados evidenciaram que os locais com maior porcentagem de área
construída possuem as maiores médias de temperaturas e as menores médias de umidade. A
autora concluiu que o comportamento térmico e de umidade da cidade de Várzea Grande
pareceu efetivamente ser influenciado pelo processo de urbanização.
Pinho (2008) dando seqüência aos estudos climáticos sobre a cidade de Cuiabá-
MT, procurou discutir as relações entre o uso do solo urbano e o comportamento de algumas
variáveis climatológicas, principalmente, aquelas relacionadas à configuração da ilha de calor
urbana e a distribuição espacial das chuvas nas áreas urbanizadas de Cuiabá. Para isso o autor
realizou uma análise detalhada do uso do solo e uma combinação de métodos de análise de
dados climáticos tais como: análise de série histórica (37 anos) disponibilizados pelo 9º
Distrito de Meteorologia, medidas itinerantes (transécto móvel) e observações fixas (estações
meteorológicas automáticas). Os resultados evidenciaram que o tipo de utilização do espaço
41

no meio urbano exerce influência na variação da temperatura e umidade relativa do ar. As


medidas itinerantes evidenciaram que a ilha de calor urbana, localizada em estudos anteriores
no centro histórico antigo parece expandir-se na direção norte da cidade, classe de
verticalização intensa, localizada ao longo da Avenida Historiador Rubens de Mendonça.
Neste local identificou-se a intensidade máxima da ilha de calor, 6,9°C, no horário das 20h00.
As análises da distribuição espacial das chuvas revelaram que, em geral, as áreas centrais
apresentaram totais pluviométricos mais elevados, bem como ocorrências de chuvas mais
intensas quando comparadas com a área rural.
42

4.0 - ÁREA DE ESTUDO- CHAPADA DOS GUIMARÃES - MT

4.1 - Aspectos físicos e ambientais

O município de Chapada dos Guimarães faz limites com Acorizal, Nova Brasilândia,
Campo Verde, Rosário Oeste e Cuiabá, Santo Antonio do Leverger. Está situado nas
coordenadas 56º02’15”O; 15º37’53”S e 54º54’25”O; 14º46’53”S com altitude média de 800
m, localizado no Planalto do Guimarães. A extensão territorial do município é de 6.494 Km2,
com 1.300 km2 de área urbana e 5.194 km2 de área rural, possui dois distritos, Água Fria e
Praia Rica. Pertence a mesorregião centro-sul de Mato-grossense e a microrregião de Cuiabá,
estando distante a 65 km da capital do Estado. A figura1, mostra a localização do município
de Chapada dos Guimarães.
Chapada dos Guimarães está localizado na Borda do Planalto Central, no qual
encontra-se o centro geodésico da América do Sul, destacando-se no âmbito nacional, pelas
suas belíssimas paisagens cênicas.
A formação geológica dominante em Chapada dos Guimarães é de cobertura dobrada
do Proterozóico com granitóides associados, pertence à Faixa Móvel Brasiliana. O relevo
caracteriza-se pela presença de grandes encostas e escarpas de arenito vermelho que vão de
600 a 800 metros de altitude. Os solos são em sua maioria solos litólicos (distróficos A
moderado textura média, relevo forte e ondulado), latossolos vermelho-amarelo (distrófico A
moderado de textura média, relevo plano), podzólico vermelho-amarelo (Tb eutrófico
abrúptico A moderado textura média, argilosa relevo suave ondulado).
43

Figura 1– Mapa de localização do município de Chapada dos Guimarães - MT

A vegetação predominante em Chapada dos Guimarães e arredores é o Cerrado com


predomínio da mata de encosta. O município abriga uma Área de Proteção Ambiental (APA)
e o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, criado em 1989. Este ocupa um território de
44

33.000 hectares e é a principal atração ecoturística da região, recebendo em média 100 mil
visitantes por ano (informação da Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães).
O município possui uma Unidade de Conservação Municipal, o Parque da Cabeceira
do Coxipozinho com área de 91,32 ha. Possui quatro Unidades de Conservação Estaduais:
A.P.A. do Rio da Casca com 29.250 ha; a A.P.A Chapada dos Guimarães com 220.208, 28 ha
(esta abrange os municípios de Cuiabá, Chapada dos Guimarães e Santo Antonio do
Leverger); a Estação Ecológica do Rio da Casca I, com área de 3.524,62 ha (abrangendo os
municípios de Chapada dos Guimarães e Campo Verde) e por último a Estrada Parque
Cuiabá- Chapada dos Guimarães/Mirante e KM 15, com 2.058, 87 ha nos municípios de
Chapada dos Guimarães e Cuiabá. Possui também duas Unidades de Conservação Federais: a
R.P.P.N. Hotel Mirante, com 19,87 ha; e R.P.P.N. Reserva Ecológica da Mata Fria com 995
ha.
Bordest (2007) ressalta que a devastação da vegetação, principalmente nas margens
das rodovias, no entorno da cidade de Chapada dos Guimarães e do Parque Nacional. A
autora solicita a participação de todas as pessoas e instituições, preocupadas com as questões
ambientais para a manutenção desses ambientes e pela preservação de um espaço agradável
para o convívio social. “Atualmente, a ocupação indevida de terrenos manifesta-se de
diversas maneiras, destacando-se a pressão e o avanço imobiliário sobre as áreas protegidas
e de preservação permanente (APP)” (BORDEST, 2007, p. 28).
De acordo com a Tabela 1, verificou-se um aumento significativo no índice de
desmatamento do município, fato este, pode estar relacionado às políticas públicas de
expansão da fronteira agrícola na região Centro-Oeste, com as novas áreas agricultáveis no
município e também com os novos empreendimentos destinados ao turismo.

Tabela 1: Dinâmica de desmatamento do município de Chapada dos Guimarães- MT.


Ano Área do município Desmate no ano (ha) Total Total
(ha) desmatado (ha) desmatado (%)
1999 563.218,86 12.600,01 227.454,01 40,38
2002 620.657,30 4.249,74 238.710,71 38,46
2004 620.657,30 6.429,721 260.894,570 42,04
2005 620.657,30 7.182,821 268.077,391 43,19
Fonte: Anuário Estatístico de Mato Grosso 2000/2003/2005/2007.
45

A região pertence à Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, e os principais rios que nascem na
região: Rio da Casca (cachoeira da Martinha), Rio Coxipó (cachoeiras Véu da Noiva e Cachoeirinha),
Sete de Setembro (cachoeira Sete de Setembro), Mutuca, Rio Claro, Salgadeira, Córrego da Água Fria,
entre outros.
Conforme Bordest (2007) na região do Planalto dos Guimarães, onde se localiza a
cidade de Chapada dos Guimarães, tem-se a influência do aqüífero Guarani. Merece destaque
também o escoamento superficial e as águas subterrâneas. Este último que fornece água para
o abastecimento público da cidade de Chapada dos Guimarães.
A caracterização climática em escala regional que essa região pertence segundo Sette
(2005), são os climas predominantes no Domínio do Cerrado os Tropicais Megatérmico e o
Mesotérmico. A temperatura média anual fica em torno de 22 a 23 ºC, as máximas absolutas
mensais não variam muito ao longo dos meses do ano, podendo chegar a mais de 40ºC. Já as
mínimas absolutas mensais variam bastante, atingindo valores próximos a zero, nos meses de
maio a julho.
A autora também destaca que de maneira geral (também em escala regional) a
precipitação média fica entre 1200 a 1800 mm. Ao contrário da temperatura, a precipitação
média mensal apresenta uma grande estacionalidade concentrando-se nos meses de primavera
e verão (outubro-março). A estação seca apresenta de 3 a 5 meses de duração, no início deste
período à ocorrência de nevoeiros é comum nas primeiras horas da manhã, formando grade
quantidade de orvalho sobre as plantas umedecendo o solo. E no período da tarde os índices
de umidade relativa do ar caem bastante, podendo chegar a valores extremamente baixos,
próximos de 25%.

A radiação solar no Domínio do Cerrado é geralmente bastante intensa,


podendo reduzir-se devido à alta nebulosidade nos meses excessivamente
chuvosos do verão. Por esta possível razão, em certos anos, outubro costuma
ser mais quente do que dezembro ou janeiro. Como o inverno é seco, quase
sem nuvens, e as latitudes são relativamente pequenas, a radiação solar nesta
época também é intensa, aquecendo bem as horas do meio-dia. Em agosto-
setembro esta intensidade pode reduzir-se um pouco em virtude da
abundância de nevoa seca produzida pelos incêndios e queimadas da
vegetação, muito freqüentes nesse período do ano. (SETTE, 2005, p. 39).

Conforme a classificação proposta por Köppen, a área de estudo possui um clima de


Savana, clima tropical, com estação seca, no outono-inverno, e estação chuvosa, na
primavera-verão.
Segundo a classificação climática de Strahler, o clima dominante na área de estudo é
Tropical Seco – Úmido, com elevada concentração de chuvas durante o período de outubro e
46

março, seguido de outro período com pouca chuva (abril a setembro), com maios
irregularidade e amplitude térmica anual.
Existe uma classificação climática mais detalhada, proposta pelo Zoneamento
Socioeconômico–Ecológico de Mato Grosso, considerado mais apropriado para estudos e
pesquisas acadêmicas, planejamento governamental e projetos em todas as esferas.
Nessa proposta a área de estudo esta localizada na Unidade II- Clima Tropical
Continental Alternadamente Úmido e Seco, que corresponde a faixa latitudinal de 12º a 18º
LS. Além do fator continentalidade, o relevo tem grande importância no controle climático e a
participação dos Sistemas Extratropicais (Frente e Anticiclone Polar). Mas é o relevo o maior
responsável pela diversidade das subunidades climáticas (essa unidade possui 4 subunidades).
Chapada dos Guimarães se encontra quase em que sua totalidade (o perímetro urbano
completo) na subunidade climática denominada II-C, II-D e II-E, que apresenta características
fundamentais à diminuição progressiva das temperaturas, passando para um clima Tropical de
Altitude, cujo caráter mesotérmico se traduz no traço mais importante destas áreas, além do
aumento dos totais pluviométricos cujos valores estão entre 1600 a 1800 mm.
As variações climatológicas locais estão fortemente relacionadas com a circulação
geral da atmosfera. Segundo Sette (2005), através da circulação da atmosfera, da análise
climática regional, é possível entender o regime climático atuante em um determinado
território. Em Mato Grosso, em especial na região central, os deslocamentos da Zona
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), pelo Sistema Equatorial e Sistema Tropical Atlântico
(STA), determinam o regime climático.
Na área de estudo localizada no centro do estado, na estação seca (de abril a
setembro), correspondendo a estação outono-inverno, tem-se o regime de “altas pressões”,
sofrendo a influência do Sistema Tropical Atlântico (STA), oriundo do Anticiclone Semifixo
do Atlântico Sul, que caracterizado por ser um sistema quente, seco, estável, desprovido de
nebulosidade, com ausência de precipitação. Sua entrada no continente no outono-inverno
condiciona a estação seca. No Mato Grosso, por estar bem distante de sua origem, esse
sistema foi denominado de Subsistema Tropical Atlântico Continentalizado (TAC). Esse
subsistema tem seu ápice de estabilidade e freqüência em junho, julho, agosto e setembro.
Também tem a atuação do Sistema Tropical Continental com Subsidência (TCS), com
suas propriedades de altas temperaturas, baixa umidade e estabilidade. Esse subsistema pode
ter origem na frontólise da FPA (Frente Polar Atlântica) que, com sua passagem sobre o
continente, o ar polar tropicalizado, quente, porém sem nebulosidade, mantém a estabilidade.
Ou pode ser de origem do avanço da Alta Equatorial da Amazônia, surgindo como um núcleo
47

de subsidência em meio à convecção. Mas o que ocorre nesse período na região é à entrada do
Sistema Polar Continental (SPC, oriundo do Sistema Polar Atlântico) e provoca o fenômeno
da “friagem”, com queda brusca da temperatura.
A estação chuvosa (outubro-março) ocorre na primavera-verão, quando predomina a
presença do regime de “baixas pressões”, quando se inicia a estação das chuvas. Nesse
período tem-se a atuação principal do Sistema Continental Convectivo (TCC) que é
caracterizado por processos convectivos geralmente associados aos sistemas frontais e, ou, ao
transporte de vapor de água (umidade) da Amazônia em direção as baixas. Neste caso suas
propriedades são: baixa pressão, alta nebulosidade, alto teor de umidade e temperatura
elevada. Também ocorre a presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),
tendo atuação no estado inteiro, mas apresenta um movimento SW/NE, deixando a região
sudeste do estado com menor tempo de permanência sobre essa zona.
Também ocorre a entrada do Sistema Equatorial, caracterizado por Sette (op cit.),
como sendo o Sistema Amazônico (SAM), onde suas propriedades são: baixas pressões, alta
temperatura e umidade, instabilidade, alta nebulosidade e calmarias (doldruns), provocando
chuvas intensas.

4.2 - Aspectos históricos

A história de Chapada dos Guimarães é contemporânea a de Cuiabá. Segundo Ferreira


(2001) em 1726, o capitão General da Capitania de São Paulo, Dom Rodrigo Cesar de
Menezes, cedeu através da carta de sesmaria, uma extensa área de terras a Antonio de
Almeida Lara. Assim, essa sesmaria se tornou um engenho de cana-de-açúcar, e na
agricultura utilizando mão-de-obra escrava. “1essa época a região recebeu o nome de
Chapada de Cuiabá.” (FERREIRA, 2001, p.423)
Em 1751, chegaram os jesuítas a região. Em 1764, o 3º Governador da Capitania de
Mato Grosso mudou o nome de Chapada de Cuiabá para Sant’Ana de Chapada dos
Guimarães, em homenagem ao Duque dos Guimarães. Com o passar do tempo o nome foi
simplificado para Chapada dos Guimarães, e só em 1994 a Assembléia Legislativa do Estado
de Mato Grosso votou a mudança de nome definitivo para Chapada dos Guimarães. Em 1779,
foi construída a igreja, Nossa Senhora do Sant’Ana, fato relevante para a época e atualmente
tombada pelo patrimônio Histórico Nacional.
O distrito de Chapada dos Guimarães, foi criado em 1875 e pertencia a Cuiabá.
Durante a Guerra do Paraguai o distrito fornecia o mantimento necessário ao abastecimento
48

do exército brasileiro tendo vantagens monetárias. Mas devido aos ataques dos índios, a
guerra e a varíola, essa produção entrou em decadência por falta de mão-de-obra.
Em 1939 chegaram a Chapada dos Guimarães os padres franciscanos. Eles foram os
fundadores de todas as obras de assistência a população como hospital, escola, ambulatórios e
internato.

A Lei Estadual nº 701 de 15 de dezembro de 1953, modificada com a Lei nº


370 de 31 de julho de 1954, criou o município de Chapada dos Guimarães,
com áreas desmembradas do Município de Cuiabá e anexação do Distrito da
Praia Rica, pertencente ao Município de Rosário Oeste, tendo por sede a
antiga vila, hoje elevada a categoria de cidade, instalando o Município em
1954, sendo o primeiro prefeito municipal o cidadão Cipriano Agostino
Curvo. (CHAPADA DOS GUIMARAES, 1994, p. 14)

Chapada dos Guimarães era o maior município do mundo, com área de mais de 200
mil km2, perdendo esse título em 1979, quando neste mesmo ano, quatro de seus distritos se
emanciparam devido aos programas de colonização e de incentivos a agropecuária. Assim, se
desmembraram de Chapada dos Guimarães os atuais municípios: Colider, Nova Brasilândia,
Paranatinga e Sinop. Atualmente o município é constituído de 3 distritos: Chapada dos
Guimarães, Água Fria e Praia Rica. Na figura 02, observamos a sede do município, na década
de 1970, com poucas residências, e muita vegetação.
Os aspectos paisagísticos, as belezas naturais, sempre estiveram presentes em Chapada
dos Guimarães “(...) em 1976 o Presidente da República Ernesto Geisel decretou o município
área prioritária para o turismo, sendo aprovado no mesmo ano o plano turístico”.
(FERREIRA, 2001, p.426). Em 1989, através do Decreto Federal nº 97.656, criou-se o Parque
Nacional de Chapada dos Guimarães com o intuito de preservar toda a riqueza arqueológica e
natural do lugar.
49

Figura 2: Vista panorâmica no inicio da ocupação de Chapada dos Guimarães.


Foto: Lucio Costa, [197-]

4.3 - Aspectos econômicos

As principais atividades econômicas do município de Chapada dos Guimarães são:


turismo ecológico, agricultura, de subsistência intercalada por empresas agropecuárias que se
dedicam a plantação de soja, milho e arroz e pecuária. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007).
Segundo Bordest (2007), as atividades praticadas no município, como a pecuária e os
cultivos de subsistência, passam por modificações, dando lugar a agricultura mecanizada e às
iniciativas turísticas de diferentes modalidades mas com infra-estrutura precária.
A presença de restaurantes, bares e pesque-pagues à margem das estradas,
como, por exemplo, ao longo da rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251),
contribui para a interpretação de uma tendência espontânea ao turismo
periurbano, ou seja, aquele que se desenvolve no entrono de cidades. Nesse
contexto, destacam-se ainda condomínios fechados, associações de lazer,
chácaras de recreio ou de veraneio, pousadas, centro de eventos, etc. Em
Chapada dos Guimarães, as construções em condomínios fechados, com
finalidade de lazer e veraneio, funcionam como uma segunda-residência,
típica de cidades turística. (BORDEST, 2007, pg.28)

Chapada dos Guimarães possui diversos atrativos, muitos dos quais localizados dentro
do Parque Nacional, onde destacamos: diversas cachoeiras com água cristalina, morros,
formações rochosas, cavernas, paredões, inscrições rupestres e trilhas no cerrado, sítios
arqueológicos, mas o destaque maior é pelos rios. Bordest (op.cit) ressalta entre outros
50

atributos, a presença de água de boa qualidade no município de Chapada dos Guimarães, na


forma de rios e córregos, configurando-se num dos principais condicionantes para o
desenvolvimento local, particularmente para as atividades turísticas.

4.4- Aspectos demográficos

A história desse pequeno povoamento foi baseada na produção de cana-de-açúcar e


aguardente, utilizando mão-de-obra escrava para o abastecimento das minas de garimpo de
Cuiabá, dando origem a vila.

Com o auxilio do braço escravo, os latifundiários de Chapada dos Guimarães


conseguiram dar a vila, então distrito de Cuiabá notável desenvolvimento,
vindo a decair em 1888, com a abolição da escravatura no Brasil. As
fazendas com plantações de cereais e café, lavoura de cana-de-açúcar,
desapareceram, estiolando o progresso de Chapada dos Guimarães.
(CHAPADA DOS GUIMARAES, 1994, p. 14.)

Por volta de 1926, no Governo do Presidente Mário Corrêa da Costa, tentou-se


estabelecer a imigração européia (romenos e alemães) no município de Chapada dos
Guimarães, mas essa tentativa foi fracassada pela dificuldade da comunicação na época.
Assim o povoado de Chapada dos Guimarães foi baseado pelo mesmo clã dos bandeirantes
Paulistas, escravos, índios e seus descentes.
No início da década de 1970, Chapada dos Guimarães contava com uma população
total de 16.356 e para o ano de 1979 a estimativa era de atingir um total de 73.765 habitantes
(estimativa do Anuário Estatístico de Mato Grosso, 1978). Porém no ano de 1980, Chapada
dos Guimarães contava com uma população de 9.355 habitantes, conforme tabela 2.
51

Tabela 2: Evolução população residente em de Chapada dos Guimarães, no período de 1960


– 2007.
Ano Urbana Rural Total

1960 763 10.298- 11.061

1970 1.301 15.055- 16.356

1975* 1.542 18.173 19.715

1980 2.952 6.403 9.355

1991 - - 12.888

1996 6.730 7.868 14.598

2000 9.452 6.303 15.755

2007 9.877 7.500 17.377


IBGE, Censo Demográfico 1960,1970, 1980, 1991, 1996, 2000 e 2007
* Dados estimados do Anuário Estatístico de Mato Grosso, 1974

Essa perda repentina da população da década de 1970 para 1980 foi em função do
desmembramento do território, para criação de novos municípios e conseqüentemente,
ocorreu uma queda de sua população. Esse desmembramento ocorreu em 1979, onde quatro
distritos se tornaram municípios. .
A tabela mostra ainda, que, a partir de 1980 (quando o município obteve a formação
territorial atual), apesar do número de habitantes do município crescer com o passar das
décadas, o total de pessoas residentes na área rural exibe tendência decrescente, porém em
2007 essa população teve um acréscimo. Dessa forma, percebe-se que, conforme crescia a
população do município, o número de pessoas que optavam por morar na área urbana também
crescia.

4.5- Aspectos da estrutura urbana

Na porção sul da malha urbana de Chapada dos Guimarães está localizada a borda do
planalto dos Guimarães. No limite oeste da malha urbana encontra-se uma área com
vegetação densa, de preservação permanente pertencente ao Parque Nacional de Chapada dos
Guimarães. Mesmo assim, nessas direções – sul e oeste – tem-se a presença de grande parte
das áreas destinadas a especulação imobiliária, no qual o produto da venda é a natureza, por
estar ao lado da borda do planalto, com áreas verdes. São áreas residenciais com baixa
ocupação, caracterizada por casas de veraneio. Assim, no decorrer dos anos a cidade teve seu
52

crescimento direcionado para a porção leste da malha urbana. Este direcionamento foi
ocasionado pelo relevo plano e pouco acidentado, que facilitou a implantação dos bairros.
Atualmente os novos bairros e ocupações irregulares estão surgindo na direção nordeste da
cidade.
A principal atividade econômica de Chapada dos Guimarães influiu fortemente no
padrão de distribuição da densidade populacional e, conseqüentemente, no processo de
urbanização da cidade. O uso do solo na cidade de Chapada dos Guimarães exibe uma
conformação bastante homogênea. Não se observa uma região exclusivamente comercial, mas
sim duas ruas principais, que agrupam praticamente todas as atividades comerciais da cidade,
intercaladas com residências. Além disso, são as vias de maior tráfego da cidade, ilustrado na
figura 3, e onde ocorre o mais conhecido evento da cidade- Festival de Inverno.
No decorrer da semana, a cidade tem um ritmo calmo, observamos que no período da
tarde, a movimentação de pessoas e veículos é maior, pois é nesse período que os serviços
públicos, como os oferecidos pela prefeitura, estão abertos ao público em geral. Mas a vida da
cidade toma outro ritmo nos finais de semana, começando na sexta-feira.
Nos finais de semana, durante o dia, os turistas vão em busca da natureza,
aproveitando as paisagens naturais do município e durante a noite movimentam o centro da
cidade, lotando os bares, restaurantes e hotéis. O fluxo de pessoas nos finais de semana e a
noite é bem mais intenso, alcançando em média 10.000 turistas por final de semana visitando
a cidade, segundo informações da Secretaria de Turismo de Chapada dos Guimarães.

Figura 3: Vista parcial da avenida principal de Chapada dos Guimarães- MT


Foto: Schreiner, 2008
53

Nessas duas ruas principais, se concentram os serviços destinados aos turistas, os bares
e restaurantes, hotéis, lojas de artesanatos, etc. Entre essas duas ruas, localiza-se um dos
pontos turísticos mais importante para a cidade, a Igreja Nossa Senhora do Sant’Ana,
patrimônio histórico e ponto obrigatório para todos os turistas que visitam a cidade.
As áreas verdes estão concentradas na região central da malha urbana. A cidade não
possui nenhum parque urbano, apenas algumas praças com vegetação (figura 4) e uma Área
de Preservação Permanente.

Figura 4: Praça Central, presença da vegetação na cidade de Chapada dos Guimarães- MT.
Foto: Schreiner, 2008

Na medida em que se distancia da região central e chega-se aos bairros mais


periféricos, encontram-se grandes vazios urbanos, provavelmente decorrentes da especulação
imobiliária. Esses vazios se configuram por áreas descampadas ou por áreas de vegetação
nativa remanescente.
A estrutura da cidade de Chapada dos Guimarães representa bem uma cidade turística,
no qual existem bairros centrais com casas de veraneio, de classe média-alta, em sua maioria,
habitadas somente nos finais de semana, feriados e períodos de férias. Conforme Romancini
(2005) em Chapada dos Guimarães, a natureza se constitui uma mercadoria que proporciona
valorização aos empreendimentos imobiliários, e mesmo tempo ela é negada pelo
desmatamento, assoreamentos dos córregos, construção à beira das escarpas, etc. A autora
afirma que o processo de produção do espaço urbano envolve os chamados “agentes
54

produtores do espaço urbano” que orientam a forma e os usos do solo na cidade, interferindo
na produção e na apropriação do espaço urbano.
É nítida a presença desses agentes em Chapada dos Guimarães, os bairros residênciais
próximos ao centro da cidade são ocupados pela classe média alta, com características
próprias, casas de dois ou mais pavimentos (mansões) cercadas por muros altos, possuem em
sua maioria, piscinas nos quintas. As ruas são largas, (algumas com pavimentação, e outras
previstas para 2009) e muitos terrenos vazios com pouca vegetação, figura 5.
Porém os bairros mais distantes da cidade pertencem a classe média - baixa, com casas
térreas mais modestas, próximas umas das outras, as ruas em sua maioria são asfaltadas e
observa-se constante movimentação de pessoas, com presença de vegetação nos quintais das
casas, figura 6.

Figura 5: Casa de classe média-alta próxima ao centro da cidade de Chapada do Guimarães- MT.
Foto: Schreiner, 2008
55

Figura 6: Vista parcial do bairro São Sebastião, o mais populoso de Chapada dos Guimarães-MT.
Foto: Schreiner, 2008

Nota-se também a contradição entre uma grande oferta de imóveis vagos, na forma de
terrenos e casas, (venda ou aluguel) e a falta de moradia para pessoas da classe baixa. A
ocupação Sol Nascente, é o lugar mais carente da cidade, onde predominam as moradias
(barracos) improvisados, utilizando qualquer tipo de material de construção e o único serviço
público oferecido é o abastecimento de água.
De acordo com Côrrea (1993) apud Romancini (2005) a segregação residencial é uma
expressão espacial das classes sociais, que ressalta a localização diferenciada das classes no
espaço urbano, em conseqüência do poder aquisitivo de cada grupo para pagar pela sua
residência. Assim temos os grupos de alta renda, que podem pagar os terrenos (espaços) de
maior valor na cidade, e sobrando os terrenos de menor preços, que na sua maioria estão mal
localizados, são destinados as classes de menor poder aquisitivo com residências de qualidade
inferior.
Ressalta Romancini (op.cit) que paralelamente ao processo de valorização da natureza,
a partir da década de 1970, aconteceram melhorias na infra-estrutura do município, como o
caso de asfaltamento da rodovia MT-305, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, que
acabou favorecendo para a implantação de novos loteamentos urbanos. E foi na década de
1980, que a expansão urbana de Chapada se intensificou, com a construção de loteamento e
condomínios fechados.
56

Para atender a essa demanda por novas moradias, observa-se a criação de


novos loteamentos, com agravantes para o meio ambiente urbano local, uma
vez que ocorre a ocupação de áreas próximas as escarpas, a poluição dos
mananciais urbanos, a retirada da vegetação, a formação de ilhas de calor,
dentre outros fatores. Contraditoriamente, o “ambiente natural” torna-se um
demonstrativo de qualidade de vida que pode ser comprada como o “ar
puro”, a amenidade climática e a possibilidade de se morar próximo ao
“verde” ao sossego, entre outros aspectos. (ROMANCINI, 2005, p. 100).

Romancini (op.cit), relata que a cidade de Chapada detentora de uma bela paisagem, é
o lugar preferido para a construção da segunda moradia da classe de maior poder aquisitivo,
em sua maioria de Cuiabá, assim como pelos aposentados, especialmente do setor público.
Outra importante característica da cidade de Chapada dos Guimarães é seu caráter
horizontal, sem a presença de prédios com mais de três andares. Portanto, a principal
diferença entre as áreas mais e menos densas se dá principalmente pela impermeabilização do
solo, pela presença de maior ou menor quantidade de vegetação e pela distância entre as
construções.
57

5.0 PROCEDIMETOS METODOLÓGICOS

A fase inicial do trabalho constituiu-se de revisões bibliográficas, contemplando os


conceitos de climatologia, principalmente sobre clima urbano, buscando entender a dinâmica
dos fatores que interferem no clima local. O levantamento dos dados secundários e
informações sobre a área de estudo foram realizados com pesquisas em órgãos públicos
(IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Prefeitura Municipal de Chapada dos
Guimarães) juntamente com trabalhos de campo.
O presente estudo foi divido em três etapas, na primeira, realizou-se um estudo das
variações do clima local em Chapada dos Guimarães, com dados obtidos em 2008. Na fase
seguinte foi realizado o mapeamento de uso do solo urbano para orientar a definição do
roteiro a ser realizado nas medidas itinerantes; estas medidas forma posteriormente
espacializadas no mapa. Na ultima etapa realizamos uma breve comparação entre variações
climáticas observadas em locais fixos em Cuiabá e Chapada dos Guimarães, uma vez que
ambas cidades situam-se em latitudes semelhantes e em diferentes altitudes.

5.1 - Estudo do clima local

Para a coleta dos dados climatológicos utilizados nas pesquisas urbanas Oke
(2004) destaca que as estações climatológicas instaladas no perímetro urbano, consistem
freqüentemente de instrumentos posicionados um pouco abaixo ou sobre o nível dos telhados
e isso exige uma avaliação e descrição do local incluindo a escala relevante para o contexto.
Oke (op.cit.) também destaca que para se ampliar a região de cobertura dos dados
costuma-se posicionar os sensores no telhado, observado os microclimas anômalos
produzidos pelas coberturas. Por exemplo, a uma altura de 3 metros equivale provavelmente a
uma distância de 300m de extensão em caso de estabilidade atmosférica. Portanto, a estação
abrange em torno de 100m de distância para cada 1m de altura.
Para a verificação do clima local, foi realizada com dados obtidos através de uma
estação metereológica automática instalada em Chapada dos Guimarães. A estação
TM
VANTAGE PRO2 WIRELESS da marca Davis, foi fixada no telhado de uma casa numa
altura aproximada de 10m acima do solo, localizada próxima ao centro da cidade. Assim os
instrumentos registraram valores que representam os estados atmosféricos num raio de
1000m.
A estação estava equipada com: pluviômetro, anemômetro, psicrômetro, sensor de
radiação solar, possui também placa solar, conforme figura 7. A estação foi programada para
58

realizar observações de dados em um intervalo de hora em hora, de forma que se


contabilizavam vinte e quatro registros diários horários durante o ano de 2008. Os dados
coletados se referem a dados horários diários de: temperatura do ar (média, máxima e
mínima), umidade relativa do ar, precipitação, direção dos ventos, velocidade dos ventos
(média e máxima), pressão barométrica e radiação solar.

Anemômetro

Placa Solar
Pluviômetro
Psicrômetro

Figura 7- Estação meteorológica automática e seus sensores

Os dados coletados através da estação meteorológica referentes ao ano de 2008, no


primeiro momento, foram agrupados de três em três meses, favorecendo as características
similares conforme a ocorrência das chuvas. Assim o primeiro trimestre equivalente aos
meses de janeiro, fevereiro e março é caracterizado por ser o período das chuvas, com totais
pluviométricos altos. O segundo trimestre referente aos meses de abril, maio e junho, as
chuvas se tornam mais esparsas e com menor volume de precipitação. No terceiro trimestre,
julho, agosto e setembro, a ausência das chuvas é a característica marcante desse período. Já
no último trimestre do ano compreendendo os meses de outubro, novembro e dezembro, as
chuvas retornaram, bem esparsas e no final deste trimestre se tornarem mais freqüentes.
Esses dados agrupados por trimestres foram processados o programa Statistical
Packege for the Social Sciences (SPSS), realizando histogramas de freqüência dos dados
horários diários. Essa forma de organização dos dados permitiu uma avaliação trimestral dos
dados evidenciando a distribuição e freqüência dos valores entre os extremos observados e os
valores mais freqüentes.
59

No segundo momento os dados coletados através da estação meteorológica referentes


ao ano de 2008, foram processados no software Excel-2003, organizados em tabelas mensais
com médias horárias e diárias. Dando seqüência confeccionaram-se tabelas e gráficos anuais,
com as médias diárias, mostrando a curva das variáveis climatológicas em 2008.
Tanto para as médias diárias e horárias anuais, quanto para a distribuição de
freqüência, para cada variável climática (temperatura máxima, temperatura mínima,
temperatura média e umidade relativa, velocidade e direção dos ventos, precipitação) foram
organizadas tabelas e gráficos distintos.

5.2- Estudo das variáveis intra-urbanas


5.2.1 Uso do solo

O conceito de uso do solo utilizado neste trabalho está embasado em estudos


realizados por MONTEIRO, 1976; LOMBARDO, 1985; MAITELLI, 1994; DANNI-
OLIVEIRA, 1995; OLIVEIRA, 2001; MENDONÇA 2003; MONTEIRO 2003; VIANA,
2006; PINHO, 2008. Para estes autores o uso do solo consiste em uma combinação de
atividades e edificações que caracterizam o processo de urbanização.
O uso do solo urbano produz microclimas diferenciados, para tanto, a identificação da
heterogeneidade do espaço urbano é essencial para explicar as possíveis diferenças de
ambientes climáticos intra-urbanos. A realização do mapeamento do uso do solo urbano de
Chapada dos Guimarães, foi realizado com intuito de analisar e compreender o
comportamento climático e suas relações com a ocupação urbana.
Portanto, o mapeamento de uso do solo urbano foi realizado com base nos recursos
disponíveis do software gratuito Google Earth. Assim foram delimitados os diferentes
padrões de uso observados na imagem, ou seja, agruparam-se as feições da imagem com as
mesmas características, tendo os diversos tipos de classificação: área verde, condomínios
fechados, ocupação baixa, ocupação média e áreas abertas, definindo assim as classes de uso
do solo urbano para a elaboração do mapa temático final.

5.2.2 – Variáveis térmicas intra-urbanas

Para o estudo das variáveis térmicas e de umidade relativa do ar de Chapada dos


Guimarães, foram realizadas medidas móveis – método de transecto móvel-, técnica que
consiste em levantamento de dados (temperatura do ar e umidade relativa do ar) com
60

instrumentos acoplados em cima de um veículo com velocidade constante de 30km/h,


conforme estudo de Maitelli (1994), Oke (2004).
Conforme Oke (op. cit.), a técnica de coleta de dados utilizando o transécto móvel,
refere-se a medidas móveis realizadas nas áreas de interesse para verificar se existem áreas de
temperatura ou de umidade anômalas, ou diferenciadas. O melhor horário para realizar as
medidas itinerantes, em áreas urbanas, é algumas horas após o pôr do sol ou antes do
amanhecer, com fluxos de ventos calmos e céu aberto, maximizando, assim, o potencial de
diferenciação do microclima e do clima local. Assim, os transectos foram realizados no início
da manhã às 08:00 horas, a tarde às 14:00 horas e à noite as 20:00 horas.
Segundo Maitelli (1994) a técnica de coletada de dados utilizando o transecto móvel,
permite avaliar o comportamento médio da temperatura e umidade do ar em cada intervalo de
percurso e cobrir grande parte da área urbana. Porém são necessários certos cuidados com a
duração do percurso, a velocidade do veículo, a proteção dos sensores em relação a radiação
solar e a posição dos sensores para evitar a influência do calor gerado pelo motor do veículo.
Também devemos observar o espaço de tempo, que não pode ser muito longo, para não
caracterizar as variações normais da temperatura, (que durante o dia tendem ao aumentar e a
noite a diminuir) que podem estar desacompanhadas da superfície, devido às condições
sinóticas do tempo meteorológico.
Para realizar a coleta dos dados de temperatura durante o transecto móvel foi utilizado
um termo-higrômetro digital portátil, modelo HTR-151, da marca Instrutherm.
Escalas:Temperatura: 0 a 60ºC / 32 a 140ºF Precisão: ± 0.8ºC / 1.5ºF - Resolução: 0.1ºC. /
0.1ºF, conforme figura 8.
61

Visor do
aparelho

Teclas de ajuste
das variáveis

Sensor

Figura 8: Termo-higrômetro digital portátil, modelo HTR-151.


Fonte: COX, 2008
O Termo-higrômetro é sensível as variações térmicas e de umidade relativa do ar, para tanto
o sensor foi colocado em um pequeno abrigo proposto e utilizado por Maitelli (1994),
utilizando um tubo de PVC com o sensor no seu interior, e fixado em uma haste, instalada na
capota do veículo, longe da influência do calor produzido pelo motor, conforme ilustra a
figura 9.

Figura 9 – Esquema de instalação do equipamento sobre o veículo.


Fonte: COX, 2008.
62

As medições móveis consistiram em percorrer o mesmo caminho previamente


selecionado na área urbana da cidade, três vezes ao dia. Realizamos as medidas no sábado,
domingo e segunda-feira, sempre levado em consideração que nos finais de semana (sábado e
domingo) a população aumenta devido ao intenso fluxo de turistas na cidade e na segunda a
rotina da cidade volta ao normal.
Os transéctos foram realizados nos dias 16, 17 e 18/08/08, ás 08:00, 14:00 e 20:00, no
período da seca, sob condições de céu limpo sem presença de nuvens, tendo por base
experiências anteriores pelo emprego da mesma técnica em outras pesquisas realizadas em
Mato Grosso (Maitelli, 1994; Zamparoni, 1995; Rosa,1999; Pinho, 2003; Souza, 2005; Cox,
2008, Pinho 2008). Porém, para a elaboração dos gráficos e mapas de interpolação utilizou-se
apenas os dados coletados as 20 h por serem mais representativos, as diferenças nesse horário
foram maiores.
O transecto móvel foi elaborado com base no mapa de uso do solo, conforme mostra a
figura 25 e checagem em campo, estabelecendo o percurso conforme as características de uso
do solo diferenciado, passando desde áreas suburbanas, com poucas construções, áreas
residências, áreas verdes, áreas comerciais, inclusive no local onde está instalada a estação
meteorológica fixa, pertencente à área residencial de baixa ocupação.
No decorrer do percurso cruzamos a cidade de Chapada dos Guimarães, sendo eleitos
45 pontos, no qual foram registradas as medidas de temperatura e umidade relativa do ar, com
o carro em movimento, levando em média de 35 minutos para cada percurso.
Mantendo a velocidade do carro em média a 30 km/hora, para que o vento oriundo da
aceleração do automóvel não interfira nos dados que estão sendo coletados. O percurso teve
início na porção norte da cidade, numa região de baixa densidade construída, no trevo de
acesso a cidade, seguindo em direção oeste, percorrendo o Bairro Bom Clima, caracterizado
por ser um bairro com casas de alto padrão, com áreas abertas e pouca presença de vegetação,
que nos dias em que realizamos o transecto, as poucas áreas vegetadas, em sua maioria
estavam queimadas. Posteriormente passamos por uma área residencial até chegarmos ao
trevo de acesso a Campo Verde, na porção sul da cidade, região mais aberta com a presença
de uma área de preservação permanente, seguimos alguns metros na BR 251, até chegarmos à
entrada do Bairro São Sebastião.
Este bairro, localizado na porção leste da cidade, é o mais populoso de Chapada dos
Guimarães, local que população trabalhadora da cidade reside. O trajeto percorreu o interior
do bairro, que apresenta pouca vegetação e as construções são próximas umas das outras, e na
sua maioria são térreas. Saindo do bairro São Sebastião, na extremidade, tem-se a presença de
63

uma área de pastagem. Dando seqüência, percorremos outro bairro residencial com presença
de vegetação de alto porte e casas mais afastadas com terrenos vazios entre elas.
Mais a frente, passamos por um local conhecido por todos na cidade, a piscina pública,
(que atualmente esta desativada), caracterizado com presença de vegetação e um córrego. O
percurso seguiu para o centro da cidade na direção norte, passando pelas duas avenidas
principais, onde está localizado o comércio de Chapada dos Guimarães, a praça central,
diversos bares e restaurantes, que atraem muitos turistas para essa área. E por fim, passamos
por áreas residências próximas ao centro da cidade, até chegarmos no ponto final, o trevo de
acesso á cidade, conforme figura 10.
64

Figura 10: Roteiro pré- estabelecido para o transecto, a linha vermelha foi o trajeto percorrido.
Fonte: Imagem do Google Earth, obtida em 2008.
65

Com os dados coletados pelo transecto móvel, foram realizados gráficos juntamente
com o perfil da cidade de Chapada dos Guimarães, para facilitar a visualização das diferenças
intra-urbanas encontradas. Também com esses dados foram realizados mapas de interpolação
espacial de temperatura do ar mediante aplicação de recursos de Sistema de Informação
Geográfica – SIG, mas especificamente com a aplicação de um método de interpolação
espacial, utilizando o software Arc Gis 3.2. O objetivo era criar uma superfície de distribuição
espacial dos valores de temperatura do ar a partir dos dados amostrados, de modo a obter uma
visualização espacial do clima intra-urbano em Chapada dos Guimarães.
Para tanto, foi estabelecido o mesmo ponto de coleta dos dados de temperatura do ar e
umidade do ar, no qual foram tiradas as coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude
coletados com GPS). Assim no software Arc Gis, foi realizada uma interpolação com as
coordenadas geográficas e os dados de temperatura do ar, gerando mapas de interpolação com
escalas de cores, a cor mais clara refere-se a temperaturas mais amenas e as cores mais
escuras referem-se a locais mais aquecidos. Através desse mapeamento, fica visível a
espacialização das diferenças da temperatura intra-urbanas.

5.3 - Comparações entre atributos climáticos de Chapada dos Guimarães e


Cuiabá, 2008

Para as comparações climáticas entre as duas cidades foram utilizados dados


climatológicos coletados no ano de 2008 em duas estações meteorológicas fixas semelhantes
(figura 07) instaladas nas duas cidades.
A estação de Chapada dos Guimarães está instalada nas coordenadas: 15º27’30”S e
55º45’14”O e 796m de altitude, numa área próxima ao centro da cidade, área de baixa
densidade construída, com predominância de casas de veraneio, com até dois pavimentos e
terrenos vazios entre as casas. Nesses terrenos na época da seca, o fogo faz a limpeza do
terreno.
A estação de Cuiabá está localizada nas coordenadas 15º 36’ 34,5”S e 56º 05’ 29,6”O,
com altitude de 218 m, próxima a região comercial central antiga, área densamente
urbanizada. Nesse local predominam edificações de 1 e 2 andares intercalados com edifícios
isolados de médio porte, sendo que os espaços entre as construções são muito reduzidos ou
inexistente. A vegetação também é escassa.
As variáveis climatológicas, referentes ao ano de 2008, foram tabuladas e processadas
através do software Microsoft Excel, organizando assim gráficos com médias diárias das
66

temperaturas máximas, mínimas, médias, da umidade relativa do ar e da velocidade média e


máxima dos ventos, demonstrando as diferenças médias diárias anuais entre as duas cidades.
Visando comparar detalhadamente um episódio climático observado nas duas cidades
foram selecionados dados referentes ao mês de agosto, período em que a ocorrência de chuvas
é quase nula. Para tal finalidade foram utilizados dados absolutos de temperatura e umidade
do ar, registrados nos horários das 09h, 15h e 21h. Estes dados foram organizadas em
planilhas e gráficos no software Microsoft Excel para análise e visualização das diferenças
reais diárias entre as duas cidades.
67

6.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 – Síntese sinótica mensal de 2008 atuante na região

A circulação geral e regional da atmosfera tem suma importância na formação das


condições climáticas locais. Por meio da análise da síntese sinótica mensal disponibilizada
pelo CPTEC (INPE), observamos importantes variações nas condições climáticas locais. No
mês de janeiro de 2008, observou-se a atuação principalmente do sistema ZCAS – Zona de
convergência do Atlântico sul, juntamente com o sistema de alta pressão provocando
acumulados de chuva acima de 100mm na região norte de Mato Grosso e temperaturas
elevadas.
O início e final de fevereiro de 2008, foi marcado pela presença da Zona de
Convergência do Atlântico Sul- ZCAS, causando chuvas fortes e acumuladas. No segundo
período deste mês (dias 15 a 29), ocorreu a presença de ventos de norte em grande parte da
Região Norte e MT, reforçando a convergência de massa e umidade quando da formação de
ZCAS.
Em março teve-se a atuação das ZCAS, provando chuvas fortes no inicio do mês. Por
volta do dia 10, a frente fria que chegou ao sul do país, trouxe umidade para a região centro-
oeste. Devido à presença do Jato Subtropical que esteve mais intenso durante todo o mês,
principalmente ao longo dos primeiros 10 dias, favoreceu a intensificação das chuvas sobre o
Estado de Mato Grosso. Os ventos anômalos de quadrante norte penetraram até Mato Grosso
e favoreceram as chuvas no estado.
No início de abril, um sistema frontal formou-se no Atlântico, avançou principalmente
pelo litoral, atingindo também a região central de Mato Grosso. Em seu percurso, este sistema
frontal provocou chuvas e queda de temperatura, caracterizando assim, o primeiro evento de
friagem do ano. Nos dias 14 e 15, outro sistema frontal atingiu o estado, sendo o segundo
evento de friagem do ano. No final do mês (dias 28 a 30) e início de maio, outro episódio de
friagem atingiu o estado, o terceiro do ano, provocando quedas bruscas de temperatura.
No final do mês de maio, outro sistema frontal atingiu o estado. A massa de ar frio
associada a está frente foi responsável pela queda da temperatura, caracterizando o quarto
evento de friagem do ano.
Junho de 2008, no início do mês, ocorreu o fenômeno de friagem, causado pela frente
fria e pela massa de ar sub-polar, chegando a Mato Grosso com queda na temperatura. No dia
07 deste mês, ocorreu uma baixa na umidade relativa do ar, provocada pela massa de ar seco.
No dia 20 deste mesmo mês, um ciclone extratropical associado a um sistema frontal penetrou
68

até o sul da Região Norte do país, configurando um novo episódio de friagem (o sexto do ano
que atinge o MT). Um exemplo da circulação regional para esse período pode ser visualizado
na figura 11.

Figura 11: Imagens de satélite Goes, dias 26 e 27/06/08, mostrando


a dinâmica climática da América do Sul.
Fonte: CPTEC/INPE

Em todo o mês de julho em Mato Grosso, a umidade relativa do ar esteve baixa,


chegando a valores críticos (até 18%) devido a presença da massa de ar seco.
No mês de agosto, a continuação da atuação da massa de ar seco, deixou a umidade
relativa do ar baixa, e nos dias 18,19 e 20, a umidade do ar teve seus menores índices
registrados do ano no estado e no país, (13% em Cuiabá) devido a Alta em 500 hPa.
Já no mês de setembro, durante a primeira quinzena, registrou-se um evento de
friagem, o sétimo do ano, que provocou queda nas temperaturas. Nos dias 21 e 22, ocorreu o
oitavo evento de friagem, devido a penetração de uma massa de ar frio.
No início de outubro em Mato Grosso ocorreram temporais devido a difluência em
altitude e convergência de umidade. Também ocorreram fortes convecções devido ao
deslocamento de cavado. Nos dias 10 e 11 ocorreram chuvas fortes no estado com queda de
granizo (Tangará da Serra), devido a áreas de instabilidade em médios e altos níveis da
troposfera, aliados ao forte calor em superfície.
Em novembro, no início do mês, com a convergência de umidade, calor e cavado em
250 e 500 hPa, ocorreram pancadas fortes de chuva em quase todo o estado. Nos dias 06, 07 e
69

08 tem-se o início do processo de ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul- com


intensa convecção. Nos dias 13 a 22 deste mês, ocorreram chuvas fortes, devido a atuação da
ZCAS, na figura 12, observamos a forte presença de nuvens na região centro-oeste do Brasil.

Figura 12: Imagens de satélite Goes, dias 10 e 11/11/08, representando a dinâmica


climática na America do Sul.
Fonte: CPTEC/INPE

O mês de dezembro foi caracterizado pela presenças das ZCAS- Zona de


Convergência do Atlântico Sul- provocando chuvas durante este período.
Observando os sistemas atmosféricos, estes atuam como definidores gerais do ritmo
mensal – anual dos elementos climáticos em Chapada dos Guimarães.

6.2- Variações climáticas de Chapada dos Guimarães em 2008

Para melhor visualizar e compreender a regularidade dos resultados referentes ao ano


de 2008, coletados na estação fixa, optou-se por apresentá-los comparativamente por
trimestres. Dessa forma, os valores brutos diários horários de temperatura, umidade do ar,
velocidade e direção dos ventos foram organizados em tabelas trimestrais.
No primeiro período de 2008, referente aos meses de janeiro, fevereiro e março,
condizem com a estação das chuvas, com temperaturas mais amenas. O segundo trimestre,
abril, maio e junho caracterizam-se pela fase de transição, com diminuição das chuvas
principalmente nos meses de abril e maio. Já nos meses de julho, agosto e setembro, a estação
seca está no auge, registrando nesse período as temperaturas máximas. E no último trimestre,
70

outubro, novembro e dezembro, também é uma fase de transição, o início das chuvas
especialmente em outubro e novembro.
No primeiro trimestre os valores da temperatura média do ar variaram de 17 a 29ºC e a
temperatura mais freqüente foi 21,2ºC, com 84 registros. No segundo trimestre de 2008, as
temperaturas médias tiveram uma amplitude maior, variando entre 10 a 30ºC, e a temperatura
com maior freqüência também estava entre 20 a 22ºC. Nos meses de julho, agosto e setembro
a temperatura média do ar mais freqüente foi de 24 ºC, mas nesse trimestre o intervalo de
variação da temperatura foi maior, de 09 a 33ºC. Já no último trimestre de 2008, a
temperatura variou entre os 16ºC a 34ºC, e o valor mais freqüente foi de 21ºC (figura 13).

Figura 13: Distribuição de freqüência da temperatura média do ar em 2008, em Chapada dos


Guimarães – MT.

Para a temperatura máxima absoluta do ar, conforme figura 14, os meses de janeiro,
fevereiro e março apresentaram valores entre 18 a 29ºC, as temperaturas mais freqüentes
estavam no intervalo de 20 a 22ºC, e a temperatura máxima absoluta nesse trimestre foi de
28,9ºC, com um registro. No segundo trimestre essa variável esteve no intervalo dos 10 aos
71

30ºC, a temperatura mais freqüente foi na casa dos 22ºC e a máxima absoluta alcançada nesse
período foi de 30,1ºC com dois registros. Para os meses de julho, agosto e setembro, a
temperatura máxima teve uma amplitude maior, de 9 a 35,2ºC, a temperatura mais freqüente
desse período foi de 25,9ºC, com 40 registros, o que chama atenção para esse trimestre é a
máxima alcançada, a máxima do ano, 35,2ºC. Já no último trimestre do ano, a temperatura
máxima variou entre os 15,9 a 34,3ºC, e a temperatura mais freqüente foi de 21,9ºC com 40
registros.

Figura 14: Distribuição de freqüência da temperatura máxima do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT.

A predominância de altas temperaturas na região explica-se pela combinação de


fatores físico-geográficos, como posicionamento continental, extensão latitudinal, relevo, e
fatores dinâmicos produzidos pela circulação atmosférica decorrente do posicionamento dos
centros de alta e baixa pressão (Nimer, 1988).

As temperaturas mínimas absolutas do ar em Chapada dos Guimarães, figura 15, no


primeiro trimestre de 2008, variaram de 17,9 a 27,9ºC, o valor mais freqüente foi de 21,8ºC,
72

com 94 registros, já o valor mínimo registrado foi de 17,9ºC. No segundo trimestre de 2008,
as temperaturas variaram entre os 9,7 a 28,7ºC, a temperatura mais freqüente foi de 21,7ºC
com 44 registros. Nos meses de julho, agosto e setembro têm-se o registro da menor
temperatura do ano, alcançando 8,9ºC. Nesse período o intervalo foi maior, de 8,9 a 33,6 ºC, a
temperatura mais freqüente está na casa dos 21ºC. Para o último trimestre de 2008, o intervalo
foi de 15,7 a 33,3 ºC, nesse período o valor com mais registros (45) foi de 20,4 ºC.

Figura 15: Distribuição de freqüência da temperatura mínina do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães – MT.

A umidade relativa do ar (figura 16) no primeiro trimestre de 2008, variou entre os 59


a 100%, sendo que o valor extremo 100% foi registrado apenas uma vez. O valor mais
registrado foi de 98% com 424 registros, e a média para esse período foi de 88,4%. No
segundo trimestre de 2008, observa-se o intervalo maior, que vai dos 33 a 100%, e o valor
máximo também foi registrado uma vez. A média para o segundo trimestre foi de 79,7% e o
valor mais freqüente também foi de 98% com 247 registros. Para os meses de julho, agosto e
setembro os intervalo foi maior de 17 a 98%, o valor mais freqüente de 33% com 87 registros.
Nesse trimestre a umidade relativa apresentou os menores valores do ano, atingindo os 17% e
73

a média foi de 46,6%. Nos últimos três meses do ano, a umidade relativa do ar voltou a atingir
100%, variando dos 24 a 100%, e o valor mais freqüente foi 98% com 156 registros, e a
média deste triênio foi de 78,7%.

Figura 16: Distribuição de freqüência da umidade relativa do ar, em 2008, em Chapada dos
Guimarães- MT.

A velocidade média do vento, figura 17, para o primeiro trimestre de 2008, teve uma
média de 1,92 m/s, no intervalo de 0,0 a 7,20 m/s, o valor mais freqüente foi 1,30 m/s, com
504 registros. Para o segundo trimestre de 2008, essa variável obteve uma média de 2,37m/s
no mesmo intervalo do primeiro trimestre, e a velocidade mais freqüente foi de 1,80 m/s com
371 registros. Nos meses julho, agosto e setembro, a média foi de 2,56 m/s, no intervalo de
0,0 a 8,0 m/s, com velocidade mais freqüente de 2,20 m/s com 16% dos valores totais desse
período. E para o último trimestre de 2008, essa variável apresentou valores freqüentes de
zero (471 registros) oriundos de problemas na estação (do dia 23/11 a 08/12 não houve
74

registros da velocidade do vento e direção do vento, porém o programa registrou o valor 0,0
m/s) dificultando as análises desses dados. Mesmo com esse problema, a média desse
trimestre foi de 1,67 m/s e a intervalo foi ate 8,0 m/s.

Figura 17: Distribuição de freqüência da velocidade média do vento, em 2008, em Chapada dos Guimarães
– MT.

A velocidade máxima do vento (figura18), no primeiro trimestre de 2008 estava no


intervalo de 0,0 a 17 m/s, com média de 4,78 m/s e a velocidade mais freqüente foi de 4,5 m/s
com 279 registros. Para o segundo trimestre, o intervalo foi o mesmo, com média de 5,51 m/s
e a velocidade máxima mais freqüente foi de 5,4 com 172 registros. Para o terceiro trimestre
de 2008, essa variável, teve uma média de 6,04 no intervalo de 0,0 a 15,2 m/s e mais
freqüente foi 4,9 m/s com 190 registros. Para o último trimestre, a variável esteve no intervalo
de 0,0 a 17,4 m/s, desconsiderando a freqüência da velocidade 0,0 (mais registrada devido aos
problemas) a mais freqüente foi de 2,7 m/s com 152 registros e a média foi de 4,4 m/s. A
velocidade máxima registrada no ano esteve no ultimo trimestre atingindo 17,24 m/s com
apenas um registro.
75

Figura 18: Distribuição de freqüência da velocidade máxima do vento, em 2008, em Chapada dos
Guimarães –MT.

A direção predominante do vento de Chapada dos Guimarães (figura 19) nos três
meses iniciais foi de NNE (norte-nordeste) com 521 registros. Para o segundo trimestre a
direção predominante foi de S (sul) com 490 registros. Para os meses de julho, agosto e
setembro a predominante foi S (sul) também com 302 registros. E para o último trimestre do
ano a predominante voltou a ser a NNE (norte-nordeste) com 269 registros.
76

Figura 19: Distribuição de freqüência da direção do vento, em 2008, em Chapada dos Guimarães

A precipitação total registrada de janeiro a outubro, figura 20, foi de 1364,8 mm.
Nota-se que o mês mais chuvoso foi janeiro com total de 393,4mm, e os meses de julho e
agosto não tiveram registros de chuva. Nota-se na cidade de Chapada dos Guimarães um
regime de precipitações tipicamente tropical que se caracteriza por apresentar precipitações
máximas no verão e mínimas no inverno.

Variação m ensal da precipitação (m m )

400
370
340
310
totais (mm)

280
250
220 Precipitação
190
160
130
100
70
40
10
jan fev mar abr mai jun jul agos set out

Meses

Figura 20: Totais mensais de precipitação observados em Chapada dos Guimarães –MT, em 2008.
77

O dia mais quente em Chapada dos Guimarães foi dia 25/09/08 as 13h, atingindo o
valor absoluto de 35,2ºC. E o dia mais frio na cidade foi dia 07/09/08 as 02 e 03 h alcançando
8,9ºC.

6.3 - Variações climáticas horárias mensais de Chapada dos Guimarães em


2008

As análises realizadas com dados horários mensais (figura 21 e 22) mostraram que em
2008, Chapada dos Guimarães apresentou uma curva normal de temperatura alcançando os
maiores valores durante o período diurno, mas especificamente entre as 13 a 15h e as menores
temperaturas foram registradas entre as 04 e 06h. Nota-se que nos meses de julho, agosto,
setembro e outubro, as temperaturas formam mais elevadas. Já as temperaturas mais amenas
foram registradas nos meses de maio e junho, alcançando a média mínima de 18ºC.
A respeito da umidade relativa do ar em 2008, os valores máximos foram registrados
no período noturno e início da manhã, alcançando a média de 95,3% às 07h do mês de
janeiro. Nos meses de janeiro à junho essa variável esteve entre 70 a 95%. Mas o que chama
atenção é para meses mais secos do ano, julho, agosto e setembro, no qual chegou a registrar
33,2% as 12h no mês de agosto. No mês de outubro a umidade relativa volta a subir,
alcançando em novembro e dezembro a curva similar ao inicio do ano.
A velocidade média do vento variou entre 1 a 4,0 m/s. Nos meses de julho e agosto
observa os maiores picos da velocidade média, alcançando 3,9m/s as 10 h. O mês em que se
notou maior calmaria correspondeu a julho, mês da estação seca, registrando uma média de
0,9m/s alcançado as 17h. No mês de novembro e dezembro nota-se uma queda na linha média
do vento, (0,5 a 2 m/s apenas). Essa diminuição foi associada a problemas na estação
(problemas não identificados, nesse período, três semanas, não registraram valores de
velocidade do vento, interferindo nas médias horárias). Para a velocidade máxima dos ventos,
a curva alcançou alguns valores superiores a 8 m/s, com o valor máximo de 8,5 m/s as 10h no
mês de julho e as 11h em setembro.
78
Variação horária da tem peratura m édia do ar (ºC) em 2008
35,0

30,0

25,0

20,0

Temperatura (ºC)
15,0

10,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19

horas
Temperatura média

Variação horária da tem peratura m áxim a do ar (ºC) em 2008


35,0

30,0

25,0

20,0

Temperatura (ºC)
15,0

10,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19

horas Temperatura máxima

Variação horária da tem peratura m ínim a do ar (ºC) em 2008


35,0

30,0

25,0

20,0

Temperatura (ºC)
15,0

10,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19

Horas Temperatura mínima

Figura 21: Variações horárias mensais de temperatura (média, máxima e mínima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães- MT.
79
Variação horária da um idade relativa do ar (%) em 2008

100,0

90,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0

Umidade relativa (%)


30,0

20,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19

Horas
Umidade relativa do ar (%)

Variação horária da velocidade m édia do vento (m /s) em 2008


4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5

Velocidade (m/s)
1,0
0,5
0,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19

Horas
Velo cidade média do vento (m/s)

Variação horária da velocidade m áxim a do vento (m /s) em 2008

9,0

8,0

7,0

6,0

5,0

4,0

Velocidade (m/s)
3,0

2,0

1,0
n 7 v 7 ar 7 r 7 ai 7 n 7 l 7 s 7 t 7 t 7 v 7 z 7
ja 13 19 fe 13 19 m 13 19 ab 13 19 m 13 19 ju 13 19 ju 13 19 ag 13 19 se 13 19 ou 13 19 no 13 19 de 13 19

Horas Velo cidade máxima do vento (m/s)

Figura 22: Variações horárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento ( média e máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães- MT.
80

6.4 – Variações climáticas diárias mensais de Chapada dos Guimarães em


2008

Nas análises realizadas com dados diários (médias do dia), figura 23 e 24, nota-se o
ritmo das variáveis climatológicas durante o decorrer de um ano, enfatizando as diferenças do
período das chuvas e da seca.
A temperatura média diária do ar no ano de 2008 variou entre 10 a 30ºC. De janeiro a
março (período das chuvas) essa variável estava bem uniforme, entre os 20 a 25ºC. É típico
desse período, a instabilidade do tempo com a ocorrência de chuvas, as quais provocam queda
da temperatura através do resfriamento da superfície e do ar.
Em abril até final de junho a temperatura média oscilou mais (de 11 a 25ºC),
apresentando os menores valores do ano, pois é nesse período que as frentes frias chegam à
região e são as responsáveis pelo registro das baixas temperaturas. Estas frentes provocam a
queda brusca da temperatura caracterizando o fenômeno conhecido localmente como
“friagem”.
De julho até final de outubro (período da seca) a curva normal foi ascendente,
apresentando valores mais elevados, chegando próximo aos 30ºC. Já nem novembro e
dezembro (inicio do período das chuvas) a curva voltou a ficar mais uniforme, variando entre
19 a 26ºC. O dia mais quente em 2008 foi 15 de outubro, atingindo a média de 30,4ºC. Já o
dia mais frio em 2008 foi 30 de maio, atingindo a média do dia de 11,2ºC.
Na variável da umidade relativa do ar, o que tem destaque são os meses de julho a
setembro, com médias diárias baixas, alcançando no dia 24 de setembro a média de 27,9% (a
mais baixa do ano). O valor médio diário mais alto da umidade foi de 99,0% alcançado no dia
17 de abril.
A velocidade média do vento variou entre os 0,5 m/s a 6,5 m/s no decorrer do ano de
2008, porém entre os dias 24 de novembro a 7 de dezembro a velocidade média foi nula, isso
devido a problemas na estação. Em setembro a novembro a velocidade média se apresentou
mais irregular, com picos maiores. Já para a velocidade máxima diária, no dia 6 de setembro
essa variável alcançou seu máximo, com 12,6 m/s. Valor similar (12,5 m/s) também foi
registrado no dia 02 de maio. Os demais registros estavam na faixa dos 2 a 10 m/s. Em geral,
observa-se que o intervalo entre junho a final de agosto mostra-se menos ventilado,
caracterizando a estabilidade do tempo atmosférico na estação seca.
81
Variação anual da Tem peratura Média do Ar (ºC)

35,0

30,0

25,0

20,0

15,0

Temperatura do ar
10,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago
Dias Temperatura M édia

Variação anual da Tem peratura Máxim a do Ar (ºC) em 2008

35,0

30,0

25,0

20,0

Temperatura do Ar
15,0

10,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago
Dias Temperatura M áxima

Variação anual da Tem peratura Mínim a do Ar (ºC) em 2008

35,0

30,0

25,0

20,0

Temperatura do ar (ºC)
15,0

10,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago

Dias
Temperatura M ínima

Figura 23: Variações diárias mensais da temperatura do ar ( média, máxima e mínima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT.
82
Variação anual da Um idade Relativa do Ar (%) em 2008
100,0

90,0

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0

Umidade Relativa (%)


30,0

20,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago
Dias
Umidade Relativa (%)

Variação diaria da velocidade média vento (m/s)


14,0

12,0

10,0

8,0

6,0

Velocidade (m/s)
4,0

2,0

0,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago
Dias
Velo cidade média vento

Variação diaria da Velocidade máxima do vento (m/s)


14,0

12,0

10,0

8,0

6,0

Velocidade (m/s)
4,0

2,0

0,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23
30

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago

Dias
Velocidade máxima do vento

Figura 24: Variações diárias mensais da umidade do ar e velocidade do vento (média e máxima) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães-MT
83

6.5 – Variações intra-urbanas de Chapada dos Guimarães

6.5.1 - Uso do solo

O mapeamento do uso do solo de Chapada dos Guimarães que propomos neste


trabalho procurou dar conta de expressar a dinâmica urbana, observando principalmente a
densidade de construções. O uso do solo foi categorizado em cinco classes distintas: ocupação
média, ocupação baixa, áreas abertas, áreas verdes e condomínios fechados.

Desse modo, o mapa apresentado na figura 25 caracteriza-se como produto de um


conjunto de esforços no sentido de mapear o uso do solo de Chapada dos Guimarães com
intuito a orientar os estudos de clima urbano.

●Ocupação média– essa categoria de uso do solo é formada por bairros de classe
social diversa. Conjuntos habitacionais populares consolidados, como é o caso do São
Sebastião, o bairro mais populoso de Chapada dos Guimarães, bem como a área central da
cidade e os bairros de classe média-alta próximos a área central. Nessa classe predomina as
áreas ocupadas por construções residenciais e comerciais de até dois pavimentos.

Na área central da cidade, estão concentradas as edificações destinadas ao comércio e


serviços da cidade. Caracteriza-se por alto percentual de vias pavimentadas, pelo fluxo
constante de automóveis e pessoas. A superfície ocupada por vegetação é reduzida, uma vez
que os lotes vazios são em menor quantidade, prevalecendo à área construída. A vegetação
existente nessas áreas mais urbanizadas é representada pelos quintais das residências e pelas
árvores de porte médio presentes em calçadas e canteiros das avenidas (arborização viária).
●Ocupação baixa – essas áreas são encontradas ao redor do centro da cidade e nos
bairros mais distantes. São compostas pelos bairros de população de baixa renda distantes da
área central apresentando construções num padrão horizontal de apenas um pavimento. Os
bairros de classe média-alta, também estão localizados nessas áreas de ocupação baixa, porém
estão mais próximas da área central e das áreas verdes, apresentando construções de até dois
pavimentos. As construções nessa classe estão dispostas de maneira esparsa com a presença
marcante de lotes vazios entre os mesmos, os quais superam a área construída. É comum a
não pavimentação das ruas, apresentando solo desnudo e a pouca cobertura vegetal nos vazios
intersticiais. São áreas que deveriam ser privilegiadas em relação à cobertura vegetal, mas na
84

verdade há pouca vegetação. Pode ser observada ainda a presença de pequenas pastagens e de
locais com características rurais.

● Área aberta- áreas onde a vegetação nativa foi removida para dar lugar a
loteamentos e a zonas de expansão urbana. Essas áreas caracterizam-se quanto ao uso físico
do espaço urbano por apresentarem solo nu e em alguns casos com pouca vegetação,
representada por vegetação original e secundaria, com espécies do Cerrado, Mata de Encosta,
pastagens, vegetações arbustivas e rasteiras. Podem ser observadas principalmente próximas
as áreas verdes da região periférica da cidade e também nas zonas de Baixa Densidade
Urbana. Algumas áreas possuem usos rurais correspondendo a pequenas chácaras e outras são
cobertas por pastagens.

● Área verde - é composta principalmente pelas matas ciliares ao longo dos rios e
córregos, pela vegetação do cerrado remanescente nas imediações da cidade, também por uma
área de preservação permanente na cidade.
● Condomínios fechados – os condomínios fechados estão inseridos nas áreas abertas
e possuem características especificas, com vegetação ao entorno, muros, cercas, casas de alto
padrão.
85

Figura 25: Mapa da cidade de Chapada dos Guimarães- MT – categorias de uso do solo.

Observamos que a área urbana de Chapada dos Guimarães ainda apresenta áreas
verdes, mas o que mais chama a atenção são as áreas com ocupação baixa, esparsas e as áreas
abertas, sem nenhuma ocupação.
86

6.5.2 – Análise sinótica do mês de agosto de 2008

As observações das condições da circulação atmosférica regional, (CPTEC) não


demonstraram uma grande variação nas condições atmosféricas para o mês de agosto de 2008.
Durante grande parte deste mês, houve o predomínio de uma ampla massa de ar seco
sobre o centro-norte do continente. A presença deste sistema inibiu a formação de
nebulosidade em grande parte do interior do Brasil desde o norte da Região Sul, Centro-
Oeste, Sudeste, grande parte do interior da Região Nordeste e sul da Região Norte, conforme
figura 26.
O movimento vertical descendente (subsidência) traz associado uma forte compressão
adiabática que ajuda a elevar ainda mais as temperaturas e diminuir a umidade relativa do ar.
Este padrão contribuiu de forma decisiva para que a atmosfera ficasse anomalamente mais
seca sobre grande parte do interior do Brasil. A falta de umidade e nebulosidade fez com que
a radiação solar incidente fosse mais intensa. Por outro lado, a falta de nebulosidade e
umidade também ajudou a intensificar a perda radiativa durante a noite.

Figura 26: Imagem de satélite Goes do dia 18-08-08.


Fonte: CPTEC/INPE
87

6.5.3 - Variações térmicas intra-urbanas dos dias 16 a 18 de agosto de 2008

Neste subitem serão apresentados e analisados os dados de temperatura e umidade


relativa do ar coletados através das medidas itinerantes. A coleta de dados realizada através de
transecto móvel foi efetuada nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2008 às 20h. Essa mês foi
escolhido para realizar o trabalho de campo por ser o auge do período da seca, com ausência
de chuvas, com temperaturas que alcançam seu máximo anual e com a umidade relativa do ar
alcança seu mínimo. Nos três dias de trabalho de campo, o céu estava claro e limpo, sem
presença de nuvens.
A figura 27, ilustra o comportamento do perfil térmico horizontal medido pelo
transecto móvel, às 20h. O perfil da ocupação do solo é esquematizado no eixo em paralelo ao
eixo horizontal dos gráficos. No dia 16/08, a temperatura do ar apresentou uma amplitude de
4,7ºC, o ponto 01 refere-se a entrada da cidade, com presença marcante de construções com
pouca vegetação estava mais aquecido com 24ºC e o ponto 31, local com presença marcante
de vegetação, o mais fresco apresentando 19,3ºC. No dia 17/08, a temperatura se apresentou
de forma similar com amplitude de 3,3ºC. No dia 18/08 a amplitude foi menor que os outros
dias, com 2,5ºC de diferença.
A Tabela 3 mostra os pontos onde foram encontradas as maiores e menores
temperaturas para cada transécto realizado.

TABELA 3– Comparação entre as maiores e menores temperaturas encontradas nas medidas


móveis.

Dia Temperatura Ponto do Temperatura Ponto do Amplitude


Máxima transecto com Mínima transecto com
a Tem. Máx da Tem. Min.
16/08/08 24ºC 01 19,3ºC 31 4,7 ºC
17/08/08 25,3 ºC 01 22 ºC 31 3,3 ºC
18/08/08 25,4 ºC 28 22,9 ºC 13 2,5 ºC
88

Tem peratura do ar (ºC) do dia 16/08/08 às 20h Temperatura do ar


30

27

24

21

18
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Tem peratura do ar (ºC)do dia 17/08/08 às 20h Temperatura do ar (ºC)


35

32

29

26

23

20

Temperatura do ar (ºC)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Tem peratura do ar (ºC) do dia 18/08/08 às 20h Temperatura do ar (ºC)


35
32
29
26
23
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

alt it ude
840
835
830
825
820
815

Altitude
810
805
800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Figura 27: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de Chapada dos Guimarães-MT
89

Pode ser observado que a curva da temperatura para os três dias estava similar, sempre
apresentando as menores temperaturas nos pontos 13 e 31, regiões com muita vegetação, ou
seja, em locais com alto índice de área verde.
Referente à umidade relativa do ar, figura 28, às 20h, a curva dessa variável se
apresentou semelhante nos três dias de coleta de dados. No dia 16/08, a umidade relativa teve
uma amplitude de 3,8%, já para o dia 17/08, a amplitude foi de 5,1% e para o dia 18/08 foi de
4,5%. A tabela 4 mostra os pontos onde foram encontradas as maiores e menores
porcentagens da umidade relativa do ar para cada transécto realizado.

TABELA 4 – Comparação entre as maiores e menores taxas de umidade relativa do ar


encontrada nas medidas móveis.

Dia Umidade Ponto do Umidade Ponto do Amplitude


relativa do ar transecto com relativa do ar transecto com
Umid. Máx Umid. Min.
16/08/08 49% 32 45,2% 2,3,22,23 3,8%
17/08/08 46,7% 12 41,6% 22 5,1%
18/08/08 51,1% 32 46,6% 03 4,5%

Portanto, como observado na temperatura do ar, os menores índices foram registrados


nas áreas com presença de vegetação, e a umidade relativa, apresentou os maiores índices
nessas mesmas áreas.
90
Um idade do ar(%) do dia 16/08/08 às 20h Umidade do ar(%)
50

45

40

35

Umidade Relativa do ar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Um idade Re lativa do ar (%) do dia 17/08/08 às 20h Umidade Relat iva do ar (%)
50

45

40

35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Um idade relativa do ar (%) do dia 18/08/08 às 20h


Umidade relat iva do ar (%)

50

45

40

35

Umidade relativa do ar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

alt it ude
840
835
830
825
820
815

Altitude
810
805
800
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Figura 28: Variações horizontais da temperatura do ar associada ao perfil da cidade de Chapada dos Guimarães-MT
91

6.5.4 – Espacialização das características térmicas intra-urbanas

A espacialização dos dados nos permite visualizar os dados coletados em campo em


sua respectiva área, representados no mapa temático. Nas figuras 29, 30 e 31, observamos os
dados de temperatura do ar, coletados através das medidas itinerantes, (transécto móvel),
porém espacializados na área urbana de Chapada dos Guimarães, visualizando as diferenças
nessa variável. As cores mais claras são áreas com temperaturas mais amenas e condizem com
as áreas vegetadas da cidade. E as cores mais escuras representam as áreas com temperaturas
mais elevadas, a área central da cidade, os bairros de classe média alta e os bairros de classe
média baixa.

Figura 29: Espacialização da temperatura do ar do dia 16/08/08 às 20h na área urbana de Chapada dos
Guimarães- MT.
92

Figura 30: Espacialização da temperatura do ar do dia 17/08/08 às 20h na área urbana de Chapada dos
Guimarães- MT.

Figura 31: Espacialização da temperatura do ar do dia 18/08/08 às 20h na área urbana de Chapada dos
Guimarães- MT.
93

Verifica-se, observando a espacialização dos valores de temperatura do ar, que os as


áreas com presença de vegetação definiram-se como as regiões mais frias da cidade. Os dados
demonstraram a importância da vegetação como atenuante da temperatura e responsável pela elevação
da umidade relativa do ar intra-urbana em Chapada dos Guimarães.
Em Chapada dos Guimarães grande parte da cidade é formada por zonas residenciais com
ocupações horizontais e verticais de no máximo dois pavimentos. Com a ausência de edifícios, as
casas de dois ou três pavimentos se localizam nos bairros de classe média- alta e separadas umas das
outras por terrenos vazios, e os demais bairros residenciais estão distantes, espaçados na cidade
facilitando a circulação do ar, fatores que acabam favorecendo para o equilíbrio do campo térmico da
cidade. O que de fato interfere diretamente no campo térmico dessa cidade, principalmente no período
da seca, são as queimadas urbanas. Como são muitos os lotes, terrenos não ocupados estes são limpos
pelo fogo, aquecendo o ar.
Assim, com exceção dos parques, as áreas verdes, como praças e vegetação de quintal
parecem não ser suficientes para amenizar o aquecimento do ar provocado pelo
armazenamento de calor nas edificações, no asfalto das ruas e avenidas e com a inserção de
calor emitida pelos veículos automotores que trafegam na cidade diariamente.

6.6 – Comparações entre dados climatológicos observados em Chapada dos


Guimarães e Cuiabá

Para finalizar o trabalho foi realizada uma breve comparação entre dados de
temperatura e umidade relativa do ar de Chapada dos Guimarães e Cuiabá, observadas no ano
de 2008. Ambas as cidades estão situadas em latitudes semelhantes, mas com altitudes
diferentes e com características do relevo totalmente diferenciadas.
Chapada dos Guimarães é uma cidade de pequeno porte com altitude média de 800m,
localizada nas bordas do Planalto dos Guimarães, Cuiabá está numa altitude média de 170m,
localiza-se numa depressão, mais conhecida como baixada Cuiabana.
Além dos aspectos físicos sendo o principal a altitude, as duas cidades apresentam
áreas urbanas com diferenças importantes quanto ao uso do solo e concentração populacional,
estrutura e funções urbanas.
Cuiabá, a capital do Estado de Mao Grosso, se localiza nas coordenadas geográficas
15º 35´ 56´´ S e 56º 06´ 01´´ W, possui uma população urbana de 576.855 habitantes, é
conhecida no cenário nacional pela rigorosidade de suas condições climáticas, principalmente
devido ao seu padrão térmico.
94

Conforme Pinho (2008), a cidade de Cuiabá passa pelo processo de verticalização


crescente, sendo considerada hoje uma das cidades médias que mais crescem no país. Ainda
segundo Pinho (op. cit.) a presença de fenômenos climáticos como a ilha de calor contribui
ainda mais para o desconforto térmico da população ao agravar a sensação térmica e reduzir
ainda mais a umidade relativa do ar, sem falar no maior dispêndio de energia para
refrigeração do ar em ambientes fechados.
Segundo o mapeamento do uso do solo de Cuiabá atualizado por Pinho (2008), a
cidade apresenta oito classes distintas, são: Centro e Corredores Comerciais (CCC); Área de
Expansão Urbana (AEU); Área Residencial de Baixa Densidade (ARBD); Área Residencial
de Média Densidade (ARMD); Área Residencial de Alta Densidade (ARAD); Verticalização
Intensa (VI); Área de Preservação Permanente (APP); Distrito Industrial (DI).
A área central da cidade é caracterizada como uma zona densamente construída,
apresenta ruas muito estreitas, construções horizontais antigas e muito próximas. O uso do
solo nessa classe são ocupadas por edificação de 1 e 2 andares intercalados com edifícios
isolados de médio porte, sendo que os espaços entre as construções são muito reduzidos ou
inexistente. A vegetação urbana nessa classe de uso do solo é escassa.
Essa área abriga as principais atividades comerciais e de serviços da cidade, bem como
os terminais de transportes urbanos e interurbanos, as ruas e avenidas asfaltadas, possui praças
com amplos espaços impermeabilizadas com cimento, estacionamentos e calçadões
totalmente revestidos com materiais diversos. Esses fatores contribuem para a geração de
calor antropogênico, por meio da produção de poluentes e também devido ao calor dissipado
pelos motores dos veículos, contribuindo para o aquecimento do ar próximo à superfície. È
nessa área que está localizada a estação climatológica automática de Cuiabá.
Cuiabá também apresenta áreas que se caracterizam pela concentração de edifícios de
grande porte, residenciais e comerciais, intercalados com construções horizontais. As áreas de
verticalização localizadas próximas ao centro principal da cidade e ao longo da Avenida
Historiador Rubens de Mendonça caracterizam por apresentarem alto grau de artificialização,
sendo o espaço existente entre os edifícios totalmente preenchido por construções horizontais.
Exemplos de ocupação na área central e da Avenida Historiador Rubens de Mendonça,
demonstrando o processo de verticalização na cidade, são mostrados nas figuras 32 e 33
respectivamente.
95

Figura 32– Vista parcial do centro principal de Cuiabá, com áreas de verticalização intensa à nordeste
e noroeste do centro antigo. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos Bergamasco,05/04/2004. Fonte:
Pinho, 2008.

Figura 33 – Vista do corredor comercial da Avenida Rubens de Mendonça em direção ao centro,


destacando a alta concentração de edifícios. Fonte: SECOM – MT. Crédito: Marcos Bergamasco,
05/04/2004. Fonte: Pinho 2008.

Os primeiros estudos comparativos entre as duas cidades foram realizados por Maitelli
(1997), no período de 1960-1987. Na figura 34 (médias mensais do período) a autora
observou que a temperatura média do ar em São Vicente, cerca de 10 km em linha reta de
Chapada dos Guimarães, não atingia os 25ºC, estando em torno dos 21 aos 24,5ºC, enquanto
que em Cuiabá, a temperatura média mensal do período variou dos 23 aos 27,5ºC. Conforme
a autora, as maiores diferenças térmicas observadas ocorreram nas temperaturas médias
mensais máximas. No planalto as médias máximas não ultrapassaram 29ºC e na baixada
96

foram observados valores de até 35ºC, sendo que nos meses de setembro e outubro
registraram-se os valores mais elevados.

Figura 34: Comparação da temperatura média mensal de Cuiabá(165m) com São Vicente (800m),
1961-1987. Fonte: Maitelli, 1997

Como se localizam próximas, as duas cidades se encontram sob o mesmo domínio das
massas atmosféricas regionais, porém apresentam diferenças de temperaturas média, máximas
e mínimas, na umidade relativa do ar, ventos, o que pode indicar uma forte influência da
altitude.
Nas figuras 35 e 36, estão evidenciadas diferenças entre variações médias diárias do
ano de 2008 nas duas cidades, referentes à temperatura média, temperatura máxima,
temperatura mínima e umidade relativa do ar. Nota-se que nos primeiros meses, janeiro,
fevereiro e março, a temperatura média diária do ar de Chapada dos Guimarães estava entre
os 20 a 25ºC enquanto em Cuiabá oscilavam entre os 30 a 35ºC.
No ano de 2008, Chapada dos Guimarães apresentou temperaturas médias diárias que não
atingiram os 30ºC, enquanto em Cuiabá foram registrados valores médios diários de até 33,4ºC.
Chapada dos Guimarães registrou uma média anual para o ano de 2008 de 22,7ºC, enquanto Cuiabá
apresentou no uma média anual de 27ºC.
Essas diferenças foram evidenciadas também nas temperaturas máximas e mínimas diárias.
Chapada dos Guimarães apresentou diversas vezes valores inferiores a 15ºC, na temperatura
mínima diária, enquanto Cuiabá apresentou uma vez o valor de 15ºC.
97

Quanto a umidade relativa do ar, de janeiro a início de julho, Chapada dos Guimarães
apresentou valores mais elevados que Cuiabá; de julho a outubro a umidade relativa do ar era
semelhante nas duas cidades. Já em setembro até dezembro a umidade do ar voltou a ser mais
alta em Chapada dos Guimarães. Essa diferença pode estar relacionada principalmente ao
fator altitude e a maior presença da vegetação em Chapada dos Guimarães, favorecendo ao
aumento da umidade do ar no período das chuvas nessa cidade.

Comparando as diferenças observadas entre as duas áreas na estação seca com as


observadas na estação chuvosa verifica-se que as intensidades foram menores, sob condições
de estabilidade atmosférica.
98
A)
Variações da temperatura média diária do ar (ºC) em 2008
35,0

30,0

25,0

20,0

Temperatura do ar (ºC)
15,0

10,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães

B)

Variação Diária da Temperatura Máxima do Ar (ºC) em 2008


35,0

30,0

25,0

20,0

15,0

Tem peratura do ar (ºC)


10,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23

J ul

Mai
Set

J un
O ut

F ev
Mar
dez

Nov

J an
Abri
Ago

Dias Cuiabá
Chapada do s Guimarães

Figura 35: Variações da temperatura média diárias (A) e temperatura máxima diária (B) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT.
99
A)
Variação diária da temperatura mínima do ar (ºC) em 2008
35,0

30,0

25,0

20,0

15,0

T em peratu ra d o ar (ºC)
10,0
n 8 r l 8 i l 8 t 9 t 9
Ja 15 22 29 F ev 1 2 19 26 M a 11 18 2 5 br i 15 22 29 Ma 13 20 27 J un 10 17 24 J u 15 22 29 os 12 19 26 S e 16 23 30 O u 14 21 28 N o v 1 1 18 2 5 de z 16 23
A Ag
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães

B)

Variação Diária da Umidade Relativa do ar (%) em 2008

100,0
90,0

80,0

70,0
60,0

50,0
40,0

30,0

Umidade Relativa do ar (%)


20,0

8
8
8
9
9

15
22
29
12
19
26
11
18
25
15
22
29
13
20
27
10
17
24
15
22
29
12
19
26
16
23
30
14
21
28
11
18
25
16
23

Jul

Mai
Set

Jun
Out

Fev
Mar
dez

Nov

Jan
Abri
Ago

Dias Cuiabá
Chapada do s Guimarães

Figura 36: Variações da temperatura mínima diária (A) e da umidade relativa do ar diária (B) do ano de 2008 em Chapada dos Guimarães e Cuiabá – MT
100

Portanto para o ano de 2008, Chapada dos Guimarães apresentou temperaturas mais amenas
que Cuiabá, em média de 4ºC inferiores, nas médias diárias de temperatura. Este fato pode estar
relacionado principalmente ao fator da altitude, uma vez que Cuiabá está a uma altitude média de
170m enquanto Chapada dos Guimarães situa-se a 800m acima do nível do mar.

6.7- Diferenças entre as estações de Cuiabá e Chapada dos Guimarães em


agosto de 2008

No mês de agosto de 2008 foram calculadas as diferenças na temperatura absoluta e


umidade do ar de Cuiabá e Chapada dos Guimarães, em três horários: 09h, 15h e 21h.
Agosto é o mês com ausência de chuvas e temperaturas elevadas, sob atuação da
massa de ar seco, deixando a umidade relativa do ar baixa. Nesse mês umidade do ar teve seus
menores índices registrados do ano no estado e no país, (13% em Cuiabá).
As diferenças térmicas calculadas entre as estações de Cuiabá e Chapada dos
Guimarães (∆TCuiabá-Chapada dos Guimarães) referentes à temperatura média do ar
mostraram que na maioria das registros Cuiabá estava mais aquecida que Chapada dos
Guimarães. Entretanto, houve momentos do dia em que as duas cidades estavam com
temperaturas semelhantes, principalmente no período matutino, registrado as 09h.

As maiores diferenças e mais expressivas foram encontradas no horário das 15h, esses
valores se concentraram no intervalo entre 3,4 a 7,5ºC de diferença. Conforme nota-se na
figura 37, as maiores diferenças verificadas referem-se principalmente nos horários, das 15h e
21h. No entanto, a maior diferença de temperatura absoluta encontrada foi no dia 16/08/08 as
21h, atingindo 7,8ºC de diferença, isso significa que Cuiabá estava 7,8ºC mais aquecida que
Chapada dos Guimarães. As menores diferenças no campo térmico nas duas cidades foram
observadas no período matutino, as 09h.
101
Variações da Tem peratura do ar ( ºC) às 09h do de agosto de 2008
40

35

30

25

20

Temperatura do ar (ºC)
15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães

Variações da tem peratura do ar (ºC) às 15h de agosto de 2008


40

35

30

25

20

Temperatura do ar (ºC)
15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães

Te m pe ratura do ar (ºC) as 21h de agos to de 2008


40

35

30

25

20

Temperatura do ar (ºC)
15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Gimarães

Figura 37: Variações horárias absolutas da temperatura do ar em Cuiabá e Chapada dos Guimarães em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h.
102

As diferenças na umidade relativa do ar calculadas entre a estação de Chapada dos


Guimarães e Cuiabá (∆TChapada dos Guimarães - Cuiabá), conforme consta na figura 38,
mostraram que no período matutino, as 09h, o intervalo foi de -32 a 18%. As diferenças
negativas se mostraram mais freqüentes nesse horário e referem-se ao maior percentual de
umidade relativa do ar em Cuiabá do que Chapada dos Guimarães. A maior diferença absoluta
nesse horário, foi registrada no dia 09 de agosto de 2008 com 32% de umidade relativa do ar
em Cuiabá a mais que em Chapada dos Guimarães.
Os dados referentes às 15h mostraram que Chapada dos Guimarães apresentou maior
percentual de umidade relativa do ar, atingindo uma diferença de 17% superior a Cuiabá no
dia 23 de agosto. Nesse horário o intervalo das diferenças entre Chapada dos Guimarães e
Cuiabá foi -1 a 17%. A umidade relativa do ar referente às 21h, também mostrou-se mais
elevada em Chapada dos Guimarães em comparação a Cuiabá, alcançando uma diferença de
19%.
103
Variaçoe s da Um idade re lativa do ar (%) as 09h e m agos to de 2008

90

70

50

30

Umidade do ar (%)
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Cuiabá
Dias
Chaada dos Guimarães

Variações da Um idade Relativa do ar (%) as 15h no m ês de agos to de 2008

90

70

50

30

Umidade Relativa do ar (%)


10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Cuiabá
Dias
Chapada dos Guimarães

Variaçoes da Um idade re lativa do ar (%) as 21h no m ês de agos to

90

70

50

30

Umidade Relativa do ar (%)


10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Dias Cuiabá
Chapada dos Guimarães

Figura 38: Variações horárias absolutas da umidade relativa do ar em Chapada dos Guimarães e Cuiabá em agosto de 2008, as 09h, 15h e 21h
.
104

Pinho (2008) destaca a fraca ventilação característica em Cuiabá, a ocorrência de


temperaturas elevadas durante ano inteiro, associada à localização geográfica do sítio urbano
de Cuiabá em área de Depressão, são fatores naturais que contribuem para o maior
aquecimento da cidade e para a formação e uma maior magnitude da ilha de calor em Cuiabá.

Essas diferenças tanto na temperatura do ar como na umidade relativa do ar na maioria


das vezes favorecem para um clima mais agradável em Chapada dos Guimarães sendo
oriundas devido ao menor porte da cidade, estrutura urbana mais simplificada, uso do solo
mais fraco, presença de vegetação, menor circulação de veículos automotores e pessoas nessa
cidade e principalmente ao fator da altitude, favorecendo para a amenização dos rigores do
clima regional.
105

7.0 - COSIDERAÇÕES FIAIS

A altitude e o relevo diferenciado parecem exercer uma forte influência no clima


da cidade de Chapada dos Guimarães. O uso do solo evidenciou diferenças nos microclimas
demonstrando que mesmo numa cidade de pequeno porte, com fraco adensamento de
construções, ausência de edifícios e população urbana de aproximadamente 10.000 habitantes,
podem ser indicadores da influência da cidade no clima local.
Analisando os dados brutos, observa-se que os meses de julho, agosto e setembro
de 2008 a temperatura do ar apresentou os valores extremos, a máxima registrada de 35,2ºC e
a mínima de 8,9ºC. Nesse período que ocorrem as amplitudes máximas do ano, onde as
condições climáticas são mais rigorosas, com dias muito quentes e outros frios, resultantes de
uma “friagem”, ou seja, entrada de frente fria.
Com as medidas climatológicas em diferentes espaços urbanos no período de
16/08 a 18/08/08 no horário das 20h, observou-se que o uso do solo é um importante fator na
produção de microclimas.
Embora em Chapada dos Guimarães, não ocorram áreas com alta densidade de
construções ou populacionais, os estudos representados nos gráficos e mapas de interpolação
de dados mostraram o quão importante é a efetivação das áreas verdes na cidade. O ponto
menos aquecido localiza-se na maior área verde da área urbana, o que contribui para ser o
lugar com temperaturas mais amenas e agradáveis, tanto localmente como em seu entorno
direto. Estes dados mostraram que a presença da vegetação pode amenizar rigores de climas
locais, em regiões tropicais continentais, uma vez que, mesmo onde o fator altitude corrige a
latitude, a radiação solar é intensa todo o ano. Assim, as áreas verdes distribuídas nos espaços
públicos em áreas centrais e nos bairros, nos quintais das residências podem ser aliados para
um clima mais agradável e contribuir para a qualidade de vida da população.
Assim, na análise intra-urbana, os fatores que influenciaram na distribuição
térmica e higrométrica foram em primeiro lugar o índice de vegetação, seguido pela variação
da densidade das construções e das atividades humanas. Cabe salientar que durante a
realização das medidas, não houve precipitação, o céu estava limpo com baixa velocidade do
vento.
As análises mostraram a necessidade de políticas públicas que tenham como
objetivo uma desenvolvimento que privilegie não somente o lucro, como a especulação
imobiliária e a construção de conjuntos habitacionais em áreas bem próximas a borda do
planalto, impróprias a construção por serem áreas de preservação permanente, mas que levem
106

em consideração principalmente o ambiente, prevalecendo seu uso correto, para que toda a
população possa ser privilegiada.
Este estudo priorizou o entendimento das condições climáticas geradas em uma
cidade de pequeno porte, com especificidades de uso do solo discreto quando comparadas a
outras cidades mais populosas. Entretanto, mesmo nesse caso, foi possível verificar que a
urbanização com seus atributos, como presença de asfalto em algumas ruas e avenidas,
prédios e circulação de veículos, principalmente nos finais de semana, podem mostrar-se
como fatores importantes na configuração das diferenças térmicas e higrométrica intra-
urbanas. Hipoteticamente, na ausência desses fatores, a formação original desse espaço (área
vegetada) a temperatura e umidade deveria se apresentar de forma similar ao ponto 12,13, 31
e 32, locais onde a vegetação é densa e original.
Dessa forma, pode-se supor que as condições climáticas intra-urbanas geradas no
sítio urbano estão ligadas diretamente a heterogeneidade do solo e das funcionalidades
urbanas ocasionando locais com ar mais aquecido e outros com situações térmicas mais
amenas.
O município e a área urbana de Chapada dos Guimarães é conhecida pelo seu
clima mais ameno, principalmente se comparada com a capital do estado distante desta cerca
de 65 km. Nas cidades de Cuiabá e Chapada dos Guimarães, localizadas em latitudes
semelhantes e sob condições atmosféricas iguais, foi observada uma diferença térmica média
de 4,3ºC no ano de 2008, o que permite considerar a Chapada dos Guimarães, como uma
cidade de clima mais agradável, quando comparada a outras áreas urbanas situadas no estado
de Mato Grosso. Para o mês de agosto de 2008, a diferença máxima encontrada entre as duas
cidades com dados absolutos para a temperatura foi de 7,8ºC as 21h. Portanto o principal fator
amenizador do clima de Chapada dos Guimarães continua sendo a altitude local.
Ressaltamos que este estudo é relevante na medida em que Chapada dos
Guimarães não possui Estação Meteorológica para acompanhar, diagnosticar as alterações no
clima local oriundos do processo de crescimento urbano e de uso do solo. Entretanto, a cidade
apresenta diferenças nas temperaturas intra-urbanas que devem ser consideradas como um
alerta aos planejadores para que os benefícios climáticos proporcionados pela altitude do local
sejam mantidos.
Sob esse aspecto é importante destacar que a vegetação ameniza o aquecimento da
superfície criando condições climáticas mais favoráveis ao conforto e à a saúde humana e por
essa função, além de outras, deve ser estimulada e mantida pelos órgãos ambientais e pela
população.
107

Dessa forma a constante derrubada da vegetação para a implantação de


condomínios que se multiplicam no entorno da área central da cidade, poderão alterar as
temperaturas locais, provocando maior aquecimento e assim a altitude que hoje é um
beneficio para amenizar as condições climáticas, pode não ser mais sentida. Para isso é
importante o planejamento ambiental urbano adequado para que não se perca a interferência
da altitude no clima local.
108

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