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MANUAL

DE

MANEJO INTEGRADO

DE

BACIAS HIDROGRÁFICAS

4ª edição ampliada e melhorada


(Apoio FAPERGS - Edital 07/2000 Processo n° 00/2664.1)

JOSÉ SALES MARIANO DA ROCHA


SILVIA MARGARETI DE JULI MORAIS KURTZ
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL
(Apoio FAPERGS - Edital 07/2000 Processo n° 00/2664.1)

Cristóvam Buarque
Ministro da Educação e Desporto

Paulo Jorge Sarkis


Reitor da UFSM

Luiz Carlos de Pellegrini


Diretor do CCR/UFSM

Pedro Roberto de Azambuja Madruga


Chefe do DER/UFSM
iv

R672 Rocha, José Sales Mariano da


Manual de Manejo Integrado de Bacias Hidrográ-
ficas.- José Sales Mariano da Rocha, Silvia Margareti
de Juli Morais Kurtz. 4. ed. - Santa Maria: Edições
UFSM CCR/UFSM, 2001.
302 p. : tab., gráfs., il.

Inclui bibliografia
1. Bacias Hidrográficas – Manejo Integrado. 2. Baci-
as Hidrográficas – Planejamento Fisico-Rural. 3. Enge-
nharia agrícola – Bacias Hidrográficas. 4. Meio-
ambiente e Bacias Hidrográficas.
I. Título.

CDU: 556.51 631.6

Ficha Elaborada na Seção de Organização do


Material/Biblioteca Central/UFSM por
Marlene Margarete Elbert - CRB 10/951.

Direitos reservados:
A reprodução parcial do texto é permitida, desde que seja citada a fonte.
(Amparado pela Lei nº 5.988 de 14/12/1973).
Apoio:
MANUAL
DE
MANEJO INTEGRADO
DE
BACIAS HIDROGRÁFICAS

4ª edição ampliada e melhorada

Dr. José Sales Mariano da Rocha1


MSc. Silvia Margareti de Juli Morais Kurtz2

BRASIL – 510 ANOS


UFSM – 50 ANOS

(Apoio FAPERGS - Edital 07/2000 Processo n° 00/2664.1)

Santa Maria – RS
Inverno de 2001

1
Engº. Florestal, Professor Titular do Departamento de Engenharia Rural, UFSM – RS.
2
Engª. Florestal, Doutoranda em Manejo Florestal, UFSM -RS.
APRESENTAÇÃO

O Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas no Brasil ainda é


incipiente. Consultando a literatura especializada em áreas correlatas,
nota-se que menos de 1% das Microbacias do País apresenta algum
tipo de trabalho científico integrado. Excluindo os Estados do Norte,
verifica-se que a cobertura florestal dos demais Estados da União não
ultrapassa 8%, e, por causa disto, a erosão torna-se avassaladora e a
deterioração ambiental nas Bacias Hidrográficas é dinâmica e crescente.
Só no Rio Grande do Sul são perdidas anualmente centenas de
milhões de toneladas de terra fértil, sendo que este fato propicia o
êxodo rural e a deterioração da Ambiência, fatos não desejados por
nenhum de nós.
A Educação Ambiental está sendo introduzida, gradualmente,
nas escolas de Ensinos Fundamental e Médio, vindo a colaborar subs-
tancialmente com a recuperação das Bacias Hidrográficas.
Nos dias de hoje, observa-se que certas áreas governamentais
empenham-se no sentido de propiciar ao povo brasileiro um meio am-
biente mais agradável e mais rico. No ano de 1992 o Brasil sediou a
primeira conferência mundial do meio ambiente, no Rio de Janeiro.
Portanto, surge em hora oportuna o Manual de Manejo Integra-
do de Bacias Hidrográficas, de autoria do Prof. Dr. José Sales Mariano
da Rocha e da Engenheira Florestal MSc. Silvia Margareti de Juli Mo-
rais Kurtz, pois, não obstante, carece o meio científico nacional de
bibliografia especializada nesta área. Esta obra pioneira, em sua 4ª
edição, ampliada e aperfeiçoada, é prefaciada por uma das maiores
autoridades do Rio Grande do Sul no assunto, o Engº. Agrônomo Ta-
bajara Nunes Ferreira. É para nós um imenso orgulho apresentá-la e
recomendá-la aos professores, técnicos e a todos aqueles que, no Bra-
sil, estudam a recuperação ambiental a partir das Bacias Hidrográficas.
Prof. Tabajara Gaúcho da Costa
Ex-Reitor da UFSM
PREFÁCIO

Na avaliação do desempenho da economia brasileira, o setor


agropecuário representa um importante esteio. O solo é um substrato
básico para a produção agropecuária, principalmente quanto à alimen-
tação e vestuário, prioridades mais sentidas da humanidade. Dentro
deste contexto, articulados e inseparáveis da área econômica, encon-
tram-se as áreas social e ambiental.
Solo rico, em regra geral, proporciona uma agricultura forte e,
conseqüentemente, povo e País ricos. Solo deteriorado, fatalmente,
conduz à pobreza, à miséria e à fome.
A utilização dos recursos naturais, para satisfazer as necessi-
dades humanas, não poderia ocorrer sem o cultivo da terra, sem o con-
sumo de água, sem o corte de árvores, bem como, sem diversas outras
formas de ações que a natureza nos possibilita. Na verdade, o uso des-
tes recursos, destinados à subsistência e ao melhoramento do nível de
vida da população, exercitado dentro da nossa realidade, inevitavel-
mente, provoca distúrbios no ambiente.
O futuro do Brasil está ligado à sua terra. O uso e o manejo
adequados dos seus recursos naturais são a chave mágica para o de-
senvolvimento e bem-estar geral. Até hoje, nosso País não possui uma
política agrícola definida, não existe planejamento para o setor agro-
pecuário, fato que dificulta a saída da fase de país em vias de desen-
volvimento.
A tentativa de promover um trabalho sistematizado iniciou-se,
no Brasil, ao final da década de 1970. Alcançou a visão plena, em
x

termos de planejamento do espaço rural, a partir de 1987, quando fo-


ram criados oficialmente os Programas Nacionais e Estaduais de Mi-
crobacias Hidrográficas.
O planejamento ambiental, econômico e social, sistematizando
o espaço rural em Bacias Hidrográficas, experimenta uma fase de ex-
pansão na região Centro-Sul do País. Dentro das limitações regionais,
desenvolvem-se os trabalhos, alicerçados em um número mínimo de
informações, não possuindo, em regra geral, um levantamento e um
planejamento detalhados.
Apesar de não ter sido compreendida a importância de eleger o
setor agro-silvi-pastoril como primeira prioridade, com a evolução da
agropecuária surgiu a necessidade de ações, baseadas em melhores
diagnósticos ambientais, econômicos e sociais e planejamentos elabo-
rados com maior profundidade. Reconhecem-se as limitações em ter-
mos de priorização, capacitação técnica e bibliografia, o que determi-
na que as transferências de conhecimentos e de metodologias se pro-
cessem vagarosamente.
O Manual de Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas, de
autoria do Professor Dr. José Sales Mariano da Rocha e da Engenheira
Florestal MSc. Silvia Margareti de Juli Morais Kurtz, é material bibli-
ográfico excepcional em seu conteúdo e forma didática. Consiste em
um dos mais importantes instrumentos na elucidação de informações
técnicas e metodológicas, sendo capaz de proporcionar a valorização
dos profissionais que, direta ou indiretamente, estão comprometidos
com o planejamento e organização rural.
xi

Ao considerarmos a necessidade de estruturar o espaço rural,


esta obra oferece o caminho para uma melhor compreensão da reali-
dade, com vistas aos diagnósticos, análises e planejamento regional.
Sem dúvida, representa uma forte contribuição ao ensino, pesquisa e
extensão rural, sugerindo as melhores alternativas para organização da
vida rural, em termos ambientais, econômicos e sociais, e importante
contribuição aos Programas Estaduais de Microbacias Hidrográficas,
em implantação e operacionalização no Brasil.
Representará um passo decisivo para o desenvolvimento do se-
tor primário brasileiro, na dinamização de trabalhos planejados e or-
ganizados a partir de Microbacias Hidrográficas, considerando-se es-
tas como unidades técnicas e lógicas de planejamento rural, dentro da
nossa realidade.
Por fim, a proposta de ação multidisciplinar conduz a uma arti-
culação de forças, que representa a única forma de operacionalizar,
administrar e gerenciar o desenvolvimento integrado do setor mais
importante do país.

Porto Alegre - RS
Engº. Agrº. Tabajara Nunes Ferreira
Ex-Coordenador do
Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas
do Estado do Rio Grande do Sul
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1
2. CONCEITUAÇÕES BÁSICAS .............................................................. 7
2.1. Manejo Integrado e Gerenciamento .......................................7
2.2. Projeto Integrado de Manejo de Bacias Hidrográficas .........7
2.3. Educação Ambiental .................................................................8
2.4. Ambiente .................................................................................... 8
2.5. Recuperação Física e Ambiental
(conceito conservacionista) ....................................................... 8
2.6. Conflitos de Uso da Terra ........................................................ 9
2.7. Poluição .................................................................................... 10
2.8. Bacia, Sub-Bacia, Microbacias Hidrográficas e
termos correlatos ......................................................................10
2.8.1. Bacia Hidrográfica ........................................................................... 10
2.8.2. Sub-Bacia Hidrográfica .................................................................. 10
2.8.3. Microbacias Hidrográficas ............................................................. 11
2.8.4. Ravinas................................................................................................ 12
2.8.5. Canais.................................................................................................. 13
2.8.6. Tributários ......................................................................................... 13
2.9. Bacia, Sub-Bacia ou Microbacias Hidrográficas
“Experimental ou Piloto” ........................................................ 14
3. PARÂMETROS DETERIORANTES DAS BACIAS,
SUB-BACIAS E MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS................ 15
3.1. Comprimento das ravinas ...................................................... 15
3.2. Densidade de Drenagem ......................................................... 17
3.3. Índice de Circularidade .......................................................... 17
3.4. Índice de Forma ......................................................................19
3.5. Declividade Média da Microbacia .........................................20
3.5.1. Declividade Média da Microbacia: método UFSM .................. 22
3.6. Coeficiente de Rugosidade ..................................................... 25
4. O MEIO AMBIENTE (A AMBIÊNCIA) E AS
BACIAS HIDROGRÁFICAS .............................................................. 27
4.1. Conceituação Básica ............................................................... 27
4.2. Alguns Exemplos Mundiais ................................................... 28
4.3. A Situação no Brasil ............................................................... 30
4.4. O Caso do Rio Grande do Sul ................................................ 34
4.4.1. Área Rural ......................................................................................... 34
xiv

4.4.2. Área Urbana ...................................................................................... 35


5. O ESTUDO INTEGRADO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS .. 43
5.1. Introdução ............................................................................... 43
5.2. Avaliações de Prioridades em Bacias, Sub-Bacias
e Microbacias Hidrográficas................................................... 47
5.2.1. Metodologia de Prioridades para Bacias e Sub-Bacias
Hidrográficas..................................................................................... 48
5.2.1.1. Parâmetros levantados ................................................ 48
5.2.1.2. Critérios para estabelecer parâmetros ..................... 49
5.2.1.3. Valores máximos, mínimos e valores encontrados ..50
5.2.1.4. Tabulação dos dados .................................................. 51
5.2.1.5. Cálculo da reta de deterioração da Bacia
ou Sub-Bacia .............................................................. 51
5.2.1.6. Interpretação dos dados ............................................52
5.2.2. Metodologia de Prioridades para Microbacias.......................... 53
5.3. Diagnóstico Físico-Conservacionista .....................................54
5.3.1. Metodologia Proposta...................................................................... 57
5.3.2. Enfoque dos Principais Resultados............................................... 79
5.3.2.1. Resultados específicos ................................................ 79
5.3.2.2. Resultados gerais ........................................................ 80
5.3.3. Considerações sobre a retenção (infiltração) da água
pela implantação do diagnóstico físico-conservacionista
(objetivo geral da metodologia) .................................................... 82
5.4. Florestamentos Compensatórios para Retenção de
Águas de chuvas em Microbacias Hidrográficas
(FLOCRAM) – Estudo do volume de água perdida .............85
5.4.1. A Metodologia ................................................................................... 85
5.4.2. Cálculo do Volume de Água de Precipitação Perdido.............. 91
5.4.2.1. Perda total e perda em excesso .................................93
5.4.3. Cálculo da área a florestar para compensar a
perda em excesso ........................................................................... 94
5.4.4. Comparação dos resultados das áreas a florestar
definidos pelos dois métodos (DFC e FLOCRAM)
através de análise estatística........................................................ 96
5.4.4.1. Análise de regressão ................................................... 96
5.4.4.2. Correlação linear de Pearson ....................................97
5.4.5. Florestamentos Compensatórios para Retenção de Água em
Microbacias (FLOCRAM) – Comentários Importantes ....... 98
xv

5.4.6. Comparação de área a florestar e área de florestas


(a florestar + existente) entre os métodos: Diagnóstico
Físico Conservacionista (DFC) e Florestamentos
Compensatórios para Retenção de Água em
Microbacias (FLOCRAM)........................................................ 109
5.4.6.1. Área a florestar......................................................... 110
5.4.6.2. Área de florestas (a florestar + existente) .............. 114
5.4.7. Análise Estatística dos Valores Comparados ........................... 118
5.4.7.1 Análise de regressão .................................................. 122
5.4.7.2. Correlação de Pearson ............................................. 125
5.5.Diagnóstico Sócio-Econômico ............................................... 126
5.5.1. Objetivos e Finalidades.................................................................. 127
5.5.2. Metodologia - Comentários Gerais............................................. 127
5.5.2.1. Questionário em nível de produtor rural ............... 127
5.5.2.2. Códigos e critérios de estratificação ....................... 128
5.5.2.3. Tabulação dos dados ................................................ 128
5.5.2.4. Apresentação dos resultados de maior ocorrência 128
5.5.2.5. Cálculo das retas de deterioração social,
econômica, tecnológica e sócio-econômica ............ 129
5.5.2.6. Relação das unidades críticas de deterioração
dos diagnósticos sócio-econômico e físico-
conservacionista ....................................................... 129
5.5.3. Infra-Estrutura Metodológica ..................................................... 129
5.5.3.1. Metodologia .............................................................. 130
5.5.4. Questionários em Nível de Produtor Rural com
os Códigos e Critérios de Estratificação ................................... 141
5.5.5. Tabulação dos Dados ..................................................................... 156
5.5.6. Resultados dos Diagnósticos e Unidades Críticas de
Deterioração................................................................................... 157
5.5.7. Estudo analítico e gráfico do Diagnóstico Sócio-Econômico. 160
5.5.7.1. Cálculo da reta de Deterioração Social .................. 160
5.5.7.2. Cálculo da reta de Deterioração Econômica .........161
5.5.7.3. Cálculo da reta de Deterioração Tecnológica ........162
5.5.7.4. Cálculo da reta de Deterioração
Sócio-Econômica ...................................................... 163
5.5.8. Relação das Unidades Críticas de Deterioração
Sócio-Econômica........................................................................... 164
5.5.9. Relação das Unidades Críticas de Deterioração dos
Diagnósticos Sócio-Econômico e Físico-Conservacionista 164
xvi

5.5.10. Desenvolvimento dos Prognósticos ........................................... 165


5.5.10.1. Fator Social ............................................................. 165
5.5.10.2. Fator Econômico .................................................... 172
5.5.10.3. Fator Tecnológico ................................................... 175
5.6. Diagnóstico Ambiental ......................................................... 179
5.6.1. Objetivos e Finalidades.................................................................. 180
5.6.2. Metodologia – Comentários Gerais ............................................ 180
5.6.2.1. Questionário em nível de Microbacia
(por núcleo familiar) ............................................... 180
5.6.2.2. Códigos e critérios de estratificação ....................... 180
5.6.2.3. Tabulação dos dados ................................................ 180
5.6.2.4. Apresentação dos resultados de maior
ocorrência – valores mínimos, máximos e totais ..181
5.6.2.5. Cálculo da reta de deterioração .............................. 181
5.6.2.6. Relação das unidades críticas de deterioração
dos diagnósticos sócio-econômico, ambiental
e físico-conservacionista ..........................................181
5.6.3. Deterioração de Ambiência .......................................................... 182
5.6.4. Principais Pontos a Enfocar no Diagnóstico Ambiental ........ 184
5.6.5. Infra-estrutura Metodológica ...................................................... 184
5.6.6. Questionários em Nível de Produtor Rural .............................. 185
5.6.7. Códigos e Critérios de Estratificação ......................................... 185
5.6.8. Tabulação dos Dados Levantados .............................................. 186
5.6.9. Resultados dos Diagnósticos e Unidades Críticas de
Deterioração ................................................................................... 186
5.6.10. Estudo Analítico e Gráfico do Diagnóstico Ambiental......... 187
5.6.10.1. Cálculo da reta de Deterioração Ambiental ........187
5.6.11. Relação das Unidades Críticas de Deterioração dos
Diagnósticos Sócio-Econômico, Ambiental e Físico-
Conservacionista .......................................................................... 188
5.6.12. Exemplo prático de avaliação da Deterioração de
Ambiência e de Prioridades para o Manejo
Integrado de Sub-Bacias Hidrográficas ................................ 189
5.6.13. Estudo de um caso – Avaliação da deterioração
ambiental em áreas de criação de porcos (pocilgas) .............. 190
5.7. Diagnóstico da Vegetação ..................................................... 194
5.7.1. Montagem do Diagnóstico da Vegetação .................................. 195
5.7.1.1. Informações técnicas básicas...................................195
5.7.1.2. Carta de Vegetação .................................................. 196
xvii

5.7.1.3. Relatório da vegetação ............................................. 196


5.8. Diagnóstico da Água (Recursos Hídricos) ........................... 196
5.8.1. Elaboração do Diagnóstico da Água .......................................... 197
5.8.1.1. Dados preliminares .................................................. 197
5.8.1.2. Carta hidrológica ..................................................... 198
5.8.1.3. Relatório final ........................................................... 198
5.8.2. Leis Municipais ............................................................................... 198
5.9. Diagnóstico da Fauna ........................................................... 198
5.9.1. Montagem do Diagnóstico da Fauna ......................................... 199
5.9.1.1. Informações técnicas básicas...................................199
5.9.1.2. Carta da fauna.......................................................... 200
5.9.1.3. Relatório da fauna .................................................... 200
5.10. Diagnóstico do Solo ............................................................. 200
5.10.1. Montagem do Diagnóstico do Solo ........................................... 202
5.10.1.1. Informações técnicas básicas.................................202
5.10.1.2. Carta de solos ......................................................... 202
5.10.1.3. Relatório dos solos .................................................. 202
5.11. Diagnóstico da Poluição Doméstica ...................................203
5.12. Diagnóstico das Minerações ............................................... 203
5.13. Diagnóstico do Passivo Ambiental (eMergia)................... 203
5.14. Subdiagnósticos ...................................................................204
6. CONTENÇÃO DE ÁGUA DAS CHUVAS E
CONTROLE DAS EROSÕES ........................................................... 205
6.1. Tratamento Vegetativo nas Encostas com
Culturas Agrícolas .................................................................205
6.2. Consolidação das Encostas por Florestamentos ................ 207
6.2.1. Construções de Sebes ..................................................................... 207
6.2.2. Obras Transversais com a Utilização de
Troncos de Árvores....................................................................... 209
6.3. Tratamento por Obras Longitudinais e Transversais .......210
6.3.1. Tratamento por Obras Transversais ......................................... 210
6.3.1.1. Soleira e cinto basal.................................................. 210
6.3.1.2. Barragem de madeira .............................................. 213
6.3.1.3. Utilização de troncos de árvores
transversalmente ao leito, em cinto basal .............. 216
6.3.2. Tratamento por Obras Longitudinais ....................................... 217
6.3.2.1. Revestimento do leito ............................................... 217
6.3.2.2. Defesa das margens por meio de espigões
transversais e longitudinais ....................................220
xviii

6.4. Processo de Controle de Erosão nas Encostas Declivosas


em Diversos Formatos.............................................................. 221
6.4.1. Erosão em Forma de Cunha ........................................................ 222
6.4.2. Erosão em Forma de Concha ...................................................... 223
6.4.3. Erosão em Forma de Folha .......................................................... 224
6.5. “Mulching” Vertical ............................................................. 225
6.6. Coroas de Proteção de Nascentes ........................................226
6.7. Contenção de Águas das Chuvas e Controle de
Erosões por Terraceamentos feitos com Pneus Velhos
(usados) – Lembrar que os terraceamentos tradicionais
estão descritos em vários livros de conservação de solos ...227
6.8. Calhas de Captação de Água ............................................... 227
6.9. Barragem Subterrânea ......................................................... 228
6.10. Barragem em Nível – Barragem de Base Zero ................ 229
6.11. Quebra de Capilaridade ..................................................... 230
6.12. Locação de áreas para colocação de lixo em
Microbacias Hidrográficas ................................................... 230
7. ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS EM
MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................. 253
8. FORMAÇÃO DE COMITÊS.............................................................. 255
8.1. Comitê Central ......................................................................255
8.2. Comitês Municipais .............................................................. 256
8.3. Nomeação dos Comitês – utilidade pública ........................ 257
8.4. A Memória ............................................................................. 257
8.5. Como Surgem os Comitês .................................................... 258
8.6. Logotipo – Sigla.....................................................................260
9. MONITORAMENTO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA....... 261
10. COMENTÁRIOS FINAIS ................................................................. 263
10.1. A Importância dos Recursos Naturais
Renováveis (RNR)..................................................................263
10.1.1. Importância História ................................................................... 263
10.1.2. Importância Ecológica ................................................................ 264
10.1.3. Importância Política .................................................................... 264
10.1.4. Importância Econômica ............................................................. 264
10.1.5. Importância Social ....................................................................... 265
10.1.6. Importância Tecnológica ............................................................ 265
10.1.7. Importância Institucional ........................................................... 265
10.1.8. Importância Jurídica ................................................................... 266
10.1.9. Importância Ambiental............................................................... 266
xix

10.2. Amazonas e Pantanal ......................................................... 266


10.3. Rios do Brasil Social ........................................................... 267
10.4. Quatro Pontos Recomendados aos Políticos do Brasil ....268
10.5. Dois Registros Finais .......................................................... 271
10.6. Contatos com os autores ..................................................... 273
11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................. 275
1. INTRODUÇÃO

Este é o primeiro livro brasileiro no gênero, em sua 4ª edição,


e, considerando que o Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas é um
fenômeno dinâmico, não se pretende, com o mesmo, esgotar o assun-
to. Muito pelo contrário, pretende-se atualizá-lo continuamente, inclu-
sive aprimorando as metodologias apresentadas em seu conteúdo.
O estudo do Meio Ambiente, portanto, da Ambiência, restrin-
ge-se a dois tipos de áreas tradicionais: áreas urbanas e áreas rurais. O
homem, especialmente o brasileiro, tem por tradição deteriorar (des-
truir) a ambiência. Assim é que, indiscriminadamente, polui o ar, des-
troem as florestas, as faunas, as águas, os solos através do mau uso da
agricultura e da pecuária (fogo, agrotóxicos), através da exploração
florestal, através das escavações de minas, distribuição dos lixos,
construção de aviários, pocilgas, esgotos e estradas sem planejamen-
tos, entre centenas de ações inadequadas à ambiência. Sabe-se que
toda a forma de energia consumida no meio urbano tem a sua origem
no meio rural: água, eletricidade, alimentos em geral, matéria-prima
florestal, entre outras. Com a destruição dessa energia, a produtividade
cai, o homem não encontra sustento para sobreviver no meio rural e
desloca-se para a cidade, criando favelas, uma vez que ele não tem
preparo ou estudo para assumir posições de destaque. Muitas vezes
vai viver na periferia (margem) e por falta de serviço/emprego, trans-
forma-se em marginal. Diz-se que o “marginal” é “filho” de um mau
governante.
2

Tem-se verificado, continuamente, que a deterioração física,


sócio-econômica e ambiental é hoje uma realidade constante nas Baci-
as Hidrográficas do Brasil.
Como conseqüência a esta deterioração desvairada, a natureza res-
ponde com erosões, secas, enchentes, doenças e a miséria generalizada.
Para se corrigir o Meio Ambiente deteriorado, faz-se mister
planejar as tradicionais Unidades Ambientais de Planejamento:
 Bacia Hidrográfica;
 Ecossistema(s);
 Propriedade Rural;
 Município;
 Unidades pontuais/lineares (minerações, distritos industriais,
estradas, oleodutos, etc.).
A Bacia Hidrográfica e o Ecossistema são unidades naturais,
enquanto que as demais são unidades ambientais políticas de plane-
jamento.
Tecnicamente, é aconselhável começar a recuperar o meio am-
biente pelas Bacias Hidrográficas (como unidades básicas), as quais,
subdivididas em Sub-Bacias e Microbacias, têm mostrado grande efi-
ciência em trabalhos de campo, haja vista as recomendações dadas
pelo Programa Nacional de Microbacias.
A partir do momento em que se aconselha planejar o Meio
Ambiente através do Manejo de Bacias Hidrográficas, nada mais justo
seria se pesquisar um método eficaz rápido e de baixo custo, para
aplicar em todas essas unidades, extremamente desgastadas pela ação
antrópica.
3

No Brasil não há, até à presente data, metodologias completas,


comprovadas, para a elaboração dos onze diagnósticos que constituem
o Manejo Integrado de uma Bacia Hidrográfica, quais sejam:
 Diagnóstico Físico-conservacionista;
 Diagnóstico Sócio-econômico;
 Diagnóstico Ambiental;
 Diagnóstico da Água (recursos hídricos);
 Diagnóstico da Vegetação;
 Diagnóstico do Solo;
 Diagnóstico da Fauna;
 Diagnóstico da poluição doméstica (lixos e esgotos);
 Diagnóstico das Minerações;
 Diagnóstico da Poluição Industrial;
 Diagnóstico do passivo ambiental (eMergia3).

Com a elaboração, implantação e auto-administração des-


ses onze diagnósticos, permite-se planejar uma Bacia ou Sub-Bacia
Hidrográfica visando o equilíbrio dos ecossistemas ali existentes e da
sinecologia, usando-se permanentemente os recursos naturais sem
deteriorá-los, gerando riqueza continuamente, por meio de auto-
sustentação.

3
Kilocaloria perdida na Sub-Bacia Hidrográfica pela ação antrópica sobre os Re-
cursos Naturais Renováveis, cujo fenômeno é denominado por alguns autores de
eMergia ou energia negativa (refere-se ao passivo ambiental).
4

Para que o sucesso seja absoluto na aplicação do Método do


Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas, é necessário que o Go-
verno adote medidas complementares considerando:
1. Mudança nas Políticas Ambiental, Florestal e Agrícola.
2. Implementação dos programas educacionais em todos os
níveis, para todos, incluindo disciplinas relacionadas à pro-
teção e à educação ambiental técnica.
3. Que todas as Prefeituras adotem “Dossiês de Ambiência”,
a exemplo do que já acontece em diversas cidades do Rio
Grande do Sul, algumas de Alagoas, Paraíba, Pernambuco
e Minas Gerais.
Há 40 anos as Nações Unidas vêm difundindo trabalhos de
Manejo Integrado em Bacias Hidrográficas, visando a recuperação
ambiental e o aumento da produção de alimentos, e parece que, so-
mente agora, o Brasil está “acordando” para esta assertiva.
Órgãos governamentais como IBAMA, IRGA, EMATER, Se-
cretarias de Estado, Prefeituras, Bancos oficiais, entre muitos outros,
bem como vários Consórcios de Desenvolvimento, estão atuando efe-
tivamente junto aos “Programas Nacional e Estadual de Microbacias”.
Este manual se propõe a trazer uma colaboração a todos os
Programas em implantação no Brasil, uma vez que muito deles visam,
quase que exclusivamente, a conservação dos solos.
As metodologias aqui apresentadas foram desenvolvidas na
Universidade Federal de Santa Maria – RS e tiveram como inspiração
primordial algumas metodologias que o autor conheceu, usadas no
CIDIAT (Centro Interamericano de Desarrollo Integral de Aguas y
5

Tierras – Venezuela), na Espanha, na França, na Holanda, nos Estados


Unidos da América do Norte, na Alemanha e em Israel.
Um dos grandes enfoques do Manejo Integrado de Bacias Hi-
drográficas é com respeito à cobertura florestal mínima por Microba-
cia (25% - FAO – Dr. Gerhard Speidel). Alguns programas tentam
resolver este impasse voltando seus objetivos para a retenção do CO2
na atmosfera, como foi, por exemplo, o caso dos incentivos fiscais ao
florestamento, o FLORAM Brasil, o Protocolo Verde entre outros,
com resultados satisfatórios, porém não atingindo 0,5% das necessi-
dades ambientais. Os florestamentos pelas empresas interessam tão
somente, em sua maioria, a produção de madeira.
Em vista do enfoque percebe-se que a única solução, aparen-
temente viável, para a recuperação florestal e ambiental no Brasil en-
contra-se dentro dos projetos de Manejo Integrado de Bacias Hidro-
gráficas. Ai também se encontram as soluções para o controle das ero-
sões, enchentes, secas, assoreamentos de rios e lagos, cadeia alimen-
tar, qualidade de vida das populações e muitos outros problemas am-
bientais.
2. CONCEITUAÇÕES BÁSICAS

Considerando que o tema “Bacias Hidrográficas” é atualmente


manchete no Brasil, em todas as áreas governamentais, é importante
que se definam certos termos para que os técnicos se comuniquem em
uma linguagem comum.
Por outro lado, a unidade ambiental “Bacia Hidrográfica” já
está definida em Lei como a Unidade de área mais aconselhável para
estudos e projetos, em todo o território nacional.

2.1. Manejo Integrado e Gerenciamento


O “Manejo Integrado” de uma Bacia Hidrográfica refere-se
às partes técnicas e científicas usadas na montagem e na execução do
Projeto Integrado, como, por exemplo, as realidades científicas das
metodologias usadas na elaboração dos diagnósticos.
O “Gerenciamento” de uma Bacia Hidrográfica refere-se às
partes administrativas e políticas relativas ao Projeto Integrado.
O Manejo Integrado e o Gerenciamento participam, concomi-
tantemente, das três fases fundamentais do Projeto Integrado: elabo-
ração, execução e autogestão (auto-administração).

2.2. Projeto Integrado de Manejo de Bacias Hidrográficas


É uma proposta educativa e corretiva para recuperar o meio
ambiente deteriorado, sugerindo as melhores alternativas para a prote-
ção e conservação da natureza, melhorando substancialmente a quali-
8

dade de vida do homem e da sociedade, permitindo o uso científico


contínuo dos recursos naturais.

2.3. Educação Ambiental


É um processo de tomada de consciência política, institucional
e comunitária da realidade ambiental, do homem e da sociedade, para
analisar, em conjunto com a comunidade (através de mecanismos
formais e não formais), as melhores alternativas de proteção da natu-
reza e do desenvolvimento sócio-econômico, do homem e da socieda-
de (Hidalgo, 1987).
A Educação Ambiental aconselhada para os moradores, pro-
fessores (as) e alunos (as) das Bacias Hidrográficas é a Técnica.
Este tipo de educação ambiental envolve ensinamentos sobre a
conservação (uso perpétuo) dos Recursos Naturais Renováveis (solo,
ar, água, vegetais e animais silvestres), o que difere da Educação Am-
biental tradicionalmente ensinada nas escolas. Para aprofundar no te-
ma leia Rocha (2000).

2.4. Ambiente
Entende-se por ambiente as relações que existem entre o com-
portamento da natureza, o homem como núcleo familiar, e a estrutura
política, econômica e social da sociedade.

2.5. Recuperação Física e Ambiental (conceito conservacionista)


É o conjunto de ações entre técnicas e comunidades, visando
recuperar a ambiência, através do uso racional dos Recursos Naturais
9

Renováveis, com utilização de tecnologias corretivas que consigam


melhorar a qualidade de vida do homem e da sociedade.

2.6. Conflitos de Uso da Terra


Ocorrem conflitos de uso da terra em áreas de cultivos agríco-
las ou de pastagens desenvolvidas em áreas impróprias: cultivos agrí-
colas em Terras de Capacidade de Uso das classes V, VI, VII ou VIII
ou em locais com Coeficientes de Rugosidade classe B, C ou D e tam-
bém cultivos agrícolas em áreas apropriadas, porém com declividades
médias acima de 10% a 15%, sem tratos conservacionistas; pecuária
desenvolvida em classes de Capacidade de Uso da Terra VII e VIII, ou
em locais com Coeficiente de Rugosidade classe D, também represen-
tam conflitos.
Os conflitos de Uso da Terra figuram entre os maiores respon-
sáveis pelas: erosões, assoreamentos de rios, de barragens e açudes,
enchentes e efeitos das secas.
Em a análise dos conflitos, os desmatamentos, as queimadas e
as áreas “desertificadas” (pousios) são considerados, para efeito de
deterioração física-ambiental. Qualquer tipo de poluição ambiental
também representa conflito.
Os conflitos são detectados por diagnósticos e corrigidos pelas
recomendações dos prognósticos.
Os conflitos podem existir tanto na zona rural, como na urbana.
10

2.7. Poluição
É qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou
biológicas dos Recursos Naturais Renováveis (solo, vegetação, ar,
água, fauna), causada por alguma forma de energia ou elementos pro-
duzidos por atividades humanas, capazes, direta ou indiretamente, de
criar condições nocivas à saúde do homem, à sociedade e aos Recur-
sos Naturais Renováveis (Hidalgo, 1987).
A unidade de medir a poluição é a deterioração.
Uma unidade ambiental de 2.000 ha, por exemplo, se estiver
com 400 ha poluídos, significa que está 20% deteriorada.

2.8. Bacia, Sub-Bacia, Microbacias Hidrográficas e termos correlatos

2.8.1. Bacia Hidrográfica


É a área delimitada por um divisor de águas que drena as águas
de chuvas por ravinas, canais e tributários, para um curso principal,
com vazão efluente, convergindo para uma única saída e desaguando
diretamente no mar ou em um grande lago.
As Bacias Hidrográficas não têm dimensões superficiais definidas.
Exemplo: Bacia do Rio Camaquã (pequena Bacia Hidrográfica
que deságua na Laguna dos Patos – RS); Bacia Amazônica (deságua
no mar). A primeira muito pequena em relação à segunda.

2.8.2. Sub-Bacia Hidrográfica


O conceito é o mesmo de Bacia Hidrográfica, acrescido do
enfoque de que o deságüe se dá diretamente em outro rio. As Sub-
11

Bacias Hidrográficas têm dimensões superficiais que variam entre


20.000 ha e 300.000 ha. Essas áreas podem variar de acordo com a
região do País e o tipo de cartas topográficas existentes.
O limite inferior (20.000 ha) refere-se à área máxima que uma
equipe de campo pode e deve trabalhar em um Manejo Integrado de
Bacias Hidrográficas.
Esse dado é válido para o Sul do Brasil, Uruguai e Norte da
Argentina e é proveniente da experiência de campo.
O limite superior (300.000 ha) restringe-se ao fato de ser uma
área facilmente manuseável no sistema cartográfico tradicional do Sul
do País: cartas com escala 1:50.000.

2.8.3. Microbacias Hidrográficas


O conceito é o mesmo de Bacia Hidrográfica, acrescido de que
o deságüe se dá também em outro rio, porém, a dimensão superficial
da Microbacia é menor que 20.000 ha. Pode haver Microbacia até de
10, 20, 50, 100, 500 ha, etc.. Sub-Bacias maiores que 300.000 ha, para
efeito de Planejamento Integrado, deverão ser divididas em duas ou
quantas Sub-Bacias forem necessárias.
A Sub-Bacia pode ser dividida em várias Microbacias, assim como
a Microbacia pode ser dividida em Minibacias e as Minibacias podem
ser divididas em secções (parte da minibacia até o talvegue).

Como preparar as cartas básicas para trabalhar em uma Sub-Bacia


de 1.800.000 ha, por exemplo?
12

1.800.000 ha/300.000 ha = 06 Sub-Bacias de 300.000 ha


(no mínimo).
1.800.000 ha/20.000 ha = 90 Microbacias de 300.000 ha
(no mínimo).

A Bacia, Sub-Bacia ou Microbacia é formada por divisores de


água e por uma rede, padrão ou sistema de drenagem, rico em ravinas,
canais e tributários, caracterizados pela sua forma, extensão, densida-
de e tipo. Deve-se salientar a necessidade de respeitar: ravinas, canais
e tributários ao se traçar os limites das Microbacias.
Estes componentes retratam que as águas superficiais e sub-
superficiais, referindo-se diretamente às águas de escoamento por
saturação, estão relacionadas com a “capacidade de campo” do solo.

Obs.: Em áreas florestadas a densidade de drenagem é sempre


menor, significando que há maior infiltração de águas das chuvas.

2.8.4. Ravinas
Ravinas, aqui consideradas, são drenos naturais que surgem a
partir da linha divisória de águas e vão até os sulcos definidos no ter-
reno (até a meia encosta aproximadamente).
Geralmente, são efêmeras (só possuem água enquanto está
chovendo). É nelas que surgem os processos de erosão (na verdade as
ravinas não aparecem nos processos de fotointerpretação).
Portanto, o controle ou combate às erosões deve começar pelas
ravinas.
13

A linha que passa pela base de várias ravinas define, com o


divisor de águas, a coroa de proteção de nascentes. É aí o local ade-
quado para os florestamentos conservacionistas (Figura 1).

2.8.5. Canais
Canais, aqui considerados, são drenos naturais que se iniciam
ao término das ravinas e vão até a base das encostas (Figura 1).
Geralmente são intermitentes (podendo ser perenes em alguns
casos). Neste caso, quando termina a chuva, a água escoa ainda por
um certo período de tempo.
Nos canais é que aparecem as erosões, apesar de terem origem
nas ravinas.
Enquanto as ravinas auxiliam em a análise das condições dos
solos, os canais auxiliam na indicação do caráter das rochas (ígneas,
sedimentares, metamórficas).

2.8.6. Tributários
Tributários, aqui considerados, são drenos naturais que se ini-
ciam ao término dos canais e seguem até outro rio, mar ou um grande
lago (Figura 1). Em casos particulares, ocorrem tributários artificiais.
Geralmente são perenes e se subdividem em ordens de grandeza:
- 3ª ordem: tributários perenes até 2m de largura.
- 4ª ordem: tributários perenes entre 2m e 10m de largura.
- 5ª ordem: tributários perenes com mais de 10m de largura.
A 1ª ordem refere-se às ravinas e a 2ª ordem aos canais.
14

Os tributários contribuem para o estudo das estruturas geológi-


cas e geomorfológicas.

Observação: A ordem de grandeza dos afluentes (ravinas, ca-


nais, tributários) define a ordem de grandeza das Bacias, Sub-Bacias e
Microbacias Hidrográficas. Trata-se de uma classificação bem prática,
mensurável (palpável) e diferente das classificações tradicionais.

2.9. Bacia, Sub-Bacia ou Microbacias Hidrográficas “Experimen-


tal ou Piloto”
Segundo Conceituações do Decênio Hidrológico Internacional,
a Bacia, Sub-Bacia ou Microbacia Experimental é definida como
“aquela na qual se podem modificar a vontade as condições naturais,
como por exemplo a cobertura vegetal ou o solo, mediante procedi-
mento de combate à erosão e onde sejam estudados os efeitos dessas
modificações sobre o ciclo hidrológico”.
3. PARÂMETROS DETERIORANTES DAS BACIAS,
SUB-BACIAS E MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

Existem inúmeros parâmetros já estudados que definem os


tipos de redes, padrões ou sistemas de drenagem, os quais caracteri-
zam, por conseguinte, as Bacias, Sub-Bacias ou Microbacias Hidro-
gráficas correspondentes. Entre estes, os parâmetros que mais se rela-
cionam com a deterioração ambiental são em número de seis:
- Comprimento das ravinas;
- Densidade de drenagem;
- Índice de circularidade;
- Índice de forma;
- Declividade média da Bacia, Sub-Bacia ou Microbacia e
- Coeficiente de Rugosidade (Ruggdeness Number).

3.1. Comprimento das ravinas


O Comprimento da vazão superficial é dado por:
C = L1 + L2 + L3 + ... + Ln
ou
C =  Li

Onde:
Li = somatório das distâncias eqüidistantes desde a linha do
divisor de águas ao primeiro afluente (canal) na Micro-
bacia.
C = comprimento das ravinas, em km.
16

C corresponde ao somatório das eqüidistâncias da menor dis-


tância da linha divisora d’água ao início dos afluentes (dos canais).
Para cada afluente é avaliado um ou mais valores de L.
Devido ao fato das erosões iniciarem-se nas ravinas e o valor
de L ir da linha divisora de águas ao final das ravinas, pode-se conclu-
ir que:
Quanto maior for o valor de C, maior será o perigo de erosão
na Microbacia.
Para se ter uma “noção” sobre “maior” valor de C, deve-se
avaliá-lo em mais de uma Microbacia e comparar os resultados.
A Figura 1 ilustra os valores mencionados.

Ravina
L1 M
icr
Ravina ob
acia
Co asc

L2
N

Canais
ro ent
a es
de

Ravina
Pr

L3 Canais
ot
de


ao
çao

de
rote
Cor centes
eP

T ributarios
a d

Nas
o

Canais
Ravina
L4 T ributarios
io
ar
ut
ib
Tr

Figura 1 - Comprimento das ravinas e locação da coroa de proteção de


nascentes.
17

3.2. Densidade de Drenagem


A densidade de drenagem é dada por:

D = l (R,C,T)/A
Onde:
l (R,C,T) = somatório dos comprimentos das ravinas, canais e
tributários, na Microbacia, em km.
A = área da Microbacia, em ha.
D = densidade de drenagem, em km/ha.

Comparando-se duas ou mais Microbacias, pode-se calcular


valores pequenos e grandes para D.
O valor de D pequeno significa: rochas resistentes, ou solo
muito permeável, ou cobertura vegetal densa, ou relevo suave (con-
comitância possível).
O valor de D grande significa: rochas pouco resistentes, ou so-
lo impermeável, ou pequena cobertura vegetal, ou relevo acidentado
(concomitância possível).
D pequeno ou grande é avaliado comparando-se duas ou mais
Microbacias.
Esses valores ajudam substancialmente no Planejamento Inte-
grado de Bacias Hidrográficas, como será visto posteriormente.

3.3. Índice de Circularidade


O índice de circularidade (Miller V. C., 1953, apud Rocha,
1991) é dado por:
18

A
IC 
Ac
Onde:
IC = índice de circularidade.
A = área da Microbacia.
Ac = área do círculo de perímetro igual ao perímetro da
Microbacia considerada.

Área do círculo: S = R2 = Ac

Perímetro do círculo: C = 2R


Isolando-se o R tem-se:
R = C / 2; substituindo na área:
S = .(C/2)2
S = .C2 / 42

S = C2 / 4 = Ac

O valor de A é fornecido em ha (ou m2) e o valor de C2 em hm2


(ou m2). A expressão final produzirá um valor adimensional para IC.

A A 4πA
IC   
Ac C2 C2

19

O valor máximo para IC é 1; neste caso, a Microbacia terá a


forma circular.
Conclusão: quanto maior for o valor do IC (comparado entre
Microbacias), mais próxima estará a Microbacia da forma circular e
maior será o perigo de enchentes (maior concentração de água no tri-
butário principal, quando se tem chuva intensa cobrindo toda a sua
extensão).
Essas Microbacias deverão ter maior proteção, em cobertura
florestal e conservação de solos. Como exemplo típico no Brasil, pelo
alto valor de IC, pode-se citar as Microbacias das nascentes da Sub-
Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu, em Santa Catarina (local de
perigosíssimas e famosas enchentes).

3.4. Índice de Forma


O índice de forma é dado por:

A  L
IF  1 
A

Onde:
IF = índice de forma, adimensional.
A = área da Microbacia, em ha.
L = área da figura geométrica envolvente, com forma mais
próxima possível da forma da Microbacia, em ha.
A  L = área de interseção (área comum) entre as áreas da Micro-
bacia e a área da figura geométrica envolvente, em ha.
20

Conclusão: quanto menor for o valor de IF, mais próximo da


figura geométrica estará a forma da Microbacia.
Microbacias de formas retangulares, trapezoidais ou trian-
gulares (figuras geométricas de área mínima) são menos suscetíveis a
enchentes que as circulares, ovais ou quadradas (figuras geométri-
cas de áreas máximas), que têm maiores possibilidades de acumular
águas de chuvas intensas que ocorrerem simultaneamente em toda a
sua extensão, concentrando grande volume de água no tributário prin-
cipal. A Figura 2 ilustra o informe.

L = área do
triângulo
MICROBACIA

A = área da microbacia

A L TRIÂNGULO ENVOLVENTE

Figura 2 – Índice de Forma

3.5. Declividade Média da Microbacia


A magnitude dos picos de enchentes e infiltração de água, tra-
zendo, como conseqüência, maior ou menor grau de erosão, dependem
da declividade média da Microbacia (que determina maior ou menor
velocidade de escoamento da água superficial), associada à cobertura
vegetal, tipo de solo e tipo de uso da terra.
A declividade média da Microbacia é dada por:

 L CN x Δh
H  x 100
A
21

Onde:
H = declividade média, em %.
L CN = somatório dos comprimentos de todas as curvas de
nível na Microbacia mapeada, em hm ou m.
A = área da Microbacia, em ha (ou m2).
h = eqüidistância das curvas de nível, em hm (ou m).
Normalmente h = 20 m em cartas 1:50.000
O valor de H será adimensional e corresponderá a tg  onde, em
um triângulo retângulo, um dos catetos é representado por  L CN  h
e o outro cateto por A. Infere-se que:

 L CN x Δh
tg α  H
A (adimensional).

H  100 = declividade média da Microbacia em %.


A Figura 3 ilustra o informe anterior (método dos mínimos
quadrados – Pitágoras):

 CN . h

Figura 3 - Posicionamento para o cálculo da declividade média da


Microbacia.
22

3.5.1. Declividade Média da Microbacia: método UFSM


Quando não se tem as curvas de nível nas Microbacias, pode-
se calcular a declividade média H pelo “Método UFSM” (desenvolvi-
do pelo primeiro autor, na Universidade Federal de Santa Maria, para
o qual se usam aerofotogramas e barra de paralaxes com estereoscópio de
espelhos).
O exemplo prático a seguir (Quadro 1) elucida o método (ao
técnico é necessário algum conhecimento básico em aerofotogrametria
e fotointerpretação para assimilar rapidamente o processo).

Quadro 1 - Valores calculados em Microbacia para a avaliação de sua


declividade média.
1 2 3 4 5
distância
Ponto px (mm) z (m) cota (m)
(m)
4 - - 100,00 -
1 3,65 (1-4) 49,93 149,93 1.080,00
2 4,56 (2-4) 17,53 117,53 2.280,00
3 5,79 (3-4) -24,46 73,54 1.530,00
M - - 110,25 1.567,50

Coluna 1
A numeração 1, 2, 3, 4, etc. (coluna 1) é utilizada para assina-
lar pontos na Microbacia, ao longo dos afluentes. Quanto maior o nú-
mero de pontos, mais exato será o resultado. A prática tem mostrado
que um mínimo de 15 pontos por Microbacia resolve satisfatoriamente.
No exemplo, o número 4 (coluna 1) representa o ponto mais
baixo (relevo mais profundo), ao qual se atribui a cota 100m (pode ser
200 m, 500 m etc. conforme o relevo predominante na região).
23

Coluna 2
Os valores de px (mm) – coluna 2 - são calculados pelas lei-
turas de pxa e pxb na barra de paralaxes em 4 (ponto mais baixo) e em
outro ponto qualquer (no caso, os pontos 1, 2 e 3).
Exemplo - sejam os valores:
px1 = 3,65 = px1 - px4 (leitura em 1 - leitura em 4)
px2 = 4,56 = px2 - px4
px3 = 5,79 = px3 - px4
Coluna 3
Os valores de z (m) são calculados pela fórmula tradicional:

Hv . Δpx
Δz 
b  Δpx
Onde:
z = altura do ponto, em m (com relação aos 100 m atribu-
ídos ao ponto mais baixo).
Hv = altura de vôo = f . M (distância focal da câmara  es-
cala aproximada do aerofotograma), em m.
px = diferença de paralaxes = pxa - pxb, em mm (leitura no
ponto mais alto menos a leitura no ponto mais baixo,
pela barra de paralaxes).
b = base estereoscópica, em mm (medida em aerofoto-
gramas, conforme Figura 4 onde p = ponto principal
do aerofotograma 1 e p1 = ponto principal do aerofo-
tograma 2. b1 e b2 são as bases estereoscópicas de
cada aerofotograma).
24

b1 b2
p p1 p p1 b = (b1 + b2) / 2

Figura 4 - Marcação da Base Estereoscópica em um par de aerofoto-


gramas.

Coluna 4
Soma-se 100m, cota atribuída ao ponto mais baixo, aos valores
da coluna 3.
Coluna 5
O valor 1.080,00m corresponde a distância medida entre os
pontos 1 e 4; 2.280,00m é a distância entre os pontos 2 e 4 e assim
sucessivamente.
Tomando-se a cota média e a distância média como catetos de
um triângulo retângulo, tem-se:
tg = H = 110,25 m / 1.567,50 m = 0,0701

Em %, tem-se:
H = 7,01%, que é a declividade média da Microbacia.
Para transformar este valor (porcentagem) em graus, vai-se a
uma calculadora científica e coloca-se: 0,0701, tecla-se shift (ou 2nd
função), depois tecla-se tan e shift e obtêm-se 4° 0’ 35”.
Observação: nunca transforme % em graus ou vice-versa pela “regra
de três” e sim pela tangente do ângulo.
25

3.6. Coeficiente de Rugosidade


O Coeficiente de Rugosidade (Ruggdeness Number - RN),
segundo Sicco Smit (Pereira Filho, W., Rocha, J. S. M. apud Rocha,
1991), é um parâmetro que direciona o Uso Potencial da Terra com
relação às suas características para agricultura, pecuária ou floresta-
mento.
Os RN, comparados com o Uso da Terra, determinam as áreas
de conflitos nas Microbacias.
O coeficiente de rugosidade é dado por:
RN = D x H
Onde:
D = densidade de drenagem da Microbacia (visto em 3.2).
H = declividade média da Microbacia (visto em 3.5 e em 3.5.1.).

O produto D  H mostra, nitidamente, que quanto maior for o


valor do RN, maior será o perigo de erosão na Microbacia. O RN é
adimensional.
“Sicco Smit”, autor do método, classificou quatro classes (va-
lores) para os RN. As classes estabelecidas foram:
A - solos apropriados para agricultura (menor valor de RN);
B - solos apropriados para pastagens (pecuária);
C - solos apropriados para pastagem/florestamento;
D - solos apropriados para florestamentos (maior valor de RN).

Os RN são avaliados, normalmente, em Microbacias.


26

Para se caracterizar o Uso Potencial da Terra, são calculados,


nas Microbacias, os elementos: amplitude e intervalo.
Para se compreender melhor a definição das classes de RN, toma-
se como base os valores fictícios, expressos no exemplo: (Quadro 2)

Quadro 2 - Valores para o cálculo do Coeficiente de Rugosidade em


Microbacias.
Microbacia
RN Valores encontrados*
n.º
1 2 A
2 3 A
3 4 A
4 5 B
5 6 B
6 8 C
7 12 D
*Valores provenientes do quadro de análise. (Quadro 3)

Amplitude = o maior intervalo do RN – o menor valor do RN


A = 12 - 2 = 10 e Intervalo = I = A/4 = 2,5
O denominador 4 representa o número de classes (A, B, C, D).
Quadro 3 - Quadro de análise.
Intervalo de domínio
Classe Uso Valores encontrados
(valores dos RN)
A 2 +2,5 4,5 Agricultura 3 RN (3 Microbacias) para
Agricultura (A)
(A)
B 4,6 +2,5 7,1 Pecuária 2 RN (2 Microbacias) para
Pecuária (B)
(B)
C 7,2 +2,5 9,7 Pecuária ou 1 RN (1 Microbacia) para
Pecuária/Floresta (C)
Floresta
(C)
D 9.8  12 Floresta 1 RN (1 Microbacia) para
Floresta (D)
(D)
4. O MEIO AMBIENTE (A AMBIÊNCIA) E AS BACIAS HI-
DROGRÁFICAS

Conta-nos a historia antiga que a Mãe Natureza, cansada de


solidão, criou Adão para ser o primeiro guardião ambiental. Também
desolado pela solidão, fez de sua costela a companheira Eva. Para o
casal não ficar só, criaram Caim (agricultor) e Abel (pecuarista). Caim
explorou a terra como pôde e deixou de produzir riquezas, pois fez
uma agricultura irracional, dando origem à primeira deterioração am-
biental: esgotamento da terra e erosão.
Abel, pecuarista, criava seus animais sem agredir o meio am-
biente e foi enriquecendo. Caim, empobrecido pela resposta da terra,
por ciúmes, matou Abel (O Criador).
Este relato retrata a origem histórica de toda a deterioração
ambiental do planeta. Aqueles que usam e respeitam os ecossistemas
enriquecem e aqueles que os deterioram empobrecem.

4.1. Conceituação Básica


Existem dois meios ambientais (duas ambiências) tradicionais
no mundo: o meio rural e o meio urbano, com área de influência que
vai do subsolo ao topo da atmosfera.
Toda a forma de energia produzida no meio rural (água, eletri-
cidade, alimentos, etc.) abastece o meio urbano, o qual depende dire-
tamente daquele.
Quando o homem usa erroneamente o meio rural (agricultura
sem conservação de solos, pecuária com excesso de lotação, estradas
28

rurais inadequadas, etc.), ou o destrói (devastações florestais, uso in-


discriminado de biocidas, caça indiscriminada, lixos, esgotos, etc.), a
natureza sempre responde com enchentes, secas, miséria, doenças e
todos os tipos de problemas, fazendo com que o homem não encontre
mais condições de viver no meio rural. Daí surge o êxodo, êxodo ru-
ral. O homem desqualificado e sem cultura, como é o caso da maioria,
muda-se para a cidade e só encontra possibilidades de sobrevivência
nas favelas que margeiam as grandes cidades (daí o nome marginal),
criando-as ou aumentando-as consideravelmente.
Por outro lado, as industrias e os veículos automotores deterio-
ram as cidades e vizinhanças, tornando a vida ali quase insuportável,
especialmente nos grandes centros, e fazendo proliferar enormemente
o número de doenças de todos os tipos.
Tudo o que acontece de deterioração no meio rural e no meio
urbano está acontecendo nas bacias, Sub-Bacias ou Microbacias Hi-
drográficas, como se pode inferir.

4.2. Alguns Exemplos Mundiais


Os antigos habitantes e dominadores de regiões da África, com
a sede da exploração irracional, pelo abate excessivo das florestas para
exportação de madeiras, para construção de casas, construção de bar-
cos, navios e, especialmente, pelas queimadas para ampliação das
áreas de agropecuária, legaram, àquele continente, desertos enormes,
irrecuperáveis, miséria, ignorância e doenças. Transformaram um ou-
trora paraíso em deserto (Saara).
29

Os soviéticos, para controlar os ventos frios da Sibéria, desde


os tempos dos czares, cobriam seus “desertos de gelo” com imensas
florestas, plantadas ao longo de centenas de anos, cobrindo uma área
do tamanho do Brasil (Taiga Siberiana). Como conseqüência, tiveram
total recuperação e conservação ambiental, eliminação de doenças e
auferiram grandes riquezas, fazendo daquele País uma das maiores
potencias do mundo. Fizeram o oposto do que ocorreu na África:
transformaram “desertos de gelo” em um paraíso ambiental.
Note-se o contraste Rússia-África.
A Alemanha, bem como o Japão, destruídos pela guerra, hoje
lideram a economia mundial, porque investiram concentradamente
todos os seus esforços na educação e na recuperação ambiental. Des-
cobriram eles, há dezenas de anos, que o meio ambiente equilibrado
produz riquezas continuamente e isto só se consegue com o Manejo
Integrado de Bacias Hidrográficas.
Israel, manejando e gerenciando o Rio Jordão, conseguiu trans-
formar o deserto em jardim horti-silvi-granjeiro, produzindo alimentos
para milhões de pessoas.
Os Estados Unidos da América do Norte conseguem as maio-
res produções agrícolas do mundo manejando adequadamente suas
Bacias Hidrográficas.
As riquezas dos Países europeus, especialmente da Escandiná-
via, explicam-se pela conservação e preservação de seus Recursos
Naturais Renováveis, associadas a uma Educação Ambiental que se
inicia no jardim de infância.
30

Apesar da grande evolução econômica de certos paises, a Eu-


ropa e os EUA lutam contra a chuva ácida, segurança nas usinas atô-
micas, criminalidade e doenças, mesmo assim possuem os maiores
centros de pesquisas do Planeta, pesquisas estas voltadas em grande
parte para as Bacias Hidrográficas.

4.3. A Situação no Brasil


O Brasil, pela devastação florestal e pelo uso indiscriminado
das terras, já desponta no panorama mundial com a região Nordeste
bastante deteriorada, exigindo a cada dia maiores investimentos e a
região Norte em devastação com queimadas e derrubadas (10% de sua
área total, segundo o INPE, 1980) já proporcionando inúmeras en-
chentes, erosões, assoreamentos, proliferando doenças e misérias.
A região Centro-Oeste recebe de braços abertos os “destruido-
res do Sul e de Minas Gerais”, os quais se dizem agricultores, derru-
bam cerrados, destroem a fauna, não deixam sequer faixas de conten-
ção e fazem uma agricultura predatória, como acontece, por exemplo,
nas Sub-Bacias Hidrográficas do Rio São Lourenço, Rio Vermelho,
Rio Couro de Peixe, Rio Jauru, Rio Cuiabá e outros que deságuam no
Pantanal, bem como nas Sub-Bacias Hidrográficas dos rios que desá-
guam no Rio Araguaia (especialmente a Sub-Bacia do Rio das Mor-
tes) e dos rios que deságuam no Rio Xingu.
Como se não bastasse, alem do uso do mercúrio nas minera-
ções de ouro, aplicam agrotóxicos indiscriminadamente, contribuindo
não só pelo entulhamento do Pantanal com terras erodidas, mas com o
31

envenenamento e risco de extinção da maior fauna silvestre diversifi-


cada do Planeta.
Em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e
na região Sul (regiões Sudeste e Sul) os problemas são ainda maiores.
A Serra do Mar está constantemente nos noticiários e Cubatão é sem-
pre manchete. A erosão do Paraná é bastante difundida (e bastante
estudada também). Rios no Brasil com problemas ambientais existem
às centenas: Tietê, Paraíba, Paraíba do Sul, Pinheiros, Piracicaba, Ita-
jaí-Açu, São Francisco, Uruguai, Paraná, Jacuí, Ibicuí, São Lourenço,
Vermelho, do Carmo, Iguaçu, Couro de Peixe, Doce, vários afluentes
do Amazonas, Verde, Araguaia, das Mortes, Tocantins, Capibaribe,
Beberibe, Mamoaba, das Velhas e centenas de outros.
Santa Catarina teve, tem e terá enchentes cada vez maiores,
suas nascentes secarão e surgirão épocas de grandes secas. Isto é o que
se conclui pela devastação florestal observada naquele Estado, especi-
almente nas nascentes dos principais rios.
O Paraná perde, em fertilizantes carreados para os rios, 200
milhões de dólares/ano e 20 ton./ha de solo/ano (Nestor Bragagnollo -
Conforme declaração pessoal a um dos autores, em congresso).
O Rio Grande do Sul, por ser um grande produtor agrícola,
merece um comentário maior.
Os principais pontos a considerar são:
a) São propícias às florestas 42% das terras do Estado, porém a
cobertura vegetal de hoje, arbustiva e arbórea, plantada e nati-
va, é menor que 6%.
32

b) Em vista disto e pelo uso de maquinário agrícola, muitas vezes


inadequado, o solo tem perdido cerca de 96% das águas das
chuvas. Como conseqüência do processo de erosão causado
pelo escoamento superficial das águas, estão aí as enchentes e
os assoreamentos dos rios, dos lagos e das barragens.
c) Esses assoreamentos, da ordem de 300 milhões de toneladas de
terras férteis por ano, que se deslocam pelas Bacias Hidrográ-
ficas dos rios Jacuí (para a Lagoa dos Patos) Ibicuí (para o Rio
Uruguai), contribuem continuamente para a diminuição da pis-
cosidade dos rios e lagos, diminuição do potencial hidrelétrico,
diminuição da navegabilidade e para a diminuição da quanti-
dade de água disponível para a irrigação.
A qualidade das águas para o consumo humano e para a desse-
dentação dos animais está cada vez pior.
d) Como a infiltração da água é mínima no Estado, em pequenos
períodos de estiagem a seca virá avassaladora (vários exem-
plos foram verificados no Estado, nos últimos anos).
e) “Desertos”, mostrando o grau extremo do mau uso das terras
são realidades em várias regiões.
f) A devastação florestal foi tão grande nos últimos anos (e ainda
continua) que, se o Estado plantar três vezes a mais o que plan-
ta e paralisar totalmente as derrubadas, levará 131 anos para
recompor o mínimo de 25% de cobertura florestal, nível míni-
mo necessário preconizado pelas entidades cientificas.
g) O fogo, pela queima de campos e florestas, é um fenômeno de
tão forte uso e conseqüências que o efeito estufa está se tor-
33

nando uma realidade em todo o mundo e a temperatura média


do planeta tenderá a aumentar na próxima década. Como se
não bastasse, os refrigeradores, os aparelhos de ar condiciona-
do e “sprays” estão aí, contribuindo com o despejo do cloro-
fluorcarbono, o qual retém o calor 20 mil vezes a mais que o
gás carbônico (CO2 das queimadas), aumentado o efeito estufa,
dilatando os mares (inundações futuras) e destruindo a camada
de ozônio (gerando doenças da pele em geral).
Já imaginaram estes efeitos, somados aos gases expelidos pelas
fabricas, veículos automotores e aviões?
h) A poluição química dos rios (por fabricas e agrotóxicos) põe
em risco a saúde dos animais, do homem e destrói a fauna ic-
tio-silvestre.

Se houvesse educação ambiental técnica e prática no Rio


Grande do Sul, ter-se-ia aí uma rica fauna (a fauna da Reserva Ecoló-
gica do Taim, a maior do Estado, está em vias de extinção), as terras
arrastadas para o mar nos últimos cinco anos teriam produzido rique-
zas equivalentes a divida externa do Brasil, as florestas absorveriam e
fariam infiltrar no solo água suficiente para garantir para sempre a
qualidade e a quantidade necessária às industrias, ao homem, aos ani-
mais e à irrigação. O homem fixar-se-ia no campo, favelas deixariam
de existir, a renda “per capita” aumentaria, as doenças endêmicas de-
sapareceriam e o povo seria mais feliz.
34

4.4. O Caso do Rio Grande do Sul

4.4.1. Área Rural


As Sub-Bacias e Microbacias Hidrográficas em estudo no
Estado: Ibicuí-Mirim, Passo Fundo, Vacacaí-Mirim, Arenal, Soturno,
entre duzentas de áreas similares, estão deterioradas em mais de 60%.
Essas deteriorações mostram uma idéia da situação critica das
quase 100 Sub-Bacias Hidrográficas do Estado, que levam para a Ba-
cia do Rio da Prata e para a Laguna dos Patos cerca de 300 milhões de
toneladas de terras férteis por ano.
Isto se deve ao mau uso das terras: desmatamentos indiscri-
minados (dos 45% de cobertura florestal existente no Estado em 1911,
hoje restam cerca de 6% de vegetação arbustiva e arbórea), agricultura
irracional, e pecuária, também em alguns casos, irracional.
“Desertos” e área em “desertificação” atingem cinco (5) mi-
lhões de hectares.
Existem no Estado três (3) milhões de hectares de solos hidro-
mórficos, várzeas irrigáveis, que deveriam ser utilizados para a produ-
ção de arroz em consorcio com outras culturas e, no entanto, são usa-
dos 500 mil hectares (Prof. Tit. Ailo Valmir Saccol – Conforme decla-
ração técnica a um dos autores).
Dos 42% das terras propícias para florestas, existentes no Rio
Grande do Sul, mais de 90% são usadas pela agricultura conflitante.
A capacidade de infiltração de água, nos solos agricultados do
Estado, de uma média de 150mm/hora (infiltração média da água em
solos com cobertura florestal), está hoje reduzida a 6mm/hora (infiltração
35

da água em solos com cultivos agrícolas - transformação de florestas


nativas em lavouras). Isto representa uma perda de 96% das águas de
chuva que caem: P = (150 mm – 6 mm / 150 mm) x 100 = 96%. E,
como conseqüência, estão ai as enchentes no período chuvoso e as
secas na época de estiagem. As imagens orbitais mostram, continua-
mente, esta perda d’água pela erosão acentuada das terras, retratada na
poluição de rios, lagos, açudes e represas.
O “déficit” florestal no Estado, em termos de florestas energé-
ticas, econômicas e ecológicas é da ordem de 18,60% (valor detectado
por um dos autores em 1982), para se obter o mínimo desejável de
25% de cobertura florestal. O inicio da contenção dos processos gerais
de controle da erosão consegue-se com cobertura florestal a partir de
25% das áreas florestadas nas Microbacias Hidrográficas.
Como se não bastasse, o Rio Grande do Sul recebe, em suas
Bacias Hidrográficas, poluições químicas (de fábricas, curtumes), po-
luições fecais (de esgotos, pocilgas) e ambientais (por lixos, agrotóxi-
cos, gases em geral).

4.4.2. Área Urbana


A área urbana, pelo fato de depender de toda a energia pro-
duzida no meio rural (eletricidade, água, alimentos), deteriora-se ime-
diatamente com a deterioração da área rural, inclusive sofrendo a for-
mação das favelas. Além disto, a área urbana (e suburbana), tem a sua
própria deterioração: lixo a “céu aberto”, esgotos superficiais, dejetos
de fabricas, curtumes, pocilgas, galinheiros e resíduos comercias e
também por tudo que a população atira pelas ruas, especialmente plásticos.
36

Os rios e riachos na área urbana são verdadeiros depositários


de lixos e canais de esgotos livres.
A destruição dos bens públicos (escolas, iluminação de ruas,
arborizações, placas, postes, entre outros) é outra forma de deteriora-
ção ambiental.
Cada cidade deve ter, como valor ideal, 50 m2 de área verde
por habitante, sendo de 12 m2 o mínimo admissível para se conseguir
um equilíbrio de sobrevivência/qualidade de vida (dados estabelecidos
por diversos cientistas e aceito pela Organização Mundial da Saúde -
OMS).
Pela relação a seguir, sendo considerados como área verde
somente ruas, praças e jardins, por habitante, pode-se dizer que algu-
mas cidades brasileiras precisam rever imediatamente seus planos diretores.
 Santa Maria, RS: 2,4 m2/habitante.
 Piracicaba, SP: 0,1 m2/habitante.
 Rio Claro, SP: 2,8 m2/habitante.
 São Paulo, SP: 4 m2/habitante.
 Rio de Janeiro, RJ: 9 m2/habitante.
 Campinas, SP: 15 m2/habitante.
 Brasília, DF: 20 m2/habitante.
Para absorver os gases expelidos pelos veículos automotores
cada cidade deve ter em suas ruas o equivalente a duas árvores
por habitante (o que é um índice diferente da área verde).
Os veículos são responsáveis por mais de 50% da poluição
urbana. Mil (1.000) litros de álcool, ou gasolina, ou de óleo diesel,
lançam na atmosfera, na forma de aldeídos, monóxido de carbono,
37

hidrocarbonetos, óxido de nitrogênio, enxofre e ácidos orgânicos,


253 kg, 322 kg e 69,5 kg, respectivamente. Santa Maria - RS recebe
por ano, em sua atmosfera urbana, 818,84 toneladas de poluentes por
veículos automotores (Taffe, 1989). Há uma concepção errônea sobre
a poluição aérea pelos ônibus. Pelo fato de a fumaça ser escura, ter
mau cheiro e sujar as pessoas, isto não quer dizer que polua tanto. Ca-
da carro lança na atmosfera 64 vezes mais poluentes que um ônibus.
Pelo fato do ônibus transportar mais pessoas e poluir menos, pode-se
dizer que, quando se substituem os carros pelos ônibus, pode-se con-
seguir uma diminuição da poluição urbana aérea em até 90%.
Em Santa Maria-RS inspira-se 0,15 kg de poluentes, por ha-
bitante, no centro da cidade (Taffe, 1989).
Reporta-se estes dados a Porto Alegre, São Paulo, Belo Hori-
zonte, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e a todas as grandes cidades do
País e imagine a concepção do estado débil de saúde da população
brasileira dos grandes centros.
Não é por nada que os americanos estão procurando substitu-
tos para seus combustíveis e que os alemães e japoneses usam catali-
sadores nos canos de descarga de seus carros. Um carro, no Brasil,
libera 18 g de CO/km e, em Tóquio, apenas 2 g de CO/km. Atualmen-
te os carros novos no Brasil poluem bem menos.
Um adulto requer diariamente 1,5 kg de alimento sólido, 2 kg
de água e 15 kg de ar para alimentar os seus 70 m2 de superfície alveo-
lar dos pulmões. Pode-se viver cincos semanas sem alimento sólido,
cinco dias sem água, mas não se consegue viver cinco minutos sem ar.
38

Se o ar está poluído, provoca irritação nas mucosas do apare-


lho respiratório, tosse, mal-estar geral, irritação nos olhos, envenena-
mento e até a morte.
A atmosfera terrestre recebe por ano 75,5 milhões de tonela-
das de monóxido de carbono e, destes, 58 milhões de toneladas são
provenientes dos automóveis. Esse gás ataca o coração, a pele e o sis-
tema nervoso central (o CO adere à hemoglobina do sangue), com
graves riscos para a saúde humana.
Uma freada brusca de veiculo automotor libera hidrocarbone-
tos, chumbo tetraetila e partículas de amianto (substâncias cancerígenas).
Estas substâncias são respiradas a todo instante e depositam-
se nos ossos e no sangue, causando, a médio ou longo prazo, convul-
sões epiléticas, defeitos físicos permanentes e morte prematura. Mu-
lheres grávidas ficam sujeitas a abortos ou partos prematuros. Cin-
qüenta por centro (50%) dos envenenamentos mortais do mundo tem
aí a sua origem.
O local de maior concentração desses gases venenosos e po-
luentes cancerígenos fica nas proximidades dos famosos quebra-
molas e sonorizadores (até há pouco tempo uma “constante febril”
em várias cidades do País).
Não se podem poluir cidades com quebra-molas. Estes cau-
sam mais acidentes, provocam neuroses coletivas e enormes prejuízos.
Causam atraso no trânsito e aos horários de trabalho e escolar, causam
problemas para ambulâncias e carros de bombeiros.
Evita-se acidentes, nas ruas, com educação, policiamento (e
cobrança de multas altíssimas em caso de infração) e semáforos; e
39

não, construindo obstáculos poluidores e perigosos. Países e cidades


evoluídas não possuem quebra-molas e, muito menos, sonorizadores.
A Organização Mundial da Saúde informa que todo teor de
substancias na atmosfera, que prejudica a saúde e o bem-estar da po-
pulação, é considerado como elemento poluidor.
Dentro deste conceito, as áreas urbanas são poluídas por ga-
ses dos veículos automotores e de indústrias, fuligens provenientes de
lareiras, incineradores de lixos, padarias e olarias, poeiras de diversos
tipos e aerossóis em geral.
Essas partículas em suspensão reduzem a insolação em 20%
no verão e 50% no inverno, em certas cidades. As radiações ultravio-
letas, provenientes da luz solar, são responsáveis pela fixação do cál-
cio no organismo, em ação com a vitamina D. Essas radiações podem
ser insuficientes devido à poluição aérea, para a fixação do cálcio nos
ossos dos jovens.
Os tipos de poluentes passivos (fuligem, poeiras, cinzas) e
ativos (CO, CO2, derivados do enxofre, do cloro e do flúor, etc.) estão
provocando o efeito estufa, aumentando a temperatura da atmosfera,
dilatando os mares e dentro de algumas dezenas de anos poderão ini-
ciar o degelo nos pólos e a seca nos continentes.
Dessa poluição atmosférica, o homem absorve por dia uma
media de 40 litros de CO2, 0,8 ml de anidrido sulforoso, 2,2 mg de
fumaça, 0,6 l de CO e 6 a 10 milhões de micróbios (fungos, bactérias,
vírus) e, por isto, pode-se dizer que o homem é um doente em potencial.
O limite normal de CO no sangue é de 0,4 ml/100 ml de san-
gue. Uma pessoa, exposta às ruas movimentada de uma cidade por 3
40

horas, terá a taxa de CO no sangue elevada para 0,7 ml/100 ml. Esta
elevação da taxa de CO no sangue, além de prejudicar toda a saúde
orgânica, é responsável pelo desequilíbrio emocional, fazendo com
que esse individuo represente 86% do perigo de acidentes na cidade
(em Paris, este fato foi comprovado).
Vinte mil (20.000) ha de florestas produzem, em um dia, o
oxigênio que um jato intercontinental consome em 30 (trinta) minutos.
A poluição pelas aeronaves contribui substancialmente para o efeito
estufa.
Está comprovado que as árvores purificam o ar através de
processos químicos (absorção) e físicos (agregação-deposição), elimi-
nando da atmosfera até 370 kg de poluentes (sólidos, líquidos e gaso-
sos) por ano/árvore.
As coberturas florestais exercem a função de anteparo ao
vento, realizam e produzem evapotranspiração, umedecendo o ar ao
seu redor, fazendo com que as partículas sólidas em suspensão se de-
positem em suas folhas.
As áreas verdes, por apresentarem temperaturas mais baixas
que o ar circulante, alcançam o ponto de orvalho e cobrem-se com
umidade (sereno) e então as partículas em suspensão, trazidas pelo
vento, se depositam e grudam nas folhas ou acículas. Essas áreas ver-
des devem ser constituídas de exemplares de espécies latifoliadas de-
cíduas ou semidecíduas, que perdem suas folhas, e estas levam consi-
go o material depositado para o solo.
Por esta razão são recomendados tais florestamentos e arbori-
zações de ruas nas cidades e locais próximos às áreas industriais.
41

Por todo o explicitado, infere-se a importância do Manejo


Integrado das Bacias Hidrográficas, especialmente com relação aos
florestamentos onde se buscam a infiltração das águas no solo (com
suas conseqüências benéficas, inclusive o controle da erosão) e a des-
poluição do ar. Note-se que estas são as duas maiores importâncias
(ambientais) das árvores.
5. O ESTUDO INTEGRADO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS

5.1. Introdução
Pelo que se viu nos itens anteriores conclui-se que as Bacias,
Sub-Bacias e Microbacias Hidrográficas são os “palcos” das deterio-
rações ambientais.
Conforme observado no item 1, Introdução, o Manejo Integra-
do da Bacia Hidrográfica é, praticamente, o único caminho a ser se-
guido para a recuperação ambiental, conduzindo ao equilíbrio dos
ecossistemas.
O Manejo Integrado da Bacia Hidrográfica visa a recuperação
ambiental dessas unidades, conduzindo ao equilíbrio dos ecossistemas
ali existentes, buscando o uso perpétuo e a sustentabilidade dos Re-
cursos Naturais Renováveis.
O Manejo Integrado consiste na elaboração e aplicação dos
seguintes diagnósticos básicos:
Físico-Conservacionista - visando buscar soluções para o
controle de erosões, enchentes, secas e assoreamentos nas Sub-Bacias
Hidrográficas;
Sócio-econômico - visando buscar soluções para resolver os
problemas da qualidade de vida das pessoas que vivem nas Sub-
Bacias Hidrográficas;
Ambiental - buscando resolver os problemas da poluição dire-
ta da ambiência nas Sub-Bacias Hidrográficas;
Recursos Hídricos - buscando soluções para resolver os pro-
blemas da qualidade e quantidade de água para atender ao consumo
44

humano, a indústria, a irrigação e a dessedentação animal nas Sub-


Bacias Hidrográficas;
Fauna silvestre - visando examinar a qualidade e a quantidade
das faunas: mastofauna, herpetofauna, avifauna, entomofauna e ictio-
fauna nas Sub-Bacias Hidrográficas. No Sul do Brasil estas faunas
devem ser avaliadas nas quatro estações do ano;
Vegetação - visando examinar a qualidade e a quantidade da
vegetação arbustiva e arbórea nas Microbacias para atender as deman-
das: energéticas, econômicas e ecológicas. Estes três tipos de florestas
juntos devem cobrir mais de 25% da área de cada Sub-Bacia estudada;
Solos - visando buscar a definição das Unidades de Solos na
Sub-Bacia para que se faça a adubação e calagem adequadas, buscan-
do conseguir maior produtividade;
Minerações - visando o controle mediante Plano de Controle
Ambiental ou EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental - Relatório
de Impacto Ambiental), conforme o caso exigir;
Poluição urbana – visando buscar soluções para o problema
do lixo – USTL (Usina de Seleção e Tratamento de Lixo) e para o
esgoto – ETE (Estação de Tratamento de Esgoto);
Poluição industrial – cadastramento de indústrias que poluem
dentro da Sub-Bacia. O controle se dará através da elaboração e im-
plantação de PCA ou EIA-RIMA, conforme o caso exigir;
Passivo ambiental – denominado por alguns técnicos de
eMergia ou energia negativa, este diagnóstico visa avaliar os impactos
negativos em kilocalorias perdidos por Microbacias em Sub-Bacias
45

Hidrográficas, devido a ação antrópica nos empreendimentos ali im-


plantados.
Para se ter uma idéia do passivo ambiental tome-se como
exemplo uma Sub-Bacia Hidrográfica de 4.000 ha onde ocorreu um
desmatamento de 300 ha. A região, neste caso, passou a ter um passivo
ambiental (quando se faz qualquer ação antrópica na ambiência surge
tal passivo).
A ação do homem desbravando (desmatamento, extração de
pedras, construção de estradas, etc.) produz o passivo ambiental que é
avaliado em kilocaloria (energia negativa perdida pela ação antrópica,
correspondente à diminuição da biodiversidade).
A metodologia para avaliar o passivo ambiental foi desenvol-
vida inicialmente pelo pesquisador Odum nos EUA.
A idéia é a seguinte: se uma Sub-Bacia Hidrográfica perdeu,
por exemplo, 200 kcal equivalente a 300 ha desmatados e foi atribuído
o valor de 100 U$/kcal, o passivo ambiental será de U$ 20.000. O
órgão ambiental, neste caso, poderá cobrar este valor do empreende-
dor para recuperar a área. É uma medida compensatória. Já o Ativo
Ambiental não é suscetível de cobrança, por exemplo: florestamento
com espécies nativas em região (área) desmatada.

Os Diagnósticos e os Prognósticos relacionados com as Sub-


Bacias Hidrográficas se explicam da seguinte forma: a exemplo do
que ocorre na medicina (onde o médico solicita vários exames do pa-
ciente, elabora o diagnóstico após a análise dos exames e recomenda o
medicamento certo, via receita), ocorre na Sub-Bacia Hidrográfica:
46

são feitos todos os exames (análise de conflitos e equações de deterio-


ração), ou seja, são elaborados os diagnósticos e são recomendados
(prognosticados) os medicamentos (normas técnicas) para a terra, para
a vegetação, para a agricultura, para a pecuária, para a água, para o
solo, para os animais e para o homem.
Os três primeiros diagnósticos (Físico-Conservacionista, Só-
cio-Econômico e Ambiental) são os mais importantes e vitais para o
País, pois interagem para formar a “Roda Viva de Deterioração Ambiental”.
Esses três diagnósticos calculam deteriorações em porcenta-
gens, mostrando o grau de decadência ambiental da parte física, da
parte social, da parte econômica, da parte tecnológica, da parte sócio-
econômica e da parte ambiental da Bacia, Sub-Bacia ou Microbacias
Hidrográficas.
Os demais diagnósticos são complementares para se prognosti-
car o equilíbrio dos ecossistemas e das relações sinecológicas.
Há diagnósticos com significância ambiental menor e por isso são
denominados de subdiagnósticos específicos, tais como: subdiagnós-
tico da indústria, da pecuária (sobre derivados do leite, da carne, ovos,
lã, peixes, etc.), da agricultura (sobre produtos agrícolas em geral e
sua industrialização), da caça, da pesca, do ar (todas as formas de po-
luição), da administração pública, rural e urbana (Plano Diretor, Leis
Orgânicas Municipais, lixos, esgotos, bens públicos), das estradas, da
energia elétrica, da educação entre outros; nos quais são levantados
todos os problemas da Sub-Bacia, são analisados os conflitos, e indi-
cam-se as soluções em todos os níveis, integrando conclusões e reco-
47

mendações para a recuperação total do meio ambiente através de


prognósticos.

5.2. Avaliações de Prioridades em Bacias, Sub-Bacias e Microba-


cias Hidrográficas
Partindo-se do princípio que o Brasil não tem condições de aten-
der a todas as Bacias, Sub-Bacias e Microbacias Hidrográficas simul-
taneamente, por falta de recursos humanos e financeiros, é necessário
estabelecer-se prioridades para o Manejo Integrado.
A metodologia proposta, evita pressões políticas e locais, ade-
quando os recursos humanos e financeiros ao resultado das priorida-
des calculadas, evitando situações que levam a um estado de desorga-
nização do uso de recursos.
A primeira prioridade é relativa às Bacias Hidrográficas do
País e dos Estados.
A segunda prioridade é relativa às Sub-Bacias dentro da Bacia
priorizada no Estado, ou um estudo de prioridades em todas as Sub-
Bacias do Estado (a mais eficaz).
A terceira prioridade refere-se às prioridades das Microbacias
dentro de cada Sub-Bacia.
O levantamento das prioridades também visa atrair a ação e
pressionar as equipes interdisciplinares, como as Universidades, al-
guns Ministérios, EMATER, IBAMA, Secretarias de Estado, Prefeitu-
ras, Cooperativas, Sindicatos, Companhias de Águas, Centrais Hidre-
létricas, etc., a terem um melhor conhecimento das diferentes unidades
hidrográficas, para poderem avaliá-las cada vez mais objetivamente.
48

5.2.1. Metodologia de Prioridades para Bacias e Sub-Bacias Hidrográficas


A metodologia proposta consiste fundamentalmente da relação e
análise de sete parâmetros principais, para definir os mais importantes as-
pectos de índole conservacionista, social e econômica, através dos quais
pode ser avaliada a importância que apresenta a Bacia ou Sub-Bacia para o
seu Manejo Integrado. A cada um desses parâmetros designou-se um valor
mínimo e um valor máximo. A avaliação entre o valor máximo e o míni-
mo, de cada parâmetro, é feita de acordo com a importância dos mesmos
no contexto da análise. A metodologia requer duas questões fundamentais:
primeiro, que os parâmetros se apliquem uniformemente em todas as Baci-
as ou Sub-Bacias e, segundo, que as Unidades Hidrográficas sejam compa-
radas sob o ponto de vista de sua ocupação territorial (área).

5.2.1.1. Parâmetros levantados


O critério de atribuição dos pesos foi baseado na experiência do
autor e adaptado do CIDIAT (Venezuela), em relação às sub-divisões de
cada parâmetro (Quadro 4):
Quadro 4 - Atribuições de pesos para análise de prioridades em Bacias
e Sub-Bacias Hidrográficas. Pesos
a - Problemas atuais de erosão e sedimentação 1 a 40
b - Penetração da população no meio rural 1 a 15
c - Importância da Bacia ou Sub-Bacia como abastecedora de
água para cidades, produção de energia elétrica, para in- 1 a 20
dústria, para irrigação e para a dessedentação animal
d - Obras construídas ou por construir 1 a 20
e - Potencial de utilização das águas nas nascentes 1 a 20
f - Potencial de utilização das águas em regiões planas 1 a 25
g - Periodicidade ou tamanho de incêndios em vegetações 1 a 25
Obs.: O menor peso (1) significa a melhor situação ambiental.
49

Os pesos foram dados em função da importância dos temas.


Com relação ao item “a”, observar a erosão devido ao mau uso
do solo: sulcos, voçorocas, erosão laminar e cor das águas (turbidez).
Com relação ao item “b”, observar a distribuição irregular da
população que causa danos ao meio ambiente.
Com relação ao item “c”, observar se a Bacia ou Sub-Bacia
abastece cidades, núcleos rurais e industriais, irrigação, produção de
energia elétrica, etc..
Com relação ao item “d”, observar o tamanho das obras cons-
truídas ou em construção na Sub-Bacia.
Com relação ao item “e”, observar o uso da água em todas as
suas variedades (represas, abastecimentos, proteção, recreação, etc.),
enfocando se há prejuízo ao solo (erosões).
Com relação ao item “f”, observar todo o tipo de uso da água
(irrigação, represa, recreação, etc.) e se há prejuízo ao solo (erosão,
inundação).
Com relação ao item “g”, observar a freqüência e o tamanho
dos incêndios florestais e queimas de pastagens. O fogo ao lado de
estradas não é considerado.

5.2.1.2. Critérios para estabelecer parâmetros


A deterioração da Bacia ou Sub-Bacia variará de 0% a 100%,
usando-se intervalos e critérios conforme se verá a seguir, consideran-
do a comparação com uma Bacia ou Sub-Bacia piloto-modelo total-
mente sem deterioração (Quadro 5).
50

Quadro 5 - Sub-Bacia piloto - comparações por critério.


Deterioração Pesos por parâmetros
dos valores Critérios
a b c d e f g
(%)
Igual ao
0 - 10 1-5 1-2 1-3 1-3 1-3 1-4 1-4
modelo
Ligeiramente
11 - 30 6 - 12 3-5 4-7 4-7 4-7 5-8 5-8
igual
31 a 50%
31 - 50 13 - 19 6-8 8 - 11 8 - 11 8 - 11 9 - 12 9 - 12
igual
Mais da
metade
51 - 70 20 - 26 9 - 11 12 - 15 12 - 15 12 - 15 13 - 16 13 - 16
diferente do
modelo
71 a 90%
71 - 90 27 - 33 12 - 14 16 - 19 16 - 19 16 - 19 17 - 20 17 - 20
diferente
Totalmente
91 - 100 diferente do 34 - 40 15 20 20 20 21 - 25 21 - 25
modelo
Obs.: Os intervalos numéricos referentes aos pesos por parâmetros, expressos nas
colunas de “a” até “g”, são valores práticos extraídos da experiência de cam-
po. Podem ser modificados e, mesmo assim, conduzem aos mesmos resulta-
dos, em termos de prioridades, pois são analisadas em lógica diferencial.

5.2.1.3. Valores máximos, mínimos e valores encontrados


No Quadro 6 são fornecidos exemplos numéricos para 5 Sub-
Bacias para elucidar a metodologia.
Quadro 6 - Avaliação das prioridades em Microbacias.
Valores Valor
dos pa- encontrado
Valor Valor Y em % Priori-
râme-
mínimo máximo (Y = 0,6329x - 4,4303) dades
tros
Sub-Bacias
SB 1 7 165 60 33,54 3
SB 2 7 165 70 39,87 2
SB 3 7 165 35 17,72 5
SB 4 7 165 105 62,02 1
SB 5 7 165 56 31,01 4
. . .
. . .
SB n 7 165
7 165 65,2 36,83 -
M
Y = unidade crítica de deterioração (em %) por Sub-Bacia.
51

Obs.: O valor mínimo, 7, é proveniente do somatório dos pesos míni-


mos para cada parâmetro considerado, e o valor máximo, 165, ad-
vém do somatório dos pesos máximos dos referidos parâmetros.
O valor para Y = 36,83% (deterioração média das Sub-Bacias
Hidrográficas) indica que toda a região estudada está deteriorada aci-
ma dos limites admissíveis (10%).

5.2.1.4. Tabulação dos dados


No Quadro 7 observa-se a tabulação dos dados levantados.

Quadro 7 - Parâmetros levantados


Reambulador Amostra Bacia ou Parâmetros
Observação Sub-Bacia a b c d e f g 
total
Equipe A 1 1 20 10 4 6 4 6 10 60
Equipe B 2 2 10 10 10 10 10 10 10 70
Equipe C 3 3 5 5 5 5 5 5 5 35
Equipe D 4 4 15 15 15 15 15 15 15 105
Equipe E 5 5 8 8 8 8 8 8 8 56
- - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - -

5.2.1.5. Cálculo da reta de deterioração da Bacia ou Sub-Bacia


O valor de y indica o grau de deterioração ambiental e varia de
0% a 100%.
Y = ax + b

ax + b = 0 x = valor mínimo (7)


ax’ + b = 100 x’ = valor máximo (165)

a = 0,6329 b = - 4,4303
52

Equação definida: y = 0,6329x - 4,4303

Onde:
x = valor significativo encontrado
y = unidade crítica de deterioração da Bacia ou Sub-Bacia (va-
lor que figurará na 5ª coluna do Quadro 6)

5.2.1.6. Interpretação dos dados


Os valores dos parâmetros da última coluna () são levados da
tabulação dos dados (Quadro 7) para a 4ª coluna do Quadro 6. Depois
são levados para a equação da 5ª coluna do Quadro 6. Em outras pala-
vras, o valor do somatório da última coluna (Quadro 7) representa o
valor de x para cada Bacia ou Sub-Bacia. Esse valor vai para a equa-
ção definida: y = 0,6329x - 4,4303 e aí se calculam os valores de y,
que representam as deteriorações das Bacias ou Sub-Bacias Hidrográ-
ficas. Estes valores, convertidos em prioridades 1, 2, 3, ..., n, vão para
a última coluna do Quadro 6.
Entre as Bacias ou Sub-Bacias analisadas, aquela que tiver o
maior valor para y terá a prioridade primeira (prioridade 1) para se
elaborar os diagnósticos (pelo menos os três primeiros). Uma vez ela-
borados os diagnósticos, estes deverão ser executados e auto-
administrados por comitês previamente escolhidos e nomeados.
53

5.2.2. Metodologia de Prioridades para Microbacias


A metodologia de prioridades para Microbacias consiste em
avaliar, para cada uma, a deterioração físico-conservacionista, a dete-
rioração sócio-econômica e a deterioração ambiental.

A Microbacia que apresentar maior valor médio para o grau de


deterioração, terá a prioridade primeira e, assim, sucessivamente.
3
 MB (DFC, DSE , DA)
M  1
3
Onde:
MB = Microbacia
DFC = Deterioração Físico-Conservacionista
DSE = Deterioração Sócio-Econômica
DA = Deterioração ambiental.
A simbologia epigrafada ( M ) significa a média do somatório
dos valores (em %) de deteriorações físico-conservacionista, sócio-
econômica, e ambiental de cada Microbacia de uma Sub-Bacia já prio-
rizada. O Quadro 8 elucida a metodologia.

Quadro 8 - Avaliação das prioridades nas Microbacias

Deteriorações DFC DSE DA M Prioridade


Microbacias (%) (%) (%) (%)
MB 1 80 82 38 66,66 2ª
MB 2 72 83 42 65,66 3ª
MB 3 60 79 45 61,33 4ª
MB 4 88 68 47 67,66 1ª
MB 5 38 81 31 50,00 5ª
Sub-Bacia (m) 67,6 78,6 40,6 62,26 -
54

M = média = deterioração de ambiência.


(m) = média dos diagnósticos na Sub-Bacia Hidrográfica.
Note-se que as três deteriorações consideradas (físico-conser-
vacionista, sócio-econômica e ambiental) não têm valores ponderados,
pois estes estão interligados pela sua própria natureza de deterioração.
Os danos ambientais identificados e quantificados por esses
três diagnósticos compõem a “Roda Viva de Deterioração de Ambiên-
cia”.

DFC
67,60%

Roda Viva da deterioração


de ambiência
DSE DA
78,60% 40,60%

Deterioração de ambiência = 62,27%, que representa a deterio-


ração total da Sub-Bacia (é o valor médio das três deteriorações).
A coluna M (%), Quadro 8, representa a deterioração de am-
biência por Microbacia. Vide um exemplo concreto no item 5.6.12
(deferência especial do Comitê Central do Rio Passo Fundo – COR-
PAF – para os autores).

5.3. Diagnóstico Físico-Conservacionista


Esse diagnóstico deve ser sempre o primeiro a se elaborar para
uma Sub-Bacia Hidrográfica, devido a sua primordial importância.
Nele são usadas técnicas de quantificação de retenção de águas das
chuvas por infiltração, associadas a vários fatores correlatos, tais co-
55

mo: limpeza de canais e tributários, seleção de terras apropriadas para


o florestamento (com relação ao Coeficiente de Rugosidade), faixas de
contenção, controle de áreas agrícolas e pastoris, todos os processos
de conservação do solo, entre outras (são feitos planejamentos para
cada caso).
Nesses planejamentos são selecionadas as Microbacias com
declividades médias menores que 15%, para serem florestadas com
25% de cobertura (mínimo) e declividades médias iguais ou maiores
que 15%, para serem florestadas com 50% de cobertura (mínimo).
Essas práticas visam recuperar o meio físico no que concerne à
erosão, às enchentes (épocas chuvosas) e às secas (épocas de estia-
gem). Como conseqüência imediata obtém-se a fixação de mão-de-
obra no meio rural, produz-se matéria-prima florestal (biomassa para a
indústria, energia e usos gerais), induz-se a infiltração de água no solo
alimentando o lençol freático e termina-se com os assoreamentos de
rios, lagos, açudes e barragens.
O Serviço de Conservação de Solos dos EUA (USA, 1960)
informa que a execução do Diagnóstico Físico-Conservacionista de
Bacias Hidrográficas, por causar a infiltração de água no solo e con-
trolar a erosão, tem contido enchentes e aumentado a produção agro-
pecuária em até 350%.
Os objetivos a serem alcançados com este diagnóstico são:
 Objetivo geral:
Coletar subsídios para se prognosticar a retenção e o con-
trole das águas das chuvas nas Sub-Bacias Hidrográficas,
atuando-se em Microbacias independentes.
56

- Objetivos específicos:
a) Em cartas apropriadas, fazer a distribuição espacial
das terras propícias à agricultura, aos florestamentos e
às pastagens, recomendando as práticas gerais para ca-
da caso.
b) Recomendar os florestamentos, por Microbacias, e
operações periféricas, visando a retenção das águas das
chuvas, fazendo-as infiltrarem-se consideravelmente.
c) Sugerir a criação de florestas econômicas para fins
múltiplos, especificamente para a produção de madei-
ras, florestas energéticas e florestas ecológicas, inclusi-
ve preservando nascentes e mananciais. Como efeito
secundário, estas florestas visarão melhorar a quantida-
de e a qualidade da piscicultura na Sub-Bacia.
d) Coletar informações para prognosticar o controle da
erosão e os efeitos das secas e das enchentes.
e) Coletar subsídios para se eliminar o assoreamento dos
rios, lagos, açudes e barragens.
f) Selecionar, por Microbacia, áreas em disponibilidade
agrícola, áreas a serem trabalhadas e áreas deterioradas.
g) Selecionar, em Microbacias, áreas para a construção
de “mulchings” verticais para a colocação de lixo seco
e áreas para a construção de terraços em nível com
bandas de rodagem e bandas laterais de pneus usados.
57

5.3.1. Metodologia Proposta


A metodologia consiste em avaliar detalhadamente as seguin-
tes fases:

Fase 1: Aquisição de aerofotogramas, imagens orbitais e cartas topo-


gráficas.

Seleção da área de trabalho (Sub-bacia Hidrográfica) em aero-


fotogramas, imagens LANDSAT TM (EUA), SPOT (França), Cosmos
(Soyuschart – Rússia) ou outras, com resoluções respectivas de 30m x
30m, 10m x 10m e 5m x 5m e cartas topográficas. Definição prelimi-
nar da Sub-Bacia (traçado do perímetro por interpretação tradicional).

Fase 2: Elaboração do mapa básico através das cartas topográficas ou


por restituição aerofotogramétrica.

Compilação por desenhista especializado ou por meio digital.

Fase 3: Interpretação dos aerofotogramas e, ou das imagens orbitais e


análise das cartas topográficas, com delimitações definitivas
das Microbacias e dos temas de Uso da Terra.

Nesta fase, antes da interpretação, os aerofotogramas e as ima-


gens são examinadas quando às suas condições de operacionalidade,
quais sejam: recobrimentos, nitidez dos alvos, escalas, épocas de ob-
tenção, cobertura de nuvens, contrastes tonais, sombras e dilatação do
papel.
58

Definições das convenções a serem adotadas:


 Floresta nativa em área plana (< ou = 10% de
declividade) (1a)
 Floresta nativa em área declivosa (> que 10%
de declividade) (1b)
 Floresta ao longo dos rios (c)
 Floresta plantada (d)
 Pastagens (2)
 Cultivos anuais irrigados (3a)
 Cultivos anuais em terrenos secos (3b)
 Áreas construídas (4)
 Açudes e barragens (5a)
 Banhados – Pântanos - Brejos (5b)
 Queimadas (q)
 Desertos - pousios (d)
 Áreas de pastagens intercaladas com cultivos
anuais em terreno seco ([2, 3b])
 Áreas de pastagens com esparsas áreas de cul-
tivos anuais em terreno seco ([2, (3b)])
 Áreas de pastagens com esparsas áreas de cul-
tivos anuais irrigados ([2, 3a])
 Áreas de cultivos anuais irrigados com espar-
sas áreas de pastagens ([3a, (2)])

Obs.: As convenções seguem recomendações de: Rocha, J. S. M. Manual de Inter-


pretação de Aerofotogramas: Fascículo XVI. Santa Maria: UFSM, 1988,
30p.

Fase 4: Transferência dos temas interpretados nos aerofotogramas


para o mapa básico, através de câmaras claras ou por proces-
sos digitais com programas apropriados.

No caso de serem usados aerofotogramas antigos para a elabo-


ração do mapa básico é necessário atualizar os temas.
59

A atualização dos temas transferidos para o mapa básico é feita


com apoio na interpretação desses temas em imagens orbitais atuais
ou com intensa reambulação. A transferência, considerando-se o cará-
ter ortogonal das imagens, pode ser efetuada em mesa de luz, auxilia-
da por câmara clara. Tem-se, nesta fase, a carta de Uso da Terra elabo-
rada. No caso da transferência dos temas ocorrer com a câmara clara,
esta tem a possibilidade de corrigir as escalas e os deslocamentos dos
pontos imagens, tornando os temas mensuráveis com maior segurança.
É normal ocorrer que alguns temas não possam ser atuali-
zados por imagens orbitais. Nesse caso, recorre-se à amostragem.

 Amostragem para atualização de temas


(Metodologia desenvolvida pelo
Prof. Tit. da Universidade Fe-
deral de Santa Maria Dr. Enio
Giotto e adaptada pelo autor).

Em razão de algumas dificuldades, advindas da falta de reco-


brimento completo da área da Sub-Bacia por imagens LANDSAT TM
ou outra, ausência de aerofotogramas recentes ou pela dificuldade de
interpretar certos temas, a avaliação dos quantitativos dos elementos
do uso da terra pode ser procedida através da combinação de métodos
e processos de amostragem por proporções.
Assim, para cada elemento de Uso da Terra, será realizado um
levantamento especifico, de acordo com o método ou processo de
amostragem mais conveniente. Nesse sentido, são desenvolvidos le-
vantamentos amostrais a campo e levantamentos amostrais sobre as
60

imagens disponíveis. São de vital importância, nesta estrutura combi-


nada de amostragem, os dados referenciais do Uso da Terra, obtidos
pela interpretação dos aerofotogramas.
Dessa maneira, como foi referido, diversos procedimentos são
realizados para a avaliação das áreas nas Microbacias componentes da
Sub-Bacia. No entanto, esse sistema não guarda independência entre
os componentes da avaliação, havendo interligação entre os métodos e
processos utilizados, sejam eles realizados a campo ou sobre imagens.
As áreas agrícolas são avaliadas pelo método da amostragem a
campo, a partir do processo da dupla amostragem.
As áreas florestais das Microbacias são quantificadas através
do método da amostragem sistemática sobre as imagens de satélite.
Em algumas Microbacias, a avaliação da área de campo deverá
ser realizada pelo processo da dupla amostragem com o levantamento
de campo, enquanto que, em outras, a avaliação é realizada única e
diretamente sobre as imagens.

 Amostragem sistemática: estrutura da amostragem


Considerando a área total da Sub-Bacia, uma amostragem sis-
temática, por pontos, é dimensionada e aplicada sobre as imagens
LANDSAT TM, ou de outra origem, com o objetivo de avaliar quanti-
tativamente as áreas florestais nas Microbacias.

 Dimensionamento da amostra
O número mínimo de pontos a constituírem a amostra é obtido
através da aplicação da seguinte fórmula:
61

(1  P) . t 2

N 
P .E 2

Z
P 
K
k
e A P . T
k k K
n K

Onde:
N = número de pontos a amostrar;
P = estimativa empírica da proporção da cobertura florestal da Sub-
Bacia;
E = erro de amostragem (5%);
t = nível de significância (Quadro 09).

 Aplicação da amostragem
Com a definição do número de pontos, os mesmos são dispos-
tos e espaçados de forma uniforme e sistemática, para análise e inter-
pretação sobre as imagens (TM ou outra).
Cada ponto é analisado individualmente, anotando-se o núme-
ro de pontos sobre a classe em estudo, no caso a classe de florestas.
Assim:

Onde:
Pk = proporção de florestas na Microbacia (k);

Zk = número de pontos sobre florestas na Microbacia (k);


62

nk = número de pontos amostrais na Microbacia (k);


Ak = área de florestas na Microbacia (k);
Tk = área da Microbacia (k).
Quadro 09 - Valores de “t” correspondentes aos níveis de 10%, 5%,
2%, 1% e 0,1% de significância.
Graus de
10% 5% 2% 1% 0,1%
liberdade
1 6,31 12,71 31,82 63,66 636,62
2 2,92 4,30 6,97 9,92 31,60
3 2,35 3,18 4,54 5,84 12,94
4 2,13 2,78 3,75 4,60 8,61
5 2,02 2,57 3,37 4,03 6,86
6 1,94 2,45 3,14 3,71 5,96
7 1,90 2,36 3,10 3,50 5,41
8 1,86 2,31 2,90 3,36 5,04
9 1,83 2,26 2,82 3,25 4,78
10 1,81 2,23 2,76 3,17 4,59
11 1,80 2,20 2,72 3,11 4,44
12 1,78 2,18 2,68 3,06 4,32
13 1,77 2,16 2,65 3,01 4,22
14 1,76 2,14 2,62 2,98 4,14
15 1,75 2,13 2,60 2,95 4,07
16 1,75 2,12 2,58 2,92 4,02
17 1,74 2,11 2,57 2,90 3,97
18 1,73 2,10 2,55 2,88 3,92
19 1,73 2,09 2,54 2,86 3,88
20 1,73 2,09 2,53 2,84 3,85
21 1,72 2,08 2,52 2,83 3,82
22 1,72 2,07 2,51 2,82 3,79
23 1,71 2,07 2,50 2,81 3,77
24 1,71 2,06 2,49 2,80 3,75
25 1,71 2,06 2,49 2,79 3,73
26 1,71 2,06 2,48 2,78 3,71
27 1,70 2,05 2,47 2,77 3,69
28 1,70 2,05 2,47 2,76 3,67
29 1,70 2,04 2,46 2,76 3,66
30 1,70 2,04 2,46 2,75 3,65
40 1,68 2,02 2,42 2,70 3,55
60 1,67 2,00 2,39 2,66 3,46
120 1,65 1,98 2,36 2,62 3,37
 1,65 1,96 2,33 2,53 3,29
Quadro adaptado de FISCHER, R. A. e YATES (Statistical Tables for Biological
63

Agricultural and Medical Research. 2ª Ed., Oliver and Boyd, Londres, 1943).

Como foi referida anteriormente, a avaliação da área de cam-


pos em algumas Microbacias é realizada através desse método, e, nes-
se caso, o procedimento adotado é idêntico ao utilizado às florestas.

 Amostragem de campo
Esta amostragem é realizada com o objetivo de estruturar o
processo da dupla amostragem e consiste em uma inspeção a campo
para identificação da cobertura vegetal, ou do uso do solo, em pontos
previamente selecionados sobre as cartas topográficas da área.
A partir da definição do número de pontos, considera-se que os
cruzamentos de estradas são elementos de identificação dos pontos
amostrais.
Assim, cada cruzamento considerado é um ponto base, e, a
partir destes, nos sentidos dos pontos cardeais, a uma distancia de 100
metros, são tomados os pontos amostrais. Dessa maneira, para cada
ponto base, há uma correspondência de quatro (4) pontos amostrais.
Exemplo:
Ao ponto base 1, corresponde os pontos amostrais 1N,1S, 1E e 1W.
A legenda para a identificação e classificação dos pontos é a
seguinte:
A = Agricultura;
C = Campo;
F = Florestas;
O = Outros (estradas, águas, construções, etc.).
64

Como foi referida, essa amostragem tem como objetivo a ava-


liação da área agrícola, e, em alguns casos, a avaliação da área de
campos, quando não se têm imagens para atualizar esses temas.
O dimensionamento do número de pontos base, mínimos para
a realização da amostragem, tendo-se como referência à área total da
Sub-Bacia, é feita através da mesma forma considerada na amostra-
gem sistemática, pela qual se considera a estimativa empírica da pro-
porção da cobertura da Sub-Bacia.

 Dupla amostragem
Este processo é realizado através do método da amostragem de
campo e consiste na identificação e interpretação, sobre os aerofoto-
gramas, dos pontos base inspecionados a campo.
Assim, de um mesmo ponto amostral, obtém-se duas informações:
 a de primeira ocasião, referente à classe do Uso da Terra, a
qual o ponto pertencia;
 a segunda ocasião, que é a classe a qual o ponto pertence
na atualidade.

A correlação existente entre o resultado da primeira medida e o


da remedição dos mesmos pontos, na segunda ocasião, permite avaliar
as diferentes situações entre essas ocasiões, por meio de uma equação
linear de regressão.
A estimativa da proporção da cobertura de áreas agrícolas, na
segunda ocasião, é realizada através da seguinte equação:
65

P  P  b (P  P )
2 2m 1 1m

Onde:
P1 = proporção de área agrícola, obtida no primeiro levantamento
P2 = proporção da cobertura de áreas agrícolas, atualidade
P1m = proporção da cobertura de áreas agrícolas, obtidas a partir da
analise dos pontos amostrais aplicados sobre os aerofotogramas
P2m = proporção da cobertura de áreas agrícolas, atualidade,
obtida na amostragem de campo
b= coeficiente de regressão, determinado a partir da correla-
ção entre as interpretações do mesmo ponto

Obs.: Este tipo de amostragem pode ser substituída por fotografias aé-
reas não convencionais, hoje muito fáceis de serem obtidas e de
baixos custos.

Fase 5: Reambulação (trabalhos de campo).

Serviços de averiguação dos temas interpretados, de atualiza-


ção da toponímia e de locação de todos os fenômenos que deterioram
o meio ambiente, tais como: serrarias, áreas de mineração, pedreiras,
erosão, locais com estufas, fornos de carvão, pocilgas, aviários, mata-
douros, depósitos de defensivos agrícolas, devastações florestais, etc..
66

Fase 6: Correção das escalas das imagens orbitais.

Procede-se à correção da escala medindo-se os segmentos de


retas nas imagens, obtidos pela união de diversos pontos nítidos, como
cruzamentos de estradas e rios, e comparando-os com as medidas dos
respectivos segmentos nas cartas topográficas. Assim, acha-se o fator
de correção das escalas, pela seguinte expressão:

d
F
D
Onde:
F = Fator de correção da escala;
d = Distância medida na imagem (cm);
D = Distância medida na carta topográfica (cm).

F1  F2  ...  Fn
Fx 
N
Onde:
F x = fator médio de correção das escalas;
Fi = fatores de correção da escala;
N = número de fatores se correção da escala.

Deste modo o resultado da divisão do valor do módulo da es-


cala da carta topográfica pelo fator médio de correção da escala forne-
ce a escala corrigida da imagem.

Ect
Ec 
F x
67

Onde:
Ec = escala corrigida da imagem;
Ect = módulo da escala da carta topográfica;
Fx = fator médio de correção da escala.
Essa correção se faz necessária porque, muitas vezes, se efetua
a avaliação e a quantificação de áreas dos temas de interesse, extraídos
e medidos diretamente das imagens. Isto se torna de certo modo acei-
tável porque as imagens são quase ortogonais. Para melhor precisão,
divide-se a imagem em quatro quadrantes e determina-se, pelo proces-
so mencionado, a escala média por quadrante (a imagem ampliada
sofre deformações óticas e deformação do papel onde está impressa).

Fase 7: Correção das escalas dos aerofotogramas.

Após a interpretação dos aerofotogramas dentro dos Retângu-


los Úteis (Rocha, J. S. M. Manual de Interpretação de Aerofoto-
gramas: Fascículos I. Santa Maria: UFSM, 1987. 81p.), transfere-se
os temas para o mapa básico com auxilio da câmara clara, corrigindo-se
assim o “tilt” (inclinação do aerofotograma) e as deformações escalares,
bem como os deslocamentos dos pontos-imagem.

Fase 8: Avaliação das áreas dos temas.

Pelos processos da grade de pontos, do papel milimetrado, dos


transectos, por coordenadas, “softwares” diversos ou por quaisquer
dos sete métodos sugeridos por “Rocha, J. S. M. Avaliações de
68

Áreas, publicação avulsa, Santa Maria, 1986, 16p.” são avaliadas as


áreas dos temas e, concomitantemente, das Microbacias. Os resultados
são colocados nas colunas 5, 6, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20,
21, 22, 23, 24, 25 e 26 dos Quadros 10 e 11, especialmente elaborado
para atender a metodologia proposta. Os Quadros 10, 11 e 12, apre-
sentados a seguir, gentilmente cedidos pelo Comitê Central do Manejo
Integrado da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Soturno - RS, elucidam
toda a metodologia.

Fase 9: Avaliação dos Coeficientes de Rugosidade (Ruggdeness


Number = RN) – visto no item 3.6.

Fase 10: Tabulação dos dados.

As colunas são preenchidas conforme descrito a seguir.

PREENCHIMENTO DOS QUADROS 10, 11 e 12

 Preenchimento da coluna 1 (é a última coluna do Quadro 10


a ser preenchida)
Os valores de RN são de quatros tipos tradicionais:
 A - terras propícias à agricultura.
 B - terras propícias à pastagem.
 C - terras propícias à pastagem/florestamento e
69

 D - terras propícias ao florestamento (Rocha, J. S. M.


Manual de Interpretação de Aerofotogramas: Fascícu-
los XI. Santa Maria, 1988, 35p.).
Para preencher a coluna 1, toma-se por base a coluna 10 (já previ-
amente preenchida) tendo-se o cuidado de colocar os valores desta coluna
em ordem crescente e calcula-se a amplitude e o intervalo dos coeficientes
de rugosidade.
Obs.: As colunas estão numeradas dentro de quadradinhos nos Quadros
10, 11 e 12.
Seja o exemplo teórico para ilustrar o processo:
Acharam-se os valores de RN, nas Microbacias, iguais a 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9, e 10 (valores que figurão na coluna 10 do Quadro 10).
Amplitude = A = 10 – 2 = 8 (sem unidade).
A 8
Intervalo = I =   2 (o algarismo quatro do denomina-
4 4
dor refere-se às quatros classes mencionadas: A, B, C e D).

Classe Intervalo de classes (valores de RN) Aptidão de uso da terra


A 2,0-----+ 2 ----- 4,0 (3) Agricultura (Urbanização)
B 4,1-----+ 2 ----- 6,1 (2) Pastagem/campo
C 6,2-----+ 2 ----- 8,2 (2) Pastagem e florestamento
D 8,3-----+ 2 ----- 10,0 (máximo) (2) Florestamento

No caso em pauta, as Microbacias que apresentam RN varian-


do de 2 a 4 (são três) são propícias a agricultura. As Microbacias que
apresentam RN variando de 4,1 a 6,1 (são duas) são propícias a pasta-
gem. As Microbacias que apresentam RN variando de 6,2 a 8,2 (são
duas) são propícias a pastagem/reflorestamento. As Microbacias que
70

apresentam RN variando de 8,3 a 10,0 (são duas) são propícias ao


florestamento.

 Preenchimento da coluna 2
Esta coluna é preenchida em ordem crescente e terá numeração
equivalente ao numero de Microbacias. Cada número representará
uma Microbacia no mapa e em campo.

 Preenchimento da coluna 3
Esta coluna refere-se ao somatório dos comprimentos das Ra-
vinas, Canais e Tributários e são calculadas em mesa digitalizadora ou
por qualquer outro processo confiável de medição linear (curvímetro).
Tema desenvolvido no item 3.2. (Densidade de Drenagem).

 Preenchimento da coluna 4
Esta coluna refere-se ao somatório dos comprimentos das Curvas
de Nível em cada Microbacia e são calculadas em mesa digitalizadora ou
por qualquer outro processo confiável de medição linear (curvímetro).
Tema desenvolvido no item 3.5. (Declividade média da Microbacia).

 Preenchimento das colunas 5 e 6


Estas colunas referem-se as áreas das Microbacias e são calcu-
ladas por qualquer processo confiável de avaliação de áreas (papel
milimetrado, planímetro, etc..) ou em mesa digitalizadora (“softwa-
res” apropriados).
71

 Preenchimento da coluna 7
Coluna 7 = coluna 4 x eqüidistância das curvas de nível (h)
dividido pela área (coluna 6) e encontra-se explicado no item 3.5.
(Declividade média da Microbacia).

 Preenchimento da coluna 8
Coluna 8 = coluna 7 x 100.

 Preenchimento da coluna 9
Coluna 9 = coluna 3 dividida pela área (coluna 6) e encontra-se
explicado no item 3.2. (Densidade de Drenagem).

 Preenchimento da coluna 10
Coluna 10 = coluna 9 x coluna 7 x 10n e encontra-se explicado
no item 3.6. (Coeficiente de Rugosidade). O valor de n varia de 1 a 8
para se trabalhar com números inteiros.

 Preenchimento das colunas 11, 12 13 e 14


Estas colunas são provenientes da fotointerpretação dos res-
pectivos temas e são calculadas em mesa digitalizadora ou por qual-
quer outro processo confiável de avaliação de áreas (papel milimetra-
do, planímetro, etc..). As legendas encontram-se abaixo do Quadro 11.

 Preenchimento da coluna 15
Esta coluna representa o total, em florestas, para cada Microbacia
e é preenchida somando-se os valores correspondentes de cada Microba-
72

cia, relativos às colunas 11, 12, 13 e 14, previamente preenchidas pela


avaliação das áreas florestais interpretadas em cada Microbacia.

 Preenchimento das colunas de números 16 a 22


Estas colunas são provenientes da fotointerpretação dos respecti-
vos temas e são calculadas em mesa digitalizadora ou por qualquer outro
processo confiável de avaliação de áreas (papel milimetrado, planímetro,
etc..). As legendas encontram-se abaixo do Quadro 11.

 Preenchimento das colunas de números 23 a 26


Estas colunas são provenientes da fotointerpretação dos res-
pectivos temas, considerados em associações, conforme convenções
explicitadas abaixo do Quadro 11.

ESTUDOS DOS CONFLITOS

 Preenchimento da coluna 27 – Uso da Terra


Obs.: O número dentro do quadrado significa COLUNA no Quadro.
Para A (área destinada a agricultura):

27 = 17 + 18 + 22 Se 8 > 10%;

Se 8 < 10%  27 = 22
Obs.: > 10% de declividade exige tratos conservacionistas, daí o conflito.
Para B e C (áreas destinadas, respectivamente, a pastagem e a
pastagem/reflorestamento):

27 = 17 + 18 + 22 + 23 + 24 + 25+ 26
73

Para D (áreas destinadas ao reflorestamento):

27 = 16 + 17 + 18 + 22 + 23 + 24 + 25 + 26

Observação importante:
Se as colunas 17 e 18 (3a ou 3b) forem anotadas com Pro-
gramas de Microbacias (PM), a coluna 27 (conflito de Uso da Terra)
será igual a zero (não haverá conflito). Isto é válido independentemen-
te do valor da coluna 8 (é válido para qualquer declividade).

 Preenchimento da coluna 28 – percentual de conflitos.


27
28 = ----------- x 100
06

FLORESTAMENTOS

 Preenchimento da coluna 29 – percentual de florestas


15
29 = ----------- x 100
06

 Preenchimento da coluna 30 – área a florestar.


25 - 29 31
30 = --------------- x 06 = ---------- x 06
100 100
ou
50 - 29
30 = ---------------x 06
100
74

O número 25 do numerador corresponde a um valor fixo, repre-


sentando a área mínima que deve ter uma Microbacia em cobertura flo-
restal (25%), para protegê-la contra erosão, os efeitos das secas e das
enchentes (Rocha, J. S. M. Manual de Interpretação de Aerofotogra-
mas: Fascículos XIII. Santa Maria, 1988, 58p.). Em Microbacias com
declividade média até 15%, o florestamento mínimo necessário é de 25%
e se a declividade media for maior que 15% o florestamento mínimo será
de 50% (daí a última equação).

 Preenchimento da coluna 31 – percentual a florestar.


31 = 25 - 29 (25 = valor fixo = 25% de cobertura florestal), ou
31 = 50 - 29 (50 = valor fixo para declividade maior que 15% =
50% de cobertura florestal)

EXCESSO OU DISPONIBILIDADE AGRÍCOLA

 Preenchimento da coluna 32
Disponibilidade ou excesso em agricultura.
Para A (terras propícias à agricultura):

32 = 06 - ( 15 + 17 + 18 + 19 + 20 + 21 + 30 )
Para B, C, e D (terras propícias, respectivamente, a pastagem,
pastagem/florestamento e florestamento).
32 = 17 + 18
75

 Preenchimento da coluna 33 – percentual de excesso ou


disponibilidade em agricultura.
32
33 = -----------x 100
06

ÁREAS A SEREM TRABALHADAS

 Preenchimento da coluna 34 – área a ser trabalhada para o


manejo correto de cada Microbacia.
Para A (terras propícias a agricultura):
34 = 27 + 30 +32
Para B, C e D (terras propícias, respectivamente, a pecuária,
pecuária/reflorestamento):
34 = 30 + 32

 Preenchimento da coluna 35 – percentual da área a ser


trabalhada para o manejo correto da Microbacia.
34
35 = -----------x 100
06

DETERIORAÇÃO DAS MICROBACIAS E DAS SUB-BACIAS

 Preenchimento da coluna 36 – grau de deterioração das


Microbacias.

36 = 27 + 30
76

 Preenchimento da coluna 37 – percentual de deterioração


de cada Microbacia.
36
37 = -----------x 100
06

 Preenchimento da coluna 38 – grau de deterioração da


Sub-Bacia.
38 = média dos valores da coluna 37
77

Quadro 10 - Uso potencial da terra.


Diagnóstico Físico-conservacionista da Sub-Bacia do Rio Soturno - I
Área H RN x
Clas-
ses
Micro-  L(RCT)  LCN (sem D 10n=1a8
bacias (km) (hm) cm2 ha unida- (%) (km/ha) (sem
de RN
de) unidade)

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

A 01 103,10 2.628,00 286,84 7.170,93 0,0733 07,33 0,0144 10,56


02 112,25 2.135,00 231,14 5.778,59 0,0739 07,39 0,0194 14,34
03 116,90 1.889,50 213,96 5.348,93 0,0706 07,06 0,0219 15,56
04 171,75 3.370,50 314,43 7860,63 0,0857 08,57 0,0218 18,68
B 05 135,90 2.813,00 238,63 5965,65 0,0943 09,43 0,0228 21,50
06 108,40 6.100,50 271,03 6775,65 0,1801 18,01 0,0160 28,82
C 07 159,30 9.415,50 389,33 9.733,19 0,1935 19,35 0,0164 31,73
08 193,00 9.876,50 425,38 10.634,60 0,1857 18,75 0,0181 33,61
09 271,25 8.974,00 477,41 11.935,28 0,1504 15,04 0,0227 34,14
D 10 84,60 6.234,50 205,98 5.149,42 0,2421 24,21 0,0164 39,70
11 212,85 8.691,50 374,00 9350,11 0,1859 18,59 0,0228 42,38
12 164,70 7.154,00 293,91 7.347,78 0,1947 19,47 0,0224 43,61
13 102,85 6.816,50 214,51 5.362,88 0,2545 25,42 0,0192 48,81
Total - - - 3.936,6 98.413,64 - - - -

Obs.: Declividade média para a classe de uso potencial da terra tipo A:


a. Limite 15% de declividade - Trabalho de máquinas agrícolas
b. 10% de declividade exige tratos conservacionistas
 Declividade média até 15%  Florestamento mínimo = 25%
 Declividade media maior 15%  Florestamento mínimo = 50%
Eqüidistância das curvas de nível = 20 m (em cartas na escala 1:50.000)
Pastagens = 61,13%
Agricultura = 22,27%
Cobertura florestal = 16,18%
% total a ser florestada = 25,66%
Obs.: Caso a região estudada seja muito plana (sem curvas de nível) e,ou não se tenha
condições de medir (avaliar) a rede de drenagem, o processo torna-se inválido (não
se poderá elaborar o Quadro 10). Neste caso o Uso Potencial da Terra deverá ser
avaliado pelo processo tradicional, como por exemplo, a metodologia preconizada
no Manual Brasileiro para Levantamento da Capacidade de Uso da Terra (Mar-
ques, J. Q. A. et al. Manual brasileiro para levantamento da capacidade de uso
da terra. III Aproximação. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1971. 433 p.).
78

Quadro 11 - Uso da terra


Diagnóstico Físico-conservacionista da Sub-Bacia do Rio Soturno - II
Uso da Terra (ha)
N (ha) Associações
Microbacias

Queimada
ou pousio
N

[2, (3b)]

[2, (3a)]

[3a (2)]
[2, 3b]
Classes

2 3a 3b 4 5a 5b
de RN

1a 1b 1c 1d

01 02 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 55 26
01 - - - - 518,25 2.894,43 - 3.661,50 46,00 50,75 - - - - - -
02 - - - - 254,75 4.134,59 - 1.381,50 - 7,75 - - - - - -
A
03 - - - - 182,25 4.818,43 - 338,50 - 9,75 - - - - - -
04 - - - - 489,50 4.905,38 - 2.464,00 - 1,75 - - - - - -
05 - - - - 349,25 4.369,40 - 1.244,50 - 2,50 - - - - - -
B
06 - - - - 1.865,75 2.531,15 - 2.221,75 145,75 12,00 - - - - - -
07 - - - - 2.259,50 5.369,69 - 2.094,50 9,50 - - - - - - -
C 08 - - - - 2.030,75 5.718,35 - 2.870,50 11,25 3,75 - - - - - -
09 - - - - 2.358,00 8.537,20 - 1.005,75 - 34,25 - - - - - -
10 - - - - 1.280,75 2.822,92 - 1.044,50 - 1,25 - - - - - -
11 - - - - 1.679,00 6.032,86 - 1.624,00 - 14,25 - - - - - -
D
12 - - - - 1.254,75 5.124,03 - 965,75 - 3,25 - - - - - -
13 - - - - 1.404,75 2.904,63 - 1.000,00 49,50 4,00 - - - - - -
Total - - - - - 15.927,25 60.163,06 - 21.916,75 261,25 145,25 - - - - - -

LEGENDA - USO DA TERRA


1 . FLORESTAS
1a - Floresta em áreas planas (≤ 10% declividade média)
1b - Floresta em áreas declivosas (>10%)
1c - Floresta ao longo dos rios
1d - Floresta plantada
2 . PASTAGENS – Nativas ou plantadas
3 . CULTIVOS AGRÍCOLAS
3a - Cultivos anuais irrigados
3b - Cultivos anuais em terreno seco
4 . ÁREAS CONSTRUÍDAS
5 . AÇUDES
5a - Açudes e barragens
5b – Banhados – pântanos - brejos
6 . ASSOCIAÇÕES
[2, 3b] - Áreas de pastagens intercaladas com cultivos anuais em terreno seco
[2, (3b)] - Áreas de pastagens com esparsas áreas de cultivos anuais em terreno seco
[2, (3a)] - Áreas de pastagens com esparsas áreas de cultivos anuais irrigados
[3a (2)] - Áreas de cultivos anuais irrigados, com esparsas áreas de pastagens

Obs.: Estas associações são permitidas quando não se consegue separar os cultivos agrícolas das pasta-
gens, por fotointerpretação tradicional, nos casos acima considerados.
79

Quadro 12 - Conflitos
Diagnóstico Físico-Conservacionista da Sub-Bacia do Rio soturno - III
% de
deterio-
Área
Área a ser trabalhada ração
Excesso e/ou deteriora-
para o manejo por
Mi- Conflitos N A florestar Disponibilidade da por
correto da Microba- Micro-
cro- Área da em agricultura Microba-
cia bacia
baci- Microbacia cia
(Priori-
as dades)

Uso (ha) %
(%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha)
02 06 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
01 7.170,93 - - 7,23 1.274,27 17,77 -1.620,16 22,59 2.894,43 40,36 1.274,27 17,77
02 5.778,59 - - 4,41 1.189,81 20,59 -4.134,59 71,55 5.324,40 92,14 1.189,81 20,59
03 5.348,93 - - 3,41 1.154,83 21,59 -4.818,43 90,08 5.348,93 100,00 1.154,83 21,59
04 7.860,63 - - 6,23 1.481,07 18,77 -3.424,31 43,56 4.905,38 62,40 1.481,07 18,84
05 5.965,65 1.244,50 20,86 5,85 1.142,42 19,15 +1.244,50 20,86 2.386,96 40,01 2.386,92 40,01
06 6.775,65 2.221,75 32,79 27,54 1.521,81 22,46 +2.221,75 32,79 3.743,56 55,25 3.743,56 55,25
07 9.733,19 2.094,50 21,52 23,21 2.607,52 26,79 +2.094,50 21,51 4.702,02 48,31 4.702,02 48,31
08 10.634,60 2.870,50 29,99 19,09 3.287,15 30,91 +2.870,50 26,99 6.157,65 57,90 6.157,65 57,90
09 11.935,28 1.005,75 08,43 19,76 3.609,23 30,24 +1.005,75 8,43 4.614,98 38,67 4.614,98 38,67
10 5.149,92 3.867,42 75,10 24,87 1.294,05 25,13 +1.044,50 20,28 2.338,55 45,41 5.149,42 100,00
11 9.350,11 7.656,86 81,89 17,96 2.995,77 32,04 +1.624,00 17,37 4.619,77 49,41 9.350,11 100,00
12 7.347,78 6.089,78 82,88 17,08 2.418,89 32,92 +965,75 13,14 3.384,64 46,06 7.347,78 100,00
13 5.362,88 3.904,63 72,81 26,19 1.276,90 23,81 +1.000,00 18,65 2.276,90 42,46 5.181,53 96,62
To- 98.413,64 29.711,19 - - 25.253,72 - - - 52.698,17 - 53.733,95 -
tais

38 Grau de deterioração da Sub-Bacia:


55,04%

INTERPRETAÇÃO DOS CONFLITOS:


Conflito em A - Agricultura + Queimada
Conflito em B - Agricultura + Associações + Queimada
Conflito em C - Agricultura + Associações + Queimada
Conflito em D - Pastagem + Agricultura + Associações + Desmatamento + Queimada

5.3.2. Enfoque dos Principais Resultados


Os principais resultados adquiridos através desta metodologia
referem-se aos seguintes itens:

5.3.2.1. Resultados específicos


 Áreas em conflito em cada Microbacia (coluna 27).
 Áreas a florestar em cada Microbacia (coluna 30).
80

 Excesso ou disponibilidade em agricultura em cada Microba-


cia (coluna 32).
 Área a ser trabalhada para o manejo correto de cada Microba-
cia (coluna 34).
 Área deteriorada por Microbacia (coluna 36).
 Prioridades de trabalho, por Microbacia (coluna 37), onde a
prioridade 1 refere-se à maior % de deterioração.

5.3.2.2. Resultados gerais


- Grau de deterioração da Sub-Bacia (coluna 38)
- Percentagem da cobertura em pastagem na Sub-Bacia:
16 total
Pp = x 100
06 total

- Percentagem da cobertura em áreas agrícolas na Sub-Bacia:


[17 + 18]totais
Pa = x 100
06 total

- Percentagem da cobertura florestal total existente na Sub-Bacia:


15 total
Cf = x 100
06 total

- Percentagem total da área a ser florestada na Sub-Bacia:


30 total
R = x 100
06 total
81

Os resultados gerais, em hectares, podem ser obtidos multipli-


cando-se cada porcentagem pela área total da Sub-Bacia.
De posse dos resultados específicos e gerais pode-se elaborar
as RECOMENDAÇÕES (prognósticos) para o Diagnóstico Físico-
conservacionista.
Note-se que as recomendações definitivas devem ser enrique-
cidas com uma detalhada reambulação e, após, fazer um debate com
todos os técnicos que trabalham ou vivem na Sub-Bacia em estudo. As
recomendações são especificadas por Microbacia.

“Palavras-chave” para trabalhar (elaborar) os prognósticos


(abecedário básico mínimo):
a) Áreas (e tipos de florestas) a serem florestadas em cada
Microbacia.
b) Desmatamentos - caça e pesca.
c) Recomposição de matas nativas.
d) Faixas de contenção.
e) Plantio direto.
f) Plantio mínimo.
g) Terraceamentos: tradicionais, “mulchings”verticais, pneus
velhos.
h) Prioridades de projetos em Microbacias prioritárias.
i) Município x Secretaria do Meio Ambiente.
j) Queima - desertos - pousio.
k) Educação ambiental.
l) Rádios, jornais, TV.
82

m) Memória e Monitoramento (tabelas – fichas – “softwares”).


n) Cursos - seminários - painéis - palestras.
o) Arborizações de diversos tipos.
p) Estradas - pocilgas - galinheiros - matadouros - escolas -
cemitérios.
q) Lixos diversos – agrotóxicos – esgotos.
r) Quebra-ventos - voçorocas.
s) Comitês - associações - prefeituras.
t) Solos expostos - cobertura verde.
u) Uso da água x prática conservacionistas.
v) Monocultura x fauna.
w) Assentamentos.

5.3.3. Considerações sobre a retenção (infiltração) da água pela


implantação do diagnóstico físico-conservacionista (objeti-
vo geral da metodologia)
Pela análise da Sub-Bacia Hidrográfica, através das interpretações
dos parâmetros levantados, pode-se concluir o seguinte:
Há uma relação diretamente proporcional entre a vazão do
rio e a cobertura florestal, as pastagens e a agricultura, existentes
em sua respectiva Sub-Bacia Hidrográfica.

O método racional mostra que a vazão de um rio pode ser avalia-


da pela fórmula de RAMSER (Rocha, 1991):

C.I.A
Q máx  (m3 / s)
360
83

Onde:
C = Coeficiente de escoamento superficial.
I = Intensidade de precipitação em mm/hora.
A = Área da Sub-Bacia de captação, em ha.
360 = Ajuste da fórmula para m3/segundo.

- Considerações sobre a aplicação da fórmula de Ramser


Os valores de C variam em função dos tipos de solos, declivi-
dade e Uso da Terra (florestas, pastagens e cultivos agrícolas), con-
forme se vê no Quadro 13. Por outro lado o valor de C corresponde ao
quociente do volume de água que sai da Sub-Bacia (vs) pelo volume
precipitado (vp) na mesma:
C = vs / vp
Em área totalmente florestada o vs diminui e há maior retenção
de água (menor valor de C). Em Sub-Bacias totalmente agrícolas
ocorre o oposto: o vs aumenta e cresce o valor de C. Quando o C di-
minui, a vazão de saída diminui e tem-se mais água acumulada, no
caso oposto há perda de água com conseqüências ambientais.

Valores de C:
Quadro 13 - Valores de escoamento superficial (C) - (Rio Grande do Sul, 1983).
Uso da Terra Declividade (%) Solo arenoso Solo Franco Solo Argiloso
0-5 0,10 0,30 0,40
Florestas 5 - 10 0,25 0,35 0,40
10 - 30 0,30 0,50 0,60
0-5 0,10 0,30 0,40
Pastagens 5 - 10 0,15 0,35 0,55
10 - 30 0,20 0,40 0,60
0-5 0,30 0,30 0,60
Cultivos agrícolas 5 - 10 0,40 0,60 0,70
10 - 30 0,50 0,70 0,80
84

 Para a aplicação do método deve-se considerar que a precipi-


tação seja uniforme em toda a Sub-Bacia.
 Para grandes áreas convém obter os dados de vazões através
do monitoramento da vazão do rio (controle com linígrafos e
molinetes).
 O cultivo do solo, após o desmatamento, aumenta em muito os
valores do coeficiente de escoamento superficial (C), isto é,
diminui sensivelmente a capacidade de infiltração de água no
solo, ocasionando um maior escoamento superficial.
 Os solos sob florestas apresentam uma infiltração de 15 a 25
vezes maior que os solos descobertos (usados em agricultura
mecanizada, por exemplo).
Em áreas florestadas a infiltração média das águas das chuvas
é da ordem de 150 mm/hora e em lavouras mecanizadas ou pastagens
de grande lotação a infiltração é da ordem de 6 mm/hora, proporcio-
nando uma perda de 96% (150mm – 6mm) / 150mm x 100das
águas da chuva que caem (e escoam superficialmente). Essa perda,
como se depreende rapidamente, é responsável pelas enchentes e pelas
secas (pois a água não alimenta o lençol freático, portanto, não fica
retida).
Em vista destas considerações pode-se concluir, pela análise da
fórmula de RAMSER, que o Coeficiente C, diretamente proporcional
à vazão Q, pode ser modificado pela ação do homem, pois, basta
para isto atuar na cobertura florestal, nos cultivos agrícolas e nas pas-
tagens. Este é o escopo do Diagnóstico Físico-Conservacionista das
Bacias ou Sub-Bacias Hidrográficas.
85

5.4. Florestamentos Compensatórios para Retenção de Águas de


chuvas em Microbacias Hidrográficas (FLOCRAM) – Estudo
do volume de água perdida4

5.4.1. A Metodologia
Esta metodologia foi elaborada baseando-se em pesquisas feitas
por Odum (1988), Grosvenor et al. (1996), Bloom (1970), Bunting
(1971) e Rocha (1991). Estes autores forneceram dados referentes à
precipitação média sobre a superfície da Terra, porcentagem da preci-
pitação que é retida na superfície, evapotranspirada e evaporada; por-
centagem da precipitação destinada ao escoamento superficial, escoa-
mento para rios, lagos, banhados (pântanos); porcentagem que infiltra
na superfície e infiltrações médias da precipitação de acordo com os
usos da terra: floresta, campo/pastagem e agricultura.
A partir destes dados desenvolveu-se a metodologia que possibi-
litou determinar valores de perda de água e florestamentos compensa-
tórios para compensar estas perdas. Esta metodologia foi comparada
com o Diagnóstico Físico-Conservacionista, método utilizado há vá-
rios anos para o planejamento de Bacias Hidrográficas, com relação às
áreas a serem florestadas por Microbacia.
Para determinar os valores a partir dos quais se obteve os resul-
tados, descreve-se parte da pesquisa a seguir, a partir dos percentuais
correspondentes a cada destino da água dentro do ciclo hidrológico.

4
Colaboração: Engenheira Florestal MSc. Sandra Maria Garcia (parte de sua pes-
quisa de mestrado orientada pelo primeiro autor).
86

Analisando-se os dados contidos em Grosvenor et al. (1996), in-


fere-se que a água ocupa perto de ¾ da superfície terrestre (70,9%), ou
seja, ocupa uma superfície de 361.637.000 km2. A superfície da Terra
é de 510.066.000 km2. O volume da Terra é de 5.974.000.000.000 km3
e o volume de água na Terra é de 1.387.600.000 km3.
Segundo Bloom (1970), 2,71% das águas continentais são doces
(são denominadas de Limnociclo), que corresponde a 37.603.960 km3.
Segundo o mesmo autor, 97,29% das águas da Terra são salga-
das (denominadas de Talassociclo) água dos oceanos e mares que cor-
respondem a 1.349.996.040 km3.
Dos 2,71% de água doce (37.603.960 km3), 77,05% existe na
forma de gelo (Pólos, Himalaia, Andes, Alpes, entre outros), o que
corresponde a 29.000.840 km3 e 22,95% correspondem aos rios, lagos,
águas subterrâneas e escoamento, ou seja: 8.603.120 km3.
Note-se que a quantidade das águas que existem nos rios/lagos,
escoamento e lençol freático, corresponde a 0,62% da água total. As
geleiras representam 2,09% da água total.
As águas de escoamento, lagos/rios e banhados/pântanos repre-
sentam 0,02% da água total: 277.520 km3 (esta é a água usada para a
indústria, para o consumo humano, para a dessedentação animal e para
a irrigação). O lençol freático acumula 0,60%: 8.325.600 km3 (esta
água está também disponível ao uso humano). As Figuras 5 e 6 ilus-
tram os dados expressos anteriormente.
87

O presente estudo tem sua base em Bloom (1970), onde o autor in-
forma que precipita sobre a terra (sobre os continentes e ilhas) 99.103
km3/ano de águas de chuva, e evapora 62.103 km3/ano. Fica retido um
saldo de 37.103 km3. Este saldo retido corresponde a 37,37% da água que
precipita e 62,63% corresponde a evaporação/evapotranspiração.
Distribuição m édia das águas continentais, oceanos e m ares

Á guas continentais,
oceanos e mares
100% = 1.387.600.000
km3

Á gua doce:
escoamento, rios, Á gua salgada: oceanos
geleiras e lençol e mares
freático Talassociclo:97,29%
Limnociclo: 2,71% (1.349.996.040 km3)
(37.603.960 km3)

Escoamento,
rios/lagos/banhados/
Geleiras:77,05% de
pântanos e lençol
2,71% = 2,09%
freático: 22,95% de
(29.000.840 (km3)
2,71% = 0,62%
(8.603.120 km3)

Lagos/rios/banhados:
Escoamento: 0,0027% Lençol freático: 0,60%
0,0173%
(37.465,20 km3) (8.325.600 km3)
(240.054,80 km3)

Fonte - Odum (1988), Bloom (1970) e Bunting (1971)


Figura 5 - Distribuição das águas continentais, oceanos e mares.

Geleiras
77,3%

Escoamento
Água salgada Água doce Lagos/rios
Lençol freático
97,3% 2,7%

Água doce sup.


22,7%

Fonte – Odum (1988), Bloom (1970) e Bunting (1971).


Figura 6 – Distribuição média da água no Planeta.
88

Estes valores percentuais podem ser extrapolados para unidades


ambientais do tipo Bacias Hidrográficas.
Segundo Odum (1988), o geograma é uma unidade de medida
para precipitações sobre a Terra (1gg = 1014 toneladas de água).
Este autor utiliza percentuais do geograma para direcionar o ci-
clo hidrológico sobre a Terra.
Se x geogramas de precipitação por ano, corresponderem à pre-
cipitação 100% de água sobre a Terra, os seguintes valores percentuais
são encontrados para o saldo retido na Terra:
 20% destina-se para o escoamento superficial;
 25% destina-se para rios/lagos (inclusive banhados/pântanos);
 55% infiltram na superfície.

Do saldo retido na Terra (37,37%), segundo Bloom (1970):


 7,47% vai para o escoamento superficial, que corresponde
a 20% do saldo retido;
 9,35% vai para rios, lagos, banhados/pântanos que corres-
ponde a 25% do saldo retido;
 20,55% infiltra (lenço freático), que corresponde a 55% do
saldo retido.
Este último valor (20,55%) determina o volume de água da pre-
cipitação que deveria infiltrar na Sub-Bacia.

Todos estes valores podem ser vistos nas Figuras 7, 8 e 9.


89

Balanço hídrico e m s ub-bacias

Precipitação
100%

Evaporação/evap Saldo: água retida


otranspiração na Terra
62,63% 37,37%

Escoamento Rios/lagos/banha
Infiltração
superficial dos/pântanos
55% de 37,37% =
20% de 37,37% = 25% de 37,37% =
20,55%
7,47% 9,35%

Campos/pasta-
Florestas infiltram Agricultura infiltra
gens infiltram
18,35% 0,74%
1,46%

Fonte - Odum (1988), Bloom (1970), Bunting (1971) e Rocha (1991).


Figura 7 – Balanço hídrico em Sub-Bacias Hidrográficas.

E ET

BALANÇO HÍDRICO
R

ERLP

ES

A1

I = IF / IA / IP

A2 E.SB S
E.SB E
E.SB
Rocha "mater"

Região impermeável

Figura 8 – Plano de topo e perfil de uma Sub-Bacia Hidrográfica mos-


trando o Balanço Hídrico.
90

P = Precipitação – 100%
E + ET =Evaporação + Evapotranspiração – 62,63%
R = Água retida – 37,37%

ES = Escoamento Superficial – 7,47% ..................................


ERLP = Escoamento para Rios, Lagos e Pântanos – 9,35%.. 37,37%
I = Infiltração – 20,55% ............................... ......................... (R)

IF = Infiltração por florestas – 18,35% ......................


IA = Infiltração por áreas agrícolas – 0,74% ............. 20,55%
IP = Infiltração por campos/pastagens – 1,46% ......... (I)

E.SB = Escoamento subterrâneo


E.SBE = Escoamento subterrâneo que entra na Sub-Bacia
E.SBS = Escoamento subterrâneo que sai da Sub-Bacia

A1 = Armazenamento superficial
A2 = Armazenamento subterrâneo
A = A1 + A2 = Armazenamento de água na Sub-Bacia Hidrográfica

Equação do balanço hídrico:


A = P – (E + ET) = E.S + ERLP + I + E = 100% – 62,63% + E = 37,37% + E
Onde:
E = E.SBE – E.SBS
91

Evaporação/evapotransp
62,63%
Florestas
Infiltração 89,3%
Agricultura
20,55% 3,6%
Campo/pastagem
Escoamento superficial 7,2%
Rios/lagos 7,47%
9,35%

Fonte - Odum (1988), Bloom (1970) e Bunting (1971).


Figura 9 – Subdivisão do balanço hídrico em uma Sub-Bacia Hidrográfica.

Para o cálculo do volume de água perdido e das áreas a florestar


para compensar esta perda, utilizou-se como área total o somatório das
áreas de florestas, pastagens e agricultura, pois são os parâmetros con-
siderados nos cálculos de infiltração.
O percentual de áreas sociais e açudes somou apenas 0,3% da
área total da Sub-Bacia, sendo considerado insignificante para o resul-
tado final.

5.4.2. Cálculo do Volume de Água de Precipitação Perdido


Para se chegar aos valores que correspondem aos volumes de
água perdidos na Sub-Bacia (água da precipitação que deixa de infil-
trar) é necessário considerar as infiltrações médias para florestas,
campo/pastagem e agricultura (Bunting, 1971 e Rocha, 1991):
- Florestas: 150 mm/h
- Campo/pastagem: 12 mm/h
- Agricultura: 6 mm/h
92

- Florestas + Campo/pastagem + Agricultura = 168 mm/h

Pode-se converter estes valores em porcentagem:


 Florestas: 89,29%  [(150 mm/h x 100%)/168 mm/h
 Campo/pastagem: 7,15%  [(12 mm/h x 100%)/168 mm/h
 Agricultura: 3,56%  [(6 mm/h x 100%)/168 mm/h

Considerando-se que 20,55% do total precipitado é destinado à


infiltração, tem-se:
 Florestas infiltram 18,35% que corresponde a 89,29% de
20,55%.
 Campo/pastagem infiltram 1,46% que corresponde a 7,15%
de 20,55%.
 Agricultura infiltra 0,74% que corresponde a 3,56% de
20,55%.

Para determinar o volume de água de precipitação que é perdido


(deixa de infiltrar e escoa e que faz parte dos 20,55% destinados à
infiltração) é preciso que se determine, antecipadamente, os seguintes
parâmetros (valores em cada Microbacia):
1) área de florestas, campo/pastagem e agricultura (obtidos no
Diagnóstico Físico Conservacionista em m2);
2) valores percentuais das infiltrações médias em cada uso da terra:
floresta (89,3%), campo/pastagem (7,1%) e agricultura (3,6%);
3) precipitação média anual na Sub-Bacia.
93

A partir daí foram determinados:


- volume médio de água recebido na Microbacia (m3/ano);
- volume que evapora/evapotranspira (m3/ano);
- volume retido na superfície terrestre (m3/ano).
Deste volume retido na superfície terrestre, 55% é destinado à infil-
tração e com este valor percentual obteve-se o volume que deveria infiltrar.
Após este procedimento, foram determinados os volumes de água perdidos
em áreas de florestas, campo/pastagem e agricultura, de acordo com suas
respectivas infiltrações médias e áreas ocupadas na Microbacia.

5.4.2.1. Perda total e perda em excesso


Em posse dos valores de volume de água de precipitação perdi-
dos nas áreas de florestas, campo/pastagem e agricultura em cada Mi-
crobacia em um ano, pôde-se determinar a perda total e a perda em
excesso.

a) Perda total:
 Florestas: 10,71% (100% - 89,29%) do total que deveria infil-
trar (20,55%).
 Campo/pastagem: 92,85% (100% - 7,15%) do total que deve-
ria infiltrar (20,55%).
 Agricultura: 96,44% (100% - 3,56%) do total que deveria in-
filtrar (20,55%).
A perda total para cada Microbacia foi obtida somando-se as
perdas em florestas, campo/pastagem e agricultura.
94

Como as florestas perdem apenas 10,71% da precipitação que


deveria infiltrar e dentre os três usos da terra considerados é o que
mais infiltra (89,29% da precipitação destinada à infiltração), esta per-
da foi considerada normal.

b) Perda em excesso:
As perdas em excesso nas áreas de campo/pastagem e agricultu-
ra foram determinadas subtraindo-se o valor percentual da perda em
áreas de florestas (10,71%: perda normal) das suas respectivas perdas
percentuais totais, ou seja:
 Campo/pastagem: 92,85% - 10,71% = 82,14% (perda em
excesso).
 Agricultura: 96,44% - 10,71% = 85,73% (perda em ex-
cesso).
Para determinar a perda em excesso em cada Microbacia, soma-
ram-se as perdas em excesso das áreas de campo/pastagem e agricul-
tura.

5.4.3. Cálculo da área a florestar para compensar a perda em excesso


Na determinação da área de florestas a ser implantada que rete-
nha a água perdida em excesso na Sub-Bacia (infiltração) é preciso
que se obtenha:
1º) Número de horas contínuas de precipitação infiltrada pelas
florestas em um ano (h/ano): dividiu-se a precipitação média
anual (em mm) pela infiltração média em áreas de florestas (em
mm/h). Assim:
95

N.º horas contínuas de precipitação = precipitação (mm/ano)  in-


filtração (mm/h)
2º) Volume de água de precipitação infiltrado pelas florestas por
hora em um hectare (m3/ha/h):
150 mm/h = 0,15 m/h (precipitação média infiltrada em uma hora
pelas florestas).
1 hectare possui 10.000 m2
Então:
10.000 m2 x 0,15 m/h = 1.500 m3/h em 1 ha
3º) Volume de água de precipitação infiltrado pelas florestas por
hectare em um ano (m3/ha/ano): multiplicou-se o valor obtido
no procedimento anterior pelo número de horas contínuas de pre-
cipitação por ano, obtido no primeiro passo.
1.500 m3/hora/ha x nº horas contínuas precipitação/ano infiltrada
pelas florestas
4º) Área a florestar: realizados os procedimentos anteriores, a área a
florestar para compensar a perda em excesso de água foi conse-
guida através de uma regra de três simples:

Se 1 ha infiltra x m3/ano
Quantos ha infiltrarão y m3/ano ?
Onde:
x = volume de água infiltrado pelas florestas (m3/ano), obtido
no procedimento anterior
y = perda em excesso de água (m3/ano)
96

Somou-se à área obtida 10% do valor como reserva para com-


pensar eventuais perdas no plantio e manutenção, sendo este o resul-
tado final da área a florestar para reter a perda em excesso de água da
precipitação.

Os cálculos das perdas de água e áreas a florestar foram realiza-


dos para cada uma das 13 Microbacias pertencentes à Sub-Bacia Hi-
drográfica do Rio Soturno. Após a obtenção destes valores individu-
ais, procedeu-se à determinação dos valores para a Sub-Bacia como
um todo.

5.4.4. Comparação dos resultados das áreas a florestar definidos pelos


dois métodos (DFC e FLOCRAM) através de análise estatística

5.4.4.1. Análise de regressão


Pode-se usar a análise de regressão quando os valores de X e de
Y são quantitativos e se justifica a existência de uma correspondência
funcional (chamada de equação de regressão) que ligue os valores de
X e de Y (Gomes, 1990).
A análise de regressão foi utilizada para os dados de área a flo-
restar em hectare, para que, através dela, fosse escolhido o coeficiente
de correlação mais apropriado para o caso proposto, e, feito isso, defi-
nir a equação da reta.
Para os cálculos da análise de regressão e do coeficiente de cor-
relação de Pearson utilizou-se o programa SPSS 7.5 for Windows.
97

5.4.4.2. Correlação linear de Pearson


O coeficiente de correlação de Pearson (Rp) possibilita qualifi-
car as inter-relações estatisticamente.
Este coeficiente mede a intensidade e o sentido (positivo ou ne-
gativo) da associação entre duas variáveis: X e Y. O resultado levou
em consideração um erro de 1% (caso presente).

O que se deve observar (http://jfcons.vila.bol.com.br/aula5.html):


1. Rp varia de –1 a +1 (correlação de Pearson).
2. O sinal de Rp irá informar se a concentração de pontos é
crescente (+) ou decrescente (-), isto é, se a curva que
descreve a tendência da concentração de pontos é uma
reta crescente ou uma reta decrescente.
3. Se Rp = 1, todos os pontos cairão sobre uma reta cres-
cente e se Rp = -1, todos os pontos cairão sobre uma reta
decrescente.
4. Se Rp = 0 significa que não foi observada uma correla-
ção linear entre X e Y, mas pode ter sido observado cor-
relação não linear.
5. A magnitude de Rp permitirá avaliar a concentração dos
pontos em torno da reta. Quanto mais próximo de 1 ou
de –1, mais próximos estarão os pontos da reta. Por uma
questão de uniformidade na classificação foi adotada a
seguinte convenção (Quadro 14):
98

Quadro 14 - Convenção para classificação de Rp (Coeficiente de


Correlação de Pearson).
Valor absoluto de Rp Classificação
0,01 a 0,29 Correlação muito fraca
0,30 a 0,49 Correlação fraca
0,50 a 0,69 Correlação moderada
0,70 a 0,89 Correlação forte
0,90 a 0,99 Correlação muito forte

5.4.5. Florestamentos Compensatórios para Retenção de Água em


Microbacias (FLOCRAM) – Comentários Importantes
Os resultados referentes a cada Microbacia encontram-se nos
Quadros 15 a 17. Estes resultados originaram Figuras (gráficos) que
também são apresentadas a seguir.
A Figura 10 mostra o balanço hídrico em uma Bacia Hidrográfi-
ca, utilizando os valores médios encontrados em pesquisas feitas por
Grosvenor (1996), Odum (1988), Bloom (1970), Bunting (1971) e
Rocha (1991). As Figuras 11, 12 e 13 demonstram, graficamente, o
comportamento do balanço hídrico em áreas de florestas, cam-
po/pastagem e agricultura, respectivamente.

Balanço hídrico

62,63
Evaporação/evapotranspiração

20,55
Infiltração

9,35
Rios/lagos

7,47
Escoamento superficial

0 10 20 30 40 50 60 70

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


Balanço hídrico na sub-bacia (% )

Figura 10 - Balanço hídrico na Sub-Bacia.


99

O Quadro 15 fornece um apanhado geral do comportamento do balanço


hídrico em cada Microbacia e na Sub-Bacia como um todo. Tem-se uma idéia
do volume destinado à evaporação/evapotranspiração, infiltração, rios/lagos e
escoamento superficial. Estes valores dependem somente da precipitação e da
área de cada Microbacia. Os Quadros 16, 17 e 18 mostram o balanço hídrico
para as áreas de florestas, campo/pastagem e agricultura, respectivamente.

Quadro 15 – Balanço hídrico na Sub-Bacia.


Volume médio Evaporação/ Volume que permanece na superfície (m3/ano)
Micro- Área evapotrans-
bacia (ha) precipitado piração Infiltração Rios/lagos Escoamento
n. (m3/ano) (m3/ano) (20,55%) (9,35%) superficial
(7,47%)
1 7051 122.171.808 76.516.203 25.106.307 11.423.064 9.126.234
2 6912 121.504.944 76.098.576 24.969.266 11.360.712 9.076.419
3 5219 91.653.232 57.402.419 18.834.739 8.569.577 6.846.496
4 7627 133.852.400 83.831.758 27.506.668 12.515.199 9.998.774
5 5102 89.735.008 56.201.036 18.440.544 8.390.223 6.703.206
6 6997 120.536.416 75.491.957 24.770.233 11.270.155 9.004.070
7 9887 173.841.888 108.877.175 35.724.508 16.254.217 12.985.989
8 10483 183.874.944 115.160.877 37.786.301 17.192.307 13.735.458
9 11837 207.783.488 130.134.799 42.699.507 19.427.756 15.521.427
10 5286 93.011.952 58.253.386 19.113.956 8.696.618 6.947.993
11 9467 166.419.440 104.228.495 34.199.195 15.560.218 12.431.532
12 7280 128.054.256 80.200.381 26.315.150 11.973.073 9.565.653
13 5316 92.501.728 57.933.832 19.009.105 8.648.912 6.909.879
Sub-
Bacia 98464 1.724.941.504 1.080.330.894 354.475.479 161.282.031 128.853.131

Quadro 16 – Balanço hídrico em áreas de florestas.


Micro- Área Florestas
bacia (ha) Área Volume Volume que Volume Volume
n. precipitado deveria infil- infiltrado perdido
ha % (m3/ano) trar (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano)
1 7051 1117 16 19.667.472 4.041.665 3.608.803 432.862
2 6912 379 5 6.674.800 1.371.671 1.224.765 146.906
3 5219 336 6 5.907.968 1.214.087 1.084.059 130.029
4 7627 928 12 16.329.104 3.355.631 2.996.243 359.388
5 5102 476 9 8.383.584 1.722.827 1.538.312 184.515
6 6997 3119 45 54.895.984 11.281.125 10.072.916 1.208.208
7 9887 5410 55 95.208.080 19.565.260 17.469.821 2.095.439
8 10483 4816 46 84.756.144 17.417.388 15.551.985 1.865.402
9 11837 3969 34 69.860.208 14.356.273 12.818.716 1.537.557
10 5286 2512 48 44.216.480 9.086.487 8.113.324 973.163
11 9467 2293 24 40.359.440 8.293.865 7.405.592 888.273
12 7280 3268 45 57.515.744 11.819.485 10.553.619 1.265.867
13 5316 2929 55 51.553.040 10.594.150 9.459.516 1.134.633
Sub-
Bacia 98464 31553 31 555.328.048 114.119.914 101.897.671 12.222.243
100

100.000.000

Volume de água (m3/ano) 80.000.000

60.000.000

40.000.000

20.000.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Volume precipitado Volume que deveria infiltrar
Volume infiltrado Volume perdido

Figura 11 – Balanço hídrico em áreas de florestas (m3/ano).

Quadro 17 - Balanço hídrico em áreas de campo/pastagem.


Micro Área Campo/Pastagem
bacia (ha) Área Volume Volume Volume Volume Volume
n. ha % precipita- que deve- infiltrado perdido perdido
do ria infil- (m3/ano) total em excesso
(m3/ano) trar (m3/ano) (m3/ano)
(m3/ano)
1 7051 2313 33 40.713.728 8.366.671 598.217 7.768.454 6.872.384
2 6912 1393 20 24.519.264 5.038.709 360.268 4.678.441 4.138.795
3 5219 4664 89 82.077.776 16.866.983 1.205.989 15.660.994 13.854.540
4 7627 1832 24 32.236.864 6.624.676 473.664 6.151.011 5.441.508
5 5102 1437 28 25.297.536 5.198.644 371.703 4.826.941 4.270.166
6 6997 1512 22 26.602.752 5.466.866 390.881 5.075.985 4.490.483
7 9887 2006 20 35.299.792 7.254.107 518.669 6.735.439 5.958.524
8 10483 1327 13 23.353.440 4.799.132 343.138 4.455.994 3.942.007
9 11837 5267 44 92.690.928 19.047.986 1.361.931 17.686.055 15.646.015
10 5286 1265 24 22.259.248 4.574.275 327.061 4.247.215 3.757.310
11 9467 2423 26 42.646.208 8.763.796 626.611 8.137.184 7.198.582
12 7280 2833 39 49.853.408 10.244.875 732.509 9.512.367 8.415.141
13 5316 681 13 11.991.408 2.464.234 176.193 2.288.042 2.024.122
Sub-
Bacia 98464 28951 30 509.542.352 104.710.953 7.486.833 97.224.120 86.009.577

Todos volumes de água perdidos, infiltrados, precipitados, que


deveriam infiltrar, foram determinados de acordo com os percentuais
de infiltração médios obtidos para cada uso da terra no método
FLOCRAM e são diretamente proporcionais à área ocupada com flo-
restas, agricultura e campo/pastagem.
101

100.000.000
Volume de água (m3/ano)
80.000.000

60.000.000

40.000.000

20.000.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Volume precipitado Volume que dev eria infiltrar
Volume infiltrado Volume perdido total
Volume perdido em excesso

Figura 12 – Balanço hídrico em áreas de campo/pastagem (m3/ano).

Valores relativos ao balanço hídrico em áreas agrícolas podem


ser vistos no Quadro 18.

Quadro 18 – Balanço hídrico em áreas de agricultura.


Mi- Área Agricultura
cro
bacia (ha) Área Volume Volume Volume Volume Volume
n. precipitado que deveria infiltrado perdido perdido em
ha %
(m3/ano) infiltrar (m3/ano) total excesso
(m3/ano) (m3/ano) (m3/ano)
1 7051 3511 50 61.790.608 12.697.970 452.048 12.245.922 10.885.970
2 6912 5131 74 90.310.880 18.558.886 660.696 17.898.190 15.910.533
3 5219 208 4 3.667.488 753.669 26.831 726.838 646.120
4 7627 4846 64 85.286.432 17.526.362 623.938 16.902.423 15.025.350
5 5102 3185 62 56.053.888 11.519.074 410.079 11.108.995 9.875.302
6 6997 2218 32 39.037.680 8.022.243 285.592 7.736.651 6.877.469
7 9887 2462 25 43.334.016 8.905.140 317.023 8.588.117 7.634.377
8 10483 4305 40 75.765.360 15.569.781 554.284 15.015.497 13.347.974
9 11837 2570 22 45.232.352 9.295.248 330.911 8.964.337 7.968.816
10 5286 1508 29 26.536.224 5.453.194 194.134 5.259.060 4.675.023
11 9467 4739 50 83.413.792 17.141.534 610.239 16.531.296 14.695.437
12 7280 1175 16 20.685.104 4.250.789 151.328 4.099.461 3.644.201
13 5316 1645 31 28.957.280 5.950.721 211.846 5.738.875 5.101.553
Sub-
Bacia 98464 37504 38 660.071.104 135.644.612 4.828.948 130.815.664 116.288.126

O Quadro 19 considera volumes de água perdidos em cada Mi-


crobacia de acordo com as áreas ocupadas com florestas, cam-
po/pastagem e agricultura. Nota-se que a Microbacia 13 é a que tem
menor volume perdido, com 7.125.675,238 m3/ano. Este valor corres-
102

ponde a 37,49% do volume destinado à infiltração que é de


19.009.105,10 m3/ano (encontrado no Quadro 15). Devido a este fator
é que a referida Microbacia apresenta menor área a ser florestada para
infiltrar o volume de água perdido em excesso (menor volume perdi-
do, menor área a florestar). A área que deverá ser florestada é de
445,480 ha. Corresponde a 8,38% da área total da Microbacia. É a
menor área em valor absoluto e a menor porcentagem de área a flores-
tar de toda a Sub-Bacia.

100.000.000
Volume de água (m3/ano)

80.000.000

60.000.000

40.000.000

20.000.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Volume precipitado Volume que dev eria infiltrar
Volume infiltrado Volume perdido total
Volume perdido em excesso

Figura 13 – Balanço hídrico em áreas de agricultura (m3/ano).

A Microbacia mais problemática, em se tratando de volumes de


água perdidos (valores absolutos) é a Microbacia 9 (Quadro 19). Esta
Microbacia possui uma área total de 11.836,68 ha (é a maior da Sub-
Bacia). Deste total, 3.969,33 ha são de florestas, 5.266,53 ha são de
pastagens e 2.570,02 ha são de cultivos agrícolas. O volume de água
precipitado que é perdido em excesso nesta Microbacia é de
23.614.831,850 m3/ano, o que corresponde a 55,30% do volume que
103

deveria ser infiltrado. Por este motivo é a Microbacia que necessita


maior área a ser florestada de toda a Sub-Bacia. A Figura 14 mostra o
percentual dos volumes perdidos em excesso para cada Microbacia.

Quadro 19 - Volumes de água perdidos em excesso e área a florestar


por Microbacia.
Micro- Volume total Volume perdido em Área a florestar
bacia perdido excesso
n. (m3/ano) m3/ano % ha %
1 20.447.239 17.758.353 71 1110 16
2 22.723.537 20.049.328 80 1253 18
3 16.517.861 14.500.660 77 907 17
4 23.412.823 20.466.858 74 1280 17
5 16.120.450 14.145.468 77 884 17
6 14.020.844 11.367.952 46 711 10
7 17.418.995 13.592.900 38 850 09
8 21.336.893 17.289.981 46 1081 10
9 28.187.949 23.614.832 55 1476 12
10 10.479.438 8.432.333 44 527 10
11 25.556.753 21.894.019 64 1369 14
12 14.877.694 12.059.342 46 754 10
13 9.161.550 7.125.675 37 445 08
Sub-
Bacia 240.262.027 202.297.703 58 12.647 Média=13

Já a maior porcentagem do volume de água perdido em relação


ao volume que deveria infiltrar encontra-se na Microbacia 2 (Quadro
19). Esta Microbacia, com área total de 6.911,87 ha, possui 379,25 ha
de florestas; 1.393,14 ha de pastagens e 5.131,30 ha de cultivos agrí-
colas; perde 80,30% do volume de água que deveria infiltrar, por este
motivo, necessita também o maior percentual de área a florestar de
toda a Sub-Bacia (18,13% que corresponde a uma área de 1253,439 ha).
104

100
Volume de água perdido em excesso (%)

80

80

77

77
74
71

64
60

55
46

46

46
44
40

38

37
20

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Microbacia
Sub-bacia Hidrográf ica do Rio Soturno
Água perdida em excesso FLOCRAM (% )

Figura 14 – Porcentagem do volume de água perdida em excesso.

As Figuras 15 e 17 ilustram os volumes de água: destinado à in-


filtração, volume perdido total, volume perdido em excesso e volume
efetivamente infiltrado em m3/ano e porcentagem, respectivamente,
para toda a Sub-Bacia.
A Sub-Bacia, como um todo, perde em excesso 58,12% da água
de precipitação que deveria infiltrar (correspondente aos 20,55% des-
tinados à infiltração no ciclo hidrológico). Este percentual correspon-
de a um volume médio de 202.297.702,800 m3/ano. Esta água escoa
pela superfície causando erosão e assoreando rios. Ela deixa de infil-
trar e de abastecer o lençol freático mantenedor do equilíbrio hidroló-
gico da Sub-Bacia.
105

354.475.479,1
240.262.026,6
202.297.702,8
114.213.452,5
Sub-bacia

0 100.000.000 200.000.000 300.000.000 400.000.000


Volumes de água (m3/ano)

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


V olume efetiv amente infiltr ado V olume per dido em excesso
V olume per dido total V olume destinado à infiltr ação

Figura 15 - Volumes de água na Sub-Bacia (m3/ano).

100 100
Volumes de água (%)

80

67,78
60
58,12

40

32,22
20

0
Sub-bacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Volume efetivamente infiltrado Volume perdido em exc es s o
Volume perdido total Volume des tinado à infiltraç ão

Figura 16 – Volumes de água em porcentagem na Sub-Bacia.

As Microbacias 1, 2, 3, 4 e 5 (Quadro 19) são as que perdem


maior percentual de água, portanto, necessitam maior percentual de
área a florestar. Com exceção da Microbacia 1 que fica localizada na
Depressão Periférica (curso terminal do rio), todas as outras (Micro-
bacias 2, 3, 4 e 5) estão localizadas na zona do Rebordo do Planalto
Central, onde estão as nascentes do Rio Soturno (Figura 17).
106

Figura 17 – Sub-Bacia do Rio Soturno subdividida em 13 Microbacias.

Cerca de 13,08% da Sub-Bacia deverá receber florestamentos


compensatórios, este valor corresponde a uma área de 12.647,164 ha.
A Figura 18 elucida melhor os dados referentes às áreas a flores-
tar com valores em porcentagem.
Como já foi referido, a maior área a florestar encontra-se na Mi-
crobacia 9, seguida da Microbacia 11. São duas das Microbacias que
são formadas pelos principais tributários do Rio Soturno, localizadas
107

no Rebordo do Planalto Central. E o maior percentual verifica-se na


Microbacia 2 (Quadro 19).
Estas florestas deverão ser implantadas, prioritariamente, nas
áreas consideradas de preservação permanente de acordo com a Lei
4.771 de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal Federal) em seu
artigo 2º: nas nascentes, seja qual for sua situação topográfica; nos
topos de morros, montes, montanhas e serras; nas encostas com decli-
vidade superior a 45° na linha de maior declive, ao longo dos rios.
O Quadro 20 mostra valores comparativos de área florestal exis-
tente, área a florestar e área total de florestas que deveria existir para
reter a água perdida em excesso.

Quadro 20 - Área de florestas existente, área a florestar e área total de flores-


tas que deveria existir para reter a água perdida em excesso
por Microbacia (FLOCRAM).
Micro- Área Área de Área a Área final de florestas
bacia n.º total florestas florestar
(ha) ha % ha % ha %
1 7051 1117 16 1110 16 2228 32
2 6912 379 5 1253 18 1633 24
3 5219 336 6 907 17 1242 24
4 7627 928 12 1280 17 2207 29
5 5102 476 9 884 17 1361 27
6 6997 3119 45 711 10 3830 55
7 9887 5410 55 850 9 6259 63
8 10483 4816 46 1081 10 5897 56
9 11837 3969 34 1476 12 5446 46
10 5286 2512 48 527 10 3039 58
11 9467 2293 24 1369 14 3662 39
12 7280 3268 45 754 10 4022 55
13 5316 2929 55 445 8 3375 63
Sub-
Bacia 98464 31553 31 12.647 13 44.200 Média=44
108

20

18

17

17

17
16
15
Área a florestar (%)

14
12
10

10

10

10

10
9

8
5

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Microbacia
Sub-bacia Hidrográf ica do Rio Soturno
Área a f lorestar FLOCRAM (% )

Figura 18 – Área a florestar, em porcentagem, por Microbacia (FLOCRAM).

A Figura 19 mostra as áreas de florestas existentes, a florestar e


existentes + a florestar (área que deveria existir) para cada Microbacia
em porcentagem.
A Microbacia 13 é a que deveria ter o maior percentual de sua
área total coberta com florestas (corresponde a 3.374,63 ha) logo a
seguir vem a Microbacia 7 com 63,31%, que corresponde a uma área
de 6.259,34 ha, ambas localizadas no Rebordo do Planalto Central.
Em números absolutos, esta Microbacia (7) também deveria ter a mai-
or área e é justamente a Microbacia que possui maior área de florestas.
A Microbacia que teria menor percentual final de área florestada é a
de número 2 com 23,62%, valor próximo ao da Microbacia 3 com
23,80%, que também teria menor área florestada com 1.242,223 ha,
localizadas no Planalto Central.
109

63,48
63,31
70

56,25

57,5

55,25
54,74
54,71

55,1
60

47,53
46,01
45,94

44,89
44,58
50

38,68
Áreas (%)

33,53
40
31,59

28,94

26,67

24,22
23,62

23,8
30
18,13

17,37

17,33
16,78
15,85
15,74

14,46
12,47
12,16
20

10,36
10,31
10,16

9,97
9,34

8,59

8,38
6,43
5,49

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Área de florestas existente (% ) Área a florestar FCRAM (% )
Área a florestar + existente FCRAM (% )

Figura 19 – Percentual de área de floresta existente, a florestar e a florestar


+ existente por Microbacia.

O percentual final da área da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio


Soturno, segundo o método FLOCRAM, que deveria estar ocupada
com florestas é de 43,83%. Correspondente a uma área total final de
44.199,894 ha, para que o volume de água da precipitação perdido em
excesso seja retido.

5.4.6. Comparação de área a florestar e área de florestas (a florestar +


existente) entre os métodos: Diagnóstico Físico Conservacio-
nista (DFC) e Florestamentos Compensatórios para Retenção
de Água em Microbacias (FLOCRAM)
Esta comparação foi feita apenas para valores referentes à área a
florestar e área de florestas (a florestar + existente) por serem estes
resultados comuns entre os dois métodos.
110

5.4.6.1. Área a florestar


Analisando o Quadro 21 e as Figuras 20 e 21 percebe-se que as
duas Microbacias com menor percentual de área a florestar definidas
pelo DFC (Microbacias 7 e 13) são também as duas com menor per-
centual de área a florestar definidas pelo FLOCRAM (Microbacia 7:
DFC = 0%; FLOCRAM = 8,59% e Microbacia 13: DFC = 0%,
FLOCRAM = 8,38%).
As Microbacias 2, 3, 9 e 11 foram as únicas em que a área a flo-
restar foi maior no DFC em relação ao FLOCRAM. E são justamente
as Microbacias que necessitam maior área a florestar determinadas
pelo Diagnóstico Físico-Conservacionista. Nas Microbacias restantes,
a área a florestar foi sempre maior no FLOCRAM.
Esta diferença se deve ao fato de que os parâmetros avaliados
em cada método são distintos. O DFC depende dos parâmetros físicos
que caracterizam a Microbacia como: densidade de drenagem, decli-
vidade média e coeficiente de rugosidade. Já o FLOCRAM considera
a área ocupada com cada uso da terra por Microbacia (florestas, cam-
po/pastagem, agricultura), com seus respectivos índices de infiltração
médios. Nas Microbacias 2, 3, 9 e 11 o conjunto dos parâmetros avali-
ados pelo DFC foi mais rigoroso que os parâmetros avaliados pelo
FLOCRAM, acontecendo o contrário nas demais Microbacias. Isto se
deve às características físicas apresentadas pelas Microbacias indivi-
dualmente e suas respectivas áreas.
111

Quadro 21 - Comparação entre áreas a florestar definidas pelo DFC e


pelo FLOCRAM por Microbacia.
Micro- Área Área a florestar DFC Área a florestar FLOCRAM
bacia n.º total ha % ha %
(ha)
1 7051 618 9 1110 16
2 6912 1347 19 1253 18
3 5219 966 19 907 17
4 7627 974 13 1280 17
5 5102 798 16 884 17
6 6997 305 4 711 10
7 9887 0 0 850 9
8 10483 408 4 1081 10
9 11837 1934 16 1476 12
10 5286 130 2 527 10
11 9467 2435 26 1369 14
12 7280 370 5 754 10
13 5316 0 0 445 8
Sub-
Bacia 98464 10285 Média=10 12.647 Média=13

3.000
2.434,68

2.500
1.933,61
Área a florestar (ha)

2.000
1.476,34

1.368,76
1.346,67
1.253,439

1.279,54
1.110,208

1.080,93

1.500
973,52
906,543
966,21

884,345

849,79
798,31

710,899

753,92

1.000
617,93

527,17

445,48
408,03

369,97
305,24

500
130,09
0

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


Área a florestar DFC (ha)
Área a florestar FCRAM (ha)

Figura 20 – Áreas a florestar por Microbacia DFC x FLOCRAM (ha).


112

30

25,72
25

19,48

18,51
18,13
20
Área a florestar (%)

17,37

17,33
16,78

16,34
15,74

15,65

14,46
15 12,76

12,47

10,36
10,31
10,16

9,97
8,76

8,59

8,38
10

5,08
4,36

3,89
5

2,46
0

0
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
S ub-bacia Hidrográfica do Rio S oturno
Área a florestar DFC (% ) Área a florestar FCRAM (% )

Figura 21 – Percentual das áreas a florestar por Microbacia DFLOCRAM.

A Microbacia 11 apresenta maior área a florestar em hectares e


também em porcentagem pelo DFC (2434,68 ha e 25,72%). Já pelo
FLOCRAM, a maior área a florestar em valores absolutos, está na
Microbacia 9 com 1476,34 ha e o maior percentual encontra-se na
Microbacia 2 com 18,13%. A Microbacia que necessita menor área a
ser implantada com florestas é a 13 no método FLOCRAM com
445,48 ha e, nas Microbacias de números 7 e 13, pelo método DFC,
não há necessidade de florestamentos.
Observa-se também, nas Figuras 22 e 23, o comportamento dos
valores em hectare e percentuais, respectivamente, referentes às áreas
a florestar pelos dois métodos considerados.
113

3.000

2.500
Área a florestar (ha)

2.000

1.500

1.000

500

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Área a florestar DFC (ha) Área a florestar FCRAM (ha)

Figura 22 – Comportamento das áreas a florestar por Microbacia DFC


x FLOCRAM (ha).

40

30
Área a florestar (%)

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Área a florestar DFC (% ) Área a florestar FCRAM (% )

Figura 23 – Comportamento do percentual das áreas a florestar por


Microbacia DFC x FLOCRAM.
114

Para a Sub-Bacia como um todo, pode-se dizer que o FLOCRAM é


mais rigoroso, pois define a área a florestar como sendo 12.647,164 ha
(13,08%) enquanto que o DFC define a área total como 10.284,26 ha que
corresponde a 10,23%. Isto significa que a Sub-Bacia está com um déficit
de florestas de 10,23%. Diferença percentual de 2,85% em favor do FLO-
CRAM. Estes valores foram encontrados com relação à cobertura mínima,
preconizada para cada método. Tais valores encontram-se no Quadro 21.

5.4.6.2. Área de florestas (a florestar + existente)


De acordo com o Quadro 22 e as Figuras 24 e 25, que mostram as
áreas finais que devem, segundo DFC e FLOCRAM, estar ocupadas com
florestas, a Microbacia 9, pelo DFC deve ter 5902,94 ha. É a maior área com
florestas de toda a Sub-Bacia. Esta área corresponde a 49,87% da Microba-
cia. Mas, o maior valor percentual de florestas deverá estar na Microbacia 13
com 55,1% correspondente a 2929,15 ha. Estes valores se aproximam dos
valores encontrados no FLOCRAM. Para este método a Microbacia que
deve ter maior área de florestas (a florestar + existente) é a 7 com 6259,34 ha
(63,31%). E a Microbacia 13, a exemplo do DFC, também apresenta maior
percentual com 63,48% que corresponde a 3374,63 ha.
Pode-se verificar também que a menor área a florestar + existente é
de 1274,65 ha (Microbacia 5 que está localizada no Planalto Central) para
o DFC. Este valor corresponde a 24,98% de sua área total. Mas, para este
método, o menor percentual está na Microbacia 1 (localizada na Depressão
Periférica) com 24,61%. Para o método FLOCRAM, a menor área a flo-
restar + existente deve estar na Microbacia 3 com 1242,223 ha e o menor
percentual, na Microbacia 2 com 23,62%.
115

Quadro 22 – Comparação entre as áreas de florestas (a florestar +


existente) definidas pelo DFC e pelo FLOCRAM por
Microbacia.
Micro- Área Área a florestar + existente Área a florestar +
bacia total DFC existente FLOCRAM
n.º (ha) ha % ha %
1 7051,34 1735,40 24,61 2227,678 31,59
2 6911,87 1725,92 24,97 1632,689 23,62
3 5218,92 1301,89 24,94 1242,223 23,80
4 7627,15 1901,31 24,93 2207,330 28,94
5 5102,09 1274,65 24,98 1360,685 26,67
6 6996,63 3424,33 48,94 3829,789 54,74
7 9887,08 5409,55 54,71 6259,340 63,31
8 10.483,43 5223,72 49,83 5896,620 56,25
9 11.836,68 5902,94 49,87 5445,670 46,01
10 5286,20 2642,39 49,98 3039,470 57,49
11 9467,20 4727,83 49,94 3661,910 38,68
12 7279,63 3637,91 49,97 4021,860 55,25
13 5315,85 2929,15 55,10 3374,630 63,48
Sub-Bacia 98.464,07 41.836,99 M = 40,98 44.199,894 M = 43,83
6.259,34

7.000
5.902,94
5.896,62
Área de florestas (a florestar + existente em ha)

5.445,67
5.409,55

5.223,72

6.000
4.727,83

5.000
4.021,86
3.829,789

3.661,91
3.637,91
3.424,33

3.374,63

4.000
3.039,47

2.929,15
2.642,39
2.227,678

2.207,33

3.000
1.901,31
1.632,689
1.725,92
1.735,4

1.360,685
1.242,223
1.301,89

1.274,65

2.000

1.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


Área de florestas (a florestar + existente) DFC (ha)
Área de florestas (a florestar + existente) FCRAM (ha)

Figura 24 – Área de florestas (a florestar + existente) por Microbacia


DFC x FLOCRAM (ha).
116

70
Área de florestas (a florestar + existente em %)

63,48
63,31
60

57,49
56,25

55,25
55,1
54,74
54,71
50

49,98

49,97
49,94
49,87
49,83
48,94

46,01
40

38,68
31,59

30
28,94

26,67
24,98
24,97

24,94

24,93
24,61

23,8
23,62

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Área de florestas (a florestar + existente) DFC (% )
Área de florestas (a florestar + existente) FCRAM (% )

Figura 25 – Percentual da área de florestas (a florestar + existente) por


Microbacia DFC x FLOCRAM.

Estes valores podem também ser visualizados nas Figuras 26 e


27 que mostram, comparativamente, o comportamento das áreas a
florestar + existente.
Área de florestas (a florestar + existente em ha)

7.000

6.000

5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno
Área de florestas (a florestar + existente) DFC (ha)
Área de florestas (a florestar + existente) FCRAM (ha)

Figura 26 – Comportamento da área de florestas (a florestar + existen-


te) por Microbacia DFC x FLOCRAM (ha).
117

A área de florestas (a florestar + existente) para a Sub-Bacia Hi-


drográfica do Rio Soturno definida pelo DFC é de 41.836,99 ha. Este
valor ocupa 40,98% da Sub-Bacia. FLOCRAM determina a área a
florestar + existente como sendo 44.199,894 ha correspondente a
43,83% da área total.
A Microbacia 13 está em boa situação pois possui o maior per-
centual de florestas e necessita menor percentual a florestar.
Já a Microbacia 2 possui o menor percentual de florestas e necessita
o maior percentual a florestar pelo método FLOCRAM. Para o método
DFC esta Microbacia é a segunda em termos de percentual a florestar.

70
Área de florestas (a florestar + existente em %)

60

50

40

30

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


Área de florestas (a florestar + existente) DFC (% )
Área de florestas (a florestar + existente) FCRAM (% )

Figura 27 – Comportamento do percentual da área de florestas (a flo-


restar + existente) por Microbacia DFC x FLOCRAM.

As Figuras 28 e 29 mostram, comparativamente, os valores em


hectares e em percentuais para a Sub-Bacia estudada.
118

Áreas de florestas DFC x FCRAM (ha) 50.000


44.199,894
40.000 41.836,99

31.552,73
30.000 31.552,73

20.000
12.647,164
10.000 10.284,26

0
Área de florestas existenteÁrea a florestarÁreas a florestar + existente

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


Áreas de florestas Sub-bacia Rio Soturno DFC (ha)
Áreas de florestas Sub-bacia Rio Soturno FCRAM (ha)

Figura 28 - Áreas de florestas na Sub-Bacia (ha).


50

43,83
Áreas de florestas DFC x FCRAM (%)

40 40,98

30 30,75 30,75

20

13,08
10
10,23

0
Área d e fl o restas exi sten te Área a fl o restar Áreas a fl o restar + exi sten te

Sub-bacia Hidrográfica do Rio Soturno


Áreas de florestas DFC Áreas de florestas FCRAM

Figura 29 – Percentual das áreas de florestas na Sub-Bacia.

5.4.7. Análise Estatística dos Valores Comparados


A análise estatística foi utilizada para testar a viabilidade do mé-
todo em relação a outro existente e com comprovada eficiência.
119

As Figuras 30 e 31 mostram valores encontrados para área a flo-


restar pelo DFC e pelo FLOCRAM, respectivamente.

3000

2500

2435
Área a florestar (ha)

2000

1934
1500
1347

1000
974
966

798
618

500

408

370
305

130
0
0

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Microbacia
Sub-bacia Hidrográf ica do Rio Soturno
Área a f lorestar DFC (ha)

Figura 30 - Área a florestar por Microbacia DFC (ha).

1600
1476

1400
1369
1280

1200
1253
Área a florestar (ha)

1110

1081

1000
907

884

800
850

754
711

600
527

400
445

200

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Microbacia
Sub-bacia Hidrográf ica do Rio Soturno
Área a f lorestar FCRAM (ha)

Figura 31 – Área a florestar por Microbacia FLOCRAM (ha).


120

Nos Quadros 23 e 24 pode-se observar a diferença, em hectares e


em percentagem, entre as áreas a florestar definidas nos dois métodos.

Quadro 23 – Diferença entre as áreas a florestar em ha por Microbacia


(FLOCRAM – DFC).
Microbacia Áreas a florestar (ha) Diferença (ha)
DFC FLOCRAM FLOCRAM - DFC
1 617,93 1110,208 492,278
2 1346,67 1253,439 -93,231
3 966,21 906,543 -59,667
4 973,52 1279,540 306,020
5 798,31 884,345 86,035
6 305,24 710,899 405,659
7 0,00 849,790 849,790
8 408,03 1080,930 672,900
9 1933,61 1476,340 -457,270
10 130,09 527,170 397,080
11 2434,68 1368,760 -1065,920
12 369,97 753,920 383,950
13 0,00 445,480 445,480
Sub-Bacia 10.284,26 12.647,164 2362,904

Quadro 24 – Diferença do percentual entre as áreas a florestar por


Microbacia (FLOCRAM – DFC).
Microbacia Área a florestar (%) Diferença:
DFC FLOCRAM FLOCRAM - DFC
1 8,76 15,74 6,98
2 19,48 18,13 -1,35
3 18,51 17,37 -1,14
4 12,76 16,78 4,02
5 15,65 17,33 1,68
6 4,36 10,16 5,80
7 0,00 8,59 8,59
8 3,89 10,31 6,42
9 16,34 12,47 -3,87
10 2,46 9,97 7,51
11 25,72 14,46 -11,26
12 5,08 10,36 5,28
13 0,00 8,38 8,38
Sub-Bacia 10,23 13,08 2,85
121

A Microbacia na qual se encontra a maior diferença entre os dois


métodos, com relação à área a florestar em hectare, é a Microbacia 11.
Nesta, o método DFC determina 1065,920 ha a mais que no FLOCRAM.
A menor diferença encontra-se na Microbacia 3, onde também o DFC
determina maior área com 59,667 ha a mais que o FLOCRAM, para a
mesma Microbacia.
Mas, para a Sub-Bacia como um todo, a diferença fica em favor
do FLOCRAM. Este método determina uma área superior ao DFC de
2362,904 ha.
A Figura 32 ilustra o comportamento dos valores apresentados
no Quadro 23 para estas e as demais Microbacias.

10
Diferença entre áreas a florestar

-5

-10

-15
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Microbacia
Comportamento da diferença entre DFC x FCRAM (% )
Áreas a florestar

Figura 32 - Comportamento da diferença entre as áreas a florestar em


ha (FLOCRAM – DFC).
122

Nota-se que a maior diferença percentual entre as áreas a florestar


foi determinada para a Microbacia 11, em favor do DFC, com 11,26%. O
menor percentual diferencial encontra-se na Microbacia 3 com 1,14% de
área a florestar superior no DFC com relação ao FLOCRAM.
Quando se considera a Sub-Bacia, o percentual em favor do
FLOCRAM fica em 2,85% de área a florestar.

5.4.7.1 Análise de regressão


Os resultados da análise de regressão podem ser observados na
Figura 33, onde se encontra o gráfico com a relação entre o DFC e o
FLOCRAM, observada e linear, e no Quadro 25.

1600

1400

1200
FCRAM

1000

800

600
Observada

400 Linear
-1000 0 1000 2000 3000

DFC

Figura 33 – Relação entre DFC e FLOCRAM observada e linear para


áreas a florestar em ha.

Quadro 25 – Resultados da análise de regressão.


Método Média Desvio padrão N
DFC 791,0969 744,8763 13
FLOCRAM 972,8742 320,7097 13
123

Os demais resultados da análise de regressão estão dispostos a


seguir:
F = 25,01
b0 = 689,023
b1 = 0,3588
R = 0,833
R2 = 0,694
R2 ajustado = 0,667
Graus de liberdade = 11
Estimativa do erro =  185,147 ha

Fazendo-se uma correlação entre os dois métodos e conside-


rando Y = FLOCRAM e
X = DFC, sendo Y a variável dependente de X, tem-se:
Y = ax + b

x mín. = 0,00 Y mín. = 445,48


x máx. = 2.434,68 Y máx. = 1.368,76
b = 445,48
1368,76 = 2434,68a + 445,48
a = 0,3792

A equação da reta fica:


Y = 0,3792X + 445,48  e
Com um erro (e) de  185,147 ha.
Considerando-se um erro de  185,147 ha o valor das áreas a
florestar por Microbacia para o método FLOCRAM pode ser visuali-
zado no Quadro 26, que considera valores encontrados através da
equação definida anteriormente.
124

O valor de 185,147 ha = e, como erro, para mais ou para menos,


indica que o valor de Y encontrado pela equação pode variar entre
–185,147 e +185,147 ha (é o intervalo de confiança da equação).
Quadro 26 – Valores para FLOCRAM determinados através da equação:
Y = 0,3792X + 445,48  e
Área a florestar (ha) Intervalo de
Microbacia DFC (X) FLOCRAM Equação (Y) confiança
 185,147 ha
1 617,93 1110,208 679,799 494,652 – 864,946
2 1346,67 1253,439 956,137 770,990 – 1141,284
3 966,21 906,543 811,867 626,720 – 997,014
4 973,52 1279,540 814,639 629,492 – 999,786
5 798,31 884,345 748,199 563,052 – 933,346
6 305,24 710,899 561,227 376,080 – 746,374
7 0,00 849,790 445,480 260,333 – 630,627
8 408,03 1080,930 600,205 415,058 – 785,352
9 1933,61 1476,340 1178,705 993,558 – 1363,852
10 130,09 527,170 494,810 309,663 – 679,957
11 2434,68 1368,760 1368,711 1183,564 – 1553,858
12 369,97 753,920 585,773 400,626 – 770,920
13 0,00 445,480 445,480 260,333 – 630,627
Sub-Bacia 10.284,26 12.647,164 9691,032 7284,121 – 12097,943

A Figura 34 mostra graficamente a comparação entre os resul-


tados encontrados no Quadro 26 com relação às áreas a florestar.

3000

2500
Área a florestar em ha

2000

1500

1000

500

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Microbacias
Áreas a florestar em ha
DFC encontrado FCRAM encontrado FCRAM equação Y mínimo Y máximo

Figura 34 – Comparação entre as áreas a florestar encontradas e calculadas.


125

Nota-se que nas Microbacias 3 e 5 os valores encontrados pelos dois


métodos situam-se dentro do intervalo de confiança determinado pela aná-
lise de regressão. Nas Microbacias 2, 7, 8 e 9, acontece o contrário, ou seja,
os resultados calculados pelos dois métodos encontram-se fora do interva-
lo, sendo que nas Microbacias 7 e 8 o FLOCRAM apresenta valores acima
do máximo e o DFC, abaixo do mínimo. Nas Microbacias 2 e 9, os dois
métodos apresentam valores acima do máximo. Já nas Microbacias 1 e 4, o
DFC encontra-se dentro do intervalo e o FLOCRAM possui valores acima
do máximo.
Nas Microbacias 6, 10, 12 e 13 o método DFC apresenta valores
abaixo do mínimo enquanto que o FLOCRAM está dentro do intervalo.
Finalmente, na Microbacia 11, o DFC determina uma área a flo-
restar que está acima do máximo definido na equação e o FLOCRAM
apresenta um valor dentro do intervalo de confiança.

5.4.7.2. Correlação de Pearson


O coeficiente de correlação de Pearson mostrou haver uma cor-
relação positiva estatisticamente (reta crescente) entre os dois métodos
avaliados. O valor encontrado foi 0,833. Levando-se em consideração
as magnitudes de Rp apresentadas no Quadro 14, pode-se considerar
que existe uma correlação forte entre DFC e FLOCRAM, já que quanto
mais próximo de 1 for o valor encontrado, maior é a correlação.
Os valores calculados pela correlação de Pearson são os seguintes:
Coeficiente de correlação: 0,833
Soma dos quadrados: 2.388.971
Covariância: 199.080,9
126

Infere-se, pelo estudo do caso, que o método FLOCRAM (Flores-


tamento Compensatório para a Retenção de Água em Microbacias) é tão ou
mais eficiente que o método do DFC (Diagnóstico Físico Conservacionista).

5.5.Diagnóstico Sócio-Econômico
O diagnóstico sócio-econômico, assim como o diagnóstico fí-
sico-conservacionista aqui desenvolvido, teve sua origem na Espanha,
foi adaptado pelo CIDIAT (Centro Interamericano de Desarrollo Inte-
gral de Aguas y Tierras) e modificado profundamente pelo autor, onde
os processos originais se baseavam em cartas previamente elaboradas
em laboratório e os atuais métodos se baseiam em quadros e tabelas
com valores coletados a campo. A transformação básica se deu de um
modelo qualitativo para um quantitativo.
Em princípio, esta nova metodologia permite trabalhar em dois
grupos de grandes levantamentos:
a) Levantamento em nível de produtor rural;
b) Levantamento em nível municipal.
Considerando-se a necessidade premente brasileira, porque é
condição imprescindível ao desenvolvimento elevar a qualidade do
nível de vida do homem rural, a metodologia proposta enfocará so-
mente o levantamento em nível de produtor rural. Se o leitor inte-
ressar-se pelo levantamento em nível municipal, poderá adaptar os
quadros para a área urbana e seguir a mesma metodologia.
Por outro lado, o levantamento em nível de produtor rural é
de fundamental importância para se determinar a “Roda Viva de De-
terioração Ambiental”.
127

5.5.1. Objetivos e Finalidades


Visa o diagnóstico sócio-econômico analisar a situação social,
econômica, tecnológica e, por fim, sócio-econômica da população do
meio rural (produtor e núcleo familiar), no sentido de se avaliar, por
Microbacia, a deterioração sócio-econômica das famílias ali residen-
tes. Com isso, tem-se condições de elaborar recomendações em um
projeto no sentido de elevar a qualidade e o nível de vida na respectiva
Sub-Bacia Hidrográfica.
Agindo assim (diminuindo a deterioração sócio-econômica),
ter-se-á uma melhoria do ambiente quanto às deteriorações físicas e
ambientais.

5.5.2. Metodologia - Comentários Gerais


A metodologia consiste em levantar e analisar os seguintes
elementos, todos em nível de identificação do núcleo familiar:

5.5.2.1. Questionário em nível de produtor rural


A - Fator Social
 Variáveis: demográfica, habitação, consumo de alimentos,
participação em organização e salubridade.

B - Fator Econômico:
 Variáveis: produção, animais de trabalho, animais de pro-
dução e comercialização, crédito e rendimento.

C - Fator Tecnológico:
 Variáveis: tecnológica, maquinário e industrialização rural.
128

D – Fator prioritário:
 Variáveis gerais.

5.5.2.2. Códigos e critérios de estratificação


Nesse caso, a cada variável é atribuído um valor de 1 a 5, 1 a 9,
1 a 6, etc., de acordo com a subdivisão da variável e em atenção à sua
importância.
O valor maior do código (o peso) representa a maior deterio-
ração e o valor menor representa a menor deterioração.

5.5.2.3. Tabulação dos dados


A tabulação consiste em agrupar os códigos e repetir aqueles
de maior freqüência (maior ocorrência, a “moda”).

5.5.2.4. Apresentação dos resultados de maior ocorrência


Valores mínimos, máximos e totais.
Neste caso, são anotados os valores significativos encontrados
(codificação significativa de maior freqüência) por Microbacia, e ana-
lisados entre os valores mínimos e máximos de codificação. Aí são
avaliados (vide item 6.5.6.):
a) Total do fator social: até código 5.3.
b) Total do fator econômico: códigos 6.1. a 9.7.
c) Total do fator tecnológico: códigos 10.1. a 11.3.
d) Total do diagnóstico sócio-econômico: (a + b + c).
129

Esses valores, juntamente com as equações das retas determi-


nadas para cada caso, definirão as Unidades Críticas de Deterioração
Social, Econômica, Tecnológica e Sócio-Econômica.

5.5.2.5. Cálculo das retas de deterioração social, econômica, tecno-


lógica e sócio-econômica
A equação da reta Y = ax + b define as deteriorações, em
uma primeira aproximação.

5.5.2.6. Relação das unidades críticas de deterioração dos diagnós-


ticos sócio-econômico e físico-conservacionista
Essa relação mostra a interdependência entre ambos, uma vez
que o meio ambiente, ao ser destruído pelo homem, deteriora-se e au-
fere menos riquezas, mais doenças e problemas, deteriorando, por
conseguinte, o homem também.

5.5.3. Infra-Estrutura Metodológica


Para se determinar o número de famílias a serem visitadas para
o preenchimento dos formulários sócio-econômico e ambiental, ado-
tou-se, em um primeiro momento, a amostra casual estratificada
com partilha ótima.
Optou-se pela Amostragem Estratificada com Partilha Ótima
por ser, entre os diversos tipos de amostragem, o mais indicado para
trabalhos em Microbacias Hidrográficas.
130

5.5.3.1. Metodologia
A metodologia consiste no levantamento das seguintes infor-
mações:
 Área de cada Microbacia na Sub-Bacia.
 Áreas máximas, mínimas e médias das propriedades, por
conjunto de Microbacias.
 Número de propriedades por conjunto de Microbacias (por
estrato).
Observação: Entende-se, por conjunto de Microbacias, a reuni-
ão daquelas que tem propriedades mais ou menos
do mesmo tamanho e que são enquadradas em
um mesmo tipo de estratificação e mesma resis-
tência diferencial à erosão, bem como idêntico
comportamento sinecológico.

 Tamanho médio da propriedade na região.


 Determinação do Erro Amostral.
 Determinação de desvio padrão de cada estrato.
 Determinação do peso da cada estrato.
 Planilha de cálculos.
 Dimensionamento da amostragem ótima.
 Dimensionamento da partilha ótima para cada estrato.
 Número de propriedade a serem visitadas, de acordo com a
amostragem, por Microbacia.

Seja como exemplo pratico a Sub-Bacia Hidrográfica do Rio


Arenal (subdividida em 12 Microbacias), localizada em Santa Maria – RS.
131

Área de cada Microbacia na Sub-Bacia:


 Microbacia 01 – 6.154,75 ha
 Microbacia 02 – 6.036,00 ha
 Microbacia 03 – 8.619,00 ha
 Microbacia 04 – 4.779,50 ha
 Microbacia 05 – 5.181,00 ha
 Microbacia 06 – 6.125,50 ha
 Microbacia 07 – 10.330,75 ha
 Microbacia 08 – 7.098,25 ha
 Microbacia 09 – 5.411,25 ha
 Microbacia 10 – 10.165,75 ha
 Microbacia 11 – 12.018,00 ha
 Microbacia 12 – 3.802,50 ha
Área total 85.722,25 ha
A estratificação das propriedades, por Microbacia, está no Quadro 27.

Quadro 27 - Áreas máximas, mínimas e médias das propriedades já


estratificadas.
Área mínima Área máxima Área media
Estrato Microbacia
(ha) (ha) (ha)
01
1 200 700 500
02
03
05
2 40 200 50
11
12
06
07
3 08 15 100 20
09
04
4 10 80 300 120
132

Número de propriedades em cada estrato:

Nh = Área das microbacias do estrato/Área média da propriedade

No exemplo, tem-se:
12.190,75 ha
N1 = = 24 propriedades.
500 ha

29.620,50 ha
N2 = = 592 propriedades.
50 ha

33.745,25 ha
N3 = = 1.687 propriedades.
20 ha

10.165,75 ha
N4 = = 85 propriedades.
120 ha

Número total = 2.388 propriedades existentes na Sub-Bacia (N).

Tamanho médio da propriedade na região:

Área das microbacias dos estratos


X
Número total de propriedad es

No exemplo, tem-se:
85.722,25 ha
X 
2.388 propriedades

X  35,8 ha
133

Determinação do erro (estipulado pelo pesquisador):


No exemplo, tem-se:
a. d10%: 10% de 35,8 = 3,58 ha
b. d5%: 5% de 35,8 = 1,79 ha.

Determinação do desvio padrão em cada estrato:

a a
r  e s 
s r

Onde:
a = amplitude da variação entre área máxima e área mínima do estrato.
s = desvio padrão.
r = relação a/s.

Quadro 28 – Valores médios da razão entre amplitude de variação/desvio


padrão, juntamente com os valores limites superiores para as
probabilidades indicadas, em amostras ao acaso de n itens,
extraídas da população normal (Snedecor, 1948).
Nível de Nível de
n Média significância n Média significância

0,05 0,01 0,05 0,01


2 1,13 2,77 3,64 20 3,73 5,01 5,64
3 1,69 3,34 4,10 30 4,09 5,30 5,91
4 2,06 3,65 4,38 50 4,50 5,61 6,23
5 2,33 3,87 4,59 75 4,81 5,91 6,47
6 2,53 4,04 4,74 100 5,02 6,08 6,63
7 2,70 4,18 4,87 150 5,30 6,20 6,80
8 2,85 4,29 4,98 200 5,50 6,50 7,00
9 2,97 4,39 5,07 300 5,80 6,70 7,20
10 3,08 4,48 5,15 500 6,10 6,90 7,40
15 3,47 4,79 5,44 700 6,30 7,10 7,60
134

No exemplo, tem-se:
r  4 para estrato com 24 propriedades.
r  5 para estrato com 85 propriedades.
r  6 para estrato com mais de 300 propriedades.

Logo, se fica assim determinado:


700  200
s1 =  125
4
200  40
s2 =  26,7
6
100  15
s3 =  14,2
6
300  80
s4 =  44,0
5

Determinação do “peso” de cada estrato:


Ne
Pe 
N

Onde:
Pe = peso de cada estrato.
Ne = número de propriedades de cada estrato.
N = número total de propriedades.

Tem-se pelo exemplo:


24
Pe1 =  0,010
2388
135

592
Pe2 =  0,248
2388
1687
Pe3 =  0,706
2388
85
Pe4 =  0,036
2388

Planilha de cálculos – o Quadro 29 apresenta os resultados:


Quadro 29 – Valores dos estratos
Estrato (Ne) (Pe) (se) (Pe . se) (Pe .s2e) (Ne . se)
1 24 0,010 125,0 1,25 157,0 3.000,0
2 592 0,248 26,7 6,62 176,7 15.806,4
3 1.687 0,706 14,2 10,03 142,4 23.955,4
4 85 0,036 44,0 1,57 68,9 3.740,0
Total 2.388 19,47 545,0 46.501,8

Dimensionamento da amostragem ótima:

n 
 Pe .s e

2

d2
1
  Pe . s
2

e
t2
N
Onde:
d = erro calculado anteriormente (d5%).
t = valor na tabela t (página 60).

No exemplo, tem-se:

(19,47) 2
n  = 368 propriedades.
(1,79) 2 1
 x 545,0
22 2388
136

Dimensionamento da Partilha ótima para cada estrato:

N .s
n  n . e e

 (N . s )
e

e e

No exemplo, tem-se:
368 x 3.000,0
n1 = = 24 propriedades.
46.501,80
368 x 15.806,4
n2 = = 125 propriedades.
46.501,80
368 x 23.955,4
n3 = = 190 propriedades.
46.501,80
368 x 3.740,0
n4 = = 30 propriedades.
46.501,80

Observação: De um total de 2.388 propriedades, serão amostradas


368, para um erro admissível de 5%.

Números de propriedades a serem visitadas, de acordo com a


amostragem por Microbacia.
Estrato nº 01
Mb Área (ha) Número de propriedades/Mb
1 6.154,75 12
2 6.036,00 12
Total 12.190,75 24

Divisão proporcional (como foi calculado o nº de proprieda-


des/microbacia):
137

A B 24 propriedades
 
6.154,75 6.036,00 12.190,75 ha
6.154,75 ha x 24 prop.
A=  12 propriedades.
12.190,75 ha
6.036,00 ha x 24 prop.
B=  12 propriedades.
12.190,75 ha

Estrato nº 02
Mb Área (ha) Número propriedades/Mb
3 8.619,00 36
5 12.018,00 51
11 5.181,00 22
12 3.802,50 16
Total 29.620,50 125

Divisão proporcional:
A B C D 125 propriedades
   
8.619,00 12.018,00 5.181,00 3.802,50 29.620,50

8.619,00 ha x 125 prop.


A=  36 propriedades.
29.620,50 ha
12.018,00 ha x 125propr.
B= = 51 propriedades.
29.620,50 ha
5.181,00 ha x 125 prop.
C= = 22 propriedades.
29.620,50 ha
3.802,50 ha x 125 prop.
D= = 16 propriedades.
29.620,50 ha
138

Estrato nº 3
Mb Área (ha) Número propriedades/Mb
6 6.125,5 35
7 7.098,25 40
8 10.330,75 58
9 5.411,25 30
4 4.779,50 27
Total 33.745,25 190

Divisão proporcional:
A B C D E 190 prop.
    
6.125,5 ha 7.098,25 ha 10.330,75 ha 5.411,25 ha 4.779,5 ha 33.745 ha

6.125,5 ha x 190 prop.


A= = 35 propriedades.
33.745,25 ha
7.098,25 ha x 190 prop.
B= = 40 propriedades.
33.745,25 ha
10.330,75 ha x 190 prop.
C= = 58 propriedades.
33.745,25 ha
5.411,25 ha x 190 prop.
D= = 30 propriedades.
33.745,25 ha
4.779,5 ha x 190 prop.
E= = 27 propriedades.
33.745,25 ha

Estrato nº 4
Mb Área (ha) Número propriedades/Mb
10 10.165,75 30
139

Atenção: a amostragem também pode ser efetuada para


equacionar o número de visitas a campo (para aplicação dos ques-
tionários), calculando-se o número de residências a serem visita-
das pela equação5:

n = 3,841 . N . 0,25 / (0,1)2 . (N-1) + 3,841 . 0,25

Onde:
n = número de visitas a serem feitas pelos pesquisadores
3,841 = valor tabelado proveniente do Qui-Quadrado
0,25 = variância máxima para um desvio padrão 0,5
0,1 = erro (10%) escolhido pelo pesquisador
N = número total de casas (moradias) na unidade conside-
rada

Se for considerado o exemplo anterior, sendo erro = 5% e N =


2.388, tem-se n = 407 propriedades a serem visitadas.

Este processo parece ser melhor que o anterior pelo fato de ter
aplicação mais fácil e fornecer resultado com melhor estimativa (407
propriedades contra 368 pelo método anterior).

Deve-se observar os seguintes itens:


 a fórmula para amostragem para zona urbana é a mesma, só
que o sorteio é feito por quarteirão;

5
Fórmula deduzida pelo Prof. de Estatística do CCR – UFSM, Dr. Valduíno Stefanel.
140

 antes são numeradas todas as casas e depois o sorteio é feito


randomizado (aleatório – teclas shift e ran # das calculadoras
científicas);
 para cada região estudada é montado um questionário diferen-
te, e adaptável à região.

Nas próximas páginas, apresenta-se o diagnostico sócio-econô-


mico completo, com todos os questionários e interpretações. Tem-se
por objetivo não deixar dúvidas a respeito da metodologia e para isso
inclui-se o cálculo completo das retas de deterioração em cada caso
considerado.

ATENÇÃO, aviso importante: Os QUESTIONÁRIOS a


seguir foram elaborados para as realidades do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Nordeste da Argentina e para o
Uruguai. Os QUESTIONÁRIOS, para as demais regiões
do Brasil, deverão ser adaptados às realidades regionais,
sem que isto venha a interferir na Metodologia proposta.
141

5.5.4. Questionários em Nível de Produtor Rural com os Códigos e


Critérios de Estratificação

A. FATOR SOCIAL - Variável Demográfica

QUESTIONÁRIO 1 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios


de estratificação, fator social, variável demográfica.
Idade do chefe de família CÓDIGO 1.1
Alternativas Valor ponderado
Muito baixa < 15 anos 1
Baixa 16 – 35 2
Média 36 - 45 3
Alta 46 - 65 4
Muito alta > 65 anos 5
Grau de instrução do chefe de família CÓDIGO 1.2
Alternativas Valor ponderado
Muito baixo Analfabeto 9
Baixo 1a à 4a série (primária) 8
Médio baixo 5a à 8a série (primária) 7
Médio alto Segundo grau incompleto 6
Segundo grau completo ou téc-
Alto 5
nico
Graduação 4
Especialização 3
Muito alto
Mestrado 2
Doutorado / Livre docência 1
Local de nascimento do chefe de família CÓDIGO 1.3
Alternativas Valor ponderado
Casa rural 1
Vila 2
Distrito 3
Cidade 4
Capital do Estado 5
142

Residência do chefe de família CÓDIGO 1.4


Alternativas Valor ponderado
Casa rural 1
Vila 2
Distrito 3
Cidade 4
Capital do Estado 5
Número de famílias na propriedade CÓDIGO 1.5
Alternativas Valor ponderado
1 família 1
2 famílias 2
3 famílias 3
4 famílias 4
5 famílias 5
> 5 famílias 6
Média de idade do núcleo familiar N.º CÓDIGO 1.6
Alternativas Valor ponderado
Muito baixa < 15 anos 1
Baixa 16 - 35 2
Média 36 - 45 3
Alta 46 - 65 4
Muito alta > 65 anos 5
Total de pessoas no núcleo familiar CÓDIGO 1.7
Alternativas Valor ponderado
Muito baixo 1 pessoa 1
2 pessoas 2
Baixo
3 pessoas 3
4 pessoas 4
Médio
5 pessoas 5
6 pessoas 6
Alto
7 pessoas 7
Muito alto > 7 pessoas 8
143

Número de pessoas estranhas à família


CÓDIGO 1.8
(que vivem na propriedade)
Alternativas Valor ponderado
Não vivem outras pessoas 1
Vive uma pessoa 2
Vivem duas pessoas 3
Vivem três pessoas 4
Vivem quatro pessoas 5
Vivem cinco pessoas 6
Vivem seis pessoas 7
Vivem sete pessoas 8
Vivem mais de sete pessoas 9
Média escolar do núcleo
N.º CÓDIGO 1.9
Familiar
Valor ponde-
Alternativas
rado
Muito baixa Analfabeto 9
Baixa 1a à 4a série (primária) 8
Médio baixa 5a à 8a série (primária) 7
Médio alta Segundo grau incompleto 6
Segundo grau completo
Alta 5
ou técnico
Graduação 4
Especialização 3
Muito alta Mestrado 2
Doutorado / Livre docên-
1
cia
CÓDIGO
Média de nascimentos (local) núcleo familiar N.º
1.10
Valor ponde-
Alternativas
rado
Casa rural 1
Vila 2
Distrito 3
Cidade 4
Capital do Estado 5
144

CÓDIGO
Média de residência (local) núcleo familiar N.º
1.11
Valor ponde-
Alternativas
rado
Casa 1
Vila 2
Distrito 3
Cidade 4
Capital do Estado 5
CÓDIGO
Total geral de pessoas na propriedade
1.12
Valor ponde-
Alternativas
rado
1 pessoa 1
Muito baixo
2 pessoas 2
3 pessoas 3
Baixo 4 pessoas 4
5 pessoas 5
6 pessoas 6
Médio 7 pessoas 7
8 pessoas 8
9 pessoas 9
Alto 10 pessoas 10
11 pessoas 11
Muito alto > 11 pessoas 12

A. FATOR SOCIAL - Variável Habitação

QUESTIONÁRIO 2 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios


de estratificação, fator social, variável habitação.
Tipo de habitação CÓDIGO 2.1
Alternativas Valor ponderado
Casa de madeira ruim 5
Casa de madeira boa 4
Casa de alvenaria ruim 3
Casa de alvenaria boa 2
Casa (qualquer tipo) ótima 1
145

Número de peças na casa (cômodos) CÓDIGO 2.2


Alternativas Valor ponderado
1 peça 9
Muito baixo
2 peças 8
3 peças 7
Baixo
4 peças 6
5 peças 5
Médio
6 peças 4
7 peças 3
Alto
8 peças 2
Muito alto 9 peças 1
Número médio de pessoas por quarto CÓDIGO 2.3
Alternativas Valor ponderado
Baixo 1 pessoas 1
2 pessoas 2
Médio
3 pessoas 3
4 pessoas 4
Alto
5 pessoas 5
Muito alto > 5 pessoas 6
Tipo de fogão CÓDIGO 2.4
Alternativas Valor ponderado
Lenha 5
Querosene (álcool) 4
Gás 3
Elétrico 2
Microondas 1
Água consumida CÓDIGO 2.5
Alternativas Valor ponderado
Potável (filtro, poço artesiano ou encanada) 1
Não potável 2
Esgoto CÓDIGO 2.6
Alternativas Valor ponderado
Rede de esgoto 1
Poço negro e fossa 2
Eliminação livre 3
146

Eliminação de lixos CÓDIGO 2.7


Alternativas Valor ponderado
Coleta 1
Enterra ou queima 2
Livre 3
Eliminação de embalagens de agrotóxicos
CÓDIGO 2.8
(defensivos agrícolas)
Alternativas Valor ponderado
Comercialização com as próprias firmas 1
Reaproveitamento para o mesmo fim 2
Colocada em fossa para lixo tóxico 3
Queimada 4
Reaproveitamento para outros fins 5
Colocada em qualquer lugar 6
Tipo de piso CÓDIGO 2.9
Alternativas Código
Terra 8
Pedra bruta 7
Tijolo 6
Cimento 5
Madeira bruta 4
Cerâmica 3
Pedra polida 2
Madeira polida 1
Tipo de parede CÓDIGO 2.10
Alternativas Valor ponderado
Palha 6
Pau a pique 5
Madeira (ruim) 4
Madeira (boa) 3
Alvenaria (ruim) 2
Alvenaria (boa) 1
Tipo de telhado CÓDIGO 2.11
Alternativas Valor ponderado
Palha 4
Zinco 3
Cimento - amianto 2
Telha 1
147

Eletricidade CÓDIGO 2.12


Alternativas Valor ponderado
Não tem 3
Monofásica 2
Trifásica 1
Geladeira - “freezer” CÓDIGO 2.13
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Televisão CÓDIGO 2.14
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Vídeo - cassete CÓDIGO 2.15
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Rádio CÓDIGO 2.16
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Forno de micro-ondas CÓDIGO 2.17
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Telefone CÓDIGO 2.18
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Periódicos (jornais - revistas) CÓDIGO 2.19
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
148

A. FATOR SOCIAL - Variável Consumo de Alimento

QUESTIONÁRIO 3 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios


de estratificação, fator social, variável consumo de
alimento.
CÓDIGOS
Consumo de alimento 3.1 a 3.16
Valor
Valor en- Dias p/
Código Alimentos Alternativas pondera-
contrado semana
do
3.1 Leite 1 Muito baixo 7
3.2 Carne 2 Baixo 6
3.3 Frutas 3 Médio baixo 5
3.4 Legumes 4 Médio 4
3.5 Verduras 5 Médio alto 3
3.6 Batata 6 Alto 2
3.7 Ovos 7 Muito alto 1
3.8 Massas
3.9 Arroz/feijão
3.10 Peixes
3.11 Aves
3.12 Café
3.13 Erva-mate
3.14 Polenta
3.15 Pão
3.16 Mandioca

A. FATOR SOCIAL - Variável Participação em Organização (As-


sociação)

QUESTIONÁRIO 4 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios


de estratificação, fator social, variável participação
em organização.
Participação em organização (Associação) CÓDIGO 4.1
Alternativas Valor ponderado
Não pertence 2
Pertence 1
149

A. FATOR SOCIAL - Variável Salubridade Rural

QUESTIONÁRIO 5 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios


de estratificação, fator social, variável salubridade
rural.
Infestação de pragas (nematóides, cupins, for-
CÓDIGO 5.1
migas, gafanhotos e verminose animal)
Alternativas Valor ponderado
Nula 1
Baixa 2
Média 3
Alta 4
Impeditiva 5
Nula – Sem infestação
Baixa – Pequena infestação – controle simples
Média – Infestação de gravidade média
Alta– Infestação intensa e extensa – controle dispendioso e complexo
Impeditiva– Infestação tão grande que impossibilita a exploração do terreno
Salubridade para o homem CÓDIGO 5.2
Alternativas Valor ponderado
Ótima 1
Regular 2
Baixa 3
Má 4
Inóspita 5
Obs.: As condições do ambiente afetam o bem-estar e a sanidade das plantas, do gado e do homem,
especialmente no tocante à temperatura, à umidade relativa do ar e à ocorrência de moléstias e
pragas endêmicas, tais como impaludismo, anemia, esquistossomose, doença de chagas, infes-
tação de piolhos, sujeira ambiental, entre outros.
Ótima - Trabalho humano fácil, sem calor, umidade relativa do ar boa, sem endemias
Regular- Temperatura e umidade relativa do ar suave, presença de endemias
Baixa- Temperatura e umidade relativa do ar elevadas, infestações de endemias
Má- Clima excessivamente quente e úmido, aspecto ambiental sujo, com infestação de endemias
Inóspita- Clima excessivamente quente e úmido, aspecto ambiental imundo, com infestação de
endemias
Combate a pragas domésticas CÓDIGO 5.3
Alternativas Valor ponderado
Combate a ratos, moscas, pulgas, per- Sim 1
nilongos, piolhos, baratas e outros Não 2
150

B. FATOR ECONÔMICO - Variável Produção

QUESTIONÁRIO 6 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios de


estratificação, fator econômico, variável produção.
Variável produção CÓDIGO 6.1
Alternativas Valor ponderado
Produtividade baixa 3
Produtividade média 2
Produtividade alta 1
Principais tipos de cultivos a considerar: Milho, batata, soja, girassol, arroz, mandio-
ca, feijão, hortaliças, café, cana-de-açúcar, soja, tomate, cebola, verduras em geral,
frutas em geral etc..
CÓDIGOS
Variável produção
6.2 e 6.3
Alternativas Valor ponderado
 25% da área 1
Florestamentos (Incluir
6.2 < 25% da área 2
mata nativa)/arborização
Não tem 3
Conservadas 1
6.3 Pastagens plantadas Abandonadas 2
Não tem 3

B. FATOR ECONÔMICO - Variável Animais de Trabalho

QUESTIONÁRIO 7 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios


de estratificação, fator econômico, variável animais
de trabalho.
CÓDIGO
Variável animais de trabalho
7.1 e 7.2
Código Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
7.1 Bois
Tem 1
Não tem 2
7.2 Cavalos
Tem 1
Não tem 2
7.3 Outros
Tem 1
151

B. FATOR ECONÔMICO - Variável Animais de Produção

QUESTIONÁRIO 8 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios de


estratificação, fator econômico, variável produção.
Variável animais de produção CÓDIGO 8.1 a 8.9
Código Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
8.1 Bois
Tem 1
Não tem 2
8.2 Ovelhas
Tem 1
Não tem 2
8.3 Aves
Tem 1
Não tem 2
8.4 Porcos
Tem 1
Não tem 2
8.5 Cabritos
Tem 1
Não tem 2
8.6 Coelhos
Tem 1
Não tem 2
8.7 Rãs
Tem 1
Não tem 2
8.8 Peixes
Tem 1
Não tem 2
8.9 Outro(s)
Tem 1

B. FATOR ECONÔMICO - Variável Comercialização, Crédito e Rendimento

QUESTIONÁRIO 9 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios de


estratificação, fator econômico, variável comercialização,
crédito e rendimento.
A quem o produtor vende a produção de origem CÓDIGO
agrícola, pecuária e florestal caseira 9.1, 9.2 e 9.3
Alternativas Valor ponderado
Não vende 7
Intermediário 6
Armazéns (varejo) 5
Feiras 4
Cooperativas 3
Agroindústria 2
Consumidor 1
152

Fonte principal de crédito agrário CÓDIGO 9.4


Alternativas Valor ponderado
Não tem 6
Agiota (particulares) 5
Bancos particulares 4
Cooperativas 3
Agroindústria 2
Banco oficial (BB) 1
Renda bruta aproximada da propriedade (mensal) CÓDIGO 9.5
Alternativas Valor ponderado
Baixa < 5 Salários mínimos 4
Média baixa 5 – 10 Salários mínimos 3
Média alta 11 – 20 Salários mínimos 2
Alta > 21 Salários mínimos 1
Outras rendas CÓDIGO 9.6
Alternativas Valor ponderado
Não tem 2
Tem 1
Renda total (mensal) CÓDIGO 9.7
Alternativas Valor ponderado
Baixa < 5 Salários mínimos 4
Média baixa 5 - 10 Salários mínimos 3
Média alta 11 - 20 Salários mínimos 2
Alta > 21 Salários mínimos 1

C. FATORES TECNOLÓGICOS - Variável Tecnológica


QUESTIONÁRIO 10 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios de
estratificação, fator tecnológico, variável tecnológica.
Área da propriedade (em ha) CÓDIGO 10.1
Valor pondera-
Alternativas do
Minifúndio: < 20 ha com aproveitamento até 50% 6
Latifúndio: > 20 ha com aproveitamento de 50% 5
Minifúndio: < 20 ha com aproveitamento acima de 50% 4
Pequena propriedade: 1 a 5 terrenos com aproveitamento acima de 50% 3
Propriedade média: 5 a 10 terrenos com aproveitamento de 50% ou mais 2
Propriedade empresarial: > 10 terrenos com aproveitamento de
1
50% ou mais
Obs: Entende-se por aproveitamento: agricultura (racional), pecuária e áreas florestadas
e/ou com floresta nativa ou arborizadas ou ajardinadas.
153

Tipo de posse CÓDIGO 10.2


Alternativas Valor ponderado
Proprietário 1
Arrendatário 2
Meeiro 3
Ocupante 4
Biocidas (fungicidas, inseticidas, herbicidas) CÓDIGO 10.3
Alternativas Valor ponderado
Regularmente 4
Ocasionalmente 3
Não utiliza 2
Controle biológico 1
Adubação e/ou calagem (necessidade) CÓDIGO 10.4
Alternativas Valor ponderado
Não usa 4
Ocasionalmente 3
Regularmente 2
Terra classe I, II - Não necessita 1
Tipo de ferramentas que possui para lidar na terra CÓDIGO 10.5
Alternativas Valor ponderado
Manual 3
Mecânica 2
Ambas 1
Tipo de uso do solo na propriedade CÓDIGO 10.6
Alternativas Valor ponderado
Abandonado 2
Conserva limpo e arrumado 1
Práticas de conservação do solo CÓDIGO 10.7
Alternativas Valor ponderado
Segue orientação técnica 1
Conhece mas não segue 2
Não segue 3
Conflitos ambientais observados CÓDIGO 10.8
Alternativas Valor ponderado
Sim 2
Não 1
OBS.: Entende-se por conflito o uso do solo inadequado. Ex.: agricultura em terra de classe V ou VI,
sujeira, esgotos, criação inadequada de animais, cultivos agrícolas em Microbacias de RN=B,
C ou D etc..
154

Irrigação em horta, pomar ou jardim CÓDIGO 10.9


Alternativas Valor ponderado
Não utiliza 3
Ocasionalmente 2
Regularmente 1
Assistência técnica CÓDIGO 10.10
Alternativas Valor ponderado
Não recebe 3
Ocasionalmente 2
Regularmente 1
Exploração racional da terra CÓDIGO 10.11
Alternativas Valor ponderado
Não 2
Sim 1
Conhece programas de conservação do solo, de plantios,
CÓDIGO 10.12
de criação de animais
Alternativas Valor ponderado
Não 2
Sim 1
Segue orientação da EMATER ou outra instituição CÓDIGO 10.13
Alternativas Valor ponderado
Não 2
Sim 1
Sabe executar obras de conservação do solo, da água ou
CÓDIGO 10.14
outras
Alternativas Valor ponderado
Não 3
Alguma coisa 2
Bastante 1

C. FATORES TECNOLÓGICOS - Variável Maquinário e Industrialização Rural


QUESTIONÁRIO 11 - Diagnóstico sócio-econômico - códigos e critérios de
estratificação, fator tecnológico, variável maquinário e
industrialização rural.
Possui maquinário agrícola e implementos CÓDIGO 11.1
Alternativas Valor ponderado
Nenhum 4
Alguns 3
Os principais necessários 2
Parque de máquinas completo 1
155

Faz industrialização de madeiras, frutas, leite, carne,


CÓDIGO 11.2
lã, mel, peles, peixes e outros
Alternativas Valor ponderado
Não 2
Sim 1
Algum tipo de artesanato CÓDIGO 11.3
Alternativas Valor ponderado
Não 2
Sim 1

D – FATOR PRIORITÁRIO – Variáveis gerais (não entram na


codificação)

QUESTIONÁRIO 12 – Diagnóstico Sócio-econômico – identificação


do núcleo familiar para fornecer subsídios às
discussões, conclusões, recomendações.
Problemas prioritários assinalar os três primeiros CÓDIGO 12
Alternativas Ordem de
Prioridade
Posse da terra
Pouca terra
Baixa produção
Falta de água
Falta de eletricidade
Falta esgoto
Falta de assistência médica e odontológica
Falta de habitação
Falta de crédito
Falta de mercado
Rendas baixas (produto pouco valorizado)
Estradas (ruins - falta)
Assistência técnica
Escolas
Insumos (matéria-prima, força de trabalho, consumo
de energia, etc.)
Outros – citar
156

5.5.5. Tabulação dos Dados


DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO Microbacia:.........
Código
TABULAÇÃO DOS DADOS Distrito:.................
(ENTRAM OS CÓDIGOS ENCONTRADOS PARA CADA ITEM) Município:.............
No
Estado:..................
01
VARIÁVEL: DEMOGRÁFICA
Nº DA 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 1.11 1.12
FAMÍLIA

moda 4 8 3 1 1 3 6 1 8 4 4 2
Obs.: Anotar em baixo de cada variável (1.1, 1.2, etc.) para cada Microbacia, o número
de maior freqüência (a “moda”).
DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO Microbacia:.......
Código
Distrito:.............
No
TABULAÇÃO DOS DADOS Município:.........
02
Estado:...............
VARIÁVEL: HABITAÇÃO
NO DA
2.10
2.11
2.12
2.13
2.14
2.15
2.16
2.17
2.18
2.19
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
2.6
2.7
2.8
2.9

FAMÍLIA

moda 2 4 2 3 1 2 2 2 2 2 1 2 1 1 1 1 2 1 2

Código DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO Microbacia:.........


No
TABULAÇÃO DOS DADOS Município:...........
03
VARIÁVEL: CONSUMO DE ALIMENTOS
NO DA
3.10

3.11

3.12

3.13

3.14

3.15

3.16
3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

FAMÍLIA

moda 1 1 1 1 1 1 5 5 1 7 6 1 1 7 1 7
157

Códigos DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO Microbacia:....


Nos Distrito:..........
04, 05, 06, TABULAÇÃO DOS DADOS Município:......
07 e 08 Estado:............
VARIÁVEIS: PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO (associação), SALUBRIDA-
DE RURAL, PRODUÇÃO, ANIMAIS DE TRABALHO E DE PRODUÇÃO

NO DA
4.1

5.1

5.2

5.3

6.1

6.2

6.3

7.1

7.2

8.1

8.2

8.3

8.4

8.5

8.6

8.7

8.8
FAMÍLIA

moda 1 3 2 1 3 2 33 2 2 1 2 1 2 2 2 2 2

DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO Microbacia:...


Códigos
Distrito:..........
Nos
TABULAÇÃO DOS DADOS Município:......
09, 10 e 11
Estado:............
VARIÁVEIS: COMERCIALIZAÇÃO, CRÉDITO E RENDIMENTO,
TECNOLÓGICA, MAQUINARIA E INDUSTRIALIZAÇÃO RURAL

10.10
10.11
10.12
10.13
10.14
NO DA
10.1
10.2
10.3
10.4
10.5
10.6
10.7
10.8
10.9

11.1
11.2
11.3
9.1
9.2
9.3
9.4
9.5
9.6
9.7

FAMÍLIA

moda 7 7 7 3 4 1 3 5 1 3 2 2 1 1 2 2 2 1 1 1 2 2 1 2

5.5.6. Resultados dos Diagnósticos e Unidades Críticas de Deterioração

VALORES
SIGNIFICATIVOS
CÓDIGO INDICADORES: MICROBACIA NO...........
Encontrado
Mínimo Máximo
por Mb
1.1 Idade do produtor 4 1 5
1.2 Grau de instrução do produtor 8 1 9
1.3 Local de nascimento do produtor 3 1 5
1.4 Residência do produtor 1 1 5
1.5 Número de famílias na propriedade 1 1 6
1.6 Média de idade do núcleo familiar 3 1 5
1.7 Total de pessoas do núcleo familiar 6 1 8
1.8 Número de pessoas estranhas à família 1 1 9
158

VALORES
O SIGNIFICATIVOS
CÓDIGO INDICADORES: MICROBACIA N ...........
Encontrado
Mínimo Máximo
por Mb
1.9 Média escolar do núcleo familiar 8 1 9
1.10 Média de nascimento (local) do núcleo familiar 4 1 5
1.11 Média de residência (local) do núcleo familiar 4 1 5
1.12 Total geral de pessoas na propriedade 2 1 12
2.1 Tipo de habitação 2 1 5
2.2 Número de peças na casa (cômodos) 4 1 9
2.3 Número médio de pessoas por quarto 2 1 6
2.4 Tipo de fogão 3 1 5
2.5 Água consumida 1 1 2
2.6 Esgotos 2 1 3
2.7 Eliminação de lixos 2 1 3
2.8 Eliminação de embalagens de agrotóxicos 2 1 6
2.9 Tipo de piso 2 1 8
2.10 Tipo de parede 2 1 6
2.11 Tipo de telhado 1 1 4
2.12 Eletricidade 2 1 3
2.13 Geladeira – “Freezer” 1 1 2
2.14 Televisão 1 1 2
2.15 Videocassete 1 1 2
2.16 Rádio 1 1 2
2.17 Microondas (forno) 2 1 2
2.18 Telefone 1 1 2
2.19 Periódicos 2 1 2
3.1 Consumo de leite 1 1 7
3.2 Consumo de carne (gado – ovelha) 1 1 7
3.3 Consumo de frutas 1 1 7
3.4 Consumo de legumes 1 1 7
3.5 Consumo de verduras 1 1 7
3.6 Consumo de batata 1 1 7
3.7 Consumo de ovos 5 1 7
3.8 Consumo de massas 5 1 7
3.9 Consumo de arroz com feijão 1 1 7
3.10 Consumo de peixes 7 1 7
3.11 Consumo de aves 6 1 7
3.12 Consumo de café 1 1 7
3.13 Consumo de erva mate 1 1 7
3.14 Consumo de polenta 7 1 7
3.15 Consumo de pão 1 1 7
3.16 Consumo de mandioca 7 1 7
4.1 Participação em organização (associação) 1 1 2
5.1 Infestação de pragas 2 1 5
5.2 Salubridade para o homem 2 1 5
5.3 Combate a pragas domésticas 1 1 2
6.1 Produtividade agrícola média 3 1 3
6.2 Florestamento 2 1 3
6.3 Pastagens plantadas 3 1 3
159

VALORES
O SIGNIFICATIVOS
CÓDIGO INDICADORES: MICROBACIA N ...........
Encontrado
Mínimo Máximo
por Mb
7.1 Bois 2 1 2
7.2 Cavalos 2 1 2
8.1 Bois 1 1 2
8.2 Ovelhas 2 1 2
8.3 Aves 1 1 2
8.4 Porcos 2 1 2
8.5 Cabritos 2 1 2
8.6 Coelhos 2 1 2
8.7 Rãs 2 1 2
8.8 Peixes 2 1 2
9.1 A quem vende a produção agrícola 7 1 7
9.2 A quem vende a produção pecuária 7 1 7
9.3 A quem vende a produção florestal 7 1 7
9.4 Fonte principal de créditos agrários 3 1 6
9.5 Renda aproximada da propriedade por mês 4 1 4
9.6 Outras rendas 1 1 2
9.7 Renda total por mês 3 1 4
10.1 Área da propriedade, em ha 5 1 6
10.2 Tipo de posse 1 1 4
10.3 Biocidas (qualquer tipo) 3 1 4
10.4 Adubação e/ou calagem 3 1 4
10.5 Tipo de tração usada 2 1 3
10.6 Tipo de uso de solo 1 1 3
10.7 Práticas de conservação do solo 1 1 2
10.8 Conflitos de uso de solo 2 1 2
10.9 Irrigação 2 1 3
10.10 Assistência técnica 2 1 3
10.11 Exploração da terra 1 1 2
10.12 Conhece programas de conservação de solo 1 1 2
10.13 Segue orientação da EMATER ou outra 1 1 2
10.14 Sabe executar obra de conservação 2 1 3
11.1 Possui maquinaria agrícola e implementos 2 1 4
11.2 Faz industrialização agrária 1 1 2
11.3 Algum tipo de artesanato 2 1 2
a) Total do Fator Social (até 5.3) 51 283
UNIDADES CRÍTICAS DE DETERIORAÇÃO
SOCIAL (valor de Y)
b) Total do Fator Econômico (6.1 a 9.7) 20 66
UNIDADES CRÍTICAS DE DETERIORAÇÃO
ECONÔMICA (valor de Y)
c) Total do Fator Tecnológico (10.1 a 11.3) 17 51
UNIDADES CRÍTICAS DE DETERIORAÇÃO
TECNOLÓGICA (valor de Y)
d) Total do Diagnóstico Sócio-Econômico (a + b+ c) 88 400
UNIDADES CRÍTICAS DE DETERIORAÇÃO
SÓCIO-ECONÔMICA (valor de Y)
160

Obs.: A complementação das linhas do quadro anterior é auto-


explicativa. Em caso de dúvidas consulte aos autores (endere-
ços ao final).

5.5.7. Estudo analítico e gráfico do Diagnóstico Sócio-Econômico


(Curvas de Deterioração: Social, Econômica, Tecnológica e Sócio-Econômica)

5.5.7.1. Cálculo da reta de Deterioração Social


O valor de y varia de 0 a 100 (zero a 100% de deterioração).
y = ax + b
Donde:
ax + b = 0 x = valor mínimo (51).
ax’ + b = 100 x’= valor máximo (283).
a = 0,4310
b = - 21,9810

Equação definida: y = 0,4310x - 21,9810


x = valor significativo encontrado.
y = unidade crítica de deterioração social.
120

283
100

80

60

40

20

51
0
0 50 100 150 200 250 300 350

Diagnostico Socio-Economico
Reta de Deterioraçao Social
161

5.5.7.2. Cálculo da reta de Deterioração Econômica


y = ax + b
ax + b = 0 x = valor mínimo (20).
ax’ + b = 100 x’= valor máximo (66).
Logo:
a = 2,1739

b = - 43,4780

Equação definida: y = 2,1739x - 43,4780

x = valor significativo encontrado.


y = unidade crítica de deterioração econômica.

120

66
100

80

60

40

20

20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Diagnostico Socio-Economico
Reta de Deterioraçao Economica
162

5.5.7.3. Cálculo da reta de Deterioração Tecnológica


y = ax + b
ax + b = 0 x = valor mínimo (17).
ax’ + b = 100 x’= valor máximo (51).
Logo:
a = 2,9412

b = - 50,0004

Equação definida: y = 2,9412x - 50,0004

x = valor significativo encontrado.


y = unidade crítica de deterioração tecnológica.

120

51
100

80

60

40

20

17
0
0 10 20 30 40 50 60 70

Diagnostico Socio-Economico
Reta de Deterioraçao Tecnologica
163

5.5.7.4. Cálculo da reta de Deterioração Sócio-Econômica


y = ax + b
tem-se:
ax + b = 0 x = valor mínimo (88).
ax’ + b = 100 x’= valor máximo (400).
Logo:
a = 0,3205

b = -28,2040

Equação definida: y = 0,3205x - 28,2040

x = valor significativo encontrado.


y = unidade crítica de deterioração sócio-econômica.

120

400
100

80

60

40

20

88
0
0 100 200 300 400 500

Diagnostico Socio-Economico
Reta de Deterioraçao Socio-Economica
164

5.5.8. Relação das Unidades Críticas de Deterioração Sócio-Econômica

UNIDADES CRÍTICAS DE UNIDADES CRÍTICAS DE


 
DETERIORAÇÃO SOCIAL DETERIORAÇÃO ECONÔMICA

 
 

UNIDADES CRÍTICAS DE
DETERIORAÇÃO TECNOLÓGICA

UNIDADES CRÍTICAS DE
DETERIORAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

5.5.9. Relação das Unidades Críticas de Deterioração dos Diagnósticos


Sócio-Econômico e Físico-Conservacionista

UNIDADES CRÍTICAS DE
DETERIORAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
S. E. =


UNIDADES CRÍTICAS DE
DETERIORAÇÃO FÍSICO-CONSERVACIONISTA
F. C. =
165

5.5.10. Desenvolvimento dos Prognósticos


Exemplo simulado usando-se os valores que seriam anotados
nos quadros do item 5.5.5., ou seja, as “modas”:

5.5.10.1. Fator Social

Variável Demográfica
1.1) Idade do produtor: seja a moda 4 (varia de 1 a 5)
Devido à elevada idade do chefe da família (65 anos), reco-
menda-se que gradualmente os filhos (idade de 16-35 anos, considera-
da baixa) aprendam com o pai e assumam gradativamente a adminis-
tração da propriedade.

1.2) Grau de instrução do chefe da família: moda 8 (varia de 1 a 9)


Como o grau de instrução é somente até a 4a série (primária),
recomenda-se que a família e o respectivo chefe participem de reuni-
ões técnicas para sanar dúvidas e receber orientações. Se possível o
chefe de família deverá estudar um pouco mais
Para consistência educacional, recomenda-se, dentro do possí-
vel, a continuação dos estudos por parte dos filhos.

1.3) Local de nascimento do chefe de família: 3 (de 1-5)


Os chefes de família nasceram na sede dos distritos. Situação
razoável para entenderem um pouco da ambiência.
166

1.4) Residência do chefe de família: 1 (de 1-5)


Tem, hoje, residência fixa na propriedade rural, o que é extre-
mamente benéfico.

1.5) Número de famílias na propriedade: 1 (de 1-6)


Situação ótima.

1.6) Média de idade do núcleo familiar: 3 (de 1-5)


A média de idade de 36 a 45 anos é adequada ao trabalho na
propriedade, isto devido à experiência adquirida. Entretanto, é impor-
tante a permanência de pessoas mais jovens para absorver a experiên-
cia dos mais idosos e, assim, dar continuidade e aprimorar os traba-
lhos de administração da propriedade.

1.7) Total de pessoas no núcleo familiar: 6 (de 1-8)


Recomenda-se não elevar o número de pessoas na propriedade,
uma vez que já é considerado alto. Entretanto, pode-se introduzir no-
vas atividades produtivas, que exijam aumento da quantidade de mão
de obra.

1.8) Número de pessoas estranhas à família: 1 (de 1-9)


Não existem pessoas estranhas à família, o que é considerado
como situação ótima, uma vez que não há encargos trabalhistas. Con-
seqüentemente, toda a receita líquida fica na propriedade. Esta situa-
ção não exclui a necessidade de contratação eventual de mão-de-obra.
167

1.9) Média escolar do núcleo familiar: 8 (de 1-9)


Como o nível de conhecimento é muito baixo, recomenda-se
acesso a indicações técnicas e leituras mais explicativas, assim como
discussões em grupos e sessões de vídeo culturais. Exemplo: manejo,
criação, produção caseira, etc..

1.10) Média de nascimentos no núcleo familiar: 4 (1-5)


Prejudicado.

1.11) Média de residência no núcleo familiar: 4 (1-5)


É na cidade, mas recomenda-se, se possível mudar a residência
para o campo para melhor administrar seus bens.

1.12. Total geral de pessoas na propriedade: 2(1-12)


Continuar assim.

Variável Habitação
2.1) Tipo de habitação: 2 - casa de alvenaria boa (de 1-5)
Permanecer como está com ressalvas quanto ao número de
cômodos.

2.2) Número de peças na casa: 4 - 6 peças (de 1-9)


Considerado tamanho médio. Recomenda-se ampliar o número
de aposentos visando melhor acomodação e aproveitamento útil dos
equipamentos.
168

2.3) Número médio de pessoas por quarto: 2 - duas pessoas (1-6)


Considerado número médio. Se possível ampliar o número de
quartos facilitando a distribuição das pessoas no núcleo familiar.

2.4) Tipo de fogão: 3 - gás (1-5)


Manter esse equipamento sempre em ótimo estado de conser-
vação e de preferência com botijões a gás instalados fora da casa.

2.5) Água consumida: 1 - água potável de poço artesiano (1-2)


Situação ótima. Verificar sempre a qualidade da água consu-
mida e na dúvida usar filtros ou ferver.

2.6) Esgotos: 2 - poço negro e fossa (1-3)


Manter sempre regulado o nível de utilização do poço ne-
gro/fossa, estando atentos para qualquer dano ou eventualidade de
vazamentos/poluições.

2.7) Eliminação de lixos: 2 - enterra e queima (1-3)


Recomenda-se a queima ou enterro de dejetos domésticos e
acumulação de lixo orgânico em local apropriado (fossa própria para
lixo e coberta de terra) evitando a aproximação de animais e/ou con-
taminação solo/água. O lixo seco deve ser enterrado e o orgânico ,
misturado a terra nos pés das árvores.
169

2.8) Eliminação de embalagens de agrotóxicos: 2 - reaproveitamento


para o mesmo fim (de 1-6)
Manter os cuidados preventivos na conservação ou eliminação
de embalagens de agrotóxicos evitando o contato manual ou contágio
com nascentes, animais e solo. Estar atento para especificação técnica
das embalagens.
O ideal seria o retorno das embalagens para as firmas, mas, quando
isto não for possível fazer armazenagem em local próprio para depósito.

2.9) Tipo de piso: 2 - pedra polida (1-8)


Preservar os tipos de pisos utilizados mas se possível, na am-
pliação dos cômodos usar madeira polida ou o mesmo.

2.10) Tipo de parede: 2 (1 – 6)


Recomenda-se utilizar material de boa procedência, uso de rebo-
co e outros materiais (cerâmica, azulejo) que facilitam a manutenção e
impedem proliferação de insetos ou outros elementos nocivos à saúde.

2.11) Tipo de telhado: 1 (1 – 4)


Permanecer com o material de cobertura, estando atento para
possíveis substituições.

2.12) Eletricidade: 2 (1 – 3)
Permanecer como está, embora sempre atentos à manutenção
da fiação e outros elementos.
170

2.13) Geladeira – “Freezer”: 1 (1 – 2)


O uso correto de geladeira/ “freezer” é indispensável aos produ-
tos, viabilizando a conservação de produtos alimentícios ou de embala-
gens adequadas e a manutenção de geladeiras/ “freezer” com uso correto.

2.14) Televisão: 1 (1 – 2)
Conservar e preservar os aparelhos de TV, observar a voltagem
e cuidado indispensáveis na hora de temporais/vendavais. Usar racio-
nalmente a TV observando os bons programas e informações direcio-
nados ao produtor e familiares.

2.15) Videocassete: 1 (1 – 2)
O uso de vídeo cassete facilita a obtenção de informações téc-
nicas mediante a produção científica disponível. Procurar contatar
com EMATER para obtenção desses vídeos.

2.16) Rádio: 1 (1 – 2)
O rádio sendo ótimo veiculador de notícias e de distrações de-
ve ser mantido e bem conservado (uso de pilhas, etc.).

2.17) Microondas: 2 (1 – 2)
Se possível, adquirir forno de microondas, ele substitui com
presteza e maior rapidez o preparo de alimentos.

2.18) Telefone: 1 (1 – 2)
Reservar o telefone para momentos de maior necessidade; cui-
dar de sua manutenção.
171

2.19) Periódicos: 2 (1 – 2)
Há necessidade de adquirir (por compra ou empréstimo) bons
periódicos na área rural para estar sempre bem informado de notícias
e/ou técnicas que auxiliem o produtor no seu trabalho diário.

Variável Consumo de Alimentos


3.1) Leite; 3.2) Carne; 3.3) Frutas: 3.4) Legumes; 3.5) Verduras; 3.6)
Batata; 3.9) Arroz com feijão; 3.12) Café; 3.13) Erva-mate; 3.15) Pão:
1 (1 – 7): Situação ótima. Permanecer como está.

3.7) Ovos; 3.8) Massas: 5 (1 – 7)


A proteína encontrada nos ovos é necessária ao bom desenvol-
vimento do organismo. É necessário que o consumo aumente e que se
busque vários aproveitamentos como bolos, pães, etc..
O consumo de massas é pouco se for considerado carboidrato
das farinhas junto a outros elementos.

3.10) Peixes; 3.14) Polenta; 3.16) Mandioca: 7 (1 – 7)


Aumentar o consumo.

3.11) Aves: 6 (1 – 7)
Aumentar o consumo.

Variável Participação em Associação


4.1) Pertence a uma associação: 1 (1 – 2)
Continuar a participação em associações.
172

Variável Salubridade
5.1) Infestação de pragas: 3 (1 – 5)
Buscar orientações com técnicos da área para combater infes-
tações ou manter controle sem pragas.

5.2) Salubridade para o homem: 2 (1- 5)


Manter instalações adequadas, limpas e buscar orientação téc-
nica para evitar endemias e combatê-las, se necessário.

5.3) Combate a pragas domésticas: 1 (1 – 2)


Com instalações protegidas e bem instaladas pode-se evitar a
presença de pragas nocivas à saúde familiar.

5.5.10.2. Fator Econômico

Variável Produção
6.1) Produtividade: 3 (1 – 3)
O cultivo de vários produtos poderá ser efetuado, ajudando no
orçamento doméstico. Sugere-se a produção de subprodutos do leite:
doces em calda, doces secos, queijos, iogurtes. Também os hortifruti-
granjeiros merecem atenção se bem embalados (fatiados e conserva-
dos) podendo atender a um público alvo. Buscar orientação junto a
EMATER para produção desses subprodutos. Já a produção de pães,
cucas e bolos são fontes de recursos seguros.
173

6.2) Florestamento: 2 (1 – 3)
A produção de essências é importante fonte de recursos. Re-
comenda-se florestar mais de 25% da área.

6.3) Pastagens plantadas: 3 (1 – 3)


A área está adequada.

Variável: Animais de Trabalho


7.1) Bois: 2 (1 – 2)
Sugere-se buscar implantar cabeça de gado para auxílio no
trabalho da granja.

7.2) Cavalos: 2 (1 – 2)
Animais de tração como os cavalos são grandes auxiliares no
trabalho diário da granja. Recomenda-se investir nesta área.

Variável: Animais de Produção


8.1) Bois: 1 (1 – 2)
É importante ampliar o número de gado da fazenda; que rever-
te em lucro quando comercializado.

8.2) Ovelhas: 2 (1 – 2)
A criação de ovelhas pode ser fonte geradora de bons lucros.
Recomenda-se investir nesse tipo de criação.
174

8.3) Aves: 1 (1 – 2)
Aviários consistem em investimentos seguros, que bem plane-
jados, revertem em bons lucros. Sugere-se buscar informações junto a
órgãos competentes.

8.4) Porcos; 8.5) Cabritos; 8.6) Coelhos; 8.7) Rãs; 8.8) Peixes: 2 (1 – 2)
Sugere-se ao produtor que aumente sua renda com a produção
destes animais.

Variável: Comercialização, Crédito, Rendimento


9.1) A quem vende a produção agrícola: 7 (1 – 7)
Recomenda-se vender o excedente agrícola, buscando repor
parte do investimento. Atualmente há muito interesse pela comunida-
de em adquirir produtos mais naturais e de boa procedência.

9.2) A quem vende a produção pecuária: 7 (1 – 7)


Quando há investimento no setor pecuário, quase sempre ocor-
re o retorno com lucro. Sugere-se buscar alguma alternativa que futu-
ramente se torne geradora de lucros.

9.3) A quem vende a produção florestal: 7 (1 – 7)


Investir no setor florestal seguramente gera fontes de renda.
Buscar alternativa junto aos órgãos competentes pode ser, futuramen-
te, fonte de lucros.
175

9.4) Fonte principal de crédito agrário: 3 (1 – 6)


Bancos oficiais quase sempre oferecem taxas mais atrativas
que outros órgãos financiadores. Recomenda-se buscar essa alternativa.

9.5) Renda bruta aproximada da propriedade por mês: 4 (1 – 4)


Tornar rentável uma propriedade significa buscar alternativas,
orientação e estar disponível a novas soluções. Sugere-se buscar orien-
tações com técnicos e órgãos competentes para garantir lucros futuros.

9.6) Outras rendas: 1 (1 – 2)


Se há outras fontes de rendas, continuar investindo ou perma-
necer como está.

9.7) Renda total por mês: 3 (1 – 4)


Para melhoria da fonte de renda sugere-se continuar investindo
para solidificar um resultado que assegure melhor qualidade de vida
ao proprietário e a seus familiares.

5.5.10.3. Fator Tecnológico

Variável Tecnológica
10.1) Área da propriedade: 5 (1 – 6)
Em proporção à área, sugere-se estudar um planejamento com
auxílio de técnicos para que haja maior produtividade e rentabilidade
na área de produção, o que renderá mais lucros.
176

10.2) Tipo de posse: 1 (1 – 4)


Orientar e apostar na continuidade do trabalho não significa
estagnação se o proprietário investir em seus descendentes para man-
ter a propriedade produtiva. Sugere-se buscar atualização de todos os
membros da família e apostar na modernização como forma de maio-
res lucros e menores gastos.

10.3) Biocidas: 3 (1 – 4)
A pesquisa atual já orienta um menor uso de biocidas na pro-
priedade rural. Procurar ir substituindo gradativamente esses produtos
por técnicas ecologicamente mais naturais.

10.4) Adubação e/ou calagem: 3 (1 – 4)


Com auxílio de técnicos pode-se saber da necessidade de adu-
bar ou usar calagem para assegurar maior produtividade das lavouras.
Recomenda-se fazer análise de solos para usar esses aditivos com se-
gurança e assegurar maiores rendas.

10.5) Tipo de ferramenta que possui para lidar na terra: 2 (1 – 4)


Continuar com a utilização mecânica de implementos, buscan-
do respaldo junto às Cooperativas, Associações, Prefeitura Municipal,
amigos e outros.

10.6) Tipo de uso do solo: 1 (1 – 2)


Continuar buscando orientação técnica.
177

10.7) Práticas de conservação do solo: 1 (1 – 3)


Recomenda-se continuar buscando orientação técnica e assegu-
rando a rentabilidade e conservação do solo.

10.8) Conflitos ambientais: 2 (1 – 2)


Com auxílio de orientação técnica e um planejamento adequa-
do pode-se resolver conflitos e optar por novas formas ou culturas que
sejam rentáveis. Buscar essa orientação e estudar as melhores sugestões.

10.9) Irrigação: 2 (1 – 3)
Propriedade com bom sistema de irrigação significa bons re-
tornos financeiros. Recomenda-se uma orientação técnica e investi-
mentos no fator irrigação como forma de garantir bons retornos no
investimento feito.

10.10) Assistência técnica: 2 (1 – 3)


Os órgãos responsáveis pela difusão de tecnologias (EMA-
TER, Secretaria da Agricultura, Universidades, Cooperativas, Prefei-
turas Municipais) devem sempre ser procurados como forma de se
evitar prejuízos ou uso inadequado de técnicas. O produ-
tor/proprietário deve sempre se dispor a buscar essas informações e
soluções.

10.11) Exploração racional da terra: 1 (1 – 2)


Planejar significa buscar opções e soluções para o que não está
bem. Recomenda-se ao proprietário sempre pensar em um bom plane-
178

jamento de sua propriedade visando torná-la mais produtiva e econô-


mica possível. São muitas as opções e sugestões que podem ser con-
seguidas junto a órgãos oficiais.

10.12) Conhece programas de conservação do solo, de plantios, de


criação de animais: 1 (1 – 2)
Recomenda-se continuar a reciclagem e investindo sempre em
conhecimento e soluções plausíveis.

10.13) Segue orientação da EMATER ou outra: 1 (1 – 2)


Sugere-se continuar aberto às inovações e orientações de técni-
cos oficiais.

10.14) Sabe executar obras de conservação: 2 (1 – 3)


Sugere-se sempre continuar investindo em educação e orienta-
ção seguras e inovadoras como forma de aplicá-las na propriedade.
Existem revistas, programas e fitas especializadas que muito contribu-
em para solucionar pequenos e grandes problemas na propriedade rural.

Variável Maquinário e Industrialização Rural


11.1) Possui maquinário agrícola e implementos: 2 (1 – 4)
Sempre que necessário, buscar auxílio e orientação técnica
para melhorar a rentabilidade da propriedade.
179

11.2) Faz industrialização agrária: 1 (1 – 2)


A necessidade gera inovações, dentre essas, a industrialização
caseira de produtos oriundos da propriedade rural pode gerar bons
lucros. A comunidade atualmente deve buscar consumir produtos de
boa qualidade e procedência; para isso buscar informações junto a
órgãos como SENAI/SENAC que administram cursos direcionados à
população urbana e rural, como fontes alternativas.

11.3) Algum tipo de artesanato: 2 (1 – 2)


Horas de lazer podem se tornar rentáveis quando transforma-
mos objetos sem valor aparente (por exemplo palha de milho) em ob-
jetos artesanais. Aproveitar o que está disponível na propriedade pode
ser muito agradável e útil e geralmente apreciado pela comunidade
regional.

Comentário final: seguindo-se as orientações aqui prognosticadas os


valores ponderados (pesos) diminuirão e um futuro monitoramento
sócio-econômico mostrará, seguramente, um aumento da qualidade de
vida na região estudada (Sub-Bacia Hidrográfica).

5.6. Diagnóstico Ambiental


O diagnóstico ambiental aqui desenvolvido visa levantar todos
os elementos da poluição direta das Microbacias, para que se possa
recomendar as práticas de “recuperação e preservação ambientais”
condizentes com cada caso.
180

5.6.1. Objetivos e Finalidades


Esse diagnóstico tem o objetivo de detectar os principais ele-
mentos poluentes diretos do meio ambiente e, com a análise dos mes-
mos, verificar o grau de deterioração das Microbacias e de toda a Sub-
Bacia. Uma vez avaliado o grau de deterioração, pode-se direcionar,
em projetos específicos, as orientações para a recuperação ambiental.

5.6.2. Metodologia – Comentários Gerais


A metodologia consiste em levantar e analisar os seguintes
elementos, todos em nível de núcleo familiar, convertendo os resulta-
dos para cada Microbacia:

5.6.2.1. Questionário em nível de Microbacia (por núcleo familiar)


Neste caso, são levantados pelo menos vinte elementos de po-
luição física direta (Quadro 30).

5.6.2.2. Códigos e critérios de estratificação


Neste caso, a cada variável é atribuída uma alternativa sim
(código 2) ou não (código 1). Com isto, quer-se dizer que o sim (mai-
or valor de código) representa a maior deterioração ambiental e o não
(menor valor de código) representa menor ou ausência de deterioração
ambiental.

5.6.2.3. Tabulação dos dados


A tabulação consiste em agrupar os códigos e repetir aqueles
de maior freqüência (ocorrência).
181

5.6.2.4. Apresentação dos resultados de maior ocorrência – valores


mínimos, máximos e totais
Neste caso, são anotados os valores significativos encontrados
(codificação significativa de maior freqüência) por Microbacia e ana-
lisados entre os valores mínimos e máximos da codificação.
Esses valores, juntamente com a equação da reta definida, de-
finem as Unidades Críticas de Deterioração Ambiental.

5.6.2.5. Cálculo da reta de deterioração


A equação da reta define as deteriorações: Y = ax + b.

5.6.2.6. Relação das unidades críticas de deterioração dos diagnós-


ticos sócio-econômico, ambiental e físico-conservacionista
Essa relação mostra a interdependência dos três diagnósticos.
Pela ação destrutiva do homem sobre o meio ambiente, do qual faz
parte sem o entender, constata-se sua deterioração física e ambiental.
Como conseqüência, a natureza responde com erosões, enchentes,
secas, fome e miséria, deteriorando o homem, sócio-economicamente.

Esta assertiva pode ser mais bem compreendida com os valores


simulados de deteriorações:
 Deterioração físico-conservacionista: 80%.
 Deterioração sócio-econômica: 60%.
 Deterioração ambiental: 40%.
182

80 %

60 % 40 %

Estes valores representam a “Roda Viva de Deterioração


Ambiental”, a qual deve ser “parada” (estancada). Caso contrário, o
meio ambiente continuará se desgastando até chegar ao limite máximo
de deterioração, onde se atingirá o “caos ambiental”, cujas conseqüên-
cias são: fome, misérias e doenças de todos os tipos. Nesse caso, a
recuperação torna-se quase impossível (atente-se a alguns países da
África, Ásia e mesmo da América do Sul, com Sub-Bacias Hidrográ-
ficas deterioradas em 100% e conseqüências ambientais – físicas, bió-
ticas e sócio-econômicas terríveis).

5.6.3. Deterioração de Ambiência


A deterioração de ambiência, denominada deterioração “Sócio-
Ambiental” por Pedro Hidalgo (com conotação um pouco diferente), é
calculada pela média das deteriorações citadas.
Seja o mesmo exemplo prático, onde se infere para a deteriora-
ção de ambiência:
80  60  40
DA   DA  60%
3
183

O valor para a Deterioração de Ambiência tem a seguinte in-


terpretação:
 O máximo de Deterioração de Ambiência tolerável para
cada Sub-Bacia Hidrográfica é de 10% (valor extraído da
prática em projetos de manejo integrado de Bacias Hidro-
gráficas no Sul do Brasil e recomendado por vários órgãos
ambientais mundiais).
 A cada dois (2) anos é mister que se faça um novo levan-
tamento da Deterioração de Ambiência da mesma Sub-
Bacia Hidrográfica (é o monitoramento da Sub-Bacia
Hidrográfica).
 Se, ao final de dois anos, o valor de Deterioração de Ambi-
ência for o mesmo (60% no exemplo em pauta), é sinal que
a metodologia não surtiu efeito.
 Se a Deterioração de Ambiência for maior que 60%, é sinal
que a destruição do meio ambiente continuou e a metodo-
logia aplicada não funcionou.
 Se a deterioração de Ambiência for menor que 60%, é sinal
que se iniciou o processo do “Equilíbrio do Ecossistema”.
 Se a deterioração de Ambiência atingir valores menores ou
iguais a 10%, significa que se iniciou o “Equilíbrio Sine-
cológico”, isto é, as forças e energias que harmonizam a
água com as florestas, com a fauna, com o solo e com o ar
estão se equilibrando e, a partir desse ponto, o homem pode
usar o “meio ambiente” indefinidamente sem deteriorá-lo,
auferindo riquezas constantemente.
184

 Abaixo de 10% de deterioração de ambiência representa o


estágio ambiental da sustentabilidade dos Recursos Natu-
rais Renováveis.

5.6.4. Principais Pontos a Enfocar no Diagnóstico Ambiental


a) Poluentes fitossanitários: inseticidas, herbicidas, fungici-
das, raticidas.
b) Poluentes industriais.
c) Poluentes residenciais.
d) Poluentes por resíduos agropecuários.
e) Poluentes gerais: minerações em geral (de ouro, pedreiras,
areias, argilas etc.), estradas rurais, erosões marcantes,
queimadas, etc..
f) Manejo adequado dos resíduos fitossanitários, industriais,
residenciais, agropecuários e gerais.

5.6.5. Infra-estrutura Metodológica


Nas próximas páginas apresenta-se o Diagnóstico Ambiental
completo, com o questionário chave e a interpretação, inclusive com o
cálculo da equação da reta de deterioração ambiental, não deixando,
por conseguinte, dúvidas a respeito da metodologia.
185

5.6.6. Questionários em Nível de Produtor Rural

Quadro 30 – Elementos de poluição direta


Q. Data:
01 ....../...../.....
técnico:
Diagnóstico ambiental
..................
No da
Elementos poluentes Loca- Código
Código Microba- Obs
(sem orientação técnico-científica) lização encontrado
cia
1.1 Estocagem de defensivos a
1.2 Depósitos de embalagens de agrotóxi-
cos
1.3 Locais de lavagem de implementos com
agrotóxicos
1.4 Pedreiras b
1.5 Minas
1.6 Lixeiras (lixo urbano, rural)
1.7 Exploração de areias
1.8 Pocilgas
1.9 Aviários
1.10 Matadouros
1.11 Estradas rurais deteriorantes
1.12 Erosões marcantes (lavouras)
1.13 Exploração de madeira
1.14 Esgotos
1.15 Depósitos de pneus
1.16 Queimadas
1.17 Poluição química (fábricas, curtumes, etc.)
1.18 Aplicação de agrotóxicos
1.19 Acidentes com derivados de petróleo ou
produtos químicos
1.20 Bombas de recalques d’água em
rios/açudes
1.21 Outros
Obs.: a – Defensivos perigosos (tarja vermelha)
b – Uso de explosivos (dinamites)
São dois exemplos ilustrativos.

5.6.7. Códigos e Critérios de Estratificação

Codificação dos Fatores Ambientais (1.1, 1.2 a 1.21)


Alternativas Código
Sim 2
Não 1
186

5.6.8. Tabulação dos Dados Levantados

Microbacia: Diagnóstico Ambiental Município:


Distrito: Fatores Ambientais Estado:
(Entram os códigos encontrados para cada item)
No da
Entrevis-

1.10
1.11
1.12
1.13
1.14
1.15
1.16
1.17
1.18
1.19
1.20
1.21
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9
micro-
tador
bacia

Obs.: Anotar em baixo de cada variável (1.1, 1.2, etc.) para cada Microbacia, o número
de maior freqüência (a “moda”).

5.6.9. Resultados dos Diagnósticos e Unidades Críticas de Deterioração


Valores significativos
Código Indicadores Encontrado Mínimo Máximo
1.01 1 2
1.02 1 2
1.03 1 2
1.04 1 2
1.05 1 2
1.06 1 2
1.07 1 2
1.08 1 2
1.09 1 2
1.10 1 2
1.11 1 2
1.12 1 2
1.13 1 2
1.14 1 2
1.15 1 2
1.16 1 2
1.17 1 2
1.18 1 2
1.19 1 2
1.20 1 2
1.21 1 2
Total do Fator Ambiental (1.01 a 1.21) 21 42
Unidades críticas de deterioração ambiental
187

5.6.10. Estudo Analítico e Gráfico do Diagnóstico Ambiental


A parte gráfica não conduz a valores precisos (parte decimal)
por ser difícil de construir na prática.

5.6.10.1. Cálculo da reta de Deterioração Ambiental


O valor de y varia de 0 a 100 (zero a 100% de deterioração).
Da equação: y = ax + b
tem-se:
ax + b = 0 x = valor mínimo (21).
ax’ + b = 100 x’= valor máximo (42).
Logo:
a = 4,76

b = - 99,96

Equação definida: y = 4,76x - 99,96

x = valor significativo encontrado.


y = unidade crítica de deterioração ambiental.
120

42
100

80

60

40

20

21
0
0 10 20 30 40 50 60

Diagnostico A mbiental
Reta de Deterioraçao A mbiental
188

5.6.11. Relação das Unidades Críticas de Deterioração dos Diagnósti-


cos Sócio-Econômico, Ambiental e Físico-Conservacionista

“Roda Viva” da Deterioração de Ambiência

Unidades críticas de deteriora- Unidades críticas de deteriora-



ção Sócio-Econômica ção Ambiental

S.E. = A. =
 
 
Unidades críticas de deterioração Físico-
Conservacionista
F. C. =

Deterioração de Ambiência

S.E.  A.  F.C.
D. A. 
3

D. A. =

Obs.: O máximo de deterioração aceitável (tolerável) para cada caso é de


10% (Rocha, 1997).
189

5.6.12. Exemplo prático de avaliação da Deterioração de Ambiência e


de Prioridades para o Manejo Integrado de Sub-Bacias Hi-
drográficas
(Os dados foram obtidos na Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo - RS)

Deteriorações (%)
Prioridade de
Microbacia Físico Sócio De
Ambiental manejo
Conservacionista Econômica Ambiência
01 85,47 34,61 38,10 52,73 14
02 18,40 37,82 42,87 33,03 16
03 19,82 42,95 38,10 33,62 15
04 95,87 36,86 42,87 58,53 10
05 94,50 43,91 47,63 62,01 06
06 91,85 37,18 42,87 57,30 12
07 97,71 36,86 42,87 59,15 08
08 100,00 41,02 52,39 64,47 05
09 97,61 40,70 38,10 58,80 09
10 100,00 41,34 52,39 64,58 04
11 94,74 42,95 33,34 57,01 13
12 100,00 39,10 33,34 57,48 11
13 100,00 40,38 42,87 61,08 07
14 100,00 45,51 52,39 65,97 02
15 100,00 46,15 52,39 66,18 01
16 100,00 42,63 52,39 65,01 03
M = Sub- 87,25 40,62 44,06 57,31 ---
Bacia

 PROGNÓSTICOS
Os prognósticos visam levar orientações para diminuir os valores
ponderados dos parâmetros responsáveis pelas deteriorações ambientais.
Descrever item por item das “modas”.
Para baixar o valor da moda sempre sugerir um peso a menos,
o que deve ser progressivo. A cada 2 anos fazer o monitoramento e
verificar novamente a deterioração (com nova amostragem para evitar
a tendência).
190

5.6.13. Estudo de um caso – Avaliação da deterioração ambiental


em áreas de criação de porcos (pocilgas)6

Sejam os parâmetros ambientais relativos à criação de porcos


(Quadro 31).

Quadro 31 – Parâmetros ambientais para a avaliação da deterioração am-


biental em chiqueiros
1) Potencial de recuperação dos dejetos
Porcentagem (%) Valor ponderado
100 1
75 2
50 3
25 4
< 25 5
2) Distância de fontes poluidoras (açudes, rios, nascentes, hortigran-
jeiros)
metros Valor Ponderado
1 a 10 11
10 a 20 10
20 a 30 9
30 a 40 8
40 a 50 7
50 a 60 6
60 a 70 5
70 a 80 4
80 a 90 3
90 a 100 2
> 100 1

6
Vários casos podem ser adaptados à metodologia proposta. Este “estudo de um
caso” é um exemplo de adaptação que o primeiro autor elaborou a pedido do Prof.
Dr. Enio Giotto para adequar ao seu “software” de cadastro técnico rural.
191

3) Distribuição dos dejetos como adubo


Modo de distribuição Valor Ponderado
Uso Próprio 1
Prefeitura 2
Agricultores 3
Não Utiliza 4
4) Riscos de contaminação
Intensidade do risco Valor Ponderado
Muito Grande 5
Grande 4
Médio 3
Pequeno 2
Muito Pequeno 1
5) Cheiro (odor)
Avaliação local Valor Ponderado
Muito Forte 4
Médio 3
Fraco 2
Inexistente 1
6) Mão de obra envolvida/contribuição social
Número de pessoas Valor Ponderado
1 7
2 6
3 5
4 4
5 3
6 2
>6 1
7) Tipo de instalações
Chiqueiro de Valor Ponderado
Madeira 3
Misto 2
Alvenaria 1

8) Estado de conservação/ano de construção


192

Observação local Valor Ponderado


Muito bem conservado 1
Medianamente conservado 2
Pouco conservado 3
Mal conservado 4
9) Tipo de esterqueira
Observação local Valor Ponderado
Bio-esterqueira 1
Convencional revestida 2
Fossa no chão 3
Com risco 4
Nenhum sistema 5
10) Tipo (aspecto) da paisagem (limpeza, beleza, etc.)
Observação local Valor Ponderado
Muito bem apresentável 1
Bem apresentável 2
Medianamente apresentável 3
Apresentável 4
Não apresentável (feia) 5
11) Assistência técnica
EMATER ou outra Valor Ponderado
Recebe sempre 1
Algumas vezes 2
Poucas vezes 3
Não recebe 4
12) Situação legal
Verificação local Valor Ponderado
Atende a legislação e tem licença 1
Atende a legislação e não tem licença 2
Não atende a legislação 3
Desconhece a legislação 4
13) Salubridade para o homem
Avaliação local Valor Ponderado
Ótima (sem endemias) 1
Regular (presença de endemias) 2
Baixa (infestação baixa de endemias) 3
Má (infestação média de endemias) 4
Inóspita (infestação alta de endemias) 5
Parâmetros considerados Valores significativos
193

Encontrados
na Mínimo Máximo
propriedade
1 3 1 5
2 10 1 11
3 2 1 4
4 2 1 5
5 3 1 4
6 4 1 7
7 2 1 3
8 1 1 4
9 4 1 5
10 3 1 5
11 3 1 4
12 2 1 4
13 3 1 5
Total dos Valores Significativos 42 13 66
Unidades Críticas de
54,72%
Deterioração Ambiental

Y = ax + b
0 = 13a + b
100 = 66a + b
100 = 53a
a = 1,8868
b = - 24,5284
Y = 1,8868 – 24,5284
para x = 42
Y = 54,7172 %

Significa que a propriedade onde está a pocilga está deteriorada em


57,7172%. A aplicação dos prognósticos tende a minimizar a deterioração.
194

5.7. Diagnóstico da Vegetação


O diagnóstico da vegetação visa verificar o que existe nas Mi-
crobacias, em termos de vegetações arbustivas e arbóreas (nativas e
plantadas), para se obter dados sobre a percentagem de cobertura, as
espécies predominantes e sua distribuição espacial.
Em vista do que for detectado, pode-se programar a introdução
das florestas energéticas, ecológicas e econômicas para as Microbaci-
as, respeitando-se a declividade média de cada uma:
 Para Microbacias com declividade média menor que 15%, a
cobertura florestal mínima deverá ser de 25%.
 Para Microbacias com declividade média igual ou maior que
15%, a cobertura florestal mínima deverá ser de 50%.
As vegetações herbáceas e gramináceas não são consideradas nes-
ses diagnósticos. Estas vegetações são analisadas nos Subdiagnósti-
cos da pecuária e da agricultura.
As vegetações arbustivas e arbóreas são responsáveis pela
maior infiltração de água nos solos, abastecendo os lençóis freáticos
na ordem de, aproximadamente, 150mm/hora (com águas de chuvas).
Estas vegetações, distribuídas cientificamente, protegem as nas-
centes e recuperam os assoreamentos dos rios, controlam as erosões e
minimizam os efeitos das secas e das enchentes, bem como purificam o
ar, ajudando substancialmente no controle do efeito estufa.
Com a recuperação florestal de 25% ou 50% (mínimos em
função da declividade média) por Microbacia, consegue-se, além do
que foi exposto, segurar ou reconduzir a mão-de-obra para o meio
195

rural, produzir matéria-prima florestal para diversificados usos, elimi-


nar várias doenças e trazer riquezas ao homem do campo.
O diagnostico da vegetação, bem como os demais (da água, so-
los e fauna), não caracterizam deteriorações “quantitativas”. São diag-
nósticos auxiliares e imediatos, para ajudar a atingir mais rapidamente
o equilíbrio sinecológico dos ecossistemas nas Microbacias.

5.7.1. Montagem do Diagnóstico da Vegetação

5.7.1.1. Informações técnicas básicas


O diagnostico completo deve revestir-se das informações:
a) Silviculturais: sementes (obtenção, beneficiamento e arma-
zenamento) e viveiros (obras e instalações, irrigação, pro-
dução de mudas e controle de doenças em viveiros).
b) Dendrológicas: métodos de identificação das espécies arbó-
reas, a arbustivas, em campo e em laboratório e sua impor-
tância.
c) Biométricas: biometria, inventário florestal e aplicação a
campo.
d) Contenção de erosões com plantios nas coroas de proteção
de nascentes (área das ravinas): em locais acidentados onde
há corredeiras procurar fazer tratamento vegetativo e trata-
mento por obras de engenharia.

Os estudos aprofundados dos temas assinalados em a, b e c encon-


tram-se nos livros tradicionais de silvicultura, biometria florestal, den-
drologia, inventário e manejo florestal, respectivamente, entre outros.
196

5.7.1.2. Carta de Vegetação


O diagnóstico de vegetação é complementado por uma carta
de vegetação, onde são assinalados, quantificados e distribuídos, es-
pacial e estrategicamente, os três tipos de florestamentos a serem in-
troduzidos na área (ecológicos, econômicos e energéticos), bem como
toda a vegetação arbustiva e arbórea existente na área em estudo (Sub-
bacia). O percentual de cada tipo de florestamento é de acordo com a
demanda (em qualquer hipótese os florestamentos ecológicos devem
corresponder a 50% dos outros dois).

5.7.1.3. Relatório da vegetação


Um relatório final especifica toda a operacionalidade de “re-
cuperação ambiental” pela vegetação, inclusive enfatizando que a
cobertura florestal nas áreas urbanizadas deve ser de 50 m2 por habi-
tante e que é necessário levar em consideração, no projeto, que cada
árvore adulta (latifoliada semicaducifólia ou caducifólia) pode reter de
50 a 370 kg de partículas em suspensão no ar, por ano, e introduz no
solo, por período de chuva, milhares de litros de água para o lençol
freático (Rocha, 2000).

5.8. Diagnóstico da Água (Recursos Hídricos)

Esse diagnóstico tem por objetivo quantificar e qualificar as


águas das Microbacias Hidrográficas. Por meio deste estudo poderá ser
feito um planejamento adequado do uso da água para diferentes ativida-
des, tais como: abastecimento doméstico e industrial, projeto e constru-
197

ção de obras hidráulicas, irrigação, drenagem, regularização dos cursos


d’água e controle das inundações, controle de poluição, controle da
erosão, navegação, aproveitamento hidrelétrico, recreação, preservação,
desenvolvimento da vida aquática e dessedentação animal.
Segundo conclusões de pesquisas apresentadas em vários con-
gressos mundiais, o ano de 2010 será “o ano do problema da água”,
em todo o mundo. Para que o problema seja minimizado, o homem
deve recorrer a soluções que favorecem a formação dos reservatórios
subterrâneos e a manutenção dos reservatórios superficiais. Tais solu-
ções são dependentes do manejo adequado das atividades em uma
Microbacia que favoreçam a infiltração da água no solo (pela cobertu-
ra florestal e manejo de lavouras) e evitem a deterioração dos reserva-
tórios existentes (controle da poluição e da erosão).

5.8.1. Elaboração do Diagnóstico da Água


De forma genérica, a sistemática para a elaboração de um di-
agnóstico pode ser resumida em três etapas.

5.8.1.1. Dados preliminares


a) Quantidade da água: dados pluviométricos, fluviométricos,
limnimétricos, ocorrência e níveis de água subterrânea, con-
formação topográfica, cobertura vegetal, infiltração da água
no solo, evaporação/evapotranspiração e uso atual da água.
b) Qualidade da água: avaliação qualitativa e quantitativa da
poluição e contaminação dos corpos d’ água.
Os dados preliminares obtidos serão analisados estatisticamen-
te e originarão recomendações no projeto definitivo.
198

Os estudos referentes aos itens mencionados podem ser encon-


trados nos textos tradicionais de hidrologia em geral.

5.8.1.2. Carta hidrológica


A carta hidrológica é a peça de complementação ao diagnósti-
co, uma vez que permitirá a visualização da distribuição espacial dos
corpos d’água (rios, canais, lagos naturais e artificiais), a identificação
do relevo, a cobertura vegetal e o uso atual da água.

5.8.1.3. Relatório final


O relatório final reúne os fatos e a quantificação referente à
disponibilidade, à qualidade, aos múltiplos usos, ao controle e à con-
servação dos recursos hídricos, que constituem base fundamental para
o planejamento integrado e de recuperação ambiental de uma Bacia
Hidrográfica.

5.8.2. Leis Municipais


Sugere-se que cada município brasileiro deva criar leis especí-
ficas sobre o uso das Sub-bacias Hidrográficas que abastecem os nú-
cleos rurais e urbanos.

5.9. Diagnóstico da Fauna


O diagnóstico da fauna tem a finalidade de avaliar todo o tipo
de fauna aquática, terrestre e aérea existentes em cada Microbacia,
para se poder projetar a sua recuperação.
Concomitantemente, são estudados os tipos de “habitat’s” na-
turais, para que possam ser restabelecidos.
199

A fauna é analisada em seu aspecto ecológico e econômico,


podendo ela, uma vez recuperada, trazer riquezas para a região, além
de contribuir no equilíbrio ecológico.
Ao início dos trabalhos do diagnóstico, a caça e a pesca de-
vem ser proibidas imediatamente e só liberadas, se for o caso, depois
de concluído o diagnóstico e ter-se chegado à conclusão que há matri-
zes suficientes para as práticas de tais “esportes”.

5.9.1. Montagem do Diagnóstico da Fauna

5.9.1.1. Informações técnicas básicas


O diagnóstico completo da fauna silvestre deve revestir-se das
informações:
a) Observação e identificação da fauna silvestre, com especial
atenção às aves (avifauna), mamíferos (mastofauna), répteis e
quelônios (herpetofauna), peixes (ictiofauna) e insetos (ento-
mofauna). Isto é feito realizando-se observações diretas (visua-
lização e/ou audição) nos diferentes ambientes.
b) Identificação das espécies e de seus “habitat’s” preferenciais.
c) Programa de recuperação faunística baseado nos dados ob-
servados.
d) Com relação aos peixes, é feito um estudo da qualidade das
águas, identificação das principais espécies, dinâmica da
população em ambientes naturais e a produção de peixes,
criações extensivas, semi-intensivas, manejo de barragens,
açudes e rios, reprodução e repovoamento.
200

Estes quatro itens são desenvolvidos, analisados e originam re-


comendações, no projeto definitivo, quando se contrata o diagnóstico.
Os estudos aprofundados dos temas mencionados nos quatro
itens (a, b, c, d) encontram-se nos livros tradicionais de mastofauna,
avifauna, herpetofauna, ictiofauna e entomofauna silvestres.

5.9.1.2. Carta da fauna


O diagnóstico da fauna é complementado por uma carta de
fauna, onde é assinalada e distribuída espacialmente, com nomencla-
tura atualizada, toda a fauna silvestre das Microbacias. Em função da
captura, identificação e análise, são feitas as distribuições espaciais,
por maior freqüência (exuberância por unidade ambiental considerada)
e são assim mapeados, por simbologia adequada, os componentes da
fauna. A carta de fauna possibilita elaborar programas de caça e pes-
ca para a região estudada, bem como programas de recuperação da
fauna em vias de extinção.

5.9.1.3. Relatório da fauna


O relatório final especifica toda a operacionalidade de “recu-
peração ambiental” pela fauna, enfocando quais as principais espé-
cies a serem utilizadas para o enriquecimento, enfatizando convênios
que deverão ser feitos entre o “Comitê Central da Sub-Bacia Hi-
drográfica” e Jardins Zoológicos, Secretarias de Estado entre outros,
para ajudar na recuperação da fauna.

5.10. Diagnóstico do Solo


O grande fracasso da agricultura no País se deve ao fato do uso
201

inadequado dos solos. Terras propícias ao florestamento e às pasta-


gens, onde produzem melhores resultados financeiros e melhor con-
servação ambiental, são usadas com cultivos agrícolas e, para agravar
o quadro, sem os adequados tratos conservacionistas.
O Rio Grande do Sul tem 42% de suas terra propícias às flores-
tas (florestamento) e, no entanto, a agricultura ocupa a totalidade do
Estado, deixando menos de 6% em cobertura florestal (Rocha, 1977).
Só a Unidade de Solo denominada Vacacaí contribui com 50%
dos solos hidromórficos do Estado gaúcho. São três milhões de hecta-
res em várzeas, dos quais dois milhões com possibilidades de irriga-
ção, porém somente 500.000 ha são irrigados (observe-se que o Rio
Grande do Sul tem a maior área irrigada do País), informação pessoal
do Prof. Ailo Saccol da Universidade Federal de Santa Maria.
A erosão é uma constante em todo o País e cada centímetro de
solo levado pelas águas das chuvas, pela intemperização natural, leva
centenas de anos para se recuperar.
O diagnóstico do solo tem a finalidade de mapear as unidades
de solos nas Microbacias, informar os percentuais de N, P, K e pH
predominantes, entre outros elementos, em cada unidade, para que se
possa recomendar a mais adequada técnica de adubação e calagem, em
função da cultura a ser introduzida, visando uma produtividade maior
e crescente, respeitando-se as técnicas conservacionistas e procurando
adequar o uso agrícola às classes de solos mais apropriadas.
202

5.10.1. Montagem do Diagnóstico do Solo

5.10.1.1. Informações técnicas básicas


O diagnóstico completo deve revestir-se das informações:
a) Interpretação e utilização de dados de levantamentos de solos.
b) Manejo de propriedades e características físicas dos solos.
c) Manejo de propriedades e características químicas do solo.
d) Manejo de propriedades e características biológicas do solo.
Estes quatro itens são desenvolvidos, analisados e originam re-
comendações, no projeto definitivo, quando se contrata o diagnóstico.
Os estudos aprofundados dos temas mencionados nos quatro itens
(a, b, c, d) encontram-se nos livros tradicionais de solos (pedologia).

5.10.1.2. Carta de solos


O diagnóstico do solo é complementado com uma carta de
solos, onde são assinaladas as unidades de solos, com as suas caracte-
rísticas físicas, químicas e biológicas, com nomenclatura atualizada e
distribuição espacial das unidades definidas.
Em função da carta de solos é que se planeja o uso racional
das Microbacias, com relação aos cultivos agrícolas, gramináceas de
inverno e de verão e florestamentos, visando usar e conservar o meio
ambiente constante e indefinidamente.

5.10.1.3. Relatório dos solos


O relatório final especifica toda a operacionalidade de “recu-
peração ambiental” pelo uso adequado dos solos, enfocando suges-
tões de adubação e calagem para os plantios, objetos do planejamento.
203

5.11. Diagnóstico da Poluição Doméstica


Visa verificar focos de poluição por lixo e esgotos.
As indústrias produzem gases, efluentes líquidos e sólidos, con-
tribuindo com a poluição doméstica. A medida mais adequada é pro-
duzir menos lixo e menos dejetos. No caso do lixo seco enterrá-lo em
“mulchings” verticais (caso não seja possível reciclá-lo). Neste caso, ele
servirá para reter água de chuva em Microbacias Hidrográficas. O lixo
orgânico deverá ser seco, peneirado e distribuído em regiões florestais ou
florestadas (servirá para o incremento da biodiversidade) e pode ser colo-
cando ao pé de árvores (frutíferas ou não) misturados com terra.

5.12. Diagnóstico das Minerações


Localizar as minerações e solicitar licenciamento para funcio-
namento adequado. Elaborar Plano de Controle Ambiental. Trata-se
de outro capítulo específico que enfatiza os projetos denominados de
EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental) e PCA (Plano de Controle
Ambiental), que pode ser verificado em Rocha (2000).

5.13. Diagnóstico do Passivo Ambiental (eMergia)


Este diagnóstico procura verificar o passivo ambiental produzido
pelos empreendimentos e calcular o valor a ser cobrado dos responsáveis,
para aplicar na recuperação da Sub-Bacia onde se localiza a ação propos-
ta. O passivo ambiental é analisado em kilocalorias perdidas na área de
influência do empreendimento. Trata-se de metodologia em experimen-
tação no Brasil. (Maiores detalhes contatar com o primeiro autor).
204

5.14. Subdiagnósticos
Os subdiagnósticos são levantamentos e estudados em áreas
específicas, tais como áreas de produção, transporte, comércio, saúde
e educação, entre outros, que visam aprimorar a qualidade dos produ-
tos, o aumento de sua produtividade e/ou de sua eficiência.
Os principais subdiagnósticos são: da pecuária, da agricultura,
do florestamento, da produção de energia elétrica, da indústria, dos
transportes, do comércio, da saúde, da escolaridade (da educação), da
caça, da pesca, do ar, da administração pública, entre outros.
Nesse caso são levantadas e tabuladas, para análise, as infor-
mações sobre:
a) Produção.
b) Produtividade.
c) Consumo local.
d) “Déficits” ou “superávits”.
e) Indústrias de transformação (pecuária: leite, carnes, lã, etc.;
agricultura: cereais, doces, enlatados, álcool, etc.; floresta-
mento: papel, celulose, serrarias, etc.) entre outros.
f) A situação real das escolas, do transporte (estradas), da
comercialização geral, da saúde, entre outros.
6. CONTENÇÃO DE ÁGUA DAS CHUVAS E CONTROLE DAS
EROSÕES

Tratamento vegetativo e por obras de engenharia nas encostas


e margens dos rios pertencentes à Sub-Bacia objeto do manejo
integrado.
Note-se que esta metodologia é pouco conhecida e muito pouco
usada no Brasil. Trata-se de adaptações de alguns modelos euro-
peus usados na contenção de enchentes provenientes de degelos e
mesmo de chuvas torrenciais (contenção de torrentes).

Nas recomendações para a recuperação da “Deterioração da


Ambiência” é necessário, muitas vezes, aplicar técnicas direcionadas
às encostas e margens de rios, bem como o controle direto de erosões
em encostas declivosas.
As técnicas mais recomendadas são as seguintes (GOMES
NETO J. et. al - Contenção de Enchentes, Rio Itajai-Mirim-SC, Proj.
Pref. Mun. Brusque, 1986, 116p. - adaptado):

6.1. Tratamento Vegetativo nas Encostas com Culturas Agrícolas


Nas áreas de cultivos agrícolas que se localizam nas encostas
íngremes, recomenda-se o plantio de vegetações arbustivas com espé-
cies de reprodução vegetativa, dispostas em linhas descontinuas, com
pequeno gradiente para a drenagem da área, distanciadas de 4 em 4
metros e construídas sobre banquetes de 0,5 m a 0,7 m, um pouco in-
clinadas para as encostas (Figura 35).
206

Figura 35 – Esquema de tratamento vegetativo.

A disposição das varas de espécies com poder de reprodução


vegetativa é cruzada ou paralela, cujo comprimento varia de 0,7 m a
1,2 m. A terra da banqueta superior é utilizada para a cobertura da
inferior. As pontas das varas devem ficar de 15 cm a 30 cm para fora
do solo. O numero de hastes a ser empregado é muito variável. Como
valor médio é conveniente utilizar 8 a 10 varas por metro linear, o que
proporcionará um bom fechamento e dará, por conseguinte, uma me-
lhor proteção à encosta.
A utilização desse tratamento induz a formação de pequenos
patamares nas imediações da cerca de arbustos, pois as espécies intro-
duzidas reterão os materiais transportados pelas enxurradas, forman-
do-se assim patamares trabalhados pela própria natureza, que uma vez
formados reduzirão a velocidade da água, contendo o processo de ero-
são laminar do solo.
207

A vegetação para a proteção da encosta e intercalada com plan-


tios agrícolas deve ser pioneira das roças ou dos terrenos de cultivos,
dotadas de uma agressividade extraordinária. Para isto, recomenda-se
o uso de plantas do gênero Hibiscos, que deve ser mantida com cerca
de 1,5 m de altura, sendo esta altura importante, pois não trará ne-
nhuma influencia negativa às culturas, pelo gotejamento ou sombrea-
mento, que fatalmente as espécies de maior altura trariam.

6.2. Consolidação das Encostas por Florestamentos


Quando a terra é trabalhada para se efetuar o florestamento, há
necessidade de deter o processo de erosão laminar nas encostas ín-
gremes, que se forma quando o solo é exposto às intempéries. Para
isso, lança-se mão da construção de obras transversais com a utiliza-
ção de troncos de árvores e tratamento vegetativo do tipo construções
de sebes. Ambos os tratamentos tem o objetivo de retardar o escoa-
mento das águas, pela diminuição da sua velocidade. Evita-se assim,
também, o arrastamento das terras.

6.2.1. Construções de Sebes


Trata-se de um método muito empregado na Europa. Consiste
em cravar no solo estacas de 8 a 10 cm de diâmetro, afastadas, apro-
ximadamente, de 0,80 m, com 0,50 a 0,60 m de comprimento, ficando
cravadas de 0,30 m a 0,40 m (profundidade). Em caso de inclinação
pequena do terreno as estacas são cravadas verticalmente (Figura 36a)
e, em inclinação acentuada, coloca-se numa posição intermediaria
entre a vertical e a direção normal ao declive (Figura 36b).
208

Figura 36 – Posição das estacas.

As sebes são dispostas em linhas interrompidas com pequeno


gradiente e as distâncias entre as linhas dependem da inclinação do
terreno. Quando mais inclinado for, tanto mais próximas devem ficar
(em grandes encostas pode-se seguir o espaçamento baseando-se na
tabela de construção de terraços com relação à declividade do terreno
– vide livros de conservação de solos). O afastamento normal está
entre 2 e 3 metros (Figura 37).

Figura 37 – Linhas interrompidas.

Nas estacas, são entrelaçadas varas de espécies que possuem


capacidade de reprodução vegetativa. São utilizados ramos de salso
209

chorão (Salix Babilônica), ou ramos flexíveis de espécies da região


com poder de reprodução vegetativa.

6.2.2. Obras Transversais com a Utilização de Troncos de Árvores


Pode-se utilizar troncos de arvores ao invés de construções em
sebes. Usam-se toras provenientes das matas nativas próximas, mas
deve-se cuidar para que essas sejam devidamente exploradas sob re-
gime de manejo florestal adequado para o caso.
Os troncos devem ser dispostos em linhas descontinuas, com
pequeno gradiente e distanciados de 4 m, com diâmetro de 0,30 m e
comprimento de, aproximadamente, 6,0 m. Para a fixação, utilizam-se
estacas de 0,50 m a 0,60 m de comprimento, com diâmetro em torno
de 10 cm, cravadas segundo orientação dada na Figura 36. A Figura
38 ilustra o processo.

Figura 38 – Utilização de troncos de árvores.


210

6.3. Tratamento por Obras Longitudinais e Transversais


Realizado o primeiro levantamento da Sub-Bacia, pode-se no-
tar que alguns afluentes encontram-se em processo acelerado de ero-
são, no fundo e nas laterais do curso. Pode-se, para deter a erosão,
construir, se o caso requer, obras transversais e longitudinais.

6.3.1. Tratamento por Obras Transversais

6.3.1.1. Soleira e cinto basal


Constrói-se, para o caso, a soleira ou cinto basal saliente. É uma
estrutura em que o coroamento emerge do fundo do leito, sendo, portan-
to, mais elevado que este, provocando uma pequena queda d’água. Sua
altura deverá atingir no máximo 1,50 m. O dimensionamento será feito
quando da execução do projeto. São utilizados blocos de pedras para a
construção, material este que deve se encontrar em grande quantidade
em alguns pontos da referida Sub-Bacia (Figura 39).
O cinto basal é semelhante à soleira, mas o coroamento encon-
tra-se no mesmo nível da água (Figura 40).
Após a soleira, construir-se-á o cinto basal, cuja estrutura apre-
senta coroamento no mesmo nível da correnteza (Figura 39.1). Apre-
senta duas funções principais, que são: a formação de um leito definido
para a lâmina d’água, após a soleira, não permitindo que a água divague
ao acaso, como também impede a erosão do fundo e das margens.
211

Figura 39 –Desenho esquemático da soleira.

A função principal da soleira é conseguir o decréscimo da ero-


são em profundidade e também nas laterais, através da diminuição da
velocidade da água.
212

Em leitos cuja declividade é pequena, constrói-se o cinto basal


com desnível. Utilizam-se pedras do próprio leito. A altura de queda
normalmente não ultrapassa os 40 cm (Figuras 40 e 41).

Figura 40 – Desenho esquemático do cinto basal.


213

Figura 41 – Cinto basal com desnível.

6.3.1.2. Barragem de madeira


Em leitos de correntezas intermitentes, onde o processo de
erosão se encontra, deve-se construir barragens. Utilizam-se toras de
madeira cujo custo é menor que o de alvenaria. As toras são proveni-
entes das matas nativas, devidamente exploradas, sob regime de Ma-
nejo Florestal Sustentado. O dimensionamento é feito para o tipo de
declive apresentado e o tipo de material depositado à montante da fu-
tura barragem.
Com este tipo de obra, será formado um perfil de compensa-
ção, o qual terá uma declividade tal que irá diminuir a velocidade da
água. Posteriormente à formação do perfil, serão colocadas pedras no
leito, para evitar a escavação. À jusante da barragem, serão construí-
214

das, também de material lenhoso, soleiras para definir o curso d’água


após a barragem.
Dimensões da barragem:
 Diâmetro das toras: 20 cm.
 Comprimento: em função da secção do leito.
 Boca: secção trapezoidal – área calculada em função da
vazão.
 Comprimento longitudinal: função da largura do trecho a cor-
rigir.
 Taludes a jusantes e montantes: em função da secção do leito.
Na extremidade de cada tora serão feitos entalhes para encai-
xar perpendicularmente toras de diâmetros menores e de comprimen-
tos variados para atender a inclinação à jusante, conforme Figura 42.
As toras, dispostas perpendicularmente, serão fixadas transversalmen-
te com arame, e assim, sucessivamente, até a sua altura máxima.
Nos trechos em que devem ser corrigidos, em afluentes de
grande extensão, o número de barragens de altura conhecida é dado por:

N = L (tg ’ – tg ) / H
Onde:
’ = declive atual do rio;
 = ângulo do perfil de compensação;
H = altura da barragem;
L = comprimento total do trecho a ser corrigido;
N = número de barragens.
215

Figura 42 –Esquema de uma barragem de madeira.

Formação do perfil de compensação


Com a construção das barragens de madeiras, tem-se a forma-
ção do perfil de compensação (Figura 43).
Na mesma figura nota-se que o trecho a ser corrigido é igual à
altura da barragem sobre a diferença entre os valores das tangentes da
inclinação atual do declive e do ângulo do perfil de compensação,
sendo este um ângulo desejado para que se tenha uma inclinação favo-
rável a uma diminuição da velocidade da água, através da expressão:

H
d 
(tg  ` - tg )

Onde:
 = ângulo do perfil de compensação;
’= ângulo atual do declive;
H = altura da barragem;
216

L = comprimento do trecho a corrigir;


d = comprimento do perfil de compensação.

Figura 43 – Perfil de compensação.

6.3.1.3. Utilização de troncos de árvores transversalmente ao leito,


em cinto basal
Nos troncos dos cursos d’água onde existe a possibilidade de
arrastamento de terra, tanto no fundo como nas laterais, devem ser
utilizados, para conter a velocidade da água, troncos dispostos trans-
versalmente ao leito e troncos acompanhando os taludes, formando
uma secção trapezoidal nas dimensões do próprio leito (Figura 40A).
Este tipo de construção tem as funções de definir a correnteza,
não permitindo que esta divague ao acaso como também impede a
erosão do fundo e das margens.
Em alguns momentos os trabalhos deverão ser rápidos para
atender com urgência o controle de correntezas. Neste caso, lança-se
217

mão, simplesmente, do corte e colocação de troncos transversalmente


ao leito. Isso ajudará a diminuir a velocidade da água e, conseqüente-
mente, a erosão.

6.3.2. Tratamento por Obras Longitudinais

6.3.2.1. Revestimento do leito


Nos trechos onde os declives são muitos acentuados a sua mo-
dificação por meio de barragens transversais poderá ser dispendiosa.
Nesse caso aplica-se um revestimento continuo nas margens ou mes-
mo no fundo do leito, utilizando-se os próprios materiais encontrados
no leito, como vegetação e pedras, formando-se secções trapezoidais
ou semicirculares.
Acompanhando a declividade do leito, faz-se ressaltos, de dis-
tancia em distancia, construídos com blocos maiores de pedras de que
se pode dispor, para diminuir a velocidade da água (Figura 44).
Quando do tratamento das margens nos trechos curvilíneos,
deve-se conhecer a elevação que a água sofrerá na margem externa uma
vez que, no raio externo da curva existirá maior velocidade da água e,
conseqüentemente, maior força de erosão, havendo então a possibilida-
de de transbordamento quando a velocidade da água for alta.
218

Figura 44 - construção com resíduos arbóreos.

O valor dessa elevação poderá ser encontrado através da for-


mula de GRASHOF (Figura 45):
219

v2 v2
h = 2,3 x (log R 2 - log R 1 ) h = 2,3 x (log R 2 - log R 1 )
g g

Onde:
h = elevação da água na curva (m) (Figura 44)
v = velocidade da água da correnteza.
R2 = raio externo da curva
R1 = raio interno da curva
g = aceleração da gravidade.

O raio mínimo que se pode adotar será 15 vezes o valor da lar-


gura, quando esta for menor que 4 metros, e 10 vezes a largura, quan-
do esta for maior que 4 metros.

Figura 45 - Raios de curvatura do rio.


220

6.3.2.2. Defesa das margens por meio de espigões transversais e


longitudinais
Para a diminuição da erosão lateral pode-se, ao invés de reves-
tir totalmente o leito da correnteza, fazer uso de espigões transversais,
os quais são obras semelhantes a barragens, mas não chegam a atra-
vessar toda a secção. A finalidade principal dessa obra consiste em
conduzir a água para o centro da correnteza e provocar depósito de
materiais transportados nos locais desejados. Para dar maior vazão ao
curso, não alterando em demasia o fluxo de água, utiliza-se a constru-
ção de espigões do tipo declinante (Figura 46a). Pode-se, ao invés de
espigão transversal, construir espigão longitudinal (Figura 46b).

Figura 46 – Esquema dos espigões transversais e longitudinais.


221

A distancia entre um espigão e outro pode ser calculado mate-


maticamente ou graficamente, conforme Figura 47.
Em relação às margens, os espigões declinantes devem apre-
sentar um ângulo de 15º.

Figura 47 – Cálculo gráfico das distâncias entre espigões.

6.4. Processo de Controle de Erosão nas Encostas Declivosas em Diver-


sos Formatos
Ao realizar-se o estudo de uma Sub-Bacia pode-se notar que o pro-
cesso de erosão toma diversos formatos dos tipos: cunha, concha e folha.
Para os três casos, as características e os trabalhos corretivos
deverão ser os que se seguem.
222

6.4.1. Erosão em Forma de Cunha


É uma erosão alongada, mas com a extremidade inferior mais
estreita, que vai alargando-se à medida que se dirige para a parte superior
(Figura 48). As causas principais para o surgimento desse tipo de erosão
são precipitações elevadas e o escoamento superficial das águas. O con-
trole é feito através de escadeamento com obras transversais (Figura 49).
A maior barragem deverá estar na parte inferior e as subseqüentes pode-
rão ter alturas menores e serem de construções mais leves.

Figura 48 – Desenho esquemático de um foco de erosão em forma de cunha.

Figura 49 – Desenho esquemático do controle da erosão em forma de


cunha por escadeamento.
223

6.4.2. Erosão em Forma de Concha


Após o desmoronamento verifica-se uma escavação com for-
mação de concha, cujo centro é a parte mais profunda (Figura 50). A
causa principal de seu surgimento é a água de infiltração. O controle é
semelhante ao anterior, depois de realizada a drenagem da área para a
eliminação da infiltração basal superior (Figura 51).

Figura 50 – Desenho esquemático de um foco de erosão em forma de concha.

Figura 51 – Desenho esquemático do controle da erosão em concha.


224

6.4.3. Erosão em Forma de Folha


O desabamento ocorre pelo desprendimento de camada de solo
desenvolvido sobre uma superfície de deslizamento, pré-existente,
possuindo uma profundidade constante (Figura 52). A causa principal
é a água de infiltração. Como medida de controle deve-se, em primei-
ro lugar, proceder a uma drenagem da área. A estabilidade é consegui-
da através da construção de muros baixos (Figura 53).

Figura 52 – Desenho esquemático de um foco de erosão em forma de folha.

Figura 53 – Desenho esquemático da estabilização através de muros


na erosão em folha.
225

As obras transversais através do escadeamento determinam


uma diminuição da velocidade da água, formando um perfil de com-
pensação. Após, para estabilizar totalmente a área, faz-se à implanta-
ção de cobertura vegetal.

6.5. “Mulching” Vertical


O conceito do “mulching” vertical é simples. Significa substi-
tuir parte do solo por material mais poroso que aumenta o fluxo de
água para dentro do solo, aumentado o conteúdo de matéria orgânica e
melhorando a aeração do solo. Para que isto ocorra é necessário que o
referido “mulching” atinja a superfície do solo ficando em contato
com a atmosfera. A abertura de furos no solo após o seu preenchimen-
to com areia é chamado também de “mulching” vertical. É uma práti-
ca alternativa onde o cultivo em profundidade não é possível devido a
presença de poucas raízes ou outros impedimento. Segundo Rosen-
berg (1974), consiste na aplicação de qualquer cobertura na superfície
do solo e que constitui uma barreira física à transferência de energia e
vapor d’água entre o solo e a atmosfera.

Objetivo geral da metodologia:


Avaliar o comportamento hidrológico do “mulching” vertical
de forma a promover o manejo sustentável das culturas, bem como,
proporcionar alternativas na adoção de sistemas convencionais pelos
produtores, visando a redução de impactos ambientais.
226

Objetivos específicos:
 determinar o comportamento da água no perfil do solo quan-
do em contato com o “mulching” vertical, sendo este preen-
chido com palha de arroz, de cana, de café ou lixo seco.
 avaliar o efeito do “mulching” vertical na taxa de infiltra-
ção de água;
 determinar o efeito do “mulching” vertical no escoamento
superficial em precipitações de alta intensidade;
 determinar a variação no armazenamento de água no solo
em função do espaçamento entre os sulcos de “mulching”
vertical.

6.6. Coroas de Proteção de Nascentes


As coroas de proteção de nascentes são definidas como a área
compreendida entre o divisor de águas e a base das ravinas. Tal área é
apropriada para se implantar florestamentos de preservação de nascen-
tes, conforme já comentado.
Os florestamentos aí implantados, preferencialmente por árvo-
res nativas, cumprirão a missão de infiltrar as águas de chuvas para o
lençol freático (primeira importância ambiental das árvores). É exata-
mente nesta região que se consegue iniciar os processos de contenção
de erosões. Logo abaixo das coroas de proteção de nascentes é aconse-
lhável iniciar outros processos de conservação de solos. Ambiental-
mente falando aconselha-se introduzir a medida preconizada no item
seguinte.
227

6.7. Contenção de Águas das Chuvas e Controle de Erosões por


Terraceamentos feitos com Pneus Velhos (usados) – Lembrar
que os terraceamentos tradicionais estão descritos em vários
livros de conservação de solos
Os terraços neste caso são em nível e são construídos com
bandas de rodagem e bandas laterais de pneus velhos (usados), logo
abaixo das coroas de proteção de nascentes. As bandas de rodagem
são enterradas em 50% da largura e as bandas laterais são enterradas
em arcos (meia lua) também em, aproximadamente, 50%. Pretende-se
experimentar construir os terraços com os pneus inteiros (ou metades)
uma vez que a extração da banda de rodagem é um processo oneroso e
caro.
Objetiva a metodologia diminuir a velocidade da água de chu-
va nas encostas e reter a erosão, evitando assoreamento das várzeas e
ao mesmo tempo dando um uso nobre a um lixo difícil de reciclar, que
é o pneu usado velho. A Universidade Federal da Paraíba já implantou
esta metodologia com sucesso no semi-árido nordestino (Cariri). Esta
metodologia foi desenvolvida pelo Prof. Geraldo Baracuhy daquela
Universidade.

6.8. Calhas de Captação de Água


São construídas nas laterais das casas, beira de telhados, cole-
tores de água direcionados às cisternas de acumulação. O método é o
tradicional usado em várias partes do nordeste.
Objetiva a metodologia acumular água de chuva para o con-
sumo humano, dessedentação animal e outros usos gerais no Nordeste.
228

No Sul é usado para irrigar hortas, jardins, gramado, lavar carros, en-
tre outros.

6.9. Barragem Subterrânea


A água subterrânea forma-se pela infiltração de água superfici-
al no solo e nas rochas. Este processo continua ocorrendo, sendo a
chuva o principal agente de alimentação. Deste o inicio e formação do
planeta terra o volume total das águas tem se mantida quase constante.
Segundo ABEAS (1994) o volume total de água sobre a terra é
de, aproximadamente, 1.384 km3, distribuídas irregularmente nas vá-
rias regiões do globo, com os seguintes percentuais nos diferentes re-
servatórios naturais:
Sabe-se hoje que 97% da água existente no planeta está contida
nos oceanos, enquanto que os restantes 3% distribuem-se de maneira
desigual pelo globo. As calotas polares e as geleiras respondem por
2,14% do total. O restante encontra-se nos rios (0,001%), nos lagos de
água doce (0,009%), nos lagos salgados (0,008%) e nas reservas de
água subterrânea (0,615%) considerando-se aqüíferos de até 4.000
metros de profundidade.
Ziraldo apud ABEAS (1994) informa que o estoque de água
subterrânea, avaliado em 8,4 milhões km3, representa cerca de 95% do
volume total de água doce do mundo.
Tendo em vista todos esses dados pode-se observar que a água
subterrânea é de vital importância, apesar de não ocupar o lugar que
merece dentro da gestão hídrica, pelo simples fato da comunidade não
229

ter conhecimento de suas excelentes qualidades e do grande volume


disponível.
No semi-árido nordestino, devido a instabilidade climática nes-
ta região, por ser muito afetada por sua irregularidade e pela escassez,
o homem assim encontra barreiras a fixar-se no meio rural devido à
falta de água para suprir suas necessidades básicas.
Sendo assim levantamentos feitos nas regiões áridas e semi-
áridas mostram que a água armazenada beneficia o homem em todos
os aspectos, desde que bem manejada.

Objetiva a metodologia:
Viabilizar a exploração agrícola, especialmente, no semi-
árido, proporcionando assim um armazenamento de água, contido
pelos poros dos solos localizados a montante do barramento, aumen-
tando assim a macroporosidade da superfície de uma barragem subter-
rânea, diminuindo a capilaridade, e, portanto, a perda de água por eva-
poração.
Este tipo de barragem é bastante divulgado no Nordeste e con-
siste simplesmente em fazer corte em sulco transversal nas várzeas e
reter o fluxo da água com bom plástico cobrindo o perfil desde a su-
perfície à rocha impermeável.

6.10. Barragem em Nível – Barragem de Base Zero


As barragens em nível seguem a metodologia tradicional usada
em algumas partes no nordeste (denominadas de barragem de base
zero). Na presente proposta estas barragens são construídas em cima
230

das barragens subterrâneas, usando-se, como novidade, ao invés de


pedras, pneus velhos consorciados com pedras, o que foge da metodo-
logia tradicional.
Objetiva a metodologia aumentar a área de sedimentos enquanto
não for contido o processo de erosão. Visa permitir acumular água para o
consumo humano e para dessedentação animal, bem como para aumentar
a área de plantios em várzeas. Aprofunde no tema lendo publicações es-
pecializadas ou contate com os autores (endereço ao final).

6.11. Quebra de Capilaridade


Deve ser feita com enxada no próprio local do plantio nas vár-
zeas, o que diminuiu substancialmente a evaporação das águas do so-
lo, sendo a mesma usada pelas plantas de subsistência.
A capilaridade do solo produz grande evaporação e, por conse-
guinte, perda de água acumulada no solo.
Basta cortar a superfície do solo (gradagem, por exemplo) e os
poros maiores formados impedem o efeito capilaridade e evita-se a
perda de água.

6.12. Locação de áreas para colocação de lixo em Microbacias Hi-


drográficas7

Observação importante: com relação ao lixo doméstico o ideal


seria colocá-lo em “mulchings” verticais (somente o lixo seco) em

7
Colaboração: Engenheiro Florestal Alessandro Herbert de Oliveira Santos (parte de
sua pesquisa de mestrado orientada por um dos autores).
231

cortes nas encostas com as dimensões: 10 cm x 40 cm em áreas agri-


cultáveis e 40 cm x 80 cm (ideal) em áreas não agricultáveis.
O lixo orgânico, após seco e peneirado deverá ser distribuído
nos florestamentos.
Para este estudo, foram estabelecidos 24 parâmetros ambientais
diretamente relacionados com a “localização de resíduos sólidos na
ambiência”. A unidade de influência ambiental considerada foi a Mi-
crobacias Hidrográficas.
Cada parâmetro foi subdividido de acordo com suas característi-
cas e a cada subdivisão foi atribuído um valor ponderado (peso) vari-
ando de 1 (um) melhor situação a 5, 6, 7, 10, 13 etc., conforme o
número de classes estabelecido por parâmetro, de tal modo que para o
maior valor ponderado (peso) ficou representando a pior situação
ambiental.
A metodologia consiste, basicamente, em selecionar em uma uni-
dade ambiental (preferencialmente Microbacias Hidrográficas) o maior
número de locais possíveis de implantar o depósito de resíduos sólidos.
A seguir verifica-se em cada Quadro (32 a 56) os parâmetros e
subparâmetros condizentes com o local selecionado previamente. Pos-
teriormente calcula-se a deterioração ambiental que seria causada se
ali fosse o local escolhido. À menor deterioração (valor de y) corres-
ponde ao local de prioridade 1 (um) para a deposição do lixo.
232

Parâmetros a serem analisados nas Microbacias


O Quadro 32 foi elaborado considerando os possíveis resíduos
sólidos produzidos em uma cidade de porte médio (tomou-se como
exemplo a cidade de Santa Maria – RS).
Quando o lixo hospitalar toma outro destino (incineração), a li-
nha correspondente no Quadro 32 pode ser eliminada, bem como po-
dem surgir outros parâmetros aqui não considerados e serem introdu-
zidos nas linhas correspondentes. Em qualquer circunstância, como a
metodologia é dinâmica, esta não sofrerá modificações na sua linha
mestra. Considera-se que os resíduos domésticos separados com ori-
entação técnica representam a melhor situação. No presente caso os
resíduos hospitalares representam a pior situação encontrada.

Quadro 32 – Qualidade dos Resíduos.


CÓD. 1
CÓD. CLASSES VALOR PONDE-
RADO
1.1 Hospitalar 10
1.2 Ambulatorial 9
1.3 Fábricas – Metal pesado 8
1.4 Fábricas – Material de contaminação média 7
1.5 Fábricas – Material de pequena contaminação 6
1.6 Resíduos domésticos normais 5
1.7 Resíduos domésticos orientados tecnicamente 1
Obs.: Os valores ponderados (pesos) são atribuídos em função da importância ambi-
ental dos parâmetros.

O Quadro 33 refere-se ao acesso a área (parâmetros de estradas),


considerando situações normais encontradas nos municípios atualmente.
A melhor situação corresponde às estradas com asfalto em boas
condições, às quais, proporcionam maior segurança no deslocamento
233

do resíduo, bem como contribuem nas questões relacionadas ao custo


e manutenção no local de localização. Seguindo este raciocínio, a pior
situação refere-se ao deslocamento em trilhas, que claramente propor-
cionam um maior risco no transporte, elevando o custo da gestão dos
resíduos.

Quadro 33 – Acesso à área (parâmetros de estradas).


CÓD. 2
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
2.1 Asfalto bom 1
2.2 Asfalto ruim 2
2.3 Terra (boa) 3
2.4 Terra (ruim) 4
2.5 Trilha 5

O Quadro 34, referente ao potencial de recuperação da área de-


teriorada, considera o fator de recuperação da área deteriorada após o
encerramento das atividades relacionadas à localização dos resíduos.
Como pior situação entende-se as áreas extremamente difíceis
de recuperar, ou seja, áreas com densidade de drenagem elevada, ín-
gremes, solo arenoso etc..
As áreas consideradas muito fáceis de recuperar, considerada
como melhor situação, são aquelas que possuem melhores caracterís-
ticas físicas de recuperação, declividade moderada e até em muitas
vezes com maior interesse econômico, facilitando assim o investimen-
to de recuperação da área para futuro aproveitamento.
234

Quadro 34 – Potencial de recuperação da área Deteriorada.


CÓD. 3
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
3.1 Extremamente difícil 5
3.2 Difícil 4
3.3 Medianamente fácil 3
3.4 Fácil 2
3.5 Muito fácil 1

O Quadro 35 considera o aproveitamento da área após o encer-


ramento das atividades. O planejamento do uso futuro da área consiste
em fator importante na administração municipal.
Considera-se como melhor situação às áreas destinadas a flores-
tas, sejam, econômicas, ecológicas ou energéticas. Esta condição pro-
porciona menores riscos de contaminação. A pior situação encontra-se
em áreas destinadas a agricultura, devido ao risco de contaminação
dos produtos alimentícios.

Quadro 35 – Uso futuro da área.


CÓD. 4
CÓD. 4 CLASSES VALOR PONDERADO
4.1 Agricultura 5
4.2 Loteamentos 4
4.3 Recreação 3
4.4 Pastagem 2
4.5 Florestas 1

O Quadro 36 considera a vida útil da área. A vida útil da área


deve ser determinada com base nos dados de quantidade de resíduos
produzida no município/Microbacia x área disponível.
Considera-se como vida útil mínima aceitável (pior situação)
cinco anos. Esta vida útil mínima considerada se deve ao fato de ser
um alto investimento com alto índice de periculosidade ambiental.
235

Como melhor situação considera-se área com vida útil superior a vinte
anos, com monitoramento constante.

Quadro 36 – Vida útil da área.


CÓD. 5
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
5.1 > 20 anos 1
5.2 15 – 20 anos 2
5.3 10 – 15 anos 3
5.4 5 – 10 anos 4
5.5 < 5 anos 5

O Quadro 37 observa as jazidas de material de cobertura relaci-


onando a qualidade x capacidade do material existente na Microbacia,
variando desde excelente (qualidade) e abundante (capacidade) como
melhor situação, até péssima (qualidade) e muito pouca (capacidade)
como pior situação.
O material de cobertura considerado deve ser solo argiloso, pois
o mesmo possui características próprias, as quais proporcionam a im-
permeabilização das camadas de resíduos, evitando assim que o cho-
rume atinja o lençol freático.

Quadro 37 – Jazidas de material de cobertura: Qualidade/Quantidade


existente na Microbacia.
CÓD. 6
CÓD. CLASSES VALOR CLASSES VALOR
(QUALIDADE) PONDERADO (CAPACIDADE) PONDERADO
6.1 Excelente 1 Abundante 1
6.2 Boa 2 Regular 2
6.3 Média 3 Média 3
6.4 Ruim 4 Pouca 4
6.5 Péssima 5 Muito pouca 5
Obs.: Solo argiloso para material de cobertura.
236

O Quadro 38, relacionado a distância do material de cobertura


da jazida, considera à menor distância, como melhor situação pois
facilita a manutenção da área do depósito, bem como minimiza os
custos com o mesmo.
A pior situação relaciona distâncias muito longas, superiores a
10 km, elevando os custos e comprometendo a viabilidade da manu-
tenção da área do depósito.

Quadro 38 - Distância do material de cobertura da jazida.


CÓD. 7
CÓD. CLASSES (DISTÂNCIA) VALOR PONDERADO
7.1 Muito longa > 10 Km 5
7.2 Longa 5 a 10 Km 4
7.3 Média 2 a 5 Km 3
7.4 Pequena 1 a 2 Km 2
7.5 Muito pequena < 1 Km 1

O Quadro 39 refere-se a profundidade do lençol freático, o qual


está intimamente relacionado com os riscos de contaminação das
águas subsuperficiais e subterrâneas, a saúde pública e a qualidade de
vida.
A pior situação, considerada de alta periculosidade e até inacei-
tável, encontra-se em regiões com lençol freático com profundidade
inferior a um metro.
A situação com melhores condições obtêm-se com níveis supe-
riores a dez metros de profundidade do lençol freático.
237

Quadro 39 – Profundidade do lençol freático.


CÓD. 8
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
8.1 < 1 m de profundidade 7
8.2 1 – 2 m de profundidade 6
8.3 3 – 4 m de profundidade 5
8.4 5 – 6 m de profundidade 4
8.5 7 – 8 m de profundidade 3
8.6 9 – 10 m de profundidade 2
8.7 > 10 m de profundidade 1

O Quadro 40 relativo a proximidade dos cursos d’água, como o


quadro anterior, preocupa-se com a contaminação dos cursos d’água.
Obtêm-se as melhores condições quando os cursos d’água encontram-
se em distâncias superiores a seiscentos metros.
As piores condições relacionam situações com distâncias dos
cursos d’água inferiores a cem metros, situações de risco.

Quadro 40 – Proximidade dos cursos de água.


CÓD. 9
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
9.1 < 100 metros 7
9.2 100 a 200 m 6
9.3 200 a 300m 5
9.4 300 a 400m 4
9.5 400 a 500m 3
9.6 500 a 600m 2
9.7 > 600m 1

O Quadro 41 trata do risco de contaminação da Microbacia onde


se encontra o depósito. Para avaliar os níveis de risco de contaminação
leva-se em consideração o índice de circularidade da Microbacia. Sa-
be-se que quanto mais próximo de um, o índice de circularidade, mai-
238

or o escoamento de água da Microbacia, portanto maior a probabilida-


de de enchentes. O índice de circularidade é dado por (vide item 3.3.):

A 4πA
IC  
Ac C2

Quadro 41 – Riscos de Contaminação na Microbacia.


CÓD. 10
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
10.1 Muito grande 5
10.2 Grande 4
10.3 Médio 3
10.4 Pequeno 2
10.5 Muito pequeno 1

O Quadro 42 relaciona a susceptibilidade a processos de dinâ-


mica superficial na área do depósito.

Quadro 42 – Susceptibilidade a processos de dinâmica superficial


(erosão) na Microbacia.
CÓD. 11
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
11.1 Voçorocas 50 a 100% de exuberância 10
11.2 Voçorocas 20 a 50% de exuberância 9
11.3 Voçorocas < 20% de exuberância 8
11.4 Sulcos 50 a 100% de exuberância 7
11.5 Sulcos 20 a 50% de exuberância 6
11.6 Sulcos < 20% de exuberância 5
11.7 Laminar 50 a 100% de exuberância 4
11.8 Laminar 20 a 50% de exuberância 3
11.9 Laminar < 20% de exuberância 2
11.10 Sem erosões 1

As áreas com susceptibilidade a voçorocas com índices de 50 a


100% de exuberância são consideradas como pior situação devido a
instabilidade do terreno e o carreamento de materiais.
239

As áreas sem erosões são consideradas as melhores situações.

O Quadro 43 referente aos ventos predominantes/sentido na Mi-


crobacia; relaciona fatores condicionados ao bem estar da população e
a saúde pública.
Os ventos predominantes no sentido lixão cidade/aglomerados
humanos são considerados como pior situação.
A melhor situação encontra-se quando os ventos predominantes
são no sentido lixão – florestas, devido as mesmas servirem de “fil-
tro”, para os odores oriundos do depósito.

Quadro 43 – Ventos predominantes/direção na Microbacia.


CÓD. 12
CÓD. CLASSES VALOR
PONDERADO
12.1 Direção no sentido lixão – cidade ou aglomerado 5
12.2 Direção no sentido lixão – aglomeração de animais 4
12.3 Direção no sentido lixão – áreas agrícolas 3
12.4 Direção no sentido lixão – pastagens 2
12.5 Direção no sentido lixão – florestas 1

O Quadro 44 relaciona a aceitabilidade da população.


Tratando-se de localização de resíduos na Sub-Bacia Hidrográ-
fica, a melhor situação encontra-se quando a população não aceita a
localização de resíduos, pois se considera que os resíduos devam ser
depositados nos próprios locais de origem, ou seja, na Microbacias Hi-
drográficas de onde são originados.
Neste caso, a pior situação encontra-se quando a população tem
boa aceitabilidade com relação a localização de resíduos oriundos de
outros locais.
240

Quadro 44 – Aceitabilidade da população.


CÓD. 13
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
13.1 Muito bem aceita 4
13.2 Medianamente aceita 3
13.3 Aceita abaixo da média 2
13.4 Não aceita 1

O Quadro 45 considera a mão-de-obra envolvida no manuseio


do lixão controlado ou USTL, ou seja, a contribuição social referente
à instalação do empreendimento.
Considera-se como melhor situação o envolvimento de um nú-
mero superior a cinqüenta pessoas, e a pior situação quando o mesmo
envolve até dez pessoas.
Salienta-se que o envolvimento destas pessoas é considerado nas
formas legalizadas permitidas pelas leis trabalhistas.

Quadro 45 – Mão-de-obra envolvida no manuseio do lixão controlado


ou USTL / contribuição social.
CÓD. 14
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
14.1 Até 10 pessoas 6
14.2 11 – 20 pessoas 5
14.3 21 – 30 pessoas 4
14.4 31 – 40 pessoas 3
14.5 41 – 50 pessoas 2
14.6 > 50 pessoas 1

O Quadro 46 referente ao custo da terra no local do empreendi-


mento é auto-explicativo e considera preços de mercado atualizados
na ocasião da aplicação da metodologia. O valor muito alto e muito
baixo são dedutíveis dos preços vigentes na região.
241

Quadro 46 – Custo da Terra.


CÓD. 15
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
15.1 Muito alto 5
15.2 Alto 4
15.3 Médio 3
15.4 Baixo 2
15.5 Muito baixo 1

O Quadro 47 relativo a exuberância da vegetação na Microbacia


considerando as vegetações arbóreas, arbustivas e herbáceas.

Quadro 47 – Vegetação na Microbacia.


CÓD. 16
CÓD. CLASSES VALOR
PONDERADO
ARBÓREA
16.1 Nativa/Plantada Exuberância (100%) 15
16.2 Nativa/Plantada Exuberância (75%) 14
16.3 Nativa/Plantada Exuberância (50%) 13
16.4 Nativa/Plantada Exuberância (25%) 12
16.5 Nativa/Plantada Exuberância (< 25%) 11
ARBUSTIVA
16.6 Nativa/Plantada Exuberância (100%) 10
16.7 Nativa/Plantada Exuberância (75%) 9
16.8 Nativa/Plantada Exuberância (50%) 8
16.9 Nativa/Plantada Exuberância (25%) 7
16.10 Nativa/Plantada Exuberância (< 25%) 6
PASTAGEM NATIVA
16.11 Herbácea/Graminácea Exuberância (100 %) 5
16.12 Herbácea/Graminácea Exuberância (75%) 4
16.13 Herbácea/Graminácea Exuberância (50%) 3
16.14 Herbácea/Graminácea Exuberância (25%) 2
16.15 Herbácea/Graminácea Pobre (< 25%) 1

Como melhor situação considera-se as áreas com vegetação her-


bácea/graminácea com exuberância pobre, ou seja, menor que 25 %.
242

A pior situação é considerada quando a exuberância da vegeta-


ção arbórea encontra-se em 100 %. Isto representa área virgem onde
deve ser evitada a poluição.

O Quadro 48, relativo a declividade média da Microbacia, pos-


sui características particulares. Considera-se a melhor condição para
localização final de resíduos, Microbacias com declividade média em
torno de 12-30% (áreas de meia encosta baixa).
As piores situações são encontradas quando em áreas muito pla-
nas (0 – 05 % de declividade) ou em áreas muito íngremes (> 47 %).

Quadro 48 - Declividade média na Microbacia.


CÓD. 17
CÓD. CLASSE % VALOR PONDERADO
17.1 < 02 13
17.2 02 – 05 8
17.3 05 – 12 3
17.4 12 – 30 1
17.5 30 – 47 8
17.6 > 47 13
Obs.: Amplitude mínima 1 e máxima 13 – Os valores das classes devem ser definidos para cada
região estudada, em função da menor e da maior declividade existente no local.

O Quadro 49 avalia a densidade de drenagem da Microbacia, ou


seja, o somatório de canais, ravinas e tributários divididos pela área.
A melhor situação é encontrada nas densidades de drenagens médias
chegando a pior situação nas áreas com menor ou mais elevada densidade de
drenagem (solo argiloso). Alta densidade provoca carreamento de partículas
e baixa densidade provoca infiltração do chorume ao lençol freático.

Quadro 49 – Densidade de drenagem na Microbacia.


243

CÓD. 18
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
18.1 D01: 3,660 – 12.737 10
18.2 D02: 12,738 – 21,813 08
18.3 D03: 21,814 – 30,891 06
18.4 D04: 30,892 – 39,969 04
18.5 D05: 39,970 – 49,047 02
18.6 D06: 49,048 – 58,125 01
18.7 D07: 58,126 – 67,203 03
18.8 D08: 67,204 – 76,281 05
18.9 D09: 76,282 – 85,359 07
18.10 D10: 85,360 – 94,430 09
Obs.: Os valores são calculados em função do menor e do maior valor da densidade de
drenagem encontrados na região de estudo. Em função da amplitude e do intervalo
de classe estabelece-se o valor de D01, D02, D03 etc..

O Quadro 50 analisa os coeficientes de rugosidade na Microbacia.


O coeficiente de rugosidade (Ruggdeness Number – RN) é um
parâmetro que diferencia o uso potencial da terra com relação às ca-
racterísticas para agricultura, pecuária ou florestamento.
Os RN, comparados com o uso da terra, determinam áreas de conflito.
Sabe-se que o coeficiente de rugosidade é o índice que determi-
na a aptidão da terra, no que se refere à quatro classes, agricultura,
pastagens, pastagens/florestamentos e florestamentos.
Neste caso considera-se como melhor situação os solos aptos para
pastagens. A pior situação é encontrada nos solos aptos a agricultura.

Quadro 50 – Coeficientes de Rugosidade na Microbacia.


CÓD. 19
CÓD. CLASSES VALOR PON-
DERADO
19.1 A (solos apropriados para agricultura) 4
19.2 B (solos apropriados para pastagens) 1
19.3 C (solos apropriados para pastagens/florestamentos) 2
19.4 D (solos apropriados para florestamentos) 3
O Quadro 51 trata da fauna silvestre da Microbacia. A fauna sil-
vestre é analisada segundo sua exuberância e se torna claro que a pior
244

condição é encontrada quando a fauna encontra-se mais exuberante,


ou seja, quanto maior a exuberância da fauna no local, pior a condição
para localizar os resíduos.
O mapa da fauna silvestre é elaborado em função da maior
concentração da mastofauna, herpetofauna, avifauna, entomofauna e
ictiofauna e esta exuberância é realizada considerando levantamentos
locais, como: capturas, análise de pegadas, fezes etc.. A exuberância
deve ser determinada por um “expert” em fauna silvestre.

Quadro 51 – Fauna Silvestre na Microbacia.


CÓD. 20
CLASSES DE EXUBERÂN-
CÓD. VALOR PONDERADO
CIA
20.1 100 % 10
20.2 90 % 9
20.3 80 % 8
20.4 70 % 7
20.5 60% 6
20.6 50% 5
20.7 40% 4
20.8 30% 3
20.9 20% 2
20.10  10% 1

O Quadro 52 trata da paisagem nativa da Microbacia.


A paisagem nativa deve ser analisada considerando o percentual
de ação antrópica exercido sobre a mesma.
Áreas com níveis de ação antrópica altíssimos (90 a 100%), ou
seja, já deterioradas, encontra-se na melhor condição para que ocorra a
localização dos resíduos. Significam áreas já deterioradas, portanto
mais compatíveis com a colocação de resíduos.
As áreas com baixos níveis de ação antrópica, menos deteriora-
das, devem ser preservadas.
245

Quadro 52 – Paisagem nativa na Microbacia.


CÓD. 21
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
21.1 sem ação antrópica 1
21.2 10% 2
21.3 20% 3
21.4 30% 4
1.5 40% 5
21.6 50% 6
21.7 60% 7
21.8 70% 8
21.9 80% 9
21.10 90% a 100% 10

O Quadro 53 considera a ocupação humana (áreas construídas)


na Microbacia.
Relativo a este item entende-se como melhor situação a Micro-
bacia com menores índices de ocupação humana, até a pior situação,
aquelas áreas com altos índices de ocupação humana.

Quadro 53 – Ocupação humana (áreas construídas) na Microbacia.


CÓD. 22
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
22.1 Ocupação Total (100%) 10
22.2 90% 9
22.3 80% 8
22.4 70% 7
22.5 60% 6
22.6 50% 5
22.7 40% 4
22.8 30% 3
22.9 20% 2
22.10 0 a 10% 1

O Quadro 54 avalia o uso da terra, ou seja, índices de ocupação total


da terra relativo à agricultura, pecuária, construções etc.. As áreas com
maiores índices de ocupação são consideradas como piores situações.
246

Quadro 54 – Uso da Terra na Microbacia.


CÓD. 23
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
23.1 Ocupação total da Terra:
Agricultura, Pecuária, Construção, 10
etc., (100%)
23.2 90% 9
23.3 80% 8
23.4 70% 7
23.5 60% 6
23.6 50% 5
23.7 40% 4
23.8 30% 3
23.9 20% 2
23.10 0 a 10% 1

O Quadro 55 trata das áreas queimadas, pousio, antigas pedrei-


ras etc..

Quadro 55 – Áreas queimadas ou pousio (esgotadas) na Microbacia.


CÓD. 24
CÓD. CLASSES VALOR PONDERADO
24.1 100% da Unidade 1
24.2 90% 2
24.3 80% 3
24.4 70% 4
24.5 60% 5
24.6 50% 6
24.7 40% 7
24.8 30% 8
24.9 20% 9
24.10 0 a 10% 10

Estas áreas encontram-se esgotadas, com maiores índices de de-


terioração, portanto são propícias as localizações de resíduos.

O Quadro 56 apresenta um resumo dos valores ponderados


atribuídos aos Quadros 32 a 55.
247

Quadro 56 - Temas e valores ponderados levantados.


Valores
Código Temas
Ponderados
1 Qualidade dos resíduos 1 – 10
2 Acesso a área 1–5
3 Potencial de recuperação da área deteriorada 1–5
4 Uso futuro da área 1–5
5 Vida útil da área 1–5
6 Jazidas de material de cobertura qualidade/quantidade 1–5
7 Distância do material de cobertura da jazida 1–5
8 Profundidade do lençol freático 1–7
9 Proximidade dos cursos d’água 1–7
10 Risco de contaminação 1–5
11 Suscetibilidade a processos de dinâmica superficial 1 – 10
12 Ventos predominantes / direção 1–5
13 Aceitabilidade da população 1–4
14 Mão-de-obra envolvida no manuseio do lixão controlado
1–6
ou USTL / contribuição social
15 Custo da terra 1–5
16 Vegetação predominante na área de influência da Microbacia 1 – 15
17 Declividade média da área de influência da Microbacia 1 – 13
18 Densidade de Drenagem predominante na área
1 – 10
de influência da Microbacia
19 Coeficiente de rugosidade na área de influência da Microbacia 1–4
20 Fauna silvestre na área de influência da Microbacia 1 – 10
21 Paisagem nativa na área de influência da Microbacia 1 – 10
22 Ocupação humana na área de influência da Microbacia 1 – 10
23 Uso da terra na área de influência da Microbacia 1 – 10
24 Áreas queimadas, esgotadas ou pedreiras abandonadas 1 – 10

O Quadro 57 mostra a seqüência metodológica da tabulação dos


dados.

Tabulação dos dados


Quadro 57 – Resultados do diagnóstico e unidade crítica de deterioração.
Código PARÂMETROS Valores Significativos
Encontrado Mínimo Máximo
1.1 Hospitalar
1.2 Ambulatorial
1.3 Fábricas – Metal pesado
248

1.4 Fábricas – Material de contaminação média


1.5 Fábricas – Material de pequena conta- 1 10
minação
1.6 Resíduos domésticos normais
1.7 Resíduos domésticos orientados tecni-
camente
2.1 Asfalto bom
2.2 Asfalto ruim
2.3 Terra (boa) 1 5
2.4 Terra (ruim)
2.5 Trilha
3.1 Extremamente difícil
3.2 Difícil
3.3 Medianamente fácil 1 5
3.4 Fácil
3.5 Muito fácil
4.1 Agricultura
4.2 Loteamentos
4.3 Recreação 1 5
4.4 Pastagem
4.5 Florestas
5.1 > 20 anos
5.2 15 – 20 anos
5.3 10 – 15 anos 1 5
5.4 5 – 10 anos
5.5 < 5 anos
6.1 Excelente / Abundante
6.2 Boa / Regular
6.3 Média / Média 1 5
6.4 Ruim / Pouca
6.5 Péssima / Muito pouca
7.1 Muito longa > 10 Km
7.2 Longa 5 a 10 Km
7.3 Média 2 a 5 Km 1 5
7.4 Pequena 1 a 2 Km
7.5 Muito pequena < 1 Km
8.1 < 1 m de profundidade
8.2 1 – 2 m de profundidade
8.3 3 – 4 m de profundidade
8.4 5 – 6 m de profundidade 1 7
8.5 7 – 8 m de profundidade
8.6 9 – 10 m de profundidade
8.7 > 10 m de profundidade
9.1 < 100 metros
249

9.2 100 a 200 m


9.3 200 a 300m
9.4 300 a 400m 1 7
9.5 400 a 500m
9.6 500 a 600m
9.7 > 600m
10.1 Muito grande
10.2 Grande
10.3 Médio 1 5
10.4 Pequeno
10.5 Muito pequeno
11.1 Voçorocas 50 a 100% de exuberância
11.2 Voçorocas 20 a 50% de exuberância
11.3 Voçorocas < 20% de exuberância
11.4 Sulcos 50 a 100% de exuberância
11.5 Sulcos 20 a 50% de exuberância 1 10
11.6 Sulcos < 20% de exuberância
11.7 Laminar 50 a 100% de exuberância
11.8 Laminar 20 a 50% de exuberância
11.9 Laminar < 20% de exuberância
11.10 Sem erosões
12.1 Direção no sentido lixão – cidade ou aglomerado
12.2 Direção no sentido lixão – aglomeração de animais
12.3 Direção no sentido lixão – áreas agrícolas 1 5
12.4 Direção no sentido lixão – pastagens
12.5 Direção no sentido lixão – florestas
13.1 Muito bem aceita
13.2 Medianamente aceita 1 4
13.3 Aceita abaixo da média
13.4 Não aceita
14.1 Até 10 pessoas
14.2 11 – 20 pessoas
14.3 21 – 30 pessoas 1 6
14.4 31 – 40 pessoas
14.5 41 – 50 pessoas
14.6 > 50 pessoas
15.1 Muito alto
15.2 Alto
15.3 Médio 1 5
15.4 Baixo
15.5 Muito baixo
16.1 Nativa/Plantada Exuberância (100%)
16.2 Nativa/Plantada Exuberância (75%)
16.3 Nativa/Plantada Exuberância (50%)
250

16.4 Nativa/Plantada Exuberância ( 25%)


16.5 Nativa/Plantada Exuberância (< 25%)
16.6 Nativa/Plantada Exuberância (100%)
16.7 Nativa/Plantada Exuberância (75%)
16.8 Nativa/Plantada Exuberância (50%) 1 15
16.9 Nativa/Plantada Exuberância (25%)
16.10 Nativa/Plantada Exuberância (< 25%)
16.11 Herbácea/Graminácea Exuberância (100%)
16.12 Herbácea/Graminácea Exuberância (75%)
16.13 Herbácea/Graminácea Exuberância (50%)
16.14 Herbácea/Graminácea Exuberância (25%)
16.15 Herbácea/Graminácea Pobre (< 25%)
17.1 < 02
17.2 02 – 05
17.3 05 – 12
17.4 12 – 30 1 13
17.5 30 – 47
17.6 > 47
18.1 D01: 3,660 – 12.737
18.2 D02: 12,738 – 21,813
18.3 D03: 21,814 – 30,891
18.4 D04: 30,892 – 39,969
18.5 D05: 39,970 – 49,047 1 10
18.6 D06: 49,048 – 58,125
18.7 D07: 58,126 – 67,203
18.8 D08: 67,204 – 76,281
18.9 D09: 76,282 – 85,359
18.10 D10: 85,360 – 94,430
19.1 A (solos apropriados para agricultura)
19.2 B (solos apropriados para pastagens) 1 4
19.3 C (solos apropriados para pastagens/florestas)
19.4 D (solos apropriados para florestamentos)

20.1 100 %
20.2 90 %
20.3 80 %
20.4 70 %
20.5 60% 1 10
20.6 50%
20.7 40%
20.8 30%
251

20.9 20%
20.10  10%
21.1 sem ação antrópica
21.2 10%
21.3 20%
21.4 30%
21.5 40% 1 10
21.6 50%
21.7 60%
21.8 70%
21.9 80%
21.10 90% a 100%
22.1 Ocupação Total (100%)
22.2 90%
22.3 80%
22.4 70%
22.5 60% 1 10
22.6 50%
22.7 40%
22.8 30%
22.9 20%
22.10 0 a 10%
23.1 Ocupação total da Terra: Agricultura,
Pecuária, Construção, etc., (100%)
23.2 90%
23.3 80%
23.4 70%
23.5 60% 1 10
23.6 50%
23.7 40%
23.8 30%
23.9 20%
23.10 0 a 10%

24.1 100% da Unidade


24.2 90%
24.3 80%
24.4 70%
24.5 60% 1 10
24.6 50%
24.7 40%
24.8 30%
252

24.9 20%
24.10 0 a 10%
Total de Fatores 24 181
Unidade Critica de Deterioração (%)

Estudo analítico para análise dos parâmetros físicos ambientais

Para a deterioração 100% (y = 100) o valor de x = 181 (valor


máximo total - Quadro 57).
Para a deterioração 0 % (y = 0) o valor de x = 24 (valor mínimo total
– Quadro 57).

y = a.x + b

0 = 24.a + b
100 = 181.a + b

a = 0,5525
b = - 13,2600

A equação definida: y = 0,5525.x – 13,2600

Representação gráfica

A sistemática da representação gráfica é semelhante aos casos


anteriormente apresentados.
7. ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS EM MICROBACIAS
HIDROGRÁFICAS

Como proposta inicial necessário se torna enumerar os parâme-


tros mais adequados para uma análise de risco ambiental mais eficien-
te em Microbacias Hidrográficas:
1. A Microbacia, objeto do estudo, deverá ser subdividida em tantas
mini-Bacias quantas forem possíveis e estas em seções, se for o
caso, para se aplicar o cálculo dos índices de circularidade, atra-
vés dos quais serão verificadas as unidades mais propícias às en-
chentes, erosões, assoreamentos e secas (tema já desenvolvido
neste livro).
2. Como segundo parâmetro será necessário averiguar o uso poten-
cial das terras para se projetar os usos agrícolas, florestais e pe-
cuários mais adequados e condizentes com a sustentabilidade am-
biental, visando uma produtividade mais eficiente nestas áreas (a
metodologia sugerida é a do coeficiente de rugosidade desenvol-
vido neste livro).
3. Na hipótese de haver rios na Microbacia, deverão ser levantados
os perímetros de inundações (metodologia das paralaxes) para
se poder equacionar a localização de lavouras, residências e cons-
truções em geral (vide Rocha, 1986-1988).
4. Uma carta de fauna silvestre (mastofauna, avifauna, herpetofau-
na, ictiofauna e entomofauna) torna-se obrigatória na Microbacia
para se poder definir as áreas mais propícias à preservação das es-
254

pécies. A metodologia deverá ser a da aplicação dos hexágonos


na avaliação de exuberâncias da fauna (Rocha, 1997).
5. Em havendo grandes declividades na Microbacia, os pontos de
possíveis desmoronamentos deverão ser estabelecidos para a futu-
ra locação de construções e lavouras anuais (elaborar carta de
declividades).
6. As áreas de riscos ambientais estão, de certo modo, ligadas à qua-
lidade de vida dos moradores da Microbacia. Para tal é necessário
fazer um levantamento sócio-econômico da unidade (avaliar os fa-
tores sociais, tecnológicos, econômicos e ambientais, com seus
respectivos modelos matemáticos, com amostragem via aerofoto-
gramas).
7. Locais de aplicação de agrotóxicos, locais de lixões e esgotos e
proximidades de fábricas são fatores de riscos ambientais em Mi-
crobacias.

Observação:
Todos os sete itens assinalados só poderão atingir bons resul-
tados se a ferramenta básica (aerofotogramas atualizados) estiver dis-
ponível. Como solução intermediária pode-se lançar mão de fotogra-
fias aéreas não convencionais, que possuem baixo custo e podem
produzir ortocartas geo-referenciadas por intermédio de pontos levan-
tados com GPS topográficos.
Com estes dados pode-se diagnosticar e prognosticar os riscos
ambientais nas Microbacias.
8. FORMAÇÃO DE COMITÊS

Para se atingir o manejo integrado com sucesso é necessário


formar o Comitê Central e os Comitês Municipais em cada municí-
pio abrangido pela bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica.
Esses comitês são responsáveis pela Educação Ambiental
Técnica e pela Auto-administração da bacia ou Sub-Bacia, bem
como pelo monitoramento ambiental.

8.1. Comitê Central


O Comitê central é formado por:
a) um coordenador geral (do município sede);
b) um secretário;
c) um tesoureiro;
d) dois assessores técnicos (normalmente pessoas competentes na
área de manejo integrado de Bacias Hidrográficas);
e) um representante da área técnica e um da área política de cada
município envolvido. De preferência, o técnico deverá ser da
EMATER ou órgão que execute extensão rural.
Os técnicos são responsáveis pela resolução dos problemas ati-
nentes à atividade profissional e os políticos, com os diagnósticos nas
mãos, procuram obter verbas junto aos órgãos governamentais, para
aplicá-las nas Microbacias objetos do projeto.
Obs.: Estes comitês não são os mesmos preconizados nas Leis dos
Recursos Hídricos, são comitês ambientais. Nada impede sua fusão
com aqueles.
256

8.2. Comitês Municipais


Os Comitês Municipais são formados por:
a) dois representantes do Comitê Central, atribuindo-se a um de-
les o cargo de coordenador do Comitê Municipal e, de prefe-
rência, ao outro, o de secretário;
b) um líder sindical;
c) um a dois representantes da Prefeitura Municipal;
d) um representante da Associação Rural;
e) um representante de cada força viva do município, que possa
ajudar na melhoria do meio ambiente (Banco do Brasil, IRGA,
EMATER, SUDESUL, Caixa Econômica Federal, Secretaria
de Educação, Cooperativas, entre outros).

Observação: O Coordenador, o Secretário e o Tesoureiro podem ser no-


meados entre os seus pares. Neste caso, o número de compo-
nentes do Comitê Municipal não deve exceder de quinze pessoas.

Estes Comitês Municipais têm a responsabilidade de divulgar


a metodologia simplificada em todo o município, através de reuniões
em templos religiosos, escolas, programas de rádio e de televisão, jor-
nais, etc..
O programa de Educação Ambiental Técnica é orientado pe-
los Comitês, e a recuperação e a conservação da bacia ou Sub-Bacia
Hidrográfica passa a ser de sua inteira responsabilidade.
257

8.3. Nomeação dos Comitês – utilidade pública


Os membros dos Comitês Central e Municipal, ligados às pre-
feituras, são nomeados para mandato de dois anos, através de decretos
assinados pelos Prefeitos respectivos e por “atos designatórios” quan-
do pertencerem a outras entidades.
Os Comitês devem reunir-se uma vez por mês, pelo menos, para
tratar de todos os assuntos atinentes ao manejo integrado da bacia ou
Sub-Bacia Hidrográfica em questão e cada reunião deverá ter a sua ata
elaborada para ser lida e submetida à aprovação na reunião seguinte.
Os Comitês devem ser oficializados e deve-se registrá-los nos
órgãos competentes.
A bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica deve ter seus Comitês con-
siderados de utilidade pública pelas prefeituras envolvidas.
O seu caráter “sem fins lucrativos” permite-lhe dotação orça-
mentária pelo Município, Estado ou União, bem como doações dedu-
tíveis no imposto de renda (por empresas).
Este caráter é conseguido por reconhecimento e aprovação na
Assembléia Legislativa do Estado.

8.4. A Memória
O Comitê Central deve providenciar, ao inicio de sua formação,
a memória da bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica.
Essa memória deve registrar, através de atas, documentação
fotográfica, recortes de jornais, cartazes, videofitas e tudo o mais que
for relacionado à bacia ou Sub-Bacia, a partir do ano de elaboração do
projeto.
258

A cada ano subseqüente a memória enriquece de dados e a


população poderá sentir, ao longo dos anos, toda a evolução do pro-
cesso do manejo integrado junto à recuperação ambiental.
Se possível, deve ser designada uma secretária específica para
se responsabilizar pela memória.
Em todas as festividades nos municípios integrantes do projeto
deve-se fazer alusões com mensagens (através de cartazes, rádios,
etc.) ao manejo integrado da bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica e essas
mensagens vão para a memória.

8.5. Como Surgem os Comitês


Para que se formem Comitês Central e Municipais relativos a
uma determinada bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica, a seqüência nor-
mal é baseada em conscientização de grupos e se inicia assim:
a) O Município sede (o principal da bacia ou Sub-Bacia Hidro-
gráfica), através de seus técnicos, solicita palestra ou seminário
sobre manejo integrado de Bacias Hidrográficas a um especia-
lista na área (professor universitário, doutor na área, ou técni-
co-cientista pertencente à empresa cientifica, sendo ele, pelo
menos, mestre na área ou autoridade internacional no assunto).
b) Após a primeira reunião, de conscientização técnica, é pro-
gramada outra reunião para os prefeitos da região, vereadores e
os mesmos técnicos da primeira reunião. É a reunião de cons-
cientização política.
c) Uma terceira reunião é feita com líderes dos municípios en-
volvidos, juntamente com todas as professoras municipais (das
259

áreas urbana e rural). É a grande reunião de conscientização. E,


a partir daí, todas as comunidades abrangidas pela bacia ou
Sub-Bacia Hidrográfica tomam conhecimento do projeto e de
sua importância. Os resultados dessas três primeiras reuniões
devem ser divulgados pela imprensa falada, escrita e televisio-
nada.
d) Uma vez que toda a população tenha tomado ciência, faz-se a
quarta reunião, somente entre técnicos e representantes políti-
cos das prefeituras. Nessa quarta reunião, são decididos:
- Primeiro: a formação dos Comitês Central e Municipais;
- Segundo: a forma de contratação da “Elaboração do Projeto
de manejo integrado da bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica”.

Esse projeto, a ser contratado, é de caráter multidisciplinar e só


poderá ser elaborado por instituição ou empresa idônea, com larga
experiência no ramo e que a equipe, constituída de doutores nas áreas
de Engenharia Florestal, Engenharia Civil, Agronomia, Biologia,
Química, Estatística, Sanitarismo, Geografia e Geologia, entre outras,
tenha condições de diagnosticar, planejar e resolver problemas atinen-
tes ao: Inventario e Biometria Florestal, Silvicultura e Manejo Flores-
tal, Fotointerpretação, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto, Plane-
jamento Fisico-Rural, Planejamento Regional e Urbano, Planejamento
de Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos, Solos, Geologia, Geo-
morfologia, Eletrificação Rural, Fauna Silvestre, Sociologia, Econo-
mia, Computação Eletrônica, Estatística, Cartografia, Geodésia, To-
pografia, Estradas, Irrigação e Drenagem, Conservação de Solos, Pre-
260

servação e Educação Ambiental Técnica, Ecologia e Impactos Ambi-


entais, ou seja que tenha competência em Projetos Ambientais.
No Rio Grande do Sul, até a presente data, são poucas as em-
presas especializadas na elaboração desses projetos.
Uma vez elaborado o projeto, os Comitês assumem a sua exe-
cução e auto-administração.

8.6. Logotipo – Sigla


Os comitês fazem um concurso de logotipos e siglas para, uma
vez escolhidos os melhores, serem usados nos cartazes, promoções e
correspondências oficiais. Além do logotipo principal, pode-se esco-
lher o logotipo selo (para ser deixado nos correios e colocar em cartas
para divulgação – são gratuitos).
Exemplos de belos logotipos e siglas existem em vários comi-
tês de Sub-Bacias Hidrográficas no Rio Grande do Sul.
9. MONITORAMENTO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA

Os três primeiros diagnósticos que definem a “Deterioração da Am-


biência” da bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica (Diagnóstico Físico-
Conservacionista, Sócio-econômico e Ambiental) deverão ser levantados a
cada dois anos para verificar se a metodologia aplicada funcionou ou não. Se
a percentagem de Deterioração de Ambiência diminuir a cada dois anos, é
sinal que o Ecossistema está se equilibrando e, se este valor atingir 10% ou
menos, está se atingindo o equilíbrio sinecológico (que é o ambiente-meta).
O monitoramento, a cada dois anos, explica-se pelo fato de, neste
período, poder-se modificar o estado de conservação dos solos, implantar
florestamentos e introduzir melhorias sócio-econômicas, bem como im-
plantar a educação ambiental técnica nas escolas das Microbacias e se fa-
zer à correção da poluição direta do meio ambiente.
Os monitoramentos permitem avaliar previsões “para quando” se
terá à recuperação integral das Microbacias, por conseguinte, da bacia ou
Sub-Bacia Hidrográfica.
Note-se que os diagnósticos subseqüentes (a cada dois anos) são
menos dispendiosos, pois os dados básicos já foram levantados e a conscien-
tização geral, conseguida no período, permite maior rapidez e eficiência na
coleta de dados.
Note-se também que o monitoramento reavalia a “Roda Viva de
Deterioração Ambiental”, permitindo verificar, por Microbacia, aquelas
que estão melhorando (evoluindo) física, sócio-econômica e ambiental-
mente, o que é um dado de extrema importância.
10. COMENTÁRIOS FINAIS

Este capítulo é destinado à conceituação condensada dos prin-


cipais pontos relativos á “Importância do Manejo Integrado da Bacia
Hidrográfica”.

10.1. A Importância dos Recursos Naturais Renováveis (RNR)


Os recursos naturais renováveis são importantes por se cons-
tituírem em elementos geradores e mantenedores da vida no planeta, e,
em conseqüência da ação destruidora do homem no processo que ele
denomina de desenvolvimento, os Manejos Integrados de Bacias
Hidrográficas são métodos que visam sua recuperação, conservação e
preservação.

10.1.1. Importância História


Ao ser descoberta a América e o Brasil, os colonizados e con-
quistadores descobriram as grandes riquezas naturais: florestas, ani-
mais, água, solo e subsolo, bem como metais preciosos e semiprecio-
sos. A exploração irracional foi uma constante desde então. Dominan-
do os índios e com auxilio da escravidão, explorou-se e explora-se o
País até os nossos dias. Até à metade do século vinte, o colonialismo
político e econômico na América Latina foram suficientes para deixar
o País nesse estado atual de deterioração. Sempre se explorou “sem
cuidados” e “sem reposição”. (Pedro Hidalgo).
264

10.1.2. Importância Ecológica


Os Recursos Naturais Renováveis (RNR) sustentam o equilí-
brio entre o Homem e a Natureza.
A destruição de um desses recursos representa o desequilíbrio
e a futura destruição do homem. Notem-se os incêndios florestais, a
destruição do solo, os desertos, o efeito estufa e a camada de ozônio.

10.1.3. Importância Política


Os países capitalistas destroem os RNR e criam leis para pro-
tegê-los. Os países socialistas sempre pensaram e pensam que os RNR
cumprem uma função social a serviço do homem e da sociedade. Em
ambos os casos, projetam-se processos de desenvolvimento econômi-
co e social sustentados, para que não causem danos à natureza, mas,
na prática, muitas vezes ocorre o desastre ecológico.

10.1.4. Importância Econômica


Os RNR permitem originar rendas, empregos e fornecimento
de matérias-primas, por esta razão, afetam a base do crescimento eco-
nômico de um País. Os países do terceiro mundo, pelo uso indiscrimi-
nado dos RNR, tendem a empobrecer continuamente, em especial pelo
fato do uso intensivo da monocultura, muitas vezes, em locais inade-
quados. Exporta-se a matéria-prima a preços aviltantemente baixos e
os países industrializados as transformam e enriquecem continuamente.
265

10.1.5. Importância Social


Os Recursos Naturais Renováveis, e também os Não Renová-
veis, foram sempre a base fundamental da existência do homem.
Neles, o homem tem a sua fonte de alimentos, energia elétrica,
calor, água potável, casa, vestuário, medicina, transporte, moveis, etc..
São notáveis, no Brasil, as importâncias sociais do cacau, cana-
de-açúcar, café, algodão, frutas, madeiras e pedras semipreciosas e
preciosas, desde a época do descobrimento.

10.1.6. Importância Tecnológica


Pelo uso dos RNR, o homem teve que desenvolver várias tec-
nologias especificas: usinas hidrelétricas, usinas de tratamento de
água, produção de álcool da cana-de-açúcar, agroindústrias, recicla-
gem do lixo, entre outras.

10.1.7. Importância Institucional


A partir do momento em que o homem começou a usar os
RNR em suas múltiplas formas e as conseqüências se fizeram notó-
rias, diversas organizações surgiram no mundo, e mesmo no Brasil,
para ajudar a preservar a natureza. Assim, surgiram: a FAO (Organi-
zação das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), a PNU-
MA (Programa das Nações Unidas para a Proteção do Meio Ambien-
te), a OMS (Organização Mundial da Saúde), MARNR (Venezuela) –
Fundações Internacionais de Proteção à Natureza, IBAMA, CONA-
MA, SEMAs (Secretarias Especiais de Meio Ambiente) AGAPAN
(RS), ASEPAN (RS), CETESB (SP), CODIVAP (RJ – SP – MG),
266

FEEMA (RJ), FEPAM (RS), entre outras tantas siglas que visam, em
seu escopo, preservar os Recursos Naturais Renováveis (e não re-
nováveis).

10.1.8. Importância Jurídica


A importância institucional levou à necessidade de se criar leis
para se conservar e preservar os RNR e o meio-ambiente.
Assim é que a nova Constituição brasileira, de 1988, abriu
grandes perspectivas por ter um capitulo sobre meio-ambiente, e o
mesmo ocorre nas constituintes estaduais e municipais (Leis Orgâni-
cas). O IBAMA e o CONAMA criaram várias leis e portarias relativas
aos RNR e preservação ambiental.

10.1.9. Importância Ambiental


Os recursos naturais: solo, água, vegetação, fauna, subsolo, ar
e o homem organizado em sociedade constituem o meio-ambiente.
Cada um desses recursos tem um padrão de qualidade. O rom-
pimento de um padrão de qualquer recurso natural dá origem à deteri-
oração ambiental e aí se inicia o processo da diminuição da qualidade
de vida. O homem e a sociedade só se desenvolvem quando não há
deterioração ambiental, quando não há rompimento do padrão de qua-
lidade.

10.2. Amazonas e Pantanal


O Manejo Integrado de Bacias ou Sub-Bacias Hidrográficas no
Amazonas e/ou no Pantanal pode trazer riquezas incalculáveis ao Bra-
267

sil, inclusive permitindo o pagamento da dívida externa em médio


prazo (10 a 20 anos), sem destruir o meio ambiente. Reporte-se ao uso
racional da água, criação de peixes, tartarugas (produção de carnes e
ovos), Jacarés (peles), madeiras (em exploração sustentada), casta-
nhas, cocos, frutas, minérios “in natura”ou industrializados, flora me-
dicinal, perfumes, fauna, entre muitos usos racionais que são detecta-
dos nos Diagnósticos do Manejo Integrado.

10.3. Rios do Brasil Social


Abaixo do paralelo 10, situa-se a área denominada “social” do
País, onde o homem deixou menos de 8% de cobertura florestal e ata-
cou a paisagem para implantar a agricultura irracional e centenas de
fábricas poluidoras (poluição aérea e aquática).
Já se fala na morte do “Velho Chico” (Rio São Francisco – rio
da integração nacional).
O Rio Paraíba do Sul, situado no eixo mais rico do País (São
Paulo – Rio) apresenta-se bastante poluído e necessita urgentemente
de recuperação.
O Rio Tietê, em São Paulo, já foi tratado com microalgas do
gênero Chiorella sp e Scenedesmus sp (por informação de Hideo
Kawai), as quais, por possuírem o mesmo peso da água, liberam oxi-
gênio em seu interior, inibem a ação de bactérias anaeróbias que pro-
duzem mau cheiro. Simultaneamente, desenvolvem microrganismos
que se alimentam de enxofre, fósforo e potássio existentes no rio poluído.
Todos conhecem os altos níveis de poluição dos rios de Per-
nambuco, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Para-
268

ná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (toda a Bacia do Jacuí e a


do Ibicuí). As redes hidrográficas do Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Goiás e Bahia apresentam situações catastróficas.
Todas as 93 Sub-Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul e
as 1.450 do resto do País necessitam urgentemente de projeto de ma-
nejo integrado. Antes de tudo, necessitam de uma avaliação de prio-
ridades (item 5.2).

10.4. Quatro Pontos Recomendados aos Políticos do Brasil


Não se poderia deixar de mostrar onde se situa a “importância
do manejo integrado das Bacias ou Sub-Bacias Hidrográficas”, no
contexto geral da recuperação do País e sua colocação na rota da recu-
peração e do desenvolvimento.
Por observações, nota-se que:
a) A erosão continua no Brasil, em todas as suas formas.
b) O desmatamento continua sendo uma realidade alarmante.
c) “Desertos” surgem em vários Estados. Só no Rio Grande do Sul,
são milhares de hectares em solos completamente esgotados.
d) A miséria e as doenças aumentam proporcionalmente à dete-
rioração ambiental.
e) O uso do fogo no campo continua sendo uma realidade (cala-
midade), talvez o motivo da falta de chuvas no Centroeste
aumentando a temperatura do ar e, conseqüentemente, a pressão.
f) O lixo e os esgotos a céu aberto existem em quase todas as ci-
dades.
269

g) A quase totalidade dos rios do País está poluída por mau uso
das terras (erosão – originando a turbidez da água), agrotóxi-
cos (3.5 Kg/hab./ano), efluentes industriais, esgotos, resíduos
de serviços de saúde (patogênicos), lixos diversos e várias ou-
tras formas de poluição.
h) A poluição aérea é altíssima em todas as cidades com mais de
200 mil habitantes.
i) Antes de 1973 o bem jurídico tutelado no País não era o meio-
ambiente e isto contribuiu bastante para a sua deterioração.
j) A poluição generalizada, devido à falta de educação ambiental
(pichação de paredes, mau uso de banheiros públicos, sujeiras
pelas ruas, existência indiscriminada de quebra-molas, mortes
de animais na vias públicas, vidros e lâmpadas quebradas, a
síndrome do plástico pelas ruas e estradas, o cotidiano das
pessoas com roupas rasgadas, sujas e descalças, entre outros)
é tão marcante por todos os lados que só isto é suficiente para
mostrar a nós e aos estrangeiros o “porquê” do Brasil ser con-
siderado um País subdesenvolvido.
k) A mortalidade infantil é alta, a renda “per capita” é baixa e o
analfabetismo atinge altíssimos níveis em quase toda a Nação.

Em vista destas constatações e muitas outras que poderiam ser


citadas, é que se recomenda os quatro pontos fundamentais para serem
elaborados, implantados e auto-administrados no País, conseguindo-
se, com isto, resolver, senão todos, quase todos os problemas que es-
tão levando a Nação Brasileira à deterioração total.
270

Primeiro: Aplicar rigorosamente a legislação ambiental, aperfei-


çoar as legislações florestais e agrícolas, aplicando-as,
com rigor, posteriormente.
Isto se deve ao fato de que a Legislação Ambiental no Brasil é
muito avançada, porem não é cumprida. As legislações florestais e
agrícolas precisam ser atualizadas e postas em pratica, com rigor, sem
protecionismo políticos.

Segundo: Implementar os programas de Bacias, Sub-Bacias e Mi-


crobacias Hidrográficas em todo o País.
Menos de 1% dessas unidades são hoje objeto de projetos “efe-
tivos e concretos”. Por isso releva-se a importância do tipo de manejo
proposto e quão é oportuna a edição deste livro em sua quarta edição.

Terceiro: Todos os municípios devem elaborar e executar o seu


“dossiê de ambiência”.
O “dossiê de ambiência” consiste no levantamento de todos os
problemas do município, em todos os níveis, multidisciplinarmente,
transformando-os em metas. As metas são priorizadas por metodolo-
gias simples e são executadas dentro da disponibilidade de cada muni-
cípio, na área urbana e na área rural. No Rio Grande do Sul, até a pre-
sente data, 45 cidades já elaboraram o seu dossiê de ambiência. Na
Paraíba 4 cidades, em Alagoas 7 cidades, em Minas Gerais 2 cidades e
em Pernambuco 1 cidade.
271

Quarto: implantar a educação maciça em todos os níveis e para


todos, especialmente a EDUCAÇÃO AMBIENTAL
TÉCNICA.
A educação deve ser considerada prioritária, pois, através dela,
consegue-se atingir o desenvolvimento social, tecnológico e econômico
e através de qualquer outra prioridade, não se consegue nada, a não ser
pobreza e subdesenvolvimento. Israel, Japão, Alemanha, os paises es-
candinavos e todos os paises industrializados conseguiram superar seus
problemas com grandes investimentos na educação e nos cientistas.
As Constituintes Nacional, Estaduais e Municipais já iniciaram
a abertura para estas quarto recomendações. Cabe ao povo escolher o
seu destino, através de seus representantes.

10.5. Dois Registros Finais

A - Os autores agradecem:
O apoio técnico da Engenheira MSc. Sandra Maria Garcia;
Aos Engenheiros MSc. do LAPAF Fábio Charão Kurtz, Alessandro
Herbert de Oliveira Santos, Paulo Roberto Jaques Dill e Paulo Rober-
to Vasques de Ataides;
Ana Lúcia Silva da Silva e Grazielle Monteiro de Juli (digitação);
Ao Curso de Pós-Graduação em Educação Ambiental da UFSM;
Ao Curso de Engenharia Florestal da UFSM;
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM;
Ao Departamento de Engenharia Rural do CCR – UFSM.
272

B - Um caso a ser extrapolado a outros Estados da Federação: A


maior poluição dos recursos hídricos no Estado do Rio Grande do Sul
está diretamente relacionada á expansão das fronteiras agrícolas.
Sabe-se que 42% das terras do Rio Grande do Sul são de classes
tipicamente florestais (classes de capacidades de uso das terras: V –
VI – VII – VIII).
Destes 42%, 90% foram ocupados com agricultura predatória.
Quase a totalidade das lavouras, especialmente as de áreas com
declividades médias superiores a 10%, são implantadas sem as prati-
cas conservacionistas preconizadas nos textos científicos e nas leis
atinentes ao assunto.
O uso inadequado das lavouras tem causado a destruição da fau-
na silvestre, bem como o assoreamento dos rios, diminuindo a sua
navegabilidade e o seu potencial hidrelétrico e ajudando na dissemi-
nação de varias doenças, inclusive causando mortes humanas, pelo
uso indiscriminado de defensivos agrícolas nas lavouras, sem falar no
prejuízo enorme na dessedentação animal e destruição de matas nati-
vas em coroas de proteção de nascentes (muitas nascentes secaram nos
últimos anos).
A implantação das lavouras no Rio Grande do Sul, em quase sua
totalidade, infringe o Artigo 20, incisos XIX – XV, XVI da Resolução
CONAMA 001/23/01/86. O primeiro autor propôs a SOSEF (Socie-
dade Santa-mariense de Engenheiros Florestais) que enviasse a todas
as Prefeituras do Rio Grande do Sul, que se organizaram em Consti-
tuintes Municipais, recomendando que todos os proprietários rurais
com atividades agrárias, que, comprovadamente, vêm provocando
273

assoreamento e/ou poluição por agrotóxicos nos riachos, rios, açudes,


barragens ou em qualquer tipo de reservatório de água, para fins agrí-
colas e pecuários, sejam obrigados a apresentar, ao órgão competente,
PROJETO DE MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓ-
RIAS DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL, respeitando-se as pre-
conizações do Código Florestal. Esta proposta foi aprovada e endossada
pela AGEF (Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais) e pela SE-
FARGS (Sociedade de Engenheiros Florestais Autônomos do Rio
Grande do Sul).
Tais medidas visam conter o processo de erosão dos solos agrí-
colas e o assoreamento no Estado, contribuindo para o Manejo Inte-
grado das Bacias Hidrográficas.

10.6. Contatos com os autores


São poucas as universidades no País que possuem equipes co-
ordenadoras de Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas.
A Universidade Federal de Santa Maria possui vinte e seis (26)
professores preparados para assuntos relativos ao Manejo Integrado de
Bacias Hidrográficas. São doutores, mestres e especialistas e todos
estão à disposição do País para treinamento de pessoal, cursos rápidos,
seminários e palestras. Atualmente lecionam em cursos de Graduação
e Pós-Graduação na referida universidade.
Sabe-se que outras universidades do país possuem também
equipes altamente qualificadas nesta área.
Para contatos com os autores reporte-se à página seguinte.
274

Endereço para contatos, contribuições técnico-científicas,


esclarecimentos, solicitações de palestras e conferências – curso
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“Educação Ambiental Técnica para os Ensinos Fundamental, Médio e Supe-
rior” e “Manual de Projetos Ambientais”
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I not only think that we will


tamper with Mother Nature
I think Mother wants us to.
Eu não apenas acho que nós
agimos sobre a Mãe Natureza.
Como também acho que ela
quer que façamos isto.
(Willard Gaylin)

Toda a energia consumida


no mundo é proveniente do Sol.
Ela é dividida em duas
vertentes: a que incide e renova
diariamente sobre a Terra (nossa
renda energética) e a que incidiu
no passado ficando guardada sob a
forma de petróleo, carvão, gás e
biomassa (nossa riqueza acumula-
da).
Qualquer uso de energia
além de nossa renda, representa
uma redução de nossa riqueza e
nos levará progressivamente à po-
breza.
(Hermann Scheer)

Santa Maria – RS - Inverno de 2001.

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