Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESTADO DE
PERNAMBUCO
Governador Instituto de Tecnologia de Pernambuco
Eduardo Henrique Accioly Campos (ITEP-OS)
Gilberto Freyre,
Guia prático, histórico e sentimental da Cidade do Recife
98p.: il.
ISBN:
Sumário
A ÁREA DO EMPREENDIMENTO 18
DOEMPREENDIMENTO? 76
EMPREENDIMENTO? 100
Bairro do Recife, Recife - PE, CEP - 50030– 000 Cidade Universitária – Recife/PE
http://www2.semas.pe.gov.br/web/sectma http://www.itep.br
1
14
Esse projeto está limitado ao sul pela foz do rio Jaboatão e ao norte pela foz do rio Timbó, compre-
endendo os municípios de Jaboatão dos Guararapes, do Recife, de Olinda e do Paulista. São os
trechos definidos como Pontos Críticos de Erosão (MAI, 2009). A recuperação da orla marítima e
recomposição da areia das praias vão criar melhores condições para o desenvolvimento socioeco-
nômico e ambiental. Representam novas oportunidades, melhores condições e praias com quali-
dade.
RECIFE
OLINDA
12.261 m Praia dos Milagres 34,4% Sedimentos Enrocamentos
Praia do Carmo 65,6% Obras Rígidas Espigões
São Francisco, Farol Muros
Bairro Novo , Casa Caiada
Rio Doce
PAULISTA
14.468 m Praia de Enseadinha 66,5% Sedimentos Enrocamentos
Janga, Pau Amarelo 33,5% Obras Rígidas Espigões
Nossa Senhora do Ó Muros
Conceição, Maria Farinha
17
2
18
A área do
empreendimento
A urbanização da zona costeira pernambucana com diferentes objetivos
e componentes culturais começa com a criação das primeiras vilas e
cidades. As primeiras ocupações eram de grupos com interesse na pesca
– praias e bordas das lagunas (AB’SABER, 1990).
O resultado do estudo de Araújo et al. (2004) demonstrou que o setor metropolitano é o mais for-
temente ocupado, seguido pelos setores Norte e Sul pernambucanos respectivamente, conforme a
tabela abaixo.
O setor metropolitano, de acordo com a pesquisa de Araújo et al. (2004), representa 22,5% do li-
toral pernambucano. Associado a esse indicador, metade do ambiente praial encontra-se ocupado.
Essa ocupação ganhou nova dinâmica na década de 1970. As casas de veraneio se transformaram
em residências. Em seguida, começa a substituição das casas por edifícios residenciais e hotéis.
Cinquenta por cento das praias da região metropolitana apresentam áreas construídas que se es-
tendem até o estirâncio. O elevado percentual de ocupação da praia, principalmente por
residências ou obras de contenção, ocorre maior impacto é facilmente verificado nessas
porque o setor possui as maiores aglomerações praias. São as obras de engenharia que alteram
urbanas do estado, em especial o Recife, Jabo- ou retêm a deriva de sedimentos arenosos,
atão dos Guararapes e Olinda. Os trechos mais fundamentais para a alimentação da areia das
críticos corresponderam às praias em Jaboatão praias.
e em Olinda. Elas possuem diversas obras de
contenção, como exemplo, os 38 diques com A urbanização no litoral dos quatro municípios
intervalos de 50m de Olinda e, em Jaboatão ocorreu sobre as dunas frontais, de forma de-
dos Guararapes, enrocamentos e outras cate- sordenada. A inadequação provoca e intensifi-
gorias de intervenção. ca a erosão costeira. Em seguida, a construção
de estruturas para mitigar os efeitos da erosão
Olinda apresentou a pior situação em termos agrava o problema. As obras de contenção
de ocupação do ambiente na praia. O litoral têm sido construídas com o intuito de proteger
é praticamente todo ocupado por grandes propriedades ameaçadas. Essas estruturas (em
obras públicas de contenção. As poucas praias especial os enrocamentos e muros de conten-
existentes ocorreram com a engorda de praia ção) são levantadas em frente da escarpa das
artificial (PEREIRA et al., 2003). dunas e se têm mostrado economicamente
inviáveis. Proprietários ou mesmo o poder
A ocupação observada próxima ao litoral em público gastaram recursos a tentar solucionar
Jaboatão dos Guararapes, no Recife, em Olinda os problemas da erosão costeira que afetam as
e no Paulista é semelhante a de outras cidades obras construídas em locais indevidos. A cons-
no mundo. A urbanização não deixou espaço trução dessas obras na pós-praia e na praia
para a praia, gerando prejuízos de toda ordem. altera a dinâmica sedimentar, compromete a
O principal são as construções que impedem o estética do local, interfere na visão cênica e no
suprimento de areia. seu valor econômico.
A infraestrutura urbana representada por ruas, Essa zona costeira precisa de ações corretivas
calçadas, residências em área sob a ação do e preventivas (como o estabelecimento de
mar são as intervenções mais comuns. Confor- limites para construção) para promover uma
me estudos como o de Carneiro (2003), Araújo ocupação mais adequada da orla. A ordenação
et al. (2004), Manso (2004) e MAI (2009), o desse espaço é uma prioridade e um desafio.
21
Histórico da ocupação da costa de Olinda:
primeiras décadas do século XX e depois de 1960 e 2010
Fonte: Patrícia de Oliveira, Hewerton da Silva, Neiva de Santana, Elisabeth Silva, Valdir Manso.
Foz do rio Jaboatão em 1989 (a) e (b) detalhe da área com obras
costeiras do tipo molhes e espigões ao longo da margem esquerda do
rio em 2004
No Recife, foram colocados pedras-rachão naturais, presentes até hoje. Na figura a seguir,
e sacos de areia em resposta a erosão que vê-se a fotografia aérea de 1974, que retrata o
destruiu parte do calçadão a praia de Boa Via- litoral da Praia de Boa Viagem, com a presen-
gem, em 1994. No ano seguinte, novo estudo ça de dunas frontais preservadas e vegetação
concluiu que a obra mais adequada à proteção (MAI, 2009).
do calçadão seria o revestimento de blocos
As primeiras obras de contenção do mar em Ela provocou diversos danos às construções si-
Olinda ocorreram em 1950. As modificações tuadas entre as praias dos Milagres e do Farol.
para a ampliação do Porto do Recife (1909- Uma mudança notável foi a realocação do farol
1917) e da Base Naval do Recife são aponta- de Olinda, que funcionava à beira-mar.
das como uma das causas da erosão.
Nota: No detalhe, antiga posição do farol de Olinda, 1940. A seta em amarelo mostra a posição atual do
farol, construído no alto do morro do Serapião.
Fonte: CPRH; fotografia de Alexandre Berzin, acervo da Fundação Joaquim Nabuco
28
Essa intervenção é efetiva na proteção do ção da linha de costa. Se essas estruturas fo-
terreno contra a erosão, na proteção da parte rem construídas próximas da praia ou se forem
mais elevada da praia. No entanto, as estru- muito extensas em relação ao comprimento das
turas que não protegem a orla dos efeitos das ondas incidentes, ou ainda muito impermeá-
inundações, nem da erosão dos sedimentos da veis, podem desenvolver uma saliência, que
porção mais baixa do perfil praial, nem contra a passa a funcionar como um espigão, a barrar a
redução da intensidade das tempestades. Essa deriva litorânea e causando efeitos erosivos nas
intervenção pode contribuir para o rebaixamen- praias à jusante. Nessas condições, a deriva
to dos depósitos de areia do perfil praial, com litorânea é forçada a se desenvolver no lado
alteração significativa da paisagem. externo do quebra-mar, desviando a deriva
litorânea do sistema praial (MAI, 2009, v. 2).
Outra técnica presente no litoral em análise
são os espigões. Esse tipo de obra é construída Segundo estudos desenvolvidos pelo MAI
para ampliar na zona a barlamar a largura da (2009), as obras costeiras, ao longo da orla dos
pós-praia ou para reduzir as taxas de deriva municípios de Jaboatão dos Guararapes, do
litorânea. “A implantação dessas estruturas, Recife, de Olinda e do Paulista, somam uma
dependendo do seu número e tamanho, pode extensão de 20.090m de estruturas cons-
causar significativa retenção de sedimentos truídas, das quais 4.390m encontram-se em
e, consequentemente, um déficit no balanço Jaboatão dos Guararapes; 3.440m no Recife;
de areia, com redução no suprimento para as 7.610m em Olinda e 4.650m no Paulista.
praias a jusante.” (MAI, 2009, v. 2, p. 144). Em Jaboatão dos Guararapes, de acordo com
MAI (2009), as estruturas são as seguintes:
Os quebra-mares são usados principalmen-
te para reduzir a intensidade de energia das • 3.260m de enrocamentos e muros (74%);
ondas durante os ventos de tempestade. Esse • 30m de espigões e molhes (12%);
tipo de estrutura possibilita o desenvolvimento • 600m de quebra-mar (14%).
de uma ampla e estável praia na sua área de
sombra. Os efeitos adversos estão relaciona- Com esta distribuição de estruturas, pode-se
dos com a redução da deriva litorânea para as concluir que nas praias de Jaboatão predomi-
praias que se encontram à jusante do quebra- nam obras de proteção do terreno, do tipo en-
mar. rocamentos aderentes e muros. O objetivo é a
proteção do terreno, com a fixação da “linha de
Outro efeito hidrodinâmico do quebra-mar é o costa”, em detrimento da faixa de praia, com o
desenvolvimento de tômbolos de areia, peque- consequente impacto à paisagem e à vocação
nas barras de areia que resultam na deforma- turística local.
35
No Recife, a principal estrutura costeira é um Nas praias do Paulista, os enrocamentos,
enrocamento com 2.100m de comprimento espigões e quebra-mares protegem os terrenos.
na praia de Boa Viagem e outro de 1.340m na Contudo, os quebra-mares, embora construídos
praia de Brasília Teimosa conforme estudo do com altura elevada, causam proteção parcial da
MAI (2009). A obra protege o terreno e não a linha de costa. Esse tipo de intervenção, aliado
praia. ao engordamento da praia, com sedimentos de
composição e tamanhos inadequados, pode es-
Na praias de Olinda, predominam obras de tar relacionado com os focos de erosão instala-
proteção do terreno na forma de enrocamen- dos em alguns trechos. As estruturas presentes
tos, espigões e quebra-mares que causam boa na orla de Paulista têm a seguinte distribuição:
proteção da linha de costa. Entretanto, essas
estruturas causam significativa modificação nas • 1.850m de enrocamentos e muros (40%);
taxas de deriva litorânea, com efeitos negativos • 80m de espigões e molhes (6%);
à jusante, aliados ao impacto na vocação turís- • 2.520m de quebra-mares (54%).
tica. As estruturas têm a seguinte distribuição:
costa por meio da posição da berma da praia, e entre 2007 e 2010, calculadas pelo método
que se mostrou aparente em todas as fotogra- EPR (End Point Rate), e a incerteza associada
fias aéreas e imagens. O objetivo dessa análise a cada variação; (iv) a taxa de deslocamento da
foi identificar áreas historicamente vulneráveis linha de costa em metros por ano entre 1974
à erosão e, de posse dessa informação, ter e 2007, e entre 1974 e 2010, calculadas pelo
embasamento para a escolha de alternativas de método EPR e a incerteza associada. Esses
intervenção que serão sugeridas pela CPE. resultados encontram-se detalhados no diag-
nóstico do meio físico (CPEB, 2011, v. 2).
Conforme o diagnóstico do CPEB (2011, v. 2),
a costa dos quatro municípios tem aproxima- A análise do diagnóstico (CPEB, 2011) foi feito
damente 50km de extensão; analisada com o a partir de uma série temporal de trinta e seis
enfoque de determinar taxas de variação de anos e composta de três linhas de costa em
linha de costa (LC) para cada município, feita diferentes momentos. Nesse contexto, percebe-
por meio de transectos perpendiculares à linha se que a evolução recente da linha de costa
de costa, com espaçamento de 50 metros. Um dos municípios de Jaboatão dos Guararapes,
total de 923 transectos na análise, 185 para o do Recife, de Olinda e do Paulista está firme-
município de Jaboatão dos Guararapes, 241 mente atrelada à instalação das estruturas cos-
para o município do Recife, 206 no município teiras. Nota-se que as variações mais acentua-
de Olinda e 291 para o município do Paulista. das coincidem, na maior parte, com a presença
Cada taxa de variação gerada por um transecto de estruturas rígidas naturais, como os arre-
é a média entre o próprio transecto analisado e cifes, ou introduzidas pelo homem, como os
os dois adjacentes. Isso suaviza as discrepân- quebra-mares e espigões e guias correntes.
cias entre os resultados.
A partir do resultado obtido pelo estudo CPEB
Para apresentação dos resultados da análise, (2011) pode-se afirmar que a linha de praia no
foram feitas imagens em que os segmentos de litoral dos municípios de Jaboatão dos Guarara-
costa se dividiram para cada município. Além pes, do Recife, de Olinda e do Paulista, apre-
da localização da área de estudo, em cada senta uma acentuada interferência antrópica,
figura, apresentam-se gráficos contendo: (i) resultando numa linha de praia atual experi-
o deslocamento linear total da linha de costa mentando erosão em diversos trechos e perdas
para 2007 e 2010, tendo por base a linha de patrimoniais elevadas (CPEB, 2011, v. 2).
1974; (ii) o deslocamento linear total da linha
de costa de 2010, tendo por base a linha de
2007; (iii) a taxa de deslocamento da linha de
costa em metros por ano entre 1974 e 2007,
39
Ocupação do solo e erosão
costeira
O litoral pernambucano tem 187 quilômetros Atualmente não existem estudos que possam
de extensão, 21 municípios e é o mais impor- comprovar a contribuição relativa de cada
tante aglomerado populacional do Estado, com um desses fatores, no entanto, sabe-se que a
44% de sua população (ARAÚJO et al., 2004). ocupação do ambiente da praia por edificações
Essa zona costeira apresenta uma densidade ou outras estruturas modifica a manutenção
populacional maior do que 900 hab/km2, sig- do equilíbrio sedimentar natural (MAI,2009).
nificando uma das maiores concentrações do Nessas franjas costeiras, observa-se, com fre-
Brasil, que tende a aumentar considerando os quência, a presença de muitas obras (prédios,
novos empreendimentos que estão instalando- muros de contenção, estradas e estruturas de
se na região nos últimos anos (MAPLAC, 2010). engenharia costeira) que foram construídas
sobre o pós-praia, setor da praia essencial para
Diferentes pesquisas (CARNEIRO,2003; GRE- o suprimento de sedimentos, comprometendo
GÓRIO, 2009; MAI, 2009) feitas ao longo da assim vários trechos de praia que estão sob um
zona costeira pernambucana e, em especial, forte processo de erosão (SOUZA, 2006).
na região metropolitana do Recife, comprovam
que estão ocorrendo intensos processos erosi- Nos trechos críticos da zona costeira da região
vos, com muitos trechos da costa em desequilí- metropolitana do Recife, que experimentam o
brio, apresentando erosão marinha progressiva processo de erosão, o manejo desse problema
(CPRH, 1998 apud SOUZA, 2006). A combina- tem sido realizado por meio da colocação de
ção de diversos fatores tem resultado nos pro- muros aderentes, enrocamentos, espigões e
cessos erosivos constados atualmente: o aporte quebra-mares sem o devido suporte de in-
sedimentar para as praias é deficiente pela formações (MAI, 2010). Ao longo do tempo,
ausência de grandes rios; a plataforma conti- observa-se que essas intervenções frequente-
nental é estreita e dificulta o armazenamento mente resultam em insucessos ou mesmo na
de sedimentos para remobilização; as linhas de intensificação do processo erosivo, localmente
arrecifes submersos na plataforma dificultam ou em áreas adjacentes, implicando investi-
a remobilização de sedimentos; a ocupação mento de somas elevadas para a manutenção
desordenada do ambiente praial imobiliza as e, também, em prejuízo estético (SOUZA,
dunas e dificulta a reconstrução das praias no 2006; MAPLAC, 2010).
período de verão.
40
Nota: As fotografias A, B e C mostram a ocupação atual do solo e processos erosivos da orla de Jaboatão
dos Guararapes, assim como as obras de contenção do avanço do mar, tipo enrocamento; as fotografias D,
E e F mostram a ocupação atual do solo e processos erosivos do litoral do Recife, assim como as obras de
contenção do avanço do mar, tipo enrocamento na praia de Boa Viagem; a fotografia da ocupação do litoral
de Olinda (no alto, à direita) retrata uma praia ocupada por obras de contenção costeira do tipo espigão,
enrocamento e quebra-mares. A fotografia aérea da ocupação do litoral do Paulista retrata uma praia
ocupada por obras de contenção costeira do tipo quebra-mares.
Projeto MAI (2009) estudou a variação da ocu- de 2008 (Agência Condepe/Fidem). A área cos-
pação do solo por trinta e quatro anos no litoral teira selecionada, considerada para monitorar
dos quatro municípios da Região Metropolitana a ocupação do solo, foi uma faixa demarcada
do Recife com o objetivo de comprovar que por quadras e vias, afastada da linha de costa
o aumento da ocupação do solo tem relação entre 200 e 300 metros. Conforme o estudo
direta com a erosão. Essa pesquisa foi realizada do Projeto MAI (2009), foram consideradas na
com a análise de fotografias aéreas de 1974 análise as seguintes faixas de densidade para a
(Agência Condepe/Fidem) e imagens Quickbird área ocupada:
41
• Baixa densidade – menor que 30% de Para ilustrar a metodologia utilizada, selecio-
ocupação; nou-se um recorte costeiro no município de
• Média densidade – entre 30% e 70% de Jaboatão dos Guararapes, com praia arenosa
ocupação; em 1974, e atualmente, com problemas de
• Alta densidade – maior que 70% de ocu- erosão. Para tanto, a classificação realizada
pação. para ocupação do solo foi disposta sob uma
mesma base cartográfica, para 1974 e 2008 e
os resultados encontrados são apresentados na
tabela abaixo.
É importante lembrar que os meios físico, biótico entre outros aspectos. Vale frisar o estreitamen-
e socieconômico compõem o universo de estudos to da faixa de areia, o fim do ambiente praial e
integrados do meio ambiente, previstos na elabo- pós-praial em muitos pontos ao longo da costa
ração do EIA/RIMA. Para efeitos de elaboração metropolitana ocorre por fatores relacionados à
do diagnóstico e prognóstico ambiental, impactos evolução histórica das formas de uso dessa faixa
e planos de controle ambiental, os três meios de orla, associada a outros fatores, como a dimi-
citados devem ser entendidos de forma interrela- nuição da quantidade de sedimentos carreados
cionada e interdisciplinar. pelos rios, como a dinâmica de correntes maríti-
É necessário ressaltar o caráter de localização do mas e padrões de ventos e ondas. Nesse sentido
empreendimento. O projeto de Recuperação da estabeleceu-se a seguinte delimitação para efeitos
Orla Marítima dos municípios de Jaboatão dos de estudo:
Guararapes, do Recife, de Olinda e do Paulista
concentra-se na faixa de orla destes municí- MEIO FÍSICO
pios, a qual se insere no contexto de uma região
metropolitana brasileira com elevados níveis de A Área de Influência Indireta (AII) corresponde
impermeabilização do solo, grande concentração aos municípios do Cabo de Santo Agostinho, de
populacional, valorização do metro quadrado, Jaboatão dos Guararapes, do Recife, de Olinda,
forte especulação imobiliária, limitações de áreas do Paulista, de Abreu e Lima, Igarassu e Itama-
verdes, áreas estuarinas ocupadas e poluídas, racá. Ao se considerar esse nível hierárquico é
44
A Área de Inlfuência Indireta (AII) é representada inclusa na zona costeira. Sua delimitação segue
pela totalidade dos espaços territoriais represen- as recomendações do Ministério do Meio Am-
tados pelos municípios de Jaboatão dos Guarara- biente (2006, p.28), o qual estabelece um limite
pes, do Recife, de Olinda e do Paulista, uma vez para a área terrestre de 50m em áreas urbaniza-
que o empreendimento proposto contempla uma das e de 200m em áreas não urbanizadas. Dado
A Área de Influência Direta (AID) corresponde uma ampliação na faixa de área terrestre em
aos setores censitários que contém os trechos de áreas urbanizadas, passando de 50m para 100m
orla destes municípios. Essa escolha se deve ao e mantendo os mesmos 200m para áreas não ur-
fato dessa ser a menor unidade de medida onde banizadas. A área é correspondente às praias que
é possível obter informações com dados secun- sofrerão a intervenção e aos prédios em frente a
Como é o meio
físico na área do
empreendimento?
Geologia e Geomorfologia
Geologicamente, a área de estudo do projeto de Proteção Costeira, que
engloba os Municípios de Jaboatão dos Guararapes, do Recife, de Olinda
e do Paulista, está inserida nos domínios das bacias de Pernambuco e
Paraíba.
limitam-se com a pós-praia na parte inferior da ta. Foi utilizada a nomenclatura morfológica e
escarpa. A pós-praia situa-se acima da linha da hidrodinâmica sugerida por Hoefel (1998) para
preamar, sendo atingida pela ação das ondas a definição da divisão do perfil praial.
em ocasião de tempestades. Praia ou estirâncio
está situada entre o limite superior da preamar O monitoramento realizou 460 nivelamentos
e o limite inferior da baixamar. A antepraia topográficos, distribuídos em 28 perfis localiza-
compreende a parte submersa do perfil e se dos em Jaboatão dos Guararapes, nas praias
delimita com a praia no nível da maré baixa, de Barra de Jangadas (01), Candeias (02) e
estendendo-se em direção offshore, até onde Piedade (02); no Recife, nas praias da Boa Via-
não há remobilização dos sedimentos. Os gem (04) e do Pina (01); em Olinda, nas praias
fatores que influenciam na construção e na dos Milagres (01), do Carmo (03), do Bairro
variação de um perfil praial são condições de Novo (03), de Casa Caiada (02) e do Rio Doce
energia das ondas, o tipo de arrebentação, o (02); no Paulista, nas praias do Janga (03),
sedimento e o seu transporte, que interagem de Pau Amarelo (01), de Nossa Senhora do
com as condições hidrodinâmica locais. Ó (01), de Conceição (01) e de Maria Farinha
(01).
Mudanças no ambiente praial podem ser
medidas por vários métodos, um deles é o De acordo com o projeto MAI, os resultados ob-
método topográfico convencional, tal como o tidos durante o monitoramento correspondem:
teodolito (BIRD, 1996). Esses métodos podem
avaliar e monitorar o avanço ou a recessão da • Jaboatão dos Guararapes apresentou um
linha de costa ao longo do tempo (LARSON e balanço sedimentar positivo para os perfil
KRAUS, 1994; CLARK e ELIOT, 1988; LACEY e 1 (42,4m3/m), perfil 4 (28,5m3/m) e um
PECK, 1998; SWALES, 2002; ANFUSO e DEL balanço negativo para o perfil 2 no valor
RIO, 2003). O nivelamento topográfico tem por de 16,5m3/m, para o perfil 4 na ordem
finalidade verificar a variabilidade vertical do de 22m3/m. O município do Jaboatão dos
perfil praial, se há uma tendência erosiva ou Guararapes apresentou em sua região cen-
deposicional no ambiente. tral um déficit de sedimentos, porém os
perfis 2 e 3 apresentaram o menor volume
O projeto Monitoramento Ambiental Integra- de sedimentos;
do (MAI) foi realizado no ambiente praial da • No Recife, os perfis apresentaram um
Região Metropolitana do Recife (RMR), nos balanço sedimentar positivo, considerando
anos de 2006 e 2007. O nivelamento dos perfis a diferença no volume sedimentar entre
foi determinado a partir de uma Referência de o primeiro mês monitorado e o ultimo
Nível (RN) perpendicularmente à linha de cos- mês. São observados os seguintes valo-
51
res PR1 (7,4m3/m); PR2 (13,7m3/m); A análise sedimentar fornece subsídios para
PR3 (9,6m3/m); PR4 (12,1m3/m); PR5 a correlação entre as características texturais
(+17,8m3/m). Entretanto, Gregório e Arau- dos sedimentos e dos vários ambientes, que
jo (2008) realizaram um monitoramento compõe a dinâmica deposicional, e estabele-
por um período mais longo nas praias de cer parâmetros utilizáveis na identificação e
Boa Viagem e do Pina, entre os anos de característica do ambiente (SUGUIO, 1973).
2001 a 2005, e constataram uma maior Segundo a classificação de WENTWORTH
variação no volume de sedimentos nos (1922 apud MUEHE, 1996) são classificados
extremos das praias, inclusive na praia do em: cascalho (-1 Φ), areia muito grossa (-1 a 0
Pina, e no perfil ao norte da obra de con- Φ), areia grossa (0 a 1 Φ), areia média (1 a 2 Φ),
tenção (enrocamento); areia fina (2 a 3 Φ), areia muito fina (3 a 4 Φ).
• Em Olinda, apresentaram um balanço sedi- O tamanho do grão depende da natureza do
mentar positivo os perfis PO1 (7,46m3/m), material envolvido, do tempo e da distância do
PO2b (13,10m3/m), PO2c (6,85m3/m transporte.
), PO5 (17,59m3/m), PO6 (3,10m3/m ),
PO7 (3,00m3/m), PO8 (4,10m3/m ); e A metodologia utilizada pelo MAI foi a classi-
um balanço sedimentar negativo (Figura ficação proposta por FOLK e WARD (1957).
8.6-2) para os perfis PO2a (0,69m3/m), Os dados foram processados no software
PO3 (19,98m3/m), PO4 (9,49m3/m ) e SYSGRAM, sendo utilizado o tamanho médio
PO9 (2,00m3/m). Os perfis localizados do grão. Para os perfis de Jaboatão dos Gua-
na praia do Carmo se encontram em uma rarapes predominou areia fina nos perfis PJ1
saliência, que corresponde aos vestígios e PJ2 e PJ5, na parte extremas do segmento
da ponte utilizada para a construção do Jaboatão; e em sua parte central PJ3 e PJ4
quebra-mar, aumentando o volume sedi- foi observado areia média. No Recife, há uma
mentar da parte superior do perfil; predominância de areia fina em todo o arco
• No Paulista, os resultados apresentaram praial. Em Olinda, verificou-se a presença de
um balanço sedimentar positivo nos perfis areia grossa em todos os perfis; porém o perfil
PA1 (28,46m3/m), PA2 (0,28m3/m), PA3 PJ3 apresentou uma maior variação de areia
(13,26m3/m), PA4 (27,06m3/m), PA5 média a grossa. Em relação ao município do
(12,57m3/m), PA7 (11,07m3/m); e um Paulista, há predominância de areia média,
balanço sedimentar negativo para o perfil sendo observado também uma variação de
PA6 (48,33m3/m). areia fina a média, principalmente nos perfis
nos perfis PA4 e PA5, correspondendo à parte
central segmento.
52
caracterizada por uma largura média de 34km, dados compilados de outros projetos foram
variando aproximadamente de 30km no trecho interpolados e com isso foi gerado um modelo
sul a 40km no extremo norte. Possui um relevo digital de terreno para a referida área (ver figura
bem como a morfologia da plataforma con- como a dinâmica das correntes, a incidência
tinental interna na área pesquisada. Sendo das ondas e o transporte sedimentar. Portanto,
assim, foi possível identificar as principais fei- são informações imprescindíveis para a com-
ções, tais como os arenitos de praia, os bancos preensão dos problemas de erosão costeira que
De forma geral, foi possível observar que a do ambiente praial e da plataforma continental
plataforma interna dos municípios de Olinda interna do Recife, Gregório (2009) observou
plataforma interna dos municípios do Recife ambiente praial são constituídos, em sua maio-
e de Jaboatão dos Guararapes, os valores de ria, por areia fina a muito fina. Entre o ambiente
fologia é mais acidentada, com presença de submersos, que corresponde à área do canal, a
praia. A área da plataforma interna mostra linha de arenito de praia, há uma variação de
várias estruturas e feições na superfície do areia grossa a cascalho, com presença predo-
fundo marinho, representada por três linhas de minante de areia grossa, e com maior teor de
e muros (74%); 530m de espigões e molhes costeira municipal. As estruturas têm a se-
(12%) e 600m de quebra-mar (14%) (CPEB, guinte configuração: 1.700m de enrocamentos
2011, v1). e muros (22%); 250m de espigões e molhes
(3%); e 5.660m de quebra-mares, 75% (MAI,
No Recife, a principal estrutura costeira é um 2009).
enrocamento com 2.100m de comprimento
na praia de Boa Viagem e outro de 1.340m na O litoral do município de Paulista tem o mes-
praia de Brasília Teimosa (MAI, 2009). Entre mo modo de proteção do terreno, na forma
1900 e 1912, realizaram-se obras de ampliação de enrocamentos, espigões e quebra-mares.
do Porto do Recife a fim de protegê-lo de ações Contudo, os quebra-mares vêm protegendo
causadas pelas ondas. Entre elas, destacam- parcialmente a linha de costa apesar de sua
se o prolongado do quebra-mar natural e a altura bastante elevada. Encontra-se nesse
construção dos recifes paralelos à costa, que trecho obra de engordamento da praia, aliada à
atingiram 4 km de comprimento; além de construção dos quebra-mares; contudo utiliza-
construído o molhe de Olinda com 800m e o ram sedimentos de composição e granulome-
quebra-mar do Branco Inglês com 1.150m de tria inadequados, causando, assim, os focos
extensão (CPEB, 2011, v1). de erosão, instalados em alguns trechos desse
litoral (MAI, 2009). As estruturas têm a seguin-
A zona costeira de Olinda apresenta-se com te distribuição: 1.850 metros de enrocamentos
obras de proteção do terreno, constituída de e muros (40%); 280m de espigões e molhes
enrocamento, espigões e quebra-mares que (6%); e 2.520m de quebra-mares, 54 % (MAI,
estabilizaram e protegeram eficientemente essa 2009).
nicípios litorâneos induz muitas vezes a um se encontra em uma situação que pode ser
desenvolvimento sem planejamento, desconsi- considerada grave, no que se refere ao pro-
derando a natureza móvel e dinâmica da linha cesso erosivo, tendo em vista que a erosão se
de costa (MAZZER e DILLENBURG, 2009). faz presente na maior parte do litoral, tem se
intensificado e tende a se agravar no futuro
A metodologia utilizada pelo projeto MAI, para (MAI, 2009).
o estudo da linha de costa dos municípios do
Jaboatão dos Guararapes, do Recife, de Olinda Utilizando uma serie temporal de 36 anos, a
e do Paulista foi realizada através do geopro- Coastal Planning & Engineering do Brasil (CPE,
cessamento no programa ArcGiz 9.1. O ano 2011) investigou o deslocamento da linha de
de 1974 digitalizado foi considerado o ano costa, através da posição da linha da berna e
mais antigo e o ano de 2008 o mais recente, onde a linha de costa se encontra fixada por
totalizando um período de 34 anos. O estudo estruturas rígidas, estas foram consideradas
da linha de costa, MAI (2009) foi vetorizada como o indicador. O estudo foi realizado com
em formato shapefile e organizada numa base fotografias áreas do ano de 1974 e as imagens
de dados geográficos (Geodatabase). Segundo do Google Earth® de 2007 e 2010. A área foi
este projeto o deslocamento da linha de costa dividida em quatro setores: (i) Paulista, (ii) Olin-
dos municípios do Jaboatão dos Guararapes, da, (iii) Recife e (iv) Jaboatão dos Guararapes.
Recife, Olinda e Paulista foram os mesmos A taxa de deslocamento da linha foi realizada
seguimentos da zona de interesse, bem como a entre o ano de 1974 e 2007, e entre 1974 e
linha de costa também foi utilizada para saber 2010, e a incerteza associada.
a distancia entre esta linha e a zona de interes-
se para o calculo da vulnerabilidade. Segundo a CPE (2011), em Jaboatão dos
Guararapes, no período entre 1974 e 2007,
Os resultados obtidos nos valores médios para houve progradação da linha de costa ao norte
o deslocamento da linha de costa estão repre- da área, e apresentou um deslocamento posi-
sentados na figura a seguir. Os segmentos que tivo no valor médio de 0,45m/ano. No período
apresentaram os maiores deslocamentos se entre 1974 a 2010, uma variação média de
encontram ao norte e ao sul da área de estudo, 0,47m/ano. Na parte central do município, a
isto pode ser explicado pela presença de um linha de costa se encontra fixada por obras de
maior numero de segmento na parte central da contenção, do tipo enrocamento, bem como o
área que corresponde ao município de Olinda. trecho entre os transectos 124 e 146 mais ao
Exceto no segmento de Casa Caiada I, que sul. Porém, é observada entre as duas obras
apresentou um deslocamento maior para este de contenção uma progradação da linha de
município. A Região Metropolitana do Recife costa, com valores médios de 1,33 m/ano. Para
63
o período entre 2007 a 2010, observa-se uma Foram observados trechos em progradação na
retração da linha de costa entre as obras de zona de sombra dos quebra-mares. Em direção
contenção e ao norte destas. ao sul da área, exceto a praia de Del Chifre, a
linha de costa se encontra fixada por obras de
Segundo a CPE (2011), no Recife, o trecho contenção. Segundo a CPE (2011), a linha de
compreendido entre a praia do Pina e o norte costa da praia de Del Chifre sofreu um proces-
da praia da Boa Viagem, entre o período de so rotacional e apresentou uma retração em
1974 a 2007, a linha de costa progradou em sua direção norte e progradação ao sul.
uma taxa de 0,43m/ano, apresentando-se
estável no segmento seguinte, para o mesmo Segundo a CPE (2011), para o município do
período. Mas ao sul da área a linha de costa Paulista, entre 1974 a 2010, o pontal arenoso
apresentou retração com uma variação média ao norte sofreu progradação (2,22m/ano). A
em torno de 0,55m/ano, bem como, entre partir deste trecho, observa-se uma retração da
2007 e 2010, no valor médio de 4,00m/ano. linha de costa, a partir de 1974 (0,26m/ano).
No extremo sul, a linha de costa se apresentou Esse mesmo seguimento se apresenta estável,
estável. entre 2007 e 2010. Na direção sul do muni-
cípio, a linha de costa apresentou variações
Entre o ano de 1974 e 2007, em Olinda, ao de progradação e retrogradação, causando
norte da área, a linha de costa sofreu retração avanços e recuos. Do centro em direção ao sul,
até ser fixada por obras de contenção, apre- a linha de costa, encontra-se fixada por obra de
sentado uma variação média de 13,32m (CPE, contenção. Para o período entre 2007 a 2010,
2011), exceto próximo a desembocadura do rio a maior progradação também ocorreu ao norte
Paratibe. Onde a linha de costa não foi fixada, da área e uma retração é evidenciada nos últi-
apresentou uma progradação em torno de mos transectos devido à fixação do rio Paratibe.
0,35m/ano.
64
Segundo CPEB (2011), os resultados obtidos de perfis. O gráfico ilustra um exemplo de uso
longo da Região Metropolitana do Recife foram neste caso para um perfil de Jaboatão dos Gua-
SECTMA e UFPE coletados durante a execução que foi medido pela CPE (2010). No caso algu-
dos projetos MAI (2009) e MAPLAC (2010). Os ma porção do perfil não medida, usou-se dados
tura de dados com alta exatidão para toda a projetos MAI (2009) e MAPLAC (2010).
nas coordenadas 8°S e 034°W (Datum SIR- Dados analisados pelo MAI (2009) apresentam
GAS-2000), a uma profundidade de aproxima- séries temporais obtidas para a área de estudo
damente 2000m, para o período compreendido com ondas de gravidade com alturas significati-
entre 30 de janeiro de 1997 e 1º de março de vas médias de 0,60 a 0,97m nas áreas cos-
2010, com dados a cada três horas. Dados teiras de Jaboatão dos Guararapes, do Recife
analisados permitem concluir que as ondas e de Olinda e de 0,27 a 0,29m no Paulista.
de águas profundas são predominantemente Os períodos significativos das ondulações nos
provenientes de direções entre NNO e SSO municípios analisadas variaram entre 5,1 e 6,8
(98,3% dos registros), com alturas de onda va- segundos. As maiores ondulações ocorreram
riando entre 0,5 e 4,3m e períodos de 3 a 22s. na região do Recife, com Hs de 1,57 no perío-
do de ventos mais intensos.
Fonte: CEPB,2011
67
Perfis topo-batimétricos medidos em Recife, PE. Coordenadas em
metros UTM. Imagem: Google Earth
Fonte: CEPB,2011
Fonte: CEPB,2011
68
A maior parte dos problemas de erosão costeira simulados dos medidos. A modelagem através
tem sua causa relacionada à perda sedimen- de simulação numérica tem-se mostrado de
tar em longa escala de tempo, que por sua elevada importância no campo da investigação,
vez está relacionada à mudança na fonte de previsões e soluções para problemas dentro do
de veraneio que tiveram sua linha de costa depois da calibração em um único (ou alguns
modelada pelo uso de muros de contenção de- pontos), possamos extrapolar as informações
vido à ocupação costeira (BLACK AND MEAD, para todo o domínio de cálculo. O processo de
2001). O problema fundamental, nestes casos, calibração foca na comparação entre os resul-
costa em relação à orientação média da direção forma que quanto melhor o ajuste entre estes
de ondas, a qual governa a direção das corren- valores, melhor o resultado fornecido pelo mo-
tes ao longo da costa. São estas correntes as delo (COASTAL PLANNING & ENGINEERING,
ocasiona a erosão.
O processo de calibração do modelo numérico
Uma ferramenta utilizada para o entendimento Delft3D envolveu comparações entre dados de
ca. A ideia da modelagem numérica pode ser simulados. As séries temporais foram medidas
extremamente útil.
69
de 2Hz, operando em modo intermitente com da simulação foram feitas para dois pontos
aquisição de 30 minutos de dados em inter- diferentes em frente à praia de Boa Viagem, no
valos de uma hora. Os equipamentos foram Recife. Verifica-se a posição em planta, pro-
fundeados a 1m de distância do fundo do fundidade e esquema de fundeio dos sensores
mar (COASTAL PLANNING & ENGINEERING, fundeados nos pontos cujos dados levantados
2011). foram utilizados para calibração (BVE e BVI) e
As comparações das simulações com os dados também para os pontos cujos dados não foram
de nível do mar, ondas e correntes ao longo utilizados (CANE, CANI e foz do rio Jaboatão).
Em sentido horário, da esquerda para a direita: localização do fundeio dos sensores S4 na área
do estudo BVI – BVE: praia de Boa Viagem; CANI – CANE: praia de Candeias; FOZ: foz do rio
Jaboatão e os respectivos valores de profundidades (m) de cada estação. Esquema demonstrando a
profundidade e configuração de fundeio dos equipamentos.
ondas e correntes medidos em campo, para verticais são assumidas como sendo pequenas
dois pontos diferentes em frente à praia de Boa em relação à aceleração da gravidade. Isso faz
Viagem, no Recife (Coastal Planning & Engine- com que o Delft3D-FLOW seja adequado para
ering, 2011). São descritas as calibrações de a predição de fluxos em mares rasos, áreas
marés, ondas e correntes no modelo numéri- costeiras, estuários, lagos, rios e lagoas.
assim como o módulo hidrodinâmico Delft3D- (em todas as direções e frequências). Isso
assim como as grades numéricas e batimetria mente a partir de diferentes direções, pode ser
Para este trabalho foi utilizado o Delft3D. Este randômico, em águas profundas, intermediá-
modelo constitui-se em um avançado sistema rias e rasas, assim como em ambientes com
de modelos numéricos 2D/3D (duas ou três di- presença de correntes (e.g. desembocaduras).
culação hidrodinâmica, transporte de sedimen- geração de ondas pelo vento, dissipação por
consiste nas equações horizontais de movi- adas por correntes são também representadas
explicitamente no modelo.
71
As grades numéricas determinam a resolução e ecobatímetro e utilizaram a mesma metodo-
delimitam as células de cálculo do modelo. As logia. Além dos levantamentos batimétricos
propriedades e características variam, portan- realizados durante os projetos MAI (2009) e
to, de acordo com o objetivo proposto, tipo de MAPLAC (2010), em 2010, a CPE realizou
modelagem aplicada e com a área de estudo. um levantamento batimétrico da praia média,
Foram criadas três grades numéricas para antepraia e plataforma interna de Jaboatão dos
realizar a calibração do modelo. Guararapes. Esses dados foram coletados com
o objetivo de subsidiar a elaboração do projeto
Os levantamentos batimétricos (hidrográficos) conceitual de recuperação da orla do muni-
na área de estudo foram apresentados como cípio. Maiores detalhes sobre o levantamento
resultados nos relatórios dos projetos MAI batimétrico podem ser encontrados em Coastal
(2009) e MAPLAC (2010). Ambos os levan- Planning & Engineering (2011).
tamentos foram realizados com emprego de
Grades numéricas aninhadas: R - Grade regional (branco). I – Grade intermediária (Azul). L – Grade
local (vermelho). As grades foram utilizadas na modelagem e calibração dos modelos. Datum WGS
84, projeção UTM, zona 25 S, coordenadas em metros. Imagem: Google Earth ®.
offshore ficam mais rasos, fazendo com que bactérias do grupo coliforme na água para de-
ocorra uma dissipação da energia de onda na terminar essa qualidade. Apesar de não serem
área mais afastada da costa. Na maré alta, a patogênicos, a presença dos coliformes indica
quebra ocorre na praia ou quebra-mares da a ocorrência de poluição de origem humana ou
praia do Janga. A configuração morfológica e animal, o que pode significar a existência de
feições batimétricas dos recifes criam correntes outros microorganismos danosos.
perpendiculares à linha de costa. Essas fei-
ções, por sua vez, sofrem influência do nível de A Resolução do CONAMA nº 247/00 dá orien-
maré, sendo um pouco mais intensas quando tações sobre como essas análises devem ser
da maré alta (CPEB, 2011). feitas e classifica as águas como Próprias ou
Impróprias, de acordo com a densidade de co-
Em toda a extensão da linha de costa, entre liformes fecal, E. coli e Enterococos. As águas
a praia de Nossa Senhora da Conceição e o Próprias podem ser subdivididas nas categorias
pontal de Maria Farinha, predomina um caráter Excelente, Muito boa ou Satisfatória. A classi-
erosivo, tanto na simulação de um ano quanto ficação Imprópria indica um comprometimento
de cinco anos. O transporte de sedimentos é na qualidade sanitária das águas, porém, uma
no sentido norte, intensificado na porção sul, praia pode entrar nessa classificação mesmo
na praia de Nossa Senhora da Conceição, e ao com baixos níveis de coliformes, em situações
sul do rio Timbó, no pontal de Maria Farinha como presença de óleo, maré vermelha ou
(CPEB, 2011). Em toda a costa dos quatro mu- doenças de veiculação hídrica.
nicípios, a propagação de onda e transporte de Em Pernambuco, a CPRH é a responsável pelo
sedimentos são fortemente influenciados pela monitoramento da balneabilidade das praias
variação de maré e pela presença de estruturas e realiza coletas todas as segundas-feiras, em
de dissipação e quebra da energia de onda, locais pré-determinados, escolhidos em função
que também oferecem barreira ao transporte da frequência do público e proximidade com
de sedimentos. adensamentos urbanos. As amostras são leva-
das ao laboratório e analisadas utilizando o mé-
RECIFE
REC-10 Boa Viagem PRÓPRIA
REC-20 Boa Viagem PRÓPRIA
REC-30 Boa Viagem PRÓPRIA
REC-40 Boa Viagem PRÓPRIA
REC-50 Boa Viagem PRÓPRIA
REC-60 Boa Viagem PRÓPRIA
REC-70 Pina PRÓPRIA
REC-80 Pina IMPRÓPRIA
OLINDA
OLD-10 Milagres PRÓPRIA
OLD-20 Carmo PRÓPRIA
OLD-30 Farol PRÓPRIA
OLD-40 Bairro Novo PRÓPRIA
OLD-50 Bairro Novo IMPRÓPRIA
OLD-60 Casa Caiada IMPRÓPRIA
OLD-70 Casa Caiada IMPRÓPRIA
OLD-80 Casa Caiada PRÓPRIA
OLD-90 Rio Doce PRÓPRIA
OLD-97 Rio Doce PRÓPRIA
PAULISTA
PAL-10 Janga IMPRÓPRIA
PAL-20 Janga PRÓPRIA
PAL-30 Pau Amarelo IMPRÓPRIA
PAL-33 Conceição IMPRÓPRIA
PAL-40 Maria Farinha IMPRÓPRIA
Fonte: www.cprh.pe.gov.br
5
76
Como se apresenta o
meio biótico na área do
empreendimento?
Flora aquática
Os estudos relativos à composição da comunidade de microalgas planc-
tônicas (fitoplâncton), na Área Diretamente Afetada, são poucos princi-
palmente na zona de arrebentação. O fitoplâncton é o principal produtor
primário dos ambientes costeiros, responsável pelo início do fluxo de
matéria e energia da rede trófica destes ambientes, contribuindo para a
sua fertilização, sustentando diretamente os herbívoros e indiretamente
os animais dos níveis tróficos superiores, incluindo espécies economica-
mente importantes. A composição dessa comunidade é influenciada pelas
variações do nível das marés, bem como da contribuição dos estuários.
No diagnóstico realizado, a baixa riqueza de táxons (24) não condiz com
estudos dessa natureza para os locais amostrados.
Bellerochea sp.
Fonte: ITEP-OS/UFQB
78
Licmophora abbreviata
Fonte: ITEP-OS/UFQB
Chaetoceros sp.
Fonte: ITEP-OS/UFQB
79
Aspecto geral de Ceratium sp.
Fonte: ITEP-OS/UFQB
áreas eutrofizadas (com muitos nutrientes), o Apesar de não estarem na área diretamen-
que pode ser alterado durante e depois das te afetada pela obra, encontramos na área
obras propostas. Nas áreas de dragagem, manguezais. Nessa área se encontram um
foram identificados bancos de rodolitos, algas dos maiores manguezais em área urbana do
calcárias compostas basicamente por carbo- mundo, localizado no complexo estuarino dos
nato de cálcio e de magnésio, que apresentam rios Pina, Jordão e Tejipió, além dos mangue-
importância econômica, por sua utilização na zais dos estuários do rio Jaboatão e do canal de
agricultura, potabilização de água para consu- Santa Cruz. Os manguezais desempenham fun-
mo humano, indústria de cosméticos, implan- ção prioritária na estabilidade da geomorfologia
tes em cirurgia óssea, aquariofilia e nutrição costeira, na conservação da biodiversidade e
animal. Esses bancos devem ser mapeados na manutenção de amplos recursos pesqueiros
imediatamente, até porque eles não servem aos devendo, assim, ser monitorados para garantia
fins de engordamento de praia devido a sua de sua conservação e de toda fauna e flora
alta taxa de carbonato. dependente.
Fonte://http: aquaportail.com/
Fonte://http: aquaportail.com/
Os organismos que compõem o ambiente ben- constituem a meiofauna são de grande impor-
tônico têm sido amplamente utilizados como tância, pois desempenham papel fundamental
bioindicadores, uma vez que estão intimamente na teia alimentar. Participam como elo entre os
associados a ele, respondendo a vários tipos de recursos basais (detritos e algas) e os peixes,
alterações naturais e antropogênicas. Dentre os além de que, sua diversidade, junto com os
organismos que ocorrem no sedimento, os que fatores abióticos, é um fator relevante para o
84
estudo desses ambientes. Com base nos resul- apresentam as melhores condições ambientais,
tados obtidos no estudo, a meiofauna das áreas com dominância de Copepoda Harpacticoi-
estudadas não foge aos padrões encontrados da, que é indicador de ambiente com pouca
para outras áreas, tais como do estuário do rio influência de matéria orgânica, detrito. Porém,
Jaboatão (Silva 1997), canal de Santa Cruz somente um monitoramento de longo prazo,
(Da Rocha, 1991), Pina e Boa Viagem (Silva, contemplando coletas nos diferentes períodos,
1997), onde os grupos mais representativos seco e chuvoso, e nos diferentes habitats (praia
são Foraminifera, Nematoda e Copepoda Har- e estuário) trará informações mais precisas
pacticoida. É possível observar que há alguns sobre as flutuações e o funcionamento dessa
pontos com baixa diversidade, como é o caso comunidade que é de fundamental importância
de Jaboatão dos Guararapes e de Boa Viagem, para o conhecimento da qualidade do sedi-
porém tal aspecto pode estar relacionado com mento e na transferência de energia no ecos-
a flutuação sazonal normal, com a disponibi- sistema.
lidade de matéria orgânica, granulometria ou
pode estar refletindo um ambiente com certo
grau de impacto. Das áreas estudadas,
os pontos localizados na praia do Paulista
Imagem de
representantes do Filo Imagem de representante do Imagem de representante da
Foraminifera Filo Nematoda Ordem Harpacticoida
Fonte: http://migre.me/7F0vW
Vários motivos justificam o interesse pelo co- 3.023,94 ind.m2 na praia protegida do Pau-
nhecimento da fauna de praias. Muitas espé- lista. Não foram encontrados organismos na
cies têm importância econômica direta, como praia exposta estudada no Recife, município
os crustáceos e moluscos utilizados na alimen- no qual foram encontradas as menores densi-
tação humana ou como isca para pesca. A dades durante o estudo. Observou-se também
esses são somados os poliquetas, que também que as maiores densidades foram encontradas
constituem rica fonte de alimento para alguns nas praias protegidas em todos os municípios
organismos, principalmente peixes, crustáce- analisados.
os e aves (AMARAL et al., 1994). Além disso, No total das amostras da área de jazida foram
diversos estudos têm demonstrado a relevância encontrados 841 organismos de 31 táxons
da utilização de comunidades bentônicas na diferentes. Em termos de grandes grupos
avaliação da qualidade ambiental. taxonômicos, Polychaeta foi o mais abundante
(37,81%), seguido por Crustacea (21,40%),
As análises das amostras das praias de Jabo- Mollusca (21,05%), Sipuncula (10,46%) e
atão dos Guararapes, do Recife, de Olinda e Echinodermata (9,27%).
do Paulista revelaram a ocorrência dos tá-
xons Crustacea Isopoda, Nematoda, Mollusca Dos 31 táxons encontrados, Bivalvia foi o único
(Bivalvia, Gastropoda, Scaphopoda), Polycha- constante com quase 87% de frequência de
eta e Sipuncula, tendo Sipuncula (47,54%) ocorrência, enquanto que Gammaridea, Ophiu-
apresentado a maior abundância, seguido por roidea, Polychaeta, Sipuncula e Scaphopoda
Polychaeta (20,77%) e Nematoda (15,85%). foram muito frequentes, e Paguroidea, Gastro-
Os demais grupos foram responsáveis por poda, Isopoda e Portunus sp foram comuns. Os
15,85% do total. outros 21 táxons foram considerados raros na
área estudada.
A densidade total variou de 31,83 ind.m2 na
praia exposta de Jaboatão dos Guararapes a
87
Os resultados obtidos podem estar relacionados Também merecem destaque a crescente espe-
com a variação espaço-temporal, com a dinâ- culação imobiliária, a mineração com retirada
mica do ambiente ou podem estar refletindo de areia das praias e dunas, e o crescimento
um ambiente impactado. As praias dos muni- explosivo e desordenado do turismo sem qual-
cípios estudados vêm sofrendo uma crescente quer planejamento ambiental e investimentos
descaracterização em razão da ocupação em infraestrutura.
desordenada.
Na área afetada pelo empreendimento, o substrato consolidado está representado por ambientes
recifais. São entendidos como ambientes recifais aqueles ecossistemas de substrato consolidado
que possuem elevada cobertura viva, podendo incluir corais, e que apresentam fauna e flora típica
dos recifes costeiros. A diversidade de vida e a produtividade destes ambientes são bem elevadas,
reforçando sua importância ecológica. Na área do estudo são encontrados recifes de arenito cos-
teiros, em franja e também recifes artificiais compostos pelos quebra-mares dispostos previamente
em diversos pontos da orla para mitigar efeitos erosivos das ondas.
Principais espécies de organismos marinhos, com enfoque para os peixes, coletados na zona de
arrebentação do litoral de Pernambuco, destacando o juvenil de mero (círculo azul)
Scincidae (2 spp.), Sphaerodactylidae (1 sp.), Caatinga. Uma parte menor de espécies ocorre
Teidae (4 spp.) e Tropiduridae (2 spp.). As ser- preferencialmente em áreas costeiras. Em re-
pentes tiveram registro de seis famílias: Boidae lação ao status de conservação, duas espécies
(3 spp.), Colubridae (6 spp.), Dipsadidae (16 se enquadram na categoria de espécies em
spp.), Elapidae (1 sp.), Typhlopidae (1 sp.) e perigo (Myrmeciza ruficauda e Curaeus forbe-
Viperidae (5 spp.). Os jacarés tiveram registro si), três na categoria de espécies quase amea-
de uma família: Alligatoridae (2 sp.). Dentre as çadas (Pyrrhura lépida, Thalurania watertonii e
espécies de répteis registradas, todas possuem Picumnus fulvescens), quatro na categoria de
ampla distribuição, ocorrendo em grande parte espécies vulneráveis e 234 espécies na catego-
do Nordeste, em especial na Mata Atlântica e ria de pouco preocupantes segundo o IBAMA
algumas em áreas abertas de Caatinga. (2008) e IUCN (2010); estando duas no Apên-
dice II (Pteroglossus aracari e Tangara fastuosa)
Em relação ao status de conservação, qua- e duas no Apêndice III (Dendrocygna bicolor e
tro espécies de tartarugas marinhas (Caretta Cairina moschata) da CITES (2011).
caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys imbri-
cata e Lepidochelys olivacea) se encontram Em relação aos Mamíferos, todas as espécies
classificadas pelo Ibama (2008) e IUCN (2010) foram registradas apenas na Área de Influência
como criticamente em perigo; além das espécie Indireta-AII do empreendimento, especifica-
Caiman latirostris e Paleosuchus palpebrosus mente 31 espécies em Jaboatão dos Guara-
comporem o Apêndice I e os squamatas Tupi- rapes, 47 no Recife e 33 em Paulista. Entre
nambis marianae, Iguana iguana, Boa constric- as espécies, 48 representando a mastofauna
tor e Epicrates cenchria comporem o Apêndice não alada e 21 a mastofauna alada (morce-
II da CITES (2011). gos). Ressaltando o registro de oito espécies
que ocorrem em áreas urbanas. Em relação
Quanto as aves, quatorze espécies foram regis- aos status de conservação, uma espécie se
tradas simultaneamente nas Áreas Diretamente enquadra na categoria de dados deficientes
Afetada, de Influência Direta e de Influência (Lontra longicaudis); uma espécie na categoria
Indireta e 247 registradas exclusivamente na de quase ameaçada (Leopardus wiedii); uma
Área de Influência Indireta. Essas espécies se espécie na categoria de vulnerável (Leopardus
enquadram em 46 famílias, sendo todas com tigrinus) e 52 espécies na categoria de pouco
ampla distribuição, ocorrendo em grande parte preocupante segundo o IBAMA (2008) e IUCN
do estado e na maioria das fitofisionomias e (2010); estando quatro no Apêndice I (Leopar-
dos estados da região nordeste, em especial na dus pardalis, Leopardus tigrinus, Leopardus
Mata Atlântica, áreas de transição entre Mata wiedii e Lontra longicaudis), duas no Apêndice
Atlântica e Caatinga e em áreas abertas de II (Bradypus variegatus e Cerdocyon thous) e
99
cinco no Apêndice III (Cuniculus paca, Eira Destaca-se que embora tenhamos registrado
barbara, Galictis vittata, Nasua nasua e Platyr- uma riqueza expressiva e quatro espécies criti-
rhinus lineatus) da CITES (2011). camente em perigo de extinção, as populações
existentes são de ampla distribuição geográfica
Quanto ao uso pelas comunidades, destacam- e abundantes em todo território nacional, não
se duas espécie de anfíbios anuros (Leptodac- representando obstáculo a implementação da
tulus vastos e Leptodactylus latrans), cinco de obra almejada, desde que seja operacional-
testudines (Caretta caretta, Chelonia mydas, mente efetuada dentro de critérios que possibi-
Eretmochelys imbricata, Lepidochelys olivá- litem a conservação das populações relaciona-
cea e Phrynops geoffroanus), uma de lagarto das.
(Tupinambis meriana), duas de jacaré (Caiman
latirostris e Paleosuchus palpebrosus), nove de No que se refere aos impactos negativos para
aves (Columbina passerina, Columbina minuta, a fauna de vertebrados terrestres é possível re-
Columba livia, Columbina talpacoti, Leptotila ru- conhecer dois núcleos, uma vez que a grande
faxilla, Geotrygon montana, Porphyrio martini- maioria das espécies de anfíbios, répteis, aves
ca, Gallinula chloropus e Ortalis guttata) e doze e mamíferos ocorrem na AII em áreas relati-
de mamíferos (Cuniculus paca, Cabassous vamente distantes da costa: i. Destruição de
unicinctus, Cavia aperea, Dasyprocta prymnolo- ninhos de tartarugas marinhas e o ii. Atropela-
pha, Dasypus novemcinctus, Didelphis albi- mento e destruição das áreas de alimentação
ventris, Euphractus sexcinctus, Hydrochaeris e reprodução das tartarugas marinhas por
hydrochaeris, Leopardus pardalis, Leopardus ocasião do tráfego das embarcações e da cons-
tigrinus, Nasua nasua e Tamandua tetradactyla) trução dos espigões decorrentes do empreendi-
por serem expressivamente utilizadas como mento. Tais impactos podem ser mitigados ou
fonte de alimentação e consequentemente são controlados através de medidas e programas
alvos de caça (espécies cinegéticas). que deverão ser realizados durante e depois da
implantação do empreendimento.
6
100
Socioeconomia
Os estudos efetuados pela equipe de socioeconomia para avaliar os im-
pactos com a implantação do projeto de recuperação da orla de Jaboatão
dos Guararapes, do Recife, de Olinda e do Paulista destacaram alguns
pontos da caracterização dos municípios e de sua área de influência
direta:
O foco da pesca artesanal nos municípios es- pais causas da diminuição dos recursos nessa
tudados pode ser dividido em três direções ou região. Apesar de toda a poluição, estima-se a
três classificações: a primeira reside em uma partir da bibliografia consultada e de informa-
pesca artesanal mais capitalizada, utilizando ções das instituições de representação dos pes-
embarcações de madeira ou fibra, a motor, as cadores que aproximadamente 7.600 pessoas
quais pescam em áreas mais distantes da costa realizem a pesca como atividade profissional na
até a região do talude continental (paredes) região dos municípios do Cabo de Santo Agos-
e chamada de pesca de “mar de fora”. É nas tinho, de Jaboatão dos Guararapes, do Recife,
paredes que se realiza a pesca de linha, a qual de Olinda e do Paulista – regiões que serão
captura peixes nobres como a cioba. A segun- diretamente afetadas pelo “Projeto Recupera-
da classe pode ser chamada de pesca de “mar ção da Orla Marítima”.
de dentro”, segundo denominação dos próprios
pescadores, é a pesca costeira, realizada na Foram realizadas entrevistas com lideranças
região protegida pelos arrecifes, em geral com de pescadores, questionários semiestrutura-
pequenas embarcações (jangadas principal- dos (50) e dez reuniões e oficinas das quais
mente) ou mesmo desembarcada. Esse tipo participaram 203 pescadores e pescadoras,
de pesca também é visualizada nos municípios com o objetivo de levantar informações sobre
estudados, em menor proporção. Exceção para as comunidades e os impactos visualizados por
a pesca de arrasto de camarão, que é realizada estes em relação ao “Projeto Recuperação da
nessa região com o auxílio de barcos de maior Orla Marítima”. O projeto é prejudicial trazendo
porte. O terceiro grande contingente de pes- inúmeros impactos negativos, por vezes não
cadores encontra-se envolvido em uma pesca mitigáveis para a pesca artesanal.
que exige menos capital – a pesca estuarina –,
realizada com o apoio de pequenas embarca- Diante das incertezas existentes em relação ao
ções a remo ou a vela (baiteras). As mulheres projeto, principalmente no que tange a inexis-
são os grandes atores da região estuarina, onde tência de jazida de areia para a maioria das
catam seus mariscos, sururus e outros molus- engordas de praia propostas, o projeto deve ser
cos. Em todos os municípios pesquisados a revisto. A participação dos pescadores e seu
pesca estuarina é realizada e depende dire- conhecimento deveriam ter sido contemplados
tamente dos estuários e boa saúde da região quando da concepção da ideia e mesmo do
costeira e adjacências da praia. projeto. É altamente recomendável que um pro-
jeto desse porte reconheça o saber tradicional
A pesca e o meio ambiente são interdependen- de longas gerações e os impactos causados a
tes, sendo os impactos ambientais as princi- uma classe de profissionais que por direito é a
105
usuária legítima das regiões costeiras e estua- O dimensionamento dos impactos positivos e
rinas. negativos apontados foi feita de forma quali-
ficada, ou seja, considerando que o cenário
Vários impactos negativos podem ser citados descrito no projeto de engenharia fosse cumpri-
em relação ao “Projeto Recuperação da Orla do. Contudo destacaram-se algumas incertezas
Marítima”. Os principais são ambientais e críticas que afetam sensivelmente a tomada de
causam a diminuição e mesmo o impedimento decisão acerca do licenciamento ambiental do
da atividade da pesca artesanal. A diminui- projeto.
ção da produção poderá ser causada pela
dragagem dos sedimentos, pelos sedimentos As incertezas críticas levantadas pela equipe
em suspensão na água, aterros de bancos de de socioeconomia são: i) impossibilidade de
moluscos, barulho e movimentação da dra- estimar a viabilidade econômica do empreen-
ga, assoreamento de habitats (leito de rios e dimento; ii) indefinições no projeto apresenta-
lagoas, recifes, manguezais), entre outros. A do sobre a tomada de areia; iii) divergências
atividade da pesca também será prejudicada sobre a melhor alternativa de engenharia no
com a movimentação das máquinas na obra, tocante às estruturas rígidas; iv) inexistência de
as modificações na orla com possível impedi- detalhamento sobre impactos nos sedimentos
mento da atracação dos barcos, funcionamento que se acumulam na comunidade da “Ilha do
da draga e exclusão da pesca na região de inte- Maruim”; v) cronograma de realização da obra
resse de dragagem. As caiçaras e moradias de extremamente otimista e vi) necessidade de
pescadores também serão atingidas. Em menor manutenção constante do engordamento de
grau, cita-se uma série de impactos negativos à praia, o que gerará custos de manutenção altos
pesca: dificuldades de trânsito de embarcações para as prefeituras, além de impactos ambien-
e aumento de acidentes, aumento no número tais de longo prazo causados pelas dragagens.
de afogamentos na região de Suape e outras
onde ocorrerem às dragagens, dificuldades Os impactos positivos recaem sobre um contin-
para a comercialização de produtos pesqueiros gente populacional bastante superior ao con-
nas praias, dificuldades de acesso às praias, tingente populacional que recebe os impactos
problemas de saúde decorrentes do acúmulo negativos e podem ser resumidos em valoriza-
de lixo e propagação de pragas nas estruturas ção dos imóveis da orla; aumento do bem estar
de contenção e problemas de pele devidos a dos usuários das praias e aumento do potencial
matéria orgânica no sedimento. turístico (não necessariamente do turismo)
das praias dos quatro municípios. Os impactos
negativos são de natureza transitória para os
106
nou de Formação Itamaracá esses arenitos cal- no Recife, 2 em Olinda, 4 no Paulista e 176 no
cíferos de granulometria grossa com abundante Cabo de Santo Agostinho.
fauna cretácea e, posteriormente, Kegel (1955)
incluiu na referida formação a porção inferior A implantação do Projeto Recuperação da
de arenitos friáveis, continentais, com restos de Orla Marítima interferirá fisicamente em áre-
plantas carbonizadas, por vezes conglomeráti- as urbanas, entretanto, no que concerne às
cos, interdigitados com calcarenitos de fácies edificações reconhecidas como de interesse
marinhas anteriores. histórico e arqueológico, tem-se o caso da área
onde provavelmente existiu a primitiva Igreja de
O patrimônio material identificado na AII, do Nossa Senhora das Candeias, hoje destruída.
ponto de vista histórico, representa o foco No trecho onde se supõe ter existido aquela
inicial da ocupação histórica do Estado. Longa igreja, foram realizadas obras de contenção
é a lista dos bens tombados, sobretudo em marinha. De permeio com o material utilizado
Olinda e no Recife, onde se destaca o conjunto nas obras, podem ser vistos blocos de calcário
de igrejas que está entre os mais antigos do com evidencias de trabalho de cantaria. Parte
Brasil. O rol de edificações históricas tombadas desse material calcário foi reunido e transporta-
(e em processo de tombamento), por institui- do por moradores interessados na preservação
ções do governo federal, estadual e municipal do patrimônio, que de há muito sugerem que
abrange uma vasta gama de exemplares da sejam realizados estudos na área para a iden-
arquitetura histórica, envolvendo não apenas tificação do local e das ruínas da antiga igreja,
edificações religiosas e de defesa, mas exem- cuja construção remonta ao primeiro quartel do
plares da arquitetura civil governamental e século XVII.
particular. Quanto à distribuição temporal,
estão contemplados desde monumentos com As obras do empreendimento envolvem ainda
origem no século XVII, àqueles representantes riscos com relação ao patrimônio arqueológico
do século XX. não manifesto, além do natural e paisagístico.
A expectativa de tais riscos converge para as
No âmbito do patrimônio material arqueológico, áreas onde existiram obras de defesa, como
estão registrados no Cadastro Nacional de Sí- aquelas que cercavam a cidade de Olinda, em
tios Arqueológicos do IPHAN (CNSA), 39 Sítios que se inclui o Forte do Buraco.
arqueológicos. Todavia com base nas consultas
realizadas na sede do IPHAN em Pernambuco, As áreas a serem aterradas, em parte corres-
bem como em outras instituições de pesquisa, pondem àquelas que foram atingidas pelo
foram arrolados mais 206 sítios arqueológicos, avanço das águas do mar. Entretanto, há que
sendo que 7 em Jaboatão dos Guararapes, 17 se considerar o risco que a dragagem a ser
109
realizada representa para eventuais sítios ar- na datação de outros sítios arqueológicos. Por
queológicos subaquáticos não manifestos, visto outro lado, o ato de dragar acarreta em retira-
que o material para o engordamento das praias da de um pacote sedimentar, podendo expor
será obtido a partir da dragagem de trechos do vestígios que estejam enterrados, ou mesmo
leito oceânico nas proximidades do Cabo de removê-los.
Santo Agostinho.
Considerando-se o potencial arqueológico da
A grande maioria dos múltiplos naufrágios área e avaliando-se a intensidade no local das
listados na costa pernambucana é de localiza- ações que interferirão fisicamente no leito
ção imprecisa ou desconhecida. O potencial oceânico, no trecho considerado e adjacências,
em termos de informações, de remanescentes as ações de dragagem, potencialmente pro-
materiais destes sítios arqueológicos é dos moverão o deslocamento de vestígios arque-
mais ricos. Quando identificados, os vestígios ológicos eventualmente presentes na área;
de naufrágios apresentam um valor científico alterações e mesmo inversões estratigráficas no
agregado, representado pela exatidão cronoló- terreno contíguo, o que representa a destruição
gica dos remanescentes, que podem auxiliar do contexto arqueológico de uma área.
110
7
Quais são os impactos do
empreendimento?
A identificação dos impactos previsíveis em decorrência do empreen-
dimento de recuperação da orla marítima, as medidas que deverão ser
tomadas para minimizar os efeitos negativos e maximizar os positivos, em
todas as etapas da obra são, de fato, as informações e os instrumentos
essenciais para a sustentabilidade ambiental da área modificada. Por sua
vez, os Programas de Controle e Monitoramento Ambiental propostos para
acompanhar possíveis mudanças e adequar seu curso, contribuem para
a consolidação de um Sistema de Gestão Ambiental na área da bacia que
será afetada.
Matriz de Correlação
(Meio físico - Meio Biótico -
Meio Socioeconômico)
Prognóstico Ambiental
Físico
Aumento da oferta da praia
Propagação da linha de costa
Instabilidade do fundo arenoso
Aumento de processos erosivos
Risco de compactação da camada superficial da areia na área destinada
ao reforço do leito da praia
Alteração da qualidade da água
Geração de efluentes e resíduos sólidos decorrentes da obra
Modificação da dinâmica sedimentar
Aumento do nível de ruídos e vibrações
Alteração da qualidade do ar (emissão de gases e material particulado)
Risco de alteração da qualidade da água com óleos e graxas
Biótico
Perda da área de alimentação/reprodução de espécies
Interferências sobre a fauna associada
Alterações que impliquem em extinção de espécies
Interrupção da migração de espécies
Perda de diversidade biológica
Favorecimento da seleção de organismos existentes
Destruição de ninhos de tartarugas marinhas
Atropelamento e destruição das áreas de alimentação e reprodução das tartarugas marinhas
Perda de biodiversidade e das características das comunidades vegetais
Socioeconômico
Expectativa da população em relação à implantação do empreendimento
Eliminação de equipamentos disponíveis para atividades sociais e culturais
Risco de acidentes com a população local e o pessoal alocado às obras
Impactos sobre a população decorrentes da instalação das obras e canteiro de obras
Valorização imobiliária do entorno
Desvalorização imobiliária do entorno
Incremento das atividades econômicas
Paralisação e /ou redução de atividades econômicas
Alteração na oferta de emprego
Impactos sobre a saúde pública - doenças dermatológicas e bacteriológicas
Aumento do valor do imobilizado dos empreendimentos através da valorização dos imóveis onde
estão instalados os bares, restaurantes e hotéis
Aumento do número de clientes que resultarão em elevação de receita de todos os
empreendimentos: quiosques, bares, ambulantes, hotéis e restaurantes
Diminuição da demanda para os negócios dos grupos econômicos
Diminuição da produção pesqueira
Impedimento da atividade pesqueira
Impactos sobre as caiçaras e atividade produtiva dos pescadores realizada na beira-mar
Aumento de acidentes com embarcações e em terra
Diminuição das vendas de produtos pesqueiros nas praias durante as obras
Comprometimento de estruturas em terra devido a deposição de sedimento – Ilha do Maruim, Olinda
Restrição de acesso a área de praia
Aumento no número de afogamentos na área de Suape e outras áreas a serem
estabelecidas como áreas de tomada de sedimento
Possibilidade de aumento nos ataques de tubarão
Possibilidade de implantação de projetos turísticos
Aumento das receitas municipais
112
Programas de Sistema
acompanha- de Gestão
mento e Ambiental
monitoramento
de impactos O Sistema de Gestão Ambiental proposto para
o empreendimento tem seus fundamentos no
arcabouço legal pertinente e na articulação
O Programa de Acompanhamento e Monitora-
interinstitucional necessária à sua efetivação.
mento dos Impactos que se apresenta a seguir,
Sua concepção busca favorecer e estimular a
atende ao Termo de Referência da Agência
participação da sociedade, não apenas no que
Estadual de Meio Ambiente (CPRH), TR GT Nº
se refere aos programas educativos, mas em
14/11, para elaboração do Estudo de Impacto
todas as ações implementadas. Nesse sen-
Ambiental e do Relatório do Impacto Ambiental
tido, o processo de gestão incorporará como
(Rima) para implantação do empreendimento
instrumentos básicos os Programas Ambientais
Recuperação da Orla Marítima de Jaboatão, do
apresentados no quadro seguinte, relacionados
Recife, de Olinda e do Paulista e incorpora da-
aos temas maiores do EIA e sintetizados em
dos dos estudos anteriores bem como as reco-
seguida.
mendações decorrentes do presente trabalho.
Temática do PA Denominação
MEIO FÍSICO
PA 1 - Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
PA 2 - Programa de Monitoramento da Linha e do Perfil Praial
PA 3 - Programa de Monitoramento da Qualidade da Água e Balneabilidade
PA 4 - Programa de Recuperação de Restinga e Áreas de Dunas na Praia Engordada
PA 5 - Programa de Monitoramento Contínuo para Identificação de Hotspots de Erosão
PA 6 - Programa de Segurança do Trabalho
PA 7 - Programa de Acompanhamento da Execução das Obras
MEIO BIÓTICO
PA 8 - Programa de Salvamento e Conservação da Fauna Marinha
PA 9 - Programa de Salvamento e Conservação da Fauna Costeira
PA 10 - Programa de Monitoramento da Flora Terrestre
PA 11 - Programa de Monitoramento da Fauna e Flora (Marinhas e Associadas)
PA 12 - Programa de e Resgate de Germoplasma e Conservação da Flora
MEIO SOCIOECONÔMICO
PA 13 - Compensação Socioeconômica para Pescadores
PA 14 - Programa de Cooperativismo Pesqueiro
PA 15 - Programa de Melhoria da Qualidade e Beneficiamento dos Pescados
PA 16 - Capacitação em Zooartesanato
PA 17 - Programa de Capacitação Técnica e Profissional do Estaleiro Escola
PA 18 - Programa de Comunicação Social (PCS)
PA 19 - Apoio a Atividades Econômicas e Produtivas Ligadas Diretamente à Praia
PA 20 - Programa de Educação Ambiental
PA 21 - Prospecção e Resgate do Forte do Buraco
PA 22 - Programa de Prospecção e de Resgate Arqueológico
PA 23 - Programa de Prospecção Arqueológica Subaquática
PA 24 - Programa de Monitoramento, de Resgate Arqueológico e Educação Patrimonial
das Obras de Contenção e de Engordamento das Praias
PA 25 - Programa Paisagístico Integrando às Obras e às “Novas Praias”
114
empreendimento.
Monitoramento contínuo para identificação de hotspots de Erosão
Prog. meio físico
Segurança do trabalho
ambiental
Salvamentos e conservação da Fauna Marinha
Prognóstico
Salvamentos e conservação da Fauna Costeira
da qualidade
Monitoramento da flora terrestre
Cooperativismo Pesqueiro
Capacitação em Zooartesanato
Sistema de gestão ambiental
do turismo na região.
Apoio a atividades econômicas e produtivas ligadas
dimento
diretamente a praia.
Educação Ambiental
Qualidade Prospecção e resgate do forte do buraco
o empreen-
Prospecção e resgate arqueológico
Prog. meio sócioeconômico