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RIO DE JANEIRO
2015
DIRETRIZES PARA UM PLANO PAISAGÍSTICO
PARA O CÓRREGO DO ARRIEIRO, TERESÓPOLIS / RJ
Rio de Janeiro
2015
C574
Cinelli, Wellington Santos,
CDD 712
DIRETRIZES PARA UM PLANO PAISAGÍSTICO
PARA O CÓRREGO DO ARRIEIRO, TERESÓPOLIS / RJ
Aprovada por:
_________________________________________
Prof. Drª Vera Regina Tângari – FAU/UFRJ
_________________________________________
Prof. Drª Maria Naíse de O. Peixoto – IGEO/UFRJ
_________________________________________
Prof. Drª Rita de Cássia Martins Montezuma – UFF
Rio de Janeiro
2015
DEDICATÓRIA
Rio de Janeiro
2015
ABSTRACT
Extreme weather event 2011 potentiated natural processes of relief formation and
transformation of the landscape in the region Serrana Fluminense. removal processes, transport and
deposition of materials caused rush of mud and debris, dramatically impacting the lives of the
population of the locality known as Fazenda Alpina. Still, the catchment area of the muleteer Stream
has important features for the preservation, restoration, rehabilitation or redefinition of environmental
resources. Its headwaters are inserted in the Municipal Park Teresópolis Mountains where there are
remnants of native vegetation with endangered species. It is observed that the best preserved areas
are in altimetry unevenness up to 300 meters. The muleteer stream itself can function as an ecological
corridor to link fragmented forest areas of the basin, despite its waterfront has intense degradation.
Keywords: 1.Guidelines, 2. Landscape Plan, 3.Córrego do Arrieiro, 4.Rivers Styles 5. Riparian Zone,
6. Free Space System.
Rio de Janeiro
2015
LISTA DE ILUSTRAÇÕES (ÍNDICE)
Alúvio – Termo que designação genérica pra englobar depósitos detríticos recentes,
de natureza fluvial, lacustre, marinho, glacial ou gravitacional constituídos por
cascalhos, areias, siltes e argilas, transportados e depositados por corrente, sobre
planícies de inundação e no sopé de montes e escarpas.
Escarpa – Rampa ou aclive de terrenos que aparecem nas bordas dos planaltos,
serras, testemunhos, etc.
Zona hiporreica – Zona onde a água fluvial entra por baixo do leito do canal e a
condição hidráulica da água fica entre aquelas das águas fluvial e subterrânea, com
profundidade entre 20 a 60 cm, sendo difícil determinar este valor na prática.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15
1.1. APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA..................................................................... 15
1.2. OBJETIVO ............................................................................................................. 19
1.3. METODOLOGIA .................................................................................................... 20
1.4. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................... 20
2. CAPÍTULO I –BASE TEÓRICA ............................................................................... 21
OS ESTILOS DE RIO E A APREENSÃO DA DINÂMICA FLUVIAL EM BACIAS
HIDROGRÁFICAS ............................................................................................................... 21
ZONAS RIPÁRIAS E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ................................... 26
RECUPERAÇÃO DE MATAS RIBEIRINHAS E CANAIS FLUVIAIS .................................... 31
OS ESPAÇOS LIVRES........................................................................................................ 34
3. CAPÍTULO II–MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 39
4. CAPÍTULO III–CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................... 48
4.1. CONTEXTO GEOLÓGICO E GEOMORFOLÓGICO REGIONAL E LOCAL ........... 48
4.2. CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DA BACIA DE DRENAGEM DO CÓRREGO
DO ARRIEIRO ........................................................................................................ 52
4.2.1. TRECHO A – ALTO CURSO ........................................................................ 53
4.2.2. TRECHO B – MÉDIO CURSO ...................................................................... 56
4.2.3. TRECHO C – BAIXO CURSO ...................................................................... 60
5. CAPÍTULO IV- DIRETRIZES PARA PLANEJAMENTO PAISAGÍSTICO NAS
FAIXAS MARGINAIS DA BACIA DO CÓRREGO DO ARRIEIRO ....................... 70
5.1. ALGUMAS PONDERAÇÕES PARA A PROPOSTA – A VIVÊNCIA DOS
MORADORES ....................................................................................................... 70
5.2. DELIMITAÇÃO DOS SETORES DE INTERVENÇÃO E SUAS DIRETRIZES ......... 75
5.2.1. ZONA A ........................................................................................................ 81
5.2.2. ZONA B ........................................................................................................ 82
5.2.3. ZONA C ........................................................................................................ 83
5.3. USO DAS DIRETRIZES NO PROJETO PAISAGÍSTICO EM ESCALA LOCAL ..... 87
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 92
7. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 94
8. APÊNDICES ............................................................................................................... 98
9. ANEXOS ................................................................................................................... 102
1.INTRODUÇÃO
15
A
Bacia do Córrego do
Arrieiro
E.M. Fazenda
PNMMT
(sede) Alpina
Córrego do Arrieiro
Figura 1: (A) Localização da bacia do Córrego do Arrieiro (em rosa) no Município de Teresópolis (RJ)
e (B) visualização da bacia e sua inserção nos limites do Parque Natural Municipal Montanhas de
Teresópolis - PNMMT (áreas em verde).
Fonte: IBGE (limites municipais), Prefeitura de Teresópolis (limites do PNMMT), NEQUAT/UFRJ
(limites de bacia hidrográfica) e Google Earth (imagens de satélite), 2014.
16
A
17
PNMMT
cabeceiras da drenagem
antigo bar
campo de futebol
Córrego do Arrieiro
Figura 3: Vista da bacia do Córrego do Arrieiro de jusante para montante (nordeste para sudoeste) a
partir da estrada de acesso à Escola Municipal Fazenda Alpina. Na parte central do vale as casas
foram inundadas até o teto pelas corridas de detritos e enxurrada causadas pelo desastre de janeiro
de 2011.
Fonte: Google Maps / Street View, 2014.
18
fluviais, orientando o planejamento da paisagem local para evitar a acentuação dos
efeitos negativos de outros eventos catastróficos possíveis de ocorrer.
1.2. OBJETIVO
20
2.BASE TEÓRICA
21
biológicos e físicos, além de possibilitar o detalhamento da dinâmica fluvial em
diversos trechos ao longo da bacia, a partir de sua estrutura e funcionamento
(BRIERLEY & FRYIRS, 2000).
Os Estilos de Rio são definidos com base nas características da sua seção
transversal, da forma em planta e das unidades geomorfológicas identificadas. A
metodologia desta abordagem repousa, assim, na identificação de conjuntos
contíguos e harmônicos de unidades geomorfológicas, configurando o caráter –
definido por vários atributos estruturais do rio, como a forma do canal em planta, a
geometria e a assembleia de unidades geomorfológicas – e o comportamento
fluvial – definido pela função fluvial associada às características hidráulicas, às
ligações canal-planície, ao regime de sedimentos e à propensão a transformações
geomorfológicas (MELLO, 2006). A distribuição dos Estilos de Rio em uma bacia
hidrográfica varia de acordo com as unidades de paisagem, estando associados
também ao grau de confinamento do vale (BRIERLEY & FRYIRS, 2000) – Figura 4.
22
CABECEIRA DE ERODIDO E ERODIDO E PLANÍCIE DE ZONA DE ZONA DE ZONA DE PLANÍCIE DE
GARGANTA LEQUES
DRENAGEM ASSOREADO ASSOREADO ACRESÇÃO TRANSFERÊNCIA INUNDAÇÃO TRANSFERÊNCIA ACUMULAÇÃO
(INCISO) (INTACTO) VERTICAL
Figura 4: Estilos de Rio identificados na bacia do rio Bega, New South Wales, Austrália. Observa-se
diferentes compartimentos geomorfológicos onde ocorrem variações da declividade do canal e no
grau de confinamento do vale, podendo apresentar um ou mais estilos de rios, representados pelas
características de sua forma em planta e seção transversal (unidades geomorfológicas, depósitos,
vegetação).
Fonte: Adaptado de BRIERLEY & FRYIRS (2000).
Fryirs & Brierley (2005) afirmam que o grau de confinamento do vale é uma
análise das mais relevantes para a definição das características que podem definir
um estilo fluvial. Para tanto, sugerem três classes distintas de confinamento:
Figura 5: Variação nos tipos de vale e canais fluviais em bacias hidrográficas, de montante para
jusante, com indicação de processos geomórficos ativos e características da paisagem associadas.
Fonte: BIERMAN & MONTGOMERY, 2014.
27
rios”, constituídos por material aluvial de granulometria variada, destacadamente
siltes e areias, produzidos pelo transbordamento de águas fluviais que os depositam
sobre sedimentos preexistentes.
Esse processo estabelece condições ambientais para implantação das
florestas beiradeiras, biodiversas pelo acréscimo biológico essencial formado por
sementes e propágulos, pelas atividades biológicas das plantas e pelo metabolismo
de animais típicos dos espaços ribeirinhos (AB’SABER, 2000). Segundo o autor, no
dorso traseiro dos diques localiza-se a várzea, constituída geralmente de materiais
argilosos e com desenvolvimento de solos hidromórficos, propício ao
estabelecimento de vegetação subaquática.
Entretanto, os limites espaciais da zona ripária são de difícil determinação.
Alguns autores sugerem que sejam estabelecidos em função das diferenças
climáticas, geológicas e pedológicas, ou pelo ponto de vista geomorfológico, ou
ainda pelas funções ecológicas, tais como a formação de corredores de fluxos
gênicos. Outros sugerem critérios hidrológicos, especificamente a retenção de
sedimentos e nutrientes, influenciando na boa qualidade da água. Segundo Lima e
Zakia (2000), alguns autores desenvolveram equações visando a definição de uma
largura mínima da zona ripária a partir de critérios hidrológicos, sendo apontada a
largura mínima de 30 metros para a proteção de um curso de água.
Quando a precipitação atinge uma área com cobertura florestal, pode ser
interceptada pela copa das árvores e evaporar para a atmosfera, ou ser armazenada
nelas e atravessar a vegetação, escorrer pelos troncos ou atingir diretamente a
superfície do terreno. Quando há serrapilheira – camada superficial de material
orgânico que se cobre os solos consistindo de folhas, caules, ramos, frutas e galhos
mortos, em diferentes estágios de decomposição, em uma mata (IBGE, 2004) –
sobre esta superfície, a água pode ser acumulada neste material, podendo
atravessá-la e atingir também a camada superior do solo. Dependendo das
características do terreno, a água pode escoar pela superfície, direcionando-se
pelas rugosidades do terreno, ou infiltrar e percolar no solo até alcançar maiores
profundidades, abastecendo o lençol freático e os aquíferos. Fluxos de subsuperfície
também podem ser formados e controlados pelas condições de declividade do
terreno, pela morfologia e pelas propriedades dos materiais, como, por exemplo, a
permeabilidade e a condutividade hidráulica. As águas que atingem e percolam os
solos também podem ser absorvidas pelas raízes, passando pelo tronco e pelos
processos de funcionamento das plantas até chegar às folhas e retornar para a
atmosfera através da evapotranspiração (BOTELHO, 2011).
29
Figura 7: Ciclo hidrológico.
Fonte: KARMANN, 2008.
TIPO FUNÇÃO
Contenção de ribanceiras.
Diminuição e filtração do escoamento superficial.
HIDROLÓGICA Impedir ou dificultar o carreamento de sedimentos para o sistema fluvial.
Interceptar e absorver a radiação solar ou manter a estabilidade térmica.
Controlar o fluxo e a vazão do rio.
LIMNOLÓGICA Influência nas concentrações de elementos químicos e do material em suspensão.
Formação de microclima.
Formação de habitats, áreas de abrigo e de reprodução.
ECOLÓGICA
Corredores de migrações da fauna terrestre.
Entrada de suprimento orgânico.
30
“faixas de terra às margens de rios, lagos, lagoas e reservatórios d’água,
necessárias à proteção, defesa, conservação e operação de sistemas fluviais e
lacustres” (RIO DE JANEIRO, 1987). Essas faixas de terra são de domínio público e
têm suas larguras determinadas em projeção horizontal, considerados os níveis
máximos de água (NMA), de acordo com as determinações dos órgãos federais e
estaduais. Suas medidas são determinadas pelo artigo 4º da nova Lei de Proteção
da Vegetação Nativa:
As nascentes e olhos de água também são protegidas por esta mesma lei,
determinando um raio horizontal de 50 metros em torno das mesmas.
31
Segundo o Ministério do Meio Ambiente – MMA –, o conceito de recuperação
e restauração estão intimamente ligados. A Restauração Ecológica significa
processo de auxílio a um ecossistema degradado, ou destruído, para seu
restabelecimento. Quando seus recursos bióticos e abióticos são suficientes para
continuar o próprio desenvolvimento sem auxílio, é considerado um ecossistema
recuperado.
Meurer (2010) define ainda outros termos que se relacionam com a temática
de restauração: Naturalização (Naturalization), Criação (Creation), Melhoria
(Enhancement), Preservação (Preservation) e Mitigação (Mitigation) (SHIELDS et
al., 2003; BROOKES & SHIELDS, 1996; apud MEURER, 2010).
33
O termo Naturalização (Naturalization) indica um processo de gerenciamento
de sistemas fluviais hidraulicamente e morfologicamente variados, com o objetivo da
manutenção de ecossistemas biodiversos, com dinâmicas estáveis. Já o termo
Criação (Creation) é aplicado quando se trata da formação de um sistema novo, que
anteriormente não existia. A Melhoria (Enhancement) se caracteriza por uma
melhoria qualquer na qualidade ambiental, como por exemplo, a melhoria na
qualidade dos parâmetros físico-químicos da água, ou ainda a presença de
determinada espécie de peixe de interesse ecológico. Já a Preservação
(Preservation) tem o objetivo de manter as funções correntes e as características de
um ecossistema, para protegê-lo de um futuro dano ou perda. A Mitigação
(Mitigation) busca compensar ou amenizar um dano ambiental ocorrido, tanto no
próprio local atingido pelo dano como em qualquer outro lugar afetado. Pode
envolver a restauração do local para condições socialmente aceitáveis, mas não
necessariamente para as condições consideradas naturais.
34
Mais além, os recursos ambientais existentes verificados nos Sistemas de
Espaços Livres, em suas diversas escalas, podem ser o viés pelo qual a sociedade
busque alternativas para a sua qualidade de vida, tanto biofísica quanto
sociocultural, destacando-se o lazer e o convívio, dentre outras práticas tão
necessárias à sua existência, assim como as condições de ventilação, aeração e
alimentação, etc.
35
rural, como é o caso do recorte de análise do presente estudo, as atividades de
agricultura, silvicultura, recomposição vegetal, uso recreativo, entre outras, quando
bem manejadas ou planejadas, podem proporcionar a manutenção dos recursos
ambientais e produzir novos caminhos para a requalificação de um espaço alterado.
36
uma área metropolitana, os cheios podem ser áreas densamente ocupadas, sendo o
contrário para áreas vazias. Assim, considerar um Sistema de Espaços Livres é
estabelecer uma integração entre diversas funções e elementos dos espaços não
edificados, em diversas escalas e nas diferentes configurações espaciais
(MAGNOLI, 2006b).
37
entorno de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral (UCPI), como o
Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis (PNMMT).
Para este fim, serão adotadas as FMPs como categoria ambiental de espaços
livres de edificações que preservam os recursos naturais ou geobiofísicos da linha
de drenagem como proposta para o Córrego do Arrieiro.
Algumas ocupações edificáveis na citada FMP serão preservadas, desde que
sejam de interesse social já previstas em lei, como posto de saúde, centro
comunitário, entre outros. Alguns tipos de edificações, tais como residências e
comércio, serão propostas a remoção para locais fora da APP ou dentro da mesma,
desde que esteja em nível topográfico menos vulnerável a inundação e movimentos
de massa de encostas.
Já a infraestrutura viária e de energia serão tratados como de interesse social,
sendo incorporadas às FMPs.
Em outra escala, serão propostos setores de planejamento do uso e cobertura
do solo na bacia hidrográfica, com os mesmos objetivos tratados até este momento.
O conjunto dessas duas atuações em diferentes escalas serão as diretrizes
propostas no trabalho.
38
3.MATERIAIS E MÉTODOS
Para alcançar o objetivo de propor diretrizes para orientar o uso do solo nas
áreas ribeirinhas do Córrego do Arrieiro, estabeleceu-se como caminho de análise
da dinâmica geobiofísica, a avaliação dos sistemas fluviais utilizando a abordagem
dos Estilos de Rio® (BRIERLEY & FRYIRS), visando sua utilização na aplicação de
uma proposta com o Sistema de Espaços Livres em área de expansão urbana.
39
PIBEX Águas no Planejamento Municipal, ambos conduzidos no Instituto de
Geociências da UFRJ.
Para o estudo, foram definidos os seguintes materiais para uso nas análises
propostas:
41
a) mensurações em campo da largura e profundidade dos canais, com
levantamento de perfil transversal detalhado e descrição dos materiais
observados. Foi usada uma trena para medir de uma margem a outra, e a
altura do canal a partir da margem até a lâmina de água.
b) o registro das características observadas nas seções de canal analisadas,
utilizando uma ficha de campo elaborada previamente, fotos e croquis (ver
anexos).
Durante estes levantamentos e outras atividades de campo realizadas no
âmbito do Programa PROEXT, foram realizadas entrevistas com os moradores,
buscando documentar sua relação com o córrego (apropriações, usos, percepção de
mudanças) e com a localidade Fazenda Alpina, assim como suas impressões sobre
o desastre ocorrido em janeiro de 2011. Foram realizadas cerca de dez entrevistas
com moradores do condomínio situado próximo à Escola Municipal Fazenda Alpina
(Condomínio Retiro da Serra) e com outros moradores de diferentes locais na bacia
do Córrego do Arrieiro.
43
Figura 8: Mapa de uso e cobertura da terra executado para a bacia do Córrego do Arrieiro. Elaborado
por CINELLI (2015), com colaboração de João Guilherme Casimiro.
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Mapa da Compartimentação Geoambiental
Seções Geomorfológicas e Zonas Geoambientais do Córrego do Arreeiro
704000 706000 708000 710000
,000000 ,000000 ,000000 ,000000
Legenda
± Seções
Vias
Hidrografia
Bacia Arreeiro
,000000
,000000
7530000
7530000
Zona C3
S4
S3
,000000
,000000
Zona C2
7528000
7528000
S2
Zona B
Zona C1
S1
1:25.000
,000000
,000000
Zona A 1 0,5 0 1 Km
7526000
7526000
Sistema de Referência: SIRGAS 2000
Sistema de Projeção: UTM 23S
Data: 09/2015
Fonte: IBGE 2010
INEA 2005
INEA 2011
704000 706000 708000 710000
,000000 ,000000 ,000000 ,000000
Figura 9: Compartimentos geoambientais e seções geomorfológicas transversais definidos na bacia
do Córrego do Arrieiro. Elaborado por CINELLI, 2015.
A tipologia de usos indicada para cada setor integra usos e ocupações que
permitam a preservação ou melhoria das condições ambientais da bacia, conforme a
análise efetuada.
46
A partir dos setores delimitados foi possível avaliar quais aspectos são
importantes a considerar em um plano paisagístico para as zonas ribeirinhas, de
modo que possam ser aplicados em outras bacias hidrográficas inseridas no mesmo
contexto.
Finalizando, apresentam duas propostas de implantação das diretrizes na
escala local, um na Zona C2 e outro na Zona C3, com a descrição dos elementos
propostos para as áreas.
47
4.CARACTERÍSTICAS DA BACIA HIDRO-GRÁFICA DO
CÓRREGO DO ARRIEIRO
48
Unidade Batólito Serra dos Órgãos – domina 60% da bacia, composta por
granito metamorfizado com foliação NE-SW, com faixas leucograníticas – que
não ocorre na bacia do Córrego do Arrieiro – alternando-se com faixas de
granito-gnaisses com enclaves máficos, de idade Meso a Neoproterozóica;
Unidade Rio Negro – ocorrência em 34% da bacia, composta por migmatito
estromático de estrutura heterogênea, em alternância com gnaisse de
composição leucogranítica localmente bandado, de idade Paleoproterozóica;
49
Figura 10: Litologias e estruturas geológicas da bacia do rio Paquequer, onde está localizada a bacia
do Córrego do Arrieiro, inserida na bacia do Ribeirão Santa Rita, seu principal tributário na margem
oeste.
Fonte: Compilado por CASIMIRO, 2015.
Dourado, Arraes & Silva (2012) afirmam que, no evento climático de 2011,
intensos movimentos gravitacionais de massa produziram grande aporte de material
direcionado às linhas de drenagem, ocasionando corridas de lama e detritos, terra
ou lama, que tiveram origem nos pontos mais altos das cabeceiras da rede de
drenagem, sendo depositados ao longo dos canais fluviais coletores.
51
terra, analisadas de modo a compreender como há uma relação direta entre os tipos
de usos e ocupações e os processos hidrogeomorfológicos na área de estudo.
Figura 12: Perfil longitudinal do Córrego do Arrieiro e relação com os compartimentos topográficos
reconhecidos nas áreas próximas às suas margens, de acordo com CASIMIRO (2015).
52
A partir da compartimentação do relevo, do perfil longitudinal e das
características do ambiente de vale, além das seções transversais ao canal, foram
reconhecidos três ambientes distintos na bacia do Córrego do Arrieiro (Figura 12).
Pelas características observadas a partir da compartimentação
geomorfológica, e associando-as à cobertura e uso da terra, foram definidos 5
compartimentos geoambientais, que representam as unidades de paisagem
consideradas para análise e proposições: Zona A, Zona B, Zona C1, Zona C2 e
Zona C3. As Zonas C1, C2 e C3, apresentadas na Figura 9, foram individualizadas
com base nas diferenças observadas em relação ao confinamento do vale.
Figura 13: Compartimento geoambiental - Zona A, situado no alto curso da bacia do Córrego do
Arrieiro, com cobertura e uso do solo. Elaborado por CINELLI, 2015.
53
totalidade desta zona pertence ao PNMMT. Aproximadamente, 15% da área desta
zona tem cobertura antrópica composta por gramíneas.
Observa-se no alto curso o compartimento em Degraus Escarpados ou
Elevados, sendo o perfil longitudinal ao canal marcado pela alta declividade (Figura
12).
O ambiente de vale caracteriza-se por uma seção transversal demonstrando
alto entalhe e grau de confinamento do vale em formato “V” (Figura 14), com
geometria retilínea das encostas. A rocha matriz aflora em grande porção das
encostas adjacentes, com a presença também de vegetação de gramíneas,
arbustos, árvores de médio e grande porte (Figura 13). A zona ribeirinha está
completamente ocupada por cobertura florestal sobre solos pouco espessos.
O canal fluvial é tipicamente de cabeceira de drenagem, com predominância
de processos de remoção e transporte de massa. A ocorrência de blocos dispostos
ao longo do eixo do canal e em sua margem indicam o aporte de materiais
provenientes das encostas (deslizamentos, queda de blocos) ou o transporte destes
materiais durante eventos de alta magnitude. É possível registrar pelas imagens do
Google Earth (Figuras 15) algumas cicatrizes de deslizamentos (movimentos
gravitacionais de massa) geradas pelo evento de 2011, formando um conjunto de
feições indicativas de acentuada contribuição para o aporte de sedimentos em
direção ao vale, importantes para a geração de corridas de lama e detritos.
Estes processos também atingiram os canais tributários do Córrego do
Arrieiro.
Figura 14: Seção transversal ao vale S1, situada no alto curso do Córrego do Arrieiro (trecho A do
perfil longitudinal). O limite do compartimento representa a inflexão da encosta no canal. Altitudes e
distância horizontal em metros. Elaborado por CINELLI, 2015.
54
A velocidade do fluxo de água é reduzida onde há ocorrência de rupturas de
declive (níveis de base), frequentemente ligadas à presença de blocos na zona de
cabeceira.
Este compartimento está inserido quase totalmente no PNMMT, além de ser
uma área bastante íngreme, razão pela qual apresenta florestas em grande parcela
de sua extensão, localizadas predominantemente a jusante dos paredões rochosos,
que geram grande escoamento superficial. A sul da Zona A observa-se gramíneas
que caracterizam-se por ter menor eficiência na retenção de sedimentos. Mesmo
com solos pouco profundos, a cobertura dominante possibilita uma boa capacidade
de infiltração de água superficial.
Nesta unidade de paisagem, as características geoambientais indicam a
importância da preservação da cobertura florestal, pelos motivos explicitados
anteriormente.
A
S1
55
C
Figura 15: Visão vertical (A) e oblíqua (B) do segmento montante da bacia do Córrego do Arrieiro,
correspondente ao trecho A do perfil longitudinal do canal, visualizadas através do MDT Google
Earth. As setas amarelas indicam algumas cicatrizes geradas pelo evento de janeiro de 2011, e a
linha vermelha, o limite da bacia. Em (C) observa-se a morfologia do canal, com rupturas de declive
seta amarela) e fragmentos de rocha de diversos tamanhos, e a vegetação encontrada nas margens.
Fonte: CASIMIRO, 2015.
Figura 16: Compartimento geoambiental - Zona B, situado no médio curso da bacia do Córrego do
Arrieiro (ver Figura 12), com cobertura e uso do solo. Elaborado por CINELLI, 2015.
56
O córrego percorre a extensão aproximada de 2000 metros, com redução da
declividade do perfil longitudinal do canal em relação ao compartimento anterior
(Figuras 12). A cobertura antrópica é de aproximadamente 31% da área total da
zona, caracterizado por gramíneas e edificações residenciais.
De montante para jusante, há uma mudança na morfologia da margem
esquerda do canal, sendo as feições de Degraus Escarpados ou Elevados da Zona
A substituídas por Degraus e Serras Reafeiçoadas e Colinas Suaves.
O vale apresenta ainda um acentuado grau de confinamento, porém com
maior abertura de vale (Figura 17), o que permite a retenção de sedimentos e blocos
originados da Zona A e de suas próprias encostas e margens. É possível perceber
na Seção S2 (Figura 17) menor amplitude altimétrica nas encostas da margem
esquerda do córrego, com geometria convexa, e a maior amplitude altimétrica na
margem direita, com geometria retilínea das encostas.
Figura 17: Seção transversal ao vale S2, situada no médio curso do Córrego do Arrieiro, no Trecho B.
Esta seção corresponde ao limite das Zonas B e C. Altitudes e distância horizontal em metros.
Elaborado por CINELLI, 2015.
57
A
S2
Figura 18: Visão vertical (A) e oblíqua (B) do segmento médio da bacia do Córrego do
Arrieiro, correspondente ao trecho B do perfil longitudinal do canal, visualizadas através do MDT
Google Earth. A seta amarela indica a direção do fluxo da drenagem no Córrego Arrieiro. (C) A
morfologia do canal na área de transição entre as Zonas B e C, onde foram levantadas a seção
transversal e a planta do canal, e a seção geomorfológica S2. É possível identificar materiais de
diversos granulometrias. Fonte: CASIMIRO, 2015.
58
Figura 19: (A) Visualização em planta do trecho do canal do Córrego do Arrieiro na S2. (B) Seção
transversal ao canal do Córrego do Arrieiro, na seção S2. Distância horizontal em metros. Elaborado
por CINELLI, 2015.
Figura 20: Edificações às margens do córrego. No fundo, entre as árvores, localiza-se o Córrego do
Arrieiro. A seta amarela indica o sentido do fluxo de água. Elaborado por CINELLI, 2015.
Verifica-se pela Figura 16, que as edificações (em vermelho) do médio curso
ocupam as margens dos eixos de drenagem, e que áreas florestadas vêm sendo
modificadas para cultivos e pastagens. Há grande potencial de vulnerabilidade a
59
processos geohidrodinâmicos nestes eixos de drenagem devidos à morfologia do
ambiente de vale e à deposição de materiais coluviais e de talus na base das
encostas.
a) Trecho C1:
Refere-se ao compartimento denominado Zona C1, com aproximadamente
2.985.986 m², onde é possível observar que aproximadamente 30% da área são de
coberturas antrópicas - áreas de agricultura, silvicultura e pasto para criação de
equinos e edificações (Figura 21). Os limites do PNMMT envolvem as extremidades
da Zona C1, onde encontram-se áreas completamente cobertas por florestas em
diversos estágios.
Figura 21: Compartimento geoambiental - Zona C1, situado no baixo curso da bacia do Córrego do
Arrieiro (ver Figura 12), com cobertura e uso do solo. A seção S3 limita as Zonas C1 e C2. Elaborado
por CINELLI, 2015
60
A
S3
Haras
Figura 22: (A) Visão vertical do segmento jusante da bacia do Córrego do Arrieiro, correspondente ao
trecho C do perfil longitudinal do canal. A seção geomorfológica S3 é indicada, e o sentido do fluxo
em amarelo (fonte: Google Earth). (B) Visão da morfologia do vale do Córrego do Arrieiro na Zona
C1, a jusante da seção transversal S2. Observam-se os depósitos de sedimentos retirados do canal,
formando um banco mais elevado que a planície, em destaque à direita. (C) Visualização do canal
neste local, observando-se a vegetação de gramíneas instaladas no seu leito assoreado. Elaborado
por CASIMIRO, 2015.
62
Figura 23: (A) Seção transversal ao vale S3, situada no baixo curso do Córrego do Arrieiro, entre a
Zona C1 e a Zona C2. (B) Visualização em planta do trecho do canal do Córrego do Arrieiro, à
montante da seção transversal ao vale S3. (C) Visualização da seção transversal ao canal, à
montante da seção transversal ao vale S3 do Córrego do Arrieiro. Altitudes e distância horizontal em
metros. Elaborado por CINELLI, 2015.
Figura 24: Visualização do canal na seção transversal ao vale S3, onde ocorre o encontro com dois
afluentes do Córrego do Arrieiro. A seta indica o sentido do fluxo. Elaborado por CINELLI, 2015.
Figura 25: Visualização do fundo de vale plano e a encosta. Observa-se edificações do haras.
Elaborado por CINELLI, 2015.
b) Trecho C2
Este trecho refere-se à Zona C2, com aproximadamente 1.370 metros de
extensão do canal. A área de contribuição hidrológica da Zona C2 possui
aproximadamente 5.313.862 m², sendo a maior área entre todos os compartimentos
definidos, apesar de não possuir a maior quantidade de canais fluviais. Cerca de 33
% da área total da Zona C2 é de cobertura antrópica, com predominância de
gramíneas (30%), notadamente nos haras e no condomínio Retiro da Serra, e o
63
restante é composto por edificações, silvicultura, solo exposto, reservatórios e vias
de acesso.
Figura 26: Compartimento geoambiental – Zona C2, situado no baixo curso da bacia do Córrego do
Arrieiro (ver Figura 12), com cobertura e uso do solo. Elaborado por CINELLI, 2015.
Campo
de
Futebol
Escola
Figura 27: Localização da Escola Municipal Fazenda Alpina e circunvizinhança. Fonte: Google Earth,
2014.
65
C
Figura 28: Área circunvizinha à Escola Fazenda Alpina. (A) Escola Municipal Fazenda Alpina (portão
verde). (B) Campo de futebol. Ao fundo, as cabeceiras do Córrego do Arrieiro envolto por grande
névoa. Ao centro, casas remanescentes destruídas em 2011. À direita, vegetação documentada nas
margens do Córrego do Arrieiro. (C) Confluência do Córrego do Arrieiro com seu tributário. Ao fundo,
silvicultura e vegetação de porte arbustivo às margens do Córrego do Arrieiro. No primeiro plano, a
coloração avermelhada do tributário mostra o transporte de sedimentos para o canal principal.
Elaborado por CINELLI, 2015.
c) Trecho C3
Figura 29: Compartimento geoambiental - Zona C3, situado no baixo curso da bacia do Córrego do
Arrieiro (ver Figura 12), com cobertura e uso do solo. Elaborado por CINELLI, 2015.
66
O Trecho C3 corresponde à Zona C3. Esta Zona possui aproximadamente
2.814.639 m², com 31% de coberturas antrópicas, predominantemente gramíneas,
mas contendo também silvicultura, edificações, solo exposto e reservatório. As
edificações estão localizadas muito próximas às linhas de drenagem (Figura 29).
Neste trecho, não há edificações dentro dos limites do PNMMT. Algumas
residências, nesta zona, também foram atingidas por deslizamentos e alagamentos
em 2011, sendo relatado que os alagamentos são constantes com o aumento das
chuvas. Observa-se também casas situadas a jusante de afloramentos rochosos e
depósitos de talus, havendo vulnerabilidade a quedas de blocos e deslizamentos.
A sede do PNMMT situa-se nesta zona, mas os moradores afirmam
desconhecer ou pouco saber da existência do mesmo, e quais seriam suas
atrações.
A morfologia de vale é do tipo confinado, com amplitude altimétrica acentuada
devido ao encaixamento do mesmo entre duas elevações significativas (Figuras 30),
inseridas em compartimentos de Degraus Reafeiçoados e Escarpados (Figuras 11.
O canal fluvial apresenta diversos pontos de inflexão, verifica-se a ocorrência de
areias e lamas. Isto indica redução na velocidade do fluxo do córrego, possivelmente
associada às inflexões no canal, e à instalação de gramíneas no interior do mesmo.
Na porção final deste trecho, o vale amplia-se, próximo à confluência com o
Córrego Santana, estreitando-se novamente próximo à desembocadura no Ribeirão
Santa Rita.
67
B
Figura 30: (A) Seção transversal ao vale S4, situada no baixo curso do Córrego do Arrieiro, situada na
Zona C3, na entrada do PNMMT. (B) Visualização em planta do trecho do canal do Córrego do
Arrieiro, na S4. Distância horizontal em metros. (C) Visualização da seção transversal do canal, na
S4. Altitudes e distância horizontal em metros. Elaborado por CINELLI, 2015.
A B
Figura 31: (A) Visualização do Córrego do Arrieiro a montante da seção transversal ao vale S4. (B)
Visualização do Córrego do Arrieiro a jusante da seção transversal ao vale S4, onde ocorrem
alagamentos frequentes, observando-se a gramíneasação às margens do leito do canal. A seta indica
o sentido do fluxo. Elaborado por CASIMIRO, 2015.
68
Figura 32: Visão oblíqua do segmento de baixo curso da bacia do Córrego do Arrieiro,
correspondente à porção jusante do trecho C do perfil longitudinal do canal. A seta amarela indica a
direção do fluxo da drenagem. Fonte: Google Earth, 2015.
Figura 33: Visão das residências da margem direita do Córrego do Arrieiro, onde há residências no
sopé da encosta, evidenciando a localização em uma cota mais alta em relação ao fundo de vale do
canal fluvial. Elaborado por CINELLI, 2015.
69
A
Figura 34: (A) Visão da cabeceira do tributário do Córrego do Arrieiro, na Zona C3. Abaixo do
afloramento é possível identificar uma área de depósito de blocos de diversos tamanhos (em
amarelo). (B) Vale encaixado do tributário ao centro, bastante alterado pelo uso e ocupação do solo.
À direita, a rua de acesso às casas. A seta amarela indica a direção do fluxo da drenagem. (C)
Verificam-se as casas próximo à cabeceira do tributário, onde se localizam os blocos. Elaborado por
CINELLI, 2015.
70
5.DIRETRIZES PARA PLANEJAMENTO PAISAGÍSTICO NAS
FAIXAS MARGINAIS DA BACIA DO CÓRREGO DO
ARRIEIRO
71
Figura 35: Mapa de localização do Condomínio Retiro da Serra. Elaborado por CINELLI, 2015.
Figura 36: Vista para o condomínio. No centro o reservatório destruído pelo evento climático de
janeiro de 2011. No primeiro plano e no fundo observam-se as casas do condomínio. Em amarelo, o
limite aproximado das antigas margens. Fonte: Google Earth, 2016.
72
Figura 37: Mapa de localização das entrevistas realizadas na bacia do Córrego do Arrieiro. Elaborado
por CINELLI, 2015.
Figura 38: Vista para as residências de moradores entrevistados, ao fundo. No primeiro plano, o
prédio de uma associação de produtores rurais às margens do Córrego do Arrieiro. Elaborado por
CINELLI, 2015.
73
A maioria dos moradores não presenciou o desastre de 2011, mas teve suas
vidas impactadas pela sensibilização com aqueles que perderam entes queridos e
pelos danos causados à localidade. Todos afirmam não possuir medo das chuvas.
Os moradores afirmam que, antes da tragédia, o rio era usado como local de
lazer. Relatam a perda de amigos e familiares afogados e atingidos por raios durante
desastre, e terem presenciado nas fortes, horríveis, pois nunca tinham visto um
evento daquele tipo. As casas dos entrevistados sofreram algumas avarias, mas
eles não precisaram sair das mesmas. Já o córrego, segundo eles, sofreu
importantes modificações na largura e profundidade do canal com o evento, tendo
ainda passado por intervenções nas calhas (dragagem do leito, principalmente) para
remoção dos materiais depositados pelas corridas e enchentes de 2011.
75
estas classes, adotou-se a nomenclatura de Restauração, Reabilitação e
Redefinição, conforme exposto em Rodrigues e Gandolfi (2000) e apresentada na
base teórica, propondo-se a classificação a seguir (Tabela 3, Figura 39):
Tabela 3: Setores de intervenção propostos para a bacia do Córrego do Arrieiro, e suas funções.
CLASSE FUNÇÃO
Área específica para restauração “Sensu Lato” total das funções
ecológicas florestais.
Recomposição completa da mata ribeirinha com espécies nativas
do domínio, com características típicas desse geossistema.
Proteção do solo contra erosão e movimentos gravitacionais de
massa (em encostas).
Formação de microclima.
76
Mapa dos Setores de Intervenções
704000 ,000000
704500 ,000000
705000 ,000000
705500 ,000000
706000,000000 706500,000000 707000,000000 707500,000000 708000,000000 708500,000000 709000,000000 709500,000000 710000,000000
±
7530500,000000
7530500,000000
Legenda
FMP
7530000,000000
7530000,000000
Zona C3 Limite das Zonas
Reabilitação
Redefinição
7529500,000000
7529500,000000
Restauração
7529000,000000
7529000,000000
7528500,000000
7528500,000000
Zona C1
7528000,000000
7528000,000000
Zona C2
7527500,000000
7527500,000000
7527000,000000
7527000,000000
Zona B
7526500,000000
7526500,000000
1:20.000
0,5 0,25 0 0,5 Km
7526000,000000
7526000,000000
Sistema de Referência: SIRGAS 2000
Sistema de Projeção: UTM 23S
Zona A Data: 09/2015
704000,000000 704500,000000 705000,000000 705500,000000 706000,000000 706500,000000 707000,000000 707500,000000 708000,000000 708500,000000 709000,000000 709500,000000 710000,000000
Figura 39: Mapa dos Setores de Intervenções, localizados em suas respectivas zonas geoambientais.
Elaborado por CINELLI, 2015.
A delimitação dos setores indica para quais funções eles devem servir. Eles
terão tipologias que preservem as funções geobiofísicas, consorciadas com
potenciais usos pela comunidade da Fazenda Alpina.
Figura 40: Vista de uma área com vegetação pertecente ao Setor de Restauração, às margens do
médio curso do Córrego do Arrieiro. Elaborado por CINELLI, 2015.
Figura 41: Vista de uma área com pastagem pertecente ao Setor de Reabilitação, no baixo curso do
Córrego do Arrieiro. Elaborado por CINELLI, 2015.
79
Figura 42: Vista de uma área com edificações pertecente ao Setor de Redefinição, no baixo curso do
Córrego do Arrieiro. Elaborado por CINELLI, 2015.
80
Nesta configuração, propor diretrizes que ensejem a manutenção, a
recuperação ou o uso adequado das faixas marginais das linhas de drenagem, faz-
se necessário e importante. Entretanto, os canais fluviais não são estanques,
relacionando-se com as áreas adjacentes – fundos de vale e encostas – visto que
constituem um sistema aberto, sendo por isso ampliada a discussão das diretrizes
propostas buscando considerar a bacia hidrográfica.
5.2.1. ZONA A
81
A maior parcela da área desta zona está inserida no PNMMT e, portanto, já é
protegida pela lei. As outras áreas fora dos limites do PNMMT devem ser
incorporadas em uma proposta de manutenção dos sistemas ecológicos e da
dinâmica dos processos geobiofísicos.
A FMP não é demarcada por estar integralmente preservada na UCPI, porém,
as áreas que não possuem mata ripária devem ser recompostas totalmente com
vegetação nativa. Devem ser considerados os diferentes estágios sucessionais das
áreas florestadas, para a definição de estratégias específicas de recomposição
florestal. Do mesmo modo, deve-se avaliar os diferentes tipos de vegetação
associadas aos solos rasos desenvolvidos sobre o substrato rochoso, para a
recuperação e melhoria das áreas degradadas.
5.2.2. ZONA B
82
canais fluviais, e especificamente no Córrego do Arrieiro, a possibilidade de
movimentação de blocos rochosos e outros materiais durante eventos de magnitude
elevada tornam vulneráveis as edificações instaladas nas suas margens.
5.2.3. ZONA C
86
5.3. USO DAS DIRETRIZES NO PROJETO PAISAGÍSTICO EM ESCALA LOCAL
87
Tabela 4: Seções Típicas de Projeto. Diretrizes para as FMPs nas cinco zonas.
SITUAÇÃO COM PROJETO
SITUAÇÃO ATUAL
DIRETRIZES PARA AS FMPs
88
bustivo nesta fase é indicada como espécie colonizadora (ex. Schinus
terebinthifolius).
93
REFERÊNCIAS
AB’SABER, Aziz Nacib. O Suporte Ecológico das Florestas Beiradeiras. In: Matas
Ciliares: Conservação e Recuperação. LEITÃO FILHO, H. de F. e RODRIGUES, R.
R. São Paulo: Editora USP (FAPESP), 2000. p. 15-25.
BIERMAN, Paul R. & MONTGOMERY, David R. Drainage Basins. In: Key Concepts
in Geomorphology. W.H. Freeman and Company Publishers: New York, 494p.
94
CORRÊA, Roberto Lobato & ROSENDAHL, Zeny. Paisagem, Tempo e Cultura. Rio
de Janeiro: EdUERJ, 1998. 124 p.
COSTA, José Mario Leal Martins. Estudo Teórico sobre Meios de Determinação de
áreas de Preservação Permanente (APPs) Marginais aos Cursos D’água através da
Análise de Fatores Ambientais no âmbito da Bacia Hidrográfica: Enfoque
Geomorfológico. Dissertação de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro, 2010. 169 f.
FRYIRS. Kirstie & BRIERLEY, Gary. Pratical Application of the River Styles
Framework as a Tool for Catchment, New South Wales, Australia. E-book disponível
em: http://www.riverstyles.com/ebook.php. 2005. 328 p.
95
GUERRA, Antonio J. T. & MARÇAL, Mônica dos Santos (ORGs). Geomorfologia
Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
KARMANN, Ivo. Ciclo da Água, Água Subterrânea e sua Ação Geológica. In:
Decifrando a Terra. São Paulo: USP e Oficina de Textos, 2009. p. 113-138.
LIMA, Walter de Paula & ZAKIA, Maria José Brito. Hidrologia de Matas Ciliares. In:
Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. LEITÃO FILHO, H. de F. e
RODRIGUES, R. R. São Paulo: Editora USP (FAPESP), 2000. p. 33-43.
McHARG, Ian. Design with Nature. New York: American Museum of Natural by the
Natural History Press, 1969.
METZGER, Jean Paul. O Que É Ecologia de Paisagens? São Paulo: USP, 2001.
MONTGOMERY, David R. Process Domains and the River Continuum. In: Journal of
the American Water Resources Association. American Water Resources Association:
april, 1999. Vol. 35, nº 2. p. 397-410.
97
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
98
QUESTIONÁRIO DE CAMPO - ABRIL DE 2015
A entrevista deverá ser feita com câmera ou aparelho de áudio.
Roteiro
Há quanto tempo vive aqui?
Sua casa fica distante de algum rio?
Como era o rio próximo à sua casa? Era limpa, tinha peixes, entrava na água para se
banhar ou fazer suas necessidades, entre outras coisas? A quanto tempo foi isto?
Na sua opinião, como o rio está hoje (sujo, limpo, feio, sem vegetação, é problema,
etc.)?
Você já viu alguma inundação neste local? Quando (enfatizar antes ou depois de
2011)?
o Como aconteceu isso antes de 2011?
o Como aconteceu isso em 2011?
o Como aconteceu isso após 2011?
Estes fatos só acontecem quando chove muito, quando chove normalmente ou
acontece sem chover? (Os fatos são aqueles ligados a desbarrancamento das margens
dos rios, acumulação de material dentro e fora do canal, etc.)
Você considera isto perigoso para sua casa e sua família?
99
APÊNDICE B – MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA
100
Mapa de Uso e Cobertura da Terra
Bacia das cabeceiras de drenagem do Córrego do Arreeiro - Teresópolis (RJ)
704000 706000 708000 710000
,000000 ,000000 ,000000 ,000000
± Legenda
Vias
Hidrografia
Edificacões e construcões dispersas
Reservatorios
,000000
,000000
7530000
7530000
Areas de plantio de eucalipto
Agricultura
Afloramento Rochoso
Brejo
Floresta
Graminieas
Solo Exposto
Bacia Arreeiro
,000000
,000000
Parque Natural Municipal
7528000
7528000
Montanhas de Teresópolis - PNMMT
1:25.000
,000000
,000000
1 0,5 0 1 Km
7526000
7526000
Sistema de Referência: SIRGAS 2000
Sistema de Projeção: UTM 23S
102
103
ANEXO B – MAPA GEOMORFOLÓGICO DA BACIA
104
105